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Cap 8 - Motivação e Emoção

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Como diferentes motivações afetam o comportamento? 
206 Explicando a motivação 
21 O Necessidades humanas e motivação 
221 Compreendendo experiências 
emocionais 
ARM ADO DE BRAVURA 
Em apenas um momento, a vida de Aron Ralston, 27, 
mudou para sempre. Um pedregulho de 360 kg caiu 
em um cânion estreito onde Ralston estava fazendo 
uma caminhada, um local isolado de Utah, prenden-
do seu antebraço ao chão. 
Pelos próximos cinco dias, Ralston permaneceu em 
uma floresta densa e solitária, incapaz de fugir. Como um 
escalador experiente, com treinamento de busca e resga-
te, ele teve bastante tempo para considerar suas opções. 
Ele tentou sem sucesso lascar a pedra, e prendeu cordas 
e polias ao redor da rocha em um vão esforço de movê-la. 
Por fim, sem água e quase desidratado, Ra lston perce-
beu que só havia uma última opção, além de morrer. Em um 
incrível ato de bravura, Ralston quebrou dois ossos, o rádio 
e a ulna, aplicou um torn iquete, e usou uma faca de bol-
so cega para amputar seu antebraço. Livre de sua prisão, 
Ralston desceu de onde estava preso e então caminhou por 
quase 1 O quilômetros até um local seguro (Martin. 2006; 
Ralston, 2004). 
Ralston, que agora usa um braço prostético. recuperou-
-se de seu supl íc io. Ele continua um ativo montanhista e 
explorador. Questões de motivação-isso é, o que nos 
move-e emoções são centrais a qualquer explicação para 
a extraordinária coragem e desejo de viver de Ralston. 
Psicólogos que investigam a motivação tentam desco-
brir quais são os nossos objetivos e como eles orientam 
o nosso comportamento. Por exemplo, se você beber um 
copo de água porque está com sede, diríamos que seu ob-
jetivo era saciar sua sede e que você bebeu o copo de água 
para satisfazer seu objetivo. No caso de Ralston, o objetivo 
era a sobrevivência e. ao amputar parte de seu braço. ele 
alcançou esse objetivo. 
O estudo das emoções foca as nossas experiências in-
ternas em determinados momentos. Tod os sentimos uma 
variedade de emoções: felicidade ao obter êxito em uma 
tarefa difícil. tristeza pela morte de um ente querido, raiva 
ao sermos tratados injustamente. Psicólogos que pesqui-
sam as emoções desenvolveram diversas teorias diferen-
tes quanto à sua natureza e funcionamento. 
Começamos este capítulo examinando os principais 
conceitos de motivação e discutindo como diferentes mo-
tivos e necessidades afetam o comportamento conjunta-
mente. Consideramos motivos que são biologicamente 
embasados e universais ao reino animal, ta is como fome. 
assim como motivos que parecem ser únicos aos seres hu-
manos, ta is como a necessidade de rea lizações. 
A seguir. nos voltaremos às emoções. Consideraremos os 
papéis e as funções que as emoções desempenham nas vidas 
das pessoas e discutiremos diversas abordagens que expli-
cam como as pessoas entendem suas emoções. Por fim, ve-
remos como o comportamento não verbal comunica emoções. 
Enquant2 
você LE >> 
>> Explicando a motivação 
Quando Lance Armstrong completou a volta final do Tour de 
France diante de uma multidüo em polvorosa, aquele momen-
to significava mais do que vencer a corrida de bicicletas mais 
prestigiada do mundo. O momento repre-
sentava um triunfo da motivação e do espí-
rito humanos - com uma pitada de milagre. 
• Como nossas necessidades orientam e dão energia ao nosso 
comportamento? 
• Que fatores afetam a fome e o comportamento sexual? 
• Quais são as nossas necessidades de realização? De afi liação? De 
poder? 
• Todos sentem as emoções do mesmo modo? 
• Como comunicamos nossos sentimentos de modo não verbal? 
Que motivação havia por trás da determinação de Arms-
trong? Era a antecipação da excitação emocional de vencer 
o Tour de France? As potenciais recompensas que surgiriam 
caso ele vencesse? A emoção de participar? A satisfação de 
alcançar um objetivo tão ambicionado? 
Apenas 33 meses antes, ninguém teria 
imaginado que ,4nnstrong seria o vencedor 
do Tour de France. Na verdade, as proba-
bilidades estavam contra a possibilidade 
de que ele sequer voltasse a pedalar. Nessa 
época, ele descobriu que tinha um câncer 
nos testículos que se espalhara para seus 
pulmões e seu cérebro, e continha 12 tu-
mores e duas lesões. Os médicos lhe deram 
50% de chances de sobrevivência. 
Seu tratamento foi penoso. Ele passou 
por cirurgias e quatro rodadas de quimio-
terapia intensa, com um mês de intervalo 
O que motivou LanceArmstrong 
a não apenas sobreviver ao câncer, 
mas também a voltar a pedalar 
Para responder a essas perguntas, o 
psicólogos empregam o conceito de mo-
tivação, isto é, os fatores que direcionam 
e energizam o comportamento dos sere 
humanos e de outros organismos. A moti-
vação tem aspectos biológicos, cognitivo 
e sociais, e a complexidade do construto 
levou psicólogos a desenvolver diversas 
abordagens. Todas buscam explicar a ener-
gia que orienta o comportamento das pes-
soas em direções específicas. 
ABO RDAGEN S INSTINT IVAS competitivamente? 
entre cada uma. Mas ele nunca desistiu. Esforçando-se, ele 
pedalava de 30 a 80 quilômetros por dia após cada uma das 
sessões de uma semana de quimioterapia. 
Aí, o inesperado aconteceu: o câncer desapareceu, sur-
preendendo a todos. Armstrong continuou de onde tinha pa-
rado, treinando horas por dia e entrando em competições de 
motivação Os fatores que 
direcionam e energizam o 
comportamento dos seres humanos 
e de o utros organismos. 
instintos Padrões inatos 
de comportamento que são 
biologicamente determinados ao 
invés de aprendidos. 
206 • PSICO 
ciclismo (Abt, 1999, p. D4). 
Diversos anos mais tarde, 
Armstrong não apenas estava 
mais saudável, como também 
cruzando a linha de chegada 
do Tour de France em primei-
ro lugar- uma prova de sua 
enorme vontade de tti unfar. 
Quando os psicólogos tentaram explicar a 
motivação pela primeira vez, eles se volta-
ram para os instintos, padrões inatos de comportamento que 
são biologicamente determinados ao invés de aprendidos. De 
acordo com as abordagens instintivas à motivação, as pes-
soas e os animais nascem pré-programados com conjunto 
de comportamentos essenciais à sua sobrevivência. Esses in -
tintos fornecem a energia que canaliza o comportamento nas 
direções apropriadas. Daí, o comportamento sexual pode ser 
uma resposta a um instinto animal de se reproduzir, e o com-
portamento exploratório pode ser motivado por um instinto de 
examinar o seu território. 
Por definição, comportamentos instintivos são padrões 
rígidos de comportamento que todos os membros de uma 
espécie (ou todas as fêmeas e todos os machos no caso do 
comportamento sexual) irão executar exatamente do mesmo 
modo. O salmão nos dá um famoso exemplo: todos eles es-
A migração sazonal de pássaros é um comportamento instintivo. Por 
outro lado, a motivação que subjaz ao comportamento humano é 
complexa e pode ser difícil de explicar. 
colhem praticamente o mesmo momento para nadar de volta 
ao rio onde nasceram. Então eles nadam contra a corrente 
para se reproduzir, mesmo que esse comportamento resulte 
em sua morte. O problema é que os seres humanos não fazem 
nada exatamente do mesmo jeito, mesmo quando tentam! 
Então um grande problema ao se tentar utilizar o conceito 
de instinto para explicar a motivação é que os comportamentos 
humanos são muito mais complexos do que os de muitas espé-
cies animais, além disso, não parece que nós tenhamos algum 
instinto verdadeiro. Como resultado, explicações mais novas 
substituíram concepções da motivação com base nos instintos. 
ABORDAGENS DE REDUÇÃO DA 
PULSÃO 
Após rejeitar a teoria do instinto, os psicólogos inicialmente 
propuseram teorias de simples redução de pulsão para explicar 
a motivação (Hull, 1943). Abordagens de redução da pulsão 
sugerem que a falta de algum elemento 
necessário biologicamente,tal como a 
água, produz uma pulsão para obter aque-
le elemento (nesse caso, a pulsão da sede). 
Nas teorias de redução da pulsão, 
pulsão é definida como uma tensão, 
ou excitação motivacional que energi-
za o comportamento para a satisfação 
de uma necessidade. Muitas pulsões 
básicas, como fome, sede, sono e sexo, 
estão relacionadas a necessidades bio-
próxima refeição não estiver 
próxima. Se o tempo ficar 
frio, colocamos uma camada 
a mais de roupa ou ligamos 
o ar condicionado para nos 
mantermos aquecidos. Se 
nossos corpos precisam de 
líquido para funcionar ade-
quadamente, podemos sentir 
sede e buscar água. 
Apesar de teorias de re-
dução da pulsão fornecerem 
uma boa descrição de como as 
pulsões primárias motivam o 
comportamento, elas não po-
dem explicar comportamen-
tos para os quais o objetivo 
abordagens de redução da 
pulsão à m otivação Teorias 
que sugerem que a falta de um 
elemento biológico básico, como 
a água, produz uma pulsão de se 
obter aquele elemento (nesse caso, a 
pulsão da sede). 
pulsão Tensão ou excitação 
motivacional que energiza o 
compo rtamento para a satisfação de 
uma necessidade. 
abordagens da excitação 
à motivação Crença de que 
tentamos manter certos níveis de 
estimulo e atividade, aumentando-os 
ou reduzindo-os conforme o 
necessário. 
não é reduzir uma pulsão, mas manter ou mesmo aumentar o 
nível de excitação. 
Por exemplo, alguns comportamentos parecem ser mo-
tivados por nada além da simples curiosidade, tais como 
correr na rua para ver bombeiros investigarem uma cha-
mada. Do mesmo modo, muitas pessoas buscam atividades 
com altos níveis de emoção, como andar de montanha-russa 
ou fazer rafting nas corredeiras de um rio. Tais comporta-
mentos contradizem a ideia de que as pessoas buscam redu-
zir todas as pulsões, conforme abordagens de redução das 
pulsões indicariam (Begg e Langley, 2001 ; Rosenbloom e 
Wolf, 2002). 
Tanto a curiosidade quanto o com-
portamento "caçador de emoções", por-
tanto, lançam dúvidas sobre as aborda-
gens de redução das pulsões oferecerem 
uma explicação completa para a motiva-
ção. Em ambos os casos, em vez de bus-
car reduzir uma pulsão subjacente, as 
pessoas parecem motivadas a aumentar 
seu nível geral de estímulo ou atividade. 
