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Como diferentes motivações afetam o comportamento? 206 Explicando a motivação 21 O Necessidades humanas e motivação 221 Compreendendo experiências emocionais ARM ADO DE BRAVURA Em apenas um momento, a vida de Aron Ralston, 27, mudou para sempre. Um pedregulho de 360 kg caiu em um cânion estreito onde Ralston estava fazendo uma caminhada, um local isolado de Utah, prenden- do seu antebraço ao chão. Pelos próximos cinco dias, Ralston permaneceu em uma floresta densa e solitária, incapaz de fugir. Como um escalador experiente, com treinamento de busca e resga- te, ele teve bastante tempo para considerar suas opções. Ele tentou sem sucesso lascar a pedra, e prendeu cordas e polias ao redor da rocha em um vão esforço de movê-la. Por fim, sem água e quase desidratado, Ra lston perce- beu que só havia uma última opção, além de morrer. Em um incrível ato de bravura, Ralston quebrou dois ossos, o rádio e a ulna, aplicou um torn iquete, e usou uma faca de bol- so cega para amputar seu antebraço. Livre de sua prisão, Ralston desceu de onde estava preso e então caminhou por quase 1 O quilômetros até um local seguro (Martin. 2006; Ralston, 2004). Ralston, que agora usa um braço prostético. recuperou- -se de seu supl íc io. Ele continua um ativo montanhista e explorador. Questões de motivação-isso é, o que nos move-e emoções são centrais a qualquer explicação para a extraordinária coragem e desejo de viver de Ralston. Psicólogos que investigam a motivação tentam desco- brir quais são os nossos objetivos e como eles orientam o nosso comportamento. Por exemplo, se você beber um copo de água porque está com sede, diríamos que seu ob- jetivo era saciar sua sede e que você bebeu o copo de água para satisfazer seu objetivo. No caso de Ralston, o objetivo era a sobrevivência e. ao amputar parte de seu braço. ele alcançou esse objetivo. O estudo das emoções foca as nossas experiências in- ternas em determinados momentos. Tod os sentimos uma variedade de emoções: felicidade ao obter êxito em uma tarefa difícil. tristeza pela morte de um ente querido, raiva ao sermos tratados injustamente. Psicólogos que pesqui- sam as emoções desenvolveram diversas teorias diferen- tes quanto à sua natureza e funcionamento. Começamos este capítulo examinando os principais conceitos de motivação e discutindo como diferentes mo- tivos e necessidades afetam o comportamento conjunta- mente. Consideramos motivos que são biologicamente embasados e universais ao reino animal, ta is como fome. assim como motivos que parecem ser únicos aos seres hu- manos, ta is como a necessidade de rea lizações. A seguir. nos voltaremos às emoções. Consideraremos os papéis e as funções que as emoções desempenham nas vidas das pessoas e discutiremos diversas abordagens que expli- cam como as pessoas entendem suas emoções. Por fim, ve- remos como o comportamento não verbal comunica emoções. Enquant2 você LE >> >> Explicando a motivação Quando Lance Armstrong completou a volta final do Tour de France diante de uma multidüo em polvorosa, aquele momen- to significava mais do que vencer a corrida de bicicletas mais prestigiada do mundo. O momento repre- sentava um triunfo da motivação e do espí- rito humanos - com uma pitada de milagre. • Como nossas necessidades orientam e dão energia ao nosso comportamento? • Que fatores afetam a fome e o comportamento sexual? • Quais são as nossas necessidades de realização? De afi liação? De poder? • Todos sentem as emoções do mesmo modo? • Como comunicamos nossos sentimentos de modo não verbal? Que motivação havia por trás da determinação de Arms- trong? Era a antecipação da excitação emocional de vencer o Tour de France? As potenciais recompensas que surgiriam caso ele vencesse? A emoção de participar? A satisfação de alcançar um objetivo tão ambicionado? Apenas 33 meses antes, ninguém teria imaginado que ,4nnstrong seria o vencedor do Tour de France. Na verdade, as proba- bilidades estavam contra a possibilidade de que ele sequer voltasse a pedalar. Nessa época, ele descobriu que tinha um câncer nos testículos que se espalhara para seus pulmões e seu cérebro, e continha 12 tu- mores e duas lesões. Os médicos lhe deram 50% de chances de sobrevivência. Seu tratamento foi penoso. Ele passou por cirurgias e quatro rodadas de quimio- terapia intensa, com um mês de intervalo O que motivou LanceArmstrong a não apenas sobreviver ao câncer, mas também a voltar a pedalar Para responder a essas perguntas, o psicólogos empregam o conceito de mo- tivação, isto é, os fatores que direcionam e energizam o comportamento dos sere humanos e de outros organismos. A moti- vação tem aspectos biológicos, cognitivo e sociais, e a complexidade do construto levou psicólogos a desenvolver diversas abordagens. Todas buscam explicar a ener- gia que orienta o comportamento das pes- soas em direções específicas. ABO RDAGEN S INSTINT IVAS competitivamente? entre cada uma. Mas ele nunca desistiu. Esforçando-se, ele pedalava de 30 a 80 quilômetros por dia após cada uma das sessões de uma semana de quimioterapia. Aí, o inesperado aconteceu: o câncer desapareceu, sur- preendendo a todos. Armstrong continuou de onde tinha pa- rado, treinando horas por dia e entrando em competições de motivação Os fatores que direcionam e energizam o comportamento dos seres humanos e de o utros organismos. instintos Padrões inatos de comportamento que são biologicamente determinados ao invés de aprendidos. 206 • PSICO ciclismo (Abt, 1999, p. D4). Diversos anos mais tarde, Armstrong não apenas estava mais saudável, como também cruzando a linha de chegada do Tour de France em primei- ro lugar- uma prova de sua enorme vontade de tti unfar. Quando os psicólogos tentaram explicar a motivação pela primeira vez, eles se volta- ram para os instintos, padrões inatos de comportamento que são biologicamente determinados ao invés de aprendidos. De acordo com as abordagens instintivas à motivação, as pes- soas e os animais nascem pré-programados com conjunto de comportamentos essenciais à sua sobrevivência. Esses in - tintos fornecem a energia que canaliza o comportamento nas direções apropriadas. Daí, o comportamento sexual pode ser uma resposta a um instinto animal de se reproduzir, e o com- portamento exploratório pode ser motivado por um instinto de examinar o seu território. Por definição, comportamentos instintivos são padrões rígidos de comportamento que todos os membros de uma espécie (ou todas as fêmeas e todos os machos no caso do comportamento sexual) irão executar exatamente do mesmo modo. O salmão nos dá um famoso exemplo: todos eles es- A migração sazonal de pássaros é um comportamento instintivo. Por outro lado, a motivação que subjaz ao comportamento humano é complexa e pode ser difícil de explicar. colhem praticamente o mesmo momento para nadar de volta ao rio onde nasceram. Então eles nadam contra a corrente para se reproduzir, mesmo que esse comportamento resulte em sua morte. O problema é que os seres humanos não fazem nada exatamente do mesmo jeito, mesmo quando tentam! Então um grande problema ao se tentar utilizar o conceito de instinto para explicar a motivação é que os comportamentos humanos são muito mais complexos do que os de muitas espé- cies animais, além disso, não parece que nós tenhamos algum instinto verdadeiro. Como resultado, explicações mais novas substituíram concepções da motivação com base nos instintos. ABORDAGENS DE REDUÇÃO DA PULSÃO Após rejeitar a teoria do instinto, os psicólogos inicialmente propuseram teorias de simples redução de pulsão para explicar a motivação (Hull, 1943). Abordagens de redução da pulsão sugerem que a falta de algum elemento necessário biologicamente,tal como a água, produz uma pulsão para obter aque- le elemento (nesse caso, a pulsão da sede). Nas teorias de redução da pulsão, pulsão é definida como uma tensão, ou excitação motivacional que energi- za o comportamento para a satisfação de uma necessidade. Muitas pulsões básicas, como fome, sede, sono e sexo, estão relacionadas a necessidades bio- próxima refeição não estiver próxima. Se o tempo ficar frio, colocamos uma camada a mais de roupa ou ligamos o ar condicionado para nos mantermos aquecidos. Se nossos corpos precisam de líquido para funcionar ade- quadamente, podemos sentir sede e buscar água. Apesar de teorias de re- dução da pulsão fornecerem uma boa descrição de como as pulsões primárias motivam o comportamento, elas não po- dem explicar comportamen- tos para os quais o objetivo abordagens de redução da pulsão à m otivação Teorias que sugerem que a falta de um elemento biológico básico, como a água, produz uma pulsão de se obter aquele