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ESQUEMA DE AULA APLICAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Interpretação ou exegese: O passar do texto abstrato da lei para o concreto da aplicação da lei. A hermenêutica é a teoria científica da interpretação. A palavra provém de Hermes, o deus da arte de compreender, expressar, explicar, descobrir o sentido. É a homenagem a esse deus, que era considerado eloqüente e o mensageiro dos deuses. A interpretação busca captar o verdadeiro Sentido ou finalidade da norma. Ocorre que muitos são os sentidos possíveis, mas a hermenêutica procura captar a finalidade mais apropriada, o sentido correto ou jurídico�. Além do sentido, a interpretação tem por escopo revelar o alcance da norma. Cite-se o exemplo da C.L.T e dos Estatutos dos servidores públicos federais (Lei 8.112/90), que possuem o mesmo sentido (regular direitos e deveres do trabalho), mas com alcance diverso (lei 8.112 – servidores púbicos e CLT – empregados). A aplicação da norma deve ser precedida da sua interpretação. Mas e no caso de normas evidentes, em que seu conteúdo não deixa margem a qualquer questionamento, será necessária a utilização de alguma técnica interpretativa? A priori, por mais evidente que seja o sentido e o alcance da norma, ela necessitará de uma interpretação, ainda que apenas gramatical, até para convencer-se o interprete que a norma é indiscutível. Interpretar é abstrair de uma norma geral (a lei) uma norma individual (a sentença), ou seja, a interpretação é um ato normativo. Funções da interpretação�: Conferir aplicabilidade a norma jurídica; Estender o sentido da norma a situações novas; Temperar o alcance da norma. Espécies de interpretação Quanto à origem: 1.1 Judiciária: Antes de aplicar a norma, o judiciário realiza uma prévia interpretação da mesma. Essa interpretação se apresenta como a norma individual aplicada pelo poder judiciário, ou seja, a sentença ou o acórdão dos tribunais. 1.2 Autêntica: é a realizada pelo próprio órgão que editou a norma, que irá declarar seu sentido, alcance e conteúdo, por meio de outra norma jurídica. Também é chamada de interpretação legal ou legislativa 1.3 Administrativa: A administração pública, por seu turno, na função de executar o disposto em lei, tem antes que fazer a sua interpretação, tal como decide a procedência de um processo administrativo de multa ou de licitação. 1.4 Doutrinária ou científica: Os juristas ou cientistas do direito realizam seu processo criativo investigando a lei através de todos os instrumentos desenvolvidos pelo Direito. Quanto aos processos ou métodos: Gramatical ou filológica: consiste em verificar qual o sentido do texto gramatical da norma jurídica. É analisado valor semântico das palavras utilizadas no texto da norma. Verifica-se o alcance das palavras encerradas no texto da lei. Deve-se observar linguagem comum empregada pelo legislador; porém, se são utilizados termos técnicos, o conceito destes deve prevalecer. Interpreta-se literalmente a norma que outorgue isenção Lógico-sistemática - em que se estabelece uma conexão entre vários textos legais a serem interpretados. São verificadas as proposições enunciadas pelo legislador. Parte-se de uma premissa maior, Passa-se para uma premissa menor, chegando à conclusão. Histórica - o Direito decorre de um processo evolutivo. Há necessidade de analisar, na evolução histórica dos fatos, o pensamento do legislador não só à época da edição da lei, mas também de acordo com sua exposição de motivos, mensagens, emendas, discussões parlamentares etc. O Direito, portanto, é uma forma de adaptação do meio em que vivemos em razão da evolução natural das coisas. A interpretação histórica reconstrói a vontade do legislador quando da elaboração da lei Sociológica - em que se constata a realidade e a necessidade social na elaboração da lei e em sua aplicação. A própria Lei de Introdução ao Código Civil determina que o juiz, ao aplicar a lei, deve ater-se aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum (art. 5º). Teleológica ou finalística - a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com o fim colimado pelo legislador Quanto aos efeitos ou resultados: 3.1 Extensiva - dá-se um sentido mais amplo à norma a ser interpretada do que ela normalmente teria. 