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TEORIA GERAL DA POSSE

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TEORIA GERAL DA POSSE 
 
AULA 01 
1. APRESENTAÇÃO 
O Eminente Professor Clóvis Beviláqua define Direito das Coisas como “um 
complexo de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas”, 
lembrando que coisas o ilustre autor define como gênero, da qual a espécie é o 
bem, algo de interesse do homem e, por conseguinte de interesse relevante 
para o direito. 
Afirmamos, então, que Direito das Coisas é o conjunto normativo que rege as 
relações jurídicas que envolvem os bens que são de interesse das pessoas, 
quer tangíveis ou intangíveis. 
O Código Civil Brasileiro utiliza o título “Direito das Coisas” pela influência da lei 
germânica e também do Código Napoleônico (de 1804) principalmente no que 
diz respeito aos direitos que possuem a coisa como objeto imediato. 
Também são utilizados os termos Direito Reais, mas estes estão inseridos 
especificamente pela norma e são numerus clausus. 
Nesse contexto é que se apresenta a Posse, fenômeno jurídico de difícil 
definição que se insere no Direito das Coisas, pois afinal se encontra na 
relação jurídica, pessoa – coisa, ou bem. 
É neste viés de compreensão das relações possessórias que delineamos o 
conteúdo que se apresenta para o início do curso de Direito Imobiliário. 
Inúmeras são as dificuldades que aparecem no estudo da posse, muita 
doutrina já foi elaborada, mas embora os pesquisadores da ciência jurídica 
tenham se debruçado ao redor do tema, ainda permanecem vários pontos 
controvertidos e nebulosos. 
O nosso direito protege não só a posse da mesma forma que protege a 
propriedade e outros direitos reais, mas a posse em virtude de suas 
caraterísticas especiais figura de forma autônoma na topografia do Código Civil 
(artigos 1.196 e seguintes). 
O professor Oliveira Ascenção, da Universidade de Lisboa, afirma que a posse 
é uma das grandes manifestações do direito, ou seja, o catedrático dissertava e 
alertava para a singularidade da relação existente no jus possessionis. 
Então, se alguém exercer poderes sobre uma coisa exteriorizando a 
titularidade de um direito, a ordem jurídica permite que sobre esse simples fato 
continue a exercê-lo, sem exigir maior justificação. 
O que se entende se é titular, ou se apresenta como tal, permanecerá titular, 
sem a necessidade de se provar a titularidade. 
É a exteriorização de dono como posse, ou seja, apresenta-me como dono e 
assim sou considerado. 
Óbvio que em dado momento lhe será cobrado como foi a assunção como 
dono, sua legitimidade, a anterioridade do possuidor, entre outros, mas é 
controvérsia para outra aula. 
Neste momento, depreendemos que a o direito de posse, existe no qual o fato 
estriba o direito. A posse é protegida para evitar a violência e assegurar a paz 
social, porque a situação de fato aparenta ser uma situação de direito, ou seja, 
é uma situação de fato protegida pelo direito. 
A compreensão do instituto posse não poderia de afastar do conteúdo geral do 
novo Código Civil e sua composição de atendimento ao fim social, a 
socialidade, como toda propriedade deve buscar seu fim social e econômico, 
não seria diversa com relação a posse, que contém, além assegurar a paz 
social, mas também atingir o interesse social da comunidade conforme 
preconiza os primados que envolvem o direito privado, após a vigência do novo 
Código Civil, em total consonância com a Constituição Federal. 
Não estamos distantes das demais legislações possessórias, pois O Código 
Civil Suíço assim apresenta o instituto posse Besitz, em seu art. 919 que 
“Aquele que tem o poder efetivo sobre uma coisa é seu possuidor". 
Também o artigo 920, numa clara demonstração de que a posse no sistema de 
direito positivo suíço é passível de desdobramento e, portanto, conferindo a 
condição de possuidor também àquele que não seja proprietário, distingue a 
posse originária, que é a posse do proprietário, da posse derivada, que é a 
posse do "não proprietário". 
Então, o instituto posse recebe tratamento similar em legislações estrangeiras, 
sempre com o intuito de proteção e preservação da exteriorização do poder 
sobre algum bem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIA GERAL DA POSSE 
AULA 02 
2. POSSE - BREVE HISTÓRICO 
O homem, desde o seu surgimento, não foi diferente com a relação ao ato 
volitivo de possuir coisas. Jamais saberemos quando e como surgiu a noção de 
posse, que em sua concepção primitiva é um vínculo estabelecido entre um 
indivíduo ou um grupo e um determinado bem da vida. 
 Este vínculo pode ter um caráter exclusivamente individual, através do qual um 
indivíduo se reconhece com senhorio sobre um bem, ou pode apresentar a sua 
institucionalização, vale dizer, reconhecimento por terceiros. 
A própria noção de Direito é variável na história. Mas utilizando a atual visão 
que temos do Direito, podemos afirmar que, certamente, a posse esteve 
presente desde as mais primitivas formas de organização humana. 
Outras descobertas arqueológicas ainda muito mais antigas, que remontam a 
períodos de dezenas de milhares de anos revelam a existência de uma relação 
de posse de indivíduos ou grupos em relação a objetos ou áreas. 
Ainda mesmo no Direito Romano é preciso termos cuidado já que sob esta 
categoria pode ser descrito o Direito de um período de aproximadamente 12 
séculos. 
Podemos afirmar que a propriedade inicialmente era das gens, surgindo, 
posteriormente a propriedade do Estado. 
Com a propriedade estatal, surgiu o dominium, poder conferido pelo Estado 
aos particulares sobre as terras, o qual tomava a forma de concessões que se 
faziam através de um dos seguintes instrumentos: assinationes viritanae, por 
solicitação dos cidadãos; assignationes coloniae, visando à fundação de uma 
nova colônia; ou pelas agri questorii, através de venda em leilões pelos 
"questores". 
A posse sobre a terra era exercida, assim, por três formas. Pelo exercício do 
dominium pela ocupação de terras devolutas e por concessões que 
asseguravam a mera fruição, sem transferência do domínio, sendo esta última 
forma a agri occupatori, mediante o pagamento de uma "pensão", denominada 
vectigal, paga ao Estado. 
A posse na Idade Média (Europa) possui sua maior expressão com a figura do 
feudo principal como unidade econômica, que se dividia em três partes: a 
propriedade privada do senhor, chamada de domínio ou manso senhorial, no 
interior da qual havia geralmente um castelo fortificado; o manso servil, ou seja, 
a porção de terras arrendadas aos camponeses e que eram divididos em lotes, 
chamados de tenências; e o manso comunal, terras coletivas (pastos e 
bosques) usadas tanto pelo senhor como pelos servos, ou seja, a posse era 
primazia do senhor feudal e concedida aos seus servos. 
Com a Revolução Francesa, um novo conceito de posse se instala na Europa, 
pois, com a abolição do regime feudal que foi um dos grandes “motes” para a 
nova sociedade por consequência na relação possessória. 
Com o Código Civil Francês, publicado em 1804, consolidou esta situação, 
priorizando uma visão privatista da propriedade e da posse. Na esteira do 
Código Napoleônico, surgiram os códigos: austríaco (1811), neoirlandês 
(1838), saxão (1863), italiano (1865). 
Na mesma esteira a Constituição Americana apresenta o direito da propriedade 
e por consequência a liberdade no efeito posse. 
No Brasil, o Código Civil de 1916, de concepção liberal europeia não ficou 
imune à discussão doutrinária ocorrida nesse percurso histórico que se deu, 
especialmente, a partir da segunda metade do século XIX no Brasil, e que 
acabou estabelecendo um eixo de análise para a posse, embora não exclusivo, 
em torno das ideias de Savigny e Ihering, além de certa influência de autores 
portugueses do final do século XVIII e do século XIX. 
Para os doutrinadores no início do Século XX, posse traduzindo em a posse 
constituia condição de fato da utilização econômica da propriedade, sendo 
assim o direito de possuir é um elemento indispensável da propriedade. A 
posse é a porta que dá acesso à propriedade e por decorrência a proteção 
possessória apresenta-se como posição defensiva do proprietário, traçando os 
primeiros rumos da posse na era moderna, posição esta defendida até os dias 
atuais por alguns autores. 
O Código Civil de 2002, inovador e distante de um conceito liberal, definido por 
Ricardo Fiuza e Miguel Reale apresentam a posse com instituto de relação de 
fato, não a definindo, mas apresentando quais os atributos de sua 
apresentação, ou melhor, de sua exteriorização perante os demais para se 
configure a condição de futuro proprietário. 
 “Considera-se possuidor, todo aquele que tem de fato o exercício, pleno 
ou não, de alguns dos poderes inerentes à propriedade” (artigo 1.196 - Código 
Civil Brasileiro). 
 
 
 
 
AULA 03 
TEORIA GERAL DA POSSE 
Após um breve relato sobre a posse, retornamos as grandes distinções que 
envolvem as diversas classes de direitos intrínsecos no Direito Privado, mais 
precisamente no Direito Civil, já preparando o aluno para as demais disciplinas 
que envolverão necessariamente o tema. 
3. A DISTINÇÃO ENTRE OS DIREITOS REAIS E OBRIGACIONAIS 
3.1. INTRODUÇÃO 
 
O Direito das Coisas é o ramo do Direito Civil que regula as relações jurídicas 
reais, entendidas estas como as que se estabelecem entre o titular de uma 
coisa e a sociedade em geral (os não titulares do bem). 
 
 
 pessoa bem outras pessoas 
 (titular) (sem direito ao bem) 
 
 
 
O homem, na busca de satisfazer suas necessidades, procura apropriar-se das 
coisas que encontra na natureza, porém, não as que se apresentam de forma 
abundante, mesmo considerando sua enorme utilidade, como a água potável, o 
ar atmosférico, entre outros; somente quando as coisas são úteis e raras, 
quando passam a constituir bens, é que se tornam objeto de apropriação, 
estabelecendo entre elas e os homens um vínculo jurídico, o domínio. 
 
Entre titulares e não-titulares surgem direito e deveres. Os deveres, chamados 
obrigações reais, traduzem-se na abstenção de qualquer ato prejudicial ao 
direito do titular. 
 