elemento (nesse caso, a pulsão da sede). pulsão Tensão ou excitação motivacional que energiza o compo rtamento para a satisfação de uma necessidade. abordagens da excitação à motivação Crença de que tentamos manter certos níveis de estimulo e atividade, aumentando-os ou reduzindo-os conforme o necessário. não é reduzir uma pulsão, mas manter ou mesmo aumentar o nível de excitação. Por exemplo, alguns comportamentos parecem ser mo- tivados por nada além da simples curiosidade, tais como correr na rua para ver bombeiros investigarem uma cha- mada. Do mesmo modo, muitas pessoas buscam atividades com altos níveis de emoção, como andar de montanha-russa ou fazer rafting nas corredeiras de um rio. Tais comporta- mentos contradizem a ideia de que as pessoas buscam redu- zir todas as pulsões, conforme abordagens de redução das pulsões indicariam (Begg e Langley, 2001 ; Rosenbloom e Wolf, 2002). Tanto a curiosidade quanto o com- portamento "caçador de emoções", por- tanto, lançam dúvidas sobre as aborda- gens de redução das pulsões oferecerem uma explicação completa para a motiva- ção. Em ambos os casos, em vez de bus- car reduzir uma pulsão subjacente, as pessoas parecem motivadas a aumentar seu nível geral de estímulo ou atividade. Para explicar esse fenômeno, os psicó- logos criaram ainda uma terceira pers- pectiva teórica: abordagens da excitação à motivação. ABORDAGENS DA EXCITAÇÃO lógicas do corpo ou da espécie como um todo. Essas são chamadas de pul- sões primárias. As pulsões primárias contrastam com as pulsões secundárias, em que o comportamento não satisfaz nenhuma necessidade biológica óbvia. Nas pulsões secundárias, a experiência e a aprendizagem prévias é que geram necessidades. Por exemplo, algumas pessoas têm grandes necessidades de realização acadêmica e profissional. Podemos dizer que sua necessidade de realização se reflete em uma pulsão se- O que motiva as pessoas a se envolver em atividades com alto nível de emoção, como Teorias da excitação buscam explicar o comportamento cujo objetivo é man- ter ou aumentar a excitação. De acor- do com as abordagens da excitação à motivação, cada pessoa tenta manter um determinado nível de estímulo e ati-o paraquedismo? cundária que motiva o seu comportamento (McKinley et ai. , 2004; Seli, 2007). Frequentemente tentamos satisfazer uma pulsão primá- ria reduzindo a necessidade subjacente. Por exemplo, fica- mos com fome quando não comemos por algumas horas, e podemos assaltar a geladeira, especialmente se a hora da vidade. Assim como ocorre no modelo de redução de pulsão, esse modelo sugere que, se um estí- mulo ou atividade ficar muito alto, tentamos reduzi-lo. Mas, ao contrário dos modelos de redução de pulsão, o modelo de excitação também sugere que, se os níveis de estímulo e atividade estiverem muito baixos, tentaremos aumentá-los buscando estimulação. Motivação e Emoção • 207 Você busca sensações? ·seossad s1wno sep se w o:> we.iedwo:> a s sag 5esuas ap e:>snq ap sepuij> pua1 sens owo :> ap OA!leJ!PLI! w n Jep "41 souaw oe lLl! O!Jj?UO!lSanb o ·w,sse epur,t,1nu!W!P e apua1 sag1esuas ap e:>snq a p 0! 5 -eniuod ens •se41aA S!EW opueJ!t OJ;A seossad se ãWJOjUOJ ·s,ew o p W\!IV ·sag5esuas Jod e:>snq a p sep u;ipua1 sens ap EA!lEW!lSa ewn seuade \?P O!J -\?UD!lSanb assa anb a1uaw wa e4ua1 EX!eq 01,nw sag5esuas ap e:>snq c:-o :epuij>JãjãJ a1u,nllas e asn a 1e101 0! 5 -en1uod ens e.iqn:>saa ·sr J 'Vl J 'v I J '801 '96 Vs 'v L 'S9 'VS ·sv 'VE 'Vl 'V J :snsodsaJ sa1u,nllas sep ewn epe:> eJed 01uod wn 'i'P as :o)l1t?nl UOd Fonte: Questionário "Do you seek out sensation?" de Marvin Zuckerman, "The Search for High Sensat ion"". Psychology Today, February 1978, pp. 30-46. Quanta estimulação você busca em seu cotidiano?Você terá uma ideia após completar o seguinte questionário, que lista alguns itens de uma escala projetada para avaliar suas tendências de busca de sensações. Circule A ou Bem cada par de afirmações. Se nem A nem B o descreverem adequadamente, escolha o que melhor descrever sua inclinação.Tente responder a todos os itens. 1. A Eu gostaria de ter um emprego em fosse preciso viajar muito. B Eu preferiria um emprego em uma locação só. 2. A Eu me sinto revigorado por um dia frio. B Não posso esperar para entrar em algum lugar em dias frios. 3. A Fico entediado vendo sempre as mesmas pessoas. B Gosto da famil iaridade confortável dos amigos de sempre. 4. A Eu preferiria viver em uma sociedade ideal em que todos estão seguros, protegidos e felizes. B Eu teria preferido viver nos tempos incertos, conturbados de nossa história. 5. A Às vezes eu gosto de fazer coisas que são um pouco assustadoras. B Uma pessoa sensata evita atividades perigosas. 6. A Eu não gostaria de ser hipnotizado. B Eu gostaria de passar pela experiência de ser hipnotizado. 7. A O objetivo mais importante da vida é viver ao máximo e ter o máximo de experiências possível. B O objetivo mais importante da vida é encontrar a paz e a felicidade. 8. A Eu gostaria de experimentar pular de paraquedas. B Eu jamais gostaria de pular de um avião, com ou sem paraquedas. 9. A Eu entro na água fria gradualmente, me dando tempo para me acostumar com ela. B Eu gosto de mergulhar ou pular direto na água gelada. 1 O. A Quando eu saio de férias, prefiro o conforto de um bom quarto e uma cama. B Quando saio de férias, prefiro mudar e sair para acampar. 1 1. A Eu prefiro pessoas que são emocionalmente expressivas, mesmo que sejam um pouco instáveis. B Eu prefiro pessoas que são calmas e de temperamento constante. 12. A Uma boa pintura deveria chocar ou abalar os sentidos. B Uma boa pintura deve dar uma sensação de paz e segurança. 13. A Pessoas que dirigem motocicletas devem ter alguma necessidade inconscient e de se machucar. B Eu gostaria de dirigir ou andar de motocicleta. As pessoas variam enormemente no nível ótimo de excitação que buscam, com algumas buscando níveis espe- cialmente altos de excitação. Por exemplo, pessoas que par- ticipam em esportes de risco, apostadores e criminosos que realizam roubos de alto risco podem estar exibindo uma ne- cessidade particularmente alta de excitação (Cavenett e Ni- xon, 2006; Zuckerman, 2002; Zuckerman e Kuhlman, 2000). a necessidade biológica de mais comida ou de manutenção de excitação. Ao invés disso, se escolhermos comer a sobre- mesa, tal comportamento é motivado pela própria sobremesa. que age como uma recompensa esperada. Essa recompensa. em termos motivacionais, é um incentivo. Abordagens do incentivo à motivação sugerem que 2 motivação surge do desejo de obter objetivos externos valori- zados, ou incentivos. Nessa visão, as propriedades desejáveis de estímulos externos- quer sejam notas,dinheiro, afeto ou comida-explicam a motivação da pessoa. ABO RDAGENS DO INCENTIVO abordagens do ince ntivo à motivação Teorias que sugerem que a motivação surge do desejo de obter objetivos externos, ou incentivos, valorizados. 208 • PSICO ) Quando uma deliciosa sobre-mesa aparece na mesa após uma boa refeição, seu apelo tem pouco ou nada a ver com Apesar de a teoria buscar explicar por que sucumbimos 2 um incentivo (tal como uma sobremesa de dar água na boca mesmo que nos faltem pistas internas (tal como a fome), ek não fornece uma explicação completa da motivação, visto pense PSICO > > > Quais abordagens à motivação podem ser usadas em sua vida acadêmica? Como cada abordagem pode ser usada para elaborar políticas escolares para manter ou aumentar a motivação? que organismos às vezes buscam satisfazer necessidades mesmo quando incentivos não são aparentes. Em outras palavras, às vezes nos comportamos como se es- tivéssemos sendo motivados apenas por pulsões biológicas. Consequentemen- te, muitos psicólogos acreditam que as pulsões internas propostas pela teoria da redução de pulsões funcionam em con- junto com os incentivos externos da teoria do incentivo para "impulsionar" e "atrair" o comportamento, respectivamente. Assim, ao mesmo tempo em que buscamos satisfazer nos- sas necessidades subjacentes de comida (o impulso da teoria da redução de pulsões), podemos ser atraídos por al imentos que pareçam muito apetitosos (a atração da teoria do incentivo). Ao invés de se contradizerem, portanto, as pul- ões e os incentivos podem funcionar em conjunto na moti- \·ação do comportamento (Berridge, 2004; Lowery, Fillingim e Wright, 2003; Pinel, Assanand e Lehman, 2000). ABORDAGEN S COGNIT IVAS Abordagens cognitivas à motivação sugerem que a moti- \·ação é um produto de nossos pensamentos, expectativas e objetivos~nossas cognições. Por exemplo, o grau em que os estudantes se sentem motivados a se preparar para uma prova e baseia na expectativa do que o seu estudo irá lhes render em questões de nota. A