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A ESCRITA DO CORDEL E AS CONTRIBUIÇÕES SEMÂNTICAS UMA REFLEXÃO LINGUÍSTICA SOCIAL.

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FACULDADE ZACARIAS DE GÓES
WAGNER SOUSA NASCIMENTO
A ESCRITA DO CORDEL E AS CONTRIBUIÇÕES SEMÂNTICAS: UMA REFLEXÃO LINGUÍSTICA/SOCIAL.
VALENÇA-BA
2014
WAGNER SOUSA NASCIMENTO
A ESCRITA DO CORDEL E AS CONTRIBUIÇÕES SEMÂNTICAS: UMA REFLEXÃO LINGUÍSTICA/SOCIAL.
Artigo científico apresentado como requisito parcial, ao Curso de Licenciatura em Letras, da Faculdade Zacarias de Góes - FAZAG, sob a orientação, da professora Vanessa Feitosa.
VALENÇA-BA
2014
A ESCRITA DO CORDEL E AS CONTRIBUIÇÕES SEMÂNTICAS: UMA REFLEXÃO LINGUÍSTICA/SOCIAL.
Wagner Sousa Nascimento [1: Graduando em Letras Vernáculas e suas Literaturas - Faculdade Zacarias de Góes.]
 
RESUMO
O presente artigo com o seguinte tema: A escrita do cordel e as contribuições semânticas: uma reflexão linguística/social, aponta à uma construção dialógica entre as considerações abordadas e conceituadas através da análise do gênero textual do cordel. É importante salientar que tais discussões se agregam em uma linha lógica de desenvolvimento linguístico, sendo considerado diagnósticos e reflexões pertencentes ao estudo da linguagem e da comunicação, entrelaçando-os as variantes culturais e sociais, pois a linguagem não é uma estrutura simples, definida apenas como uma emissão de sons, mas carrega toda uma carga semântica e como originadora da comunicação, seria impossível desassocia-la em tese de uma análise reflexiva a respeito do modelo linguístico aqui analisado, correlacionando à questão da argumentação semântica pertencente ao gênero, foco da nossa pesquisa bibliográfica. 
Palavras chave: Semântica, literatura de cordel, linguagem, comunicação, reflexão linguística, social. 
THE WRITING OF THE STRING AND SEMANTIC CONTRIBUTIONS: A LINGUISTIC / SOCIAL REFLECTION.
Wagner Sousa Nascimento[2: ¹ Graduating in Vernacular Languages ​​and their Literatures - Faculty Zacarias de Goes.	]
ABSTRACT
This article with the following theme: writing string and semantic contributions: a linguistic / social reflection, pointing to a dialogic construction between addressed and conceptualized by examining the genre of the string considerations. It is important to note that these discussions are aggregated into one logical line of language development, considered reflections and diagnoses pertaining to the study of language and communication, linking them cultural and social variations, because language is not a simple framework defined only as an emission of sounds, but carries a whole semantic load and as originator of the communication would be impossible to dissociate her thesis in a reflective analysis about the linguistic model. Therefore an analysis of the question of semantic reasoning pertaining to gender focus of our literature search.
Keywords: methodology, didactic, psycho-social, technological advancement, teacher.
SUMÁRIO
 INTRODUÇÃO
Este estudo conduz a uma reflexão e uma plausível análise acerca dos fatores semânticos, cognitivos e sociais derivantes aos processos instituídos nas estrelinhas dos folhetos de cordéis. Vale salientar que tais considerações apontam diretamente à cogitações estratégicas, referentes a interação social e uso do gênero textual como ferramenta didática. 
Contudo para se entender a composição dos significados existentes nos versos, se faz necessário uma consideração acerca dos princípios fundamentais da comunicação e da linguagem, que se envasam cientificamente por meio de pesquisas e estudos derivantes desse ramo.
