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A HUMANIZAÇÃO DO DIREITO ATRAVÉS DA HISTÓRIA RECENTE EM UMA PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA DO SERTÃO BRASILEIRO - Cópia._ANALISADO

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A HUMANIZAÇÃO DO DIREITO ATRAVÉS DA HISTÓRIA RECENTE EM UMA PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA DO SERTÃO BRASILEIRO[1: Artigo apresentado como requisito parcial de avaliação da Disciplina Antropologia Jurídica à turma de Direito da Universidade do Estado da Bahia, no primeiro semestre de 2013, Departamento de Ciência Humanas e Tecnológicas CAMPUS XX.]
Carlos Gabriel Araújo Montalvão[2: Aluno do curso de Direito da UNEB do terceiro semestre de 2013.]
Jandson Alves Rocha[3: Aluno do curso de Direito da UNEB do terceiro semestre de 2013.]
Laercio Fernandes de Morais [4: Aluno do curso de Direito da UNEB do terceiro semestre de 2013.]
Roberto Glauber Brito Do Carmo Da Cruz[5: Aluno do curso de Direito da UNEB do terceiro semestre de 2013.]
Paulo Cezar Borges Martins[6: Professor-orientador. Doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília; Mestre em Ciência Política pela Universidade de Brasília; Bacharel em Direito pela Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal; Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília; e Atualmente é professor adjunto da Universidade do Estado da Bahia. Tem atuado em cursos de pós-graduação lato e strictu senso. Tem experiência em Administração Acadêmica e também na Pesquisa em Sociologia, atuando principalmente nos seguintes temas: religião, pentecostalismo, pós-modernidade, direitos humanos, cidadania.]
SUMÁRIO: 1 INTRODUÇÃO; 2 A HUMANIZAÇÃO DO DIREITO; 3 A FUNÇÃO INTEGRADORA E HERMENÊUTICA DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NA HUMANIZAÇÃO DO DIREITO; 4 A HUMANIZAÇÃO DO DIREITO ATRAVÉS DA HISTÓRIA RECENTE EM UMA PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA DO SERTÃO BRASILEIRO - O BRASIL DE QUANDO? 5 O PODER PARALELO E A JUSTIÇA PRIVADA NO SERTÃO – O CORONELISMO
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo, estudos à luz do conhecimento antropológico em face da ciência jurídica, e deste modo, objetivar principalmente no que concerne ao âmbito da “Humanização do Direito”. Evidencia-se de maneira definida o pensamento antropológico que assume importante papel para proporcionar uma ampliação e uma melhor compreensão sobre o homem, e, assim, sobre o papel do Direito nas relações sociais. O Direito lida com o ser humano e ocupa-se, predominantemente, em regular e resolver os conflitos decorrentes das relações sociais. Já a Antropologia tem por objetivo buscar compreender, através de instrumentos interpretativos, os homens e sua cultura a fim de acompanhar a transformação da sociedade. Este novo pensamento abriu ainda outros horizontes ao instituto da “jus-humanização”, dedicando especial atenção à humanização do direito através da história recente em uma perspectiva antropológica do sertão brasileiro. É nesse sentido, e não buscando o esgotamento total sobre o tema, que busca-se visar a importância da análise de como visualizar o contexto histórico-cultural dos inúmeros acontecimentos da vida cotidiana do Brasil e posteriormente do sertão brasileiro, em que os cidadãos deixam à margem o Estado de Direito para dar início a um poder paralelo privado.
PALAVRAS CHAVE: Direito, Antropologia, Humanização, Sertão.
RESUMEN
Este artículo tiene como objetivo, los estudios a la luz del conocimiento antropológico en la cara de la ciencia jurídica, y por lo tanto objetivar especialmente en relación con el alcance de la "humanización de lo derecho." La evidencia es tan definido pensamiento antropológico que desempeña un papel importante para proporcionar una expansión y una mejor comprensión del hombre, y por lo tanto sobre el papel de la ley en las relaciones sociales. La ley se ocupa de la persona humana y se preocupa fundamentalmente en regular y resolver los conflictos derivados de las relaciones sociales. Ya Antropología pretende buscar el entendimiento a través de herramientas de interpretación, los hombres y su cultura con el fin de supervisar la transformación de la sociedad. Esta nueva forma de pensar ha abierto nuevos horizontes para el instituto de la "jus-humanización", dedicando especial atención a la humanización de la ley a través de la historia reciente de una perspectiva antropológica del sertón brasileño. En este sentido, y no buscar el agotamiento total del tema, que pretende abordar la importancia de examinar la forma de ver el contexto histórico y cultural de los numerosos eventos de la vida cotidiana en Brasil y más tarde la sertón del interior brasileño, desde donde salen los ciudadanos al margen del Estado de Derecho para iniciar un poder paralelo privado.
PALABRAS CLAVE: Derecho, Antropología, Humanización, Sertón. 
INTRODUÇÃO
O conhecimento antropológico, apesar de até o presente momento não ter recebido seu merecido destaque na Ciência Jurídica, é extremamente indispensável a ela, tanto em termos teóricos, quanto em termos práticos. O Direito lida com o ser humano e ocupa-se, predominantemente, em regular e resolver os conflitos decorrentes das relações sociais. Já a Antropologia tem por objetivo buscar compreender, através de instrumentos interpretativos, os homens e sua cultura. Dessa forma, o pensamento antropológico assume importante papel para proporcionar uma ampliação e uma melhor compreensão sobre o homem e, assim, sobre o papel do Direito nas relações sociais. 
Pode-se afirmar que a “Antropologia Jurídica” seria a disciplina encarregada dessa tarefa e que, através da teoria antropológica e de métodos específicos de estudo, como o trabalho de campo e/ou a observação participante, analisa e compara as instituições do direito e as concepções de justiça de determinadas culturas.
Atualmente podemos perceber um número de textos legislativos brasileiros que tendem a atingir algo fictício. Característica peculiar do Direito, que é a tentativa de antecipar e prever o que ainda não ocorreu, no intuito de regular condutas e conduzir valores. 
O que se percebe na análise dos textos jurídicos na modernidade, em especial as normas constitucionais, é que muitas vezes o direito parte de um paradigma ou mesmo tenta alcançar uma realidade que consiste numa ficção. E é exatamente nesse aspecto que direito e literatura se aproximam, pois, realidade e ficção literária em alguns momentos se misturam de tal maneira que se torna difícil distingui-las. O ordenamento jurídico brasileiro é permeado de normas cuja concretização pode ser considerada utópica, quando comparada com a realidade enfrentada cotidianamente pela população.