HIERARQUIA DAS N ECESSIDADES DE MASLOW O que Eleanor Roosevelt, Abraham Lincoln e Albert Einstein têm em comum? O ponto em comum, de acordo com um modelo da motiva- ção criado pelo psicólogo Abraham Maslow, é que cada um deles satisfez os mais altos níveis de necessidades motivacionais que subjazem o comportamento humano. Autorrealização é um estado de autossatisfação em que as pessoas realizam seu potencia: mais alto, cada uma a seu modo único. O modelo de Maslow coloca as necessidades motivacio- nais em uma hierarquia e sugere que, antes que necessidades mais sofisticadas e de nível mais alto possam ser satisfeitas, certas necessidades primárias devem ser sanadas (Maslow, 1970, 1987). Usando uma pirâmide para representar o mo- delo, Maslow colocou as necessidades mais fundamentais e de nível mais baixo na base, e as necessidades de nível mais alto no topo. Para que uma necessidade de alta ordem espe- cífica direcione o comportamento, uma pessoa deve, primeiro, satisfazer as necessidades mais básicas na hierarquia. . "t As necessidades básicas no modelo de Maslow são pulsões fisiológicas primárias: necessidades de água, comida, sono, sexo e similares. Em seguida, vêm as necessida- des de segurança; Maslow sugere que as pessoas precisam de um ambiente seguro e protegido para funcionar efetivamente. Após satisfazer as necessidades básicas e de segurança, uma pessoa pode considerar satisfazer as necessidades de nível mais alto, tais como as necessidades de amor e de perten- cimento, estima e autorrealização. Imagine, por um instante, que você vive em um país arrasado pela guerra. Sua vila sofre ataques de armas automáticas com base relati- [ abordagens cognitivas à motivação Teorias que sugerem que a motivação é um produto dos vamente regular, sua água_ foi pensamentos e das expectativas das envenenada e suas colheitas pessoas - suas cognições. foram destruídas. Quais dos Nece:;:;idade:; de nível mais alto A hierarquia das necessidades Autor- de Maslow realização Um estado de autossatisfação Estima A necessidade de desenvolver uma noção de autovalorização Amor e pertencimento A necessidade de obter amor e dar afeto Necessidades de segurança A necessidade de um lugar seguro e protegido Necessidades fisiológicas As pulsões primárias: necessidade de água, comida, sono e sexo. Necessidades de nível mais baixo Motivação e Emoção • 20 9 seguintes comportamentos você se sentirá mais motivado a fazer: en- contrar um lugar para se proteger das balas, encontrar o seu amor ver- dadeiro ou cortar o cabelo? Maslow supunha que você buscaria abrigo antes que pudesse se concentrar em necessidades de nível mais alto, como o amor e a autoestima. Necessidades de amor e de per- tencimento incluem as necessidades de obter e dar afeto e de ser um mem- bro contribuinte de algum grupo ou sociedade. Após satisfazer essas ne- cessidades, uma pessoa busca estima. No pensamento de Maslow, a estima se relaciona à necessidade de desen- volver um sentido de autovalorização ao reconhecer que os outros conhe- cem e valorizam sua competência. APLICANDO AS ABORDAGEN S DA MOT IVAÇÃO As várias teorias fornecem diver- sas perspectivas distintas acerca da motivação. Qual propõe um quadro mais completo? Na verdade, muitas das abordagens que consideramos são complementares, e não con- traditórias. Empregar mais de uma abordagem pode nos ajudar a en- tender a motivação em uma situação específica. Assim que esses quatro grupos de necessidades tiverem sido satisfei- tos - o que não é tarefa fácil - pode-se buscar a necessidade de nível mais alto, a autorrealização. A autorreali- zação é um estado de autossatisfação em que as pessoas podem realizar seu maior potencial, cada uma a seu pró- Em que lugar da pirâmide de Maslow você colocaria Considere, por exemplo, o aci- dente de Aron Ralston, descrito no início deste capítulo. Seu interesse em escalar uma área potencialmente isolada e perigosa pode ser explica- do p or abordagens da excitação à motivação. De uma perspectiva cog- nitiva, reconhecemos sua cuidadosa consideração de várias estratégias para se libertar do pedregulho. Mas- low poderia argumentar que suas necessidades básicas não estavam sendo satisfeitas enquanto ele esta- esses monges Jain, cujas crenças espirituais requerem uma vida ascética, incluindo uma dieta limitada e o desapego das pessoas e de suas posses? prio modo. O importante é que as pessoas se sintam bem com autorrealização Um estado de ) autossatisfação em que as pessoas realizam todo o seu potencial, cada uma a seu próprio modo. elas mesmas e satisfeitas por estarem usando o seu talento ao máximo. De certo modo, o objetivo da autorrealização é reduzir a busca e a ânsia por mais satisfação, que é o que marca a vida de grande parte das pessoas, e encontrar um sentido de satisfação para a vida (Laas, 2006; Piechowski, 2003; Reiss e Havercamp, 2005). Apesar de pesquisas não terem validado a ordem espe- cífica dos estágios de Maslow, e apesar de ser difícil de me- dir a autorrealização objetivamente, o modelo de Maslow é importante por dois motivos: ele destaca a complexidade das necessidades humanas e enfatiza a ideia de que, até que as ne- cessidades biológicas mais básicas sejam satisfeitas, as pes- soas se preocuparão menos com necessidades de nível mais alto. Logo, se as pessoas estão passando fome, seu primeiro interesse será o de obter comida (Hanley e Abell, 2002; Sa- mantaray, Srivastava e Misra, 2002). Da perspectiva de ... UM EDUCADOR O foco em dar notas aos alunos pode servir para diminuir a sua motivação intrínseca para aprendero objeto da matéria. O que você recomendaria para ajudar os alunos a se reconectarem com sua motivação intrínseca? 2 10 • PSICO va preso, então ele fez escolhas com base na motivação de satisfazer suas necessidades de comida, água e abrigo. Ou seja, aplicar múltiplas abordagens à motivação em determinada situação fornece um conhecimento mais amplo do que poderíamos obter com apenas uma abordagem. Vere- mos isso novamente quando considerarmos motivos específi- cos - como as necessidades por comida, realização, afiliação e poder - e utilizarmos várias teorias para montar um quadro mais amplo do que motiva o comportamento. ).. D!,~~ d~,~,~~~,~~~d~~"'" explicações para a motivação (instintiva, redução de pulsão, excitação, incentivo, cognitiva e a hierarquia de Maslow). >> Necessidades humanas e motivação Nos Estados Unidos, aproximadamente dez milhões de mu- lheres (e um milhão de homens) sofrem de transtornos ali- mentares. Esses transtornos, que costumam surgir durante a adolescência, podem causar extraordinária perda de peso e outras formas de deterioração física. Extremamente perigo- sos, por vezes resultam em morte. Como diferentes abordagens de motivação poderiam explicar a decisão de um jovem de se voluntariar para servir no exército? Por que algumas pessoas estão sujeitas a uma alimen- tação tão problemática, que se pauta na motivação de evitar o ganho de peso a qualquer custo? E por que tantas outras pessoas comem em excesso, levando à obesidade? Parares- ponder a essas perguntas, devemos considerar algumas das necessidades específicas que subjazem ao comportamento. FOME E COMER Dois terços das pessoas nos Estados Unidos estão acima do peso, e praticamente um quarto está tão pesado que tem obesidade, peso corporal que está 20% acima da média para uma pessoa de determinada altura. E o resto do mundo não está muito atrás: um bilhão de pessoas ao redor do globo es- tão acima do peso ou obesas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a obesidade ao redor do mundo alcan- Você sabia?