3.2 Restritiva - dá-se um sentido mais restrito, limitado, à interpretação da norma jurídica 3.3 Declarativa – O sentido da lei encontra-se limitado aos exatos termos de seu texto, de sua declaração. Integração do direito Existem “vazios” ou “lacunas” no direito? Lacuna existe na lei e não no ordenamento jurídico. Inexistindo norma, deve o juiz integrar a ordem jurídica, através da criação de uma norma para o caso concreto, que no caso brasileiro, se valerá da analogia, da equidade ou dos princípios gerais do direito. A analogia é a aplicação a um caso não previsto a norma que rege outro caso semelhante. Princípios gerais do direito - Princípios universais, absolutos e eternos ou Princípios historicamente contingentes e variáveis, que inspiraram cada legislação. Integrar tem o significado de completar, inteirar. O intérprete fica autorizado a suprir as lacunas existentes na norma jurídica por meio da utilização de técnicas jurídicas. As técnicas jurídicas são a analogia e a eqüidade, e podem também ser utilizados os princípios gerais do Direito. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito (art. 4º da LICC). O art. 8º da CLT autoriza o juiz, na falta de expressa disposição legal ou convencional, a utilizar a analogia ou a eqüidade. Inexistindo lei que determine a solução para certo caso, pode o juiz utilizar por analogia outra lei que verse sobre questão semelhante. A analogia não é um meio de interpretação da norma jurídica, mas de preencher os claros deixados pelo legislador. Consiste na utilização de uma regra semelhante para o caso em exame. Analogia legis ocorre quando se toma por base regra existente, que não regula exatamente aquela hipótese, mas situação semelhante. Na analogia júris é usado um conjunto de normas que disciplinam o instituto. Em grego, eqüidade chama-se epieikeia, e tem o significado de completar a lei lacunosa, porém será vedado julgar contra a lei. Para Aristóteles, eqüidade era a justiça do caso concreto. Afirma Aristóteles que o eqüitativo é o justo. A função da equidade não é só suprir o silêncio do legislador, como também corrigir a lei, na medida em que, em razão do seu caráter genérico, ela se mostre insuficiente para fazer justiça (Ética. São Paulo: Atena, 1941, Livro V, Capo X). No Direito Romano, a eqüidade (aequitas) era um processo de criação da norma jurídica para sua integração no ordenamento jurídico. Tem também um significado de igualdade, de benignidade, de proporção, equilíbrio. A decisão por eqüidade só poderá, porém, ser feita nas hipóteses autorizadas em lei (art. 127 do CPC). O art. 8º da CLT autoriza o juiz a decidir por eqüidade. Consiste esta, portanto, em suprir imperfeição da lei ou tomá-la mais branda de modo a moldá-la à realidade. Daí por que os romanos já advertiam que a estrita aplicação do Direito poderia trazer conseqüências danosas à justiça (summum ius, summa injuria). Assim, o juiz pode até praticar injustiça num caso concreto quando segue rigorosamente o mandamento legal, razão pela qual haveria também a necessidade de temperar a lei para aplicá-la ao caso concreto e fazer justiça. A eqüidade não pode ser utilizada para julgar contra expressa disposição de lei. APLICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA As normas jurídicas têm sua vigência e validade limitada: Pelo tempo: conflito de leis no tempo (direito intertemporal). As leis nascem com a promulgação, mas só entram em vigor opôs a sua publicação. Salvo disposição contrária, a lei vigora 45 dias após sua publicação, e noexterior 03 meses após sua publicação. Vocatio legis é período de tempo entre a publicação e a vigência da lei As leis podem ser revogadas expressamente ou tacitamente; As normas se revogam por outras da mesma hierarquia ou de hierarquia superior. Alguns doutrinadores aceitam que o costume jurídico, ao ser reconhecido pelos Tribunais, possa revogar a lei; Represtinação; Ab-rogação e derrogação. No Brasil, a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Direito adquirido e expectativa de direito O princípio da territorialidade aplica-se a todas e pessoas e coisas situadas no território de um país, devendo aplicar o direito