A Constituição Brasileira consagra valores como a saúde, a educação, o lazer, a dignidade da pessoa humana, a justiça social, a igualdade entre todos os brasileiros, a proteção do meio ambiente, que, diante do quadro caótico enfrentado pela população, pode ser comparado a um texto fictício, quase inatingível, diante deste mesmo quadro sem perspectivas de mudanças em que o país se encontra em que a inoperância governamental deixa ao próprio talante significativa parcela da população brasileira, que é utilizada como margem de manobra para atender a interesses escusos e descompromissados com os valores constitucionais.
Considerando que o presente estudo limita-se em apresentar algumas aproximações entre Direito e Antropologia na “Humanização do Direito”, ressalta-se que não temos o intuito de apontar soluções definitivas para o problema, mas o de esboçar questionamentos e ampliar o debate sobre ele, uma vez que repensar o Direito a partir do viés antropológico é um desafio que se impõe nos dias de hoje.
A HUMANIZAÇÃO DO DIREITO 
Para definirmos satisfatoriamente o que é humanizar a justiça, faz-se mister primeiramente sabermos o verdadeiro significado de ser “humano” e, como consequências, naturalmente daí surgirá o significado do seu derivado humanizar.
Em nosso sentir, humanizar a justiça é agir como ser “humano” no exercício da prestação jurisdicional, é saber democratizar a justiça transpondo as barreiras do tradicional sistema jurisdicional, que ainda tem como fundamento e finalidade a justiça aristotélica, que é a justiça denominada por Aristóteles de justiçatotal (díkaion nomimón) a qual se caracteriza precipuamente pela observância à lei, ou seja, de acordo com esse conceito de justiça, basta que na solução de um caso concreto se respeite e se observe apenas o conteúdo da lei, para que se considere que houve justiça no proceder, todavia, sabemos, que nem sempre isso é verdade.
Uma abordagem conceitual
Data vênia, essa concepção de justiça, modernamente não mais se coaduna com as novas perspectivas de justiça ora defendida. Segundo Eduardo C. B. Bittar, para Aristóteles a justiça era uma virtude, e por ser uma virtude, era caracterizado em sendo um justo meio (mesótes).[7: BITTAR, Eduardo C.B. Teorias sobre a Justiça; Apontamentos para a História da Filosofia do Direito, São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2000, p. 37.]
E, sobre a chamada Justiça Total, comenta Bittar:
 “O justo total é a observância do que a regra social de caráter vinculativo. O hábito humano de conformar as ações ao conteúdo da lei é a própria realização da justiça nesta acepção (justiça total); justiça e legalidade são uma e a mesma coisa, nesta acepção do termo. Este tipo de prática causa efeitos altruístas, de acordo com a virtude total.” [8: BITTAR apud PIAZZA, 2005, p.41]
 
                  Nesse sentido, a justiça como igualdade é da seguinte forma explicada por Noberto Bobbio:
“Segundo esta concepção, que é a mais antiga e tradicional (deriva de Aristóteles na sua formulação mais clara) o fim do direito, ou seja, das regras coercitivas que disciplinam a conduta dos homens na sociedade, é de garantir a igualdade, seja nas relações entre os indivíduos (...) seja nas relações entre o Estado e os indivíduos (...) O direito é aqui o remédio primeiro e fundamental para as disparidades entre os homens, que podem derivar, seja das desigualdades naturais, seja das desigualdades sociais.”[9: BOBBIO, Norberto, Direito e Estado no Pensamento de Emanuel Kant, 3ª Edição, Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1995, p. 72.]
 
                 Como se pode facilmente perceber pelas conjecturas acima, a justiça aristotélica detém o fundamento da lei como critério julgador do justo e do injusto, uma vez que se baseia apenas na lei e em seus respectivos elementos puramente objetivos, jamais se preocupando com o elemento humano ou subjetivo da questão, e, por isso mesmo, essa concepção de justiça que fundamenta o Direito moderno e o nosso atual sistema legal, vem se mostrando ultrapassada, anacrônica e fora da nossa atual realidade, pois é um conceito que quando aplicado ao caso concreto, infelizmente, nos conduz mais a injustiças, de que à verdadeira justiça social, tão almejada e erigida à categoria de princípio constitucional em nossa Lei Fundamental.
Portanto, vemos que, definitivamente, a concepção aristotélica de justiça tornou-se modernamente inaceitável, uma vez que não se adequa mais aos nossos anseios e necessidades, não se harmoniza com essa ideia inovadora de humanização da prestação jurisdicional, devendo, para esse mister, ser substituída por um conceito de justiça mais justo, mais humano, que se fundamente mais na liberdade e no respeito à cidadania, aos direitos humanos e à dignidade humana, e que tenha como objetivo maior garantir a verdadeira Paz ao ser humano.
Essa justiça a que nos referimos e elegemos como a ideal para embasar a concretização efetiva da humanização da prestação jurisdicional, é exatamente a justiça kantiana, que é diametralmente antagônica à justiça aristotélica, e, por isso, bem mais justa.[10: Justiça kantiana é a justiça segundo a concepção de Immanuel Kant, grande filósofo do século XVIII. Kant é considerado um jusnaturalista que em busca de uma paz universal aprontou um opúsculo denominado de A Paz Perpétua.]
Não podíamos falar em humanização da justiça calcada na valorização do que é moralmente justo e no desejo de estabelecer a Paz social a partir da humanização do mundo jurídico, sem citar o grande filósofo jusnaturalista Immanuel Kant (Abril 22, 1724 – Fevereiro 12, 1804), o qual, em certa ocasião disse acertadamente: "A minha filosofia pode ajudar os homens a estabelecer os seus direitos." Pois, o seu grande sonho para a humanidade era o estabelecimento e a garantia dos direitos dos homens através da concretização de uma universal paz perpétua, e, em busca disso, na sua destacada obra intitulada “A Paz Perpétua”, considerada por André Tosel como a verdadeira conclusão, por antecipação, da Doutrina do Direito, nos revela a fórmula para alcançarmos essa Paz, asseverando que devemos agir como se a paz entre as nações, mesmo sendo uma utopia, um sonho, seja um dia possível de realizar, da mesma maneira devemos encarar a justiça absoluta, como sendo possível de alcançar e trabalhar para que isso aconteça. "Assim, não está em questão se a paz perpétua é possível ou não. Simplesmente devemos agir como se ela pudesse ocorrer".[11: TOSEL, André. Kant Revolução: Direito e Política. 2ed. Paris: Presses Universitaires de France, 1990, p. 91.]
