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TJDFT - PONTOS RESUMIDOS - PROVA ORAL

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PONTO 5
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
- Psicologia e Comunicação: relacionamento interpessoal, relacionamento do magistrado com a sociedade e a mídia. - Regime Jurídico da magistratura nacional: carreiras, ingressos, promoções, remoções.
DIREITO CIVIL / DIREITO PROCESSUAL CIVIL / DIREITO DO CONSUMIDOR
- Lacunas da lei e aplicação do direito. Atos jurídicos lícitos. Direito das Sucessões: sucessão legítima. Direitos autorais. - Competência. Determinação da competência: critérios objetivo, territorial e funcional. Competência absoluta e relativa. Sentença: conceito, requisitos, efeitos. Ação de despejo de imóvel residencial, não residencial e comercial. Reclamação. Agravo.
- Princípios aplicáveis à relação jurídica de consumo: vulnerabilidade do consumidor; hipossuficiência do consumidor; boa-fé; informação; segurança; inversão do ônus da prova; in dúbio pro consumidor; repressão eficiente aos abusos; harmonia das relações de consumo.
DIREITO TRIBUTÁRIO / DIREITO ELEITORAL / DIREITO AMBIENTAL
- Princípio da anterioridade. Despesas públicas: conceito e espécies. Contribuições sociais. - Da Justiça Eleitoral: organização. - Zoneamento Ambiental. Sistema nacional de unidades de conservação da natureza.
DIREITO EMPRESARIAL / DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
- Lei No. 11.101/2005. Efeitos da Falência quanto: aos direitos dos credores; aos Bens e à pessoa do falido; às obrigações. Vencimento antecipado. Juros e conversão. Correção monetária. Dívidas solidárias. Faculdades processuais. - Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária. Poder Familiar. Parentesco. Da família natural e da família substituta.
DIREITO PENAL / DIREITO PROCESSUAL PENAL
- Crime consumado. O resultado no Direito Penal. Pena: seus fundamentos e fins. Erro na execução e no resultado. Crimes contra a família. Entorpecentes. Parcelamento do solo (Lei 6.766/79). - Fontes do Direito Processual Penal - Interpretação da Lei Processual Penal – Conflito de Atribuições - Conflito de Competência - A Competência do Tribunal do Júri – O Procedimento no Tribunal do Júri. (Lei no 11.689 – junho/2008).
DIREITO CONSTITUCIONAL / DIREITO ADMINISTRATIVO
- Diferentes tipos de inconstitucionalidade: a inconstitucionalidade material e a inconstitucionalidade formal. Inconstitucionalidade por ação e inconstitucionalidade por omissão. Garantias constitucionais individuais. Princípio da legalidade. Princípio da proteção judiciária. Estabilidade dos direitos subjetivos. Direito à segurança. Remédios constitucionais. Lei Orgânica do Distrito Federal.
- Contratos administrativos. Lei de Licitação e Lei de Parceria Público-Privado. Intervenção na propriedade: desapropriação, requisição, servidão administrativa e ocupação temporária. Lei de Responsabilidade Fiscal. Lei Orgânica do Distrito Federal: da Segurança Pública, da Educação, da Cultura e do Desporto. Ensino – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Direito Sanitário: 1. Política de Saúde Mental no Brasil, Reforma Psiquiátrica, serviços substitutivos ao hospital Psiquiátrico e o papel do Ministério Público.
RESUMO PONTO 5 – NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA
1. Psicologia e comunicação: relacionamento interpessoal, relacionamento do magistrado com a sociedade e com a mídia.
1.1 Psicologia Judiciária: apenas no final do séc XIX, na busca de compreender a veracidade de testemunho, que a psicologia e o direito começaram a se interligar mais direitamente. A partir de então, a psicologia passou a ser reconhecida como um instrumento a serviço do direito, na construção de laudos e perícias, exames criminológicos e psicodiagnósticos. A Psicologia Judiciária, uma disciplina ainda em formação, propõe-se a melhor preparar os operadores do Direito, sobretudo o Magistrado, municiando-o de elementos para o melhor exercício de suas funções. Suas principais áreas são: a) Psicologia do Testemunho; b) Vitimologia; c) Mediação; d) Autópsia Psicológica. As diversas áreas de atuação são: Infância e Adolescente: abandono, violência, depoimento sem dano, medidas protetivas e socioeducativas, oitiva de menores, vítimas de abuso sexual, estudo de famílias e avaliações psicológicas; Direito Civil: interdição, anulação de atos por incapacidade, dano moral, adoção, separação, disputa de guarda, regulamentação de visitas, destituição do poder familiar, violência intrafamiliar, síndrome da alienação parental; Direito Penal: exames de corpo de delito, insanidade mental, inimputabilidade, personaldade do réu, fatores de risco para reincidência, toxicodependência; Direito Penitenciário: penas alternativas, reinserção social; Direito do Trabalho: condições de trabalho, dano por assédio moral e sexual no trabalho, avaliação do estresse no trabalho; Direito Administrativo: processo de seleção de candidatos – exame psicotécnico; avaliação de personalidade e ajustamento de cargos, atendimento clínico de servidores; Direito Processual: estudo da vítima, das testemunhas, dos jurados. [2: Destina-se a esclarecer casos de morte duvidosa, não do ponto de vista médico, mas das razões psicológicas que podem estar associadas à morte – trata-se de uma avaliação retrospectiva diante de informações de terceiros, documentos e outros achados.]
1.1 Relacionamento interpessoal: O relacionamento humano é conflituoso por natureza; afinal, cada pessoa possui uma história de vida diferente, com valores e objetivos diversos. Assim, a dinâmica social acaba não sendo unívoca, mas, ao contrário, complexa e heterogênea. A comunicação ocupa papel central na psicologia do relacionamento interpessoal, pois, como bem acentua o professor de Língua Portuguesa e especialista em comunicação, Othon M. Garcia, “uma das principais características de nossa época, uma das fontes ou causas das angústias, conflitos e aflições do nosso tempo parece que está na complexidade, na diversidade e na infededignidade da comunicação oral e escrita, que entre indíviduos quer entre grupos. Sabemos dos mal-entendidos, dos preconceitos, das prevenções, das incompreensões e dos atritos resultantes da incúriad da expressão, dos seus sofismas e paralogismos. São as generalizações apressadas, as declarações gratuitas, as indiscriminações, os clichês, os rótulos, os falsos axiomas, a polissemia, a polarização, os falsos juízos, as opiniões discriminatórias, as afirmações puras e simples, carentes de prova. Enfim, a linguagem falaciosa, por malícia, quando não por incúria da atividade mental, ou por ignorância dos mais elementares princípios da lógica.” 
Aliado à comunicação, destaca-se outro fator de constante conflito interpessoal: a mudança, que está sujeita a vários fatores, tanto de ordem pessoal (necessidade de reconhecimento e sentimento de controle) quanto sociais (fatores políticos, socioculturais e econômicos). Toda mudança quase sempre implica um rompimento com algo já esta estabelecido e, portanto, conhecido das pessoas; a mudança gera, pois, conflitos, na medida em que encontra resistências e, psicologicamente, faz o homem lidar com o desconhecido, ao mesmo tempo em que promove a esperança. Gera-se, pois, ansiedade e angústia por não se saber, ao certo, como lidar com uma situação futura e incerta. 
Por fim, ainda nesse tema, é possível destacar outro fator de destaque no relacionamento interpessoal: a incapacidade, em geral, que as pessoas possuem de “enxergar o outro como outro”, isto é, toda manifestação de personalidade alheia é imediatamente passado por um filtro individual, que avalia e julga o “outro” a partir do “eu”. Ocorre que o “outro” não é o “eu”, de modo que os conflitos se agravam a partir da perspectiva individual do próprio pensar humano.
Todos esses aspectos salientam a complexidade de viver em sociedade, facilitando a compreensão acerca de se considerar o conflito como algo ínseto ao próprio relacionamento interpessoal – e a comunicação possui papel central nesse sistema, afinal, o relacionamento interpessoal se dá pela forma comunicacional, sobretudo pela linguagem; afinal, como afirmaWittgenstein, “os limites do meu mundo são os limites da minha linguagem”.
 
1.2 Relacionamento do Magistrado com a sociedade e com a mídia: o relacionamento interpessoal, como vimos, é complexo e o juiz, como indíviduo ou como representação, não está alheio a essa realidade. Ao contrário, está permanentemente se relacionando com as outras pessoas, familiares, amigos, vizinhos, colegas da magistratura, mas também com membros do MP, advogados, funcionários públicos e com os jurisdicionados. Nesse contexto, como veremos ao tratar do Estatudo de Ética da Magistratura, exige-se do juiz uma conduta irrepreensível tanto na vida profissional quanto da vida particular. O juiz deve ter humildade, firmeza moral, controle emocional, empatia, compreensão interpessoal, serenidade, autocrítica, conhecimento, clareza em suas manifestações, vocação para a justiça e urbanidade e respeito no trato com as demais pessoas. Ocorre, todavia, que a função por ele exercida é muito desgastante do ponto de vista psicológico, afinal, sua função é solucionar problemas alheios – trabalha-se numa UTI social. Todo esse cabedal de problemas alheios influencia diretamente o ser humano por de trás da toga; afinal, o juiz possui também suas convicções, seus valores, suas crenças e suas características psicológicas. O juiz deve, em razão disso, de um lado, não se deixar contagiar pelo “manicômio social” que se lhe apresenta a cada dia de trabalho; de outro lado, deve seguir sempre vocacionado com o ideal de Justiça – que justifica sua razão de viver – e com a necessária sensibilidade social para tratar os problemas com a devida atenção. 