Nesse artigo, serão refletidas questões indicativas a historicidade da comunicação, abordando-se conceitos diacrônicos e sincrônicos em um enfoque contextual, anexando-a ao gênero do cordel. Ainda na mesma métrica de raciocínio, seria possível definir a comunicação, como um campo de conhecimento acadêmico que estuda os processos de comunicação humana, portanto se faz de extrema importância a análise desse contexto, pois a literatura de cordel intensifica-se como gênero literário comunicativo e dialógico. 
 Por relaciona-se diretamente a comunicação, a mesma pode ser associada espontaneamente a linguagem, pois as divergências entre os teóricos especialistas nessa área, ainda são amplas, e uma reflexão acerca desses fatores, tendem a considerar ambas as vertentes – comunicação e linguagem - paralelamente.
Envasado por pensamentos de autores renomados como: BORDENAVE, FREIRE, PINTO, et al. O Seguinte artigo buscará correlacionar através de reflexões, as ideologias presentes nos versos dos textos de cordéis, estabelecendo um elo ao quesito da carga cultural e social dos escritos, tecendo algumas abordagens e estratégias para a prática didática, e inclusão da sociedade e família em ambientes escolares.
Vale salientar, que tal artigo não pretende formular parâmetros e indicar estabeleceres acerca da prática e metodologia didática, mas sim propor reflexões, conceitos e princípios que em anexo aos fatores sociais, psicológicos e estruturais dos ambientes educacionais, possam ser analisados e justificados para uma possível abordagem ou utilização das estratégias reflexivas aqui propostas.[3: Entende-se por ambiente, quaisquer espaços nos quais seres, pessoas, natureza e/ou objetos técnicos estabeleçam uma relação.]
Dividido em três tópicos principais, será analisado a priori, conceitos referentes a comunicação, classificando-os através de pesquisas bibliográficas e considerações científicas, englobando alguns entre os principais fatores relacionados ao estudo da comunicação, tais como a sua origem básica, uma consideração remota desse fenômeno como fator social e algumas mudanças significativas ao longo dos séculos.
O segundo ponto discutido em tese, pretende analisar algumas, entre as muitas linhas cientificas acerca dos fatores voltados à linguagem. Obviamente se foi elaborado um contexto abrangente, que interliga-se diretamente a questão comunicativa, cultural e social, refletindo em critérios voltados aos campos linguísticos e estruturais.
Já o último ponto analisado pelo artigo, busca intercalar e socializar as ideologias discutidas sugestivamente nos dois primeiros, traçando algumas perspectivas e conceitos fundamentados em interpretações semânticas de estrofes cordelísticas, com o intuito de tecer algumas sugestões a respeito de influências e posturas voltadas à prática didática e inclusiva da participação familiar. 
2 DEFININDO COMUNICAÇÃO
Desde os primórdios, o homem vem se adaptando a busca de inúmeras formas de exercer e estabelecer parâmetros para se comunicar. Fundamentando-se em variadas concepções a humanidade se dispõe de um fenômeno de origem pré-histórica para em anexo as demais virtudes da humanidade, tentar preencher a lacuna do inacabamento. FREIRE, 1996.
Para uma definição objetiva, fechada e concreta, a COMUNICAÇÃO pode ser definida como um substantivo feminino que estabelece o ato de comunicar, informar; avisar: passagem, caminho, ligação. (Rocha 1997 apud João Batista Perles). Ou constata-se que a capacidade comunicativa não é apenas uma expressão de teor humano, mas reflete-se na vida animal em nível geral, sendo representada de várias formas. 
Como seres sociais e carentes de interação, a raça humana se utilizou de recursos expressivos como; símbolos, desenhos, imagens e pinturas nas paredes de cavernas para expressar suas opiniões, demonstrar suas ideologias e suas artes, em nota, se comunicar.
Por conta do processo evolutivo mediante a ampliação do cenário social, -já que a comunicação não é um fenômeno recente- como variante se expandiu, deixando de ser exclusiva ao visual, passando a ser um método de funcionamento ao cenário da linguagem escrita e oral. 