Nesta ótica, a ideia de humanização da justiça está diretamente interligada a muitos dos pensamentos de Kant, pois a humanização da prestação jurisdicional tem por objetivo erradicar as formas burocráticas e conflituosas de se resolver controvérsias, investindo maciçamente na sistematização do acesso à justiça por sistemas pacíficos de solução de conflitos, não importando se eles desenvolver-se-ão no âmbito do Poder Judiciário, como é o caso da conciliação, da negociação, e, quem sabe da mediação, ou no âmbito extrajudicial, como é o caso da arbitragem, mas em quaisquer desses métodos, o importante é sempre se pautar no mesmo objetivo: preservar a Paz entre as partes, isto é, solucionar as lides sem a necessidade de adversidades, malquerenças ou intrigas, que são constrangimentos próprios dos sistemas legais tradicionais, mas, ao contrário, através do diálogo civilizado e consciente, onde cada um saiba defender e buscar seus direitos respeitando e reconhecendo, sobretudo o direito dos outros.
Dessarte, como se pode perceber, a proposta ora lançada é romper com o sistema jurisdicional tradicional, que é altamente adversativo, burocrático, ineficiente e até mesmo desumano, valorizando mais a Paz e a equidade, simplesmente por que, dessa forma, mesmo chegando uma controvérsia ao âmbito jurisdicional, permitir-se-á ao juiz amenizar o rigor das normas jurídicas e harmonizar com justiça a rigidez da legislação aplicada a cada caso, e ainda, quando necessário, poder também o magistrado fazer as devidas adaptações à realidade social individualizadamente, sempre na busca, não apenas da prolação de uma sentença, mas sim de uma solução mais humanizada, célere, econômica e, principalmente justa e equilibrada para as demandas, sem desprezar, contudo a ética, o bom senso, a moral e nem os bons costumes.
E, vale ressaltar que Kant também idealizou um novo modelo liberal de Estado altamente humanizado, justo e moralmente desenvolvido, pois, caracterizava-se pela afirmação dos direitos naturais dos indivíduos e dos valores da liberdade, individualidade, igualdade de direitos, livre pensamento e tolerância; buscava estabelecer um sistema político que, através da representatividade, soberania popular, submissão do Estado ao Direito, separação de poderes, liberdade política e o direito de participação no governo, atingisse o objetivo de garantir os direitos naturais do indivíduo frente a um poder a ele externo.
Portanto, nota-se que sua filosofia política tinha um fim pragmático que visava corrigir a desordem terrena das nações, adequando-as e harmonizando-as com o funcionamento perfeito do mundo. Kant via a sociedade como um Universo desordenado, onde os corpos que a integram , as unidades políticas que compõem o conjunto geral das nações, viviam na mais completa desarmonia, como, infelizmente, ainda pior hoje vivem.
Acreditamos que é exatamente essa consciência pura e coerente de que precisamos sempre nos utilizar para resolvermos pacificamente quaisquer controvérsias, das mais simples às mais complexas, até porque,não raras vezes, somos seus autores e, ao mesmo tempo, as suas principais vítimas, independentemente de sermos juristas, magistrados, advogados, jurisdicionados, políticos ou cidadãos comuns.
Destarte, reconhecemos que, a priori, é um tanto quanto difícil se compreender o alcance do propósito acima, e até mesmo de pensar em agir de acordo com ele, mas, se analisarmos com sensibilidade e consciência a questão em tela, certamente veremos que este é o caminho para se chegar a uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional com a solução pacífica das controvérsias, conforme os ditames da nossa atual Constituição Federal. 
Uma boa maneira de se aceitar esses novos conceitos e diretrizes é a partir da análise individualizada dos inúmeros casos concretos que se desenrolam no âmbito do judiciário, pois, irrefutavelmente concluiremos que muitos deles poderiam ser até mesmo evitados, simplesmente se cada um respeitasse conscientemente o direito do outro. Ou ainda, em relação a outros casos considerados “resolvidos”, mas que o foram a custa do cultivo da inimizade e da adversidade, e até mesmo em detrimento da própria justiça, vislumbrarmos que poderiam perfeitamente ter sido também solucionados de uma forma pacífica, preservando-se para o futuro a relação entre as partes, o que na concepção humanista é muito mais importante.
Nesse escopo, é relevante e oportuno mencionar o conceito de direito de Kant, no qual se fundará a justiça: o termo “direito” é entendido por Kant com sentido valorativo, isto é, trata-se de tudo aquilo que seja justo – ius. Nesse sentido, conforme Kant, o direito não diz respeito simplesmente a uma maneira de coexistir, mas as condições de coexistir com os arbítrios dos outros. Dessa maneira, segundo Kant, a liberdade pessoal é sempre limitada pela liberdade do outro, tendo, no entanto, todo o direito de exercer a liberdade em pé de igualdade.
Enfim, o direito, para Immanuel Kant, busca promover o exercício máximo das liberdades individuais, impondo limites à liberdade de um somente a partir do momento em que esta agrida o exercício da liberdade de outro, de forma que a todos seja garantido exercer igualmente suas liberdades. Em outras palavras, uma ação é conforme o direito se puder coexistir com a liberdade de todos de acordo com uma lei universal, ou se, em sua máxima, o livre arbítrio de cada um puder coexistir com a liberdade de todos de acordo com uma lei universal. Assim, percebe-se que o fim último do direito, na concepção kantiana, é a garantia da liberdade.
Ao referir-se à justiça, Kant declarou: "Se a justiça pudesse perecer, não teria sentido e nenhum valor que os homens vivessem sobre a terra". A justiça é imprescindível, não apenas no campo do Direito, mas em todos os factos sociais por ela abrangidos. A vida em sociedade, sem a justiça, seria insuportável.
E, nessa ótica kantiana, o juiz é um espectador, aquele que olha e julga, que procura e encontra a verdade. O juiz, para ter aquela imparcialidade que se espera dele, tem que ter uma ideia do todo, não se preocupar com a opinião dos outros e com o desejo de aparecer para os outros, ao contrário do “actor” (para Kant, “actor” é o homem que age em função da notoriedade, ou fama, isto é, que está preocupado com a opinião que os outros homens têm a seu respeito).
Enfim, com essa visão de Kant, vislumbramos que modifica-se toda a maneira de analisarmos a lide processual e as relações jurídicas como um todo, pois o juiz, para julgar visando à justiça kantiana, deverá adentrar o íntimo da relação jurídica e averiguar quais são os reais elementos e razões que fundamentam a lide, e, dessa forma, decidir objetivando também o desenvolvimento moral e social das pessoas ali envolvidas e não unicamente à solução da controvérsia a partir da mera subsunção, ou seja, a mecânica aplicação da norma jurídica vigente ao caso concreto.