 Em correspondência, existem os direitos do titular, tidos como direitos reais. 
 
Neste diapasão, temos que o Direito das Obrigações tem como objeto os 
direitos creditícios, enquanto que o Direito das Coisas, os Direitos Reais. 
 
3.2 DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS REAIS E OBRIGACIONAIS. TEORIAS. 
 
Com a intenção de diferenciar direitos reais e obrigacionais, surgiram teorias 
voltadas para este estudo. São elas: 
 
3.2.1 CLÁSSICA OU REALISTA 
Os direitos reais seriam o poder imediato sobre uma coisa; os obrigacionais, o 
poder de exigir que se dê, faça ou não se faça algo. 
A distinção dos mesmos é feita de acordo com vários referenciais. 
a) Quanto aos elementos constitutivos: os direitos reais possuem dois 
(titular e objeto), já os obrigacionais três (sujeito ativo, passivo e objeto). 
b) Quanto às vantagens: nos direitos reais há poder de sequela (direito de 
sequela), de seguir a coisa onde quer que ela vá, direito de dono. Nos 
obrigacionais, nenhuma. 
c) Quanto à sanção: os direitos reais são oponíveis erga omnes, contra 
todos. Os obrigacionais contra pessoas certas, determinada, o devedor, que é 
a única pessoa da qual o credor pode exigir o crédito. 
d) Quanto aos modos extintivos: os reais não têm prazo para extinguir, 
podendo ser perpétuos. Enquanto os obrigacionais duram até o pagamento. 
e) Quanto aos modos de aquisição: os direitos reais têm modos peculiares 
de aquisição; assim, a propriedade, por exemplo, adquire-se pelo registro ou 
tradição, pela acessão e pela usucapião. Os direitos de crédito se adquirem 
pela ocorrência de fato, como um contrato ou ato ilícito. 
f) Quanto à posse: somente uma coisa pode ser possuída, por ser a posse 
o elemento externo da propriedade. Já para um direito obrigacional isso não é 
possível. 
g) Quanto aos caracteres gerais: os efeitos dos direitos reais são 
expressamente regulados em lei e estes se adquirem de uma só vez. Dos 
direito de crédito podem ser estipulados em convenção e podem ser adquiridos 
em prestações. 
 
3.2.2 PERSONALISTAS 
 
As teorias personalistas negam a possibilidade de haver uma relação jurídica 
entre um titular e um bem, defendendo que estas só existem entre pessoas. As 
teorias personalistas enxergam que a distinção entre direitos reais e 
obrigacionais são ora em função do sujeito passivo, ora em função do objeto, 
ora em função do vínculo. Vejamos: 
a) Primeira teoria personalista (Windscheid, Roguin e Planiol): tanto os 
direitos reais como os de crédito decorrem de relações obrigacionais entre 
pessoas. Diferença: sujeito passivo; nos reais é universal, toda a sociedade, e 
nos de crédito, uma ou várias pessoas determinadas, os devedores. 
b) Segunda teoria personalista (Michas e Quéru): a diferença existe em 
função do objeto, que no direito real é um bem, e no obrigacional, uma 
prestação. 
c) Terceira teoria personalista (Démogue): nenhuma das diferenças 
apresentadas é importante, o que existem são direitos fortes (reais) e fracos 
(creditórios). A diferença mais importante é a intensidade do vínculo jurídico. 
d) Quarta teoria personalista (Thon e Schlobman): os direitos de crédito 
são subjetivos, ao passo que os direitos reais são de necessidade social. 
3.2.3. TEORIA DA INSTITUIÇÃO (Hauriou) 
Os direitos reais teriam sua fonte na própria instituição social, e não nas 
relações pessoais ente os indivíduos. A coletividade organizada institucionaliza, 
cria seus mecanismos de defesa dos direitos dos indivíduos sobre suas coisas. 
 
3.2.3 OBRIGAÇÕES PROPTER REM 
 
As obrigações reais, proter rem (em razão da coisa) ou in rem 
scriptae(gravadas na coisa), situam-se entre o direito real e o obrigacional. 
Surgem como obrigações pessoais de um devedor, por ser ele titular de um 
direito real. Porém, aderem mais à coisa do que propriamente ao seu titular. 
Ex.: dívidas de impostos prediais, despesas de condomínios, hipoteca. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 04 
 
TEORIA GERAL DA POSSE 
 
DISTINÇÃO ENTRE DIREITO REAIS E OBRIGACIONAIS- II 
 
4.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DO DIREITO REAL 
 
 
 Segundo Lafayette, “é o que afeta a coisa direta e imediatamente, sob todos 
ou sob certos respeitos e a segue em poder de quem quer a detenha”. 
 
É o direito que se prende à coisa, prevalecendo com a exclusão da 
concorrência de quem quer que seja independendo para o seu exercício da 
colaboração de outrem e conferindo ao titular a possibilidade de ir buscar a 
coisa onde ela se encontre, para sobre ela exercer seu direito. 
Enfim, o direito real apresenta-se como um vínculo entre pessoa e coisa, 
prevalecendo contra todos, conferindo ao seu titular a prerrogativa da sequela 
e a ação real; ademais, é exclusivo e tem seu número limitado pela lei. 
 
4.2 CARACTERÍSTICAS: 
 
a) Relação entre a pessoa e a coisa; 
b) Oponibilidade erga omnes; 
c) Direito de sequela; 
d) Direito de preferência; 
e) Ação real; 
f) Exclusividade; 
g) Numerus clausus. 
 
4.3 OS DIREITOS REAIS ENUMERADOS PELO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
 
O Código Civil Brasileiro, em seu art. 1225, enumera como direitos reais a 
propriedade, a superfície, as servidões, o usufruto, o uso, a habitação, o direito 
do promitente comprador do imóvel, o penhor, a hipoteca e a anticrese. Esse 
rol, pelo entendimento da maioria dos juristas, é numerus clausus, sendo 
taxativa a enumeração, e não meramente exemplificativa. 
 
São contrários a essa opinião,advinda do direito romano, Washington de 
Barros e Pontes de Miranda, entre outros. Como defensores, temos Serpa 
Lopes, Clóvis Beviláqua, César Fiuza, Maria Helena Diniz, Silvio Rodrigues, 
etc. 
Obs.: a enfiteuse foi extinta pelo CC/2002, porém continua regulada pelo 
CC/1916, a respeito das já constituídas. 
 
 
4.3 CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS REAIS 
 
Primeiramente, os direitos reais são classificados considerando o objeto que 
recai. 
 
 Temos, assim, direitos reais sobre coisa própria (propriedade) e sobre coisa 
alheia (os demais). 
Os direitos reais sobre coisa alheia subdividem-se sob a ótica de sua 
finalidade, temos: 
 
 Direitos reais de gozo (uso e fruição): servidões, superfície, usufruto, uso 
e habitação, enfiteuse. 
 Direitos reais de garantia: penhor, hipoteca, anticrese. 
 Direitos reais de aquisição: promessa irretratável de venda de imóvel. 
 
 
4.4 PRINCÍPIOS 
 
Principio da Aderência 
 
Estabelece um vínculo, uma relação de senhorio entre a coisa e a pessoa 
(titular), não dependendo de nenhuma relação com terceiro. 
 
Princípio Absolutismo 
 
Os direitos reais se exercem erga omnes , ou seja, contra todos, que devem 
abster-se de molestar o titular. Surgindo o direito de sequela ou o jus 
persequendi. 
 
 
Princípio da Publicidade 
 
Os Direitos Reais, em sendo imóveis, somente se adquirem com o Registro 
(Cartório de Registro de Imóveis) e pela tradição, quando móveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 05 
 
TEORIA GERAL DA POSSE 
 
 
5. TEORIAS SOBRE A POSSE 
 
O Estudo da posse é rico em teorias que venham a desvendar a sua real 
origem. 
Podemos reduzir as teorias que tentam explicar a posse em dois grupos, sendo 
que o primeiro se refere à Teoria Subjetivista da Posse proclamada por 
Friedrich Karl von Savigny, primeiro jus filósofo a trata do tema na era 
moderna. 
E outro grande jus filósofo que tratou do tema Rudolf von Ihering, com as 
Teorias dos Objetivistas. 
Temos teorias intermediárias, coma a eclética, de Ferrini (onde a posse é um 
direito e um fato). 
 
5.1 TEORIA SUBJETIVA DE SAVIGNY 
 
Savigny em sua obra intitulada “Tratado da Posse” pesquisa a dogmática 
romana no contexto da posse, afirmando sua posição autônoma e de direito 
exclusivos e estritamente resultantes da posse. 
O jus possessionis, para o autor, ou seja, a posse se caracterizava pela 
conjugação de dois elementos, o corpus e o animus. 
Sendo que o primeiro consiste na detenção física da coisa, e o segundo no 
elemento volitivo, ou seja, no elemento subjetivo que se encontra na intenção, 
vontade de exercer o direito sobre certa coisa. É o exercício da posse pelo 
possuidor. 
Não é a concepção de ser dono, mas a vontade de ter o bem como seu. 
Na visão do ilustre jurista, os dois elementos são fundamentais para a 
compreensão da posse, incide na indispensabilidade, pois falta do corpus , 
segundo sua teoria inexistirá a figura da posse, da mesma forma o animus. 
Então, desenvolveu a teoria que a posse é o poder de dispor fisicamente da 
coisa, com ânimo de considerá-la sua e defender contra terceiros. 
Sintetizando: dois elementos- corpus – elemento material 
 e animus- propósito de ter a coisa- vontade 
 animus rem sibi habendi 
Somente o animus, para Savigny: é mera detenção. 
Não houve base para a progressão de sua teoria, pois com a figura do 
arrendatário e do locador, a teoria não foi assimilada pelo direito moderno. 
 
