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seu artigo 507 fazia a distinção entre posse nova e posse velha. Posse nova: tivesse menos de ano e dia; posse velha: tivesse mais de ano e dia. O Código de 2002 não se refere expressamente, mas de modo genérico a estas duas situações, mas pelo Código de Processo Civil, depreendemos sua importância em seu artigo 924 admite a questão da posse nova e posse velha. Este dispositivo (do Código de Processo Civil, artigo 924) possibilita a concessão de liminar initio litis ao possuidor despojado ou ameaçado em sua posse quando intentada a ação dentro de ano e dia da turbação ou esbulho. Não se deve confundir posse nova com ação de força nova, nem posse velha com ação de força velha. Classifica-se a posse nova ou em velha quanto à sua idade, não a ação, mas, todavia para saber se a ação é de força velha ou nova, leva-se em conta o tempo decorrido (Pablo Stolze Gagliano) desde a ocorrência do esbulho ou da turbação. O turbado ou esbulhado reagiu logo em seguida, ou seja, buscou o caminho judicial para a solução do conflito, poderá pleitear a concessão de liminar, por se tratar de ação de força nova. Passado este prazo, o procedimento será ordinário, sem direito a liminar, sendo ação de força velha. Uma ação de força nova não se transforma em ação de força velha com o decurso do tempo, exceto o do próprio requisito, é o que dispõe o TJDF ( Agravo de Instrumento 409593 DF). AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO POSSESSÓRIA DE FORÇA NOVA COM PEDIDO LIMINAR. JUSTIFICAÇÃO PREPARATÓRIA. A MARCHA PROCESSUAL DEVE OBEDE- CER A FORMA PRECONIZADA NO RITO, SENDO OBRIGATÓRIO, APÓS A JUSTIFI- CAÇÃO EM PROCESSO INTERDITAL, A MANIFESTAÇÃO DO JUÍZO A RESPEITO DO PEDIDO DE PROTEÇÃO INITIO LITIS. A AÇÃO DE FORÇA NOVA NÃO TRANSFORMA COM O TEMPO, DEPOIS DE REGULARMENTE APARELHADA, EM AÇÃO DE FORÇA VELHA. Também a Alta Corte Mineira apresenta questão que envolve a ação de força nova: Quanto à ação com base em força velha, deve se processar pelo rito comum (ordinário ou sumário). Nas ações de força velha, firmo o entendimento de não é cabível a tutela antecipatória do mérito com base no artigo 273 do CPC, posto que produz os mesmos efeitos da liminar possessória do rito especial (ação de força nova). A concessão dos efeitos da tutela ocasionaria, para a ação de força velha processada pelo rito comum, os mesmos resultados da ação de força nova, pelo que entendo não ser admissível. Não obstante meu entendimento acerca desta questão, no caso, encontra-se patente nos autos que a ação foi ajuizada após ter decorrido mais de ano e dia da data do esbulho, ou seja, trata- se de posse de força velha, portanto, entendo não estarem demonstrados os requisitos exigidos para a antecipação dos efeitos da tutela com base no art. 273 do CPC, notadamente fundado receio de dano irreparável. Assim, o risco de ocorrência efetiva de um dano de difícil reparação é requisito imprescindível à concessão da medida em caráter geral e antecipatória. A ausência de elementos que demonstrem "in limine" claramente o risco que impeça a efetividade da tutela final impede, em princípio, a antecipação de efeitos a ela inerentes, pelo que entendo que a decisão proferida pela MMª. Juíza de primeira instância para cassar a decisão que deferiu a reintegração de posse em sede de antecipação dos efeitos da tutela e, via de consequência, a multa arbitrada. Com essas considerações, RECURSO PROVIDO para cassar a decisão proferida pela MMª. Juíza de primeira instância que deferiu a reintegração de posse em sede de antecipação dos efeitos da tutela, pelos fundamentos constantes deste voto. Percebe-se que a posse nova não foi demonstrada e nem o risco iminente, razão pela qual não deferida à tutela. Enfim, embora de parco conceito o tema posse nova e posse velha detém relevância ímpar em nosso