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aula - princípios do direito processual e da jurisdição

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Prof. Alexandre Pinheiro Sampaio
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1. Introdução
“Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico”. 
(Celso Antônio Bandeira de Mello)
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1. Introdução
Em toda a área da ciência jurídica autônoma os princípios norteadores estão definidos na Constituição da República, circunstância que determina a sua observância na elaboração das normas infraconstitucionais e na aplicação do direito processual.
 
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2. Princípios de Direito Processual
(Definições)
O vocábulo princípio se origina da palavra latina principium, e, vulgarmente, é “origem de algo, de uma ação ou de um conhecimento”, ou, ainda, “momento ou local ou trecho em que algo tem origem; começo”, segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.
Princípio = normas elementares ou requisitos primordiais instituídos como base, como alicerce de alguma coisa, revelando o conjunto de regras ou preceitos que se fixaram para servir de norma a toda espécie de ação jurídica, traçando a conduta a ser tida em qualquer operação jurídica.
 
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2. Princípios de Direito Processual
2.1. Princípio da imparcialidade do juiz;
2.2. Princípio da isonomia;
2.3. Princípios do contraditório e da ampla defesa;
2.4. Princípio da ação (inquisitivo e acusatório); 
2.5. Princípios da disponibilidade e da indisponibilidade;
2.6. Princípio da livre investigação e apreciação das provas;
2.7. Identidade Física do Juiz;
2.8. Princípio do impulso processual;
2.9. Princípio da oralidade;
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2. Princípios de Direito Processual
2.10. Princípio da Livre Convencimento;
2.11. Princípio da motivação das decisões;
2.12. Princípio da publicidade;
2.13. Princípio da lealdade processual;
2.14. Princípios da economia e da instrumentalidade das formas;
2.15. Princípio do duplo grau de jurisdição.
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2. Princípios de Direito Processual
2.1. Princípio da imparcialidade do juiz
Julgar desapaixonadamente; reto, justo; que não sacrifica a sua opinião à própria conveniência, nem às de outrem.
Garantia de justiça para os dois lados em litígio, sendo assim, desígnio para que a relação processual se instale validamente e se desenvolva de maneira natural. 
Para garantir a imparcialidade do juiz: (a) garantias (CF/88, art. 95); (b) vedações (CF/88, art. 95, § único; (c) juízos e tribunais de exceção (CF/88, art. 5º, inc. XXXVII). 
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2. Princípios de Direito Processual
2.2. Princípio da isonomia 
CF, art. 5º caput
Os litigantes devem merecer e receber tratamento isonômico, de modo que tenham as mesmas oportunidades de fazer valer em juízo as suas razões.
O conceito primitivo de igualdade, formal e negativa (todos são iguais perante a lei), não concorre para um tratamento justo, razão pela qual os operadores do Direito reivindicaram pela passagem à igualdade substancial, evoluindo-se para o conceito realista, que pugna pela igualdade proporcional, que significa, em suma, tratamento igual aos substancialmente iguais e desigual aos desiguais.
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2. Princípios de Direito Processual
2.3. Princípios do contraditório e da ampla defesa
O contraditório e ampla defesa foram definidos pela Constituição Federal em um mesmo dispositivo, determinando, expressamente, sua observância nos processos de qualquer natureza, judicial ou administrativo, e aos acusados em geral (CF/88, art. 5º, LV).
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2. Princípios de Direito Processual
2.4. Princípio da ação (processo inquisitivo e acusatório) 
Este princípio possui inúmeras denominações, entre as quais se referem princípio da demanda e princípio da iniciativa das partes, além de princípio da ação (o oficial), e ele denota que o Poder Judiciário, incumbido de oferecer a jurisdição, regido por outro princípio (inércia processual), para movimentar-se no sentido de dirimir os conflitos intersubjetivos, depende da provocação do titular da ação, instrumento processual destinado à defesa do direito substancial litigioso.
No ordenamento jurídico brasileiro, se adota o sistema acusatório, que é o sistema processual penal de partes, em que o acusador e acusado se encontram em pé de igualdade; é, ainda, um processo de ação, com garantias da imparcialidade do juiz, do contraditório e da publicidade. 
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2. Princípios de Direito Processual
2.5. Princípios da disponibilidade e da indisponibilidade 
Este princípio garante o direito das partes de exercer ou não seus direitos por meio do acesso ao Poder Judiciário. Esse procedimento é denominado poder dispositivo a liberdade que as pessoas têm de exercer ou não seus direitos.
Em direito processual tal poder é configurado pela disponibilidade de apresentar ou não sua pretensão em juízo, da maneira que melhor lhes aprouver e renunciar a ela ou a certas situações processuais. Trata-se do princípio da disponibilidade processual. Esse poder de dispor das partes é quase que absoluto no processo civil, mercê da natureza do direito material que se visa fazer atuar. 
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2. Princípios de Direito Processual
2.5. Princípios da disponibilidade e da indisponibilidade 
As limitações a esse poder ocorrem quando o próprio direito material é de natureza indisponível, por prevalecer o interesse público sobre o privado.
O inverso acontece no direito penal, em que prevalece o princípio da indisponibilidade (ou da obrigatoriedade). O crime é sempre considerado uma lesão irreparável ao interesse público e a pena é realmente reclamada, para a restauração da ordem jurídica violada.
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2. Princípios de Direito Processual
2.6. Princípio da livre investigação e apreciação das provas 
Este princípio, chamado também de princípio dispositivo, consiste na regra de que o juiz depende da iniciativa das partes quanto a instauração da causa e às provas, assim como às alegações em que se fundamentará a decisão.
A doutrina não destoa do entendimento de que o mais sólido fundamento do princípio dispositivo parece ser a necessidade de salvaguardar a imparcialidade do juiz. A cada um dos sujeitos envolvidos no conflito sub judice, é que deve caber o primeiro e mais relevante juízo de valor sobre a conveniência, ou inconveniência, de demonstrar a veracidade dos fatos alegados. 
Em regra, o juiz deve deixar às partes o ônus de provar o que alegam.
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2. Princípios de Direito Processual
2.7. Identidade Física do Juiz
Para que o julgamento seja considerado adequado, justo, o processo deve ter um mesmo juiz desde seu início até final decisão, de modo que não seja feito por um juiz que não acompanhou os fatos nem coligiu as provas (CPC, art. 132) – exceção: possibilidade de transferência, promoção ou aposentadoria do juiz.
 