5.2 TEORIA OBJETIVA DE IHERING 
A Teoria de Rudolf von Ihering, é por ele batizada como objetiva, ou seja, não 
há elementos subjetivos que adornam a posse, pois não empresta a vontade 
ao animus. 
Para Ihering, portanto, basta o corpus para a caracterização da posse, ou seja, 
a relação física não é necessária, desde eu haja por parte do possuidor a 
vontade de ser dono. 
A posse é a condição do exercício da propriedade. 
A distinção entre corpus e animus é irrelevante, pois a noção de animus já se 
encontra na de corpus, sendo a maneira como a maneira como o possuidor 
age em face da coisa. A condição de possuidor se revela na maneira em que o 
dono age perante a coisa. 
Ex: o lavrador que deixa sua colheita no campo não a tem fisicamente, 
entretanto conserva em sua posse. 
O madeireiro que lança à correnteza os troncos na montanha para que o rio os 
conduza a serraria, não tem o poder físico, mas mantém a posse. 
 
A conduta de ser dono pode ser avaliada de madeira objetiva, sem a 
necessidade de se pesquisar a intenção. A posse, então, torna-se a 
exteriorização da propriedade. 
 
O Código Civil de 2002, aparente adotada a Teoria de Ihering. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 06 
 
TEORIA GERAL DA POSSE 
 
 
6. POSSE- CONCEITUAÇÃO 
 
O conceito de posse remonta ao período romano, embora encontre traços em 
outras civilizações mais antigas. 
Na Lei das Doze Tábuas, a posse é alcançada por via indireta, pois descreve 
em dados momentos a pena para aquele que retira algo de alguém, deduzindo 
que havia uma relação possessória entre um titular e seus bens, ou até 
inclusive sobre sua mulher e escravos. 
Embora haja uma variedade de entendimentos, a posse após, segundo a 
doutrina tradicional está sempre na direção da compreensão da situação de 
fato. 
Posse – situação de fato. 
Posse é a conduta de dono, segundo Ihering, adotada pelo nosso Código. 
O conceito de posse é dado no artigo. 1196 do Código Civil Brasileiro, que 
descreve as questões de exercício dos atributos da propriedade. 
Verifique que o legislador apresentou como nuclear a condição da expressiva 
de posse, o animus em ser possuidor, na visão de João Batista Monteiro, a 
posse implica no exercício dos poderes de fato, não podendo recair sobre um 
direito real. 
Aduz o eminente autor que a posse está vinculada a expressividade de ser 
possuidor, não na relação normativa que recai sobre os direitos reais. 
Lembrando que não induz posse atos de mera permissão, que estudaremos 
mais adiante, bem como os atos violentos ou clandestinos. 
O titular da posse tem o interesse potencial em permanecer, conservar e 
proteger de qualquer tipo de mol estação que porventura venha a ser praticada 
por outrem. 
 
Outros autores apresentam a formação do conceito de posse de forma indireta, 
ou seja, utilizando outra técnica, mas que sempre caminharão para a 
conceituação posse-estado de fato - animus. Vejamos. 
 
Segundo o Prof. Silvio Rodrigues: 
 
 Um proprietário de um prédio se encontra em pleno gozo e 
uso, quando violentamente desapossado. Como o 
ordenamento jurídico repele a violência, ou seja, o esbulho, 
independentemente de ser proprietário, poderá propor a devida 
reintegração, estabelecendo a situação anterior, de fato. O 
Poder Judiciário restabelecerá a situação de fato anterior. 
 
Outro exemplo é daquele que adquirindo prédio de outrem, que não seu dono, 
nele se instala. Após o verdadeiro proprietário vêm e pretende privar 
violentamente da posse que goza. Como a lei não permite tal situação, ou seja, 
justiça pelas próprias mãos. Permanecendo a situação de fato, até que o 
verdadeiro proprietário, via judicial, demonstre o direito. 
De ambos os casos retiramos a conclusão que o ordenamento jurídico visa à 
permanência da situação de fato, até que se configure a situação de direito, via 
sentença judicial, visando assegurar a paz social. 
Temos, portanto, a situação de posse, protegida pelo ordenamento. 
A relação material entre a pessoa e a coisa. A situação de fato que se 
estabelece entre ele e a coisa se justifica em um direito preexistente, de modo 
que sua posse decorre de um jus possidendi ( Otávio Moreira Guimarães). 
A situação de fato poderá vir desacompanha de um direito anterior, pois 
alguém pode ocupar terra alheiade modo manso e pacífico por certo lapso 
temporal adquirindo certa estabilidade e até adquirir a própria propriedade. O 
Jus Possessionis. 
A posse é uma situação de fato protegida pelo ordenamento jurídico. 
É real na aparência e situação, sendo posse a exteriozação do jus utendi, jus 
fruendi, rei reividicatio, e o jus disponendi. 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 07 
Teoria Geral da Posse 
 
7.1 DISTINÇÃO POSSE E PROPRIEDADE 
A posse como afirmamos anteriormente, é uma relação de fato entre o sujeito e 
o bem, protegida pelo ordenamento. 
A propriedade é um a relação de direito, ou seja, a norma apresenta de modo 
claro situação topográfica da propriedade, inserta nos Direito Reais, que em 
nosso ordenamento é considerado “numerus clausus”, ou seja, somente a lei 
poderá criar um direito real. 
 A distinção, portanto, entre a posse e a propriedade é transparente, não 
necessita de maiores ilações, pois a propriedade é o mais amplo direito sobre a 
coisa, podendo usar, fruir, consumir e até mesmo destruir. 
A posse tem o poder de fato exercido por uma pessoa sobre uma coisa, 
relação esta que também é tutelada por lei onde se revela a intenção de 
exercer o direito possessório. 
A posse do proprietário é consequência do seu direito de possuir, esse direito 
pode ser adquirido por aquisição ou também por doação. 
Portanto a posse consiste em uma relação de pessoa e coisa, criando uma 
mera relação de fato, e a propriedade é a relação entre a pessoa e a coisa, que 
assente na vontade objetiva da lei, onde é criada uma relação de direito. 
A propriedade é relação entre pessoa e a coisa diante da lei implicando poder 
jurídico e criando relação de direito. 
A posse é a relação pessoa e coisa, fundado na vontade do possuidor, criando 
mera relação de fato. 
Em ambos, há proteção legal. 
 
7.2 DISTINÇÃO ENTRE POSSE E DETENÇÃO 
Prof. Carlos Roberto Gonçalves exemplifica que o possuidor é aquele que 
exerce o poder de fato em razão de interesse próprio, já o detentor, no 
interesse de outrem, é o caso típico dos caseiros e de todos aqueles que zelam 
por propriedades em nome dos donos. Podem ser mencionados, ainda, como 
exemplos de detenção a situação do soldado em relação às armas no quartel e 
a do preso em relação às ferramentas com que trabalha. 
“fâmulos da posse, não podem invocar a sua proteção, mas com dever de 
vigilância”. 
Embora, portanto, a posse possa ser considerada uma forma de conduta que 
se assemelha à de dono, não é o possuidor uma vigilante permanente da 
posse, possibilitando à norma a delegação para outro a conserve em seu lugar, 
desde sob as orientações e ordens: “detentor é aquele que age em nome do 
possuidor e em cumprimento de suas orientações e ordens”. 
É o típico caso, consagrado na doutrina, dos caseiros e de todos aqueles que 
de alguma forma zelam pelo patrimônio alheio. 
 
7.3. POSSE E QUASE POSSE 
 
A quase posse vem do Direito Romano, mas alertando o discente, desde já, 
não a teoria não foi adotada pelo Código Civil de 2002. 
Trata-se de da compreensão de que os romanos, não consideravam a posse 
emanada de uma relação de exteriorização somente do animus de dono. 
Para os romanos, a posse derivada da propriedade e a está estava vinculada. 
Era exercida de um direito real menor ou de direitos reais sobre coisas alheias, 
tais como a servidão, o usufruto entre outros. 
Assim, o poder de fato ou a posse era emanada de um direito obrigacional ou 
pessoal, como na locação ou no comodato (atuais). 
Os direitos, segundo os romanos, que poderiam constituir objeto de uma quase 
posse eram: 
a) As servidões pessoais (usufruto e uso de escravos); 
b) As servidões prediais (ligadas ao imóvel); 
c) A superfície 
Observamos que tal distinção não passa de escorço histórico para a 
compreensão de temas atuais, pois o objeto da posse naquele período 
avançava dos bens para as pessoas, algo abominada pela sociedade ocidental 
moderna. 
O Objeto da posse em quase todas as legislações modernas é o bem. 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 08 
TEORIA GERAL DA POSSE 
8. NATUREZA JURÍDICA DA POSSE 
 
