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Plantas Tóxicas - Sistema digestório, sistema nervoso, fígado, rins, fotossensibilizantes, radiomimáticas, causadoras de anemia hemolítica, causadoras de doenças granulomatosas e nitratos/nitritos

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Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari 
Alberto Gonçalves Evangelista 
Toxicologia Veterinária e Plantas Tóxicas 
 
 
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PLANTAS TÓXICAS – SISTEMA DIGESTÓRIO, SISTEMA NERVOSO, FÍGADO, RINS, 
FOTOSSENSIBILIZANTES, RADIOMIMÉTICAS, CAUSADORAS DE ANEMIA HEMOLÍTICA, 
CAUSADORAS DE DOENÇAS GRANULOMATOSAS E NITRATOS/NITRITOS 
Plantas que afetam o trato digestório 
A Baccharis coridifolia é conhecida por mio-mio, e é encontrada em todo o sul do Brasil, além 
de Uruguai e Argentina. Está presente nos campos nativos de terras não úmidos. Ela é tóxica em 
todas as partes e todas as fases. As flores e sementes são mais tóxicas que as demais partes, 
mas todas as partes causam problema. A época do ano influencia na toxicidade de acordo com 
as condições de ambiente, solo, etc. Os bovinos e ovinos são mais susceptíveis, pela menos 
seletividade na hora da ingestão. O equino, mais seletivo, é menos susceptível, porém sua dose 
letal é menor a dos outros, deixando-o mais sensível. O animal pode adquirir resistência com 
uma ingestão de pequenas doses ao longo do tempo. O quadro clinico tem uma evolução aguda, 
com morte em poucas horas ou dias. Os sinais clínicos envolvem anorexia, decúbito esternal, 
instabilidade de posterior, tremores musculares, focinho seco e atonia ruminal, que pode levar 
ao timpanismo e presença de fezes ressecadas e escassas. Outros sinais são gemidos, 
taquicardia e leve sialorreia, causadas geralmente pela dor. Equinos possuem sinais clínicos mais 
rápidos, tendo presença de diarréia e decúbito lateral. Na necropsia se encontra congestão de 
edema de rúmen e reticulo, além de fácil desprendimento da mucosa gástrica. No equino, as 
petéquias podem ser encontradas por todo o trato, com úlceras e líquido sanguinolento no 
lúmen. O tratamento é a base de carvão ativado. A toxicidade da planta é gerada pela absorção 
de micotoxinas no solo. A profilaxia é feita com indução de pequenas quantidades da planta 
para que o animal adquira resistência, esfregar a planta em focinho e gengiva, defumar a planta 
junto as narinas dos animais e introduzir gradualmente os animais na postagem sob supervisão. 
A Baccharis megapotamica é uma planta que prefere locais úmidos, estando presente no sul do 
Brasil, e tendo duas variedades, megapotamica e weirii, sendo a segunda a mais importante, 
conhecida como mio-mio de banhado. O animal costuma ingerir com falta de pastagem, e a fase 
de crescimento não influencia a toxicidade. Os sinais clínicos são iguais a anterior, com os 
mesmos achados de necropsia. A profilaxia consiste em restringir o acesso do animal as plantas, 
principalmente em épocas de falta de pastagem. 
A Baccharidastrum triplinervium está presente no sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, 
com uma dose letal maior que as demais já apresentadas, com as folhas mais tóxicas que o 
restante da planta. Os sinais clínicos envolem prostração, decúbito-esternal, apresenta gemidos 
e movimentos de auto-escultação. A morte é em geralmente 12 horas, sendo que nas necropsias 
se acha congestão de mucosas de rúmen, retículo, omaso e abomaso. 
A Eupatorium tremulum, conhecida como vassoura do banhado, é encontrada em locais úmidos 
de Santa Catarina, causando anorexia, apatia, atonia ruminal e fezes pastosas. Na necropsia se 
encontra congestão da mucosa gástrica. 
Os Trifolium spp. causam timpanismo espumoso, com rápida evolução, alta incidência e um 
difícil tratamento. O timpanismo espumoso é geralmente causado por plantas que causam 
fermentação excessiva (como exemplo leguminosas de crescimento rápido, raízes tuberosas, 
cereais enriquecidos e brotos de forrageiras), que levam a uma retenção de gases da 
fermentação na forma de espuma dispersa no conteúdo ruminal. Isso pode ser potencializado 
por uma pastagem com alta concentração de leguminosas e com alto teor de água. Um rúmen 
Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari 
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Toxicologia Veterinária e Plantas Tóxicas 
 