Referente a complexidade dessa vertente, não se é possível definir conclusivamente as informações alusivas ao início dacomunicação primitiva, pois as divergências entre os estudiosos ainda vigoram. Entretanto deduz-se que o início da comunicação foi resultado da associação entre gestos e sons que proporcionaram a idealização do objeto e dos signos conforme afirma BORDENAVE, 1982, p.24 apud João Batista Perles.
Ainda voltado à ideologia dos signos, conceitua-se dentro da métrica Saussuriana, o signo como um composto de significado que não remete a uma palavra, frase ou texto, mas sim a uma imagem acústica. Para confirmar essa definição, Saussure explicita que a relação entre significado e significante não têm semelhança direta através das comparações entre as línguas.
“Assim a idéia de “mar” não está ligada por relação alguma interior à seqüência de sons m-a-r que lhe serve de significante; poderia ser representada igualmente bem por outra seqüência, não importa qual; como prova, temos as diferenças entre as línguas e a própria existência de línguas diferentes: o significado da palavra francesa boeuf (“boi”) tem por significante b-ö-f de um lado da fronteira franco-germânica, e o-k-s(Ochs) do outro.” (SAUSSURE, 1969 p.81 apud Micheli Mariel Decian e Celia Helena Pelegrini Della Méa, 2005).
	Saussure afirma que a idealização básica do significado, não se justifica a consoantes fonéticas que lhe atribuiriam o seu significante, pois a sequência de sons e letras não especificariam a imagem projetada, porque isso não importava dentro desse contexto. Sendo que para comprovar sua afirmação, o pai da linguística compara palavra de outros idiomas.
	Segundo BORDENAVE (idem, p. 25 apud João Batista Perles) os signos criados pelo processo inicial da comunicação, resultaram em uma combinação lógica e cronológica formando um código, pois a idealização desses signos complicariam em uma desordem e dificuldade comunicativa, fato que não daria origem à linguagem, mas sim a um amontoado de imagens acústicas sem uma ordem lógica. 
3 LINGUAGEM E SUAS REFLEXÕES
A combinação de signos criados pelos processos primitivos de comunicação deu origem a linguagem. Esse processo foi um resultado da convenção dos signos entre si, usados perante processos verbais, segundo BORDENAVE (idem, p 25 apud João Batista). De certo, essa afirmação refere-se à linguagem verbal e ou escrita, destituindo-se da corpórea e artística.
Contudo no período descrito a priori, caracterizado como era pré-histórica, o domínio da escrita era um pressuposto ainda inatingível, pois a comunicação referente a essa época tinha um teor amplamente visual conforme afirma a revista científica PARELLADA, 2009 apud GROBEL, Maria Cecília et al)
 “O homem antes de aprender a falar, aprendeu a comunicar-se através da visão. A partir do momento que os homens deixaram de ser nômades e passaram a fixar-se em uma determinada região, passaram a ter mais tempo disponível, dele fazendo uso para dedicar-se a arte da comunicação, ou seja os desenhos rupestres encontrados por pesquisadores em diversos sítios arqueológicos, nos paredões das cavernas e dos rochedos ao ar livre, como se fossem os grafites dos dias atuais. (PARELLADA, 2009).”
	Percebe-se por conta da plurissignificação dessa citação, que o homem ainda vive um processo de comunicação visual resultante da sua própria origem -as notícias em programas de televisão, revistas e quaisquer outras linguagens não verbais atualmente, justificam esse tema. Obviamente a invenção da escrita e por conseguinte a da prensa móvel de Gutenberg por volta de 1439, ampliaram e codificaram a linguagem em representações mistas e diversificadas, como os infográficos atualmente.[4: Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg, ou simplesmente Johannes Gutenberg (Mogúncia, ca. 1398 — 3 de fevereiro de 1468) foi um inventor e gráfico alemão. Sua invenção do tipo mecânico móvel para impressão começou a Revolução da Imprensa e é amplamente considerado o evento mais importante do período moderno. ]
4 LITERATURA DE CORDEL	 
 
4.1 COMO GÊNERO POPULAR	 
Após uma pequena reflexão sobre os conceitos básicos acerca da comunicação e da linguagem, se faz necessário a compreensão de que os processos linguísticos dentro de uma probabilidade comunicativa, não se limitam apenas à questões relacionadas a transmissão de ideias, mas se interligam auto definindo-se como um processo social.
