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TJDFT - PONTOS RESUMIDOS - PROVA ORAL

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Ponto 15
I. NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA 
Teoria do conflito e os mecanismos autocompositivos. Técnicas de negociação e mediação. Procedimentos, posturas, condutas e mecanismos aptos a obter a solução conciliada dos conflitos. 
Originalmente, o conflito é abordado como um fenômeno essencialmente negativo, que deve ser evitado ou eliminado por meio de sacrifícios pessoais. Isso gera a insatisfação do jurisdicionado com o resultado do processo, a sua forma de condução e a litigiosidade remanescente, causando a percepção de que mesmo ao término do processo o conflito ainda não foi resolvido. Conflito não resolvido pode configurar a litigiosidade remanescente, que deve ser evitada ao máximo. 
	
Em função disso, o escopo mais importante do sistema processual, que é a pacificação social, vem sendo obtido apenas sob a ótica dos operadores do Direito, como uma ficção jurídica. Há, pois, necessidade de compreensão de algumas abordagens mais eficientes para resolução de conflitos, de forma a fazer com que o jurisdicionado se sinta efetivamente pacificado.
O conflito deve ser considerado um fenômeno natural, que possui potencial destrutivo ou construtivo, dependendo da forma como é abordado e das técnicas utilizadas para sua resolução. Se abordado de forma apropriada (com as técnicas adequadas), o conflito pode ser um importante meio de conhecimento, amadurecimento e aproximação dos seres humanos. Este o marco teórico da Teoria do Conflito a partir dos ensinamentos de Morton Deutsch.
	
Um processo destrutivo se caracteriza pelo enfraquecimento ou rompimento da relação social preexistente à disputa em razão da forma pela qual esta é conduzida. Há a tendência de o conflito se expandir ou se tornar mais acentuado. Destrutivo rompe ou enfraquece a relação preexistente.
	
Já nos processos construtivos, as partes concluem a relação processual com um fortalecimento da relação social preexistente à disputa. Construtivo fortalece a relação.
	
Assim, há evidente necessidade de que os novos mecanismos de resolução de disputas, como a mediação, permitam que as partes possam, por intermédio de um procedimento participativo, resolver suas disputas construtivamente ao fortalecer relações sociais, identificar interesses subjacentes ao conflito, promover relacionamentos cooperativos e explorar estratégias que venham a prevenir ou resolver futuras controvérsias. Perceber o conflito, portanto, como um fenômeno natural e potencialmente positivo.
	
De acordo com a teoria da negociação, utilizada na mediação e em outros processos de resolução de disputas, deve-se abandonar formas mais rudimentares de negociação, como a chamada “negociação posicional”, a fim de se buscar resultados mais satisfatórios.
	
Na negociação posicional, as partes se tratam como oponentes e pensam na negociação em termos de ganhar ou perder. Por isso, frequentemente, questões pessoais, como honra e respeito, passam a ser identificadas como parte da negociação, criando obstáculos ao entendimento e ao acordo. 
	
Ao contrário da negociação posicional há a “negociação baseada em princípios” ou “negociação baseada em méritos”, a qual sugere que, para a obtenção de resultados sensatos e justos, evitando-se a deterioração do relacionamento entre as pessoas, faz-se necessário que se abordem os interesses reais dos envolvidos (e não suas posições).
	
São cinco os pontos fundamentais da negociação baseada em princípios:
Separar as pessoas do problema: antes de presumir que as pessoas interessadas façam parte do problema a ser abordado, recomenda-se que os envolvidos assumam uma postura de debater os méritos da negociação, lado a lado.
Foco nos interesses e não em posições;
Geração de opções de ganhos mútuos: geração de uma variedade de possibilidades antes de se decidir qual solução será adotada.
Utilização de critérios objetivos: tal ponto favorece a despersonificação do conflito. Ex.: adotar tabela de preços de veículos.
Melhor alternativa - a negociação de um acordo: os autores propõem uma medida para o valor da negociação. Compensa negociar enquanto não houver uma alternativa melhor.
A inserção da mediação no desenvolvimento sistêmico do nosso ordenamento jurídico-processual está apenas em seu estágio inicial. A mudança de paradigma traz a necessidade de um magistrado menos belicoso e adversarial e mais propenso à utilização criativa dos instrumentos existentes no ordenamento jurídico (ex.: ajustamento de conduta e transação), para solução das controvérsias de maneira mais eficiente. Desse modo, o magistrado deve passar a se preocupar também com a litigiosidade remanescente, com a capacitação das partes a melhor compor seus conflitos e com a maior humanização do conflito. 
As diferenças entre práticas conexas: mediação e negociação
A diferença entre mediação e negociação é simples: o negociador é uma parte envolvida. Representa os interesses de uma das partes. Isto implica que o negociador vai procurar alcançar uma solução que satisfaça a parte que representa. O mediador não se encontra envolvido. Acompanha a reflexão das duas partes permitindo-lhes encontrar um acordo. Tal acordo é definido de várias formas, ou seja, baseando-se das abordagens da negociação ou como acima indicado de forma que seja o mais satisfatório possível ou também o menos insatisfatório possível entre as duas partes.
Qual a diferença Mediação e conciliação?
A diferença entre mediação e conciliação reside no papel do terceiro interveniente. Basicamente a terceira parte mediadora apóia as partes na sua reflexão e na sua decisão: faz emergir a decisão das mesmas. Já, na conciliação, a terceira parte conciliadora propõe uma solução às partes no processo. 
Qual a diferença Mediação e arbitragem?
A diferença entre mediação e arbitragem reside no fato de o árbitro tomar uma decisão que impõe às partes que optaram pela arbitragem. Uma prática ainda marginal desenvolveu-se nomeadamente nos Estados Unidos, (no âmbito das Alternatives Disputes Resolution), associando a intervenção de um mediador que, quando não consegue fazer emergir uma solução, pode tornar-se árbitro através de convenção prévia com as partes ou com o acordo das partes às quais o propõe ou que lho pedem. Este método é então nomeado med-arb.
Resumo da Teoria dos conflitos 
Criador 
Morton Deutsch 
Teoria da Negociação 
Técnica Rudimentar 
Negociação posicional 
Técnica adequada 
Baseada em princípios/méritos mediante:
Separar pessoas dos problemas 
Ganhos múltiplos 
Critérios objetivos (tabela Fipe) 
Melhor alternativa 
Foco nos interesses 
Tipos de Conflitos 
Construtivos 
MEIO 
CONHECIMENTO 
AMADURECIMENTO 
APROXIMAÇÃO 
Destrutivos 
Relação social 
Rompimento 
Enfraquecimento 
- Administração judicial. Planejamento estratégico. Modernização da gestão.
O marco da necessidade de modernização do Poder Judiciário foi a própria Reforma do Poder Judiciário, com a Emenda Constitucional n.º 45, de 08 de dezembro de 2004, que, entre várias novidades, declarou o direito fundamental à razoável duração dos processos e criou o CNJ. 
A sociedade requer do setor público, cada vez mais, celeridade, economia de recursos e aumento da qualidade dos serviços. Essa demanda exige das instituições brasileiras mudanças estruturais, em conformidade com o novo paradigma da Administração Pública Gerencial, menos burocrática e mais eficiente. 
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios busca, dessa forma, renovar seu modelo de gestão e modernizar os serviços públicos prestados à sociedade do Distrito Federal.
A exemplo de organizações no mundo todo, é necessário focar o trabalho da instituição na Estratégia. Isso significa adotar instrumentos modernos de planejamento que garantam a melhoria de desempenho e o alcance de metas préestabelecidas.
Desde 2007, o TJDFT utiliza o Planejamento Estratégico para promover sua modernizaçãoe alavancar o processo de melhoria organizacional. Ele é uma ferramenta de alinhamento e orientação das ações institucionais que viabiliza o alcance do objetivo maior: atender à demanda da sociedade com celeridade, qualidade e redução de custo operacional.
O Plano Estratégico do TJDFT para o período de 2010 a 2016, aprovado pela Resolução N. 001 de 12 de janeiro de 2010. O novo Plano tem validade de seis anos e está alinhado ao Plano Estratégico do Poder Judiciário, em consonância com a Resolução n. 70, de 18 de março de 2009, do Conselho Nacional de Justiça – CNJ. A partir de uma avaliação dos Planos anteriores e considerando seus resultados positivos, o Tribunal se preparou para atender às novas exigências da sociedade.
O Plano Estratégico para o período 2010-2016 é o resultado do processo de Planejamento Estratégico do TJDFT e caracteriza um expressivo avanço de gestão institucional. A continuidade dos objetivos e das ações estratégicas, a partir de modelos de atuação contínuos em diferentes gestões, auxiliará e facilitará o alcance das metas, contribuindo para o cumprimento da Missão e a realização da Visão de futuro.
Contudo, o planejamento faz parte de um conceito maior: a Gestão Estratégica. A formulação de um Plano é o começo de um processo de mudança em busca da capacitação estratégica, representando o desenvolvimento de um novo comportamento e de uma cultura estratégica em busca da excelência da gestão.
Ressalta-se que o Plano Estratégico, mais que um documento estático, deve ser visto como um instrumento dinâmico de gestão, que contém decisões antecipadas sobre a linha de atuação a ser seguida pelo TJDFT. A cada mudança no ambiente, novo diagnóstico pode ser necessário e, em conseqüência, novas decisões devem ser tomadas. Daí, a necessidade de constante revisão e atualização.
Candidato, o que é o Plabi?
É o planejamento estratégico do TJDFT, que é revisto a atualizado bienalmente. Por isso, se chama Planejamento Bienal – PLABI. 