Deve procurar conciliar sua vida pessoal e sua vida profissional, de tal modo que as pressões internas (conflitos intrapsíquicos) e externas extraprofissionais (problemas que se situam fora do campo profissional) não influenciem no exercício de sua função; e, do mesmo modo, que pressões externas profissionais (excesso de trabalho, relações conflituosas com colegas de trabalho etc) não afetem sua vida particular. A Síndrome de Burnout é a mais característica das situações que podem acometer a pessoa que trabalha sob intensa pressão, com elevadas cobranças internas e externas e com expectativas altamente idealizadas. Ela leva ao desgaste profissional e físico e consiste num gravo estado de esgotamento pessoal, físico e mental, decorrente de uma rotina de trabalho exigente e estressante. Por isso, é conhecida como síndrome de queimar-se pelo trabalho, referida também como síndrome do colarinho branco ou do fim do século. As relações interpessoais respondem diretamente aos fatores de risco para estresse. Quanto mais estressada estiver uma pessoa, maiores as chances de conflito nas suas relações. O desempenho fica prejudicado, a produtividade é menor e mais sujeita a erros e omissões.
RESUMO PONTO 5 – DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Competência
Todos os órgãos do Poder Judiciário exercem função jurisdicional. Há entre eles uma divisão de trabalho, o que se faz através da regra de distribuição de competência. Para Athos Gusmão Carneiro, a competência é a medida da jurisdição.
Conceito: conjunto de limites dentro dos quais cada órgão do Judiciário pode exercer legitimamente a função jurisdicional. Embora todos os órgãos exerçam função jurisdicional, cada um desses órgão só pode exercer tal função dentro de certos limites estabelecidos por lei. 
OBS: A competência ou incompetência é sempre do juízo, e nunca do juiz, ou seja, a questão que ora se examina é ligada ao órgão jurisdicional, e não à pessoa natural que ali exerce sua função judicante.
Determinação da competência: critérios objetivo, territorial e funcional
A competência é fixada no momento da propositura da ação, pelas regras vigentes nesta data, pouco importando alterações de fato ou de direito supervenientes. É o princípio da perpetuatio jurisdicionis (art. 87 CPC). As únicas alterações supervenientes que podem implicar mudança de competência no curso de um processo já iniciado são as previstas na parte final daquele artigo de lei: supressão do órgão judiciário originalmente competente ou alteração de competência em razão da matéria ou da hierarquia.
O Direito brasileiro adotou a teoria de Chiovenda para a determinação da competência, aplicando-se 3 critérios:
OBJETIVO: fixa a competência em razão do valor da causa ou da sua natureza (matéria). Toda causa cível deve ter um valor, ainda que a mesma não tenha valor econômico apreciável. Diz o CPC que as normas locais de organização judiciaria podem estabelecer uma divisão de trabalho entre os diversos órgãos do judiciário que leve em consideração esse valor. O mesmo pode ser dito em relação à natureza da causa, sendo possível a criação, pelas normas locais de organização judiciaria, de juízos especializados, competentes para apreciar apenas algumas matérias determinadas, como as varas de família, de registros públicos e de órfãos e sucessões. Os juízos com competência residual normalmente são as varas cíveis.
FUNCIONAL: distribui a competência entre diversos órgãos quanto às diversas funções necessárias num mesmo processo ou coordenadas à atuação da mesma vontade de lei são atribuídas a juízes diversos ou a órgãos jurisdicionais diversos (competência por graus; cognição e execução; medidas provisórias e definitivas, e outras). Tem-se, em primeiro lugar, competência funcional quando as diversas funções que devem ser exercidas num mesmo processo são distribuídas entre diversos juízos. É o que se tem, por exemplo, quando se atribui a juízo de comarca diversa daquela em que tramita o processo a função de interrogar uma testemunha lá residente (o que se faz pela expedição de carta precatória); ou ainda quando se atribui a órgãos diversos a competência originária e a recursal para um mesmo processo, cabendo a cada um deles o exercício de um grau de jurisdição. No primeiro exemplo, tem-se a distribuição da competência funcional no plano horizontal; no segundo, a distribuição da competência no plano vertical.
Há, ainda, o fenômeno da competência funcional ocorrendo entre processos diferentes, quando todos eles são ligados a uma mesma pretensão. É o que ocorre, por exemplo, com a competência do juízo do processo principal para conhecer do processo cautelar (art. 800 CPC); do juízo do processo de execução para conhecer dos embargos do executado (art. 736, p. Único CPC); ou, ainda, do juízo para que se distribui o primeiro processo quando, extinto esse sem resolução do mérito, pretende o autor ajuizar novamente a mesma demanda, sozinho ou em litisconsórcio (art. 253, II CPC), que se destina a acabar com a distribuição múltipla, através do qual se ajuíza várias vezes a mesma demanda, com o fim de escolher o juiz mais favorável, como por exemplo, aquele que concede liminares em casos semelhantes (o que ofende as garantias do devido processo legal e do juiz natural). Em todas as hipóteses tem-se um juízo competente também para todos os demais processos ligados àquele primeiro por serem destinados à atuação de uma mesma vontade da lei.
TERRITORIAL: a distribuição da competência se faz em razão de aspectos ligados à posição geográfica, sendo certo que se pretende com tal critério aproximar o Estado-juiz dos fatos ligados à pretensão manifestada pelo demandante. Como regra geral (art. 94 CPC), será competente o juízo localizado no foro do domicílio do réu. Há, também, outras regras ligadas ao território: Nos termos do art. 95 CPC, é competente o juízo do foro da situação da coisa para os processos em que se discutam direitos reais sobre bens imóveis (fórum rei sitae). Nos termos do art.95, poderá o demandante optar por propor tais ações no foro do domicílio do réu ou em foro eleito pelas partes, salvo nas hipóteses em que a causa verse sobre posse, propriedade, servidão, direitos de vizinhança, nunciação de obra nova, divisão e demarcação de terras, quando então a competência do juízo localizado no foro da situação da coisa se torna inderrogável.
Outras peculiaridades: o art. 96 CPC fixa a competênciado foro do último domicilio no Brasil do autor da herança para o inventário e partilha de seus bens, assim como para todos os processos ligados à sua sucessão, e ainda para todos aqueles em que for demandado o seu espólio. Mencione-se também a competência do juízo do foro da capital do Estado para os processos em que a União for demandante, demandado ou interveniente (art. 99 CPC) com exceção dos casos de insolvência e outros casos expressamente previstos em lei. Por fim, o art. 100 CPC prevê os “foros privilegiados”. Exemplo: O inciso II fixa a competência do foro do domicílio ou da residência do alimentando para a ação em que se pedem alimentos.
Polêmica: art. 100, I CPC = É competente o foro da residência da mulher para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação do casamento. Discute-se a constitucionalidade desse dispositivo, já que a CFRB prevê a igualdade entre homens e mulheres.
Processo lógico para que se possa fixar a competência: Em primeiro lugar, há que se fixar a competência de jurisdição, ou seja, há que se verificar a qual entre as diversas justiças existentes deve ser atribuída a causa. Fixada essa competência de jurisdição, há que se verificar a competência de foro, ou seja, a competência territorial para que se saiba onde será proposta a demanda. Por fim, deverá ser perquirida a competência de juízo, para que se saiba, enfim, qual é o órgão judiciário competente para aquele processo.
Competência absoluta e relativa:
Entre os critérios de fixação de competência interna, há os que são criados em razão de interesse público, e outros há que a lei prevê com o fim de proteger precipuamente interesses particulares. Aos primeiros, dá-se o nome de critérios absolutos de fixação da competência, e aos segundos, critérios relativos.
Critérios Absolutos: determinam a competência tendo em conta a natureza da causa (competência em razão da matéria) e o critério funcional.
Critérios relativos: competência em razão do valor da causa e competência territorial.
Exceção: parte final do art. 95 CPC (“Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis, é competente o foro da situação da coisa. Pode, entretanto, o autor optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade...”). Embora território, é considerado um critério absoluto.
A diferença entre as duas espécies de competência é importantíssima, sendo certo que a incompetência relativa admite prorrogação de competência, enquanto a incompetência absoluta não admite tal prorrogação. Prorrogar a competência é tornar competente um juízo originariamente incompetente.
Sentença: conceito, requisitos, efeitos (retirado do livro do examinador Des. Mario Machado)
Conceito: consiste a sentença na prestação do Estado em face da obrigação inerente à relação processual onde as partes externam sua pretensão a uma tutela jurídica. Resumindo: é a resposta do Estado ao pedido de prestação jurisdicional.
Com o advento da reforma processual de 2005, sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos artigos 267 e 269 do CPC. Assim, deixou o referido ato de ser identificado mediante sua eficácia de por ou não fim ao processo, para sê-lo a partir do seu conteúdo. Pelo novo conceito, sentença, então, é o provimento judicial que reconheça ocorrente defeito impeditivo do julgamento de mérito (art. 267) ou que proceda à sua resolução (art. 269). Isso, contudo, não implica alteração da natureza da sentença como ato processual. Em outras palavras, o novo conceito legal de sentença não modifica o entendimento doutrinário e jurisprudencial antes firmado nem altera a sistemática recursal preestabelecida. O critério relevante para se saber qual o recurso apropriado diante do provimento judicial externado permanece sendo a continuidade ou não do processo, desconsiderada, todavia, a continuidade somente para o cumprimento de sentença.