 
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timpânico acaba por ocluir a veia cava, levando a congestão venosa, e pressionar o diafragma, 
diminuindo a capacidade pulmonar. Os sinais do timpanismo são respiração pela boca, 
protrusão da língua, salivação, taquipneia, taquicardia, êmese e fezes amolecidas. O tratamento 
é feito por sondas e trocaters para retirada do gás, ou uma ruminotomia. Para evitar a 
intoxicação, recomenda-se misturar gramíneas com a leguminosa, esperar o sereno secar para 
a pastagem, dar ração com feno antes do pastejo e limitar a quantidade de leguminosas 
consumidas por dia 
Plantas Fotossensibilizantes 
Uma queimadura é uma reação normal da pele desprotegida ao excesso de exposição aos raios 
solares. A fotossensibilização é a reação exagerada a esses raios, que pode ser primária 
(pigmento da planta causa a fotossensibilização) ou secundária (planta possui substância tóxica 
que causa dano hepático, tornando impossível a eliminação de filoeritrina, que se deposita na 
pele causando o problema). Os sinais clínicos são eritema, edema, espessamento das partes 
afetadas, necrose, anorexia, atonia ruminal, hipertermia e, em casos de fotossensibilização 
secundária, icterícia, bilirrubinemia, bilirrubinúria e insuficiência renal. Na necropsia encontra-
se lesões cutêneas, icterícia e alterações hepáticas, desde icterícia até cirrose. O tratamento 
preconiza que o animal seja deixado na sombra, com o tratamento das lesões cutâneas. 
Exemplos de plantas causadoras de fotossensibilização primária são o Fagopyrum sculentum 
(presente em rações animais e na alimentação humana, tem distribuição mundial e causa 
problemas se ingerida de médias a grandes quantidades, causando cirrose hepática e neoplasia 
dos hepatócitos) e Ammi majus (Planta invasora de pastagens cultivadas em inverno, presente 
no sul do Brasil). 
Exemplos de plantas causadoras de fotossensibilização secundária são Lantanna spp. (planta 
cosmopolita, com alta morbidade e letalidade. Possui triterpenos lantadenes, que causam 
colapso dos canalículos biliares, acarretando um refluxo de bile para o sangue. O tratamento 
consiste em carvão ativado e remoção do conteúdo ruminal), Brachiaria spp. (presente em locais 
com alta umidade, precipitação pluviométrica e temperatura, sendo que para evitar, deve-se 
ainda esclarecer quais são os fatores que causam fotossensibilização, como exemplo a 
toxicidade de espécies, dos estágios de crescimento, e a ocorrência de animais resistentes), 
Pithomyces chartarum (fungo saprófita, seus esporos podem potencializar os efeitos 
fotossensibilizantes de plantas ou adicionar esse efeito em plantas que antes não o causavam.) 
Plantas que Afetam o Fígado 
Uma intoxicação aguda gera necroses coagulativas, enquanto intoxicações crônicas geram 
cirrose hepática. Uma intoxicação aguda tem por sintomas anorexia, atonia ruminal, posição de 
auto-auscultação, tremores musculares, etc, com achados de necropsia incluindo pequenas 
hemorragias no fígado, edema da parede da vesícula biliar, e conteúdo estomacal e intestinal 
com muco e sangue. 
Exemplos de plantas que causam intoxicação aguda são o Cestrum corybosum var. hirsutum, 
presentes em SC, SP e MG, o Cestrum intermedium, presentes em solos férteis e úmidos no PR, 
SC, RS e Argentina, o Xanthium spp., presente como planta invasora na região sul, em terras que 
ficam submersas (a intoxicação causada por ele só acontece quando consumido em forma de 
cotilédone, logo após o brotamento, sendo que eles podem ser misturados na alimentação. O 
tratamento é feito à base de substâncias gordurosas), a Dodonaea viscosa, presentes na costa 
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de SP atéa do RS, sendo pouco palatável mas ingerida junto com a pastagem, a Trema micranta, 
presente em todos os estados, com boa palatabilidade e geralmente é fornecida aos animais. 
Intoxicações crônicas podem causar emagrecimento, diarréia, ascite, edema de membros e 
barbela, fotossensibilização, etc, sendo encontrado hidrotórax, fígado aumentado e fribroso e 
icterícia em necropsias. Exemplos de plantas causadores são o Senecio brasiliensis, presente em 
regiões frias do sul e sudeste do Brasil, que pode causar depressão, ataxia head pressing, 
cegueira, etc, e o Echium plantagineum, planta invasora na região sul do Brasil, de alta 
palatabilidade. 
Plantas de Ação Radiomiméticas 
O exemplo é a samambaia (Pteridium aquilinum), planta invasora presente no mundo todo, em 
locais com boa pluviosidade e solos ácidos. Seu princípio tóxico é o ptaquilosídeo, de ação 
carcinogênica e mutagênica, e eliminação residual no leite. Pode causar a síndrome hemorrágica 
aguda (diátese hemorrágica, que pode iniciar em 3 a 8 semanas após a ingestão. Seus sintomas 
são hipertermia, hemorragias, dispneia, epistaxe e edema de laringe, com hemorragias difusas, 
úlceras e sangue na luz intestinal achadas em necropsia. Tratamento à base de transfusão 
sanguínea a antibióticos para evitar contaminação bacteriana secundária), hematúria enzoótica 
(doença crônica, com aparecimento de anemia, emagrecimento e hematúria, sendo que na 
necropsia se acham nódulos na bexiga, além do espessamento da parede) e carcinomas do trato 
digestivo superior (causado por ingestão de pequenas doses diárias por anos, que vão causar 
tosse, timpanismo e emagrecimento, com aparecimento de carcinomas no trato gastrointestinal 
superior na necropsia. Para evitar intoxicações, deve-se tentar erradicar a planta, através da 
calagem e uso de herbicidas). 
Plantas Nefrotóxicas 
O exemplo são os Amaranthus spp., presentes em terrenos baldios, beira de estradas e lavouras 
por todo o Brasil. Causam depressão, anorexia, e edema submandibular, na barbela e pulmonar. 
Na necropsia são encontrados edemas subcutâneos, hidropericárdio, hidrotórax, ascite e edema 
perirrenal. 
Plantas que Causam Perturbações Nervosas 
A intoxicação por esse tipo de plantas causa letargia, ataxia, tremores musculares, balanço de 
cabeça e quedas, sem alterações macroscópicas significativas encontradas em necropsias. 
Exemplos de plantas causadoras são a Sida carpinifolia (planta invasora palatável, presente em 
locais úmidos e sombreados do sul, sudeste e centro-oeste), Solanum fastigatum (presente em 
todo o Brasil, causadoras de crises epilépticas) e Phalaris angusta (presentes na região oeste do 
sul do Brasil, geralmente usadas para alimentação de bovinos, junto com leguminosas). 
Plantas que Causam Anemia Hemolítica 
Um exemplo é a cebola, Allium cepa, de cultivo mundial, sendo que a parte tóxica é o bulbo, que 
causa problema a partir da primeira semana de ingestão exclusiva ou principal. Seus sinais 
clínicos são anemia, hemoglobinúria, inapetência, aberto e hálito com odor de cebola. Seus 
achados de necropsia são cheiro de cebola na carcaça, cadáver ictérico ou pálido, rins marrom 
escuro e sangue com viscosidade diminuída. O tratamento é feito com transfusões sanguíneas, 
e a profilaxia é feita com associação do uso da cebola com dietas ricas em proteínas, além de 
limitar o uso de cebola em 25% da dieta. 
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Toxicologia Veterinária e Plantas Tóxicas 
 