Para aqueles que defendem a teoria subjetiva, a posse é ao mesmo tempo um 
fato e um direito, aponta-se que se trata de um acontecimento casual que 
produz efeitos jurídicos, já para teoria objetiva a posse é simplesmente um 
direito por representar um interesse juridicamente protegido. A doutrina 
moderna tem de considerá-la a posse um direito. 
O Professor Caio Mario da Silva Pereira realça que o debate doutrinário desse 
aspecto não tem hoje grande importância bastando dizer que nascendo a 
posse de uma relação de fato converte-se desde logo em uma relação jurídica. 
Admitida a posse como direito perdura o dissenso sobre a natureza desse 
direito, ou seja, se ele é pessoal ou real. Civilistas como Caio Mario da Silva 
Pereira, Orlando Gomes, e Pontes de Miranda conclui que a posse é um direito 
real. Eles dão conta; realçam que a sujeição da coisa à pessoa é direta e 
imediata, e o direito do possuidor é exercitado “erga omnes” como todo direito 
real. 
O Código de Processo Civil, no artigo 10, § 2º não reconhece que o direito de 
posse tem natureza real, dispõe que nas ações possessórias, a participação do 
cônjuge do litigante só será indispensável no caso de composse ou de atos 
praticados por ambos os cônjuges. A participação do casal em uma ação 
possessória não decorre da natureza jurídica da posse, mas da comunhão de 
direitos e obrigações. 
Quanto à natureza jurídica da posse, Savigny sustenta que a posse é ao 
mesmo tempo um direito e um fato. Se considerada em si mesma é um fato; 
Considerada nos efeitos que gera, sendo eles usucapião e interditos, ela se 
apresenta como um direito. 
Para Ihering, a posse nada mais é que um direito. Partindo ele, de sua 
definição de direito subjetivo, segundo o qual aquele é o interesse 
juridicamente protegido. 
Há alguns doutrinadores que defendem ser a posse um direito real e não um 
estado de fato. 
 Neste sentido, aduz Maria Helena Diniz, que a posse é um direito real, posto 
que é a visibilidade ou desmembramento da propriedade. Podendo aplicar o 
princípio de que o acessório segue o principal, visto que não há propriedade 
sem posse. 
Arguindo ainda, que o princípio contido no art. 1191 no nosso código civil, de 
que a tutela possessória do possuidor direto abrange a proteção contra o 
indireto, artigos. 1210 e 1212 do Código Civil e nos artigos. 920 e seguintes do 
Código de Processo Civil e, que é possível verificar que o caráter jurídico da 
posse decorre da própria ordem jurídica que confere ao possuidor ações 
específica para se defender contra quem quer que o ameace, perturbe ou 
esbulhe. 
Prossegue a eminente professora, acenando que na posse se encontram todos 
os caracteres dos direitos reais, tais como: 
-seu exercício direto, sem intermediário; 
 -sua oponibilidade contra todos; 
 A sua incidência em objeto obrigatoriamente determinado. Devido à posição 
da “posse” na sistemática do nosso direito civil, não ter, pois nenhum obstáculo 
a sua qualificação como direito real. 
Por outro lado, o jurista Silvio Salvo Venosa defende a natureza da posse como 
estado de aparência. 
 Tal revela-se o posicionamento adotado pela doutrina majoritária e tradicional 
aduz este jurista que, no caso de um possuidor que tiver sido desapossado da 
coisa, tendo que provar sempre, e a cada momento, sua propriedade ou outro 
direito real na pretensão de reaquisição do bem, teria sua devida tutela e 
prestação jurisdicional prejudicada em face da morosidade e tardiamente, 
instaurando-se desse modo a inquietação social. 
Deve-se levar em conta, que esse estado de aparência, que pode originar-se 
sem que contenha qualquer substrato jurídico, pode servir para a aquisição da 
propriedade,como no casso de usucapião. Por essas e outras razões deve o 
direito fornecer meios de proteção àqueles que se mostram como aparentes 
titulares de direito. 
Segundo Silvio Rodrigues, não se pode considerar a posse Direito Real, 
porque ela não figura na enumeração do artigo 1225 do Código Civil de 2002 
que é praticamente os mesmos elencados no artigo 674 do Código Civil de 
1916, posto que, aquela regra é taxativa e não exemplificativa, tratando-se aí 
de numerus clausus. 
Alguns autores, que a natureza jurídica da posse é especial. 
 
 
 
 
 
 
AULA 09 
TEORIA GERAL DA POSSE 
9. CLASSIFICAÇÃO DA POSSE 
 
A doutrina verificando o texto legal e de maneira objetiva, de imediato, traduz 
que a posse possa ser classificada de várias maneiras, além do descrito na 
norma. 
Esta apresenta a posse exclusiva, a composse e posses paralelas: posse nova, 
posse velha entre outras. 
Temos também as derivações para a posse de má-fé, boa-fé e outras 
modalidades que passaremos a descrever nas próximas aulas. 
 
9.1 POSSE DIRETA E INDIRETA 
A lei reconhece a possibilidade de existência de duas categorias simultâneas 
de possuidores, qualificando-os como possuidores diretos e possuidores 
indiretos. 
A posse, embora seja por sua natureza exclusiva a norma lhe concebe a 
múltipla posse sobre mesma coisa. 
Vejamos o que dispõe o artigo 1.197 do Código Civil: 
A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, 
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não 
anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o 
possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. 
Observamos que há convivência de vários institutos sobre o mesmo bem, ou 
seja, um possuidor direito e um indireto. 
Então, temos a existência de uma relação jurídica negocial ou legal entre 
possuidores – direto (imediato) e indireto (mediato). Ocorrendo um 
desdobramento da relação possessória. 
Dessa forma tanto os possuidores direto quanto o indireto pode valer–se das 
ações possessórias. 
Podemos concluir- Possuidor direto – o titular exerce diretamente. 
O indireto quando o titular se afasta por sua vontade, então a detenção da 
coisa e transfere a posse a outrem que inicia o exercício da posse direta. 
Exemplos- possuidores diretos: o usufrutuário, o depositário, o credor 
pignoratício, o locatário, o comodatário, pois todos detêm a coisa que lhes foi 
transferida pelo dono, mas este ao transferir conservou na condição de dono. 
A posse direta e indireta convive harmoniosamente, segundo o termo utilizado 
pelo ilustre professor Carlos Roberto Gonçalves, e não se colidem como segue: 
Possuidor direito, por ter o poder de fato sobre a coisa, 
objeto da posse direta, tem posse real e efetiva. 
O desdobramento da posse em direta e direta pode ocorrer em vários casos, 
como nos contratos de compra e venda com reserva de domínio (Na venda 
com reserva de domínio, o alienante, embora tendo transferido ao adquirente a 
posse da coisa alienada, conserva o domínio sobre a mesma até ser pago da 
totalidade do preço). 
Nos casos de alienação fiduciária também figuram o possuidor direito e indireto 
(alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a 
posse indireta da coisa móvel alienada, independentemente da tradição efetiva 
do bem, tornando-se o alienante ou devedor em possuidor.). 
No sentido contrário, temos a lavra do Professor José Paulo Cavalcanti, que 
afirma que o possuidor indireto, não seria um “possuidor efetivo”, nem uma 
ficção, mas deu-lhe uma legitimação extraordinária para propor ação 
possessória. 
Os desdobramentos da posse podem ser sucessivos, assim sendo feito o 
primeiro, poderá o possuidor direto efetivar novo desdobramento, e assim 
sucessivamente é o que ensino Carlos Roberto Gonçalves. 
Enfim, há uma coexistência entre vários “possuidores” sobre mesmo bem, 
diante da translatividade natural existente nos bens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 10 
TEORIA GERAL DA POSSE 
10 CLASSIFICAÇÃO DA POSSE- II 
10.1 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE- POSSE CONTÍNUA 
 
A posse também pode se apresentar na sua forma contínua, ou melhor, a 
posse é um instituo contínuo é o que depreende do que dispõe o artigo 1.203: 
... Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o 
mesmo caráter com que foi adquirida. 
 
Neste sentido a posse adquirida de boa-fé, esta é estendida para o possuidor 
seguinte e da mesma forma o que ocorre com a posse de má-fé, em que o 
vício se perpetua ao novo possuidor. 
A posse de boa fé ou de má-fé, direta e ou indireta, a título de propriedade ou 
de outro Direito Real. 
Ninguém, por si só, pode mudar a causa ou o título de sua posse. 
( nemo si ipsi causam possessionis mutare potest.) 
A Profa. Sylvia Cristina Arinelli Gonçalves descreve em artigo sobre 
transmissão da posse ou posse continuada que a acessão é o fenômeno em 
que a posse poderá ser continuada, dos antecessores aos seus sucessores. 
Essa sucessão de posses abrange a sucessão e a união. 
O artigo 1206, também cita que a posse será transmitida aos herdeiros e 
legatários. 
 
A mesma situação é encontrada no Código Civil Espanhol, em seu artigo 440 
 “La posesion de los bienes hereditários se entiende 
transmitida al heredero sin interrupcion i desde el momento 
de la muerte Del causante, em el caso de que llegue a 
adirse la herencia. El que validamente repudia uma herencia 
se entiende que no la há poseido em ningun momento.” 
A simples mudança de vontade é incapaz de mudar a natureza da posse. 
 
 
 
10.2 POSSE AD INTERDICTA E POSSE AD USUCAPIONEM 
 
Toda posse que é defendida, ou pelo é plausível sua defesa, pelas ações 
possessórias é denominada ad interdicta. 
Posse ad interdicta é a posse que possui meio de defesa, para entender essa 
nomenclatura, primeiramente deve-se ter em mente que toda e qualquer posse 
que enseja algum tipo de proteção, independente da sua qualidade. 
 Isso significa que mesmo que a posse seja injusta ou de má-fé em relação ao 
real possuidor, ela poderá ser defendida da ação de terceiros por meio de 
ações judiciais denominadas possessórias. 
Assim a posse ad interdicta é aquela que enseja proteção por meio dos 
interditos possessórios, ou seja, ações judiciais que visam proteger a posse. 
Em regra todas as posses são ad interdicta. 
A posse ad usucapionem é aquela em que se é possível adquirir a propriedade 
por meio de uma ação denominada “Usucapião”, ou seja, é a posse que se 
obedecido certos requisitos legais, e cumprimento de certo tempo possibilita ao 
possuidor adquirir sua propriedade. 
Toda posse é ad interdicta, mas nem toda a posse é ad usucapione. 
Assim sendo, mais correto é afirmar que em se tratando de bens públicos, só 
pode haverá posse ad interdicta, pois há ações próprias para defendê-los, mas 
no caso de aquisição de propriedade, fundada em bem público, isto não será 
possível diante do primado da imprescritibilidade própria da seara pública. 
O Tribunal de Justiça de São Paulo em julgado (TJSP - APELAÇÃO COM 
REVISÃO N° 0110731-25.2007) apresenta a necessidade de conhecimento da 
natureza da posse, para que seja considerada ad usucapionem. 
O mesmo Tribunal em outra Apelação, também cita a necessidade da natureza 
ad usucapionem, pois no neste caso (APL 1248574620088260000SP 0124857-
462—8.8.26) houve a precariedade levanta a efeito somado a ausência de 
autorização do proprietário. 
Sendo assim, reconhecer se a posse é ad usucapionem é de total relevância 
para prosseguimento do requerimento de Usucapião, já a posse ad interdicta é 
passível para a proteção da posse em geral. 
 