Movido por um subtendido genético, o ser humano tem a necessidade de estabelecer uma relação com o outro, um contato, em análise, pode-se firmar que o ser humano representa e expõe as suas ideologias e ambições por meio de uma amplitude comunicativa, existente entre, sociedades, espaços e tempos diferentes. Criando-se assim um reconhecimento cultural entre as comunidades, vinculando-se diretamente à cultura conforme aponta PINTO, 1999, p.77 apud PROFIRIO, Silvio. et al)
Através dessa definição global, se pode entender que o entrelaço entre a linguagem e a necessidade de relação social, fundamenta uma estrutura propícia para a criação de diversas formas de comunicação e sociabilidade, dadas por meio de elementos incorpóreos, tais como: artes, ciências, língua, religião e filosofia. Sendo também geradoras de semelhantes formas materiais para registro, como: Telas, papel e imagens.
Com o decorrer dos anos, as linguagens humanas se multiplicaram predominando assim, em linguagens alternativas que determinam um teor tanto tradicional como contemporâneo. Dentre as muitas listadas, se é pertinente citar: o cinema, os jogos, as gravuras, o teatro e uma infinidade de gêneros textuais, etc. Dentre os quais a literatura de cordel, será o alvo das futuras reflexões.[5: Literatura de cordel também conhecida no Brasil como folheto, é um gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada, originado em relatos orais e depois impresso em folhetos. ]
Como gênero popular representante de uma sociedade, se trabalhada, a literatura de cordel carrega em si ótimas estratégias para a inserção da realidade dentro da visão de mundo dos estudantes. Também considerada como ferramenta de vivências, esse gênero descreve a história do povo nordestino, outrora contada oralmente de geração a geração, até que pudesse ser registrada como textos rimados.
A métrica presente nas rimas estabelece um sincronismo ideológico destacando não exclusivamente história e lendas, mas apresenta reflexões acerca da realidade social, da perspectiva universal de um povo, sendo também equiparada a uma temática discursiva. Deveras um estilo que liga-se à historicidade, à comunicação, à cultura, às memórias, pode-se afirmar que a literatura de cordel classifica-se como uma excelente ferramenta didática, pois auxilia e fomenta a curiosidade dos estudantes englobando-os em uma consideração acerca da realidade.
Por se tratar de um gênero popular, ou seja produzido pelo povo, infelizmente para alguns teóricos, a literatura de cordel não pode ser associada a estudos ou análises de base científica, pois englobam uma visão particular de cada autor acerca de diferentes temáticas, contudo se faz necessário entender que o fator histórico que baseia esse gênero situa-se na história temporal de uma sociedade, mesmo sendo concebida por fatores genéricos e fictícios a mesma ainda não pode ser desvinculadas da realidade.
4.2 COMO VARIANTE SEMÂNTICA
Segundo ULLMANN (1964) a semântica e a vertente linguística responsável pelo estudo dos significados das palavras. Seguindo essa definição do teórico, se é importante ressaltar que as relações entre sentido e fonemas não podem correr exclusivamente para uma direção, pois existem grafias dentro da construção textual que estão interligadas a vários outros sentidos intercalados aos critérios da textualidade.
Apesar de ter sido premeditada como uma cultura de massa, excessiva à venda, fato que deu origem a etimologia do seu próprio nome. A literatura de cordel segue uma métrica literária, uma estruturação e um sincronismo lexical capaz de fomentar o interesse e o gosto pela leitura, além de ser riquíssima em plurissignificação, conotação, figuras de linguagem e recursosvoltados ao campo semântico. Para um melhor entendimento, serão analisados alguns versos de um título de cordel, sintetizados à uma reflexão derivante a esse campo linguístico.