Se, em face do provimento judicial que contemple alguma das situações previstas nos artigos 267 e 269, não mais continua o processo principal, a não ser para a fase de cumprimento, antiga execução de título judicial, haverá sentença, que desafia recurso de apelação. Se o processo continua e não se trata de fase de cumprimento, praticado ato do juiz que implique uma das situações dos art. 267 ou 269, ainda que resolvendo em definitivo incidente, haverá decisão interlocutória, que desafia recurso de agravo. E, inexistindo dúvida quanto a qual o recurso adequado, inviável se torna a adoção do princípio da fungibilidade recursal. Nesse sentido, a atualizada jurisprudência da Corte encarregada de interpretar o direito federal (RESP 645388/MS).
Requisitos:
A eficácia da sentença depende de ela atender os requisitos legais. Eles estão no art. 458 CPC.
Art. 458. São requisitos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem.
Os acórdãos (por força do art. 165 CPC) devem atender os mesmos requisitos do art. 458 CPC.
Esses requisitos são substanciais. A falta de qualquer deles conduz à nulidade da sentença ou do acórdão. E, se houver, trânsito em julgado, terá cabimento a ação rescisória, por violação de literal disposição de lei (art. 458 c/c art. 485, V).
O relatório, que é a parte introdutória da sentença, deve conter a história de toda a relação processual.
Feito o relatório, cumpre ao juiz motivar, fundamentar a sua decisão. Examinará, então, as questões de fato e de direito, edificando os alicerces lógicos da parte dispositiva da sentença.
Por fim, e de acordo com a fundamentação expendida, concluirá o juiz a sentença, com a efetiva decisão. É o dispositivo.
Nula é a sentença que omite o relatório, ou o faz incompleto, de sorte que não se identifique o deduzido em juízo. Admite-se, porém, relatório resumido, que permita a compreensão da lide. Entre os requisitos do relatório está o de dever o juiz mencionar os nomes de todos os litigantes.
Também nula é a sentença sem fundamentação. Aliás, por imposição constitucional, constante do art. 93, IX, “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.”
Considera-se nula, por falta de fundamentação, a sentença que não efetua a análise das questões necessárias à solução do litígio. Não há, porém obrigatoriedade de o juiz responder, um a um, todos os argumentos das partes, nem de se ater a eles. Basta que aduza os fundamentos suficientes à decisão da causa, os quais, logicamente se contraponham às teses do autor e do réu, assim afastadas por incompatibilidade com a fundamentação adotada pelo julgador.
Nula, por igual, é a sentença que contenha fundamentação incoerente com o dispositivo, porque tal equivale à ausência de fundamentos. Se o juiz fundamenta uma coisa e decide outra, naturalmente não há fundamentação para o que foi afinal decidido. Da mesma forma a sentença é nula se a fundamentação destoa da causa de pedir, porquanto isso corresponde a não haver fundamentos para a causa que foi posta em juízo.
Nula, ainda, é a sentença em que o juiz, ao julgar improcedente o pedido do autor, omite-se de examinar um dos dois ou mais fundamentos usados como causa de pedir. Nesse caso, a falta de oposição de embargos declaratórios, cabíveis na espécie, não supre a ausência de fundamentação da sentença. O fundamento da parte não examinado pela sentença em primeiro grau não poderá sê-lo em segundo, pena de supressão de instância.
A nulidade da sentença por falta de fundamentação, por ser absoluta, pode ser declarada de ofício.
Cumpre, todavia, não confundir sentença sem fundamentação com sentença fundamentada sucintamente. A sentença sem fundamentação hostiliza o devido processo legal, revelando arbitrariedadeincompatível com um sistema processual civil democrático. Reclama este que o juiz ou tribunal exponha os motivos do seu convencimento, inclusive para que, se o caso, possa a parte, conhecendo os mesmos, recorrer, refutando-os. Já a sentença com fundamentação sucinta é de ser admitida, porque a lei não exige que seja extensamente fundamentada.
A título de fundamentação, admite-se que, na sentença, o juiz transcreva as razões expostas pelo órgão do Ministério Público, adotando-as como motivos de decidir. Não há óbice, também, a que sejam transcritos e adotados os argumentos das partes.
Se a parte recorre da sentença, apenas repisando os argumentos nela já enfrentados, sem impugnar os motivos pelos quais foram recusados pelo juiz, pode o acórdão manter a decisão de primeiro grau por seus próprios e jurídicos fundamentos. Nesse sentido, é comum que, apenas repetidos os argumentos já vencidos pela sentença, esta seja transcrita no voto do relator do recurso e seus fundamentos adotados como razão de se negar provimento ao apelo. A transcrição é necessária para que, mostrando os fundamentos adotados, integre o acórdão. Se o recorrente, porém, ataca fundamentadamente as razões pelas quais seus argumentos foram recusados na sentença, pelo juiz, o acórdão deverá conter fundamentação adequada a respeito, pena de nulidade. A motivação das decisões judiciais é exigida para que se tenha due process of law.
No que diz respeito ao dispositivo, terceiro dos requisitos da sentença, deve esgotar a prestação jurisdicional, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, o pedido, com a resolução de todas as questões submetidas pelas partes. É o dispositivo da sentença que faz a coisa julgada, como indica o artigo 469, daí a relevância de que seja completo.
Entre os requisitos formais, alinham-se os de que a sentença deve ser clara e precisa. Clara no sentido de ser inteligível e precisa no de trazer certeza, decidindo, efetivamente, as questões postas em juízo. Se há omissão do exame e decisão de questão posta pela parte, como a denunciação da lide, a sentença é nula, outra devendo ser proferida, com apreciação do ponto omitido.
Quanto à clareza e precisão, dispõe o CPC:
Art. 459. O juiz proferirá a sentença, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, o pedido formulado pelo autor. Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito, o juiz decidirá em forma concisa.
Parágrafo único. Quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz proferir sentença ilíquida.
Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que Ihe foi demandado.
Parágrafo único. A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação jurídica condicional.
Abranda, pois, o Código o rigor quanto aos requisitos do art. 458, em se tratando de extinção do processo sem o julgamento do mérito. Aconselha-se, então, a concisão.
Ressalte-se que a falta de clareza e a de precisão não conduzem, necessariamente, à nulidade da sentença. Configuram-se, aí, defeitos que podem ser supridos ou corrigidos mediante embargos de declaração (art. 535, I). Não se admite, todavia, sentença condicional. Sentença de procedência que relega para a execução a prova do fato constitutivo do direito da parte é nula, porque condicionada à futura demonstração, que poderá ou não ocorrer. Não se confunda, todavia, sentença condicional com a que resolver relação jurídica de direito material pendente de condição. Esta é admitida pelo parágrafo único do art. 460. 
Quanto ao parágrafo único do art. 459, a melhor interpretação é a de que, formulado pedido certo pelo autor, não poderá o juiz proferir sentença ilíquida, se tiver, nos autos, todos os elementos que lhe permitam aferir o valor devido. Ausentes tais elementos, a solução não é a improcedência do pedido (seria mesmo uma negação do direito dizer-se que a parte o tem, mas, porque não provou sua extensão, deixa de tê-lo). O que se impõe, então, é julgar procedente o pedido, remetendo a apuração do valor devido para a liquidação. A interpretação da norma de ver consonante com o sistema, que destaca o princípio do livre convencimento motivado (art. 131 CPC), de maneira que, não estando o juiz convencido da procedência da extensão do pedido certo deduzido pelo autor, cabe reconhecer-lhe o direito, remetendo as partes para a liquidação. Efetivamente, certo o juiz da procedência do pedido do autor, mas não convencido quanto ao valor pleiteado, deve remeter a apuração para a liquidação.
De outra parte, como é apenas ao autor que interessa, de logo, uma sentença ilíquida, não se conhece legitimidade ao réu para arguir a inobservância, pelo juiz, da regra do parágrafo único do art. 459. Efetivamente, se trata de dispositivo que tutela o interesse do autor. Não é formulado em detrimento do seu direito. Só o autor tem legitimidade para reclamar seu cumprimento. Nesse sentido a Súmula 318 STJ (Formulado pedido certo e determinado, somente o autor tem interesse recursal em arguir o vício da sentença ilíquida). Não atendido o autor pelo juiz, somente ele tem legitimidade e interesse para apelar, e o tribunal, havendo elementos suficientes, pode prover o apelo para fixar o valor líquido devido.
Aproveitamento resumo anterior:
Classificação, conteúdo e efeitos principais da sentença. 
O resultado útil do processo civil de conhecimento é a tutela jurisdicional consistente em julgar as pretensões e com isso definir o preceito a ser observado pelos litigantes em relação ao bem da vida sobre o qual controvertem. Variam os modos pelos quais esses julgamentos interferem na realidade da vida, como reflexo da variedade das crises jurídicas lamentadas por aquele que tomou a iniciativa de vir a juízo pedir a tutela jurisdicional.