--- Comidas e refrigerantes dietéticos podem prejudicar sua dieta! Pesquisas indicam que o consumo de adoçantes artificiais po de levar ao maior consumo calórico e ganho de peso (Swithers e Davidson, 2008). çou proporções epidêmicas, acompanhada por aumentos em cardiopatia, diabete, câncer e mortes prematuras (Hill, Catenacci e Wyatt, 2005; Stephenson e Banet-Weiser, 2007). A medida mais usada para a obesidade é o índice de massa corporal ( IMC), que se baseia na proporção entre altu- ra e peso. Pessoas com um IMC maior do que 30 são consi- deradas obesas, ao passo que aquelas com IMC entre 25 e 30 estão acima do peso. Fatores biológicos na regulação da fome Ao contrário dos seres humanos, é improvável que outras espécies desen- volvam obesidade. Mecanismos internos regulam não ape- nas a quantidade de comida que elas ingerem, mas também o tipo de comida que desejam. Por exemplo, ratos que foram privados de determinados alimentos buscam alternativas que contêm os nutrientes específicos que estão ausentes em sua dieta, e muitas espécies, tendo opção por uma ampla gama de alimentos, selecionam uma dieta bem equilibrada (Bouchard e Bray, 1996; Jorres e Corp, 2003; Woods et al. , 2000). Mecanismos complexos dizem aos organismos se eles precisam de comida ou se deveriam parar de comer. Não se trata apenas de um estômago vazio que causa desconforto e um estômago cheio que causa alívio. (Mesmo indivíduos cujos estômagos foram removidos ainda têm a sensação da fome.) Um fator importante diz respeito a mudanças na composição química do sangue. Por exemplo, mudanças no nível da glicose (um tipo de açúcar) regulam a sensação de fome. Além disso, o hormônio grelina comunica sensações de fome ao cérebro (Chapelot et ai., 2004; Teff, Petrova e Havei, 2007; Wren e Bloom, 2007). O hipotálamo do cérebro monitora os níveis de glicose. Um número cada vez maior de evidências sugere que o hipo- tálamo tem a responsabilida- de primária de monitorar a ( obesidade Peso corporal que está ingestão de comida. Lesões 20% acima do peso médio para uma no hipotálamo podem causar pessoa de dete rminada altura. consequências radicais para o comportamento alimentar, dependendo do local onde ocor- rem. Por exemplo, ratos cujo hipotálamo lateral é danificado podem literalmente morrer de fome. Eles recusam comida quando é oferecida e, a menos que sejam alimentados a for- ça, acabam morrendo. Ratos com uma lesão no hipotálamo ventromedial apresentam o problema oposto: comem em de- masia. Ratos com essa lesão podem aumentar seu peso em até 400%. Fenômenos semelhantes ocorrem com seres hu- manos que têm tumores no hipotálamo (Seymour, 2006; Woods e Seeley, 2002; Woods et al., 1998). Motivação e Emoção • 21 1 Descubra seu índice de massa corporal Para calcular seu índice de massa corporal, siga estes passos: 1. Indique seu peso em quilos: _ __ kg 2. lndicate sua altura e m metros: _ _ m 3. Divida seu peso (item 1) pela sua altu ra (item 2) ao quadrado. Esse é o seu índice de massa corporal. Exemplo: Para uma pessoa que pesa 90 quilos e mede 1,80 m, divida 90 por 1,80 ao quadrado (90+ 1,802) dá um IMC de 27,7. 1 nterpretação: • Abaixo do peso = menor do que 18,5 • Peso normal = 18,5-24,9 • Sobrepeso= 25-29,9 • Obesidade = IMC de 30 ou maior Mantenha em mente que um IMC maior do que 25 pode ou não se dever a excesso de gordura corporal. Por exemplo, atletas profissionais podem ter pouca gordura, mas pesam mais do que uma pessoa comum, porque têm maior massa muscular. Apesar da importante função que o hipotálamo desem- penha na regulação do consumo de alimentos, a maneira exa- ta como esse órgão opera ainda não está clara. Uma hipótese sugere que uma lesão no hipotálamo afeta o ponto de ajuste do peso, ou nível específico de peso que o corpo busca man- ponto de ajuste do peso Nível específico de peso que o corpo busca manter. metabolismo A taxa em que a comida é convertida em energia e gasta pelo corpo. ter, o que, por sua vez, regula a ingestão de comida. Agindo como forma de termostato in- terno do peso, o hipotálamo exige maior ou menor inges- tão de comida (Berthoud, 2002; Capaldi, 1996; Woods et al. , 2000). Na maioria dos casos, o hipotálamo faz um bom traba- lho. Mesmo pessoas que não estão deliberadamente moni- torando o próprio peso apresentam apenas pequenas flutua- ções, apesar das variações diárias na quantidade de comida que ingerem e de exercícios que praticam. Contudo, uma lesão no hipotálamo pode alterar o ponto de ajuste do peso, e a pessoa então precisa lutar para cumprir o objetivo interno de aumentar ou diminuir o consumo de alimentos. Mesmo a exposição temporária a certas drogas pode alterar o ponto de ajuste do peso (Cabanac e Frankhan, 2002; Hallschmid et al., 2004). Fatores genéticos determinam o pon- to de ajuste do peso, ao menos em parte. As pessoas parecem destinadas, devido à hereditariedade, a ter um metabolismo particular, a taxa em que a comida é con- vertida em energia e gasta pelo corpo. Pessoas com altas taxas metabólicas podem comer virtualmente tanto quanto quiserem sem ganhar peso, ao passo que outras, com baixo me- tabolismo, podem comer literalmente 212 • PSICO Pessoas com alta taxa metabólica podem comer virtualmente tanto quanto quiserem sem ganhar peso, ao passo que outros, com baixo metabolismo, podem comer literalmente a metade disso e ainda assim ganhar peso prontamente. a metade disso e ainda assim irão ganhar peso prontamente (Jequier, 2002; Westerterp, 2006). Fatores sociais na alimentação Você está jantando com seus parentes na casa de sua tia e acabou de esvaziar o prato. Você se sente completamente cheio. De repente, sua tia lhe passao prato com rosbife e o encoraja a se servir mais uma vez. Apesar de estar satisfeito e de nem gostar tanto assim de rosbife, você se serve mais uma vez e come tudo. Em conj unto com fatores biológicos internos, fatores sociais externos, baseados em regras sociais e no que os psi- cólogos descobriram sobre o comportamento alimen- tar adequado, também desempenham um papel importante em quando e no quanto comemos. Pense, por exemplo, no simples fato de que algumas pessoas costumeiramente tomam café, almoçam e jantam aproximada- mente no mesmo horário todos os dias. Como elas tendem a comer com horário marcado todos os dias, elas sentem fome quando a hora habitual se aproxima, às vezes inde- pendentemente de sinais internos. Si- milarmente, elas colocam mais ou menos a mesma quantidade de comida no prato todos os dias, apesar da quantidade de exercício que fa- zem e, consequentemente, da sua necessidade de reposição de ener- gia variar de um dia para o outro. de sobrepeso durante o final da in- fância (Stettler et al., 2002). Outros fatores sociais também se relacionam ao nosso comporta- mento alimentar. Algumas pessoas se dirigem à geladeira após um dia difícil, buscando conforto em um pote de sorvete. Por quê? Talvez porque quando crianças seus pais lhes davam comida quando esta- vam chateadas. Por fim, elas podem ter aprendido, por meio dos meca- nismos básicos de condicionamen- to clássico e operante, a associar comida a conforto e consolação. De modo semelhante, podemos Até recentemente, as cantinas das escolas serviam muitos alimentos que tinham índices altos de gordura e de calorias. Essa situação sem dúvida contribuiu para uma obesidade infantil epidêmica.Agora as escolas oferecem também opções mais saudáveis e frescas. De acordo com a hipótese do ponto de ajuste do peso, apre- sença de células de gordura em excesso como resultado de ganho de peso no início da infância pode resultar em um ponto de ajuste "preso" a um nível mais alto do que o desejado. Em tais circuns- tâncias, perder peso torna-se uma proposição difícil, já que a pessoa está constantemente indo contra seu ponto de ajuste interno ao fa- zer dieta (Freedman, 1995; Lei bel, Rosenbaum e Hirsch, 1995). aprender que o ato de comer, que concentra nossa atenção em prazeres imediatos, fornece uma escapatória de pensamentos desagradáveis. Consequentemente, podemos comer quando nos sentimos estressados (Bulik et ai., 2003; Elfhag, Tynelius e Rasmussen, 2007; O'Connor e O'Connor, 2004). As raízes da obesidade Visto que tanto os fatores biológi- cos quanto os sociais influenciam o comportamento alimen- tar, determinar as causas da obesidade se provou uma tarefa desafiadora. Pesquisadores seguiram diversos caminhos. Alguns psicólogos sugerem que a supersensibilidade a pistas alimentares externas baseadas com fatores sociais, jun- tamente à insensibilidade a pistas alimentares internas, pro- duz a obesidade. Outros argumentam que pessoas acima do peso têm pontos de ajuste do peso mais altos do que outras pessoas. Como seus pontos de ajuste são excepcionalmente altos, suas tentativas de perder peso ao comer menos os deixa especialmente sensíveis a pistas alimentares externas, assim tomando-os mais propensos a comer em excesso, perpetuan- do sua obesidade (Tremblay, 2004; West, Harvey-Berino, e Raczynski, 2004). Mas por que o ponto de ajuste do peso de tantas pessoas seria mais alto do que o dos outros? Uma explicação bioló- gica é a de que esses indivíduos têm um nível mais elevado do hormônio leptina, que parece ser projetado, de um ponto de vista evolutivo, para "proteger" o corpo contra a perda de peso. O sistema de regulação de peso do corpo parece ter sido projetado mais para se proteger contra a perda do que contra o ganho de peso. Portanto, é mais fácil ganhar do que perder peso (Ahiima e Osei, 2004; Levin, 2006; Zhang et al., 2005). Outra explicação biologicamente embasada para a obe- sidade se relaciona às células de gordura no corpo. Começan- do no nascimento, o corpo armazena gordura aumentando o número de células de gordura ou aumentando o tamanho das células de gordura existentes. Além do