 
 
 
AULA 11 
TEORIA GERAL DA POSSE 
11 CLASSIFICAÇÃO DA POSSE-III 
11.1 POSSE EXCLUSIVA 
Posse exclusiva á aquela exercida por um únicopossuidor, quer seja pessoas 
natural ou jurídica que tem sobre a posse sua plenitude de modo direito ou 
indireto. 
Também a doutrina acresce que a posse exclusiva pode se apresentar da 
forma plena ou não, o prof. Carlos Roberto Gonçalves afirma que é plena a 
posse em que o possuidor exerce de fato todos os poderes inerentes ao 
domínio. 
A posse exclusiva é o contraponto da posse coletiva, composse ou outro termo 
que os doutrinadores emanaram sobre, o assunto, pois a exclusiva no exercício 
por parte do titular possui concepção plena, já na composse a demanda de 
vários titulares sobre o mesmo bem é clara. 
É certo que em virtude de questões econômicas e do próprio fenômeno da 
urbanização, a composse vem se apresentando de maneira múltipla, e 
progressivamente sendo aplicada em maior diversidade de bens (tanto móveis 
como imóveis e demais mobiliários). 
 
11.2. COMPOSSE 
Composse é a situação em que duas ou mais pessoas podem possuir a 
mesma coisa com vontade comum, ao mesmo tempo, ou seja, 
simultaneamente temos mais de um titular sobre o mesmo bem, diverso da 
posse direta e indireta, que se tratava de exercício e utilização do bem, sem a 
translatividade da titularidade, aqui, de fato temos mais de um titular para o 
bem. 
Como foi apontado nada impede que duas ou mais pessoas exerçam aos 
poderes da posse simultaneamente. 
Assim a lei admite a composse: 
Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá 
cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que 
não excluam os dos outros compossuidores. 
 
Trata-se do artigo 1.199 do Código Civil que apresenta a normatividade sobre a 
composse, autorizando a possibilidade dentro do ordenamento. 
O exemplo mais comum é a situação dos cônjuges, no regime de comunhão de 
bens. 
Também os coerdeiros antes da partilha de bens, na herança. 
Como a composse é uma exteriorização do domínio, admite-se a composse 
nos casos de condomínio. 
A proteção possessória é conferida ao compossuidor mesmo contra seu 
consorte, se este, quiser impedir o exercício de sua posse. 
São também compossuidores, os condôminos da parte indivisa, parte comum 
dos apartamentos (corredores, estruturas, elevadores, hall de entrada, muros, 
etc.). 
 
A composse extingue-se por vontade dos sujeitos que faz desaparecer o 
estado de indivisão ou quando cessa a causa que a determinou. Como a 
partilha, morte de um dos usufrutuários. 
Como citamos, qualquer um dos compossuidores pode-se valer do interdito 
possessório ou da legítima defesa da posse para impedir que outro 
compossuidor exerça aposse exclusiva sobre o bem comum. 
Neste sentido. o TJSP em Apelação (APL 9195928572005826 SP 9195928-
57.2005.8.26.0000) “Assim, não se pode afirmar que a autora exercia 
exclusivamente a posse sobre o imóvel, em detrimento dos demais”, a 
composse fora instituída pelo falecimento do marido, restando filhos e o 
cônjuge supérstite como compossuidores (herdeiros). 
Extinção da composse: 
 
 – Termina pela divisão de direito, amigável ou judicial da coisa comum. 
Cessa a compossesão, contudo a posse continua, pois cada pessoa passa a 
possuir a parte certa. 
 – Com a partilha no processo de inventário; cada herdeiro pode receber o seu 
quinhão, desaparecendo a posse em comum. 
 
Não confundir: composse com concorrência ou sobreposição de posses. 
Concorrência de posses – quando desdobra a posse em direta e indireta. 
 
 
 
 
AULA 12 
TEORIA GERAL DA POSSE 
12. CLASSIFICAÇÃO DA POSSE-IV 
 
12.1 POSSE JUSTA E POSSE INJUSTA 
 
O artigo 1200 do Código Civil Brasileiro aponta a existência da figura jurídica 
da posse justa, ou seja, a posse isenta de qualquer vício - “justa a posse que 
não for violenta, clandestina ou precária”, de maneira cara o direito não poderia 
ofertar vantagens para aquele que age de forma ilícita, ou seja, utilizando de 
outros artifícios que não sejam as admitidos pelo próprio direito e pelos usos e 
costumes, desde que não ofendam a moral e ao próprio costume local. 
Então, a posse justa é aquela que além de não ser violenta, clandestina ou 
precária é pública e contínua, para que o possuidor possa se valer dos meios 
de defesa admitidos em direito. 
Posse justa não se reveste de forma alguma dos vícios externos. 
Em contraposição simples e de maneira inteligente, a posse denominada 
injusta é a posse que se reveste de alguns daqueles vícios (violência, 
clandestinidade ou por abuso da precariedade). 
Então, para a compreensão da terminologia empregada pelo Código Civil, 
posse justa ou injusta, se faz necessário conhecer com profundidade o que 
seria violência, clandestinidade e a precariedade. 
É violenta a posse tomada a força de alguém, ou seja, aquele que toma o 
objeto de alguém, despojando-o à força, conforme ensina o Prof. Washington 
de Barros Monteiro. 
Também é violenta a posse tomada pelo uso da força, quando uma pessoa 
expulsa o possuidor legítimo de seu imóvel urbano ou rural, para ocupa-lo 
como moradia ou outra destinação. 
A violência pode se física ou moral, “vis compulsiva” ou “vis absoluta”. 
Neste último caso, lembremo-nos da coação no cível, ou seja, a maneira como 
alguém vicia um negócio implantado métodos coativos para realizar a 
transação, com a devida adaptação à forma como alguém implanta temor em 
outrem para se afastar da posse a liberá-la ao coator. 
A violência estigmatiza a posse não trazendo efeitos jurídicos à posse e não 
confundir violência com má-fé, pois a primeira pode tranquilamente ocorrer sem 
a segunda. 
Destarte, a posse violenta é aquela que se adquire pela força. Ex.: quando um 
condômino expulsa outro do imóvel, por meios violentos, com o objetivo de 
exerce a posse exclusiva. 
 A posse que não é violenta denomina-se posse mansa, pacífica e tranquila. 
Mansa e pacífica é aquela em que na sua trajetória não sofreu ação judicial 
que contestaria sua situação de maneira séria. Nota-se que não se trata de 
posse isenta de discussão judicial, ou seja, uma Ação Reivindicatória julgada 
improcedente não nodoaria a mansidão, embora a imóvel sofrera um ação 
judicial. 
Posse clandestina é aquela se estabelece às ocultas. É a posse que se 
constitui às escondidas. Ex. aquele que furta um objeto ou ocupa um imóvel de 
outro às escondidas. Situação contrária à clandestinidade é a publicidade. 
O ladrão que furta com sutileza é um grande exemplo de como a posse 
clandestina se apresenta, por outro lado o ladrão rouba pratica a posse 
violenta. 
Posse precária é aquela que se origina do abuso de confiança por parte de 
quem recebe a coisa com a obrigação de restituí-la, e depois, se recusa a fazê-
lo. Ex. vencimento do contrato de comodato, quando o comodante se recusa 
a devolver o bem ao comodatário. 
Os três vícios possuem correspondência na tipificação do Direito Penal, furto, 
roubo e apropriação indébita. 
No Código Civil, temos o artigo 1200, já citado, mas nada impede que figuras 
correlatas correspondam de alguma forma a violência, a precariedade e 
clandestinidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 13 
TEORIA GERAL DA POSSE 
13 POSSE DE BOA FÉ E POSSE DE MÁ FÉ 
 
13.1 QUESTÕES SOBRE BOA FÉ NO CÓDIGO CIVIL 
Miguel Reale apresenta que a boa-fé um dos primados a serem considerados 
no momento da interpretação do novo Código Civil, neste sentido escreve: 
É a boa-fé o cerne em torno do qual girou a alteração de 
nossa Lei Civil, da qual destaco dois artigos 
complementares, o de nº 113, segundo o qual “os negócios 
jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os 
usos do lugar de sua celebração”, e o Art. 422 que 
determina: “os contratantes são obrigados a guardar, assim 
na conclusão do contrato, como em sua execução, os 
princípios de probidade e boa-fé”. Comose vê, a boa-fé não 
constitui um imperativo ético abstrato, mas sim uma norma 
que condiciona e legitima toda a experiência jurídica, desde 
a interpretação dos mandamentos legais e das cláusulas 
contratuais até as suas últimas consequências. Daí a 
necessidade de ser ela analisada como conditio sine qua 
non da realização da justiça ao longo da aplicação dos 
dispositivos emanados das fontes do direito, legislativa, 
consuetudinária, jurisdicional e negocial. Em primeiro lugar, 
importa registrar que a boa-fé apresenta dupla faceta, a 
objetiva e a subjetiva. Esta última – vigorante, v.g., em 
matéria de direitos reais e casamento putativo – 
corresponde, fundamentalmente, a uma atitude psicológica, 
isto é, uma decisão da vontade, denotando o convencimento 
individual da parte de obrar em conformidade com o direito. 
Já a boa-fé objetiva apresenta-se como uma exigência de 
lealdade, modelo objetivo de conduta, arquétipo social pelo 
qual impõe o poder-dever que cada pessoa ajuste a própria 
conduta a esse arquétipo, obrando como obraria uma 
pessoa honesta, proba e leal. 
 
Então a boa-fé recebe a preponderância entre os primados atingindo todas as 
relações negociais e não seria diverso nas relações que envolvem os bens, ou 
seja, no âmbito dos Direitos Patrimoniais. 
No caso da posse, temos a posse de boa-fé e de má-fé, onde analisamos a 
posição psicológica do possuidor. 
 