Além disso, nesse contexto, deve ser destacada a Gestão por Competência, em implementação no TJDFT desde 2009. Foi iniciada em abril de 2009 a implantação da Gestão por Competências, que pretende definir e mapear as competências gerenciais adequadas aos objetivos da Instituição e apontar as necessidades de capacitação. Profissionalizar as práticas de gestão é requisito fundamental para aumentar a efetividade do TJDFT e o seu reconhecimento pela sociedade. Gestão por competência é um modelo de gestão de pessoas.
Com o programa, o TJDFT se antecipa ao atendimento do Decreto 5.707/06, que instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal na Administração Pública Federal e que, em breve, deverá ser estendida ao Judiciário. 
O modelo de gestão de pessoas é elaborado com base no Planejamento Estratégico do Biênio, na Missão e Visão do TJDFT. 
A definição de competência envolve os conhecimentos, habilidades e atitudes do gestor que, ao aplicá-los no exercício de suas funções, obtém resultados positivos nos processos de gestão da sua equipe e unidade e na prestação jurisdicional.
A implantação do projeto será iniciada com a definição e o mapeamento das competências gerenciais. O diagnóstico é uma ferramenta de desenvolvimento e qualificação para os gestores. A partir da identificação das lacunas entre as competências existentes e às necessárias ao desempenho da função gerencial do Tribunal serão realizadas ações direcionadas de capacitação. 
 Fonte: Planejamento Estratégico 2010/2016 do TJDFT
 (Disponível em http://www2.tjdft.jus.br/plabi/docPlabi/pe_2010_2016.pdf)
Palavras chave: Administração Pública gerencial. Gestão Estratégica. Planejamento estratégico, que está dentro da gestão estratégica. Plabi do TJDFT. Gestão por competência. 
DIREITO CIVIL
PONTO 15 - Atos unilaterais. Habitação. Direito das Relações de Consumo: práticas comerciais; oferta; publicidade; práticas abusivas; cobrança de dívidas; bancos de dados e cadastros de consumidores.
15.1 – ATOS UNILATERAIS
15.1.1 - DAS OBRIGAÇÕES POR DECLARAÇÃO UNILATERAL DE VONTADE. 
As declarações unilaterais de vontade constituem fonte das obrigações, ao lado dos contratos e dos atos ilícitos. Funda-se no princípio de que quem se obriga por meio de uma declaração de vontade pública fica adstrito a executar a obrigação. No direito romano constituíam os “quase contratos”. Somente existem nos casos expressamente previstos em lei. O CC considera como tais a promessa de recompensa, a gestão de negócios, o pagamento indevido e o enriquecimento sem causa. 
15.1.2 - DA PROMESSA DE RECOMPENSA
Conceito
Promessa de recompensa é o ato de alguém que, por anúncio público, dirigido a pessoa indeterminada, se compromete a gratificar quem preencha certa condição ou desempenhe certo serviço. A lei impõe ao promitente a obrigação de cumprir o prometido. É a declaração de vontade feita mediante anúncio público, pelo qual alguém se obriga a gratificar quem se encontrar em certa situação ou praticar determinado ato, independentemente do consentimento do eventual credor.
Natureza jurídica.
Debate-se se o negócio se aperfeiçoa com a mera promessa, caracterizando-se, desse modo, uma obrigação pela manifestação unilateral da vontade do promitente, ou se, pelo contrário, trata-se de simples contrato, cujo aperfeiçoamento só se dá quando alguém, desempenhando o serviço reclamado, demanda a recompensa. A primeira opinião é que deve ser acolhida, não só por melhor atender aos interesses sociais, como também por ser a orientação adotada pelo Código Civil. Duas correntes, portanto: 1) ato unilateral (prevalece); 2) contrato (minoritária).
Obrigatoriedade da promessa.
A promessa de recompensa será obrigatória para seu emitente no instante em que se tornar pública, independentemente de qualquer aceitação, visto quer se dirige a pessoa indeterminada. De modo que o promitente se obriga à prestação prometida ainda que o beneficiário não manifeste a intenção de reclamá-la; ainda que este satisfaça a condição sem almejar recompensa; e mais: ainda que ignore a promessa. 
Para Sílvio Rodrigues, o fundamento da obrigatoriedade é o atendimento do interesse social. Outros autores sustentam que a obrigatoriedade da promessa de recompensa tem um fundamento ético, ou seja, o respeito à palavra dada (cf. Washington de Barros Monteiro, Obrigações, 2 parte, p. 414). Sílvio Rodrigues discorda dessa posição. O promitente não escapa da obrigação, alegando que prometeu em nome de outrem
Distinções 
a) a promessa feita a quem praticar um ato determinado, como no caso da gratificação oferecida à pessoa que achar certa jóia ou determinado animal: a recompensa se destina, em geral, a uma única pessoa, isto é, àquela que achar a jóia, ou que indicar o paradeiro do animal, ou que, de qualquer modo, preencher as condições impostas no anúncio.
b) o concurso, isto é, o certame em que o promitente oferece um prêmio a quem, dentre várias pessoas, apresentar o melhor resultado: a proposta encara uma comunidade de possíveis ganhadores do prêmio, servindo de incentivo à excelência, como no caso da oferta de viagem ao estrangeiro feita ao autor do melhor quadro a ser exibido em futura exposição ou do prêmio oferecido ao autor do melhor livro sobre determinado assunto.
Da revogabilidade da promessa de recompensa
Quanto ao problema da revogação, cumpre distinguir duas diferentes soluções legais:
a) a promessa de recompensa feita a quem praticar determinado ato, ou preencher certa condição, é sempre revogável, uma vez que se submeta aos requisitos impostos pela lei, a menos que o instrumento fixe prazo de espera (entende-se que o promitente renunciou ao direito de revogar a promessa, enquanto não decorrer o prazo estipulado) ou cláusula de irrevogabilidade. Diz a lei que antes de prestado o serviço, ou preenchida a condição, pode o promitente revogar a promessa, contanto que o faça com a mesma publicidade, mas o candidato de boa-fé, que houver feito despesas, terádireito a reembolso.
b) nos concursos, a promessa é sempre irrevogável, porque o promitente deve, compulsoriamente, fixar prazo de vigência, dentro do qual não se poderá desdizer.
Da realização do ato por mais de uma pessoa
Em regra, a recompensa cabe ao que primeiro o executou (art. 857). No caso de execução simultânea dividir-se-á a recompensa, a qual, entretanto, será sorteada, na hipótese de ser indivisível, mas aquele que for contemplado terá o dever de dar ao outro o valor de seu quinhão (art. 858). Para Sílvio Rodrigues, a primazia no tempo não deve dar direito à recompensa, com exclusão do outro concorrente, quando ambos apresentarem o trabalho dentro do prazo. Nesse caso, todos que o fizerem terão direito ao prêmio, ou por fração, ou por sorteio.
Dos concursos públicos
No concurso, várias pessoas se propõem a realizar uma tarefa ou a revelar qualidades pessoais, em busca de um prêmio que só será conferido ao melhor. De modo que, para o concorrente, o negócio se apresenta aleatório, pois de seu esforço tanto pode resultar a vitória e o prêmio, como até o desprestígio da derrota.
A promessa é sempre irrevogável, porque o promitente deve, compulsoriamente, fixar prazo de vigência, dentro do qual não se poderá desdizer. Entretanto, ao participar do concurso, sabem os concorrentes de suas condições e a elas se submetem. Entre tais condições figura a de concordarem com o veredictum, ou seja, de se submeterem ao pronunciamento irrecorrível dos juízes. Em falta de pessoa designada para julgar o mérito dos trabalhos apresentados, ou das qualidades exibidas pelos concorrentes, entende-se que o promitente se reservou essa função.
Sílvio Rodrigues entende que a liceidade, ou seja, licitude, de negar premiação depende de cláusula expressa no edital, em que fique ressaltada tal possibilidade, se nenhum dos concorrentes atingir um nível qualitativo adequado, ao ver da comissão julgadora. Caso tal ressalva não tenha sido publicada, ao tempo da abertura do concurso, o júri não pode negar o prêmio ao melhor dentre os ruins, que concorreram. Trabalhos de igual mérito: aplicação dos artigos 857 e 858. Quanto ao domínio das obras premiadas, dispõe o art. 860 que as mesmas só ficarão pertencendo ao promitente, se houver cláusula contendo tal estipulação no edital do concurso.
15.1.3 – DA GESTÃO DE NEGÓCIOS
A gestão de negócios é instituto jurídico que constitui resposta do direito ao problema da cooperação dos sujeitos na conclusão de seus negócios jurídicos, funcionando como importante instrumento de dinamização da vida jurídica.
Gestão de negócios, ainda de acordo com o Código Civil, é ato unilateral gerador de obrigações (ao lado da promessa de recompensa, do pagamento indevido e do enriquecimento sem causa). Topograficamente, mandato e gestão de negócios são tratados na Parte Especial do Código, no Livro das Obrigações. 
Conceito: a gestão de negócios é a administração oficiosa de interesses alheios. Oficiosa é não oficial, desinteressada. Dá-se quando uma pessoa realiza atos no interesse de outra, como se fosse seu representante ou prestador de serviços, embora não investido dos poderes respectivos. Como se vê distancia-se a gestão de negócios da representação e do mandato porque: a) nem sempre haverá representação na gestão de negócios; b) nesta não há acordo prévio entre os chamados gestor e dono do negócio. Mas prevê o Código que “a ratificação pura e simples do dono do negócio retroage ao dia do começo da gestão, e produz todos os efeitos do mandato” (art. 873).