Para o nosso orgulho e satisfação, nessa linha de pensamento humanista, conduzem-se conceituados e respeitados ícones de grande destaque no âmbito do judiciário brasileiro, a exemplo da Ministra Fátima Nancy Andrighi, que em uma de suas brilhantes palestras asseverou com acerto:
“(...) Cremos firmemente que o Terceiro Milênio vem marcado pela expectativa de que a humanidade passará por um expurgo, que vivemos a fase preparatória para a regeneração da humanidade.”
“A complexidade do processo da senda evolucional exige medida que deve ser entendida com a harmonização de todos os campos da vivência em sociedade. (...)”
“(...) Podemos dar impulso a uma verdadeira reengenharia nos modelos que até hoje utilizamos, com o objetivo de modernizar a máquina administrativa do Poder Judiciário, oferecendo aos nossos irmãos uma justiça mais humanizada.”[12: Em palestra proferida na Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro - Niterói, 29 de agosto de 2004 - Juizados Especiais de Família e o Espiritismo]
E, mais adiante, nessa mesma palestra, a Ministra Fátima Nancy Andrighi, relatou um inesquecível julgamento proferido pelo juiz nova-iorquino, La Guardia, que atraía multidões para ouvir suas sentenças, por causa da justiça que aplicava:
“Certa feita, foi levado ao tribunal um pobre cidadão que fora surpreendido furtando um pão. Ouvidas as testemunhas, e tendo o réu confessado a prática do crime, La Guardia, do alto de sua magistratura, expediu o seguinte veredicto:”
“- Fica o réu condenado à pena de recolher em juízo a multa de cinquenta dólares (...)”.
“Todos se espantaram e perplexos entreolhavam-se pelo absurdo da punição imposta ao miserável infrator.”
“Fez-se uma pausa silenciosa e prosseguiu o juiz, dirigindo-se agora não ao réu, mas à plateia atônita:”
“- E todos os senhores, respeitáveis cidadãos americanos, estão condenados a se cotizarem até o valor da multa, por que: Numa terra onde um homem rouba um pão para mitigar sua fome, todos nós somos culpados!”
Fazendo uma retrospectiva dos últimos 40 anos, podemos claramente perceber: o que esse sistema jurisdicional tradicional vem fazendo cada dia melhor é inviabilizar a própria convivência social, obstruindo o acesso a ele mesmo, levando paulatinamente seus jurisdicionados de volta aos primórdios da humanidade, quando prevalecia a justiça pelas próprias mãos, o olho por olho, dente por dente. E, todos nós sabemos que isso leva toda a sociedade a vivenciar cada vez mais forte um sentimento de descrença, de insatisfação, de revolta contra a impunidade, de aflição e angústia.
Nesse diapasão, acreditamos que a efetiva utilização de formas alternativas de solução pacífica das controvérsias, aniquilará, de uma vez por todas, essa chamada litigiosidade contida, conforme acertadamente afirma o ilustre jurista Kazuo Watanabe, que agride profundamente o sentimento de justiça que permeia a sociedade, simplesmente porque, não é justa a justiça tardiamente prestada, já dizia nosso saudoso Ruy Barbosa, ou seja, a prestação jurisdicional que não satisfaz, não pode ser considerada como tutela jurisdicional adequada jamais.
Um conceito antropológico
Quando se estuda a Antropologia é necessário ter a compreensão do conceito antropológico de cultura. No século XIX, Edward Tylor sintetizou o conceito num único vocábulo inglês Culture que representava “todas as possibilidades de realização humana”, ou seja, um “complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. [13: LARAIA, 2006, p. 25.]
A Antropologia é o estudo do homem como ser biológico, social e cultural. No entanto, não há um consenso entre os antropólogos na sua definição. É possível compreendermos a importância da Antropologia para o Direito como a resposta para entendermos o que somos a partir do espelho fornecido pelo “outro”; uma maneira de se situar na fronteira de vários mundos sociais, culturais, abrindo janelas entre eles, através dos quais podem-se alargar nossas possibilidades de sentir, agir e refletir sobre o que,afinal de contas, nos torna seres singulares, humanos.[14: OLIVEIRA, 1998, p. 10.]
Sabe-se, nesse sentido que a Antropologia volta-se cada vez mais para uma autorreflexão do seu papel político e social – enquanto ciência da crítica cultural – e dos parâmetros pelos quais tem produzido e representado os significados da cultura. [15: GEERTZ, 2000, p. 88.]
Direito e Justiça são duas palavras semanticamente diferentes, porém o teor deveria ser o mesmo, pois estas palavras que inspiram estudos, trabalhos e artigos podem decidir o destino de toda uma nação. Parafraseando os ensinamentos de Kant, “Duas coisas me enchem a alma de admiração e estupor, o Céu estrelado sobre mim, e a Lei Moral dentro de mim”. Falar em Direito é lembrar-se da Justiça e pensar nesta é discutir sobre o Social. A Ética é a filosofia das ações humanas, como pronunciava Aristóteles. O Direito deve ser atrelado a Ética, assim como o corpo d’alma. A Justiça, o Direito e a Ética devem formar a engrenagem principal do aparelho que promove o bem estar social, impedir as explorações e opressões das classes mais fortes em detrimento às mais fracas.
Humanizar é antes de tudo mudar a própria vida, de dentro para fora. É enganoso achar que se pode humanizar os outros, o que podemos conseguir é caminhar juntos ao longo desta travessia. A justiça tem-se desviado dos seus pilares dando mais ênfase aos requisitos formais de um processo, usando o Direito Penal como agente agressor ou instrumento de arrecadação do Estado, muito aquém da resolução dos conflitos com concretização da paz. O ofício daqueles que trabalham no Poder Judiciário deve estar intimamente ligado ao ser humano e não às folhas frias e empoeiradas dos autos de um processo. Por trás daquele nome ou número, existe uma vida, tal protocolo na verdade foi escrito com sangue, com lágrimas e não simplesmente com uma caneta.
A Constituição Cidadã confere à Defensoria Pública a função de orientar juridicamente os necessitados, bem como o papel dignificante de Defensor da Cidadania. A humanização da Justiça terá vigor quando houver popularização e acessibilidade do direito para as pessoas que não têm condição de contratar um advogado. É necessário também que os magistrados fiquem próximos aos litigantes, podendo assim ouvi-los, porque isto é um direito constitucional de cidadania, antes de proferir suas sentenças e não ficar separados pelos ditames solenes. A frieza tem sido tão grande que até as roupas e calçados daqueles que procuram os tribunais são motivo de impedimento de acesso a Justiça. Seria a roupa mais importante que o homem? Ou será a verdadeira “coisificação da pessoa”?[16: Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.][17: Ideia levantada e difundida por Karl Marx (1818-1883).]