13.2 POSSE DE BOA-FÉ. 
Posse de boa-fé é aquela em que o possuidor a exerce na crença, e na certeza 
de que é o possuidor da coisa, uma vez que desconhece qualquer vício ou 
impedimento para a sua aquisição. Nesse sentido, define o art. 1201 do CC: 
É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o 
obstáculo que impede a aquisição da coisa. 
Importante dizer que a lei apresenta uma ressalva, pois a posse deixará de ser 
de boa-fé quando a situação indicar que o possuidor tinha ciência de algum 
vício. 
Nesse sentido dispõe o art. 1202 do CC: 
A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o 
momento em que as circunstâncias façam presumir que o 
possuidor não ignora que possui indevidamente. 
Para que se presuma se o indivíduo teria (ou não) consciência dos vícios de 
sua posse o referencial utilizado é discernimento do homem médio. Essa noção 
determina que a pessoa tenha o necessário discernimento no exercício da 
posse, de forma que não seja tão somente uma atitude passiva e alienada. O 
homem médio age sem culpa e utiliza de todas as maneiras possíveis a busca 
da realidade, e dele, então, não seria exigida outra conduta além das que já 
haviam sido executadas. 
Para analisar a posse de boa fé e a posse de má fé deve-se levar em contra o 
aspecto SUBJETIVO, a posição psicológica do possuidor. 
Então, concluímos sumariamente que posse de boa fé é aquela em que o 
possuidor se encontra na convicção inabalável de que a coisa realmente lhe 
pertence. 
É a crença do possuidor de se encontrar em sua situação legítima. O 
possuidor reputa-a como legítima e desconhece qualquer causa que impeça a 
aquisição do exercício sobre a coisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 14 
TEORIA GERAL DA POSSE 
14. POSSE DE BOA-FÉ E DE MÁ-FÉ- CONTINUAÇÃO 
Nessa conceituação de posse de boa-fé dois fenômenos se apresentam: a 
aquisição da coisa por usucapião e a questão dos frutos e benfeitorias da coisa 
possuída. 
A usucapião está balizada em vários institutos, ou melhor, em requisitos que a 
norma determina, tornando essenciais para que o requerimento da propriedade 
seja aceito, sendo que um deles é a boa-fé. 
Caso o possuidor esteja utilizando a má-fé, em alguns não será concedida a 
propriedade, pela ausência do requisito. 
Também a boa-fé é citada, no momento da colheita dos frutos para aquele que 
semeou ou construiu em terreno alheio. 
Enfim a boa-fé se apresenta de vários modos no que concerne ao termo posse, 
sendo que veremos outras aplicações, no decorrer do curso. 
A posse de má-fé é aquela em que o possuidor tem o conhecimento da sua 
ilegitimidade, motivada no vício ou obstáculo ou seu exercício; o possuidor 
sabe que possui a coisa indevidamente. 
A má-fé vicia o negócio, a posse e as demais relações, vejamos abaixo extrato 
de um artigo extraído de Direito Vivo - 21 de Janeiro de 2011 com o título 
“Banco é condenado a pagar indenização por lucros obtidos na posse de má-
fé”, tendo como autoria o TRT da 3ª Região: 
O artigo 1.216 do Código Civil estabelece que: O possuidor 
de má-fé responde por todos os frutos colhidos e 
percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de 
perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé. 
Utilizando esse dispositivo legal para fundamentar sua 
sentença, o juiz Léverson Bastos Dutra, titular da 4ª Vara do 
Trabalho de Juiz de Fora, acentuou que esse instituto, 
apesar de ser próprio do Direito Civil, é compatível com o 
Direito do Trabalho, podendo ser aplicado em situações 
especiais. É que, quando o empregador é uma instituição 
financeira, o crédito trabalhista sonegado aos empregados 
tende a se transformar em matéria-prima para a ampliação 
dos ganhos da empresa, obtidos mediante aplicações 
financeiras ou empréstimos a terceiros sob juros elevados. 
Foi essa a situação examinada pelo magistrado. No seu 
entender, agiu de má-fé o banco que, de forma intencional e 
sistemática, descumpriu obrigações trabalhistas óbvias, com 
o intuito de obter lucro fácil a partir do dinheiro que deveria 
ser destinado ao pagamento de parcelas salariais. 
 
Verifica-se que a má-fé extrapola os limites do tema em questão, mas é 
primado transversal, mas retorno ao nosso universo posse, esta vicia a posse 
quando o possuidor conhece de sua ilegitimidade. 
A boa-fé é presumida, a má-fé provada. 
Sobre presunção de boa fé o artigo. 1.201, em seu parágrafo único cita que: “o 
possuidor com justo título tem por si a presunção de boa fé, salvo prova em 
contrário, ou quando a lei expressamente não admite essa presunção”. 
Então o possuidor com um justo título (um contrato registrado, por exemplo) 
receberá a percepção que age de boa-fé, ou seja, é o legítimo possuidor do 
bem. 
Justo título não é apenas o documento ou instrumento, mas é também o estado 
de aparência que leva a concluir estar o sujeito gozando de boa posse. Ex.: 
herdeiro aparente, cujo título e ignorância de outros herdeiros faz presumir se 
ele justo possuidor. 
Trata-se do fato gerador do qual a posse deriva. Ex.: concubina tem justo título 
na posse de bens comuns do casal, quando do falecimento do companheiro. 
Transferência da posse de boa fé em posse de má-fé é possível?? 
O artigo 1.202 dispõe: “A posse de boa fé só perde este caráter no caso e 
desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor 
não ignora que possui indevidamente”. Ex.: a citação em uma ação é uma 
dessas circunstâncias que demonstram a transformação da posse de boa fé 
em posse de má-fé, pois em razão dela (citação), recebendo a cópia da petição 
inicial, o possuidor toma ciência dos vícios de sua posse (RTJ 99:804; RJTJRS 
69:393). 
O possuidor precário (comodato, depósito), sempre o será, salvo expressa 
concordância do possuidor pleno. Por isso é admitida prova em contrário. 
O locatário, por exemplo, somente poderá possuidor como proprietário se 
adquirir a coisa do proprietário (a isso parte da doutrina chama de inversão do 
título = alteração do título da posse). 
 
 
 
 
 
 
AULA 15 
TEORIA GERAL DA POSSE 
15. POSSE NOVA E POSSE VELHA 
É relevante o conhecimento e distinção da posse nova e da posse velha e 
quais são suas características. 
Simples é a definição de uma e de outra; posse nova é a de menos de ano e 
dia e posse velha é a de mais de ano e dia, ou seja, mais de ano e dia. 
O Código Civil de 1916, noseu artigo 507 fazia a distinção entre posse nova e 
posse velha. Posse nova: tivesse menos de ano e dia; posse velha: tivesse 
mais de ano e dia. 
O Código de 2002 não se refere expressamente, mas de modo genérico a 
estas duas situações, mas pelo Código de Processo Civil, depreendemos sua 
importância em seu artigo 924 admite a questão da posse nova e posse velha. 
Este dispositivo (do Código de Processo Civil, artigo 924) possibilita a 
concessão de liminar initio litis ao possuidor despojado ou ameaçado em sua 
posse quando intentada a ação dentro de ano e dia da turbação ou esbulho. 
Não se deve confundir posse nova com ação de força nova, nem posse velha 
com ação de força velha. Classifica-se a posse nova ou em velha quanto à sua 
idade, não a ação, mas, todavia para saber se a ação é de força velha ou nova, 
leva-se em conta o tempo decorrido (Pablo Stolze Gagliano) desde a 
ocorrência do esbulho ou da turbação. 
O turbado ou esbulhado reagiu logo em seguida, ou seja, buscou o caminho 
judicial para a solução do conflito, poderá pleitear a concessão de liminar, por 
se tratar de ação de força nova. 
Passado este prazo, o procedimento será ordinário, sem direito a liminar, 
sendo ação de força velha. 
Uma ação de força nova não se transforma em ação de força velha com o 
decurso do tempo, exceto o do próprio requisito, é o que dispõe o TJDF ( 
Agravo de Instrumento 409593 DF). 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO POSSESSÓRIA DE 
FORÇA NOVA COM PEDIDO LIMINAR. JUSTIFICAÇÃO 
PREPARATÓRIA. A MARCHA PROCESSUAL DEVE 
OBEDE- CER A FORMA PRECONIZADA NO RITO, SENDO 
OBRIGATÓRIO, APÓS A JUSTIFI- CAÇÃO EM 
PROCESSO INTERDITAL, A MANIFESTAÇÃO DO JUÍZO A 
RESPEITO DO PEDIDO DE PROTEÇÃO INITIO LITIS. A 
AÇÃO DE FORÇA NOVA NÃO TRANSFORMA COM O 
TEMPO, DEPOIS DE REGULARMENTE APARELHADA, 
EM AÇÃO DE FORÇA VELHA. 
Também a Alta Corte Mineira apresenta questão que envolve a ação de força 
nova: 
Quanto à ação com base em força velha, deve se 
processar pelo rito comum (ordinário ou sumário). 
Nas ações de força velha, firmo o entendimento de 
não é cabível a tutela antecipatória do mérito com 
base no artigo 273 do CPC, posto que produz os 
mesmos efeitos da liminar possessória do rito 
especial (ação de força nova). A concessão dos 
efeitos da tutela ocasionaria, para a ação de força 
velha processada pelo rito comum, os mesmos 
resultados da ação de força nova, pelo que entendo 
não ser admissível. Não obstante meu entendimento 
acerca desta questão, no caso, encontra-se patente 
nos autos que a ação foi ajuizada após ter decorrido 
mais de ano e dia da data do esbulho, ou seja, trata-
se de posse de força velha, portanto, entendo não 
estarem demonstrados os requisitos exigidos para a 
antecipação dos efeitos da tutela com base no art. 
273 do CPC, notadamente fundado receio de dano 
irreparável. Assim, o risco de ocorrência efetiva de 
um dano de difícil reparação é requisito 
imprescindível à concessão da medida em caráter 
geral e antecipatória. A ausência de elementos que 
demonstrem "in limine" claramente o risco que 
impeça a efetividade da tutela final impede, em 
princípio, a antecipação de efeitos a ela inerentes, 
pelo que entendo que a decisão proferida pela MMª. 
Juíza de primeira instância para cassar a decisão que 
deferiu a reintegração de posse em sede de 
antecipação dos efeitos da tutela e, via de 
consequência, a multa arbitrada. Com essas 
considerações, RECURSO PROVIDO para cassar a 
decisão proferida pela MMª. Juíza de primeira 
instância que deferiu a reintegração de posse em 
sede de antecipação dos efeitos da tutela, pelos 
fundamentos constantes deste voto. 
Percebe-se que a posse nova não foi demonstrada e nem o risco 
iminente, razão pela qual não deferida à tutela. 
Enfim, embora de parco conceito o tema posse nova e posse velha 
detém relevância ímpar em nosso ordenamento e no instituto posse. 
 