Gestão de negócios, assim, é a atuação de uma pessoa que, espontaneamente e sem mandato (= procuração), administra negócio alheio em situações emergenciais, presumindo o interesse do próximo. Exemplo: é gestor de negócio alheio o morador de um edifício que arromba a porta do vizinho para fechar torneira que ficou aberta enquanto o vizinho saiu em viagem; então o gestor fecha a torneira, enxuga o apartamento, manda  secar os tapetes, troca a fechadura arrombada, e depois manda a conta pro dono do apartamento, que terá que indenizar o gestor pelas despesas, 869.
O gestor geralmente é um vizinho, amigo ou parente que vai administrar os negócios alheios sem procuração. Embora a lei use a expressão “negócio”, na verdade a gestão é de “interesse” alheio.
Natureza jurídica: a natureza jurídica da gestão de negócios é polêmica. Para os antigos romanos, era quase-contrato; o Código Civil de 1916 posicionou-a entre os contratos; em resposta às críticas da doutrina, o Código de 2002 optou por dela tratar entre os atos unilaterais que geram obrigação, o que nos parece ser mais acertado.
As obrigações do gestor consistem em cuidar do negócio como se fosse seu, segundo a vontade presumida do dono. Tal responsabilidade funda-se nos princípios da autoresponsabilidade e da boa-fé. Já o dono do negócio, se ratificar a gestão, deverá indenizar o gestor pelas despesas e prejuízos, sendo certo que não poderá negar indenização caso a gestão seja necessária ou útil. O fundamento aqui é a vedação ao enriquecimento sem causa.
Se a gestão foi iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do interessado, responderá o gestor até pelos casos fortuitos, não provando que teriam sobrevindo, ainda quando se houvesse abatido (art. 862). Se os prejuízos da gestão excederem o seu proveito, poderá o dono do negócio exigir que o gestor restitua as coisas ao estado anterior, ou o indenize da diferença (art. 863).
O gestor envidará toda sua diligência habitual na administração do negócio, ressarcindo ao dono o prejuízo resultante de qualquer culpa na gestão. O gestor responde pelo caso fortuito quando fizer operações arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las, ou quando preterir interesse deste em proveito de interesses seus. Querendo o dono aproveitar-se da gestão, será obrigado a indenizar o gestor das despesas necessárias, que tiver feito, e dos prejuízos, que por motivo da gestão, houver sofrido.
Também existe referência à gestão de negócios no Código de Processo Civil. Com efeito, tratando da assistência, diz o CPC que, se ficar revel o demandado, o assistente será considerado seu gestor de negócios (art. 52, § único). Tal disposição mereceu a crítica de Cândido Rangel Dinamarco: “Gestor de negócios é aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócio alheio (CC, art. 861). Mas seria conveniente associar um sujeito processual a uma figura de direito substancial? Nem sempre o assistente, a quem inclusive cabem poderes de fiscalização das condutas do assistido (intervenção ne fiat collusio), está adstrito a atuar segundo a vontade presumível deste.” (Instituições de direito processual civil II, p. 390, nota 12, itálico original).
Outros exemplos: providenciar um guincho para remover o carro de alguém estacionado na frente de uma casa em chamas; um advogado paga com seu dinheiro um imposto devido pelo cliente; levar uma vitima de atropelamento ao hospital e pagar as despesas médicas; pagar alimentos quando o devedor da pensão está ausente (871: então quem sustenta filhos dos outros pode exigir indenização dos pais); também é gestão de negócios pagar as despesas do funeral de alguém (872); último exemplo: num condomínio, o condômino que age em proveito da comunhão é gestor do negócio de todos, podendo exigir compensação financeira dos demais beneficiários (1.318).
15.1.4 - DO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO E DO PAGAMENTO INDEVIDO
Introdução
O enriquecimento sem causa é gênero e o pagamento indevido é espécie. Contrapõe-se à responsabilidade civil tendo em conta que esta última tem por finalidade reparar danos, enquanto o enriquecimento sem causa tem por objetivo remover de um patrimônio acréscimos patrimoniais indevidos.
Enriquecer sem causa é enriquecer repentinamente sem motivo justo, sem trabalhar, sem herdar. Uma das hipóteses de enriquecimento sem causa é através do pagamento indevido, por isso estes dois assuntos devem ser estudados em conjunto.Ocorre pagamento indevido quando o devedor paga a alguém que não é o credor, ou seja, o accipiens não é o credor, e o devedor agiu por engano.
O código anterior não tratava do enriquecimento sem causa de forma explícita, equívoco que foi corrigido no código atual e posto como um princípio do direito obrigacional. Sua principal característica segue no sentido de dispensar os elementos do ilícito e do dano, sendo suficiente à sua caracterização a obtenção de vantagem sem contraprestação. A pretensão é, pois, restituitória.
As obrigações de responsabilidade civil decorrem do princípio neminem laedere (não lesar ninguém), de modo que quem causa dano a outrem fica obrigado a repará-lo. No caso do enriquecimento sem causa o fundamento deriva do princípio de justiça suum cuique tribuere (dar a cada um o que é seu), de modo que quem se beneficiou com algo alheio deve restituir o valor do benefício.
Exemplos de situações legais específicas: 
a) Coíbe o enriquecimento injusto quando manifestado através do pagamento indevido;
b) veda-se que o credor incapaz de quitar reclame um segundo pagamento, quando já se beneficiou do primeiro;
c) o possuidor que, ainda que de má-fé, recebe as despesas de manutenção e custeio; 
d) o especificador de boa-fé adquire a matéria-prima alheia em que trabalhou, mas deve indenizar o proprietário.
A tese, hoje, preferida pela doutrina brasileira é a da admissão do princípio genérico de repulsa ao enriquecimento indevido (e não a de que a condenação genérica só deve ser admitida nos casos expressos no texto). 
 E embora a lei brasileira não acolha expressamente a regra geral de repulsa ao enriquecimento sem causa, isso representa uma lacuna que se supre pela analogia e, quando assim não fosse, pelos princípios gerais de direito.
O repúdio ao enriquecimento indevido estriba-se no princípio maior da equidade que não permite o ganho de um, em detrimento de outro, sem uma causa que o justifique. Atualmente, várias ações têm o objetivo de evitar esse tipo de enriquecimento: a repetição de indébito, a de enriquecimento ilícito na cobrança do cheque prescrito, a de indenização etc. 
Os requisitos da ação de enriquecimento sem causa (ação in rem verso) são: 
a) um enriquecimento por parte do réu: consiste, em regra, em um aumento patrimonial, mas pode, igualmente, verificar-se pela diminuição do passivo de uma pessoa; deve ser atual, isto é, existente ao tempo da demanda; 
b) um empobrecimento por parte do autor: o empobrecimento do autor consiste ou numa diminuição de seu ativo patrimonial ou num acréscimo em seu passivo;
c) a existência de uma relação de causalidade entre os dois fatos; 
d) a ausência de causa que os justifique: enriquecimento e empobrecimento são resultantes de um mesmo fato; quando houver diferença entre os montantes do enriquecimento e do empobrecimento, a indenização se fixará pela cifra menor. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.
e) a inexistência de qualquer outra ação para socorrer a vítima: caráter subsidiário da ação de in rem verso (art. 886. Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido).
Ocorrendo os pressupostos acima expostos, cabe ao empobrecido ação para obter o restabelecimento de seu patrimônio, até o montante do lucro havido pelo enriquecido.
Do pagamento indevido. Regra sobre a repetição do indébito e seus pressupostos
a) a lei impõe, a quem recebeu o que não lhe era devido, a obrigação de restituir.
b) também será devida a devolução, quando a obrigação for condicional e não houver ocorrido o implemento da condição, pois ela não pode ser reclamada antes de tal circunstância. E o pagamento efetuado, não sendo devido, deve ser restituído.
O direito do solvens, de reclamar do accipiens a repetição do que lhe pagou, não é, contudo, ilimitado e seu exercício fica dependendo de dois requisitos: 
a) o do pagamento involuntário do indevido: se houve coação e, em caso afirmativo, deve o legislador negar efeito a um ato que se consolidou na violência, quer esta provenha do accipiens, quer de terceiros; em alguns casos o solvens pode ser constrangido a efetuar o pagamento indevido, sem que o constrangimento atinja o grau de coação, podendo ainda sim utilizar a conditio indebiti; 
 
b) o da necessidade da prova de erro do solvens, em caso de pagamento voluntário: isto porque entende a doutrina que, se o solvens efetuou o pagamento consciente e voluntariamente, o ato representa liberalidade ou, quando assim não seja, reflete simulação inocente, escondendo o intuito de doar. O CC adotou, portanto, a teoria subjetiva, o que torna indispensável a demonstração do erro, cujo ônus incumbe ao solvens. Contudo, se não houve erro, a repetição pode encontrar fundamento no enriquecimento sem causa. 
Para Sílvio Rodrigues, esta solução não se acomoda ao sistema brasileiro, pois se não houve erro conduzindo o solvens a pagar voluntariamente o que não devia, não lhe cabe ação de repetição do indébito.
O pagamento indevido que teve por objeto um imóvel: 
Se o accipiens procedeu sem malícia e recebeu a paga por acreditá-la devida, é tratado como possuidor de boa-fé. Se, entretanto, atuou com malícia, responde como possuidor de má-fé. Entretanto, pode ocorrer que, havendo recebido em pagamento um imóvel, o accipiens o tenha alienado, a título oneroso ou gratuito, a terceira pessoa de boa ou má-fé. Qual a solução da lei? 