Para explicar esse fenômeno, os psicó-
logos criaram ainda uma terceira pers-
pectiva teórica: abordagens da excitação 
à motivação. 
ABORDAGENS DA 
EXCITAÇÃO 
lógicas do corpo ou da espécie como 
um todo. Essas são chamadas de pul-
sões primárias. As pulsões primárias 
contrastam com as pulsões secundárias, 
em que o comportamento não satisfaz 
nenhuma necessidade biológica óbvia. 
Nas pulsões secundárias, a experiência 
e a aprendizagem prévias é que geram 
necessidades. Por exemplo, algumas 
pessoas têm grandes necessidades de 
realização acadêmica e profissional. 
Podemos dizer que sua necessidade de 
realização se reflete em uma pulsão se-
O que motiva as pessoas a se envolver em 
atividades com alto nível de emoção, como 
Teorias da excitação buscam explicar 
o comportamento cujo objetivo é man-
ter ou aumentar a excitação. De acor-
do com as abordagens da excitação à 
motivação, cada pessoa tenta manter 
um determinado nível de estímulo e ati-o paraquedismo? 
cundária que motiva o seu comportamento (McKinley et ai. , 
2004; Seli, 2007). 
Frequentemente tentamos satisfazer uma pulsão primá-
ria reduzindo a necessidade subjacente. Por exemplo, fica-
mos com fome quando não comemos por algumas horas, e 
podemos assaltar a geladeira, especialmente se a hora da 
vidade. Assim como ocorre no modelo 
de redução de pulsão, esse modelo sugere que, se um estí-
mulo ou atividade ficar muito alto, tentamos reduzi-lo. Mas, 
ao contrário dos modelos de redução de pulsão, o modelo 
de excitação também sugere que, se os níveis de estímulo 
e atividade estiverem muito baixos, tentaremos aumentá-los 
buscando estimulação. 
Motivação e Emoção • 207 
Você busca sensações? 
·seossad s1wno 
sep se w o:> we.iedwo:> a s sag 5esuas 
ap e:>snq ap sepuij> pua1 sens owo :> ap 
OA!leJ!PLI! w n Jep "41 souaw oe lLl! 
O!Jj?UO!lSanb o ·w,sse epur,t,1nu!W!P 
e apua1 sag1esuas ap e:>snq a p 0! 5 
-eniuod ens •se41aA S!EW opueJ!t OJ;A 
seossad se ãWJOjUOJ ·s,ew o p W\!IV 
·sag5esuas Jod e:>snq a p sep u;ipua1 
sens ap EA!lEW!lSa ewn seuade \?P O!J 
-\?UD!lSanb assa anb a1uaw wa e4ua1 
EX!eq 01,nw sag5esuas ap e:>snq c:-o 
:epuij>JãjãJ a1u,nllas e asn a 1e101 0! 5 
-en1uod ens e.iqn:>saa ·sr J 'Vl J 'v I J 
'801 '96 Vs 'v L 'S9 'VS ·sv 'VE 'Vl 
'V J :snsodsaJ sa1u,nllas sep ewn epe:> 
eJed 01uod wn 'i'P as :o)l1t?nl UOd 
Fonte: Questionário "Do you seek out 
sensation?" de Marvin Zuckerman, "The 
Search for High Sensat ion"". Psychology 
Today, February 1978, pp. 30-46. 
Quanta estimulação você busca em seu cotidiano?Você terá uma ideia 
após completar o seguinte questionário, que lista alguns itens de uma 
escala projetada para avaliar suas tendências de busca de sensações. 
Circule A ou Bem cada par de afirmações. Se nem A nem B o descreverem 
adequadamente, escolha o que melhor descrever sua inclinação.Tente 
responder a todos os itens. 
1. A Eu gostaria de ter um emprego em fosse preciso viajar muito. 
B Eu preferiria um emprego em uma locação só. 
2. A Eu me sinto revigorado por um dia frio. 
B Não posso esperar para entrar em algum lugar em dias frios. 
3. A Fico entediado vendo sempre as mesmas pessoas. 
B Gosto da famil iaridade confortável dos amigos de sempre. 
4. A Eu preferiria viver em uma sociedade ideal em que todos estão seguros, protegidos e 
felizes. 
B Eu teria preferido viver nos tempos incertos, conturbados de nossa história. 
5. A Às vezes eu gosto de fazer coisas que são um pouco assustadoras. 
B Uma pessoa sensata evita atividades perigosas. 
6. A Eu não gostaria de ser hipnotizado. 
B Eu gostaria de passar pela experiência de ser hipnotizado. 
7. A O objetivo mais importante da vida é viver ao máximo e ter o máximo de experiências 
possível. 
B O objetivo mais importante da vida é encontrar a paz e a felicidade. 
8. A Eu gostaria de experimentar pular de paraquedas. 
B Eu jamais gostaria de pular de um avião, com ou sem paraquedas. 
9. A Eu entro na água fria gradualmente, me dando tempo para me acostumar com ela. 
B Eu gosto de mergulhar ou pular direto na água gelada. 
1 O. A Quando eu saio de férias, prefiro o conforto de um bom quarto e uma cama. 
B Quando saio de férias, prefiro mudar e sair para acampar. 
1 1. A Eu prefiro pessoas que são emocionalmente expressivas, mesmo que sejam um pouco 
instáveis. 
B Eu prefiro pessoas que são calmas e de temperamento constante. 
12. A Uma boa pintura deveria chocar ou abalar os sentidos. 
B Uma boa pintura deve dar uma sensação de paz e segurança. 
13. A Pessoas que dirigem motocicletas devem ter alguma necessidade inconscient e de se 
machucar. 
B Eu gostaria de dirigir ou andar de motocicleta. 
As pessoas variam enormemente no nível ótimo de 
excitação que buscam, com algumas buscando níveis espe-
cialmente altos de excitação. Por exemplo, pessoas que par-
ticipam em esportes de risco, apostadores e criminosos que 
realizam roubos de alto risco podem estar exibindo uma ne-
cessidade particularmente alta de excitação (Cavenett e Ni-
xon, 2006; Zuckerman, 2002; Zuckerman e Kuhlman, 2000). 
a necessidade biológica de mais comida ou de manutenção 
de excitação. Ao invés disso, se escolhermos comer a sobre-
mesa, tal comportamento é motivado pela própria sobremesa. 
que age como uma recompensa esperada. Essa recompensa. 
em termos motivacionais, é um incentivo. 
Abordagens do incentivo à motivação sugerem que 2 
motivação surge do desejo de obter objetivos externos valori-
zados, ou incentivos. Nessa visão, as propriedades desejáveis 
de estímulos externos- quer sejam notas,dinheiro, afeto ou 
comida-explicam a motivação da pessoa. ABO RDAGENS DO INCENTIVO 
abordagens do ince ntivo à 
motivação Teorias que sugerem 
que a motivação surge do desejo 
de obter objetivos externos, ou 
incentivos, valorizados. 
208 • PSICO 
) Quando uma deliciosa sobre-mesa aparece na mesa após uma boa refeição, seu apelo tem pouco ou nada a ver com Apesar de a teoria buscar explicar por que sucumbimos 2 um incentivo (tal como uma sobremesa de dar água na boca mesmo que nos faltem pistas internas (tal como a fome), ek não fornece uma explicação completa da motivação, visto 
pense PSICO 
> > > Quais abordagens à motivação podem ser usadas 
em sua vida acadêmica? Como cada abordagem pode ser 
usada para elaborar políticas escolares para manter ou 
aumentar a motivação? 
que organismos às vezes buscam satisfazer 
necessidades mesmo quando incentivos 
não são aparentes. Em outras palavras, 
às vezes nos comportamos como se es-
tivéssemos sendo motivados apenas por 
pulsões biológicas. Consequentemen-
te, muitos psicólogos acreditam que as 
pulsões internas propostas pela teoria da 
redução de pulsões funcionam em con-
junto com os incentivos externos da teoria 
do incentivo para "impulsionar" e "atrair" o 
comportamento, respectivamente. Assim, ao 
mesmo tempo em que buscamos satisfazer nos-
sas necessidades subjacentes de comida (o impulso 
da teoria da redução de pulsões), podemos ser atraídos por 
al imentos que pareçam muito apetitosos (a atração da teoria 
do incentivo). Ao invés de se contradizerem, portanto, as pul-
ões e os incentivos podem funcionar em conjunto na moti-
\·ação do comportamento (Berridge, 2004; Lowery, Fillingim 
e Wright, 2003; Pinel, Assanand e Lehman, 2000). 
ABORDAGEN S COGNIT IVAS 
Abordagens cognitivas à motivação sugerem que a moti-
\·ação é um produto de nossos pensamentos, expectativas e 
objetivos~nossas cognições. Por exemplo, o grau em que os 
estudantes se sentem motivados a se preparar para uma prova 
e baseia na expectativa do que o seu estudo irá lhes render 
em questões de nota. 
A HIERARQUIA DAS N ECESSIDADES DE 
MASLOW 
O que Eleanor Roosevelt, Abraham Lincoln e 
Albert Einstein têm em comum? O ponto em 
comum, de acordo com um modelo da motiva-
ção criado pelo psicólogo Abraham Maslow, é 
que cada um deles satisfez os mais altos níveis 
de necessidades motivacionais que subjazem o 
comportamento humano. 
Autorrealização é um estado 
de autossatisfação em que 
as pessoas realizam seu 
potencia: mais alto, cada 
uma a seu modo único. 
O modelo de Maslow coloca as necessidades motivacio-
nais em uma hierarquia e sugere que, antes que necessidades 
mais sofisticadas e de nível mais alto possam ser satisfeitas, 
certas necessidades primárias devem ser sanadas (Maslow, 
1970, 1987). Usando uma pirâmide para representar o mo-
delo, Maslow colocou as necessidades mais fundamentais e 
de nível mais baixo na base, e as necessidades de nível mais 
alto no topo. Para que uma necessidade de alta ordem espe-
cífica direcione o comportamento, uma pessoa deve, 
primeiro, satisfazer as necessidades mais básicas 
na hierarquia. 
. "t As necessidades básicas no modelo de 
Maslow são pulsões fisiológicas primárias: 
necessidades de água, comida, sono, sexo e 
similares. Em seguida, vêm as necessida-
des de segurança; Maslow sugere que as 
pessoas precisam de um ambiente seguro 
e protegido para funcionar efetivamente. 
Após satisfazer as necessidades básicas e 
de segurança, uma pessoa pode considerar 
satisfazer as necessidades de nível mais alto, 
tais como as necessidades de amor e de perten-
cimento, estima e autorrealização. 