 
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Plantas que Causam Doenças Granulomatosas Sistêmicas 
A polpa cítrica é usada como fonte de cálcio para bovino leiteiros, porém pode causar 
intoxicações, levando a febre, dermatite, alopecia, anemia, trombocitopenia e hemorragias. Na 
necropsia encontram-se áreas branco amareladas multifocais em rim, baço, linfonodos, 
miocárdio e fígado. 
Intoxicação por Nitratos/Nitritos 
A principal fonte de nitratos e nitritos são as plantas, mas podem sem encontrados em adubos, 
águas de fonte com alto nível de nitrato, óleo de máquinas e salmouras. A aveia, beterraba, 
nabo, trigo e milho são plantas com alta concentração dos compostos. Uma fermentação errada 
do feno e silagem aumenta indevidamente o calor e umidade, transformando o nitrato em 
nitrito, que é rapidamente absorvido pela corrente sanguínea, levando a intoxicação. Os sinais 
clínicos são diarreia intensa e micção frequente, no caso do nitrato, com hemorragias gástricas 
e intestino encontradas em necropsias. No caso da intoxicação por nitritos, ocorrerá oxidação 
da hemoglobina, promovendo uma asfixia interna. Os sinais clínicos são dispneia progressiva, 
mucosas cianóticas, sialorreia, taquicardia, quedas e contrações tônicas. Na necropsia encontra-
se musculatura escura, cheiro de compostos nitrosos, congestão, hemorragia e sangue cor de 
chocolate. O tratamento é a base de azul de metileno, que captura os compostos, com melhora 
do quadro entre 10 e 15 minutos.

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