A Humanização do Direito, da linguagem das partes, do próprio ambiente judiciário, é uma tarefa de todos aqueles que promovem a justiça. A ex-Ministra do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Drª Fátima Nancy, disse em uma entrevista que: “O desafio da Justiça brasileira é difundir a ideia da democratização, fazer com que pessoas não investidas juridicamente ajudem o Poder Judiciário a desenvolver suas funções, principalmente os advogados que, com base na Constituição são responsáveis pela administração da Justiça. Efetivar a justiça não é só ajuizar ações e fazer sustentação oral, mas participar do sucesso e do fracasso deste Poder. Os Operadores do Direito podem atuar como juízes leigos, conciliadores, negociadores, mediadores, ou seja, ainda que sejam técnicos podem e devem ser humanos”. Afinal, a tão almejada humanização da justiça começa e sobrevive da sensibilidade de seus agentes.
A irresponsabilidade e falta de preparo de alguns profissionais do Direito vêm ao longo do tempo maculando o objetivo sério e apaixonante, que é o de fazer justiça, para os profissionais éticos e de boa fé. Necessária é uma efetiva humanização do Direito. Não se pode reduzir o processo a um mero procedimento formal que vise aplicar as normas no caso concreto. Porque Direito é vida.
Felizmente crescem no mundo jurídico os debates sobre a “Humanização da Justiça”, os simpatizantes desta causa rejeitam a ideia de interpretar atos e fatos concretos meramente sob o aspecto legal-formal.
Mergulhada em um cenário de inúmeras desigualdades, o cidadão clama por Justiça. E o Direito, por vários fatores, especialmente por pertencer ao grupo de estudos das Ciências Humanas, precisa corresponder aos anseios das pessoas. A citação do juiz humanista João Batista Herkenhoff em sua obra “O direito processual e o resgate do humanismo”, sintetiza esse pensamento: “Nenhum juiz, mais que o da primeira instância, é testemunha tão rente da trepidação social, é vizinho tão próximo da miséria e da dor. Se abdica de sua missão de atualizar e humanizar a lei, de negar sua aplicação ao caso concreto que foge da abstração do comando genérico, retificar rumos jurisprudenciais que considera inadequados à vida que geme cá em baixo, esvazia-se, em muito, o papel social do magistrado”.
Mas para entender a face desumana da justiça é preciso fazer um mapeamento da sociedade em que vivemos. A saber: os baixos salários que impedem o acesso à supressão de necessidades básicas (alimentação e moradia); educação escolar pública sem qualidade, de maneira que a garantia de um futuro profissional para as crianças de hoje praticamente inexiste; a saúde pública é um instituto tão ou mais sucateado que a prestação do seu serviço à população carente (afinal é a população de baixa renda que se serve dela) é algo que mais se aproxima da ideia do “Inferno de Dante”. Todas essas variáveis culminarão no ponto mais crítico que é a segurança pública, partícipe de um sistema penal articulado para conter a massa inconformada, a qual é na verdade, a grande vítima do sistema. Estamos, dessa forma, diante de um palco no qual o personagem principal – a justiça – tem sua atuação esmaecida pelas constantes arbitrariedades das classes dominantes, convertidas em sentenças judiciais desumanas, em função dos seus interesses particulares.[18: O termo “inferno de Dante” é uma alusão à obra “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri (1265-1321), escritor nascido na cidade de Florença, Itália. Esta obra é composta de três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso. Narra em versos uma viagem através do inferno, purgatório e finalmente o repouso no céu.]
Mas não só de mazelas vive o Direito. Não são poucos os juristas da atualidade que optam por uma justiça mais humanizada, os quais até mesmo na ausência de uma lei que se adeque à realidade social, não satisfeitos apenas com os princípios que norteiam o mundo jurídico, apelam para a razoabilidade como sinônimo de bom senso. Felizmente a tendência dos novos agentes do direito é seguir dentro de uma filosofia-antropológica de sensibilização social. Isto para não incidir em outro erro, a arbitrariedade, ou aquilo que tecnicamente chamamos de Direito Penal do Autor.
O direito como fundamento e fim do Estado e a sua relação com os direitos fundamentais
A Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 consagrou o valor da dignidade humana, ao reconhecer em seu preâmbulo e em outros artigos que o homem possui o direito de ser reconhecido como pessoa perante a lei. Este documento exerceu grande influência e, a partir disso, a ideia sobre o valor supremo da dignidade da pessoa humana passou a ser integrada expressamente em diversas cartas constitucionais. Após um longo processo histórico, o homem figura o elemento primordial do Estado, isto é, que legitima e justifica o poder estatal. Conforme assinala Bleckmann, “é o Estado que existe em função da pessoa humana, e não o contrário, já que o homem constitui a finalidade precípua, e não meio da atividade estatal”. Para Judith Martins-Costa “a pessoa, considerada em si e em (por) sua humanidade, constitui o ‘valor fonte’ que anima e justifica a própria existência de um ordenamento jurídico”. E, segundo Canotilho: [19: COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos.4. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 222-237.][20: BLECKMANN, apud SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e Direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 7. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 73-74.][21: MARTINS-COSTA, Judith. As interfaces entre o Direito e a Bioética. In: CLOTET, Joaquim (Org.). Bioética. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001, p. 75.]
“A dignidade humana como base da República significa o reconhecimento do indivíduo como limite e fundamento do domínio político da República. Neste sentido, a República é uma organização política que serve o homem, não é o homem que serve os aparelhos político-organizatórios.”[22: CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e Teoria da constituição. 4. ed. Coimbra: Almedina, 2000, p. 225.]
Nessa mesma linha, tendo em vista que os direitos protegem a dignidade do homem, Robert Alexy destaca que: 
“A observação aos direitos do homem é uma condição necessária para a legitimidade do direito positivo. Nisto, que o direito positivo deve respeitar, proteger e fomentar os direitos do homem para ser legítimo, portanto, ser suficiente à sua pretensão à exatidão, manifesta-se a prioridade dos direitos do homem. Direitos do homem estão, com isso, em uma relação necessária com o direito positivo, que está caracterizada pela prioridade dos direitos do homem”.[23: ALEXY, Robert. Direitos fundamentais no Estado Constitucional Democrático: para a relação entre direitos do homem, direitos fundamentais, democracia e jurisdição constitucional. Revista da Faculdade]
Em suma, o homem pelo simples fato de ser pessoa e, portanto, dotado de dignidade, não pode ser considerado como um objeto, ou seja, não pode ser instrumentalizado, servindo como meio do poder estatal. Ao contrário, é a dignidade da pessoa humana que possibilita e legitima o poder do Estado, uma vez que este está a serviço do homem, pois, como no pensamento de Kant, “o homem é um fim em si mesmo”. 