mais, qualquer perda de peso após a infância não diminui o número de células de gordura; afeta apenas o seu tamanho. Consequentemente, as pessoas estão presas ao número de células de gordura que herdam desde o nascimento; a taxa de ganho de peso durante os primeiros quatro meses de vida se relaciona com o ganho Nem todos concordam com a explicação do ponto de ajuste para a obesidade. Apontando para o rápido aumento da obesida- de ao longo das últimas décadas nos Estados Unidos, alguns pesquisadores sugerem que o corpo não tenta manter um ponto de ajuste do peso fixo. Ao invés disso, sugerem eles, o corpo tem um ponto de acomodação, determinado por uma combinação de nossa herança genética e do ambiente em que vivemos. Se alimentos com altos níveis de gordura/açúcar são prevalentes em nosso ambiente e nós estamos genetica- mente predispostos à obesidade, nós nos acomodamos em um equilíbrio que mantém o peso relativamente alto. Por ou- tro lado, se nosso ambiente é nutritivamente mais saudável, uma predisposição genética à obesidade não será acionada, e nos acomodaremos em um equilíbrio em que nosso peso é menor (Comuzzie e Allison, 1998; Pi-Sunyer, 2003). Transtornos alimentares Transtornos alimentares estão entre as 10 causas mais frequentes de deficiência entre mu- lheres jovens. Um transtorno devastador relacionado ao peso é a anorexia nervosa. Nessa grave disfunção alimentar, pes- soas podem se recusar a comer ao mesmo tempo em que ne- gam que seu comportamento e sua aparência - que pode tomar-se esquelética - sejam incomuns. Cerca de 10% das pessoas com anorexia literal- mente se matam de fome (Striegel-Moore e Bulik, 2007). anorexia nervosa Transtorno alimentar grave no qual não é inco mum que pessoas se recusem a comer ao mesmo tempo em que negam seu comportamento e sua aparência - que pode tornar-se esquelética. A anorexia nervosa afeta principalmente mulheres entre 12 e 40 anos, apesar de tanto homens como mulheres de qual- quer idade poderem desenvolver a doença. Pessoas com esse transtorno tipicamente vêm de lares estáveis e costumam ser bem-sucedidas, atraentes e relativamente prósperas. O trans- torno frequentemente ocorre após uma séria dieta que, de alguma forma, foge do controle. A vida começa a girar ao re- dor da comida: embora pessoas com esse transtorno comam pouco, elas podem até cozinhar para outros, comprar comida com frequência ou colecionar livros de receita (Myers, 2007; Polivy, Herman e Boivin, 2005; Reijonen et ai. , 2003). Um problema relacionado é a bulimia, um transtorno em que o indivíduo se empanturra com grandes quantidades Motivação e Emoção • 2 13 bulimia Transtorno em que uma pessoa faz ingestão de uma quantidade exagerada de alimentos e em seguida esforça-se para eliminar a comida pelo vômito ou por outros meios. de comida, consumindo um pote de sorvete e uma torta in- teira de uma vez só, por exem- plo. Após isso, a pessoa sente culpa e depressão, frequente- mente induzindo o vômito ou tomando laxantes para elimi- nar a comida - um comportamento conhecido como "limpe- za". Apesar de o peso de uma pessoa com bulimia frequente- mente permanecer normal, ciclos constantes de compulsão e "limpeza" e o uso de drogas para induzir o vômito ou diarreia podem causar problemas de saúde e insuficiência cardíaca (Couturier e Lock, 2006; Mora-Girai et ai. , 2004). Exercitar-se em excesso para ficar mais magro é um transtorno alimentar conhecido como bulimia niío purga- tiva. Ao contrário das pessoas com anorexia, pessoas com bulimia não purgativa não controlam opeso recusando-se a comer. Ao invés disso, elas se focam em eliminar as calorias que consomem; mas enquanto os indivíduos com bulimia eliminam calorias vomitando ou usando laxantes, aqueles que sofrem de bulimia não purgativa as eliminam por meio de monitoramento e de exercícios físicos com objetivo de perder cada caloria que consomem. Assim como em outros transtornos alimentares, pessoas com bulimia não purgativa podem adquirir uma aparência frágil, doente e, até mesmo, esquelética, ao mesmo tempo em que se enxergam como al- guém acima do peso, com medo constante de ingerir mais calorias do que estão queimando (Abraham et ai. , 2007; Heywood e McCabe, 2006). Visto que o exercício costuma ser bom para a saúde, e muitas pessoas, tais como atletas competitivos, se exerci tam frequentemente por longos períodos, quando é possível dizer que o exercício se transforma em transtorno? Um indicador é o exercício que vai além do benefício, ao ponto em que a atividade excessiva começa a causar mais danos do que bene- fícios. Por exemplo, uma pessoa com bulimia não purgativa pode sofrer lesões esportivas como distensões musculares ou lesões nas articulações e, mesmo assim, continuar se exerci- tando, apesar da dor (Hrabosky et ai., 2007). Outro indicador é uma compulsão em se exercitar - pes- soas que têm dependência por exercícios tendem a se sentir ansiosas e culpadas por perder uma sessão de exercícios, e dei- xam que sua prática de exercícios interfira em seu trabalho e em sua vida social. Um estudo sugere que é essa compulsão, e não a quantidade real de exercícios, que indica a presença de um transtorno (Adkins e Keel, 2005; Hausenblas e Downs, 2002). pense PSICO > > > De que forma as expectativas sociais, conforme transmitidas em programas de televisão e comerciais, contribuem para a preocupação excessiva com o peso? Como a televisão pode contribuir para melhorar hábitos e comportamentos alimentares com relação ao peso? Ela deveria fazer isso? 214 • PSIC O pense PSICO > > > Por que a bulimia não purgativa é considerada um transtorno alimentar? Transtornos alimentares representam um problema cada vez maior: estimativas mostram que entre 1 e 4% das mu- lheres em idade acadêmica (faculdade) e escolar (ensino médio) sofrem de anorexia nervosa ou bulimia. Até 10% das mulheres sofrem de bulimia em algum momento de suas vi- das. Além disso, um número cada vez maior de homens é diagnosticado com transtornos alimentares; estima-se que cerca de 10 a 13% de todos os casos ocorram em homens (Kaminski et ai., 2005; Park, 2007; Swain, 2006). Exames cerebrais de pessoas com transtornos alimentares mostram que elas processam informações sobre comida de modo diferente dos indivíduos saudáveis. Quais as causas da anorexia nervosa e da bulimia? Alguns pesquisadores suspeitam de causas biológicas, como desequi- líbrio químico no hipotálamo ou na glândula pituitária, talvez causadas por fatores genéticos. Além disso, exames cerebrais de pessoas com transtornos alimentares mostram que elas pro- cessam informações sobre comida de modo diferente dos indi- víduos saudáveis (Polivy e Herman, 2002; Santel et ai., 2006). Outros acreditam que a causa tenha raízes na valorização atribuída pela sociedade à magreza e à noção paralela de que a obesidade é indesejável. Esses pesquisadores argumentam que pessoas com anorexia nervosa e bulimia ficam preocu- padas com seu peso e levam ao pé da letra a ideia de que "nunca se está magro demais" . Isso pode explicar por que, conforme os países ficam mais modernos e ocidentalizados, e as dietas ficam mais populares, os transtornos alimentares Você sabia?-----.. Você não precisa malhar na academia para se beneficiar de exercício moderado. Lavar e encerar seu carro (45-60 minutos) , cuidar do jardim (30-45 minutos) e lavar janelas (45-60 minutos) são algumas atividades que pode m assumir o lugar do seu exercício. Para mais opções e períodos recomendados de atividade, vis ite o site do Center for Disease Control (www.cdc.gov/nccdphp/sgr/ ataglan.htm). .,... VOCE ACREDITA?