Imagine, por um instante, que você vive em um 
país arrasado pela guerra. Sua 
vila sofre ataques de armas 
automáticas com base relati-
[ 
abordagens cognitivas à 
motivação Teorias que sugerem 
que a motivação é um produto dos 
vamente regular, sua água_ foi pensamentos e das expectativas das 
envenenada e suas colheitas pessoas - suas cognições. 
foram destruídas. Quais dos 
Nece:;:;idade:; de nível mais alto 
A hierarquia das 
necessidades 
Autor- de Maslow 
realização 
Um estado de 
autossatisfação 
Estima 
A necessidade de 
desenvolver uma noção 
de autovalorização 
Amor e pertencimento 
A necessidade de obter 
amor e dar afeto 
Necessidades de segurança 
A necessidade de um lugar seguro e protegido 
Necessidades fisiológicas 
As pulsões primárias: necessidade 
de água, comida, sono e sexo. 
Necessidades de nível mais baixo 
Motivação e Emoção • 20 9 
seguintes comportamentos você se 
sentirá mais motivado a fazer: en-
contrar um lugar para se proteger 
das balas, encontrar o seu amor ver-
dadeiro ou cortar o cabelo? Maslow 
supunha que você buscaria abrigo 
antes que pudesse se concentrar 
em necessidades de nível mais alto, 
como o amor e a autoestima. 
Necessidades de amor e de per-
tencimento incluem as necessidades 
de obter e dar afeto e de ser um mem-
bro contribuinte de algum grupo ou 
sociedade. Após satisfazer essas ne-
cessidades, uma pessoa busca estima. 
No pensamento de Maslow, a estima 
se relaciona à necessidade de desen-
volver um sentido de autovalorização 
ao reconhecer que os outros conhe-
cem e valorizam sua competência. 
APLICANDO AS 
ABORDAGEN S DA 
MOT IVAÇÃO 
As várias teorias fornecem diver-
sas perspectivas distintas acerca da 
motivação. Qual propõe um quadro 
mais completo? Na verdade, muitas 
das abordagens que consideramos 
são complementares, e não con-
traditórias. Empregar mais de uma 
abordagem pode nos ajudar a en-
tender a motivação em uma situação 
específica. 
Assim que esses quatro grupos 
de necessidades tiverem sido satisfei-
tos - o que não é tarefa fácil - pode-se 
buscar a necessidade de nível mais 
alto, a autorrealização. A autorreali-
zação é um estado de autossatisfação 
em que as pessoas podem realizar seu 
maior potencial, cada uma a seu pró-
Em que lugar da pirâmide de Maslow você colocaria 
Considere, por exemplo, o aci-
dente de Aron Ralston, descrito no 
início deste capítulo. Seu interesse 
em escalar uma área potencialmente 
isolada e perigosa pode ser explica-
do p or abordagens da excitação à 
motivação. De uma perspectiva cog-
nitiva, reconhecemos sua cuidadosa 
consideração de várias estratégias 
para se libertar do pedregulho. Mas-
low poderia argumentar que suas 
necessidades básicas não estavam 
sendo satisfeitas enquanto ele esta-
esses monges Jain, cujas crenças espirituais requerem 
uma vida ascética, incluindo uma dieta limitada e o 
desapego das pessoas e de suas posses? 
prio modo. O importante é que as pessoas se sintam bem com 
autorrealização Um estado de ) 
autossatisfação em que as pessoas 
realizam todo o seu potencial, cada 
uma a seu próprio modo. 
elas mesmas e satisfeitas por 
estarem usando o seu talento 
ao máximo. De certo modo, o 
objetivo da autorrealização é 
reduzir a busca e a ânsia por 
mais satisfação, que é o que marca a vida de grande parte das 
pessoas, e encontrar um sentido de satisfação para a vida (Laas, 
2006; Piechowski, 2003; Reiss e Havercamp, 2005). 
Apesar de pesquisas não terem validado a ordem espe-
cífica dos estágios de Maslow, e apesar de ser difícil de me-
dir a autorrealização objetivamente, o modelo de Maslow é 
importante por dois motivos: ele destaca a complexidade das 
necessidades humanas e enfatiza a ideia de que, até que as ne-
cessidades biológicas mais básicas sejam satisfeitas, as pes-
soas se preocuparão menos com necessidades de nível mais 
alto. Logo, se as pessoas estão passando fome, seu primeiro 
interesse será o de obter comida (Hanley e Abell, 2002; Sa-
mantaray, Srivastava e Misra, 2002). 
Da perspectiva de ... 
UM EDUCADOR O foco em dar 
notas aos alunos pode servir 
para diminuir a sua motivação 
intrínseca para aprendero 
objeto da matéria. O que você 
recomendaria para ajudar os alunos a se 
reconectarem com sua motivação intrínseca? 
2 10 • PSICO 
va preso, então ele fez escolhas com 
base na motivação de satisfazer suas 
necessidades de comida, água e abrigo. 
Ou seja, aplicar múltiplas abordagens à motivação em 
determinada situação fornece um conhecimento mais amplo 
do que poderíamos obter com apenas uma abordagem. Vere-
mos isso novamente quando considerarmos motivos específi-
cos - como as necessidades por comida, realização, afiliação 
e poder - e utilizarmos várias teorias para montar um quadro 
mais amplo do que motiva o comportamento. 
).. D!,~~ d~,~,~~~,~~~d~~"'" 
explicações para a motivação (instintiva, 
redução de pulsão, excitação, incentivo, 
cognitiva e a hierarquia de Maslow). 
>> Necessidades humanas e 
motivação 
Nos Estados Unidos, aproximadamente dez milhões de mu-
lheres (e um milhão de homens) sofrem de transtornos ali-
mentares. Esses transtornos, que costumam surgir durante a 
adolescência, podem causar extraordinária perda de peso e 
outras formas de deterioração física. Extremamente perigo-
sos, por vezes resultam em morte. 
Como diferentes abordagens de motivação poderiam explicar a 
decisão de um jovem de se voluntariar para servir no exército? 
Por que algumas pessoas estão sujeitas a uma alimen-
tação tão problemática, que se pauta na motivação de evitar 
o ganho de peso a qualquer custo? E por que tantas outras 
pessoas comem em excesso, levando à obesidade? Parares-
ponder a essas perguntas, devemos considerar algumas das 
necessidades específicas que subjazem ao comportamento. 
FOME E COMER 
Dois terços das pessoas nos Estados Unidos estão acima 
do peso, e praticamente um quarto está tão pesado que tem 
obesidade, peso corporal que está 20% acima da média para 
uma pessoa de determinada altura. E o resto do mundo não 
está muito atrás: um bilhão de pessoas ao redor do globo es-
tão acima do peso ou obesas. De acordo com a Organização 
Mundial da Saúde, a obesidade ao redor do mundo alcan-
Você sabia?---
Comidas e refrigerantes dietéticos podem 
prejudicar sua dieta! Pesquisas indicam que 
o consumo de adoçantes artificiais po de 
levar ao maior consumo calórico e 
ganho de peso (Swithers e Davidson, 
2008). 
çou proporções epidêmicas, acompanhada por aumentos 
em cardiopatia, diabete, câncer e mortes prematuras (Hill, 
Catenacci e Wyatt, 2005; Stephenson e Banet-Weiser, 2007). 
A medida mais usada para a obesidade é o índice de 
massa corporal ( IMC), que se baseia na proporção entre altu-
ra e peso. Pessoas com um IMC maior do que 30 são consi-
deradas obesas, ao passo que aquelas com IMC entre 25 e 30 
estão acima do peso. 
Fatores biológicos na regulação da fome Ao contrário 
dos seres humanos, é improvável que outras espécies desen-
volvam obesidade. Mecanismos internos regulam não ape-
nas a quantidade de comida que elas ingerem, mas também 
o tipo de comida que desejam. Por exemplo, ratos que foram 
privados de determinados alimentos buscam alternativas que 
contêm os nutrientes específicos que estão ausentes em sua 
dieta, e muitas espécies, tendo opção por uma ampla gama de 
alimentos, selecionam uma dieta bem equilibrada (Bouchard 
e Bray, 1996; Jorres e Corp, 2003; Woods et al. , 2000). 
Mecanismos complexos dizem aos organismos se eles 
precisam de comida ou se deveriam parar de comer. Não se 
trata apenas de um estômago vazio que causa desconforto 
e um estômago cheio que causa alívio. (Mesmo indivíduos 
cujos estômagos foram removidos ainda têm a sensação 
da fome.) Um fator importante diz respeito a mudanças na 
composição química do sangue. Por exemplo, mudanças no 
nível da glicose (um tipo de açúcar) regulam a sensação de 
fome. Além disso, o hormônio grelina comunica sensações 
de fome ao cérebro (Chapelot et ai., 2004; Teff, Petrova e 
Havei, 2007; Wren e Bloom, 2007). 
O hipotálamo do cérebro monitora os níveis de glicose. 
Um número cada vez maior de evidências sugere que o hipo-
tálamo tem a responsabilida-
de primária de monitorar a ( obesidade Peso corporal que está 
ingestão de comida. Lesões 20% acima do peso médio para uma 
no hipotálamo podem causar pessoa de dete rminada altura. 
consequências radicais para o 
comportamento alimentar, dependendo do local onde ocor-
rem. Por exemplo, ratos cujo hipotálamo lateral é danificado 
podem literalmente morrer de fome. Eles recusam comida 
quando é oferecida e, a menos que sejam alimentados a for-
ça, acabam morrendo. Ratos com uma lesão no hipotálamo 
ventromedial apresentam o problema oposto: comem em de-
masia. Ratos com essa lesão podem aumentar seu peso em 
até 400%. Fenômenos semelhantes ocorrem com seres hu-
manos que têm tumores no hipotálamo (Seymour, 2006; 
Woods e Seeley, 2002; Woods et al., 1998). 
Motivação e Emoção • 21 1 
Descubra seu índice de massa corporal 
Para calcular seu índice de massa corporal, siga estes passos: 
1. Indique seu peso em quilos: _ __ kg 
2. lndicate sua altura e m metros: _ _ m 
3. Divida seu peso (item 1) pela sua altu ra (item 2) ao quadrado. 
Esse é o seu índice de massa corporal. 
Exemplo: Para uma pessoa que pesa 90 quilos e mede 1,80 m, divida 90 por 1,80 ao quadrado 
(90+ 1,802) dá um IMC de 27,7. 
1 nterpretação: 
• Abaixo do peso = menor do que 18,5 
• Peso normal = 18,5-24,9 
• Sobrepeso= 25-29,9 
• Obesidade = IMC de 30 ou maior 
Mantenha em mente que um IMC maior do que 25 pode ou não se dever a excesso de gordura corporal. Por 
exemplo, atletas profissionais podem ter pouca gordura, mas pesam mais do que uma pessoa comum, porque 
têm maior massa muscular. 