A rigor, todas as sentenças são, a um só tempo, condenatórias, declaratórias e constitutivas. Em toda sentença há, pelo menos, a condenação em custas e honorários; mesmo na sentença condenatória, de reparação de danos por exemplo, há a declaração relativa à violação do direito e à constituição da obrigação. Sob esse prisma, as sentenças são predominantemente condenatórias, declaratórias ou constitutivas.
Sempre existiu muita divergência entre doutrinadores nacionais e estrangeiros quanto à questão da classificação das sentenças quanto ao seu conteúdo. Na classificação ternária (que prevaleceu ao longo de todo o século XX), as sentenças de dividem em declaratória, constitutiva e condenatória. No Brasil, Pontes de Miranda lançou mão de outra classificação, a quinária, que acrescentava às três modalidades já existentes dois outros tipos: a sentença mandamental e a executiva.
Com a edição da Lei n° 11.232/2005, essa discussão perdeu um pouco a sua razão de ser. Atualmente, toda decisão que reconhece a existência de dever de prestar (fazer, não fazer, dar coisa, pagar quantia) pode ser efetivada (regra geral) no mesmo processo em que foi proferida, não havendo mais necessidade de instauração de um processo autônomo de execução. Perdeu sentido, pois, distinguir as sentenças condenatórias das mandamentais e das executivas, tendo em vista que o critério distintivo era exatamente a necessidade ou não de um novo processo para a efetivação da decisão judicial. As sentenças mandamental e executiva poderiam ser efetivadas no mesmo processo em que proferidas, a primeira utilizando-se da técnica da coerção indireta, e a segunda, da coerção direta.
Entretanto, desde 1994, a partir da nova redação do art. 461 do CPC, as sentenças que reconheciam o direito a uma prestação de fazer ou não fazer passaram, também, a poder ser efetivadas no mesmo processo em que proferidas, permitindo a lei que o juiz se utilizasse de medidas que tornasse mais específica (“tutela específica”) e efetiva a prestação da tutela jurisdicional. Tais medidas correspondiam àquelas já adotadas nas sentenças executivas (técnicas de coerção direta) e mandamentais (técnicas de coerção indireta).
Em 2002, com a introduçãodo art. 461-A, o mesmo regime foi estendido à efetivação das sentenças que reconhecessem o direito a uma prestação de entrega de coisa.
Mais recentemente, em 2005 (Lei 11.232), a sentença pecuniária (reconhece a obrigação de pagar quantia) também passou a poder ser efetivada no mesmo processo em que proferida (art. 475-J), tendo a nova lei introduzido, no direito brasileiro, o instituto do cumprimento da sentença.
Com efeito, hoje, a regra geral (salvo algumas exceções) é a de que todas as sentenças de prestação podem ser efetivadas no mesmo processo em que proferidas, sine intervalo, e sempre com a possibilidade de utilização das medidas que buscam o máximo de especificidade e efetividade à tutela jurisdicional. Todas essas sentenças podem ser designadas, pois, de condenatórias.
Volta-se, desse modo, à classificação anterior (ternária), embora não se possa dizer que houve um retrocesso. O que houve, na verdade, foi uma mudança (ampliação) do conceito de sentença condenatória. Esta passou a abranger todas as sentenças de prestação, não se diferenciando mais a técnica executiva a ser utilizada ao se fazer cumprir a decisão judicial.
É importante esclarecer, rapidamente, em que consistem essas duas técnicas de coerção acima apontadas, anteriormente utilizadas apenas na a efetivação da sentença executiva e mandamental:
a) execução direta ou por sub-rogação: o Poder Judiciário prescinde da colaboração do executado para a efetivação da prestação. Há uma substituição da conduta do devedor pela conduta do Estado-juiz;
b) execução indireta: não há a substituição da conduta do devedor, tomando o Estado as providências no sentido de forçar o próprio devedor a cumprir a prestação que lhe é imposta, cominando-lhe multa diária, p.ex.
Feito este breve histórico da evolução da legislação processual brasileira, cabe definirmos, rapidamente, em que consiste cada espécie de sentença, de acordo com a classificação ternária moderna. (esse tema será abordado apenas em linhas gerais, tendo em vista que seu aprofundamento deverá ser objeto de outro ponto específico, qual seja, o ponto 16.a, de responsabilidade de outro candidato).
As decisões judiciais, quando cuidam do mérito da demanda, cuidam de resolver crises de certeza, crises de adimplemento e crises das situações jurídicas. Cada uma dessas crises é resolvida por um tipo de sentença:
meramente declaratória: pressupõe uma situação de incerteza e tem por objetivo eliminá-la (põe fim à crise de certeza). Se restringe a certificar a existência ou a inexistência de uma situação ou relação jurídica. Apenas reconhece a existência do que já existe, não resultando em qualquer inovação. Não se presta à declaração da existência ou inexistência de fatos, salvo em um único caso: quando se tratar de autenticidade ou falsidade de documento; 
Os efeitos da declaração retroagem à época em que se formou a relação jurídia (ex tunc). Exemplos: a declaração da existência de um crédito retroage à data de sua constituição; na usucapião, a aquisição da propriedade se dá com o transcurso do tempo.
condenatória: resolve a crise de adimplemento. É a decisão que reconhece a existência de um direito a uma prestação (poder de exigir de outrem o cumprimento de uma prestação – direito subjetivo em sentido estrito) e permite a realização de atividade executiva no intuito de efetivar materialmente essa prestação. Prestação é uma conduta material que pode constituir num fazer, não-fazer, dar coisa ou pagar quantia. A atividade executiva pode se desenvolver de duas formas: execução direta (ou por sub-rogação) e execução indireta (quando a decisão tem conteúdo mandamental, p. ex. quando comina multa diária enquanto durar o descumprimento);
Os efeitos da sentença condenatória são, em geral, ex tunc, isto é, retroagem para alcançar situações pretéritas.
constitutiva: resolve a crise das situações jurídicas. É a decisão que certifica e efetiva um direito potestativo, consistindo este num poder jurídico conferido a alguém de submeter (sujeitar) outrem à alteração, criação ou extinção de situações jurídicas. Referida sentença institui uma situação jurídica nova, diferente daquela lamentada pelo autor, criando (constituindo) uma relação jurídica antes inexistente entre os litigantes ou impondo a modificação ou extinção da que já existia. Normalmente, os efeitos de tal decisão são ex nunc, mas é possível que a lei lhe atribua eficácia ex tunc (ex: arts. 182 e 478, CC). A efetivação do direito potestativo prescinde da atividade executiva (esta só é exigida no caso de efetivação do direito a uma prestação).
Vale acrescentar, para fins elucidativos, as outras duas modalidades constantes de classificação:
Nas sentenças executivas lato sensu, o preceito determina o que deve ser cumprido. É o caso da sentença que determina o despejo, a reintegração de posse a imissão de posse. No caso, o comando judicial determina, por ele mesmo, o cumprimento satisfativo da pretensão.
Sentença mandamental é aquela que, além de declaração, contém uma ordem. Exemplos: reintegração de funcionário público no seu cargo por força de mandado de segurança e ordem para expedição de certidão.
Enquanto as sentenças meramente declaratórias são compostas por um núcleo substancial muito simples (só a declaração), as demais contêm outros momentos lógicos além do momento declarativo. 
É meramente declaratória a sentença que afirma a existência de relação de filiação entre o autor e o réu, na ação de investigação de paternidade. É condenatória a que se profere nas ações de indenização por ato ilícito; é constitutiva (positiva) a que outorga ao autor o direito de propriedade, nas ações de adjudicação compulsória de imóvel que fora objeto de promessa de compra e venda; são constitutivas (negativas) as de separação judicial, as de divórcio, as de anulação de contrato.
Por fim, dizem-se principais os efeitos da sentença que decorrem diretamente do conteúdo da decisão judicial. São eles (efeitos principais das sentenças): a possibilidade de tomada de providências executivas, no caso de decisões que impõem uma prestação (condenatórias); a situação jurídica nova, no caso das decisões constitutivas; a certeza jurídica, no caso das decisões declaratórias.
Efeitos secundários da sentença (eficácia reflexa e eficácia anexa)
Toda e qualquer sentença produz eficácia como ato-decisório e como ato-fato.
Como ato-decisório (o conteúdo é relevante), a sentença produz os efeitos principais (acima demonstrados) e os efeitos reflexos (ou eficácia reflexa).
Como ato-fato (a sentença é tida como ato jurídico), a sentença produz os efeitos anexos (ou eficácia anexa).
A eficácia reflexa e a eficácia anexa constituem efeitos secundários da sentença.
É natural que a constituição, modificação ou declaração de uma relação singular tenha repercussão sobre as outras que guardem conexão com ela. A eficácia reflexa da sentença se resume nos efeitos que a mesma produz sobre relação jurídica estranha ao processo, mas que mantém um vínculo de conexão jurídica com a relação discutida. Ex: a sentença de despejo, ao resolver o contrato de locação, desfaz, conseqüentemente, a relação de sublocação.