Mais um drama sertanejo
Surgiu da inspiração 
Dum trovador que ajuda
Na alfabetização
Das crianças camponesas
Dos caboclos do sertão
Para versar aventuras
Essa pena tem orgulho –
Por isso apresento, agora,
Rufino rei do barulho – 
Homem que nunca dobrou-se,
Um pau que não deu gorgulho!
O velho pai de Rufino
Era um pobre fazendeiro,
Trabalhador, esforçado,
Sertanejo verdadeiro,
Porem era perseguido
Por não possuir dinheiro.
No sertão do Ceará
Cultivando as secas terras,
Vivia o pai de Rufino,
No meio de duas serras
Enfrentando dos vizinhos
As mais temerosas guerras.
	Os versos seguem uma métrica típica da estrutura de cordel, esquema de rimas em sextilha, sendo de autoria do cordelista Manoel d’Almeida filho datando o ano de 1966 com procedência da cidade de Aracaju - SE.
Dentro de uma abordagem semântica, se é digno de destaque o uso das figuras de linguagem e as estratégias persuasivas utilizadas pelo autor. Nota-se claramente na última estrofe, especificamente no sexto verso da sextilha “As mais temerosas guerras” o uso das figuras de linguagem metáfora e hipérbole, que consequentemente podem ser analisadas e trabalhadas dentro de uma aula voltada à perspectiva semântica desse fundamento, além de ser possível contextualizar os conflitos existentes por disputas de terra baseados em uma reflexão filosófica e histórica. 
	Em uma consideração léxico-Gramatical, a terceira estrofe dos quais os versos “O velho pai de Rufino / Era um pobre fazendeiro” são pertencentes. Pode-se ser considerado um julgamento referente a morfossintática em uma aula expositiva. Após a leitura do texto e uma discussão acerca das ideologias presente. A análise por conseguinte exemplifica como os versos poderiam ser considerados dentro desse ramo da linguística.
 Adjuntos Adnominais Artigo Predicativo do sujeito
O velho pai de Rufino / Era um pobre fazendeiro
 Sujeito Verbo de ligação Predicado Nominal
Outra variação citável, se dá pelo fato do fomento a associações inclusive a fatores cognitivos de alunos que possuem uma certa identificação com esse tema, como alunos da zona rural ou com grau de parentesco referente ao campo. Seria pensado as reflexões gramaticas com muito mais ênfase do que frases isoladas em um contexto, se as análises corressem em torno de um contexto social pertencente a realidade dos educando.
Em um perspectiva voltada ao social, a fundamentação e carga semântica da literatura de cordel também poderiam ser utilizadas além das perspectivas didáticas em reflexões voltadas a contextos semânticos e gramaticais, abordados em aulas tradicionais. Dos quais: elaborações de projetos, saraus, feiras e projetos líteros com inserção da sociedade e mais outros elementos interativos que designariam e fomentariam não apenas a curiosidade dos alunos, mas uma maior participação da família.
Portanto é de suma importância se valer de recursos que podem potencializar o ensino e interação entre escola e família, pois as conciliadoras máximas para a mobilidade e absorção pelo gosto ao aprender derivam delas. Infelizmente ainda existe um certo descaso a essa temática e com a influência gerada pelos novos meio tecnológicos, muitos pais acabam sendo manipulados pela autonomia dos próprios filhos, conforme afirma Paulo Freire em seu livro pedagogia da indignação (2000, p.29):
“A mim me dá pena e preocupação quando convivo com famílias que experimentam a “tirania da liberdade" em que as crianças podem tudo: gritam, riscam as paredes, ameaçam as visitas em face a autoridade complacente dos pais que se pensam ainda campeões da liberdade.” (FREIRE,2000).