Em nosso ordenamento jurídico ela está prevista como princípio fundamental no artigo 1°, inciso III da Constituição Federal. Segundo Sarlet, os princípios fundamentais possuem “a qualidade de normas embasadoras e informativas de toda a ordem constitucional”. Desse modo, a dignidade humana constitui o fundamento e o fim de nosso Estado Social e Democrático de Direito, ideal estabelecido no caput do referido artigo. [24: SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e Direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 7. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 69.][25: Em relação ao conceito de Estado Social e Democrático de Direito, conferir: SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 30. ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 112-122.]
Nesse contexto, os direitos e garantias fundamentais são concretizações ou desdobramentos, em maior ou menor grau, do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, uma vez que se referem à proteção e desenvolvimento das pessoas. Assim, a dignidade de cada pessoa humana só pode ser exercida se lhe forem concedidos os direitos e garantias fundamentais, pois, por exemplo, como referido anteriormente, o direito à liberdade e à integridade física e moral (entre outros) constituem condições para uma vida digna. Por isso, os direitos fundamentais podem estar ligados direta ou indiretamente à dignidade da pessoa humana, lembrando que essa vinculação será mais ou menos intensa de acordo com a importância que o contexto histórico-cultural de determinada sociedade imprimir aos mesmos. Nessa linha de raciocínio, Sarlet, com base no pensamento de Geddert-Steinacher, destaca que a violação de um direito fundamental implica também em uma violação à dignidade da pessoa humana, tendo em vista o vínculo sui generis estabelecido entre eles e dada a função da dignidade da pessoa humana como “elemento e medida” dos direitos fundamentais.[26: MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. 3. ed. Portugal: Coimbra, 2000, v. 4, p. 181.][27: GEDDERT-STEINACHER, apud SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e Direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 7. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 113.]
A FUNÇÃO INTEGRADORA E HERMENÊUTICA DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NA HUMANIZAÇÃO DO DIREITO
Com efeito, sendo a dignidade da pessoa humana o fundamento da existência e o fim do próprio Estado, afirma-se que ela constitui um princípio de maior hierarquia axiológico-valorativa, sendo que a interpretação do ordenamento jurídico deve ser realizada com vistas a ela. Sobre este aspecto, cumpre referir que, apesar de o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana assumir uma posição privilegiada em nosso ordenamento jurídico, Sarlet destaca, com base em Robert Alexy, que não existem princípios absolutos. Assim, não seria possível conceber sua prevalência de forma absoluta em todos os casos concretos. Havendo colisões, no momento da ponderação, a dignidade da pessoa humana poderá assumir diversos graus de realizações.
Isso significa dizer que, mesmo não sendo princípio absoluto (pois nenhum o é), a dignidade da pessoa humana assume relevante função no ordenamento jurídico, pelo o que já exposto, servindo como elemento de conexão dos direitos e garantias fundamentais, bem como de todo o ordenamento jurídico brasileiro. Em outras palavras, o referido princípio tem uma função de integrar o ordenamento jurídico, de tal forma que o mesmo revele-se coerente internamente como um todo. Ademais, ele revela-se como parâmetro para o processo de interpretação e aplicação das normas previstas em nosso sistema. Nesse sentido: [28: NIPPERDEY, apud SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e Direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 7. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 88.]
“A dignidade da pessoa humana constitui valor-guia não apenas dos direitos fundamentais, mas de toda a ordem constitucional, razão pela qual se justifica plenamente sua caracterização como princípio constitucional de maior hierarquia axiológico-valorativa”.[29: SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e Direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 7. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 119.]
“Na medida em que serve de parâmetro para a aplicação, interpretação e integração não apenas dos direitos fundamentais e do estante das normas constitucionais, mas de todo o ordenamento jurídico, imprimindo-lhe, além disso, sua coerência interna”.
Tais afirmações podem ser constatadas em face dos limites que o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana pode estabelecer em relação às restrições realizadas aos direitos fundamentais. Ressalta-se também que o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana pode estabelecer limites aos próprios direitos fundamentais ou a outras normas previstas no ordenamento jurídico, levando-se em consideração a ocorrência de eventuais colisões.[30: O assunto sobre a colisão entre princípios e direitos e a forma pela qual o conflito é resolvido (ponderação/proporcionalidade/proibição de retrocesso) no âmbito do ordenamento jurídico brasileiro não serão desenvolvidos no presente trabalho, em virtude da complexidade da questão.]
Portanto, verifica-se que pelo conteúdo e significado do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, o mesmo “atua simultaneamente como limite e limite dos limites”. [31: SARLET, op. cit., p. 135.]
Poder-se-ia, inclusive, dizer que o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana é um símbolo de tamanha importância que, em virtude de seu significado e conteúdo, coordena a interpretação de todos os demais símbolos normativos do ordenamento jurídico brasileiro, assegurando uma coerência entre eles. Por essa razão, ela não está unicamente prevista no artigo 1°, inciso III d a Constituição Federal, mas também expressa ou implicitamente prevista em outras normas, principalmente nos direitos e garantias fundamentais.
 A HUMANIZAÇÃO DO DIREITO ATRAVÉS DA HISTÓRIA RECENTE EM UMA PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA DO SERTÃO BRASILEIRO - O BRASIL DE QUANDO?
Por conseguinte,é importante a análise de como visualizar a contexto histórico-cultural dos inúmeros acontecimentos da vida cotidiana do sertão brasileiro, em que os cidadãos deixam à margem o Estado de Direito para dar início a um poder paralelo privado.
Essa área, o sertão, geralmente era despovoada, nos confins, nos rincões, “onde se pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador”. Ou como diz Walnice Nogueira Galvão: [32: Guimarães Rosa, 1978, p.9][33: Walnice Nogueira Galvão, 1986: p.25]
“Dá-se o nome de sertão a uma vasta e indefinida área do interior do Brasil, que abrange boa parte dos estados de Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Goiás e Mato Grosso.”
E por ser parte esquecida pela comunidade política brasileira, surgiram nessa extensa área geográfica, formas variadas de exercício do poder pelo particular. Esse poder paralelo é retratado em várias obras romancistas da literatura brasileira através dos grupos de jagunços que, a mando de fazendeiros do sertão brasileiro matavam, invadiam, roubavam, manipulavam a propriedade, prendiam e até julgavam os indivíduos.
“E por ser parte esquecida pela comunidade política brasileira, surgiram nessa extensa área geográfica, formas variadas de exercício do poder pelo particular. Esse poder paralelo é retratado na obra através dos grupos de jagunços que, a mando de fazendeiros do sertão brasileiro matavam, invadiam, roubavam, manipulavam a propriedade, prendiam e até julgavam os indivíduos.”