A) Pagamento indevido, realizado pela dação de um imóvel, a seguir alienado, a título oneroso, pelo “accipiens”, estando todas as partes de boa-fé: o solvens não tem direito de reivindicar a coisa, devendo absorver o prejuízo, só lhe remanescendo a prerrogativa da ação regressiva contra o accipiens; protege-se o terceiro de boa-fé; 
B) Alienação a título gratuito e de boa-fé, pelo “accipiens”, do imóvel recebido indevidamente:
Neste caso, o conflito entre o interesse do terceiro adquirente e do solvens se propõe em termos diversos, por que, enquanto o solvens procura evitar um prejuízo (certat de danmo vitando), o terceiro procura alcançar um lucro, isto é, quer obter um aumento de seu patrimônio (certat de lucro captando). Ora, freqüentemente, quando o legislador tem de decidir entre o interesse de qui certat de lucro captando, em face do interesse de qui certat de damno vitando, é o deste último que ele prefere.
E, com efeito, ao mesmo tempo que a lei indefere ação reivindicatória contra o adquirente de boa-fé, e a título oneroso, ela a defere contra o adquirente a título gratuito, ainda que vestido de boa-fé.
C) Alienação pelo “accipiens”, a título oneroso, a terceiro de má-fé, do imóvel recebido indevidamente: permite-se a reivindicação do imóvel, quando o terceiro adquirente agiu de má-fé. 
D) Má-fé do “accipiens”, na mesura hipótese: Se o accipiens agiu de má-fé, uma dupla solução se apresenta, conforme haja ou não o terceiro atuado de boa-fé.
Na última hipótese a solução já foi apontada, pois, não merecendo respeito a malícia do adquirente, o solvens pode reivindicar o imóvel. Contudo, se o accipiens estava de má-fé e o terceiro adquirente de boa-fé, o respeito à posição deste último conduz a que se mantenha o negócio. Mas a lei, indeferindo ação reivindicatória a quem pagou indevidamente, confere-lhe o direito de reclamar, de quem maliciosamente recebeu o pagamento, não apenas o preço recebido pela venda do imóvel, mas também as perdas e danos. 
Casos em que o pagamento indevido não confere direito à restituição: 
A) quando o “accipiens” inutilizou o título da dívida, deixou prescrever a ação ou abriu mão das garantias que asseguravam seu direito: o solvens que pagou mal não fica de vez desprotegido, pois a lei lhe confere ação regressiva contra o verdadeiro devedor e seu fiador, para haver a importância que despendeu. Tal açãoé de in rem verso, pois prescinde de qualquer relação entre as partes e se funda no enriquecimento indevido do réu
B) quando o pagamento se destinava a solver obrigação natural: não se poder repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação natural; não havendo empobrecimento injusto do solvens, nem enriquecimento indevido do accipiens, não há como se admitir a ação de repetição que, como já mostrei, nada mais é do que modalidade da ação de in rem verso; para Sílvio Rodrigues, a dívida prescrita é espécie do gênero obrigação natural;
C) quando o pagamento visava obter fim ilícito: Se o pagamento se efetuou com o escopo de alcançar fim ilícito ou imoral, não tem o solvens direito de repeti-lo. Trata-se de aplicação expressa da parêmia nemo auditur propriam turpitudinem allegans ou seja, ninguém pode ser ouvido alegando a sua própria torpeza. Nesse caso, o que se deu reverterá em favor do estabelecimento local de beneficência, a critério do juiz (art. 883).
Aplicação no TJDFT, com Desembargador Mario Machado:
COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. ARRENDAMENTO MERCANTIL. LEASING. NULIDADE DA SENTENÇA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. CLÁUSULAS ABUSIVAS. CONTROLE EX OFFICIO. RESCISÃO CONTRATUAL. DEVOLUÇÃO DO VRG ANTECIPADO.
Havendo o julgador encontrado fundamento suficiente para alicerçar a decisão, nada mais precisava ser expendido, eis que "o juiz não está obrigado a responder todas as alegações das partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para fundar a decisão, nem se obriga a ater-se aos fundamentos indicados por elas e tampouco a responder um a um todos os seus argumentos (RJTJESP 115/207)" (apud Theotonio Negrão, In Código de Processo Civil e Legislação em Vigor, 26ª ed., Saraiva, 1995, p. 434, nota 17a ao art. 535, do CPC). Restringe-se o princípio da autonomia da vontade frente ao princípio da boa fé, expressamente previsto pelo CDC, e ao da função social do contrato, que devem prevalecer diante de situações notoriamente desfavoráveis ao consumidor, que atentem contra a eqüidade, permitido ao juiz o controle do conteúdo contratual com supressão de cláusulas abusivas, a teor do art. 51, IV, e § 1º, III, do CDC.
Rescindido o contrato de arrendamento mercantil, adiantadas pelo arrendatário as parcelas relativas ao VRG, imperativa a devolução destas, sob pena de enriquecimento indevido do arrendante, diante da não consecução do fim colimado, causa do contrato, e em vista do qual parcelas foram antecipadas a título de preço de aquisição - VRG.
Apelo a que se nega provimento.(Acórdão n. 183347, 20020110369795APC, Relator MARIO MACHADO, 4ª Turma Cível, julgado em 10/11/2003, DJ 03/12/2003 p. 65)
 15.2 – HABITAÇÃO
Conceito e Natureza Jurídica
A habitação consiste em utilizar gratuitamente imóvel alheio para fim de moradia. A ocupação dá-se pelo habitador, sua família, dependentes e eventuais hóspedes. Pode ter origem em negócio jurídico inter vivos ou causa mortis. 
Conceito: habitação é o direito real de uso gratuito de casa de morada, urbana ou rural. O titular vai residir com sua família em imóvel que não é seu.
Então habitação é apenas para morar, sempre é gratuita, é intransmissível, personalíssima e não se aplica a móveis (1414)
É um direito real sobre coisa alheia, é espécie do gênero uso. No campo dos direitos reais de fruição, é o de menor amplitude. É uso com finalidade exclusiva de habitar ou ocupar um imóvel como moradia. O imóvel somente se destina à ocupação direta do beneficiário, sendo insuscetível de locação ou comodato, sob pena de resolução contratual.
É o mais restrito dos direitos reais de gozo ou fruição. É um mini-uso, enquanto o uso seria um mini-usufruto
Tendo em mente tais premissas, é de se concluir que o proprietário conserva consigo todos os poderes dominiais sobre o bem, com a única exceção do direito de moradia. O habitador jamais pode se retirar do local de moradia sob pena de extinção do direito real de habitação. É possível que a habitação seja concedida a dois ou mais titulares (habitação simultânea).
O direito de habitação tem como objeto exclusivo o bem imóvel de fins residenciais, ao contrário do usufruto e do uso. No entanto, as disposições pertinentes ao usufruto se aplicam à habitação quando não ofenderem a sua essência.
Atualmente, o cônjuge sobrevivente tem o direito de habitação independente do regime de bens adotado no casamento, direito que persiste mesmo se o cônjuge sobrevivente contrair novo matrimônio ou constituir união estável.
O exemplo mais comum é para o cônjuge sobrevivente. Além disso, pode SIM para UNIÃO ESTÁVEL. Jurisprudência do TJDFT:
APELAÇÃO. CIVIL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. TURBAÇÃO CONFIGURADA. DIREITO REAL DE HABITAÇÃO DO CÔJUGE SOBREVIVENTE.Configurada a turbação no direito de posse do imóvel que servia de moradia familiar, é garantida ao cônjuge sobrevivente a sua imissão para garantir o direito real de habitação, nos termos do art. 1.831 do Código Civil.Recurso conhecido e não provido.(Acórdão n. 584467, 20100310291266APC, Relator LEILA ARLANCH, 1ª Turma Cível, julgado em 14/03/2012, DJ 10/05/2012 p. 134)
APELAÇÃO CÍVEL. UNIÃO ESTÁVEL. RECONHECIMETNO POST MORTEM. CONVIVÊNCIA MORE UXORIA. REQUISITOS PREENCHIDOS. BENS ADQUIRIDOS ANTES DA CONVIVÊNCIA. DIREITO À PARTILHA. INEXISTÊNCIA. ART. 7º, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 9.278/96. DIREITO À HABITAÇÃO. INCLUSÃO COMO DEPENDENTE DO DE CUJUS JUNTO À PMDF. VIA INADEQUADA. 
1. Conforme interpretação dos arts. 1723 e 1724, ambos do CC, o ordenamento civil não exige a coabitação para se caracterizar a união estável, mas que a convivência more uxoria seja notória, devendo os companheiros se tratarem socialmente como marido e mulher. 
2. Se o acervo fático-probatório dos autos evidencia que as partes litigantes conviveram como se marido e mulher fossem, revelam-se presentes os requisitos para a configuração do instituto da união estável, no período reclamado.
3. Dissolvida a união estável por morte de um dos conviventes, o sobrevivente terá direito real de habitação, enquanto viver ou não constituir nova união ou casamento, relativamente ao imóvel destinado à residência da família (art. 7º, parágrafo único, da Lei n 9.278/96).
