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ASPECTOS DA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL V – PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 
ASPECTOS DA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 
Na jurisdição contenciosa há, necessariamente, um processo/litígio, o que se diferencia 
da jurisdição voluntária, visto que possui como característica basilar a ausência de 
litígio, de conflito. Quando determinadas pessoas possuem intenção de celebrar um 
negócio jurídico, mas o estado necessita autorizar tal negócio jurídico privado, mesmo 
que as partes estejam de acordo e não haja conflito algum. 
Exemplo de jurisdição voluntária: interdição e emancipação. (Não há conflito, mas há 
intervenção estatal) 
Assim, entende-se como jurisdição voluntária quando o estado-juiz concede autorização 
para a celebração de um negócio jurídico não conflitante. 
NATUREZA JURÍDICA 
Há três correntes que definem a natureza jurídica da jurisdição voluntária. 
1. Corrente jurisdicionalista (tradicional) 
Para tal corrente, o estado, quando atua concretizando direitos privados não conflitantes, 
está exercendo atividade jurisdicional, em razão de haver a atuação de juízes, membros 
do poder judiciário, que preponderantemente exercem jurisdição. Assim como há 
proteção de interesses privados, diferentemente da atividade administrativa onde há 
proteção de interesses públicos. 
São interesses privados sendo protegidos pelo estado, no qual tais interesses só poderão 
ser satisfeitos através de autorização judicial. 
Para os adeptos dessa corrente, "o processo voluntário pertence à Jurisdição e não à 
administração". (BORGES, p. 212) 
2. Corrente administrativista 
Defende que, quando o estado atua em procedimentos de jurisdição voluntária, este não 
estaria exercendo atividade jurisdicional, mas sim administrativa, em razão do judiciário 
preponderantemente julgar, mas também legislar e administrar. Sendo assim, embora os 
procedimentos tramitem no judiciário e sejam julgados por magistrados, esta seria 
apenas uma atividade administrativa. 
Segundo essa corrente "o Estado exerce, por vários órgãos, função administrativa de 
interesses privados para a devida validade, eficácia e segurança do ato, em certos casos 
previstos em lei, porém a competência é, expressamente, atribuída aos juízes". (LIMA, 
p.30). 
Entende-se que tal competência incumbe aos magistrados para que ofereça maior 
segurança e impeça de gerar futuros conflitos. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL V – PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 
A corrente administrativista compreende que só existe jurisdição quando houver litígio, 
no qual seria característica da jurisdição a imutabilidade decorrente da coisa julgada, ou 
seja, a jurisdição voluntária faz coisa julgada meramente formal, o que não pressupõe 
atividade jurisdicional, contudo, a jurisdição contenciosa faz coisa julgada material. 
3. Corrente autonomista 
Tal corrente versa que não seria jurisdição voluntária nem contenciosa, nem sendo caso 
de função administrativa, sendo, então, a jurisdição voluntária, uma categoria 
autônoma/unitária, isto é, um quarto poder, uma quarta atividade do estado. 
Seus seguidores acreditam que deveria se acabar com o conceito tripartido de 
Montesquieu, para se criar um quarto Poder, a Jurisdição voluntária. 
LEGITIMIDADE ATIVA 
1º Legitimado: Interessado 
Observação: Na jurisdição voluntária não há que se falar em “partes”, visto que 
tal termo pressupõe a existência de autor e réu, ou seja, conflito. Há, portanto, 
meros interessados. 
2º Legitimado: Ministério Público 
3º Legitimado: Defensoria Pública (*Novidade do Novo CPC) 
Embora não haja conflito, faz-se necessário citar os demais interessados que não 
provocaram a jurisdição, ou seja, não há “citação da parte ré”. 
Observação: Os demais interessados poderão contestar o alegado pelo interessado 
que provocou a jurisdição, momento este que passará a ser jurisdição contenciosa. 
Isto significa que se no curso do processo houver um conflito, este deixará de ser 
jurisdição voluntária e passará a ser jurisdição contenciosa, assim como o 
contrário também é possível. 
Ressalta-se que o ato de convocação do ministério público para atuar no processo como 
fiscal da lei, será através de intimação. 
Art. 721. Serão citados todos os interessados, bem como intimado o Ministério Público, 
nos casos do art. 178, para que se manifestem, querendo, no prazo de 15 (quinze) dias. 
A manifestação dos interessados pode ser de concordância ou contestação, no qual, na 
hipótese desta última, o processo se tornará de jurisdição contenciosa. 
INTERVENÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA 
Só haverá intervenção da fazenda pública na jurisdição voluntária, quando houver 
interesse público. 
Art. 722. A Fazenda Pública será sempre ouvida nos casos em que tiver interesse. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL V – PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 
ÔNUS DA PROVA E PODER INSTRUTÓRIO 
O novo CPC não traz uma regra específica para a produção de provas das alegações do 
interessado ou a respeito do poder instrutório do juiz, devendo ser aplicada a regra geral, 
ou seja, a que é aplicada no rito comum. 
Assim, de acordo com o art. 370 do NCPC, o juiz pode, de ofício ou a requerimento do 
interessado, determinar as provas que serão produzidas no processo, cabendo a ele, 
também, indeferir as provas que sejam meramente protelatórias ou desnecessárias. 
O Novo CPC consagra a teoria da carga probatória dinâmica (diferente da teoria da 
carga probatória estática – art. 333, CPC/73), onde incumbe a quem alega provar a 
ocorrência de tais fatos. Entretanto, tal teoria versa que será possível inverter o ônus da 
prova caso as partes convencionem, quando se tratar de direito disponível e quando a 
distribuição do ônus não sobrecarregue apenas uma das partes, podendo ainda o juiz 
declarar a inversão de ofício ou a requerimento de uma das partes. 
Observação: O novo CPC conjugou os requisitos presentes no CDC e no CPC/73 
no art. 373. 
SENTENÇA 
A sentença do procedimento de jurisdição voluntária não necessita observar a legalidade 
estrita, consonante ao parágrafo único do art. 723, tendo autorização legal para decidir 
com base na conveniência e oportunidade, sendo este mais um argumento utilizado pela 
corrente administrativista. 
Essa sentença apenas produz coisa julgada formal, em que comportará recurso de 
apelação.

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