Eram potentes chefias em que cada homem usava seu próprio poder, da maneira que quisesse, para preservação de sua própria natureza. Era o conhecido ‘sistema-jagunço’ que envolvia um conjunto de relações de dominação regidas pela violência e pela coação, pelo clientelismo e pelo favor, pela preponderância da tradição sobre a instituição.[34: Guimarães Rosa, 1978: p.391]
Durante o período da chamada República Velha, ou seja, imediatamente após a proclamação da República no Brasil, a estrutura de atuação do Estado brasileiro ainda estava em formação. O poder não conseguia se fazer presente na maioria do território nacional, relegando à própria sorte a imensa maioria da população. Nesse período, as classes sociais estavam bem distintas e estratificadas na organização da sociedade brasileira. O povoamento do território, feito em pequenas unidades rurais, tinha como autoridade suprema os senhores de terra, detentores não só do poder econômico como também do poder político face à configuração do sistema eleitoral da época. Por outro lado, o restante da população era apartada da participação política, restando apenas a mantença junto aos senhores de terra, levando uma vida sem muitas alegrias.
Nos dizeres de Walnice Nogueira Galvão[35: Walnice Nogueira Galvão, 1986, p. 46]
“(...) o mecanismo de poder político-eleitoral era o seguinte: em cada município havia um agrupamento de senhores que encarnavam a “situação” e outro agrupamento de senhores que constituía a oposição. Nada os distinguia, nem origem de classe nem ideologia: apenas eram aliados de partidos com nomes diferentes. Esse é o quadro que atravessa toda a história eleitoral do Império e da República Velha, pelo menos. Profundamente estático como estrutura, apresenta-se dotado de um dinamismo episódico extraordinário, já que se resolve em turbulência, assassínios, golpes de força, etc”.
E assim era o ciclo social: os proprietários de terra faziam valer a sua vontade, aplicando leis próprias na localidade, já que o Governo Central não dispunha de recursos e meios para impor a legislação vigente do ponto de vista formal em todo o país.
Diante da dualidade de figuras no sertão: os proprietários e os moradores ou agregados, aqueles que não eram detentores de qualquer meio de produção, deveriam, buscar uma “proteção” qualquer sob o manto do senhor de terras. Esta liberdade que deriva da falta de tudo, inclusive de direitos, faz com que eles sejam totalmente dependentes do senhor-proprietário.
Aparece então a figura do jagunço:
“Jagunço é isso. Jagunço não escabreia com perda nem derrota – quase tudo para ele é o igual. Nunca vi. Para ele a vida já está assentada: comer, beber, apreciar mulher, brigar, e o fim final.” [36: Guimarães Rosa, 1978, p.55]
Figura livre, supostamente independente, que não tem nada seu, mas que por isso mesmo torna-se dependente daquele que tinha poder, o jagunço é um personagem que vive à margem da sociedade do sertão. Sente-se livre, pois, vive de maneira desregrada, sem fixar residência ou depender da lide diária e repetitiva, podendo deslocar-se, cometer alguns delitos e ver-se livre da pobreza e da miséria que assola a maioria da plebe rural. O jagunço, ao se ver em total situação de pobreza e desvalorização como cidadão, decide entrar para esse sistema sob a falsa ilusão de que assim está em um degrau acima da casta da sociedade.
A vida sem muitas regras e junto a uma arma de fogo dava ao jagunço uma espécie de dignidade. Não obstante isso constituía uma massa de manobra e manipulação dos senhores de terra, que utilizam os seus ‘serviços’ para atender aos seus próprios interesses. Os jagunços e seus bandos muitas das vezes serviam como verdadeiros cabos eleitorais dos detentores do poder econômico, além de constituírem braços armados na execução do poder político, formando um conjunto de micro poderes de potentados locais, fundados na propriedade latifundiária, nas oligarquias regionais, no clientelismo e na violência.
Este poder era tão acentuado que se travava quase de uma guerra no país, retratada na obra ‘Grande sertão: veredas’, chefias de diversas matizes e ideologias, buscando sempre a hegemonia do poder. Percebe-se em toda a obra literária que esses bandos que levavam consigo a bandeira de seus chefes, faziam as vezes dos agentes públicos, executando as leis e determinações do senhor, vivendo uma vida própria e marginal às determinações do Estado.[37: Grande Sertão: Veredas é um livro de João Guimarães Rosa escrito em 1956.]
Esta mão de obra podia ser usada para o ócio ou para o trabalho, para impor a lei ou para violá-la, para manter a ordem ou para impor a anarquia, para vingar ofensas ou mesmo para praticá-las. Tudo dependia da vontade do senhor.
Era comum o assassínio do inimigo do senhor num estado de guerra permanente, em que o jagunço é o soldado a serviço da vontade daquele. É a chamada justiça com as próprias mãos. Entretanto, este poder paralelo exercido pelos coronéis é tolerado pelo poder político instituído, 
O PODER PARALELO E A JUSTIÇA PRIVADA NO SERTÃO – O CORONELISMO
O que reforça a ideia do Coronelismo citada na obra “Coronelismo, enxada e voto”. Do qual é um estudo da vida política brasileira a partir do sistema do coronelismo, que o autor considera sistema político. Chefes políticos, proprietários de terras, senhores do bem e do mal, os coronéis são figuras marcantes na história e na literatura brasileiras. Os coronéis fazendeiros não eram militares de carreira, pertenciam à Guarda Nacional, milícia cidadã, da qual teoricamente faziam parte todos os eleitores. No Império (1822-1889), o voto era censitário (baseado na renda), só uma elite votava. Os fazendeiros adquiriam legalmente a patente de coronel, que lhes dava o direito de constituir tropas provisórias em caso de conflito. Dessa forma, controlavam também a polícia, seu instrumento predileto para abusar do poder. Sem uma legislação que os protegesse, os trabalhadores rurais, por concessão dos coronéis, residiam dentro das fazendas e recebiam um ordenado miserável. Em troca disso, aceitavam o "voto de cabresto", elegendo os candidatos apoiados pelo patrão. Durante a República Velha, a votação não era secreta, o que permitia a constatação do voto pelos membros da mesa eleitoral. Os desobedientes sofriam desde uma advertência verbal até o castigo físico, além de correrem o risco da perda do emprego e da moradia. Portanto os trabalhadores rurais, elos mais fracos da corrente, nunca exprimiram o seu real pensamento político. Até1930, embora as instituições fossem democráticas no país, nenhuma eleição podia ser considerada honesta.[38: Victor Nunes Leal, 1948.]