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2. Princípios de Direito Processual
2.8. Princípio do impulso processual
Este princípio está intimamente ligado ao procedimento, tendo em vista que, uma vez iniciada a relação processual, ao juiz cabe deslocar o procedimento de fase em fase, até que a função jurisdicional se extinga. Isso quer dizer que, após instalado o processo, o juiz detém a incumbência exclusiva de prosseguir com o mesmo, evoluindo sua marcha etapa por etapa, até o esgotamento da função jurisdicional (esgotamento de ações que o poder judiciário pode exercer).
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2. Princípios de Direito Processual
2.9. Princípio da oralidade
Da mesma forma que o anterior, este princípio, também, apresenta ligação indissolúvel com o procedimento, devendo o juiz observar a mesma forma de conduzir o processo.
O princípio propicia a garantia de permitir a documentação mínima dos atos processuais, sendo registrados apenas aqueles atos tidos como essenciais. É um princípio que se faz presente no
artigo 13 da Lei 9099/95 e no processo do trabalho.
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2. Princípios de Direito Processual
2.10. Princípio da Livre Convencimento (persuasão racional)
A apreciação e a avaliação das provas produzidas e reunidas pelas partes, indicando que o juiz deve formar livremente sua convicção são reguladas por este princípio.
Esse procedimento fica situado entre o sistema da prova legal e do julgamento secundum conscientiam. No primeiro (prova legal) atribui aos elementos probatórios valor inalterável e prefixado, que o juiz aplica mecanicamente. O segundo significa o oposto: o juiz pode decidir com base na prova, mas também sem provas e até mesmo contra elas.
Todavia, sofre temperamento pelo próprio sistema que exige a motivação do ato judicial (CF/88, art. 93, IX; CPP, art. 381, III; CPC, art. 131, 165 e 458, II etc.).
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2. Princípios de Direito Processual
2.11. Princípio da motivação das decisões
Complementando o princípio do livre convencimento do juiz, surge a necessidade da motivação das decisões judiciárias. É uma garantia das partes, com vista à possibilidade de sua impugnação para efeito de reforma. Só por isso as leis processuais comumente asseguravam a necessidade de motivação.
Mais modernamente, foi sendo salientada a função política da motivação das decisões judiciais, cujos destinatários não são apenas as partes e o juiz competente para julgar eventual recurso, mas quaisquer do povo, com a finalidade de aferir-se em concreto a imparcialidade do juiz e a legalidade e justiça das decisões.
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2. Princípios de Direito Processual
2.12. Princípio da publicidade
Constitui uma garantia do indivíduo para o exercício da jurisdição. A presença do público nas audiências e a possibilidade do exame dos autos por qualquer pessoa representam o mais seguro instrumento de fiscalização popular sobre a obra dos magistrados, promotores públicos e advogados. O povo é o juiz dos juízes. 
 
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2. Princípios de Direito Processual
2.13. Princípio da lealdade processual
A finalidade do processo é a eliminação dos conflitos existentes entre as partes, possibilitando a estas respostas às suas pretensões, mas também para a pacificação geral na sociedade e para a atuação do direito, por isso que se exige de seus usuários e atores a dignidade que corresponda aos seus fins.
O princípio que impõe esses deveres de moralidade e probidade a todos aqueles que participam do processo (partes, juízes e auxiliares da justiça; advogados e membros do Ministério Público), denomina-se princípio da lealdade processual.
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2. Princípios de Direito Processual
2.14. Princípios da economia e da instrumentalidade das formas 
O princípio da economia significa a obtenção do máximo resultado na atuação do direito com o mínimo possível de dispêndio. É a conjugação do binômio: custo-benefício. 
Importante corolário da economia processual é o princípio do aproveitamento dos atos processuais. 
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2. Princípios de Direito Processual
2.15. Princípio do duplo grau de jurisdição
Este princípio prevê a possibilidade de revisão, por via de recurso, das causas já julgadas pelo juiz de primeiro grau (ou de primeira instância), que corresponde à denominada jurisdição inferior, garantindo, assim, um novo julgamento, por parte dos órgãos da jurisdição superior, ou de segundo grau.
O referido princípio funda-se na possibilidade de a decisão de primeiro grau ser injusta ou errada, por isso a necessidade de se permitir a sua reforma em grau de recurso. Adotado pela generalidade dos sistemas processuais contemporâneos. Corrente doutrinária opositora (minoria). Exceções ao princípio: hipóteses de competência originária do STF. Recurso Voluntário e de oficio.

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