Apesar da importante função que o hipotálamo desem-
penha na regulação do consumo de alimentos, a maneira exa-
ta como esse órgão opera ainda não está clara. Uma hipótese 
sugere que uma lesão no hipotálamo afeta o ponto de ajuste 
do peso, ou nível específico de peso que o corpo busca man-
ponto de ajuste do peso Nível 
específico de peso que o corpo 
busca manter. 
metabolismo A taxa em que a 
comida é convertida em energia e 
gasta pelo corpo. 
ter, o que, por sua vez, regula 
a ingestão de comida. Agindo 
como forma de termostato in-
terno do peso, o hipotálamo 
exige maior ou menor inges-
tão de comida (Berthoud, 
2002; Capaldi, 1996; Woods 
et al. , 2000). 
Na maioria dos casos, o hipotálamo faz um bom traba-
lho. Mesmo pessoas que não estão deliberadamente moni-
torando o próprio peso apresentam apenas pequenas flutua-
ções, apesar das variações diárias na quantidade de comida 
que ingerem e de exercícios que praticam. Contudo, uma 
lesão no hipotálamo pode alterar o ponto de ajuste do peso, 
e a pessoa então precisa lutar para cumprir o objetivo interno 
de aumentar ou diminuir o consumo de alimentos. Mesmo a 
exposição temporária a certas drogas pode alterar o 
ponto de ajuste do peso (Cabanac e Frankhan, 
2002; Hallschmid et al., 2004). 
Fatores genéticos determinam o pon-
to de ajuste do peso, ao menos em parte. 
As pessoas parecem destinadas, devido à 
hereditariedade, a ter um metabolismo 
particular, a taxa em que a comida é con-
vertida em energia e gasta pelo corpo. 
Pessoas com altas taxas metabólicas 
podem comer virtualmente tanto 
quanto quiserem sem ganhar peso, 
ao passo que outras, com baixo me-
tabolismo, podem comer literalmente 
212 • PSICO 
Pessoas com alta taxa metabólica podem 
comer virtualmente tanto quanto 
quiserem sem ganhar peso, ao passo que 
outros, com baixo metabolismo, podem 
comer literalmente a metade disso e 
ainda assim ganhar peso prontamente. 
a metade disso e ainda assim irão ganhar peso prontamente 
(Jequier, 2002; Westerterp, 2006). 
Fatores sociais na alimentação Você está jantando com 
seus parentes na casa de sua tia e acabou de esvaziar o prato. 
Você se sente completamente cheio. De repente, sua tia lhe 
passao prato com rosbife e o encoraja a se servir mais uma 
vez. Apesar de estar satisfeito e de nem gostar tanto assim de 
rosbife, você se serve mais uma vez e come tudo. 
Em conj unto com fatores biológicos internos, fatores 
sociais externos, baseados em regras sociais e no que os psi-
cólogos descobriram sobre o comportamento alimen-
tar adequado, também desempenham um papel 
importante em quando e no quanto comemos. 
Pense, por exemplo, no simples fato de que 
algumas pessoas costumeiramente tomam 
café, almoçam e jantam aproximada-
mente no mesmo horário todos os 
dias. Como elas tendem a comer 
com horário marcado todos os dias, 
elas sentem fome quando a hora 
habitual se aproxima, às vezes inde-
pendentemente de sinais internos. Si-
milarmente, elas colocam mais ou menos a mesma 
quantidade de comida no prato todos os dias, apesar 
da quantidade de exercício que fa-
zem e, consequentemente, da sua 
necessidade de reposição de ener-
gia variar de um dia para o outro. 
de sobrepeso durante o final da in-
fância (Stettler et al., 2002). 
Outros fatores sociais também 
se relacionam ao nosso comporta-
mento alimentar. Algumas pessoas 
se dirigem à geladeira após um dia 
difícil, buscando conforto em um 
pote de sorvete. Por quê? Talvez 
porque quando crianças seus pais 
lhes davam comida quando esta-
vam chateadas. Por fim, elas podem 
ter aprendido, por meio dos meca-
nismos básicos de condicionamen-
to clássico e operante, a associar 
comida a conforto e consolação. 
De modo semelhante, podemos 
Até recentemente, as cantinas das escolas serviam muitos 
alimentos que tinham índices altos de gordura e de 
calorias. Essa situação sem dúvida contribuiu para uma 
obesidade infantil epidêmica.Agora as escolas oferecem 
também opções mais saudáveis e frescas. 
De acordo com a hipótese 
do ponto de ajuste do peso, apre-
sença de células de gordura em 
excesso como resultado de ganho 
de peso no início da infância pode 
resultar em um ponto de ajuste 
"preso" a um nível mais alto do 
que o desejado. Em tais circuns-
tâncias, perder peso torna-se uma 
proposição difícil, já que a pessoa 
está constantemente indo contra 
seu ponto de ajuste interno ao fa-
zer dieta (Freedman, 1995; Lei bel, 
Rosenbaum e Hirsch, 1995). 
aprender que o ato de comer, que concentra nossa atenção em 
prazeres imediatos, fornece uma escapatória de pensamentos 
desagradáveis. Consequentemente, podemos comer quando 
nos sentimos estressados (Bulik et ai., 2003; Elfhag, Tynelius 
e Rasmussen, 2007; O'Connor e O'Connor, 2004). 
As raízes da obesidade Visto que tanto os fatores biológi-
cos quanto os sociais influenciam o comportamento alimen-
tar, determinar as causas da obesidade se provou uma tarefa 
desafiadora. Pesquisadores seguiram diversos caminhos. 
Alguns psicólogos sugerem que a supersensibilidade a 
pistas alimentares externas baseadas com fatores sociais, jun-
tamente à insensibilidade a pistas alimentares internas, pro-
duz a obesidade. Outros argumentam que pessoas acima do 
peso têm pontos de ajuste do peso mais altos do que outras 
pessoas. Como seus pontos de ajuste são excepcionalmente 
altos, suas tentativas de perder peso ao comer menos os deixa 
especialmente sensíveis a pistas alimentares externas, assim 
tomando-os mais propensos a comer em excesso, perpetuan-
do sua obesidade (Tremblay, 2004; West, Harvey-Berino, e 
Raczynski, 2004). 
Mas por que o ponto de ajuste do peso de tantas pessoas 
seria mais alto do que o dos outros? Uma explicação bioló-
gica é a de que esses indivíduos têm um nível mais elevado 
do hormônio leptina, que parece ser projetado, de um ponto 
de vista evolutivo, para "proteger" o corpo contra a perda de 
peso. O sistema de regulação de peso do corpo parece ter 
sido projetado mais para se proteger contra a perda do que 
contra o ganho de peso. Portanto, é mais fácil ganhar do que 
perder peso (Ahiima e Osei, 2004; Levin, 2006; Zhang et 
al., 2005). 
Outra explicação biologicamente embasada para a obe-
sidade se relaciona às células de gordura no corpo. Começan-
do no nascimento, o corpo armazena gordura aumentando o 
número de células de gordura ou aumentando o tamanho das 
células de gordura existentes. Além do mais, qualquer perda 
de peso após a infância não diminui o número de células de 
gordura; afeta apenas o seu tamanho. Consequentemente, as 
pessoas estão presas ao número de células de gordura que 
herdam desde o nascimento; a taxa de ganho de peso durante 
os primeiros quatro meses de vida se relaciona com o ganho 
Nem todos concordam com a 
explicação do ponto de ajuste para 
a obesidade. Apontando para o rápido aumento da obesida-
de ao longo das últimas décadas nos Estados Unidos, alguns 
pesquisadores sugerem que o corpo não tenta manter um 
ponto de ajuste do peso fixo. Ao invés disso, sugerem eles, o 
corpo tem um ponto de acomodação, determinado por uma 
combinação de nossa herança genética e do ambiente em que 
vivemos. Se alimentos com altos níveis de gordura/açúcar 
são prevalentes em nosso ambiente e nós estamos genetica-
mente predispostos à obesidade, nós nos acomodamos em 
um equilíbrio que mantém o peso relativamente alto. Por ou-
tro lado, se nosso ambiente é nutritivamente mais saudável, 
uma predisposição genética à obesidade não será acionada, 
e nos acomodaremos em um equilíbrio em que nosso peso é 
menor (Comuzzie e Allison, 1998; Pi-Sunyer, 2003). 
Transtornos alimentares Transtornos alimentares estão 
entre as 10 causas mais frequentes de deficiência entre mu-
lheres jovens. Um transtorno devastador relacionado ao peso 
é a anorexia nervosa. Nessa grave disfunção alimentar, pes-
soas podem se recusar a comer ao mesmo tempo em que ne-
gam que seu comportamento 
e sua aparência - que pode 
tomar-se esquelética - sejam 
incomuns. Cerca de 10% das 
pessoas com anorexia literal-
mente se matam de fome 
(Striegel-Moore e Bulik, 
2007). 
anorexia nervosa Transtorno 
alimentar grave no qual não é 
inco mum que pessoas se recusem 
a comer ao mesmo tempo em que 
negam seu comportamento e sua 
aparência - que pode tornar-se 
esquelética. 
A anorexia nervosa afeta principalmente mulheres entre 
12 e 40 anos, apesar de tanto homens como mulheres de qual-
quer idade poderem desenvolver a doença. Pessoas com esse 
transtorno tipicamente vêm de lares estáveis e costumam ser 
bem-sucedidas, atraentes e relativamente prósperas. O trans-
torno frequentemente ocorre após uma séria dieta que, de 
alguma forma, foge do controle. A vida começa a girar ao re-
dor da comida: embora pessoas com esse transtorno comam 
pouco, elas podem até cozinhar para outros, comprar comida 
com frequência ou colecionar livros de receita (Myers, 2007; 
Polivy, Herman e Boivin, 2005; Reijonen et ai. , 2003). 
Um problema relacionado é a bulimia, um transtorno 
em que o indivíduo se empanturra com grandes quantidades 
Motivação e Emoção • 2 13 
bulimia Transtorno em que 
uma pessoa faz ingestão de uma 
quantidade exagerada de alimentos e 
em seguida esforça-se para eliminar 
a comida pelo vômito ou por outros 
meios. 
de comida, consumindo um 
pote de sorvete e uma torta in-
teira de uma vez só, por exem-
plo. Após isso, a pessoa sente 
culpa e depressão, frequente-
mente induzindo o vômito ou 
tomando laxantes para elimi-
nar a comida - um comportamento conhecido como "limpe-
za". Apesar de o peso de uma pessoa com bulimia frequente-
mente permanecer normal, ciclos constantes de compulsão e 
"limpeza" e o uso de drogas para induzir o vômito ou diarreia 
podem causar problemas de saúde e insuficiência cardíaca 
(Couturier e Lock, 2006; Mora-Girai et ai. , 2004). 