De maneira não distante, é notória a repetição da retratação também na obra "Coronel, Coronéis - Apogeu e Declínio do Coronelismo no Nordeste". Onde examina o processo de ruptura das estruturas e modos de exercício do poder do coronelismo, fenômeno importante na organização rural do Nordeste do Brasil até meados do século XX. (de que no Brasil é tudo política e potentes chefias, pois, não existe, de fato, o exercício de políticas públicas voltadas para a população carente, constituindo sempre numa verdadeira alternância de poder entre alguns grupos políticos. As relações sociais de produção são condicionadas por vínculos de dependência e subordinação pessoal. Nas palavras de José Murilo de Carvalho, citado por Heloísa Starling, era uma sociedade[39: Vilaça, Marcos Vinicios; Albuquerque, Roberto Cavalcanti de, 1963]
“(...) marcada pela precariedade do desenvolvimento do interesse público, e pela propensão em manter o indivíduo em situação de dependência – do Estado, por exemplo – ou passar para outra de independência selvagem, na qual não há possibilidade de comprometimento nem entre cidadãos nem entre cidadãos e governo”.[40: CARVALHO, 1995.]
Daí a atualidade de ‘Grande sertão: veredas’, ao trazer o ambiente social do final do século XIX às portas do século XXI. O cenário de pobreza e desigualdade social existente em todo esse período tem contribuído para a corrupção do direito, dando oportunidade ao surgimento de instituições paralelas de poder no Brasil, enfraquecendo as instituições democráticas.
Contudo, conota-se que o contexto histórico-cultural do sertão quase nada mudou, hoje, talvez modificasse apenas o cenário rural para o urbano. Todavia, continuaria a retratar um cenário de verdadeira violência no seio da sociedade brasileira, tanto no campo, quanto na cidade. E exemplos é que não lhe faltariam: facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas e de armas, altíssimos índices de assassinatos e de crimes contra o patrimônio, corrupção das instituições políticas. Enfim, uma série de ilegalidades que o Estado brasileiro mal consegue apurar.
O governo muitas vezes fecha os olhos para esta situação, empurrando para debaixo do tapete um problema que muitas vezes lhe é benéfico, vez que uma população aterrorizada, sem cultura, educação e saúde muitas vezes pode ser influenciada pelos “padrinhos”, a mando dos detentores de verdadeiro poder.
Nesse sentido, o “sertão adentra as cidades”. A violência e os desmandos, fenômenos subjacentes ao sertão, tornam-se endêmicos também nas bordas metropolitanas.[41: Martins, 2005, p.13]
Tanto o “sistema-jagunço” da obra literária citada anteriormente, quanto as facções criminosas do cotidiano real que vivenciamos, têm em comum a questão de absorverem as funções do Estado no que se refere à administração da justiça e da segurança pública, que passa a ser exercida por instrumentos privados. As diferentes leis que vigoravam nos limites de cada porteira dos senhores de terra, são muito parecidas com as leis que vigoram nas periferias brasileiras. É a lei do mais forte; a lei daquele que espalha a violência e dissemina o medo por intermédio da arma de fogo.
Exsurge um sistema jurídico marcadamente axiomático, racional, pleno. E o modo invocado pelo pensar estrutura-se em um silogismo formal, onde a lei passa a ser a premissa maior, o fato a premissa menor, alcançando-se, dedutivamente, a sentença. É o processo de aplicação subjuntiva da lei a imperar e coordenar o raciocínio jurídico, acarretando um racionalismo divorciado completamente das questões práticas. Criava-se, prévia e especulativamente, um sistema para, em um segundo momento, ser aplicado na resolução dos concretos casos que emergiam da vida quotidiana.[42: GEERTZ, Clifford. Anti Anti-Relativismo. In: _____. Nova luz sobre a antropologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p. 47-67.]
CONCLUSÃO:
Em sede de últimas palavras, a humanização, principalmente a humanização da justiça, da prestação jurisdicional depende de nossa capacidade de falar e de saber ouvir, pois as coisas do mundo só se tornam humanas quando passam pelo diálogo com nossos semelhantes. 
E, para tanto, faz-se mister que advogados, magistrados, promotores e toda a comunidade jurídica passem a ter verdadeiramente, e não utopicamente, como objetivos primordiais em suas atuações o bem-estar dos jurisdicionados e o alcance da paz e justiça sociais. Pois, da forma como estar-se conduzindo as “soluções” das controvérsias atualmente, a violência reinará sempre hegemônica, e a Paz só restará estampada nas camisas dos que caminham em busca dela.
Já chegou o momento de alargar a fronteira entre o legal e o ilegal, afim de não mais se tolerar arbitrariedades e transgressões, e que não predomine a lei e o poder do mais forte. É preciso que as instituições políticas e a sociedade brasileira queiram dar um fim, ou pelo menos diminuir à ocorrência de dois mundos paralelos: o das normas legalmente válidas e legítimas e o das normas privadas de criação espúria e ilegal, para que a “estória não queira ser história”.Mas de que maneira alcançar essa meta? Talvez, através de políticas públicas de investimento nas camadas mais pobres da sociedade, especialmente em educação e distribuição de renda. [43: Rosa, Guimarães 1996, p.519]
O sertão de hoje passa a ser a pobreza. Quem não tem condições de estar inserido no mercado global fica dependente da atuação do Estado que, como na República Velha, por motivos vários não consegue alcançar a grande maioria da população, que fica nas mãos deste verdadeiro poder paralelo. 
A partir do momento em que o Estado passar a atuar neste novo sertão, assegurando o piso vital mínimo a toda a população, e não mais deixando à própria sorte milhares de futuros bandidos, poderemos experimentar uma sociedade com capacidade crítica e força de atuação para melhorar a atuação do próprio Estado. 
Neste sentido, mostra-se imperativa a persecução de mudanças locais através de políticas públicas de inclusão nas diversas comunidades brasileiras, como forma de garantir uma perspectiva de futuro para esta parcela marginalizada da população, que certamente refletirá globalmente na redução dos problemas de segurança pública em todo o país. 
A partir da atuação local para busca de melhores condições de vida e concretização dos valores constitucionais, as mudanças poderão ser vivenciadas pelos maiores interessados, que também são os que mais se submetem à exclusão perpetrada pelo poder público na garantia das condições ideais de existência. O desafio está na nossa frente.
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“O direito deve ser humanizado, deve exerce ser um papel na sociedade como humanizador, fazer com que as pessoas se sintam mais valorizadas. Temos de olhar para as mulheres e homens como cidadãs e cidadãos, e principalmente como pessoas humanas. O direito deve ser instrumento de amor e felicidade, ele também deve ser instrumento de humanização no nosso crescimento como ser humano. “Como aplicar o direito: à luz de uma perspectiva axiológica, fenomenológica e sociológica política” (HERKENHOFF, João Baptista. 2007)”.Farejador de Plágio - NÂO REGISTRADO - Analisando SOMENTE 50% do documento
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