4. A companheira não tem direito à partilha de bem adquirido pelo de cujus antes do início da união estável. 
5. A inclusão do cônjuge sobrevivente como dependente do de cujus junto à PMDF deve ser requerido por via própria. 
6. Apelo parcialmente provido. (Acórdão n. 579665, 20080610077316APC, Relator ARNOLDO CAMANHO DE ASSIS, 4ª Turma Cível, julgado em 18/01/2012, DJ 20/04/2012 p. 94)
Características do direito de habitação:
a) é direito personalíssimo (não pode ser cedido a título gratuito ou oneroso; o titular não pode alugar nem emprestar o imóvel. É direito real temporário e não ultrapassa a vida de seu titular);
b) é impenhorável o imóvel; 
c) pode recair sobre o imóvel todo ou parte dele;
d) é vitalício, salvo disposição em contrário;
e) titular: pessoa física ou jurídica;
f) em caso de existir mais de um titular, qualquer um pode habitar a casa sem pagar aluguel ao outro, e este não pode impedi-lo de exercer o direito; e falecendo um dos titulares, o seu direito extingue-se sem beneficiar outros habitadores, salvo disposição em contrário ou quando se tratar de relação de parentesco ou afetividade, para a jurisprudência;
g) é gratuito
Direitos e obrigações 
a) Direitos: utilizar imóvel como moradia; perceber os frutos que entram no conceito de utilização da casa;
b) Obrigações: dever de conservação.
Obs.: São aplicáveis à habitação, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto.
Extinção
a) morte do habitador;
b) termo de sua duração;
c) ocorrência de condição resolutiva;
d) cessação da causa de criação do direito;
e) destruição do imóvel, salvo sub-rogação;
f) consolidação do direito de habitar e de propriedade na mesma pessoa;
g) prescrição da ação real do habitador;h) renúncia;
i) culpa do titular, declarada em sentença;
j) acordo entre as partes. 
Ações
São cabíveis a ação reivindicatória, confessória e a negatória, bem como os interditos possessórios.
Direito de habitação e direito das sucessões
Cabe direito de habitação em favor do cônjuge sobrevivente, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança ou meação, relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único bem daquela natureza a inventariar.
DIREITO DAS RELAÇÕES DE CONSUMO: PRÁTICAS COMERCIAIS, OFERTA, PUBLICIDADE, PRÁTICAS ABUSIVAS, COBRANÇA DE DÍVIDAS, BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMIDORES.
DAS PRÁTICAS COMERCIAIS
Conceito. Por práticas comerciais se entende, segundo Benjamim, “os procedimentos, mecanismos, métodos e técnicas utilizados pelos fornecedores para, mesmo indiretamente, fomentar, manter, desenvolver e garantir a circulação de seus produtos e serviços até o seu destinatário final”.
Antigamente, as práticas comerciais encontravam sua disciplina nas normas de direito comercial e nos princípios éticos de cada profissão. Inovando na ordem jurídica, o CDC inaugurou uma série de práticas comerciais que o legislador considera abusivas no afã de proteger o consumidor e não mais a mercancia em si mesma.
Dessa forma, o estudo das práticas comerciais envolve, quase que exclusivamente, as práticas comerciais vedadas, que seriam justamente as práticas abusivas adiante tratadas.
15.3.2 – DA OFERTA
A oferta pode ser sinteticamente traduzida como toda e qualquer informação relativa a um produto ou serviço cujo objetivo seja realizar sua venda. No Código Civil, a oferta é denominada de proposta e segue alguns requisitos formais para sua validade, enquanto que a oferta sobre o prisma consumeirista é despida de várias formalidades com vistas a proteger a figura do consumidor.
Assim, no direito brasileiro, é correto afirmar que a oferta ou proposta é a declaração inicial de vontade direcionada à realização de um contrato, ou seja, a oferta é o elemento inicial do contrato, eis que não há contrato sem uma prévia fase de tratativas que surge com a oferta ou proposta.
Dessa forma, visando materializar essa proteção, o CDC, em seu art. 30, expressou o princípio da vinculação da oferta, mediante o qual o fornecedor do produto ou serviço que veiculou a oferta estará obrigado a cumpri-la nos seus exatos termos. Ou seja, a força vinculante da oferta termina imprimindo na mesma uma “natureza contratual”, obrigando o seu integral cumprimento. Nesse contexto, para Cláudia Lima Marques, a oferta caracteriza um negócio jurídico.
A força vinculante da oferta só irá surgir quando houver a aceitação do consumidor e, a partir desse momento, a oferta se converte em contrato, gerando ônus e bônus para as partes. Se houver a recusa no cumprimento da oferta, surgirá para o consumidor uma tríade de opções: exigir o cumprimento da oferta nos termos anunciados; aceitar outro produto ou serviço equivalente ou rescindir o contrato com resolução em perdas e danos.
O erro, ou equívoco, na elaboração da oferta irá gerar dois tipos de entendimentos. Um que defende não ter o erro a força de excluir a aplicação do princípio da vinculação, seja qual for o motivo ou justificativa do erro, ou seja, todo e qualquer erro não irá excluir a vinculação. E outro entendimento que não haverá a vinculação quando a oferta for manifestamente incapaz de convencer o consumidor, ou seja, quando o erro for manifestamente grosseiro e incapaz de fazer nascer a crença na oferta, a mesma não terá o timbre da vinculação.
O art. 31 do CDC traça os elementos que a informação da oferta deve conter, sendo eles: a exatidão; a clareza; a precisão; a ostensividade e ser veiculada em língua portuguesa. O fornecedor, ao veicular uma oferta, deve observar todos estes elementos delineados pelo art. 31. O fornecedor que oferta produto ou serviço no mercado de consumo deve ofertar, também, os componentes e peças de reposição, de acordo com a orientação do art. 32 do CDC.
No entanto, o referido art. 31 não traça um período de tempo pelo qual as peças e componentes de reposição devam ser ofertados, o que gera alguns entendimentos segundo os quais se deve buscar a razoabilidade e a proporcionalidade para traçar o período pelo qual deve durar a oferta, que, inclusive, é normalmente vantajosa para o próprio fornecedor, que estará lucrando com a venda dessas peças de reposição.
Decisão polêmica do STJ:
“RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. DANO MORAL. VENDA DE PRODUTO A VAREJO. RESTRIÇÃO QUANTITATIVA. FALTA DE INDICAÇÃO NA OFERTA. DANO MORAL. INOCORRÊNCIA. QUANTIDADE EXIGIDA INCOMPATÍVEL COM O CONSUMO PESSOAL E FAMILIAR. ABORRECIMENTOS QUE NÃO CONFIGURAM OFENSA À DIGNIDADE OU AO FORO ÍNTIMO DO CONSUMIDOR.
1. A falta de indicação de restrição quantitativa relativa à oferta de determinado produto, pelo fornecedor, não autoriza o consumidor exigir quantidade incompatível com o consumo individual ou familiar, nem, tampouco, configura dano ao seu patrimônio extra-material.
2. Os aborrecimentos vivenciados pelo consumidor, na hipótese, devem ser interpretados como "fatos do cotidiano", que não extrapolam as raias das relações comerciais, e, portanto, não podem ser entendidos como ofensivos ao foro íntimo ou à dignidade do cidadão.
Recurso especial, ressalvada a terminologia, não conhecido.
(REsp 595.734/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/08/2005, DJ 28/11/2005, p. 275)
15.3.3 – DA PUBLICIDADE
A publicidade atualmente pode ser sinteticamente traduzida como a “arte de se fazer comprar o que não se quer com o dinheiro que não se tem”. A publicidade na economia funciona como uma espécie de propulsor do consumo, fomentando o desenvolvimento do consumo e reclamando uma especial atenção da legislação.
O grande objetivo do CDC não é proibir a publicidade, mas sim evitar a publicidade enganosa, passível de causar algum prejuízo ao consumidor. A propaganda é a divulgação de princípios e teorias, com a finalidade de provocar atitudes ou modificar opiniões em terceiros. Já a publicidade, em seu cunho científico, é a atividade que tem por objetivo criar na mente e na vontade dos consumidores em potencial uma imagem do produto e a disposição para comprá-lo (J. Martinez Terrero).
Buscando preservar a publicidade sadia, o CDC prega a vinculação de alguns princípios que devem estar afeto à publicidade, a teor do que prescreve o princípio da boa fé, o qual exige a lealdade das publicidades para com os consumidores. A publicidade deve zelar, também, pelo princípio da transparência, ou seja, deve ser dado pleno conhecimento dos direitos e obrigações do consumidor e do fornecedor bem como das qualidades do produto ou serviço ofertados.
Existe, ainda, o princípio da identificação da publicidade, ou seja, a publicidade deve ser facilmente identificável, sendo rechaçada a chamada publicidade subliminar, ou seja, aquela que o consumidor não percebe que está sendo induzido ao consumo; mas, por outro lado, aceita-se o chamado merchandising, a teor do que prescreve o art. 36 do CDC. Destaca-se, também, o princípio da vinculação da oferta, ou seja, o fornecedor fica obrigado a cumprir com todas as promessas veiculadas na publicidade, sendo direito do consumidor exigi-los, a teor da inteligência do art. 30 do CDC.
No contexto da publicidade, destaca-se o princípio da isonomia que, através do reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor e da aplicação da interpretação mais benéfica em favor do consumidor, busca estabelecer uma efetiva igualdade entre o consumidor e o fornecedor na seara publicitária.
A publicidade será tida como enganosa quando contiver uma informação inteira ou parcialmente falsa ou, ainda, capaz de induzir em erro o consumidor em relação a natureza, características, qualidade, quantidade, propriedade, origem, preço ou qualqueroutro dado sobre o produto ou serviço, mesmo que o defeito seja por omissão, de acordo com o art. 37, parágrafo 1º do CDC.
Para configuração da publicidade enganosa é irrelevante a existência ou não de má fé, bem como a enganosidade da publicidade poderá se dar em razão da omissão, quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço, conforme orienta o art. 37, parágrafo 3º do CDC. Em relação a publicidade enganosa, o ônus da prova de veracidade já é previamente invertido por disposição do art. 38 do CDC.
