Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari Alberto Gonçalves Evangelista Toxicologia Veterinária e Plantas Tóxicas 1 MICOTOXICOSES Micotoxicoses são intoxicações provocadas por micotoxinas, que são metabolitos tóxicos gerador por metabolismo de fungos. Muitos fungos são capazes de produzir essas toxinas em alimentos. Essa produção varia conforme a época do ano e região, sendo mais favorecida por climas quentes e úmidos. Fungos crescem em todo o mundo, por serem super adaptáveis. De acordo com o clima, uma diferente toxina será produzida. Essas intoxicações não possuem sinais clínicos definidos geralmente, se observando, principalmente em animais de produção, queda de índices zootécnicos (produção de leite, ganho de peso, etc) e aumento de susceptibilidade do aparecimento de doenças. Como a produção é sazonalmente diferenciada, isso dificulta a coleta de amostras para análise, pois a concentração de micotoxinas varia. Isso acaba dificultando diagnóstico, monitoramento de qualidade, etc. Os grãos são muito contaminados, tanto antes quando após a colheita. 25% da safra mundial dos grãos é perdida por contaminação micológica. Contaminação de insetos aumentam o número de fungos, pois eles causam lesões nos grãos, que facilita a penetração dos fungos. Cereais que tem sua casca íntegra são mais difíceis de apresentarem contaminação por fungos. Existem aproximadamente 50 tipos de micotoxinas identificadas, sendo geralmente muito estáveis e resistentes no ambiente, não alteram a aparência do alimento, sendo invisíveis, ao contrário dos fungos. Mesmo com a eliminação do fungo, a micotoxina produzida por ele continua lá. As micotoxicoses podem ser primarias, que é a contaminação de um produto vegetal que é consumido in natura ou de seus derivados, ou secundárias, que é a deposição da micotoxina ingerida em tecidos/produtos e o derivado desse tecido/produto, como carne, leite e ovos, são ingeridos. Muitos fatores influenciam as intoxicações, como raça, espécie, linhagem, idade (quanto mais jovem, mais susceptível), nutrição, parasitismo, clima, criação, manejo, etc. Aflatoxinas As aflatoxinas são toxinas que estão presentes das amêndoas, cereais, semestres e seus derivados. São produzidos por Aspergillus, e tem grande poder de hepatocarcinogênese. Vários gêneros desse fungo produzem essas toxinas, com mais de 22 tipos de toxinas identificadas, que são produzidas em amplas faixas de temperatura e pH. Essas toxinas são altamente tóxicas e se acumulam em tecido adiposo. São metabolizadas no fígado, gerando mais danos, pelos metabólitos ainda tóxicos. As aves são mais sensíveis que os mamíferos, porque a toxina percorrerá todo o organismo antes de ser metabolizada, portanto deve-se tomar mais cuidado. No fígado, em uma intoxicação aguda, essas toxinas causam morte celular dos hepatócitos, sendo que o fígado perde sua função. O animal fica ictérico e com coagulopatias severas, com o mal funcionamento do fígado. Pode apresentar anorexia, depressão, hematêmese e convulsões. Essa é a forma aguda, sendo que na forma crônica se ingere constantemente pouca quantidade da toxina, causando problemas constantes, e gerando carcinomas, pois o fígado tenta se regenerar e acaba perdendo o controle da divisão celular. O diagnóstico é feito pelos sinais clínicos, achado de necropsia e análises laboratoriais, sendo que não há tratamento específico, sendo feito de acordo com os sintomas. De acordo com as normativas do MAPA, pode-se existir até 50 mg/Kg de alatoxinas nas matérias primas utilizadas para produção de ração animal Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari Alberto Gonçalves Evangelista Toxicologia Veterinária e Plantas Tóxicas 2 Fumonisinas São produzidas pelos fungos do gênero Fusarium, que está muito presente no milho, em ampla faixa de crescimento. Essa toxina é termoestável, não sendo destruída na fervura. São produzidas mais em locais de clima quente e seco, seguida por uma alta umidade, principalmente em milhos danificados por insetos e pássaros, pois isso facilita a entrada do fungo. Condições de estocagens impróprias favorecem o aparecimento desses fungos. Suínos e equinos são mais afetados, apresentando a leucoencefalomalácia em equinos e edema pulmonar em suínos. A leucoencefalomalácia é causada por um tipo de fumonisina extremamente tóxica, com uma dose de 8 ppm, de 6 a 10 dias após o consumo. O animal apresenta hipersensibilidade, ataxia, incoordenação, convulsão, cegueira e morte, com taxa de 100% de mortalidade, pois a toxina destrói a substância branca do sistema nervoso. O animal para de se alimentar, de consumir água. Isso acontece porque milho não pode ser utilizado para alimentação de equinos, mas algumas pessoas insistem em dar. Não importa o tempo que demore, o animal vai morrer! O tempo de progressão depende da dose ingerida. Em estudos da epidemiologia da doença viu-se que ela aparece mais no inverno, porque ocorre baixa de pastagem, e as pessoas dão milho para o animal. O edema pulmonar dos suínos causa insuficiência, e óbito em poucas horas. Zearalenoma São toxinas causadas por fungos do gêmero Fusarium, que preferem uma temperatura mais baixa, e clima medianamente úmido. Presente em cereais e semestres, são termoestáveis. Em suínos, 1 ppm já causa problema, atuando como substância estrogênica. Os sinais clínicos envolvem nas fêmeas, edema de vulva, ninfomania, pseudo-prenhez, e no macho, atrofia testicular, queda de libido, queda de qualidade de esperma, etc. Tricotecenos São toxinas produzidas por diversos gêneros de fungos, e aparecem em grãos colhidos tardiamente, relacionada a presença dos grãos no campo durante o inverno, pois essa toxina é produzida no frio. Os sinais clínicos envolvem a aleucia tóxica alimentar, que causa inflamação de mucosa oral e gastrointestinal, alterações de medula óssea e SNC. Utilizada para ameaças de guerra biológica. Ocratoxinas Produzidas por diversos gêneros de fungos, em diversos cereais e grãos, afetando principalmente suínos, que apresentam sinais nervosos, hepáticos, imunológicos e carcinogênicos. Essas toxinas resistem na carne suína e nos derivados, sendo passados para os humanos que consomem esses produtos. Na ração suína essa toxina pode aparecer em até 5 ppb, sendo MUITO pequena a dose necessária para causar intoxicação, sendo que alguns países não permitem nada da toxina no alimento. Os sinais clínicos envolvem redução de desempenho, insuficiência renal, susceptibilidade a infecções aumentado e úlceras gástricas.
Compartilhar