>>> Perdendo peso com sucesso Apesar de 60% das pessoas nos Estados Unidos dizerem que querem perder peso, essa é uma grande luta para a maioria delas.A maioria das pessoas que faz dieta acaba recuperando o peso que perdeu, e assim ingressa em uma dieta depois da outra, acabando presa em um ciclo aparen- temente sem fim de perda e ganho de peso (Cachelin e Regan, 2006; Newport e Carrol!, 2002; Parker-Pope, 2003). Se você quer perder peso, deve manter diversas coisas em mente (Gatchel e Oordt, 2003; Heshka et ai., 2003): • Não existe um caminho mais fácil para controlar o peso. Você terá que fazer mudanças permanentes em sua vida para perder peso sem recuperá-lo.A estratégia mais óbvia - cortar a quantidade de comida - é apenas o primeiro passo de um comprometimento vitalício para mudar seus hábitos alimentares. • Registre o que você come e o quanto você pesa. A menos que você mantenha registros cuidadosos, vai ser difícil saber o quanto você está comendo e se alguma dieta está dando resultado. • Coma alimentos "grandes". Coma alimentos com alto teor de fibras, mas de baixo teor calórico, como uvas e sopas. Essas comidas enganam o seu corpo, fazendo-o pensar que você comeu mais e , portanto, diminuem a fome. • Diminua a televisão. Uma razão para a epidemia de obesidade nos Estados Unidos é o número de horas gastas assistindo à televisão.Assistir à televisão não só impede outras atividades que consomem calorias (até mesmo caminhar pela casa ajuda), como as pessoas frequentemente comem porcarias enquanto estão sentadas na frente da TV (Hu et ai., 2003). • Exercício. Exercite-se por, no mínimo, 30 minutos con- secutivos três vezes na semana. Quando você se exer- cita, você utiliza gordura armazenada no corpo como Continuação combustível para os músculos, o que se mede em calo- rias. Conforme você usa essa gordura, provavelmente perde peso. Praticamente qualquer atividade ajuda a queimar calorias. • Diminua a influência de estímulos sociais externos em seu comportamento alimentar. Sirva-se com porções menores de comida e deixe a mesa antes de ver o que vai ser servido de sobremesa. Não compre lanchinhos como doces e salgadinhos; se eles não estão prontamente disponíveis na dispensa, você não pode comê-los. Embrulhe alimentos refrigerados em papel alumínio para que você não possa ver o conteúdo nem se sentir tentando toda vez que abrir a geladeira. • Evite dietas de modismo. Não importa o quão populares elas sejam em um período específico, dietas extremas, incluindo dietas líquidas, não costumam funcionar no longo prazo e podem ser perigosas para sua saúde. • Evite tomar qualquer uma das inúmeras pílulas para dieta vendidos na televisão que prometem resultados rápidos e fáceis. • Mantenha hábitos alimentares saudáveis. Quando tiver alcançado seu peso desejado, mantenha os novos hábi- tos que você aprendeu enquanto fazia dieta para evitar recuperar todo o peso perdido. • Estabeleça objetivos razoáveis. Saiba quanto peso você quer perder antes de começar a fazer dieta. Não tente perder muito peso rápido demais, ou você vai se con- denar ao fracasso.Até mesmo mudanças pequenas de comportamento - tais como caminhar 1 5 minutos por dia ou comer um pouco menos por refeição - podem impedir o ganho de peso (Hill et ai., 2003). Motivação e Emoção • 215 A modelo brasileira Ana Carolina Reston morreu aos 21 anos devido a complicações de anorexia.Após a morte de Reston e de outras modelos, a indústria da moda começou a mudar suas normas para promover uma imagem mais saudável. O show de moda em Madri, na Espanha, requer que as modelos tenham um índice de massa corporal de ao menos18 para participar. a n drógenos Hormônios sexuais masculinos secretados pelos testículos. ) aumentam. Por fim, alguns psicólogos sugerem que os transtornos sejam o resultado de pais superexigentes ou de outros problemas familiares (Couturier e Lock, 2006; Grilo et al., 2003; Nagel e Jones, 1992). As explicações completas para a anorexia nervosa e a bu- limia permanecem obscuras. Esses transtornos provavelmen- te têm causas tanto sociais quanto biológicas, e tratamentos bem-sucedidos provavelmente abarcam diversas estratégias, 2 16 • PSICO incluindo terapia e mudanças relacionadas à dieta (O'Brien e LeBow, 2007; Richard, 2005; Wilson, Grilo e Vitousek, 2007). Se você ou algum familiar precisar de conselho ou ajuda com um problema alimentar, entre em contato com o Ambu- latório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em www.ambulin. org.br. Você pode conseguir mais informações em www.nlm. nih.gov/medlineplus/eatingdisorders.html. MOTIVAÇÃO SEXUAL Comparado ao comportamento sexual de outras espécies, o comportamento sexual humano é bem complicado, apesar de a biologia subjacente não ser assim tão diferente da de espécies relacionadas. Em homens, por exemplo, os testícu- los começam a secretar andrógenos, que são hormônios se- xuais que ocorrem em níveis mais elevados em homens, na puberdade. Os andrógenos não só produzem características sexuais secundárias, tais como o crescimento de pelos no corpo e o engrossamento da voz, como também aumentam o desejo sexual. Como o nível de produção de andrógenos pelas testes é basicamente constante, os homens são capa- zes de se engajar (e se interessam por) atividades sexuais sem preocupação com os ciclos sexuais. Dados os estímu- los adequados que levam à excitação, os homens podem se envolver em comportamento sexual a qualquer momento (Goldstein, 2000). As mulheres mostram um padrão diferente. Quando elas alcançam a maturidade na puberdade, os dois ovários femininos começam a produzir estrógenos e progesterona, hormônios sexuais que ocorrem em níveis mais elevados nas mulheres. Contudo, esses hormônios não são produzidos consistentemente; ao invés disso, sua produção segue um pa- drão cíclico. A maior produção ocorre durante a ovulação. quando um óvulo é liberado pelos ovários, tornando a pro- babilidade de fertilização pelo esperma mais alta. Enquanto nos animais o período da ovulação é a única época em que a fêmea é receptiva ao sexo, nos seres humanos isso é diferen- te. Apesar de haver variações no desejo sexual relatado, as mulheres são receptivas ao sexo durante todo o ciclo (Lei- blum e Chivers, 2007). Masturbação: sexo solitário Se você desse ouvidos aos médicos 75 anos atrás, eles teriam dito que a masturbação. a autoestimulação sexual, frequentemente utilizando a mão para estimular os órgãos genitais, causaria uma grande série de transtornos físicos e mentais, desde mãos cabeludas até a insanidade. Se aqueles médicos estivessem certos, contudo, a maioria de nós estaria usando luvas para esconder nossas pal- mas cabeludas - já que a masturbação é uma das atividades sexuais mais praticadas. Nos Estados Unidos, cerca de 94GJ dos homens e 63% das mulheres já se masturbaram ao menos uma vez, e, entre estudantes universitários, a frequência varia de "nunca" até "várias vezes por dia" (Hunt, 197 4; Laqueur. 2003; Michael et al., 1994; Polonsky, 2006). Apesar da alta incidência de masturbação, a atitude em relação a ela ainda reflete algumas das visões negativas do passado. Por exemplo, um levantamento descobriu que cerca de 10% dos que se masturbavam sentiam c ulpa, e que 5% dos homens e l % das mulheres consi- deram seu comportamento pervertido (Arafat e Cotton, 1974). Apesar dessa atitude negati- va, contudo, a maioria dos especialistas em sexo vê a masturbação como uma atividade sexual saudável e legítima - além de ino- fensiva. Além disso, vê-se a masturbação como um meio de aprender sobre a própria sexualidade e uma forma de descobrir mu- danças no próprio corpo, como o aparecimen- to de caroços que podem indicar um câncer (Co- leman, 2002; Levin, 2007). Heterossexualidade As pessoas costumam acreditar que, na primeira vez em que fizerem sexo, terão alcançado um dos grandes marcos da vida. Contudo, a heterossexuali- dade, a atração e o comportamento sexual direcionados ao sexo oposto, consiste em muito mais do que relação sexual entre homens e mulheres. Beijar, acariciar, massagear e ou- tras formas de brincadeiras sexuais são todos componentes do comportamento heterossexual. Ainda assim, a atenção dos pesquisadores do sexo tem se concentrado no ato sexual, Visão lateral dos r • orgaos sexuais masculino e feminino Feminino \ \ Ovário , ~~ Utero ~ Osso púbico \_. - ~ Masculino Ânus especialmente em termos de sua primeira ocorrên- cia e frequência (Holtzman e Kulish, 1996; Janssen, 2007). Sexo antes do casamento Até recente- mente, o sexo pré-matrimonial, ao menos para as mulheres, era considerado um dos maiores tabus de nossa sociedade. Tradicio- nalmente, as mulheres em sociedades oci- dentais foram alertadas de que "meninas boas não fazem isso"; já os homens ouviram que, apesar do sexo pré-matrimonial não ser problema para eles, eles devem casar-se com mulheres virgens. Essa visão de que fazer sexo antes do casamento é permissível para os homens, mas não para as mulheres, é chamada de pa- drão duplo (Treas, 2004; Liang, 2007). Apesar de a maioria dos adultos nos Estados Unidos já ter acreditado que o sexo pré-matrimonial era sempre erra- do, desde aquela época houve uma mudança dramática na opinião pública. Por exem- plo, o percentual de pessoas de meia-idade que dizem que "não há nada de errado" com o sexo antes do casamento au- mentou consideravelmente, e cerca de 60% dos norte -ame- ricanos dizem que não há pro- blema em se fazer sexo antes do casamento. Mais da meta- de diz que morar junto antes do casamento é moralmente aceitável (CeF Report, 2001; Thornton e Young-DeMarco, 2001). estrógeno Classe de hormônios sexuais femininos. progesterona Hormônio sexual feminino secretado pelos ovários. ovulação Momento em que um óvulo é liberado pelos ovários. masturbação Autoestimulação