Por sua vez, a publicidade poderá ser considerada abusiva quando for discriminatória de qualquer natureza, que incite a violência, explore medo ou superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, que desrespeita valores ambientais ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou mesmo perigosa à sua saúde ou segurança, de acordo com o art. 37, parágrafo 2º do CDC.
No que toca à publicidade abusiva por discriminação, se faz a exigência de que a mesma seja de cunho depreciativo. Assim, a discriminação educativa, com a finalidade de educar o receptor da publicidade quanto a um aspecto discriminatório, será perfeitamente possível no sistema publicitário.�
Em termos de publicidade também se admite o chamado “tease” que consiste na veiculação de uma publicidade que ocorre antes da colocação do produto ou serviço no mercado, isso com o intuito de criar no consumidor uma expectativa ou uma dúvida.
Por outro lado, se restringe esse tipo de publicidade a um tempo razoável e desde que logo após sua veiculação venha uma publicidade explicativa bem como a efetiva colocação do produto ou serviço no mercado.
Existe uma certa discussão quanto a solidariedade pela responsabilidade em decorrência de publicidade abusiva ou enganosa. Enquanto um entendimento pugna que a agência e o veículo de comunicação serão excluídos quando as informações prestadas para confecção e veiculação da publicidade forem absolutamente passíveis de crença (Rizato). Um outro entendimento acredita que a agência e o veículo de comunicação só irão responder quando caracterizada a culpa ou o dolo em relação a publicidade abusiva ou enganosa (Hermam).
Candidato, qual a diferença entre publicidade enganosa e abusiva?
A enganosa é a capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. A abusiva é, dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
		O exemplo clássico da doutrina nacional a respeito da propaganda abusiva é o do tênis da Xuxa. Segundo relato do então deputado Celso Russomano, temos outros. No exemplo clássico da Xuxa: “uma criança, de mais ou menos 8 anos de idade, ensinava outras crianças como destruir o seu tênis para ganhar um tênis novo. Recentemente, por ação da Comissão de Defesa do Consumidor, nós questionamos o comercial que estava no ar nos Jogos Pan-Americanos, em que o Bernardinho, Técnico da Seleção, jogava do alto de um prédio vasos e outras coisas, mostrando que aquele que tinha o tênis era super poderoso e tinha vantagem sobre qualquer outra pessoa. Tiramos um comercial do ar, da Sky, em que um cidadão, porque a televisão dele não pegava bem, jogava a televisão de cima de um prédio para baixo, Sr. Presidente, ensinando crianças a fazer as coisas da forma errada. Mais recentemente, a sede formadora de opinião da dupla Sandy & Júnior fazia um comercial na televisão em que ela dava autógrafos em pedacinhos de papéis e uma série de outras coisas, e, de repente, lhe foi jogada uma sandália. Ela coloca essa sandália no pé e não devolve mais para a criança. Isso significa o quê? Se uma formadora de opinião, na televisão, diz que a gente pode tirar a sandalinha do colega e não devolve mais a criança interpreta aquilo como uma coisa correta.” Fonte: http://www.alana.org.br/banco_arquivos/arquivos/docs/legislacao/brasil/PLs/02-07%20Discuss%C3%A3o%20do%20PL%205921-01.pdf”
15.3.4 – DAS PRÁTICAS ABUSIVAS
Jamais se deve confundir práticas abusivas com cláusulas abusivas. A primeira grande diferença entre ambas é que enquanto as práticas ocorrem na fase pré ou pós contratual, as cláusulas ocorrem na fase contratual. A prática poderá ser considerada abusiva quando realizadas irregularmente por empresas, com abuso de direito do fornecedor, violações aos direitos do consumidor ou infrações à lei, praticadas dentro dos limites da relação de consumo.
O texto do CDC, através de seu art. 39 cuidou de estabelecer um rol, meramente exemplificativo, de práticas consideradas abusivas. Dentre essas práticas, poderíamos destacar a chamada “venda casada” bem como a limitação injustificada da quantidade de fornecimento de produto ou serviço, a recusa da venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente de quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento.
Além destes exemplos, o citado art. 39 traz outras tantas hipóteses de práticas consideradas abusivas que, importante se faz delinear, não podem ser tidas como exemplos exaustivos, podendo outras práticas não previstas em lei serem consideradas abusivas na análise do caso concreto. Um exemplo tido como clássico em matéria de práticas abusivas é o envio de produto ou serviço sem solicitação.
Ainda cuidando da matéria relativa às práticas abusivas, teríamos como exemplo o repasse de informações depreciativas sobre o consumidor que tenha exigido a observância de algum direito seu. Ou seja, não se trata de cadastro restritivo de crédito por inadimplemento, mas de cadastro pejorativo de consumidores que fazem valer seus direitos e que, por isso, muitas vezes são discriminados pelos fornecedores em razão dessa personalidade.
Exsurge, também, como prática abusiva a colocação no mercado de produto ou serviço em desacordo com a legislação específica ou com as normas da ABNT ou CONMETRO. A abusividade dessa prática se dá pelo motivo de que a observância a estas normas técnicas significa uma garantia de qualidade ao consumidor e, assim, a inobservância das mesmas implicaria a quebra dessa garantia de qualidade.
A elevação do preço de produtos ou serviços sem uma justa causa que a fundamente também será taxada de prática abusiva. No entanto, se torna extremamente difícil constatar essa abusividade na medida em que muitas vezes a regulação do preço se dá de forma livre pelo próprio mercado financeiro, ocorrendo um controle ou fiscalização pelo Poder Público e pela própria sociedade apenas em relação a produtos ou serviços de cunho essencial (Ex. alimentação; saúde; educação; combustíveis, etc).
Também é tida como prática abusiva a omissão pelo fornecedor quanto à estipulação de prazo para cumprimento de obrigação contratualmente estabelecida. Ou seja, não pode ficar a critério exclusivo do fornecedor o estabelecimento do prazo para cumprimento da obrigação contratada pelo consumidor, devendo este prazo ser previamente estipulado de comum acordo quando da própria contratação, sendo isto um dever do fornecedor.
A realização de cobrança pelo fornecedor quanto a consumidor inadimplente não poderá assumir o caráter de vexatória, sob pena de se caracterizar uma prática abusiva contra o consumidor, nos termos do art. 42 do CDC. Importante se faz delinear que essa vedação legal se restringe às relações de consumo, estando as demais cobranças reguladas pelo Código Civil.
Como forma de evidenciar sua preocupação com as relações de consumo, sob uma óptica geral e irrestrita, o CDC traçou também algumas formas de rechaçar “práticas abusivas” dos consumidores inadimplentes contumazes, dando aos fornecedores uma importante ferramentade segurança.
Assim, os fornecedores de produtos e serviços têm o direito de manter bancos de dados e cadastros de consumidores a teor do que prescreve o art. 45 do CDC. Inobstante tais cadastros possuírem uma natureza privada, o CDC alçou os mesmos ao status de público, quando o consumidor terá direito ao livre acesso às informações, inclusive por intermédio de remédios constitucionais como o Habeas Data.
Por sua vez, o mantenedor do cadastro terá a obrigação de manter informações verdadeiras, objetivas e em linguagem de fácil compreensão, com vistas a evitar qualquer prejuízo na esfera de direitos do consumidor provocada em razão de informação incorreta. Uma das exigências que deve ser observada para legitimidade da inscrição é a obrigação de comunicar ao consumidor, por escrito, a iminência da inscrição com uma antecedência mínima de 15 dias.
A exigência dessa comunicação prévia exsurge como maneira de facultar ao consumidor o direito de verificar a exatidão da informação sobre ele que vai ser lançada no cadastro, bem como a faculdade de evitar a inscrição, seja demonstrando sua falsidade, incorreção ou mesmo satisfazendo o crédito quando se tratar de inscrição por inadimplemento.
A responsabilidade pela omissão quanto ao “aviso prévio” da inscrição será solidária entre o fornecedor credor e o próprio banco de dados. Ou seja, se o consumidor não receber qualquer aviso e for inscrito em um banco de dados, surgirá para ele o direito de exigir reparação tanto do fornecedor como do banco de dados, à sua escolha, ou de ambos solidariamente.
Havendo qualquer falha ou inexatidão na informação constante do banco de dados, terá o consumidor o direito de exigir a correção dos dados inexatos e o banco de dados disporá de 05 dias para realizar a correção das informações, sob pena de responsabilização pela manutenção de informação incorreta.
O acesso às informações constantes dos bancos de dados são restritas aos fornecedores e ao diretamente interessado na informação, ou seja, o consumidor inscrito. O banco de dados, considerando este aspecto, não pode tornar tais informações públicas nem tampouco informar a terceiros.
	
O prazo para duração da inscrição deverá observar dois aspectos básicos: permanecerá durante o prazo de prescrição do débito se este for inferior a 05 anos ou permanecerá pelo prazo máximo de 05 anos quando o débito possuir um prazo prescricional superior a 05 anos. Com a consubstanciação do prazo prescricional devem ser apagadas todas as informações alcançadas pela prescrição, deixando o cadastro do consumidor “limpo”.
Tal previsão legal deve ser analisada com bastante cautela, pois esse prazo pode ter o condão de beneficiar consumidores inadimplentes contumazes, prejudicando, por outro lado, os consumidores sérios e responsáveis quanto às suas obrigações. Será possível, também, a criação de cadastros com informações dos fornecedores de acordo com a orientação do art. 44 do CDC, que exsurge como obrigação do Poder Público e pode e deve ser divulgado ao público.