Exercitar-se em excesso para ficar mais magro é um 
transtorno alimentar conhecido como bulimia niío purga-
tiva. Ao contrário das pessoas com anorexia, pessoas com 
bulimia não purgativa não controlam opeso recusando-se a 
comer. Ao invés disso, elas se focam em eliminar as calorias 
que consomem; mas enquanto os indivíduos com bulimia 
eliminam calorias vomitando ou usando laxantes, aqueles 
que sofrem de bulimia não purgativa as eliminam por meio 
de monitoramento e de exercícios físicos com objetivo de 
perder cada caloria que consomem. Assim como em outros 
transtornos alimentares, pessoas com bulimia não purgativa 
podem adquirir uma aparência frágil, doente e, até mesmo, 
esquelética, ao mesmo tempo em que se enxergam como al-
guém acima do peso, com medo constante de ingerir mais 
calorias do que estão queimando (Abraham et ai. , 2007; 
Heywood e McCabe, 2006). 
Visto que o exercício costuma ser bom para a saúde, e 
muitas pessoas, tais como atletas competitivos, se exerci tam 
frequentemente por longos períodos, quando é possível dizer 
que o exercício se transforma em transtorno? Um indicador 
é o exercício que vai além do benefício, ao ponto em que a 
atividade excessiva começa a causar mais danos do que bene-
fícios. Por exemplo, uma pessoa com bulimia não purgativa 
pode sofrer lesões esportivas como distensões musculares ou 
lesões nas articulações e, mesmo assim, continuar se exerci-
tando, apesar da dor (Hrabosky et ai., 2007). 
Outro indicador é uma compulsão em se exercitar - pes-
soas que têm dependência por exercícios tendem a se sentir 
ansiosas e culpadas por perder uma sessão de exercícios, e dei-
xam que sua prática de exercícios interfira em seu trabalho e em 
sua vida social. Um estudo sugere que é essa compulsão, e não 
a quantidade real de exercícios, que indica a presença de um 
transtorno (Adkins e Keel, 2005; Hausenblas e Downs, 2002). 
pense PSICO 
> > > De que forma as expectativas sociais, conforme 
transmitidas em programas de televisão e comerciais, 
contribuem para a preocupação excessiva com o peso? 
Como a televisão pode contribuir para melhorar hábitos 
e comportamentos alimentares com relação ao peso? Ela 
deveria fazer isso? 
214 • PSIC O 
pense PSICO 
> > > Por que a bulimia não purgativa é considerada um 
transtorno alimentar? 
Transtornos alimentares representam um problema cada 
vez maior: estimativas mostram que entre 1 e 4% das mu-
lheres em idade acadêmica (faculdade) e escolar (ensino 
médio) sofrem de anorexia nervosa ou bulimia. Até 10% das 
mulheres sofrem de bulimia em algum momento de suas vi-
das. Além disso, um número cada vez maior de homens é 
diagnosticado com transtornos alimentares; estima-se que 
cerca de 10 a 13% de todos os casos ocorram em homens 
(Kaminski et ai., 2005; Park, 2007; Swain, 2006). 
Exames cerebrais de pessoas com 
transtornos alimentares mostram que elas 
processam informações sobre comida de 
modo diferente dos indivíduos saudáveis. 
Quais as causas da anorexia nervosa e da bulimia? Alguns 
pesquisadores suspeitam de causas biológicas, como desequi-
líbrio químico no hipotálamo ou na glândula pituitária, talvez 
causadas por fatores genéticos. Além disso, exames cerebrais 
de pessoas com transtornos alimentares mostram que elas pro-
cessam informações sobre comida de modo diferente dos indi-
víduos saudáveis (Polivy e Herman, 2002; Santel et ai., 2006). 
Outros acreditam que a causa tenha raízes na valorização 
atribuída pela sociedade à magreza e à noção paralela de que 
a obesidade é indesejável. Esses pesquisadores argumentam 
que pessoas com anorexia nervosa e bulimia ficam preocu-
padas com seu peso e levam ao pé da letra a ideia de que 
"nunca se está magro demais" . Isso pode explicar por que, 
conforme os países ficam mais modernos e ocidentalizados, 
e as dietas ficam mais populares, os transtornos alimentares 
Você sabia?-----.. 
Você não precisa malhar na academia para se 
beneficiar de exercício moderado. Lavar e encerar 
seu carro (45-60 minutos) , cuidar do jardim (30-45 
minutos) e lavar janelas (45-60 minutos) são 
algumas atividades que pode m assumir o lugar do 
seu exercício. Para mais opções e 
períodos recomendados de atividade, 
vis ite o site do Center for Disease 
Control (www.cdc.gov/nccdphp/sgr/ 
ataglan.htm). 
.,... 
VOCE ACREDITA?>>> 
Perdendo peso com sucesso 
Apesar de 60% das pessoas nos Estados Unidos dizerem 
que querem perder peso, essa é uma grande luta para a 
maioria delas.A maioria das pessoas que faz dieta acaba 
recuperando o peso que perdeu, e assim ingressa em uma 
dieta depois da outra, acabando presa em um ciclo aparen-
temente sem fim de perda e ganho de peso (Cachelin e 
Regan, 2006; Newport e Carrol!, 2002; Parker-Pope, 2003). 
Se você quer perder peso, deve manter diversas coisas 
em mente (Gatchel e Oordt, 2003; Heshka et ai., 2003): 
• Não existe um caminho mais fácil para controlar o peso. 
Você terá que fazer mudanças permanentes em sua 
vida para perder peso sem recuperá-lo.A estratégia 
mais óbvia - cortar a quantidade de comida - é apenas 
o primeiro passo de um comprometimento vitalício 
para mudar seus hábitos alimentares. 
• Registre o que você come e o quanto você pesa. A menos 
que você mantenha registros cuidadosos, vai ser difícil 
saber o quanto você está comendo e se alguma dieta 
está dando resultado. 
• Coma alimentos "grandes". Coma alimentos com alto teor 
de fibras, mas de baixo teor calórico, como uvas e sopas. 
Essas comidas enganam o seu corpo, fazendo-o pensar 
que você comeu mais e , portanto, diminuem a fome. 
• Diminua a televisão. Uma razão para a epidemia de 
obesidade nos Estados Unidos é o número de horas 
gastas assistindo à televisão.Assistir à televisão não só 
impede outras atividades que consomem calorias (até 
mesmo caminhar pela casa ajuda), como as pessoas 
frequentemente comem porcarias enquanto estão 
sentadas na frente da TV (Hu et ai., 2003). 
• Exercício. Exercite-se por, no mínimo, 30 minutos con-
secutivos três vezes na semana. Quando você se exer-
cita, você utiliza gordura armazenada no corpo como 
Continuação 
combustível para os músculos, o que se mede em calo-
rias. Conforme você usa essa gordura, provavelmente 
perde peso. Praticamente qualquer atividade ajuda a 
queimar calorias. 
• Diminua a influência de estímulos sociais externos em 
seu comportamento alimentar. Sirva-se com porções 
menores de comida e deixe a mesa antes de ver 
o que vai ser servido de sobremesa. Não compre 
lanchinhos como doces e salgadinhos; se eles não 
estão prontamente disponíveis na dispensa, você não 
pode comê-los. Embrulhe alimentos refrigerados 
em papel alumínio para que você não possa ver o 
conteúdo nem se sentir tentando toda vez que abrir 
a geladeira. 
• Evite dietas de modismo. Não importa o quão populares 
elas sejam em um período específico, dietas extremas, 
incluindo dietas líquidas, não costumam funcionar no 
longo prazo e podem ser perigosas para sua saúde. 
• Evite tomar qualquer uma das inúmeras pílulas para dieta 
vendidos na televisão que prometem resultados rápidos e 
fáceis. 
• Mantenha hábitos alimentares saudáveis. Quando tiver 
alcançado seu peso desejado, mantenha os novos hábi-
tos que você aprendeu enquanto fazia dieta para evitar 
recuperar todo o peso perdido. 
• Estabeleça objetivos razoáveis. Saiba quanto peso você 
quer perder antes de começar a fazer dieta. Não tente 
perder muito peso rápido demais, ou você vai se con-
denar ao fracasso.Até mesmo mudanças pequenas de 
comportamento - tais como caminhar 1 5 minutos por 
dia ou comer um pouco menos por refeição - podem 
impedir o ganho de peso (Hill et ai., 2003). 
Motivação e Emoção • 215 
A modelo brasileira Ana 
Carolina Reston morreu 
aos 21 anos devido 
a complicações de 
anorexia.Após a morte 
de Reston e de outras 
modelos, a indústria 
da moda começou a 
mudar suas normas para 
promover uma imagem 
mais saudável. O show 
de moda em Madri, na 
Espanha, requer que 
as modelos tenham 
um índice de massa 
corporal de ao menos18 para participar. 
a n drógenos Hormônios sexuais 
masculinos secretados pelos 
testículos. ) aumentam. Por fim, alguns psicólogos sugerem que os transtornos sejam o resultado 
de pais superexigentes ou de 
outros problemas familiares (Couturier e Lock, 2006; Grilo 
et al., 2003; Nagel e Jones, 1992). 
As explicações completas para a anorexia nervosa e a bu-
limia permanecem obscuras. Esses transtornos provavelmen-
te têm causas tanto sociais quanto biológicas, e tratamentos 
bem-sucedidos provavelmente abarcam diversas estratégias, 
2 16 • PSICO 
incluindo terapia e mudanças relacionadas à dieta (O'Brien e 
LeBow, 2007; Richard, 2005; Wilson, Grilo e Vitousek, 2007). 
Se você ou algum familiar precisar de conselho ou ajuda 
com um problema alimentar, entre em contato com o Ambu-
latório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de 
Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina 
da Universidade de São Paulo (FMUSP) em www.ambulin. 
org.br. Você pode conseguir mais informações em www.nlm. 
nih.gov/medlineplus/eatingdisorders.html. 
MOTIVAÇÃO SEXUAL 
Comparado ao comportamento sexual de outras espécies, o 
comportamento sexual humano é bem complicado, apesar 
de a biologia subjacente não ser assim tão diferente da de 
espécies relacionadas. Em homens, por exemplo, os testícu-
los começam a secretar andrógenos, que são hormônios se-
xuais que ocorrem em níveis mais elevados em homens, na 
puberdade. Os andrógenos não só produzem características 
sexuais secundárias, tais como o crescimento de pelos no 
corpo e o engrossamento da voz, como também aumentam 
o desejo sexual. Como o nível de produção de andrógenos 
pelas testes é basicamente constante, os homens são capa-
zes de se engajar (e se interessam por) atividades sexuais 
sem preocupação com os ciclos sexuais. Dados os estímu-
los adequados que levam à excitação, os homens podem se 
envolver em comportamento sexual a qualquer momento 
(Goldstein, 2000). 