sexual. heterossexualidade Atração e comportamento sexual direcionados ao sexo oposto. padrão duplo Visão de que faze r sexo antes do casamento é permissível para homens, mas não para mulheres. Mudanças de postura com relação ao sexo pré-matri- monial foram acompanhadas por mudanças nas taxas atuais de atividade sexual antes do casamento . Por exemplo, os nú- meros mais recentes mostram que um pouco mais da metade das mulheres entre 15 e 19 anos fez sexo antes do casamento. Esses dados indicam quase o dobro de mulheres na mesma faixa etária que relatou fazer sexo em 1970. Claramente, a tendência ao longo das últimas décadas apontou para mai s mulheres se envolvendo em atividades sexuais pré-matrimo- niais (Jones, Darroch e Singh, 2005). Entre homens, também houve um aumento na incidên- cia de sexo antes do casamento, apesar de a mudança não ter sido tão drástica quanto foi para as mulheres - provavelmente porque os índices para homens já eram inicialmente altos. Por exemplo, os primeiros levantamentos de sexo pré-matrimonial feitos na década de 1940 indicaram uma incidência de 84% entre homens de todas as idades; dados recentes colocam esse número próximo de 95%. Além disso, a média da primeira experiência sexual dos homens tem diminuído regularmente. Quase metade dos homens já teve relações sexuais aos 18, e, quando chegam aos 20, 88% já fizeram sexo. Também existem diferenças raciaise étnicas: afro-americanos tendem a fazer sexo pela primeira vez mais cedo do que os porto-riquenhos. Diferenças raciais e étnicas provavelmente refletem diferen- Motivação e Emoção • 217 ças em oportunidades socioeconômicas e na estrutura familiar (Arena, 1984; Singh et ai., 2000). Sexo marital Julgando pelo número de artigos sobre sexo em casamentos heterossexuais, poderíamos pensar que o comportamento sexual é a norma pela qual se mede a feli- cidade conjugal. Os casais, contudo, estão frequentemente preocupados por estarem fazendo sexo demais, sexo de me- nos ou sexo errado (Harvey, Wenzel e Sprecher, 2005). Apesar de existirem muitas dimensões pelas quais se mede o sexo no casamento, uma certamente é a frequência de sexo extraconjugal Atividade sexual ent re uma pessoa casada e alguém que não é seu cônjuge. homossexuais Pessoas que se sentem sexualmente atraídas por membros do próprio sexo. bissexuais Pessoas que se sentem sexualmente atraídas por pessoas do mesmo sexo e do sexo oposto. relações sexuais. Qual é a normal? Assim como com a maioria de outras atividades sexuais, não existe resposta fáci l para essa pergunta, já que há grandes variações de padrão entre os indivíduos. Sabemos que 43% das pes- soas casadas fazem sexo algu- mas vezes por mês, e que 36% fazem de duas a três ve- zes por semana. Com o aumento da idade e da duração do casamento, a frequência de sexo diminui. Ainda assim, o sexo persiste até a velhice, com quase metade das pessoas relatando que têm relações sexuais ao menos uma vez por mês e que sua qualidade é alta (Michael et ai. , 1994; Powell, 2006). Apesar de pesquisas anteriores indicarem que o sexo extraconjugal está muito difundido, a realidade atual parece ser bem diferente. De acordo com levantamentos nos Esta- dos Unidos, 85% das mulheres casadas e mais de 75% dos homens casados são fiéis aos seus cônjuges. Além disso, o número médio de parceiros sexuais, intra e extra conjugal desde os 18 anos, para homens foi de seis e, para as mulheres, de dois. Acompanhando esses números, vem um grau alto e O número de pessoas que escolhe parceiros sexuais do mesmo sexo em algum momento é considerável. Estimati- vas sugerem que cerca de 20 a 25% dos homens e cerca de 15% das mulheres tiveram ao menos uma experiência gay ou lésbica durante a vida adulta. O número exato de pes- soas que se identificam como exclusivamente homossexuais se mostrou difícil de medir, com algumas estimativas bai- xas, como 1, 1 %, e outras mais altas, como 10%. A maioria dos especialistas sugere que entre 5 e 10% tanto de homens quanto de mulheres são exclusivamente gays ou lésbicas du- rante longos períodos de suas vidas (Firestein, 1996; Hunt, 1974; Sells, 1994). Apesar de as pessoas frequentemente verem a homos- sexualidade e a heterossexualidade como duas orientações sexuais completamente distintas, a questão não é tão simples. Alfred Kinsey, pioneiro pesquisador sexual, reconheceu isso quando considerou a orientação sexual em uma escala, ou consistente de desaprovação do sexo extraconjugal, com nove de cada 10 pessoas dizendo que é "sempre" ou "quase sempre" er- rado (Allan, 2004; Daines, 2006; Michael et al., 1994 ). Você pode fazer seu próprio teste acerca do padrão duplo emjulgamen- Homossexualidade e bisse- xualidade Os homossexuais sentem-se sexualmente atraídos por membros do próprio sexo, ao passo que os bissexuais sentem-se sexualmente atraídos por pessoas do mesmo sexo e do sexo oposto. Muitos homens homossexuais preferem o termo gay, e mulheres homossexuais preferem lésbica, já que esses termos referem-se a uma maior variedade de atitudes e esti los de vida do que o termo homos- sexual, que foca o ato sexual. 218 • PSICO tos de comportamento sexual. Escreva a descrição de uma pessoa que se chama Pat e do seu comporta- mento prorrúscuo. Use pronomes e adjetivos femininos quando se referir a Pat. Digite outra versão, mudando apenas os pronomes e os adjetivos (para o masculino). Faça um núme- ro igual de pessoas ler as versões masculina e feminina e dar uma nota para Pat em diversas características (sendo 1 "nada" e 10 "muito"), incluindo a característica promiscuidade. Então compare a mé- dia de promiscuidade dos julga- mentos para a Pat mulher e para o Pat homem quando eles têm o mesmo comportamento. continuum, que varia de "exclusivamente homossexual" a - exclusivamente heterossexual" com pessoas que apresen- :am comportamento tanto homossexual quanto heterossexual ;io meio. A abordagem de Kinsey sugere que a orientação sexual depende dos sentimentos e comportamentos sexuais e dos sentimentos românticos da pessoa (Weinberg, Williams ê Pryor, 1991). O que determina se a pessoa se torna homossexual ou heterossexual? Apesar de haver diversas teorias, nenhuma se provou completamente satisfatória. Algumas explicações para a orientação sexual têm na- mreza biológica, sugerindo que há causas genéticas. Evi- dências para a origem genética da orientação sexual vêm de estudos com gêmeos idênticos, que mostraram que, quando um dos gêmeos se identificava como homossexual, a ocor- rência de homossexualidade no outro gêmeo era mais alta do que na população geral. Tais resultados ocorrem mesmo para gêmeos que foram separados no início da vida e que, portan- m, não foram necessariamente criados em ambientes sociais emelhantes (Gooren, 2006; Hamer et ai., 1993; Kirk, Bailey e Martin, 2000; Turner, 1995). Os hormônios também desempenham uma função na determinação da orientação sexual. Por exemplo, pesquisas mostram que mulheres que foram expostas ao DES, ou dieti- lestilbestrol, antes do nascimento (suas mães tomaram o me- dicamento para evitar o aborto) apresentavam maior proba- bilidade de ser homossexual ou bissexual (Meyer-Bahlburg, 1997). Algumas evidências sugerem que diferenças nas estru- turas cerebrais podem ter relação com a orientação sexual. Por exemplo, a estrutura do hipotálamo anterior, uma área do cérebro que regula o comportamento sexual, difere em homens homossexuais e heterossexuais. Similannente, outra pesquisa mostra que, comparados com homens ou mulheres heterossexuais, homens gays têm a comissura anterior, grupo de neurônios que conectam os hemisférios esquerdo e direito do cérebro, maior (Byne, 1996; Le Vay, 1993). Contudo, pesquisas que sugerem que causas biológicas estão na raiz da homossexualidade não são conclusivas, vis- to que a maioria dos achados tem base em apenas pequenas amostras de indivíduos. Ainda assim, existe uma possibili- e o ] Francamente, eu reprimi minha sexualidade por tanto tempo que até esqueci qual a minha orientação sexual. õ u ( J~~s~!