Esse cadastro teria por finalidade informar a massa consumidora sobre empresas que observam os direitos consumeiristas e têm uma conduta séria e responsável, bem como as empresas que sempre estão a desrespeitar as previsões do CDC, causando prejuízos nas esferas de direitos dos consumidores. Atualmente esse cadastro vem sendo mantido de forma muito tímida, na maioria das vezes através dos Procons que publicam, anualmente, listas com estas informações.
15.3.5 – DA COBRANÇA DE DÍVIDAS
Da leitura dos artigos 42 e 71 do CDC, encontramos de forma expressa as condutas vedadas na prática de cobrança de dívidas, ou seja, o fornecedor não poderá utilizar-se de: a) ameaça; b) coação; c) constrangimento físico ou moral; d) emprego de afirmações falsas, incorretas ou enganosas; e) exposição do consumidor a ridículo; f) interferência no trabalho, descanso ou lazer do consumidor.
Salvo a ameaça de, não recebendo o débito, tomar as medidas judiciais cabíveis, ou de envio do nome do consumidor aos cadastros de inadimplentes, práticas consideradas legais em doutrina e jurisprudência, o fornecedor não poderá ameaçar o consumidor em outros sentidos.
A ameaça do art. 42, não exige a aferição da gravidade do mal, ou seja, não há que se perquirir se realmente o consumidor se sentiu ameaçado, eis que o legislador visou proteger também o mercado de consumo e, assim sendo, a simples conduta ameaçadora, independentemente de suas conseqüências, aponta para o desrespeito da norma em comento.
No que tange à proibição de coagir o consumidor, essa diz respeito à prática que impõe, de forma inadmissível, uma atuação do consumidor contra sua própria vontade, pelo emprego de violência relativa, ou seja, sem a qual o consumidor jamais agiria de determinada forma.
No que tange a vedação ao constrangimento físico ou moral, a intenção do legislador foi de vedar o emprego de violência absoluta (grave ameaça), não obstante as duas condutas sejam apenadas da mesma forma (coação ou constrangimento físico ou moral.
Tal vedação está intimamente relacionada com a correção e clareza das informações que se exige em todas as fazes da relação consumerista (pré-contratual, contratual e pós-contratual). Especialmente no caso sob análise (pós-contratual), o fornecedor também não pode utilizar afirmações: 1) Falsas - que não sejam sustentadas em dados ou fatos reais ; 2) Incorretas - que levem à interpretação desconforme, ainda que parcialmente, ou; 3) Enganosas - que confundam o juízo de verdade do consumidor por meio de ação ou omissão, ou seja, o leve a erro.
É considerada prática abusiva de cobrança a que expõe o consumidor a ridículo (envergonhá-lo ou humilhá-lo), de modo a afetar o próprio conceito moral que ele tem sobre si, bem como afetar o conceito moral e de honestidade que ele sustenta perante aqueles que fazem parte do seu convívio social.
15.3.6 – BANCOS DE DADOS E CADASTRO DE CONSUMIDORES
Os bancos de dados brasileiros nasceram com a criação do primeiro SPC (SISTEMA DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO), em 1955, em Porto Alegre/RS. Tratava-se de uma associação civil, formada por empresas comerciais que praticavam venda a crédito. Sua principal função consistia na defesa de interesses comuns, já que "fichavam" os maus pagadores, evitando, assim, negociações de risco. Logo em seguida, São Paulo criou o segundo SPC do País. E, em 1968, surgiu o SERASA – CENTRALIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE BANCOS S/A.
As entidades de proteção ao crédito não são apenas pessoas jurídicas privadas. No setor público, cabe especial referência ao Cadastro de Emitente de Cheques sem fundo (CCF), cuja responsabilidade é do Banco Central, atualmente administrado pelo Banco do Brasil, e ao Cadastro Informativo dos créditos de Órgãos e Entidades Federais não Quitados (Cadin), que "tem por finalidade tornar disponíveis à Administração Pública Federal e entidades por ela controladas, informações sobre créditos não quitados para com o setor público", administrado pelo Banco Central do Brasil.
Bancos de dados de consumidores são sistemas de coleta aleatória de informações, normalmente arquivadas sem requerimento do consumidor, que dispõe de organização mediata, a atender necessidades latentes através de divulgação permanente de dados obrigatoriamente objetivos e não valorativos, utilizando-se de divulgação a terceiros por motivos exclusivamente econômicos.
Cadastros de consumidores são sistemas de coleta individualizada de dados objetivos, sejam de consumo ou juízos de valor, obtidos normalmente por informação do próprio consumidor e com objetivo imediato relativo às operações de consumo presentes ou futuras, tendo provisoriedade subordinada aos interesses comerciais subjetivos do arquivista, e divulgação interna, o que demonstra a função secundária de seus arquivos.
Todas as pessoas que tenham seus dados arquivados, ou ainda aquelas que tenham prejuízo em face deste arquivamento, independentemente do teorda informação, devem ser consideradas consumidores para efeito da aplicação das disposições do CDC acerca de bancos de dados e cadastros de consumidores, por força do artigo 29, recebendo tratamento idêntico ao destinado aos chamados consumidores padrão (destinatários finais).
Reforçando os princípios básicos do CDC, o da informação e da transparência, foi assegurado ao consumidor, pelo caput do artigo 43, o acesso irrestrito, imediato e gratuito às informações a seu respeito que se encontrem armazenadas em bancos de dados e cadastros de consumidores, bem como às fontes do registro e à identificação dos destinatários das informações, pessoas que já tenham sido comunicadas do conteúdo do registro.
Os cadastros e dados dos consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão (art. 43, § 1o, CDC). Esses são os requisitos necessários para a inserção de assentamentos em cadastros e banco de dados de consumidores. A objetividade dos dados tem relação direta com a destinação que lhes será dada. As informações devem conter simplesmente informações úteis à sua finalidade: instruir a relação de consumo, sem juízo de valoração. Informação clara é aquela que não é prolixa, contraditória ou dúbia. Dados verdadeiros são aqueles que representam os fatos justamente como ocorreram, sem distorções. Quanto à linguagem, deve ser de fácil compreensão, na língua pátria, sendo vedada a utilização de códigos, sinais ou outro idioma.
O § 1º do artigo 43 do Código de Defesa do Consumidor estabelece que os cadastros e dados de consumidores não podem conter informações negativas referentes a período superior a 5 anos, contado da data que deu origem à informação depreciativa, e não da inserção no cadastro. O § 5º do mesmo artigo dispõe que uma vez prescrita a dívida, não mais poderão ser fornecidas informações negativas acerca do consumidor.
Devemos, assim, em virtude dessa última disposição legal, atentar para alguns prazos prescricionais de cobrança da dívida inferiores a cinco anos, os quais determinariam a exclusão das informações negativas por prazo inferior ao determinado no mencionado § 1º do artigo 43 de CDC.
A abertura de qualquer tipo de cadastro ou ficha de dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele (art. 43 § 2o, CDC). A finalidade da comunicação é a de garantir a efetivação dos direitos de acesso e retificação.
Busca-se ainda o respeito ao direito constitucional da garantia da dignidade e imagem do consumidor. O consumidor, querendo, poderá tomar as medidas extrajudiciais e judiciais, opondo-se ao cadastramento de suas informações, quando tal arquivo for ilegal ou incorreto, ou ainda poderá pagar a dívida, evitando a sua inscrição.
Segundo o CDC, a correção de informações deve ser imediatamente providenciada quando exigida, não cabendo a este a análise da veracidade ou não da informação arquivada. A prova da inveracidade da informação arquivada cabe àquele que alimentou o arquivo com tal dado, justamente em virtude da presunção de honestidade característica de todos os cidadãos.
A inobservância ao requerimento de correção imediata da informação incorreta acarreta conseqüências tanto ao alimentador (geralmente o fornecedor), quanto ao arquivista, já que deverão responder solidariamente por eventuais danos decorrentes da inscrição indevida.Há precedentes judiciais reconhecendo a solidariedade entre arquivos de consumo e fornecedor original.
O art. 43, parágrafo 3 º do CDC instituiu que "os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público". O motivo que levou o legislador a essa equiparação é atribuir ao consumidor a possibilidade de impetração do habeas data (art. 5.o, XLXXII, da CF/88), em face dos abusos cometidos.
A título de conhecimento, vale dizer ainda, que, por sua vez, para defesa dos interesses dos consumidores, e como forma de protegê-los de danos futuros, o Código de Defesa do Consumidor (art. 44), estabelece que os órgãos públicos de defesa do consumidor, devem manter cadastros atualizados sobre reclamações contra fornecedores de produtos e serviços, indicando inclusive se os problemas foram solucionados.
Somente reclamações com fundamento, ou seja, baseadas em fatos verdadeiros, podem ser registradas, a fim de se evitar abusos, prejuízos ao bom nome da empresa fornecedora perante todos os consumidores. Este cadastro de reclamações deve ser atualizado anualmente e divulgado publicamente, sendo de livre acesso a qualquer consumidor interessado.
Outro aspecto importante é que a divulgação deve indicar se as reclamações foram ou não atendidas pelos fornecedores, sem que conste qualquer juízo ou opinião emanados da autoridade competente, assim, é oportunizada a ampla defesa ao fornecedor indicado.
Jurisprudência do STJ:
Direito processual civil e bancário. Recurso especial. Ação de compensação por danos morais. Inscrição em cadastro de proteção ao crédito sem prévia notificação. Legitimidade passiva do órgão mantenedor do cadastro restritivo. Dano moral reconhecido, salvo quando já existente inscrição desabonadora regularmente realizada, tal como ocorre na hipótese dos autos.