As mulheres mostram um padrão diferente. Quando 
elas alcançam a maturidade na puberdade, os dois ovários 
femininos começam a produzir estrógenos e progesterona, 
hormônios sexuais que ocorrem em níveis mais elevados nas 
mulheres. Contudo, esses hormônios não são produzidos 
consistentemente; ao invés disso, sua produção segue um pa-
drão cíclico. A maior produção ocorre durante a ovulação. 
quando um óvulo é liberado pelos ovários, tornando a pro-
babilidade de fertilização pelo esperma mais alta. Enquanto 
nos animais o período da ovulação é a única época em que a 
fêmea é receptiva ao sexo, nos seres humanos isso é diferen-
te. Apesar de haver variações no desejo sexual relatado, as 
mulheres são receptivas ao sexo durante todo o ciclo (Lei-
blum e Chivers, 2007). 
Masturbação: sexo solitário Se você desse ouvidos aos 
médicos 75 anos atrás, eles teriam dito que a masturbação. 
a autoestimulação sexual, frequentemente utilizando a mão 
para estimular os órgãos genitais, causaria uma grande série 
de transtornos físicos e mentais, desde mãos cabeludas até a 
insanidade. Se aqueles médicos estivessem certos, contudo, a 
maioria de nós estaria usando luvas para esconder nossas pal-
mas cabeludas - já que a masturbação é uma das atividades 
sexuais mais praticadas. Nos Estados Unidos, cerca de 94GJ 
dos homens e 63% das mulheres já se masturbaram ao menos 
uma vez, e, entre estudantes universitários, a frequência varia 
de "nunca" até "várias vezes por dia" (Hunt, 197 4; Laqueur. 
2003; Michael et al., 1994; Polonsky, 2006). 
Apesar da alta incidência de masturbação, a atitude em 
relação a ela ainda reflete algumas das visões negativas do 
passado. Por exemplo, um levantamento descobriu que cerca 
de 10% dos que se masturbavam sentiam c ulpa, e 
que 5% dos homens e l % das mulheres consi-
deram seu comportamento pervertido (Arafat 
e Cotton, 1974). Apesar dessa atitude negati-
va, contudo, a maioria dos especialistas em 
sexo vê a masturbação como uma atividade 
sexual saudável e legítima - além de ino-
fensiva. Além disso, vê-se a masturbação 
como um meio de aprender sobre a própria 
sexualidade e uma forma de descobrir mu-
danças no próprio corpo, como o aparecimen-
to de caroços que podem indicar um câncer (Co-
leman, 2002; Levin, 2007). 
Heterossexualidade As pessoas costumam acreditar 
que, na primeira vez em que fizerem sexo, terão alcançado 
um dos grandes marcos da vida. Contudo, a heterossexuali-
dade, a atração e o comportamento sexual direcionados ao 
sexo oposto, consiste em muito mais do que relação sexual 
entre homens e mulheres. Beijar, acariciar, massagear e ou-
tras formas de brincadeiras sexuais são todos componentes 
do comportamento heterossexual. Ainda assim, a atenção 
dos pesquisadores do sexo tem se concentrado no ato sexual, 
Visão lateral dos 
r • 
orgaos sexuais 
masculino e feminino 
Feminino 
\ 
\ 
Ovário 
, ~~ 
Utero ~ 
Osso púbico \_. - ~ 
Masculino 
Ânus 
especialmente em termos de sua primeira ocorrên-
cia e frequência (Holtzman e Kulish, 1996; 
Janssen, 2007). 
Sexo antes do casamento Até recente-
mente, o sexo pré-matrimonial, ao menos 
para as mulheres, era considerado um dos 
maiores tabus de nossa sociedade. Tradicio-
nalmente, as mulheres em sociedades oci-
dentais foram alertadas de que "meninas boas 
não fazem isso"; já os homens ouviram que, 
apesar do sexo pré-matrimonial não ser problema 
para eles, eles devem casar-se com mulheres virgens. 
Essa visão de que fazer sexo antes do casamento é permissível 
para os homens, mas não para as mulheres, é chamada de pa-
drão duplo (Treas, 2004; Liang, 2007). 
Apesar de a maioria dos adultos nos Estados Unidos já 
ter acreditado que o sexo pré-matrimonial era sempre erra-
do, desde aquela época houve 
uma mudança dramática na 
opinião pública. Por exem-
plo, o percentual de pessoas 
de meia-idade que dizem que 
"não há nada de errado" com 
o sexo antes do casamento au-
mentou consideravelmente, e 
cerca de 60% dos norte -ame-
ricanos dizem que não há pro-
blema em se fazer sexo antes 
do casamento. Mais da meta-
de diz que morar junto antes 
do casamento é moralmente 
aceitável (CeF Report, 2001; 
Thornton e Young-DeMarco, 
2001). 
estrógeno Classe de hormônios 
sexuais femininos. 
progesterona Hormônio sexual 
feminino secretado pelos ovários. 
ovulação Momento em que um 
óvulo é liberado pelos ovários. 
masturbação Autoestimulação 
sexual. 
heterossexualidade Atração e 
comportamento sexual direcionados 
ao sexo oposto. 
padrão duplo Visão de que 
faze r sexo antes do casamento é 
permissível para homens, mas não 
para mulheres. 
Mudanças de postura com relação ao sexo pré-matri-
monial foram acompanhadas por mudanças nas taxas atuais 
de atividade sexual antes do casamento . Por exemplo, os nú-
meros mais recentes mostram que um pouco mais da metade 
das mulheres entre 15 e 19 anos fez sexo antes do casamento. 
Esses dados indicam quase o dobro de mulheres na mesma 
faixa etária que relatou fazer sexo em 1970. Claramente, a 
tendência ao longo das últimas décadas apontou para mai s 
mulheres se envolvendo em atividades sexuais pré-matrimo-
niais (Jones, Darroch e Singh, 2005). 
Entre homens, também houve um aumento na incidên-
cia de sexo antes do casamento, apesar de a mudança não ter 
sido tão drástica quanto foi para as mulheres - provavelmente 
porque os índices para homens já eram inicialmente altos. Por 
exemplo, os primeiros levantamentos de sexo pré-matrimonial 
feitos na década de 1940 indicaram uma incidência de 84% 
entre homens de todas as idades; dados recentes colocam esse 
número próximo de 95%. Além disso, a média da primeira 
experiência sexual dos homens tem diminuído regularmente. 
Quase metade dos homens já teve relações sexuais aos 18, e, 
quando chegam aos 20, 88% já fizeram sexo. Também existem 
diferenças raciaise étnicas: afro-americanos tendem a fazer 
sexo pela primeira vez mais cedo do que os porto-riquenhos. 
Diferenças raciais e étnicas provavelmente refletem diferen-
Motivação e Emoção • 217 
ças em oportunidades socioeconômicas e na estrutura familiar 
(Arena, 1984; Singh et ai., 2000). 
Sexo marital Julgando pelo número de artigos sobre sexo 
em casamentos heterossexuais, poderíamos pensar que o 
comportamento sexual é a norma pela qual se mede a feli-
cidade conjugal. Os casais, contudo, estão frequentemente 
preocupados por estarem fazendo sexo demais, sexo de me-
nos ou sexo errado (Harvey, Wenzel e Sprecher, 2005). 
Apesar de existirem muitas dimensões pelas quais se 
mede o sexo no casamento, uma certamente é a frequência de 
sexo extraconjugal Atividade 
sexual ent re uma pessoa casada e 
alguém que não é seu cônjuge. 
homossexuais Pessoas que se 
sentem sexualmente atraídas por 
membros do próprio sexo. 
bissexuais Pessoas que se sentem 
sexualmente atraídas por pessoas do 
mesmo sexo e do sexo oposto. 
relações sexuais. Qual é a 
normal? Assim como com a 
maioria de outras atividades 
sexuais, não existe resposta 
fáci l para essa pergunta, já 
que há grandes variações de 
padrão entre os indivíduos. 
Sabemos que 43% das pes-
soas casadas fazem sexo algu-
mas vezes por mês, e que 
36% fazem de duas a três ve-
zes por semana. Com o aumento da idade e da duração do 
casamento, a frequência de sexo diminui. Ainda assim, o 
sexo persiste até a velhice, com quase metade das pessoas 
relatando que têm relações sexuais ao menos uma vez por 
mês e que sua qualidade é alta (Michael et ai. , 1994; Powell, 
2006). 
Apesar de pesquisas anteriores indicarem que o sexo 
extraconjugal está muito difundido, a realidade atual parece 
ser bem diferente. De acordo com levantamentos nos Esta-
dos Unidos, 85% das mulheres casadas e mais de 75% dos 
homens casados são fiéis aos seus cônjuges. Além disso, o 
número médio de parceiros sexuais, intra e extra conjugal 
desde os 18 anos, para homens foi de seis e, para as mulheres, 
de dois. Acompanhando esses 
números, vem um grau alto e 
O número de pessoas que escolhe parceiros sexuais do 
mesmo sexo em algum momento é considerável. Estimati-
vas sugerem que cerca de 20 a 25% dos homens e cerca de 
15% das mulheres tiveram ao menos uma experiência gay 
ou lésbica durante a vida adulta. O número exato de pes-
soas que se identificam como exclusivamente homossexuais 
se mostrou difícil de medir, com algumas estimativas bai-
xas, como 1, 1 %, e outras mais altas, como 10%. A maioria 
dos especialistas sugere que entre 5 e 10% tanto de homens 
quanto de mulheres são exclusivamente gays ou lésbicas du-
rante longos períodos de suas vidas (Firestein, 1996; Hunt, 
1974; Sells, 1994). 
Apesar de as pessoas frequentemente verem a homos-
sexualidade e a heterossexualidade como duas orientações 
sexuais completamente distintas, a questão não é tão simples. 
Alfred Kinsey, pioneiro pesquisador sexual, reconheceu isso 
quando considerou a orientação sexual em uma escala, ou 
consistente de desaprovação do 
sexo extraconjugal, com nove de 
cada 10 pessoas dizendo que é 
"sempre" ou "quase sempre" er-
rado (Allan, 2004; Daines, 2006; 
Michael et al., 1994 ). 
Você pode fazer seu próprio teste acerca do padrão duplo emjulgamen-
Homossexualidade e bisse-
xualidade Os homossexuais 
sentem-se sexualmente atraídos 
por membros do próprio sexo, 
ao passo que os bissexuais 
sentem-se sexualmente atraídos 
por pessoas do mesmo sexo e 
do sexo oposto. Muitos homens 
homossexuais preferem o termo 
gay, e mulheres homossexuais 
preferem lésbica, já que esses 
termos referem-se a uma maior 
variedade de atitudes e esti los 
de vida do que o termo homos-
sexual, que foca o ato sexual. 
