Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Gabarito da 1a V.E. de GMA00113 2011.2 — Turma B1 9 de janeiro de 2013 1. Decida, enunciando com cuidado os resultados usados, se as se´ries abaixo convergem ou divergem. (A) ∞∑ n=1 nn n! ; (B) ∞∑ n=1 (−1)nn 2 − 1 n2 + 1 ; Soluc¸a˜o (A) Para esta se´rie, temos an = nn n! . Como, an > 0 para n > 0, vamos calcular an+1 an = (n+ 1)n+1 (n+ 1)! n! nn = ( n+ 1 n )n . Portanto, lim n→∞ an+1 an = lim n→∞ ( n+ 1 n )n = e > 1. Portanto, a se´rie em questa˜o diverge. (B) Observe que o termo geral da se´rie e´ (−1)nn 2 − 1 n2 + 1 . Observando que lim n→∞ n2 − 1 n2 + 1 = 1, conclu´ımos que o termo geral na˜o vai a zero quando n→∞. Logo a se´rie na˜o-converge. 2. Para cada uma das func¸o˜es abaixo, encontre a se´rie de Taylor, ao redor do ponto x0 = 0 , e encontre tambe´m o respectivo raio de convergeˆncia: (A) f(x) = √ 1− x2; (B) g(x) = cosh(x). Soluc¸a˜o (A) Vamos primeiro calcular a se´rie de h(z) = √ 1− z = (1 − z)1/2. Calculando algumas derivadas observamos: 5 h′(z) = −1 2 (1− z)−1/2, h′′(z) = −1 · 1 2 · 2 (1− z) −3/2, h′′′(z) = −1 · 1 · 3 2 · 2 · 2 (1− z) −5/2. 1 A partir das contas acima, conclu´ımos que no expoente observamos que no expoente temos a sequeˆncia: 1/2,−1/2,−3/2,−5/2, . . .. Essa sequeˆncia pode ser escrita como 1−2n 2 . Quanto aos coeficientes, no denominador temos 2n. No numerador temos −1,−1·1,−1· 1 · 3, . . ., que pode ser escrita como Πnk=0(2k − 1). Combinando tudo obtemos h(n)(z) = Πnk=0(2k − 1) 2n (1− z) 1−2n2 . Portanto, a se´rie de Taylor de h em z = 0 e´ dada por: Th(z) = ∞∑ n=0 h(n)(0) n! zn = ∞∑ n=0 Πnk=0(2k − 1) n!2n zn. Para encontrarmos o raio de convergeˆncia de Th calculamos Πn+1k=0(2k − 1) (n+ 1)!2n+1 n!2n Πnk=0(2k − 1) = 2n 2(n+ 1) , cujo limite quando n→∞ e´ um. Assim, o raio de convergeˆncia de Th e´ igual a um. Finalmente, a se´rie de Taylor de f sera´ Tf (x) = ∞∑ n=0 Πnk=0(2k − 1) n!2n x2n, que converge sempre que x2 < 1, i.e., |x| < 1 e portanto tambe´m tem raio de con- vergeˆncia igual a um. (B) Lembrando que ex = ∞∑ n=0 xn n! , Temos cosh(x) = ex + e−x 2 = 1 2 ( ∞∑ n=0 xn n! + ∞∑ n=0 (−1)n(x)n n! ) = 1 2 ∞∑ n=0 1 + (−1)n n! xn = ∞∑ n=0 n par xn n! = ∞∑ k=0 x2k (2k)! . Logo, temos que cosh e´ anal´ıtica e como a sua representac¸a˜o em se´rie de poteˆncias e´ a soma de duas se´ries que teˆm raio de convergeˆncia infinito, ela tambe´m tera´ raio infinito de convergeˆncia. 2 3. Considere a equac¸a˜o: e−xy′′ − y = 0 (a) Discuta porque a equac¸a˜o acima pode ter a sua soluc¸a˜o representada por se´ries de poteˆncias. (b) Encontre a relac¸a˜o de recorreˆncia dessas se´ries. (c) Indique como usar a relac¸a˜o obtida no item anterior para expressar a soluc¸a˜o geral da equac¸a˜o. Soluc¸a˜o (a) Lembrando que ez nunca se anula, podemos multiplicar a equac¸a˜o por ex para obter y′′ − exy = 0. Como ex e´ uma func¸a˜o anal´ıtica em qualquer ponto, conclu´ımos que a equac¸a˜o acima tem coeficientes anal´ıticos e, portanto, a sua soluc¸a˜o sera´ anal´ıtica pelo Teorema de Cauchy-Kowalevsky-Fuchs. (b) Escrevendo y = ∞∑ n=0 anx n, ex = ∞∑ n=0 xn n! e substituindo na equac¸a˜o, obtemos 0 = ∞∑ n=2 n(n− 1)anxn−2 − ∞∑ n=0 xn n! ∞∑ n=0 anx n = ∞∑ n=2 n(n− 1)anxn−2 − ∞∑ n=0 cnx n = ∞∑ n=0 (n+ 2)(n+ 1)an+2x n − ∞∑ n=0 cnx n = ∞∑ n=0 [(n+ 2)(n+ 1)an+2 − cn]xn, onde cn = n∑ k=0 ak (n− k)! . Conclu´ımos portanto que an+2 = 1 (n+ 2)(n+ 1) n∑ k=0 ak (n− k)! , n ≥ 0. (c) Observando que a relac¸a˜o de recorreˆncia encontrada no item anterior depende de a0 e a1 e que y(0) = a0 e y ′(0) = a1, definimos y0 como uma soluc¸a˜o obtida a partir da relac¸a˜o de recorreˆncia com a0 = 1 e a1 = 0 e, analogamente, y1 com a0 = 0 e a1 = 1. Temos enta˜o que y0 e y1 satisfazem a equac¸a˜o em questa˜o e que y0(0) = 1, y ′ 0(0) = 0, y1(0) = 0 e y ′ 1(0) = 1. Assim, uma soluc¸a˜o que satisfac¸a y(0) = α e y ′(0) = β pode ser escrita como y(x) = αy0(x) + βy1(x). 3 4. Considere a equac¸a˜o de Legendre: (1− x2)y′′ − 2xy′ + n(n+ 1)y = 0, n = 0, 1, 2, 3, . . . (a) Explique, usando o Teorema de Frobenius ou de alguma outra maneira, porque ao menos uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o de Legendre sera´ anal´ıtica em x = 1. (b) Encontre a soluc¸a˜o anal´ıtica em x = 1 e mostre que, de fato, ela e´ um polinoˆmio de grau n. Esses polinoˆmios sa˜o conhecidos com polinoˆmios de Legendre. Nota O texto em vermelho foi adicionado durante a aplicac¸a˜o do exame. Soluc¸a˜o (a) Vamos escrever z = x− 1 e u(z) = y(1 + z). Enta˜o, u′ = y′ e u′′ = y′′. Substituindo na equac¸a˜o de Legendre encontramos: z(z + 2)u′′ + 2(z + 1)u′ − n(n+ 1)u = 0. (1) Escrevendo temporariamente a equac¸a˜o acima como u′′ + P (z)u′ −Q(z)u = 0. com P (z) = 2 z + 1 z(z + 2) e Q(z) = n(n+ 1) z(z + 2) . Enta˜o nem P (z) ou Q(z) sa˜o anal´ıticos em z = 0, mas zP (z) e zQ(z) sa˜o funco˜es racionais (quocientes de polinoˆmios) cujos denominadores na˜o se anulam em z = 0; portanto sa˜o anal´ıticas. Desta forma, por Frobenius, sabemos que ao menos uma das soluc¸o˜es tera´ a forma: u(z) = ∞∑ k=0 akz ν+k, a0 = 1. Se mostrarmos que ν = 0, enta˜o esta soluc¸a˜o sera´ anal´ıtica. Substituindo esta representac¸a˜o em (1), obtemos 0 = z(z + 2) ∞∑ k=0 (ν + k)(ν + k − 1)akzν+k−2 + 2(z + 1) ∞∑ k=0 (ν + k)akz ν+k−1 − n(n+ 1) ∞∑ k=0 akz ν+k = (z + 2) ∞∑ k=0 (ν + k)(ν + k − 1)akzk−1 + 2(z + 1) ∞∑ k=0 (ν + k)akz k−1 − n(n+ 1) ∞∑ k=0 akz k = 2 [ ∞∑ k=0 (ν + k)(ν + k − 1)akzk−1 + ∞∑ k=0 (ν + k)akz k−1 ] + ∞∑ k=0 (ν + k)(ν + k − 1)akzk + 2 ∞∑ k=0 (ν + k)akz k − n(n+ 1) ∞∑ k=0 akz k = 2 ∞∑ k=0 (ν + k)2akz k−1 + ∞∑ k=0 [(ν + k)(ν + k + 1)− n(n+ 1)] akzk. Observe agora que a segunda se´rie da u´ltima equac¸a˜o comec¸a em grau zero. Entretanto, a primeira comec¸a com um termo em 1/z. Mais precisamente ∞∑ k=0 (ν + k)2akz k−1 = ν2 z + ∞∑ k=1 (ν + k)2akz k−1. Temos, portanto, que ν = 0 como quer´ıamos mostrar. 4 (b) Para encontrar a soluc¸a˜o desejada, vamos continuar de onde paramos no item anterior, mas ja´ levando em conta que ν = 0: 0 = 2 ∞∑ k=0 (ν + k)2akz k−1 + ∞∑ k=0 [(ν + k)(ν + k + 1)− n(n+ 1)] akzk = 2 ∞∑ k=0 k2akz k−1 + ∞∑ k=0 [k(k + 1)− n(n+ 1)] akzk = 2 ∞∑ k=1 k2akz k−1 + ∞∑ k=0 [k(k + 1)− n(n+ 1)] akzk = 2 ∞∑ k=0 (k + 1)2ak+1z k + ∞∑ k=0 [k(k + 1)− n(n+ 1)] akzk = ∞∑ k=0 { 2(k + 1)2ak+1 + [k(k + 1)− n(n+ 1)] ak } zk. Donde conclu´ımos que ak+1 = n(n+ 1)− k(k + 1) 2(k + 1)2 ak. Desta relac¸a˜o, conclu´ımos que, se ak∗ = 0, enta˜o ak = 0, para k ≥ k∗. Por outro lado, como a0 = 1, teremos ak + 1 = 0 se, e somente se, k = n. Logo, u sera´ um polinoˆmio de grau n. Como y = u(x− 1) temos que y tambe´m e´ um polinoˆmio de grau n. 5
Compartilhar