desse país. O princípio da extraterritorialidade ou sistema pessoa, aplica-se às pessoas o direito do seu estado de origem. Sistema brasileiro: Princípio territorial para regime jurídico dos bens e obrigações. Princípio extraterritorial ou pessoal para definir o domicílio, começo e fim da personalidade, nome e capacidade das pessoas, direitos de família e sucessão (art. 7º LICC). A eficácia significa a aplicação ou a execução da norma jurídica. É a produção de efeitos jurídicos concretos ao regular as relações. Tal conceito não se confunde com validade, que é a força imponível que a norma tem, isto é, a possibilidade de ser observada. A vigência da norma diz respeito a seu tempo de atuação. Aplicabilidade tem o sentido de pôr a norma em contato com fatos e atos. A eficácia envolve a aplicabilidade da norma e se ela é obedecida ou não pelas pessoas. Eficácia global é a aceitação da norma por todos. A eficácia parcial ocorre se é aceita parcialmente, implicando ineficácia parcial A eficácia da norma jurídica pode ser dividida em relação ao tempo e ao espaço. Efetividade é a observância da lei pelos destinatários. Eficácia no tempo refere-se à entrada da lei em vigor. Geralmente, a lei entra em vigor na data de sua publicação. Se inexiste disposição expressa da lei, esta começa a vigorar 45 dias depois de oficialmente publicada (art. 1 º da Lei de Introdução ao Código Civil - LICC). Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, inicia-se três meses depois de oficialmente publicada (§ 1 º, do art. 1 º, da LICC). É o que se chama de vacatio legis. Objetiva-se com isso divulgar o texto, discuti-lo e apreender seu conteúdo. Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo de vigência começará a correr da nova publicação. As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. Não se destinando a lei a ter vigência temporária, terá vigor até que outra a modifique ou revogue. A lei posterior revoga a anterior quando: a) expressamente o declare, como ocorre no final de muitas leis que rezam: revogam-se as disposições em contrário, ou quando revoga especificamente outra lei ou artigo de lei; b) seja com ela incompatível. Exemplo seria prescrever conduta totalmente contrária à especificada na lei anterior; c) regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. As Leis nº 8.212/91 e 8.213/91, que tratam da organização do custeio da Seguridade Social e dos benefícios da Previdência Social, regularam inteiramente a matéria, tendo revogado a antiga norma que versava sobre o assunto: a Lei nº 3.807/60, embora inexista determinação expressa nesse sentido nas novas leis. d) A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. Difícil na maioria das vezes é dizer qual é a lei geral e qual a lei especial. e) Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Repristinação é a restauração da norma anteriormente revogada, pelo fato de que a lei revogadora perdeu vigência. No sistema jurídico brasileiro, não existe repristinação. Revogação total é ab-rogação. Revogação parcial é derrogação. A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. Direito adquirido é o que integra o patrimônio jurídico da pessoa, por esta já ter implementado todas as condições para adquirir o direito, podendo exercê-lo a qualquer momento. Consideram-se, assim, adquiridos os direitos que seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha prazo prefixado, ou condição preestabelecida inalterável em relação à vontade de outra pessoa. Chama-se coisa julgada a decisão judicial de que já não caiba qualquer recurso. Eficácia no espaço A eficácia da lei no espaço diz respeito ao território em que vai ser aplicada a norma. A lei aplica-se ao Brasil, tanto para os nacionais como para os estrangeiros que aqui residam. Em certos casos, a lei pode ter eficácia no exterior, quando a própria norma assim disponha. É o que ocorre com o art. 3º da Lei nº 7.064/82, que prevê que o empregado brasileiro contratado por empresa de construção civil para trabalhar no exterior tem direito às verbas trabalhistas (inciso II) e à previdência social previstas na legislação brasileira (parágrafo único). � F. Geny p. 150/1 � NETO, Machado �
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