218 • PSICO 
tos de comportamento sexual. Escreva a descrição de 
uma pessoa que se chama Pat e do seu comporta-
mento prorrúscuo. Use pronomes e adjetivos 
femininos quando se referir a Pat. Digite outra 
versão, mudando apenas os pronomes e os 
adjetivos (para o masculino). Faça um núme-
ro igual de pessoas ler as versões masculina e 
feminina e dar uma nota para Pat em diversas 
características (sendo 1 "nada" e 10 
"muito"), incluindo a característica 
promiscuidade. Então compare a mé-
dia de promiscuidade dos julga-
mentos para a Pat mulher e para o 
Pat homem quando eles têm o 
mesmo comportamento. 
continuum, que varia de "exclusivamente homossexual" a 
- exclusivamente heterossexual" com pessoas que apresen-
:am comportamento tanto homossexual quanto heterossexual 
;io meio. A abordagem de Kinsey sugere que a orientação 
sexual depende dos sentimentos e comportamentos sexuais e 
dos sentimentos românticos da pessoa (Weinberg, Williams 
ê Pryor, 1991). 
O que determina se a pessoa se torna homossexual ou 
heterossexual? Apesar de haver diversas teorias, nenhuma se 
provou completamente satisfatória. 
Algumas explicações para a orientação sexual têm na-
mreza biológica, sugerindo que há causas genéticas. Evi-
dências para a origem genética da orientação sexual vêm de 
estudos com gêmeos idênticos, que mostraram que, quando 
um dos gêmeos se identificava como homossexual, a ocor-
rência de homossexualidade no outro gêmeo era mais alta do 
que na população geral. Tais resultados ocorrem mesmo para 
gêmeos que foram separados no início da vida e que, portan-
m, não foram necessariamente criados em ambientes sociais 
emelhantes (Gooren, 2006; Hamer et ai., 1993; Kirk, Bailey 
e Martin, 2000; Turner, 1995). 
Os hormônios também desempenham uma função na 
determinação da orientação sexual. Por exemplo, pesquisas 
mostram que mulheres que foram expostas ao DES, ou dieti-
lestilbestrol, antes do nascimento (suas mães tomaram o me-
dicamento para evitar o aborto) apresentavam maior proba-
bilidade de ser homossexual ou bissexual (Meyer-Bahlburg, 
1997). 
Algumas evidências sugerem que diferenças nas estru-
turas cerebrais podem ter relação com a orientação sexual. 
Por exemplo, a estrutura do hipotálamo anterior, uma área 
do cérebro que regula o comportamento sexual, difere em 
homens homossexuais e heterossexuais. Similannente, outra 
pesquisa mostra que, comparados com homens ou mulheres 
heterossexuais, homens gays têm a comissura anterior, grupo 
de neurônios que conectam os hemisférios esquerdo e direito 
do cérebro, maior (Byne, 1996; Le Vay, 1993). 
Contudo, pesquisas que sugerem que causas biológicas 
estão na raiz da homossexualidade não são conclusivas, vis-
to que a maioria dos achados tem base em apenas pequenas 
amostras de indivíduos. Ainda assim, existe uma possibili-
e 
o ] 
Francamente, eu reprimi minha sexualidade por tanto 
tempo que até esqueci qual a minha orientação sexual. 
õ 
u 
( J~~s~!~é~ ~~}prob,bWd,de 
de serem canhotos do que os 
heterossexuais. O fato de sermos 
destros ou canhotos é influenciado 
por nossos genes, então o achado de 
uma correlação entre a mão que 
usamos e a orientação sexual sugere 
que deve existir alguma base biológica 
para a homossexualidade (Lalumiére, 
Blanchard e Zucker, 2000). 
dade real de que algum fator biológico ou herdado predispo-
nha as pessoas para a homossexualidade, se certas condições 
ambientais forem encontradas (Rahman, Kumari e Wilson, 
2003; Teodorov et ai. , 2002; Veniegas, 2000). 
Poucas evidências sugerem que a orientação sexual seja 
causada por práticas de criação ou pela dinâmica familiar. 
Apesar de os proponentes de teorias psicanalíticas já terem 
defendido que a natureza da relação pai-filho pode produzir a 
homossexualidade (por exemplo, Freud, 1922/1959), evidên-
cias de pesquisa não sustentam tais explicações (lsay, 1994; 
Roughton, 2002). 
Dadas as dificuldades de se encontrar uma explicação 
consistente, não podemos responder à pergunta do que de-
termina a orientação sexual. Defato, parece improvável que 
exista um único fator que oriente uma pessoa para a homos-
sexualidade ou heterossexual idade. Ao invés disso, parece 
razoável presumir que uma combinação de fatores biológicos 
e ambientais esteja envolvida (Bem, 1996; Hyde e Grabe, 
2008). 
Apesar de ainda não sabermos por que as pessoas desen-
volvem certa orientação sexual, uma coisa é certa: não existe 
relação entre a orientação sexual e o ajustamento psicológi-
co. Gays, lésbicas e bissexuais geralmente gozam da mes-
ma qualidade de saúde mental e física dos heterossexuais, 
apesar da discriminação que eles sofrem poder produzir ín-
dices mais altos de transtornos, como a depressão (Poteat e 
Espelage, 2007). Heterossexuais, bissexuais e homossexuais 
também têm tipos semelhantes de postura em relação a si 
mesmos, independentemente da orientação sexual. Por tais 
motivos, a American Psychological Association e a maioria 
das outras organizações de saúde mental endossaram es-
forços para reduzir a discriminação contra gays e lésbicas, 
tais como revogar a proibição de homossexuais no exército 
norte-americano (Cochran, 2000; M01Tis, Waldo e Rothblum, 
2001; Perez, DeBord e Bischke, 2000). 
Transexualidade Os transexuais são pessoas que acredi-
tam que nasceram com o corpo do gênero oposto. De formas 
fundamentais, a transexualidade representa menos uma difi-
culdade sexual, e mais uma questão de gênero envolvendo a 
própria identidade do indivíduo (Heath, 2006; Meyerowitz, 
2004). 
Motivação e Emoção • 219 
).. D !~~m~~,~~!~;~~~o sexual se 
provaram difíceis de localizar. É importante 
conhecer as diversas explicações que foram 
propostas. 
Às vezes os transexuais buscam operações de mudança 
de sexo em que seus genitais são cirurgicamente removidos e 
transexuais Pessoas que acreditam 
que nasceram com o corpo do 
gênero oposto. 
necessidade de realização 
Característica estável aprendida 
em que a pessoa obtém satisfação 
ao buscar e atingir um nível de 
excelência. 
os genitais do sexo desejado 
são criados. Diversos passos, 
incluindo aconselhamento in-
tensivo e injeção hormonal, 
além de ter vivido como 
membro do sexo desejado por 
diversos anos, precedem a ci-
rurgia, que, como se espera, é 
muito complexa. O resultado, 
contudo, pode ser muito positivo (Lobato, Koff e Manetini, 
2006; O'Keefe e Fox, 2003; Stegerwald e Janson, 2003). 
A transexualidade é parte de uma categoria mais am-
pla chamada de transgênero. O termo transgênero abarca 
não apenas os transexuais, mas também pessoas que 
se veem como um terceiro gênero, travestis (que se 
vestem com roupas do sexo oposto) e outros que 
acreditam que a classificação tradicional de gênero 
homem-mulher é inadequada para caracterizá-los 
(Hyde e Grabe, 2008; Prince, 2005). 
AS NECESSIDADES DE REALIZAÇÃO, 
AFILIAÇÃO E PODER 
Apesar de a fome poder ser uma das motivações primá-
rias mais potentes em nossa vida diária, pulsões secundá-
rias poderosas que até o momento não têm base biológica 
clara também nos motivam. Entre as mais proeminentes 
está a necessidade de realização. 
A necessidade de realização A necessidade de rea-
lização é uma característica estável aprendida em que 
uma pessoa obtém satisfação buscando e alcançando um 
nível de excelência (McClelland et al ., 1953). Pessoas 
com grande necessidade de realização buscam situações 
em que podem competir contra algum padrão - seja em 
notas, dinheiro ou vencendo um jogo - e ser bem-suce-
didas. Mas elas não são indiscriminadas quando se trata 
de escolher seus desafios: tendem a evitar situações em 
que o sucesso virá muito facilmente (não haveria desafio) 
e situações em que é improvável obter sucesso. Ao invés 
disso, pessoas com grandes necessidades de realização 
geralmente escolhem tarefas que são de dificuldade inter-
mediária (Speirs Neumeister, K. L. e Finch, 2006). 
Por outro lado, pessoas com baixa motivação para 
realização tendem a se motivar primariamente pelo <lese-
220 • PSICO 
jo de evitar o fracasso. Como resultado, elas buscam tarefas 
fáceis, certificando-se de evitar fracassos, ou buscam tarefas 
muito difíceis para a qual o fracasso não tem implicações ne-
gativas, visto que quase ninguém obteria sucesso de qualquer 
modo. Pessoas com grande medo do fracasso se distanciam 
de tarefas de dificuldade intermediária, já que podem fracas-
sar onde outros obtiveram sucesso (Martin e Marsh, 2002; 
Morrone e Pintrich, 2006; Puca, 2005). 
Uma grande necessidade de realização geralmente pro-
duz resultados positivos, ao menos em culturas ocidentais 
que são orientadas para o sucesso. Por exemplo, pessoas 
motivadas por uma alta necessidade de realização têm maior 
probabilidade de ir para a faculdade do que suas contrapartes 
(com menor necessidade de realização); e, quando estão na 
faculdade, tendem a receber notas mais altas em aulas rela-
cionadas às suas carreiras futuras. Além disso, alta motivação 
de realização indica sucesso econômico e profissional futuro 
(McClelland, 1985; Thrash e Elliot, 2002). 
MEDINDO A MOTIVAÇÃO DE 
REALIZAÇÃO 
Como podemos medir a necessidade de realização de uma 
pessoa? O instrumento de mensuração utilizado com maior 
Tocando o vazio 
Joe se machuca enquanto 
está amarrado a Simon 
durante sua descida de Siula 
Grande, no Peru. Simon 
precisa cortar a corda para 
impedir que ambos morram. 
Ele acredita que Joe morreu, 
mas essa é a história da incrível 
motivação de Joe para sobreviver. 
O diário de Bridget Jones 
Às vezes nós comemos por out ras 
razões que não a fome.A personagem principal 
desse filme, Bridget Jones, come compulsivamente 
quando está deprimida. 
Gilbert Grape - aprendiz de sonhador 
A mãe de Gilbert sofre preconceito, discriminação 
e problemas psicológicos como resultado de sua 
obesidade. 