	A citação exemplifica a urgência de mudança e os padrões adotados pela sociedade hoje, pelo desígnios que moldam e idealizam a desenvoltura de um mundo perdido pelo consumismo de massa e valores morais e sociais sendo desvinculados. Assim fica claro a urgência por modelos que intensifiquem e fomentem a busca por valores, e a literatura de cordel pode ser uma entre as várias ferramentas potenciliadoras, pois justifica vertentes linguísticas como: semântica, sintaxe, morfologia, indo além pois tece preceitos, sintetizando abas sociais e interdisciplinares [6: Por se tratar de um artigo voltado à discussão semântica e social, o tema da interdisciplinaridade não será abordado pela tese. -Grifo meu- ]
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sociedade passa por um momento de transformação e readaptação, e valores epistemológicos outrora expressados pela vivência, pluralidade e oralidade vêm sendo substituídos por aparatos e ferramentas que aparentemente encurtam distâncias e facilitam a vida, contudo elementos tradicionais ainda precisam ser considerados e introduzidos a métrica dessa nova realidade.
Atualmente é natural observar o aumento e interesse pelo o estudo e pesquisa a respeito da literatura de cordel, isso pode ser facilmente comprovado pelo número de artigos e pesquisas acadêmicas voltadas a esse campo literário e linguístico-social. Obviamente esses estudos tendem a considerar e refletir acerca da literatura de cordel como ferramenta didática. 
Não é recente a utilização da literatura de cordel como instrumento à aprendizagem, pois na sua essência os livretos foram utilizados como utensílios para a alfabetização, sendo um dos poucos contatos pertinentes a leitura disponíveis à sociedade da época. Conforme afirma (VIANA, 2006 apud Silvio Profirio da Silva et al) mesmo antes do surgimento das tipografias, as estrofes manuscritas já auxiliavam e propiciavam o poder mágico da leitura na região nordestina. 
Por se tratar de uma literatura de cunho popular, infelizmente o preconceito voltado para esse gênero ainda é exorbitante, porém após algumas análises e considerações pertinentes a esse tipo de literatura, se é possível enxergar todo contexto semântico e léxico-gramatical existentes nos versos. 
Portanto se é claramente notado como essa forma de literatura pode ser trabalhada em virtudes interdisciplinares ou específicas do campo linguístico –aqui discutido- metodologias inclusivas e fomentativas a participação familiar, além de excitar a curiosidade dos estudantes se usada como ferramenta metodológica, pois intensifica uma abordagem a respeito da própria realidade. 
 
 REFERÊNCIAS
BOMFIM, João Bosco Bezerra. O gênero do cordel sob a perspectiva crítica do discurso. 275. Tese (Doutorado)– Programa de Pós-Graduação em Linguística, Português e Línguas Classicas, Instituto de Letras. Brasília, 2009. 
DECIAN, Micheli Mariel; MÉA Celia Helena Pelegrini Della. O signo lingüístico: de Saussure a Benveniste. Disciplinarum Scientia , Série: Artes, Letras e Comunicação, Santa Maria, v. 6, n. 1, p. 93-109, 2005. 
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
GOMES, Raimunda Aline Lucena. A comunicação como direito humano: Um Conceito em Construção. 187. Dissertação - Programa de Pós-graduação em Comunicação. Universidade Federal de Pernambuco Centro de Artes e Comunicação. Recife, 2007.
NOGUEIRA, ANGELA MACIEL. Origem e características da literatura de cordel. 13. Dissertação - Licenciatura Plena em Letras/Inglês das Faculdades Integradas de Ariquemes – FIAR. Ariquemes, 2009. 
PERLES, João Batista. Comunicação: conceitos, fundamentos e história.17. Dissertação – Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt. Acesso em: 20 de Outubro de 2014.
SILVA, Silvio Profirio da; ARCANJO, Jacineide Gabriel et al. Literatura de cordel: linguagem, comunicação, cultura, memória e interdisciplinaridade. 20. Dissertação - Raído, Dourados, MS, v. 4, n. 7, p. 303-322, jan./jun. 2010.

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