I- Julgamento com efeitos do art. 543-C, § 7º, do CPC. 
- Orientação 1: Os órgãos mantenedores de cadastros possuem legitimidade passiva para as ações que buscam a reparação dos danos morais e materiais decorrentes da inscrição, sem prévia notificação, do nome de devedor em seus cadastros restritivos, inclusive quando os dados utilizados para a negativação são oriundos do CCF do Banco Central ou de outros cadastros mantidos por entidades diversas.
- Orientação 2: A ausência de prévia comunicação ao consumidor da inscrição do seu nome em cadastros de proteção ao crédito, prevista no art. 43 , §2º do CDC, enseja o direito à compensação por danos morais, salvo quando preexista inscrição desabonadora regularmente realizada. Vencida a Min. Relatora quanto ao ponto.
II- Julgamento do recurso representativo.
- É ilegal e sempre deve ser cancelada a inscrição do nome do devedor em cadastros de proteção ao crédito realizada sem a prévia notificação exigida pelo art. 43, § 2º, do CDC. 
- Não se conhece do recurso especial quando o entendimento firmado no acórdão recorrido se ajusta ao posicionamento do STJ quanto ao tema. Súmula n.º 83/STJ.
Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, provido para determinar o cancelamento da inscrição do nome do recorrente realizada sem prévia notificação. Ônus sucumbenciais redistribuídos.
(RESP 1061134 - Órgão Julgador: SEGUNDA SEÇÃO - Fonte DJE DATA:01/04/2009 - Relator(a) NANCY ANDRIGHI)
Consumidor. Recurso especial. Ação de compensação por danos morais. Inscrição indevida em cadastro de inadimplentes. Dano moral reconhecido. Permanência da inscrição indevida por curto período. Circunstância que deve ser levada em consideração na fixação do valor da compensação, mas que não possui o condão de afastá-la.
- A jurisprudência do STJ é uníssona no sentido de que a inscrição indevida em cadastro restritivo gera dano moral in re ipsa, sendo despicienda, pois, a prova de sua ocorrência. Dessa forma, ainda que a ilegalidade tenha permanecido por um prazo exíguo, por menor que seja tal lapso temporal, esta circunstância não será capaz de afastar o direito do consumidor a uma justa compensação pelos danos morais sofridos.
- O curto lapso de permanência da inscrição indevida em cadastro restritivo, apesar de não afastar o reconhecimento dos danos morais suportados, deve ser levado em consideração na fixação do valor da reparação.
Recurso especial provido para julgar procedente o pedido de compensação por danos morais formulado pela recorrente.
(STJ - RESP 994253 - Órgão Julgador: TERCEIRA TURMA - Fonte DJE DATA:24/11/2008 - Relator(a) NANCY ANDRIGHI)
Súmulas do STJ importantes com relaçãoa Relação de Consumo.
469 
Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde.
404
É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros.
385
Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.
381
Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício,
da abusividade das cláusulas.
359
Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição.
321
O Código de Defesa do Consumidor é aplicável à relação jurídica entre a entidade de previdência privada e seus participantes.
302 
É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.
297
		O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.
285 
	Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor incide a multa moratória nele prevista.
PONTO 15 - Litisconsórcio. Recursos extraordinário e especial. Execução das obrigações de fazer e não fazer. Responsabilidade das partes por dano processual. Fraude à execução. Fraude contra terceiros. Processo na ação de busca e apreensão (alienação fiduciária).
LITISCONSÓRCIO
Conceito: duas o mais pessoas litigando no mesmo processo, ativa ou passivamente.
Litisconsórcio (partes originárias do processo) ≠ intervenção de terceiros (estranhoS à relação processual originária).
Classificações:
Quanto à posição das partes:
ativo: pluralidade de autores
passivo: pluralidade de réus
misto: pluralidade de autores e réus
Quanto ao momento de formação:
inicial: a formação é pleiteada na inicial
incidental (ulterior): dá-se após a propositura da ação (na decisão saneadora, o juiz determina a citação de litisconsortes, por exemplo). São 3 as possibilidades de litisconsórcio ulterior:
a) em razão de uma intervenção de terceiro
b) pela sucessão processual (ingresso de vários herdeiros no lugar da parte falecida)
c) pela conexão, se impuser a reunião de causas para processamento simultâneo
Quanto à obrigatoriedade de formação:
necessário ou obrigatório: decorre de imposição legal ou da natureza incindível da relação jurídica de direito material.
facultativo
irrecusável: fica ao arbítrio do autor desde que se enquadre nas hipóteses do art. 46
recusável: número excessivo de litigantes
Quanto à uniformidade da decisão:
simples: a decisão não tem que ser uniforme para todos os litisconsortes
unitária: a decisão tem que ser uniforme para todos os litisconsortes
Quanto à intensidade do vínculo (observa-se uma escalada de intensidade do vínculo que une os litisconsortes, desde um vínculo fortíssimo, representado pela comunhão (inciso I), até um muito tênue, a mera afinidade de questões (inciso IV):
Litisconsórcio por comunhão de interesses ou obrigações (art. 46, I). Pode ser necessário ou facultativo. Haverá litisconsórcio necessário toda vez que assim o determinar a natureza incindível da relação jurídica deduzida no processo, ou alguma disposição legal. Não havendo tal necessariedade, será facultativo o litisconsórcio, como nestes exemplos: diversos acionistas que pretendem anular uma mesma assembléia de acionistas (comunhão de interesses); demanda proposta contra devedores solidários (comunhão de obrigações).
Litisconsórcio por conexão de causas (art. 46, II e III). Sempre facultativo. Ocorre quando em uma mesma oportunidade se quiserem ajuizar demandas conexas pelo pedido ou pela causa de pedir. Ex: se diversas vítimas de um acidente pretendem haver da empresa transportadora indenização pelos danos sofridos, as diversas ações, das várias vítimas, são conexas pela causa de pedir, já que todas se fundam no mesmo suporte fático, ou seja, no mesmo fato constitutivo. 
Litisconsórcio por afinidade de questões (art. 46, IV). Sempre facultativo. É a hipótese em que o vínculo entre os litisconsortes é mais tênue, já que são unidos por mera afinidade de questões (ponto comum de fato ou de direito). Ex: fazendeiro que demanda seus dois vizinhos que, sem concerto prévio, colocam seus animais na fazenda do demandante (afinidade de questões de fato). Ex: diversos contribuintes que se unem para demandar em face da Fazenda Pública, com o fim de se prevenirem da cobrança de tributo cuja inconstitucionalidade se argúi (afinidade de questões de direito).
Se não citar litisconsortes necessários: extinção do processo sem resolução de mérito ou nulidade do processo, se já proferida sentença.
Autonomia dos litisconsortes:
são considerados litigantes distintos
litisconsórcio unitário:
atos que beneficiam a um, a todos aproveitam (provas, recursos, etc)
as omissões e atos prejudiciais de um não prejudicam os demais
Prazos:
simples: mesmo procurador para todos os litisconsortes
em dobro para contestar, recorrer e falar nos autos: procuradores diferentes
Súmula nº 641 do STF: Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido
Unitariedade e necessariedade: a questão cinge-se a saber se é possível haver um litisconsórcio unitário (cuja decisão obrigatoriamente deva ser uniforme para todos os litigantes) de caráter facultativo. O art. 47 do CPC diz que "há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá de citação de todos os litisconsortes no processo", fazendo presumir que quando o litisconsórcio for unitário será obrigatoriamente necessário. Porém, a doutrina sustenta que isso não é verdade�. "Acontece que o litisconsórcio unitário nem sempre é necessário, bastando lembrar os casos de condôminos que reivindicam a coisa comum e de credores solidários frente à cobrança da dívida única. Agindo em conjunto ou separadamente, o resultado será uniforme para todos os interessados, mas o litisconsórcio não é obrigatório." A razão para que o litisconsórcio facultativo unitário exista é facilmente compreensível: inobstante o dever de a solução ser uniforme para todos os litisconsortes, a lei material, que é onde se perquire a legitimatio ad causam, confere legitimidade tanto a um, quanto a todos os legitimados, possibilitando a propositura da ação tanto conjunta quanto separadamente. O principal problema que surge, porém, em relação ao litisconsórcio unitário facultativo, é quanto à coisa julgada. Se são 10 acionistas e 8 desejam anular uma ata por conta de uma irregularidade em sua formação, a decisão será unitária: ou a ata tem vícios ou não tem. Mas o litisconsórcio não é necessário. Se a sentença da ação por um ajuizada for de procedência, os demais não têm interesse jurídico de postular o mesmo pedido em juízo. Mas, se for desfavorável e transitar em julgado, ficariam os demais impedidos de ingressar em juízo, se os efeitos da coisa julgada atingem apenas os litigantes? Posições:
Liebman propõe como solução a tese de que somente a sentença de procedência terá eficácia para todos os litisconsortes unitários, inclusive aqueles que não participaram do processo, sendo que a sentença de improcedência só terá eficácia aos litisconsortes que integraram a relação jurídica processual (coisa Julgada secundum eventus litis) 
Segundo a Professora Ada Pellegrini Grinover, a sentença só valerá entre as partes.
Outra solução: interpretar-se literalmente a regra do art. 47 e somente admitir o litisconsórcio unitário quando presentes na relação processual todos os co-legitimados.
Já se propôs na doutrina, e é esse o entendimento do Mestre Nelson Nery Jr. (8), que, em casos como esse, poderia o legitimado, na recusa do co-legitimado, demandar sozinho, incluindo

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