Transamérica 
Uma mulher transgênero descobre que tem um 
filho adolescente de um relacionamento anterior, 
e eles se encontram. Ela é o pai ou a mãe dele? 
Como o adolescente vai reagi r a isso? 
O homem bicentenário 
Um robô doméstico recebe uma "atualização" 
e aprende sobre a complexidade da emoção 
humana. 
~ D ~~~~~ti~~,~~e~~ pesso,s com 
grande necessidade de realização é que elas 
preferem tarefas de dificuldade moderada. 
frequência é o Teste de Apercepção Temática (TAT) (Span-
gler, 1992). No TAT, um examinador apresenta uma série de 
figuras ambíguas. O examinador pede aos participantes que 
escrevam uma história que descreva o que está acontecen-
do, quem são essas pessoas, o que levou a essa situação, o 
que as pessoas estão pensando ou o que elas querem, e o que 
vai acontecer a seguir. A seguir, os pesquisadores usam um 
sistema de pontuação padronizado para determinar a quanti-
dade de imagens de realização nas histórias das pessoas. Por 
exemplo, alguém que escreve uma história em que o persona-
gem principal se esforça para derrotar um oponente, estuda 
para se sair bem em alguma tarefa, ou dá duro para conseguir 
uma promoção mostra sinais claros de orientação para a rea-
lização. Presume-se que a inclusão de tais imagens relativas 
à realização nas histórias dos participantes indique um grau 
elevado de preocupação com - e portanto uma necessidade 
relativamente grande de - realização (Tuerlinckx, DeBoeck 
e Lens, 2002). 
A necessidade de afiliação São poucos os que escolhem 
viver suas vidas como eremitas. Por quê? Um motivo é que a 
maioria das pessoas tem uma necessidade de afiliação, um 
interesse em estabelecer e manter relacionamentos com ou-
tras pessoas. Indivíduos com grande necessidade de afiliação 
escrevem histórias para o TAT que enfatizam o desejo de 
manter ou restabelecer amizades e se mostram preocupados 
em serem rejeitados pelos amigos. 
Pessoas com maiores necessidades de afiliação são par-
ticularmente sensíveis a relacionamentos com outros. Eles 
desejamestar com os amigos na maior parte do tempo, e 
passam menos tempo sozinhos, comparados com pessoas 
com menor necessidade de afiliação. Contudo, o gênero é um 
determinante maior de quanto tempo se passa de fato com 
os amigos: independentemente da necessidade de afiliação, 
estudantes mulheres passam significativamente mais tempo 
com os amigos e menos tempo sozinhas do que os estudantes 
homens (Cantwell e Andrews, 2002; Johnson, 2004; Semyki-
na e Linz, 2007). 
A necessidade de poder Se suas fantasias incluem ser 
o Presidente ou ser o dono da Microsoft, seus sonhos po-
dem refletir uma grande necessidade de poder. A necessida-
de de poder, uma tendência de buscar impacto, controle ou 
influência sobre os outros, e de ser visto corno um indiví-
duo poderoso, é um tipo adicional de motivação (Lee-Chai e 
Bargh, 2001; Winter, 2007; Zians, 2007). 
Como se pode esperar, pessoas com grandes necessida-
des de poder apresentam maior probabilidade de pertencer 
a organizações e de buscar cargos políticos do que aquelas 
pessoas com menor necessidade de poder. Elas também ten-
dem a trabalhar em profissões em que suas necessidades de 
poder possam ser satisfeitas, tais como a administração de 
empresas e - você pode se surpreender - o ensino (Jenkins, 
1994). Além disso, elas buscam exibir o visual do poder. 
Mesmo na faculdade, é mais provável que elas tenham pos-
ses prestigiadas, como equipamentos eletrônicos e carros 
esportivos. 
>> Compreendendo 
experiências emocionais 
Seja em um ou em outro momento, todos j á sentimos fortes 
sensações que acompanham 
experiências tanto prazero-
sas quanto negativas. Talvez 
tenhamos sentido a excitação 
de conseguir aquele emprego 
que tanto queríamos, a alegria 
de estarmos apaixonados, 
a tristeza pela morte de 
um ente querido ou a an-
n ecessidade d e afiliação 
Interesse em estabelecer e manter 
relações com out ras pessoas. 
necessidade de poder Tendência 
de buscar impacto, controle ou 
influência sobre os outros, e de ser 
visto como um indivíduo poderoso. 
gústia de inadvertidamente magoarmos alguém. Além 
disso, sentimos tais reações em um nível menos intenso 
ao longo de nossas vidas cotidianas: o prazer da amizade, 
a diversão em um filme e a vergonha de quebrar algo que 
pegamos emprestado. 
Como o gênero se cor relaciona com a necessidade de afiliação? 
Motivação e Emoção • 221 
Da perspectiva de ... 
UM ORIENTADOR ACAD~MICO 
Como você poderia usar 
características como a 
necessidade de realização, 
a necessidade de poder e a 
necessidade de afiliação para falar com 
seus alunos sobre carreiras de sucesso? Que critérios 
adicionais você precisaria considerar? 
Apesar da natureza variada desses sentimentos, todos 
eles representam emoções. Embora todos tenham uma ideia 
do que é uma emoção, definir formalmente o conceito se pro-
vou uma tarefa difícil. Aqui, usaremos uma definição geral: 
emoções são sentimentos que geralmente têm elementos tan-
to fisiológicos como cognitivos que influenciam o comporta-
] 
rnento. 
emoções Sentimentos que Pense, por exemplo, so-
geralmente têm elementos tanto bre corno é estar feliz. Primei-
fisiológicos quanto cognitivos e que ro, nós obviamente sentimos 
influenciam o comportamento. . d 
um sentimento que po ernos 
diferenciar das outras emoções. É provável que também sin-
tamos algumas mudanças físicas identificáveis em nossos 
corpos: talvez a frequência cardíaca acelere ou comecemos a 
"pular de alegria". Por fim, a emoção provavelmente abarca 
elementos cognitivos: nossa compreensão e avaliação do sig-
nificado do que está acontecendo instiga nossos sentimentos 
de felicidade. 
Podemos, contudo, também sentir uma emoção sem a 
presença dos elementos cognitivos. Por exemplo, podemos 
reagir com medo a uma situação incomum ou nova (tal como 
entrar em contato com um indivíduo errático e imprevisível), 
ou podemos sentir prazer devido a uma excitação sexual sem 
termos consciência ou compreensão cognitiva do que é exci-
tante nessa situação. 
AS FUNÇÕES DAS EMOÇÕES 
Imagine como seria se nós não experienciássemos emoções -
não sentiríamos desespero, depressão ou remorso - mas tam-
bém não sentiríamos felicidade, alegria ou amor. Obviamente, 
a vida seria consideravelmente menos satisfatória, até mesmo 
chata, se não tivéssemos a capacidade de sentir e expres-
sar emoções. 
Mas qual o propósito das emoções, além de 
tornar a vida interessante? Os psicólogos identi-
ficaram diversas funções importantes que as 
emoções têm em nossas vidas (Frederick-
son e Branigan, 2005; Frijda, 2005; Gross, 
2006; Siemer, Mauss e Gross, 2007). Entre 
as mais importantes estão: 
• Preparar para agir. As emoções agem 
como uma ligação entre eventos em 
nosso ambiente e nossas respostas. Se 
você visse um cachorro raivoso cor-
222 • PSICO 
rendo em sua direção, sua reação emocional (medo) es-
taria associada à excitação psicológica da divisão simpá-
tica do sistema nervoso autônomo, a ativação da resposta 
de "luta ou fuga". 
• Modelar nosso comportamento futuro. As emoções pro-
movem consciência que nos ajuda dar as respostas ade-
quadas. Por exemplo, sua resposta emocional a eventos 
desagradáveis o ensina a evitar circunstâncias semelhan-
tes no futuro. 
• Ajudar a interagir mais efetivamente com os outros. 
Frequentemente comunicamos as emoções que sentimos 
por meio de nossos comportamentos verbal e não verbal, 
tornando nossas emoções óbvias para os observadores. 
Esses comportamentos podem agir como um sinal para 
os observadores, permitindo que eles entendam o que 
estamos sentindo e ajudando-os a prever nosso compor-
tamento futuro. 
DETERMINANDO A EXTEN SÃO DAS 
EMOÇÕES 
Se tivéssemos que listar as palavras que foram usadas para 
descrever emoções, acabaríamos com pelo menos 500 exem-
plos (Averill , 1975). A lista variaria desde emoções óbvias 
como felicidade e medo até as menos comuns, como empre-
endedorismo e melancolia. 
Um desafio para os psicólogos foi o de anal isar essa lista 
para identificar as emoções fundamentais mais importantes. 
Os teóricos já tiveram discussões acaloradas quanto 
a catalogar as emoções e criaram diferentes listas, depen-
dendo de como definem o conceito de emoção. Na verdade. 
alguns rejeitam essa questão inteiramente, dizendo que ne-
nhum conjunto de emoções deveria ser indicado como o 
mais básico, e que as emoções são mais bem compreendidas 
quando divididas em suas partes componentes. Outros pes-
quisadores defendem que se deve olhar para as emoções em 
termos de hierarquia, dividindo-as em categorias positivas 
e negativas, e depois as organizando em subcategorias cada 
vez mais reduzidas (Dillard e Shen, 2007; Manstead, Frijda 
e Fischer, 2003). 
Ainda assim, a maioria dos pesquisadores sugere que 
uma lista de emoções básicas incluiria, no mínimo, feli-
cidade, raiva, medo, tristeza e nojo. Outras listas são mais 
amplas, incluindo emoções como surpresa, desprezo, culpa 
e alegria (Ekman, 1994a; Shweder e Heidt, 1994; Tracy e 
Robins, 2004). 
Uma dificuldade de definir um conjunto básico de emo-
ções é que podem existir diferenças significativas nas for-
mas como as várias culturas sentem e expressam as 
emoções. Por exemplo, os alemães falam 
em Schadenfreude, uma sensação de pra-
zer pelas dificuldades de outra pessoa, e 
os japoneses sentem o hagaii, um humor de 
aflição temperado com frustração. No Taiti. 
musu refere-se a um sentimento de relutância 
em ceder às demandas insensatas dos pais. 
Encontrar Schadenfreude, hagaii 
ou musu em uma cultura específica 
Emoções 
A hierarquia 
das emoções 
Positivas 
/\ 
o 
"' 
"' 
Amor Alegria Raiva Medo 
Af,/ \ Fellcl/ ~lha Aboc(/,S~\ ,J \ Agi) cl,\ 
Paixão Contentamento cimento Hostilidade Ciúme Ansiedade Aflição Solldao 
não significa que os membros de outras culturas não sejam

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