Por outro lado, dizem-se anexos os efeitos que decorrem de previsão legal (eficácia anexa). Não são conseqüência do conteúdo da sentença, mas de sua existência e de específica determinação legislativa. Independem de pedido da parte, de manifestação do juiz ou do conteúdo da decisão. Operam ex lege. São efeitos indiretos e automáticos. Ex: perempção (art. 268, p.ú., CPC); a separação de corpos e a dissolução da comunhão de bens, como efeito secundário da sentença que decreta o divórcio ou a separação judicial; o direito ao ressarcimento de danos independente de condenação, como efeito da decisão que faz cessar a eficácia das medidas cautelares (art. 811, CPC); o direito ao ressarcimento de danos independente de condenação, como efeito da sentença penal condenatória transitada em julgado (arts. 475-N, II, CPC e 91, I, CP); a constituição de título executivopara a hipoteca judiciária (art. 466, CPC); o direito ao ressarcimento de danos independente de condenação, como efeito da sentença que decreta a extinção da execução provisória (art. 475-O, I, CPC).
A exigência de correlação e seus fundamentos.
De acordo com os arts. 128 e 460 do CPC, a sentença deve vincular-se aos limites da demanda.
Não pode o juiz prover para sujeitos diferentes daqueles que figuram na petição inicial (partes da demanda), ou por motivos diferentes dos que houverem sido regularmente alegados (causa de pedir), ou impondo soluções não pedidas ou referentes a bens da vida que não coincidam com o que na petição inicial estiver indicado (pedido).
A despeito de haver nos arts. 128 e 460 do CPC uma referência direta apenas aos elementos objetivos da demanda (causa de pedir e pedido), é intuitivo que a decisão deve guardar congruência também em relação aos sujeitos envolvidos no processo (elemento subjetivo da demanda) e com os fundamentos da defesa suscitados pelo demandado. Tais dispositivos legais estabelecem verdadeira limitação ao exercício da jurisdição. São os chamados limites subjetivos e objetivos da demanda.
Decidir nos limites da demanda significa não ir além (ultra petita) ou fora (extra petita) deles, nem ficar aquém (citra petita). Se o juiz pudesse extravasar os limites desta, dispondo sobre algo ou para alguém que não figure nela ou com fundamento em fato não alegado, com isso estaria comprometendo a efetividade da garantia constitucional do contraditório, pois poderia surpreender as partes, ou mesmo terceiro não integrado ao processo, com um resultado do qual não se defenderam. Estaria também a violar o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional (no caso de julgamento citra petita) e o princípio do devido processo legal substancial (em qualquer dos casos).
Ademais, dispondo sobre conteúdo que não corresponde à demanda, o juiz estaria decidindo sem a indispensável iniciativa de parte, vulnerando o disposto nos arts. 2o e 262 do CPC).
Como se afirmou acima, entre os limites objetivos da demanda, que o art. 128 do CPC manda o juiz observar, estão incluídos os fundamentos de fato (uma das espécies de causa de pedir) contidos na petição inicial. O juiz é rigorosamente adstrito aos fatos trazidos na causa de pedir, não lhe sendo lícito decidir apoiado em fatos ali não narrados nem omitir-se quanto a algum deles. Tais são os fatos constitutivos, que o autor tem o ônus de afirmar sob pena de inépcia da petição inicial. Os fundamentos jurídicos do pedido também integram a causa de pedir, mas não vinculam o juiz, o que é inerente ao sistema da substanciação, adotado no direito processual brasileiro (jura novit curia).
O art. 128 do CPC também tem o alcance de vedar ao juiz o conhecimento (de ofício) das chamadas exceções em sentido estrito, que são as defesas do réu a que a lei outorga a condição de ônus absoluto – fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor. Tais exceções só podem influir nas decisões judiciárias quando alegados pelo réu.
Interpretação estrita do pedido e atenuação à norma da correlação
A interpretação estrita do pedido constitui norma fundamental (art. 293, CPC), em tema de fidelidade da sentença a este (princípio da correlação). Não é lícito ao juiz optar por uma compreensão maior, quando a demanda deixe dúvidas sobre sua própria amplitude.
Vigem no sistema, porém, algumas exceções (atenuações) à regra de fidelidade da tutela ao pedido (princípio da correlação), admitindo-se pedido implícito, por expressa permissão legal. São elas:
1) correção monetária (art. 404, CC);
2) juros legais (art. 405 e 406, CC);
3) ressarcimento das despesas processuais e dos honorários advocatícios (art. 20, CPC);
4) pedido relativo a obrigações com prestações periódicas (de trato sucessivo), pois o autor está desobrigado a pedir as prestações vincendas (o magistrado deverá incluir na decisão as prestações vincendas e não pagas – art. 290, CPC);
5) Arts. 461 e 461-A do CPC, que disciplinam a tutela jurisdicional relativa às obrigações de fazer ou de não fazer, e à entrega de coisa. É o significado do poder-dever atribuído ao juiz de determinar providências que assegurem a tutela específica da obrigação ou o resultado prático equivalente ao do adimplemento, embora o autor não tenha pleiteado tais medidas na petição inicial.
Quanto aos juros convencionais ou compensatórios, a regra é que estes devem constar de pedido expresso do autor, não se constituindo pedido implícito.
Alguns autores admitem ainda outros casos de pedido implícito, independente de previsão legal, tais como: pedido de alimentos na ação de separação, na posse e guarda de filhos menores, e na ação de investigação de paternidade, etc.
Por fim, há diversas súmulas do STJ que tratam do tema juros, dando-lhe, muitas vezes, o status de pedido implícito. São elas: 12; 43; 54; 69; 70; 93; 102; 113; 114; 176; 186; 188; 204; 121; 254; 562; 596.
Todas essas possibilidades de pedido implícito acima elencadas, e a previsão do art. 462 do CPC (fatos supervenientes – será objeto de análise logo abaixo) representam atenuação (mitigação) ao princípio da correlação entre a tutela jurisdicional e a demanda.
Sentença concisa:
	O art 459, 2ª parte, dispõe que “nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito, o juiz decidirá de forma concisa”. A extensão da norma depende do caso concreto e é fixada pela jurisprudência. Os mais formalistas entendem que a forma concisa, prevista no art. 459, não significa a inaplicação do art. 458, mas tão-somente que o relatório e a motivação podem ser mais resumidos. Uma interpretação mais consentânea com a agilidade que se pretende implementar na Justiça é no sentido de que a sentença que encerra o processo sem julgamento do mérito deverá conter o suficiente à sua conformação como ato decisório final”.
Sentença condicional:
	A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação jurídica condicional (art. 460, parágrafo único)
	O que tal dispositivo veda é que o conteúdo da sentença esteja sujeito a evento futuro e incerto. Entretanto, nada impede que a relação jurídica apreciada na decisão seja condicionada.
A sentença deve refletir o estado de fato e de direito no momento da decisão: fato superveniente.
	A rigor, a sentença deve compor a lide tal como se apresenta no confronto da inicial com a contestação, isto é, deve apreciar o pedido com sua fundamentação, bem como os fundamentos da defesa.
	Todavia, a sentença deve refletir o estado de fato da lide no momento da decisão, devendo o juiz levar em consideração fato ou direito superveniente que possa influir no julgamento da lide.
	Por fato superveniente entende-se a circunstância relevante para o julgamento que ocorreu após a litiscontestação, ou que, já existente, só fui apurada no curso do processo.
	O fato superveniente que o juiz pode considerar na sentença é apenas aquele que não altera a causa de pedir.
	O fato ou direito superveniente pode ser argüido no âmbito dos tribunais, em qualquer recurso, exceto em sede de recurso especial e extraordinário, porquanto ausente o requisito do julgamento anterior sobre a questão nova.
“Sentença suicida”
	É a denominação dada quando a parte dispositiva do provimento sentencial contraria as razões invocadas na fundamentação.
	Esse tipo de sentença é nula dependendo da amplitude do seu vício, ou estará sujeita à oposição de embargos de declaração com efeitos infringentes para correção de erros conclusivos decorrentes da contradição.
Sentença em ação que tenha por objeto obrigação de fazer ou não fazer.
	A preocupação com a efetividade do processo levou o legislador a criar mecanismos no processo de conhecimento e no de execução para coagir o devedor a cumprir, tal como pactuadas, as obrigações de fazer e não fazer, passando as perdas e danos a constituírem o último remédio à disposição do credor.
	O art. 461, com a redação que lhe foi dada pela Lei 8952/94 e as alterações da Lei 10444/02, instituiumeios que permitem ao aplicador do direito assegurar a tutela específica ou resultado prático que deveria ter sido produzido com o cumprimento da obrigação pactuada.
	Regras importantes:
a) em regra, o juiz deverá conceder a tutela específica da obrigação (caput);
b) ao condenar o réu, deverá o juiz determinar providências concretas que assegurem resultado prático correspondente (caput);
c) conversão em perdas e danos somente se dará: I) se for requerida pelo autor; 2) se impossível a tutela específica ou a obtenção de resultado equivalente (§1º);
d) sempre que se impuser condenação em perdas e danos, tal providência será dada sem prejuízo da multa (§2º);
e) admite-se antecipação de tutela, sob a forma de liminar, uma vez presentes os requisitos (§3º);
f) a medida liminar será sempre provisória e admitirá revogação ou modificação, a qualquer tempo, em decisão fundamentada (§3º);
g) há possibilidade de reforço com a imposição de multa diária ao réu (astreintes), independentemente do pedido do réu;
h) medidas cabíveis para efetivação da tutela específica (exemplos: busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com a requisição de força policial (§5º);
i) multa estabelecida para atraso no cumprimento do provimento antecipatório ou definitivo admite revisão a qualquer tempo e, até mesmo de ofício, o juiz estará autorizado a aumentá-la ou reduzi-la e a alterar sua periodicidade (§6º)
Sentença em ação que tenha por objeto obrigação de entregar coisa diferente de dinheiro.