AULA 16 
TEORIA GERAL DA POSSE 
16. POSSE NATURAL OU POSSE CIVIL OU JURÍDICA. 
 
Segundo o Prof. Limongi França é a posse que se constitui pelo exercício de 
poderes de fato, sobre a coisa, ou seja, que se assenta na detenção material e 
efetiva da coisa (ipsis). 
Posse civil ou jurídica é a que se adquire por força de lei, sem necessidade de 
atos físicos ou de apreensão material da coisa. 
O constituto possessório é um exemplo do caso: A vende sua casa a B, mas 
continua no imóvel como inquilino, então B torna-se possuidor da coisa de 
modo indireta e A permanece da condição de possuidor direito. Situação está 
que já se encontrava antes da alienação. 
Posse civil, então é aquele que se transmite ou se adquire pelo título, 
adquirindo a posse por qualquer um dos modos admitidos, lembrando que a 
jurisprudência considera valida a transmissão da posse por meio da escritura 
pública, então podemos concluir que em vários casos a posse jurídica é que se 
apresenta nas relações negociais. 
Na esteira da posse natural, vem se evidenciado uma nova forma de posse, ou 
melhor, uma forma de posse ainda não objeto de maiores ilações dos juristas, 
que é a realidade da Amazônia e arredores, com caracteres próprios de 
ocupação do solo rural ( em contrariedade ao urbano, de fato são florestas), em 
que a posse foi abandonado pelos seus legítimos proprietários, fazendo-se 
ocupar por terceiros , neste sentido, abaixo trecho de artigo extraído no sítio 
virtual do conselho Federal de Justiça : 
Os principais elementos da posse agroecológica, devido a 
sua própria origem, advém da posse agrária, acrescidos de 
outros que lhe são peculiares, a saber: 
a) Na posse agroecológica o trabalho também é valorizado 
como forma de adquirir a terra, consequentemente, é um 
fato social que têm transcendência econômica, pois a 
atividade agrária desenvolvida pelo possuidor constitui em 
um valor econômico. Além de visar uma função econômica e 
social, ela também tem por fim tutelar os interesses culturais 
e ambientais; 
b) Por ser um fenômeno possessório, ela só existe como 
uma ação concreta, um fenômeno real, visível e tangível. A 
posse agroecológica é dinâmica, exige a efetiva exploração 
da terra, porém a compreensão de exploração da terra está 
ligada a atividade agroextrativa, centrada no uso sustentável 
dos recursos naturais; 
c) Posse agroecológica ocorre somente sobre um bem, não 
sobre um direito. Seus atos possessórios são exercidos 
sobre imóveis agrários e não sobre direitos ou bens móveis. 
Uma de suas características essenciais está exatamente no 
fato de que ela ocorre através da vinculação à terra, 
desenvolvida por meio de atividades agrárias, mas se 
manifesta através de uso coletivo dos recursos naturais, com 
a presença de práticas de trabalho familiar, baseadas no 
agroextrativismo. Há uma conjugação entre o apossamento 
familiar com o apossamento coletivo; 
d) Outro elemento importante da posse Agroecológica é a 
área de uso comum, pois é em torno dela e para garantir o 
acesso e uso comum dos recursos naturais, que se 
estruturam a coesão e a cooperação do grupo social que 
dela se utiliza. Com o intuito de assegurar a área de uso 
comum são estabelecidas normas de caráter consensual, 
fundamentadas em uma legitimidade que o grupo vai 
construindo no processo histórico de apossamento da área; 
e) A distinção entre o que é respeitado pelo grupo como 
sendo de uso comum e os espaços considerados de 
utilização familiar, se dá pelo trabalho. Toda atividade 
agrária (seja agrícola ou extrativa) que demanda trabalho e 
manutenção da área, para que nela se possa desenvolver 
uma atividade é considerada como posse familiar. Logo, 
casa, roça, capoeira, estrada de seringa ou castanha são 
espaços identificados a uma determinada família, pois são 
resultados de seu trabalho. 
 
(http://www.cjf.jus.br/revista/numero3/artigo07.htm)AULA 17 
TEORIA GERAL DA POSSE 
17 POSSE “PRO-DIVISO” E POSSE “PRO-INDIVISO” 
 
 
O fenômeno da composse está caracterizado de dois pressupostos: pluralidade 
de sujeitos e a existência de uma coisa indivisa ou que se encontre em estado 
de indivisão. 
A composse é prevista artigo 1.199 do Código Civil de 2002 é também 
chamada de compossessão, posse comum ou simultânea. 
 
O condomínio é um exemplo da composse, mas com alguns caracteres 
próprios, podemos depreender que há, neste caso um domínio comum e posse 
exclusiva; domínio exclusivo e posse comum; e domínio comum e posse 
comum. 
Geralmente, o condomínio pressupõe a composse. 
 Há a regra geral no Direito Civil que sempre que uma coisa for possuída, 
simultaneamente, por mais de uma pessoa teremos a composse, vejamos: 
 
 - entre os cônjuges que, casados sob o regime da comunhão de bens, 
exercem uma posse comum sobre os bens que integram o patrimônio do casal; 
 
 - quando da abertura da sucessão e até o momento da partilha dos bens que 
integram o acervo hereditário, entre os herdeiros, por força do disposto do 
artigo 1.784 do Código Civil de 2002 que determina: 
- na formação das sociedades, com a formação do patrimônio comum, entre 
outros. 
Relembramos o instituto composse, para que o discente fixe os conceitos 
abaixo que envolve a posse pro-diviso e posse pro indiviso. 
Na posse pro-diviso o compossuidor exerce a posse sobre coisa certa, lugar 
determinado, a composse subsiste de direito, mas não de fato. 
 
Já na posse pro indiviso o compossuidor não exerce posse sobre qualquer 
trecho do imóvel, razão pela qual a composse existe tanto de direito quanto de 
fato. 
 
Tratando-se de posse pro-indiviso, o possuidor tem direito de ser respeitado na 
porção da coisa que ocupa, inclusive pelos demais compossuidores. 
 
Cessa a composse quando for extinta a relação jurídica que lhe deu causa ou 
for extinto o estado de indivisão da coisa que a determina. 
Assim, a partilha põe fim à composse instituída por lei através do inventário 
conforme prevê o art. 1.784 do C.C. 
Com a dissolução conjugal, extingue-se a composse sobre os bens comuns do 
casal ou da sociedade conjugal. Pela divisão da coisa ou de seu preço, caso se 
trate de bem indivisível extingue-se o condomínio e, consequentemente, a 
composse também. 
Toda e qualquer divergência acaso existente entre os compossuidores, de 
como usar a coisa comum ou como assentar a posse exclusiva de cada 
compossuidor, não será resolvida pelos interditos possessórios. 
 
Abaixo, transcrição parcial de decisão, onde a posse pro-diviso é apresentada, 
alteramos alguns nomes ou termos para não comprometer as partes, embora 
esteja disponível ao público, vejamos: 
Argumentaram os agravantes, em síntese, que são legítimos 
cessionários de direitos hereditários e possuidores diretos de 
uma gleba de terras localizada em local denominado 
Fazenda XXX. Sustentaram que no total seriam 08 (oito) 
herdeiros, mas que adquiriram, mediante termo de cessão 
hereditária, as cotas dos demais herdeiros, menos a parte 
dos agravados, que estariam utilizando as partes do imóvel 
que agora pertencem aos agravantes. Aduziram que 
sofreram esbulho por parte dos agravados, e que sem a 
indispensável aquiescência dos agravantes realizaram um 
corte na cerca de propriedade deles, fazendo com que 
várias rezes de propriedade dos agravados adentrassem na 
área pertencente aos agravantes. Afirmaram que têm o 
legítimo direito de serem reintegrados na posse do imóvel 
esbulhado. Alegaram que a posse, no caso, é pro diviso, vez 
que cada qual dos herdeiros possui área certa e delimitada, 
mesmo ausente a partilha judicial, pois já teria havido divisão 
cômoda pelos herdeiros. Ao final, após apresentadas suas 
razões de inconformismo, os agravantes requereram o 
provimento do recurso para que seja reformada a r. decisão 
hostilizada. 
"Ausente o requisito da aparência do bom direito, porquanto, 
em princípio, verifica-se que há composse de terreno rural 
ainda não oficialmente dividido, INDEFIRO O PEDIDO DE 
LIMINAR RECURSAL, DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. 
MÉRITO 
Consta dos autos que os agravantes ajuizaram ação de 
reintegração de posse com pedido de liminar contra os 
agravados alegando terem sofrido a prática de esbulho 
possessório por parte dos agravados. Cinge-se o presente 
recurso ao inconformismo acerca da decisão do MM. Juiz de 
f. 48-TJ, que indeferiu a liminar pleiteada pelos autores, ora 
agravante. Constou da decisão: "Trata-se de pedido de 
liminar feito em sede de ação de reintegração de posse. 
Pela análise dos autos entendo que o direito não ampara a 
pretensão do requerente. Com efeito, aduz o autor na inicial 
que conjuntamente com o requerido, seu irmão, herdou uma 
gleba de terra de seu falecido genitor. No total seriam oito 
herdeiros, sendo que o autor adquiriu dos, mediante termo 
de cessão hereditária as cotas dos demais herdeiros, menos 
a parte que tocou para o requerido, o qual estaria utilizando 
partes do imóvel que teria ficado para o autor, por força de 
uma divisão "cômoda" realizada pelos herdeiros. Ora, o 
requerido não concordou com a divisão feita pelos demais 
herdeiros segundo informou na audiência de justificação. 
Então, há de se perguntar: Para quem foi cômoda a divisão 
realizada? Talvez tenha sido para os sete herdeiros, mas 
não para o requerido, pois, caso contrário, já haveriam, 
inclusive, realizada a partilha de forma amigável. Sendo 
assim, nos precisos termos do artigo 1791 e seu parágrafo 
único do CC, e mais artigos 1.793 parágrafo 2º, tem se que 
os herdeiros possuem apenas parte ideal da herança até a 
realização da partilha judicial, ou, da amigável homologada 
pelo Juiz, mas não em partes individualizadas conforme 
informa o autor na inicial. Todos os herdeiros possuem o 
direito sobre o espólio como um todo, situação que somente 
terá fim com a partilha, conforme acima dito. Sendo assim, o 
requerido não poderia estar usurpando ou esbulhando a 
própria posse. Portanto, inexiste, a meu ver o "fumus boni 
juris" para o deferimento da liminar" Em sua irresignação, os 
agravantes sustentaram que têm o legítimo direito de serem 
reintegrados liminarmente na posse do imóvel esbulhado ao 
argumento de que a posse, n o caso, é pro diviso, vez que 
cada qual dos herdeiros possui área certa e delimitada, 
mesmo face à ausência de partilha judicial. 
 