ordenamento e no instituto posse. AULA 16 TEORIA GERAL DA POSSE 16. POSSE NATURAL OU POSSE CIVIL OU JURÍDICA. Segundo o Prof. Limongi França é a posse que se constitui pelo exercício de poderes de fato, sobre a coisa, ou seja, que se assenta na detenção material e efetiva da coisa (ipsis). Posse civil ou jurídica é a que se adquire por força de lei, sem necessidade de atos físicos ou de apreensão material da coisa. O constituto possessório é um exemplo do caso: A vende sua casa a B, mas continua no imóvel como inquilino, então B torna-se possuidor da coisa de modo indireta e A permanece da condição de possuidor direito. Situação está que já se encontrava antes da alienação. Posse civil, então é aquele que se transmite ou se adquire pelo título, adquirindo a posse por qualquer um dos modos admitidos, lembrando que a jurisprudência considera valida a transmissão da posse por meio da escritura pública, então podemos concluir que em vários casos a posse jurídica é que se apresenta nas relações negociais. Na esteira da posse natural, vem se evidenciado uma nova forma de posse, ou melhor, uma forma de posse ainda não objeto de maiores ilações dos juristas, que é a realidade da Amazônia e arredores, com caracteres próprios de ocupação do solo rural ( em contrariedade ao urbano, de fato são florestas), em que a posse foi abandonado pelos seus legítimos proprietários, fazendo-se ocupar por terceiros , neste sentido, abaixo trecho de artigo extraído no sítio virtual do conselho Federal de Justiça : Os principais elementos da posse agroecológica, devido a sua própria origem, advém da posse agrária, acrescidos de outros que lhe são peculiares, a saber: a) Na posse agroecológica o trabalho também é valorizado como forma de adquirir a terra, consequentemente, é um fato social que têm transcendência econômica, pois a atividade agrária desenvolvida pelo possuidor constitui em um valor econômico. Além de visar uma função econômica e social, ela também tem por fim tutelar os interesses culturais e ambientais; b) Por ser um fenômeno possessório, ela só existe como uma ação concreta, um fenômeno real, visível e tangível. A posse agroecológica é dinâmica, exige a efetiva exploração da terra, porém a compreensão de exploração da terra está ligada a atividade agroextrativa, centrada no uso sustentável dos recursos naturais; c) Posse agroecológica ocorre somente sobre um bem, não sobre um direito. Seus atos possessórios são exercidos sobre imóveis agrários e não sobre direitos ou bens móveis. Uma de suas características essenciais está exatamente no fato de que ela ocorre através da vinculação à terra, desenvolvida por meio de atividades agrárias, mas se manifesta através de uso coletivo dos recursos naturais, com a presença de práticas de trabalho familiar, baseadas no agroextrativismo. Há uma conjugação entre o apossamento familiar com o apossamento coletivo; d) Outro elemento importante da posse Agroecológica é a área de uso comum, pois é em torno dela e para garantir o acesso e uso comum dos recursos naturais, que se estruturam a coesão e a cooperação do grupo social que dela se utiliza. Com o intuito de assegurar a área de uso comum são estabelecidas normas de caráter consensual, fundamentadas em uma legitimidade que o grupo vai construindo no processo histórico de apossamento da área; e) A distinção entre o que é respeitado pelo grupo como sendo de uso comum e os espaços considerados de utilização familiar, se dá pelo trabalho. Toda atividade agrária (seja agrícola ou extrativa) que demanda trabalho e manutenção da área, para que nela se possa desenvolver uma atividade é considerada como posse familiar. Logo, casa, roça, capoeira, estrada de seringa ou castanha são espaços identificados a uma determinada família, pois são resultados de seu trabalho. (http://www.cjf.jus.br/revista/numero3/artigo07.htm)