	Sendo procedente o pedido, o dispositivo da sentença conterá uma ordem e poderá ter a seguinte redação: “Ante o exposto, julgo procedente o pedido e, em consequência, determino ao réu que entregue ao autor o automóvel marca Fiat, modelo Marea ELX, ano 2002, no prazo de 10 dias, sob pena de pagamento de multa diária de R$ 1.000,00”. Verifique-se que a ordem é para entregar a coisa no prazo fixado (art. 461-A, caput).
	Como meio de compelir o réu a cumprir a determinação judicial, tanto na decisão que concede a tutela antecipada, quanto na sentença, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, impor multa (astreinte) ao devedor da obrigação, fixando-lhe prazo razoável para entrega da coisa.
	Não sendo a multa eficaz para vencer a resistência do réu a entregar a coisa no prazo estabelecido, “expedir-se-á em favor do autor(credor) mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se trate de coisa móvel ou imóvel.
Sentença que condena o devedor a emitir declaração de vontade (art. 466-A).
	Condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a sentença, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida.
	Em razão dessa singularidade, é possível a satisfação da obrigação por meio de decisão judicial que supra a vontade do contratante, ou seja, pode-se conceder ao credor tutela que assegure o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
Sentença que tem por objeto promessa de contratar (art. 466-B)
	Se aquele que se comprometeu a concluir um contrato não cumprir a obrigação, a outra parte, sendo isso possível e não excluído pelo título, poderá obter uma sentença que produza o mesmo efeito do contrato a ser firmado.
	Para a concessão da tutela é indispensável que o devedor seja proprietário do bem e que o título não contenha cláusula de arrependimento, caso contrário não será possível obter a sentença.
Sentença que tem por objeto obrigação de transferir propriedade
	O art. 466-C estabelece a condição para que o pedido do credor seja julgado procedente, isto é, para que o Estado possa substituir o devedor na emissão de vontade. É indispensável que o credor tenha cumprido a prestação, por exemplo, tenha pago o preço. Caso contrário, o devedor poderá argüir a exceção do contrato não cumprido.
	Na verdade, não se trata de condicionante para o acolhimento ou rejeição do pedido, mas sim de condição da ação. Se o contrato estabelece uma condição ou termo, o juiz, verificando que o autor não adimpliu a sua obrigação, determinará a emenda da inicial, sob pena de indeferimento por falta de interesse processual.
Hipoteca judiciária:
	Dispõe o artigo 466 do CPC que “a sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação, consistente em dinheiro ou em coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo juiz na forma prescrita na Lei de Registros Públicos”
	Trata-se de um efeito secundário próprio da sentença condenatória a prestação de dar coisas ou quantia de dinheiro.
	Incide sobre imóveis do vencido. Decorre imediatamente da sentença condenatória, sendo irrelevante a interposição ou não de recurso contra ela. 
	Diferentemente da hipoteca convencional, a hipoteca judicial contém apenas o elemento “seqüela”, inexistindo a “preferência”.
	A inscrição não se faz ex officio, dependendo de requerimento do interessado. Decorre a faculdade da simples publicação da sentença. Não se subordina à coisa julgada. E é admissível ainda que:
a) seja genérica a condenação;
b) exista arresto de bens do devedor;
c) seja possível a execução provisória da sentença (art. 466, p.unico)
RESUMO PONTO 5 – DIREITO DO CONSUMIDOR
Princípios aplicáveis à relação jurídica de consumo: vulnerabilidade do consumidor; hipossuficiência do consumidor; boa-fé; informação; segurança; inversão do ônus da prova; in dubio pro consumidor; repressão eficiente aos abusos; harmonia das relações de consumo.
Vulnerabilidade:
A jurisprudência do STJ tem mitigado os rigores da teoria finalista para autorizar a incidência do CDC nas hipóteses em que a parte (pessoa física ou jurídica), embora não seja tecnicamente destinatária final do produto ou serviço, se apresente em situação de vulnerabilidade.
Em relação às principais vulnerabilidades adotadas pelo STJ (com base na doutrina da Prof. Claudia Lima Marques), temos:
Vulnerabilidade técnica: seria aquela na qual o comprador não possui conhecimentos específicos sobre o produto ou o serviço, podendo, portanto, ser mais facilmente iludido no momento da contratação.
Vulnerabilidade jurídica ou científica: seria a própria falta de conhecimentos jurídicos, ou de outros pertinentes à relação, como contabilidade, matemática financeira e economia.
Vulnerabilidade econômica ou fática: Vulnerabilidade real diante do parceiro contratual, seja em decorrência do grande poderio econômico deste último, seja pela sua posição de monopólio, ou em razão da essencialidade do serviço que presta, impondo, numa relação contratual, uma posição de superioridade.
Recentemente, a professora Claudia Lima Marques ainda aponta outro tipo de vulnerabilidade: a informacional. Embora reconheça-a como espécie de vulnerabilidade técnica, a autora dá destaque à necessidade de informação na sociedade atual. Para ela, as informações estão cada vez mais valorizadas e importantes e, em contrapartida, o déficit informacional dos consumidores está cada vez maior. Assim, de modo a compensar este desequilíbrio, deve o fornecedor procurar dar o máximo de informações ao consumidor sobre a relação contratual, bem como sobre os produtos e serviços a serem adquiridos.
Hipossuficiência:
Importante destacar a diferença efetuada pela doutrina no tocante aos termos “vulnerabilidade”e “hipossuficiência”, sendo a primeira um fenômeno de direito material com presunção absoluta – jure et de juris (art. 4º, I – o consumidor é reconhecido pela lei como um ente “vulnerável”), enquanto a segunda, um fenômeno de índole processual que deverá ser analisado casuisticamente (art. 6º, VIII - a hipossuficiência deverá ser averiguada pelo juiz segundo as regras ordinárias de experiência.
Todo consumidor é vulnerável por força de lei, porém nem todo consumidor é hipossuficiente, considerando-se que a hipossuficiência é noção processual (alternativa correta – Defensoria/ES – CESPE 2009).
Boa-fé:
A boa-fé objetiva estabelece um dever de conduta entre fornecedores econsumidores no sentido de agirem com lealdade (treu) e confiança (glauben) na busca do fim comum, que é o adimplemento do contrato, protegendo, assim, as expectativas de ambas as partes. Em outras palavras, a boa-fé objetiva constitui um conjunto de padrões éticos de comportamento, aferíveis objetivamente, que deem ser seguidos pelas partes contratantes em todas as fases da existência da relação contratual, desde a sua criação, durante o período de cumprimento e, até mesmo, após a sua extinção.
Funções da boa-fé objetiva:
TELEOLÓGICA OU INTERPRETATIVA (art. 113 CC): A função interpretativa da boa-fé, a mais utilizada pela jurisprudência, serve de orientação para o juiz, devendo este sempre prestigiar, diante de convenções e contratos, a teoria da confiança, segundo a qual as partes agem com lealdade na busca do adimplemento contratual.
CONTROLE OU LIMITADORA DE DIREITOS (art. 187 CC): A função de controle da boa-fé visa evitar o abuso do direito subjetivo, limitando condutas e práticas comerciais abusivas, reduzindo, de certa forma, a autonomia dos contratantes.
INTEGRATIVA OU CRIADORA DE DEVERES LATERAIS (anexos) (art. 422 CC): A função integrativa insere novos deveres para as partes diante das relações de consumo, pois além da verificação da obrigação principal, surgem novas condutas a serem também observadas. São os assim denominados “deveres anexos” ou “deveres laterais” pela doutrina e jurisprudência. A violação a qualquer dos deveres anexos implica inadimplemento contratual. Exemplo de deveres anexos: proteção, informação, cooperação, cuidado etc. A violação desses deveres anexos ou laterais é chamado pela doutrina de “violação positiva do contrato” ou também de “adimplemento ruim.”
Informação:
O inciso III assegura o direito básico à informação, realizando a transparência no mercado de consumo objetivada pelo art. 4º CDC. No CDC a informação deve ser clara e adequada (arts. 12, 14, 18, 20, 30, 33, 34, 46, 48, 52 e 54). Esta nova transparência rege o momento pré-contratual, rege a eventual conclusão do contrato, o próprio contrato e o momento pós-contratual. É mais do que um simples elemento formal, afeta a essência do negócio, pois a informação repassada ou requerida integra o conteúdo do contrato, ou, se falha, representa a falha (vício) na qualidade do produto ou serviço oferecido. Da mesma forma, se é direito do consumidor ser informado, este deve ser cumprido pelo fornecedor e não fraudado. Assim, a cláusula ou prática que considere o silêncio do consumidor como aceitação (a exemplo do art. 111 CC), mesmo com falha da informação, não pode prevalecer (arts. 24 e 25), acarretando a nulidade da cláusula no sistema do CDC (art. 51, I) e até mesmo no sistema geral do CC (art. 424).
Segurança:
O direito básico de segurança é um fundamento único ou fonte única do dever de segurança ou de cuidado dos fornecedores quando colocam produtos e serviços no mercado brasileiro. É por isso que o CDC quebra a summa divisia entre responsabilidade contratual e extracontratual, pois agora o importante é a segurança das vítimas consumidoras que deve ser assegurada por toda a cadeia de fornecedores, sejam eles contratantes diretos (responsabilidade contratual) ou não (por exemplo, fabricantes) com os consumidores. Em outras palavras, o sistema do CDC, no mercado de consumo, impõe a todos os fornecedores um dever de qualidade dos produtos e serviços que presta e assegura a todos os consumidores um dever de proteção, furto do princípio da confiança e da segurança.