 
 
 
 
AULA 18 
TEORIGA GERAL DA POSSE 
 
18. AQUISIÇÃO DA POSSE 
 
Quanto aos meios e formas de se adquirir a posse, o código Civil de 2002, 
apresenta em seu artigo 1.204, o momento da sua transmissão. 
A posse é um mero estado de fato, que pode ser demonstrado como, diverso 
do que ocorre na propriedade onde esta deve ser provada, então o referido 
artigo apresenta qual momento se deve fixa para a compreensão do tema: 
Adquire-se a posse desde o momento em que se torna 
possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos 
poderes inerentes à propriedade. 
A aquisição da posse, então, se dá no momento da manifestação do poder de 
exercício do titular perante o bem. 
Então, a aquisição se manifesta por qualquer modo de concretização que seja 
lícita realizar, como por exemplo, a apreensão, a alienação, a tradição, ou seja, 
qualquer operação inter vivos ou causa mortis. 
 
18.1 MODOS ORIGINÁRIO E DERIVADO DE AQUISIÇÃO DA POSSE -
CONCEITOS 
 
A aquisição da posse se apresenta na forma derivada ou originária. 
A forma derivada de aquisição da posse pressupõe a existência da posse 
anterior, ou seja, um possuidor transmite a posse a outro, pelos meio 
admitidos, já citados. 
Neste caso, há anuência do possuidor anterior na transmissão, a tradição é 
precedida de negócio jurídico, transferindo a posse do alienante ao adquirente. 
 
A aquisição originária, por outrolado, não pressupõe a transmissão, ou seja, 
não há translatividade de um possuidor para outro, é o que acontece no 
esbulho, onde o antigo possuidor não transmite a posse, ou seja, não há 
consentimento nessa transmissão. 
O modo de aquisição originário a posse pode conter vícios, pois o 
apossamento de coisa da natureza, sem dono, não se apresenta na forma 
nodoada, mas em regra a aquisição de bens móveis e imóveis detém de algum 
modo uma contaminação, ou seja, o possuidor anterior estava na posse de má-
fé, por havê-la adquirido de modo violento, por exemplo, tais vícios 
desaparecem ao ser ele esbulhado, desde que inexista qualquer relação 
negocial. 
O mesmo não acontece na forma derivada, o vício é transmitido. 
O adquirente recebe todos os vícios que nodoavam a posse anterior, assim se 
o anterior se desfrutava de uma posse clandestina, violenta ou precária, estas 
permanecerão como predicados da posse posterior, ou seja, aplicável o artigo 
1.203 do Código Civil, em que a posse conservará o mesmo caráter de antes. 
 
A definição de aquisição originária e derivada não é superficial, implicando na 
natureza jurídica do negócio, veja extrato de um artigo que compreende a 
aquisição originária nas arrematações judiciais (Pedro Miglioli in Conceito de 
Aquisição Originária nas Arrematações Judiciais-artigo): 
O entendimento doutrinário majoritário é no sentido de que 
qualquer das espécies de expropriação será sempre o modo 
de aquisição originário, o que significa que o título de 
domínio do expropriante não deriva de um título anterior. 
Não há a transferência da propriedade do expropriado para 
o adquirente. Não há relação entre adquirente-expropriado-
bem. A relação é linear (adquirente-bem). 
 
Quando ao modo é originário, surge uma nova situação de fato, que pode ter 
outros defeitos, mas não os vícios anteriores, pois o mesmo artigo 1.207, em 
seu final apresenta a faculdade do sucessor singular unir a sua posse à de seu 
antecessor, para os efeitos legais. Continuemos o tema na próxima aula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 19 
TEORIA GERAL DA POSSE 
19 MODOS DE AQUISIÇÃO DA POSSE 
19.1 AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA 
Apropriação do bem- é a situação pela qual o possuidor passa a ter condições 
de dispor da coisa livremente, excluindo a ação de terceiros e exteriorizando o 
domínio. 
A apreensão, segundo Maria Helena Diniz, é modo unilateral de aquisição da 
posse, pois estamos diante das coisas abandonadas (res derelictae) ou das 
coisas de ninguém (res nullius). 
Também ocorre apreensão com a existência de vícios, ou seja, sem o 
consentimento, por meio da violência clandestina ou precariedade. 
O exercício de direito é outra forma de aquisição originária da posse, que tem 
por objetivo a utilização econômica, trata-se com relação ao objeto da relação, 
no caso, a possessória com relação a servidão e ao uso, por exemplo. 
Entendendo o caso: se alguém ocupar terreno alheio para construir um 
aqueduto (exemplo da Prof. Maria Helena Diniz), utilizando-o , sem oposição, 
mas sem consentimento está diante de uma posse servidão, que por 
decorrência poderá abrigar-se no interditos, se necessário. 
O exercício do direito não se confunde como gozo, temos naquele a 
possibilidade, ou melhor, o poder de usar o direito, utilizá-lo, ou seja, é a 
realização do poder que ele contém. 
A possibilidade de dispor da coisa é também um modo de exercício, também 
considera uma forma de exteriorização do poder, em que o possuidor se 
apresenta como titular do direito, sendo assim consonante com os institutos 
que envolvem a posse. 
 
19.2 MODO DERIVADO DE AQUISIÇÃO DA POSSE 
A aquisição derivada, também denominada bilateral é aquele em que o titular 
anterior consensualmente transmite a posse ao adquirente. 
A posse é transmitida pelo possuidor a outrem. 
A transmissão pode ocorrer pela tradição, pelo constituto possessório e por 
meio da sucessão inter vivos e causa mortis. 
A tradição é um resultado de uma transação jurídica entre pessoas que 
transmitem a posse, é derivada de ato jurídico ou de um negócio jurídico, de 
alienação, quer a título gratuito ou oneroso. 
A aquisição da posse se dá, em regra, pela tradição, que constitui modo 
bilateral, uma vez que pressupõe um consenso entre as partes, envolvidos na 
aquisição e na perda da posse, àquele que recebe e este que transmite a 
posse. 
A tradição pode ser real, simbólica ou ficta. 
 Será real quando a coisa for realmente entregue a outra pessoa. Por exemplo: 
quando a pessoa vai até uma loja, e compra um sapato, e este é entregue à 
compradora. 
Será tradição simbólica quando um ato simbolizar a entrega da coisa. Por 
exemplo: quando em programa de televisão, ao ganhar um carro, o 
apresentador entrega as chaves ao ganhador. 
A tradição ficta é aquela que a pessoa que já tinha a posse direta da coisa 
torna-se proprietário. 
 Exemplo: depositário fiel, que é possuidor direto da coisa, torna-se 
proprietário. 
Apesar da grande importância da tradição há situações em que ela pode ser 
dispensada, como exemplifica o Prof. Carvalho Santos: 
 
- Na abertura da sucessão legítima, ou testamentária aos herdeiros e legatários 
em caso de coisa certa; 
- Na celebração do casamento realizado sob o regime de comunhão universal, 
em que a transferência do domínio efetua-se independentemente de tradição; 
- por força dos pactos antenupciais, a contar da data do casamento, ao cônjuge 
adquirente; 
- no caso de contrato de sociedade de todos os bens, em que a transferência 
se opera com a assinatura do referido contrato, entendendo-se haver a tradição 
tácita; 
- da mesma forma na sociedade particular, em que a transferência se opera 
com a simples aquisição dos bens comunicáveis; 
 
O eminente Prof. Carlos Roberto Gonçalves também lembra que: 
...sendo a tradição ato complementar do negócio jurídico, 
para que gere o seu principal efeito, que é a transferência do 
domínio, necessário se torna que o negócio em tela seja 
válido... 
 Se este é invalido, a tradição que nele se apoia não pode, tampouco, ganhar 
eficácia. 
AULA 20 
TEORIA GERAL DA POSSE 
 
20. AQUISIÇÃO DA POSSE 
20.1 LEGITIMIDADE PARA SE ADQUIRIR A POSSE 
 
O artigo 1205 do novel Códex apresenta as pessoas que podem adquirir a 
posse: 
A posse pode ser adquirida: 
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu 
representante; 
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. 
Verifica-se que qualquer pessoa por adquirir a posse, exceto os incapazes que 
deverão utilizar-se de seus representantes. 
O Código Civil Português, em seu artigo 1.266 dispõe que “pode adquirir posse 
todos os que tem uso da razão, e ainda os que o não o tem, relativamente as 
coisa suscetíveis de ocupação”, ou seja, a aquisição da posse não meramente 
um negócio jurídico, mas uma aquisição acompanhada: o adquirente somado à 
capacidade jurídica. 
O Código não se refere a aquisição por procurador, como era apresentado pelo 
Código de 1916, apresenta a figura do “representante”, compreendo por uma 
ficção legal, que a vontade do representante é a vontade do representado. 
Ainda sobre capacidade, observamos as questões que envolvem o nascituro, 
pois este não pode adquirir a posse por não possui capacidade de direito, 
puras expectativas somente, mas é possível que terceiros declinem bens ao 
nascituro, por ato causa mortis ou inter vivos, lembrando a necessidade de 
nascimento com vida. 
Na mesma seara vejamos abaixo orientações do Ministério Público do Distrito 
Federal acerca de da Instrução Normativa da Receita Fedral que enfatiza a 
questão das pessoas incapazes ou deficientes físicos e forma de aquisição 
pelo representante, fazendo referência ao Decreto regulador: 
INSTRUÇÕES PARA AQUISIÇÃO DE VEÍCULO POR 
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

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