Inversão do ônus da prova:
Requisitos: quando for verossímel a alegação OU quando o consumidor for hipossuficiente.
A inversão do ônus da prova não é automática, devendo o juiz justificar devidamente se presentes os pressupostos da referida norma, para, aí sim, deferir a inversão do ônus da prova. Chamada de inversão do ônus da prova ope judici (por ato do juiz) em contraposição à inversão do ônus da prova ope legis (por força de lei).
O CDC adotou a regra da distribuição dinâmica do ônus da prova, uma vez que o magistrado tem o poder de redistribuição (inversão) do ônus probatório, caso verificada a verossimilhança da alegação ou hipossuficiência do consumidor. O CPC, ao contrário, adotou a regra da distribuição estática do ônus da prova, distribuindo prévia e abstratamente o encargo probatório, através do art. 333 CPC. Assim, caberá ao autor provar os fatos constitutivos do seu direito e ao réu provar os fatos impeditivos, modificativos e extintivos.
In dubio pro consumidor:
É um princípio hermenêutico. Principio da interpretação mais favorável ao consumidor. Verificação do princípio constitucional da isonomia, na qual os desiguais devem ser tratados desigualmente na medida de suas desigualdades.
Acarreta a presunção de boa-fé dos atos do consumidor. Esse entendimento tem sido aplicado pelo STJ no tocante à exclusão das coberturas de doenças preexistentes (RESP 651713/PR STJ).
O CC estipulou regra semelhante em seu art. 423, mas restringiu tal “interpretação favorável somente em favor do aderente aos contratos de adesão em que haja cláusulas ambíguas ou contraditórias.
Repressão eficiente aos abusos
Direciona-se tanto ao consumidor quanto ao fornecedor
Exemplos de disposições no ordenamento pátrio a respeito do princípio da repressão eficiente aos abusos encontram-se desde a publicidade enganosa, prevista no art. 37, §2o, na oferta (arts. 30 e 31), bem como nas situações explanadas no art. 39 e 51 CDC. Outros dispositivos do CDC parecem tratar do assunto, a exemplo do art. 2o, parágrafo único e o art. 29 que, além de conferirem amplo sentido ao conceito de consumidor, deixam claro que o consumidor está exposto a práticas de comércio muitas vezes agressivas, principalmente no campo dos contratos.
Paulo Brasil Dill Soares assevera que o parágrafo único do art. 2o e o art. 29 elegem a condição de consumidores tanto os terceiros beneficiários como os consumidores intencionais, visto que tanto faz a posição à qual o consumidor se encontra: ele será atingido do mesmo modo pelos abusos dos fornecedores.
Harmonia das relações de consumo.
Tem fundamento nos princípios constitucionais, sendo algum deles o da isonomia ou igualdade, da solidariedade e dos princípios gerais da atividade econômica, este amparado no Art. 170, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Sobre o assunto, João Batista de Almeida aponta o atendimento das necessidades dos consumidores como o objetivo principal da política nacional das relações de consumo. Entende, também, que a transparência e a harmonia das relações de consumo devem ser objeto de preocupação dessa política. Portanto, a política nacional das relações de consumo tem por objetivo harmonizar as relações consumeristas. Busca estabelecer um equilíbrio e uma compatibilização entre os interesses dos fornecedores e as necessidades dos consumidores. Visa ainda à proteção do meio ambiente, com o intuito de assegurar o desenvolvimento tecnológico, social e econômico de toda a sociedade. A esse respeito, enfatiza o referido autor:
“O objetivo do Estado, ao legislar sobre o tema, não será outro que não o de eliminar ou reduzir tais conflitos, sinalizar para a seriedade do assunto e anunciar sua presença como mediador, mormente para garantir proteção à parte mais fraca e desprotegida.
RESUMO PONTO 5 – DIREITO ELEITORAL
Os Tribunais e Juízes Eleitorais integram o Poder Judiciário, nos termos do art. 92, inc. V, da CF/88.
São órgãos que compõem a Justiça Eleitoral (art. 118, CF/88): 
Tribunal Superior Eleitoral
Tribunais Regionais Eleitorais
Juízes Eleitorais
Juntas Eleitorais
Funções exercidas pela Justiça Eleitoral
Função Administrativa
Função Consultiva
Função Jurisdicional
Características das Justiça Eleitoral
a) Adoção do sistema jurisdicional; 
b) Justiça Especializada; 
c) Inexistência de magistratura (ou promotoria) própria na Justiça Eleitoral: composição híbrida
d) Periodicidade da investidura dos Juízes: princípio da temporariedade e princípio da imparcialidadee) Funcionamento permanente da Justiça Eleitoral; 
f) Divisão territorial para fins eleitorais (circunscrições, zonas e seções) 
Organização e Competências da Justiça Eleitoral
A Constituição Federal institui os órgãos que compõe a Justiça Eleitoral e dispõe, em linhas gerais, sobre a organização dessa Justiça Especializada. Quanto à competência, somente dispôs sobre a recursal e atribuiu à lei complementar o papel definição das demais regras de organização e competências. Veja a disposição do art. 121, caput, da CF/88:
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.
A Lei n. 4.737/65 (Código Eleitoral) trata sobre a organização e competência da Justiça Eleitoral. Todos os seus dispositivos que regulam essa matéria foram recepcionados pela Constituição Federal com status de lei complementar. 
Tribunal Superior Eleitoral
O TSE compõe-se, no mínimo, sete membros, escolhidos:
mediante eleição, pelo voto secreto:
três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) – RISTF, art. 7º, II
dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) – RISTJ, art. 10, III e 171
por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal (RISTF, arts. 143 a 146). 
Note-se que a Constituição Federal trata da composição mínima. Caso seja necessário o aumento do número de membros do TSE, basta a edição de uma lei complementar. Dispensa-se a alteração da Constituição Federal por meio de emenda constitucional para essa finalidade.
No que se refere ao processo de escolha dos advogados que compõe o TSE, o art. 119 da CF/88 prescreve que serão nomeados pelo Presidente da República dentre advogados indicados pelo Supremo Tribunal Federal. Nesse processo de formação de lista tríplice para encaminhamento ao Poder Executivo, a OAB não participa do procedimento, de acordo com o entendimento do STF, ao julgar o MS n. 21.073/91.
Nesse processo de indicação dos advogados pelo Supremo Tribunal Federal, o Código Eleitoral traz algumas restrições para a composição da lista tríplice, nos seguintes termos:
§ 2º A nomeação que trata o inciso II deste artigo não poderá recair em cidadão que ocupe cargo público de que seja demissível ad nutum; que seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública; ou que exerça mandato de caráter político, federal, estadual ou municipal.
O Presidente e Vice-Presidente do TSE devem ser escolhidos dentre os Ministros do STF (CF, art. 119, p. único; CE, art. 17).
O Corregedor-Geral Eleitoral será escolhido dentre os Ministros do STJ (CF, art. 119, p. único; CE, art. 17).
Há ainda a vedação de que, na composição do TSE, não podem fazer parte cidadãos que tenham entre si parentesco, ainda que por afinidade, até o 4º (quarto) grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo, excluindo-se neste caso o que tiver sido escolhido por último (CE, art. 16, § 1º) 
Esquema Didático sobre a composição do TSE
Presidente 
Ministro do STF
Art.
 17 do CE
Ministro do STF
Vice-Presidente 
Ministro do STF
Art. 17 do CE
Ministro do STJ
Art. 16, I, alínea 
a,
 CE
Corregedor-Geral Eleitoral
Ministro do STJ
Art. 17 do CE
Advogado
Art. 16, inc. II, CE
Advogado
Art. 16, inc. II, CE
Deliberações do TSE
O TSE delibera por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria de seus membros (art. 93, IX, CF; art. 19, CE). Contudo será necessário a presença de todos os membros nos seguintes casos:
interpretação do Código Eleitoral em face da Constituição
cassação de registro de partidos políticos
recursos que importem anulação geral de eleições
perda de diplomas 
Em situações excepcionais, admite-se a realização de julgamento com quórum incompleto, nos casos acima mencionados, em caso de suspeição ou impedimento do ministro titular da classe de advogado e impossibilidade jurídica de convocar um juiz substituto. (TSE, RESPE n. 16684, Rel. Min. Waldemar Zveiter, PSESS - Publicado em Sessão, 26.9.2000). 
Indispensável, ainda, a Súmula 72 do Supremo Tribunal Federal. Essa súmula versa sobre a participação dos três ministros do STF que compõem o TSE nos julgamentos, perante o STF, de recursos de decisões que eles já julgaram no TSE. Esse é o teor da súmula 72 do STF:
No julgamento de questão constitucional, vinculada à decisão do Tribunal Superior Eleitoral, não estão impedidos os ministros do Supremo Tribunal Federal que ali tenham funcionado no mesmo processo, ou no processo originário.
Competências do TSE
Compete ao TSE: (art. 22 e 23, CE):
o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e de candidatos à Presidência e vice-presidência da República;
os conflitos de competência entre TRE’s e juízes eleitorais de Estados diferentes;
a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador Geral e aos funcionários da sua Secretaria;
os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus próprios juízes e pelos juízes dos TRE’s;
Essa alínea está revogada pelos arts. 102, inc. I, alínea c, e 105, inc. I, alínea a, ambos da CF. Caso um membros do TSE cometa um crime, ele será processado e julgado pelo STF. Por sua vez, se um membro do TRE cometer um crime, será processado e julgado pelo STJ. Quanto ao conceito de crime comum e crime eleitoral, para fins de fixação da competência do STF e do STJ, esse é o entendimento do STF:
A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL FIRMOU-SE NO SENTIDO DE DEFINIR A LOCUÇÃO CONSTITUCIONAL "CRIMES COMUNS" COMO EXPRESSAO ABRANGENTE A TODAS AS MODALIDADES DE INFRAÇÕES PENAIS, ESTENDENDO-SE AOS DELITOS ELEITORAIS E ALCANCANDO, ATÉ MESMO, AS PROPRIAS CONTRAVENÇÕES PENAIS. (Rcl. N. 511, STF)
o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, relativos a atos do Presidente da República, dos Ministros de Estado e dos Tribunais Regionais; ou, ainda, o habeas corpus, quando houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração;
Essa alínea está parcialmente revogada. Faremos uma análise separada do dispositivo.
Competência para julgamento de Habeas Corpus
Se a autoridade coatora ou se o paciente for o Presidente da República, compete ao STF processar e julgar o HC, nos termos do art. 102, inc. I, alíneas ‘d’ e ‘i’.
Se a autoridade coatora for o Ministro de Estado, compete ao TSE processar e julgar o HC, nos termos do art. 105, inc. I, alínea ‘c’. Caso contrário, caso o Ministro de Estado seja paciente, competirá ao STF processar e julgar o HC, nos termos do art. 102, inc. I, alínea ‘d’.
Se a autoridade coatora for o Tribunal Regional Eleitoral, compete ao TSE processar e julgar o HC, conforme previsão na alínea em análise.
Competência para julgamento do Mandado de Segurança
Se a autoridade coatora for o Presidente da República, compete ao STF processar e julgar o MS, nos termos do art. 102, inc. I, alínea ‘d’.
Se a autoridade coatora for Ministro de Estado, compete ao STJ processar e julgar o MS, nos termos do art. 105, inc. I, alínea ‘b’.
Se a autoridade coatora for o Tribunal Regional Eleitoral, deve-se fazer uma distinção da natureza jurídica da questão que será objeto de recurso:
se a matéria a ser impugnada por meio do MS for eminentemente administrativa, compete ao próprio TRE processar e julgar o MS. Esse é o entendimento do TSE:
Consolidou-se, nos Tribunais Superiores e no STF, o entendimento segundo o qual é de suas competências conhecer recurso em mandado de segurança contra decisão proferida por órgão colegiado de tribunal. O TSE é competente para julgar recurso em matéria administrativa contra decisão proferida por tribunal regional em sede de mandado de segurança. (RMS n. 99, TSE)
 se a matéria impugnada for eleitoral, compete ao TSE processar e julgar oMS. Veja o seguinte julgado o TSE:
O TSE E COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR, ORIGINARIAMENTE, MANDADOS DE SEGURANCA CONTRA ATO DOS REGIONAIS, EM MATERIA ELEITORAL. COMO TAL SE ENTENDE AQUELA QUE SE INCLUA EM SUA ATIVIDADE-FIM. COMPETE AO PROPRIO TRE JULGAR OS PEDIDOS DE SEGURANCA QUE SE REFIRAM A ATOS ADMINISTRATIVOS DIZENDO COM SEU AUTOGOVERNO, COM SUA ATIVIDADE-MEIO. (MS n. 2483, TSE)
as impugnações à apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente da República;
os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais Regionais dentro de trinta dias da conclusão ao relator, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte legitimamente interessada.
as reclamações contra os seus próprios juizes que, no prazo de trinta dias a contar da conclusão, não houverem julgado os feitos a eles distribuídos.
a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de cento e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado.
fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice-Presidente da República, senadores e deputados federais, quando não o tiverem sido por lei;
expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código;
responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político;
Destaque—se, por fim, que as decisões do Tribunal Superior são irrecorríveis, salvo as que contrariarem a Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança, das quais caberá recurso ordinário para o STF, interposto no prazo de 3 dias (CF, art. 121, § 3º, CE, art. 281). STF, RMS 22470, Min. Rel. Celso de Mello, Primeira Turma, DJ 27.09.1996.
Tribunais Regionais Eleitorais (TRE’s)
Conforme previsão na Constituição Federal, nos termos do art. 120, haverá um Tribunal Regional Eleitoral na capital de cada Estado e no Distrito Federal.
Os Tribunais Regionais Eleitorais compõe-se (Art. 120, § 1º, CF/88, e 25, CE):
- mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
- de um juiz do TRF com sede na Capital do Estado ou no DF, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo TRF respectivo (CF, art. 120, § 1º, II. CE, art. 25, II: do juiz federal).
- por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça (CF, art. 120, § 1º, III. CE, art. 25, III: “seis cidadãos”).
Quanto aos advogados que compõem os Tribunais Regionais Eleitorais, há um complexo processo que é desenvolvido até que haja a efetiva nomeação pelo Presidente da República. Primeiro, ocorre a formação de uma lista tríplice. 
Essa lista tríplice organizada pelo Tribunal de Justiça será enviada ao TSE e os advogados que a comporão deverão preencher os seguintes requisitos:
Os advogados que comporão a lista devem ter, no mínimo, dez anos de efetivo exercício de atividade profissional, reputação ilibada e notório saber jurídico
A lista não poderá conter nome de magistrado aposentado ou de membro do Ministério Público (CE, art. 25, § 2º).
A OAB não participa do processo de indicação dos advogados para a composição da lista tríplice
O Presidente e Vice-Presidente dos TRE’s devem ser escolhidos dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça (CF, art. 120, § 2º; CE, art. 26), que compõem a Corte Eleitoral.
Não podem fazer parte do Tribunal Regional pessoas que tenham entre si parentesco, ainda que por afinidade, até o 4º grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo, excluindo-se neste caso a que tiver sido escolhida por último.
Deliberações dos TRE’s
Os Tribunais Regionais deliberam por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria de seus membros (art. 27, CE). Não há exigência de que o TRE ao julgar determinada matéria necessite de quórum completo, diferentemente do TSE.
No caso de impedimento e não existindo quorum, será o membro do Tribunal substituído por outro da mesma categoria, designado na forma prevista na Constituição.
Competências dos TRE’s
Compete aos TRE’s
o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos políticos, bem como de candidatos a Governador, Vice-Governadores, e membro do Congresso Nacional e das Assembléias Legislativas;
os conflitos de jurisdição entre juizes eleitorais do respectivo Estado;
a suspeição ou impedimentos aos seus membros ao Procurador Regional e aos funcionários da sua Secretaria assim como aos juízes e escrivães eleitorais;
os crimes eleitorais cometidos pelos juizes eleitorais;
o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, contra ato de autoridades que respondam perante os Tribunais de Justiça por crime de responsabilidade e, em grau de recurso, os denegados ou concedidos pelos juizes eleitorais; ou, ainda, o habeas corpus quando houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração;
Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando (CF, art. 121, § 4º, CE, art. 276):
forem proferidas contra disposição expressa da Constituição ou de lei;
ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;
versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;
anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;
denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança, "habeas-data" ou mandado de injunção.
Juízes Eleitorais
Cabe a jurisdição de cada uma das zonas eleitorais a um juiz de direito em efetivo exercício e, na falta deste, ao seu substituto legal que goze das prerrogativas do Art. 95 da Constituição. Trata-se de um juiz que integra a Justiça Estadual e que será designado para exercer as funções eleitorais.
No que se refere à interpretação do locução “que goze das prerrogativa do art. 95”, o TSE decidiu que “o juiz de direito substituto pode exercer as funções de juiz eleitoral, mesmo antes de adquirir a vitaliciedade”.
Frise-se que não há concurso para juiz eleitoral. As funções eleitorais serão exercidas por juízes de direito designados pelo TRE respectivo. Onde houver mais de uma vara, O TRE designará aquela ou aquelas a quem incumbe o serviço eleitoral.
Embora esses juízes sejam integrantes da Justiça Comum estadual, os recursos contra as suas decisões são endereçados ao TRE e não ao TJ ao qual esteja vinculado.
Competências dos Juízes Eleitorais
Compete aos Juízes Eleitorais:
cumprir e fazer cumprir as decisões e determinações do TSE e do TRE;
processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada a competência originária do TSE e dos TRE;
decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral, desde que essa competência não esteja atribuída privativamente à instância superior.
dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores;
expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor;
dividir a zona em seções eleitorais;
Juntas Eleitorais
Compor-se-ão as juntas eleitorais de um juiz de direito, que será o presidente, e de 2 (dois) ou 4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade. Esses membros das juntas eleitorais serão nomeados 60 (sessenta) dias antes da eleição, depois de aprovação do Tribunal Regional, pelo presidente deste, a quem cumpre também designar-lhes a sede.
Não podem fazer parte das juntas eleitorais:
os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem assim o cônjuge
os membros de diretorias de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes tenham sido oficialmente publicados;
as autoridades e agentes policiais,

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