~é~ ~~}prob,bWd,de de serem canhotos do que os heterossexuais. O fato de sermos destros ou canhotos é influenciado por nossos genes, então o achado de uma correlação entre a mão que usamos e a orientação sexual sugere que deve existir alguma base biológica para a homossexualidade (Lalumiére, Blanchard e Zucker, 2000). dade real de que algum fator biológico ou herdado predispo- nha as pessoas para a homossexualidade, se certas condições ambientais forem encontradas (Rahman, Kumari e Wilson, 2003; Teodorov et ai. , 2002; Veniegas, 2000). Poucas evidências sugerem que a orientação sexual seja causada por práticas de criação ou pela dinâmica familiar. Apesar de os proponentes de teorias psicanalíticas já terem defendido que a natureza da relação pai-filho pode produzir a homossexualidade (por exemplo, Freud, 1922/1959), evidên- cias de pesquisa não sustentam tais explicações (lsay, 1994; Roughton, 2002). Dadas as dificuldades de se encontrar uma explicação consistente, não podemos responder à pergunta do que de- termina a orientação sexual. Defato, parece improvável que exista um único fator que oriente uma pessoa para a homos- sexualidade ou heterossexual idade. Ao invés disso, parece razoável presumir que uma combinação de fatores biológicos e ambientais esteja envolvida (Bem, 1996; Hyde e Grabe, 2008). Apesar de ainda não sabermos por que as pessoas desen- volvem certa orientação sexual, uma coisa é certa: não existe relação entre a orientação sexual e o ajustamento psicológi- co. Gays, lésbicas e bissexuais geralmente gozam da mes- ma qualidade de saúde mental e física dos heterossexuais, apesar da discriminação que eles sofrem poder produzir ín- dices mais altos de transtornos, como a depressão (Poteat e Espelage, 2007). Heterossexuais, bissexuais e homossexuais também têm tipos semelhantes de postura em relação a si mesmos, independentemente da orientação sexual. Por tais motivos, a American Psychological Association e a maioria das outras organizações de saúde mental endossaram es- forços para reduzir a discriminação contra gays e lésbicas, tais como revogar a proibição de homossexuais no exército norte-americano (Cochran, 2000; M01Tis, Waldo e Rothblum, 2001; Perez, DeBord e Bischke, 2000). Transexualidade Os transexuais são pessoas que acredi- tam que nasceram com o corpo do gênero oposto. De formas fundamentais, a transexualidade representa menos uma difi- culdade sexual, e mais uma questão de gênero envolvendo a própria identidade do indivíduo (Heath, 2006; Meyerowitz, 2004). Motivação e Emoção • 219 ).. D !~~m~~,~~!~;~~~o sexual se provaram difíceis de localizar. É importante conhecer as diversas explicações que foram propostas. Às vezes os transexuais buscam operações de mudança de sexo em que seus genitais são cirurgicamente removidos e transexuais Pessoas que acreditam que nasceram com o corpo do gênero oposto. necessidade de realização Característica estável aprendida em que a pessoa obtém satisfação ao buscar e atingir um nível de excelência. os genitais do sexo desejado são criados. Diversos passos, incluindo aconselhamento in- tensivo e injeção hormonal, além de ter vivido como membro do sexo desejado por diversos anos, precedem a ci- rurgia, que, como se espera, é muito complexa. O resultado, contudo, pode ser muito positivo (Lobato, Koff e Manetini, 2006; O'Keefe e Fox, 2003; Stegerwald e Janson, 2003). A transexualidade é parte de uma categoria mais am- pla chamada de transgênero. O termo transgênero abarca não apenas os transexuais, mas também pessoas que se veem como um terceiro gênero, travestis (que se vestem com roupas do sexo oposto) e outros que acreditam que a classificação tradicional de gênero homem-mulher é inadequada para caracterizá-los (Hyde e Grabe, 2008; Prince, 2005). AS NECESSIDADES DE REALIZAÇÃO, AFILIAÇÃO E PODER Apesar de a fome poder ser uma das motivações primá- rias mais potentes em nossa vida diária, pulsões secundá- rias poderosas que até o momento não têm base biológica clara também nos motivam. Entre as mais proeminentes está a necessidade de realização. A necessidade de realização A necessidade de rea- lização é uma característica estável aprendida em que uma pessoa obtém satisfação buscando e alcançando um nível de excelência (McClelland et al ., 1953). Pessoas com grande necessidade de realização buscam situações em que podem competir contra algum padrão - seja em notas, dinheiro ou vencendo um jogo - e ser bem-suce- didas. Mas elas não são indiscriminadas quando se trata de escolher seus desafios: tendem a evitar situações em que o sucesso virá muito facilmente (não haveria desafio) e situações em que é improvável obter sucesso. Ao invés disso, pessoas com grandes necessidades de realização geralmente escolhem tarefas que são de dificuldade inter- mediária (Speirs Neumeister, K. L. e Finch, 2006). Por outro lado, pessoas com baixa motivação para realização tendem a se motivar primariamente pelo <lese- 220 • PSICO jo de evitar o fracasso. Como resultado, elas buscam tarefas fáceis, certificando-se de evitar fracassos, ou buscam tarefas muito difíceis para a qual o fracasso não tem implicações ne- gativas, visto que quase ninguém obteria sucesso de qualquer modo. Pessoas com grande medo do fracasso se distanciam de tarefas de dificuldade intermediária, já que podem fracas- sar onde outros obtiveram sucesso (Martin e Marsh, 2002; Morrone e Pintrich, 2006; Puca, 2005). Uma grande necessidade de realização geralmente pro- duz resultados positivos, ao menos em culturas ocidentais que são orientadas para o sucesso. Por exemplo, pessoas motivadas por uma alta necessidade de realização têm maior probabilidade de ir para a faculdade do que suas contrapartes (com menor necessidade de realização); e, quando estão na faculdade, tendem a receber notas mais altas em aulas rela- cionadas às suas carreiras futuras. Além disso, alta motivação de realização indica sucesso econômico e profissional futuro (McClelland, 1985; Thrash e Elliot, 2002). MEDINDO A MOTIVAÇÃO DE REALIZAÇÃO Como podemos medir a necessidade de realização de uma pessoa? O instrumento de mensuração utilizado com maior Tocando o vazio Joe se machuca enquanto está amarrado a Simon durante sua descida de Siula Grande, no Peru. Simon precisa cortar a corda para impedir que ambos morram. Ele acredita que Joe morreu, mas essa é a história da incrível motivação de Joe para sobreviver. O diário de Bridget Jones Às vezes nós comemos por out ras razões que não a fome.A personagem principal desse filme, Bridget Jones, come compulsivamente quando está deprimida. Gilbert Grape - aprendiz de sonhador A mãe de Gilbert sofre preconceito, discriminação e problemas psicológicos como resultado de sua obesidade. Transamérica Uma mulher transgênero descobre que tem um filho adolescente de um relacionamento anterior, e eles se encontram. Ela é o pai ou a mãe dele? Como o adolescente vai reagi r a isso? O homem bicentenário Um robô doméstico recebe uma "atualização" e aprende sobre a complexidade da emoção humana. ~ D ~~~~~ti~~,~~e~~ pesso,s com grande necessidade de realização é que elas preferem tarefas de dificuldade moderada. frequência é o Teste de Apercepção Temática (TAT) (Span- gler, 1992). No TAT, um examinador apresenta uma série de figuras ambíguas. O examinador pede aos participantes que escrevam uma história que descreva o que está acontecen- do, quem são essas pessoas, o que levou a essa situação, o que as pessoas estão pensando ou o que elas querem, e o que vai acontecer a seguir. A seguir, os pesquisadores usam um sistema de pontuação padronizado para determinar a quanti- dade de imagens de realização nas histórias das pessoas. Por exemplo, alguém que escreve uma história em que o persona- gem principal se esforça para derrotar um oponente, estuda para se sair bem em alguma tarefa, ou dá duro para conseguir uma promoção mostra sinais claros de orientação para a rea- lização. Presume-se que a inclusão de tais imagens relativas à realização nas histórias dos participantes indique um grau elevado de preocupação com - e portanto uma necessidade relativamente grande de - realização (Tuerlinckx, DeBoeck e Lens, 2002). A necessidade de afiliação São poucos os que escolhem viver suas vidas como eremitas. Por quê? Um motivo é que a maioria das pessoas tem uma necessidade de afiliação, um interesse em estabelecer e manter relacionamentos com ou- tras pessoas. Indivíduos com grande necessidade de afiliação escrevem histórias para o TAT que enfatizam o desejo de manter ou restabelecer amizades e se mostram preocupados em serem rejeitados pelos amigos. Pessoas com maiores necessidades de afiliação são par- ticularmente sensíveis a relacionamentos com outros. Eles desejamestar com os amigos na maior parte do tempo, e passam menos tempo sozinhos, comparados com pessoas com menor necessidade de afiliação. Contudo, o gênero é um determinante maior de quanto tempo se passa de fato com os amigos: independentemente da necessidade de afiliação, estudantes mulheres passam significativamente mais tempo com os amigos e menos tempo sozinhas do que os estudantes homens (Cantwell e Andrews, 2002; Johnson, 2004; Semyki- na e Linz, 2007). A necessidade de poder Se suas fantasias incluem ser o Presidente ou ser o dono da Microsoft, seus sonhos po- dem refletir uma grande necessidade de poder. A necessida- de de poder, uma tendência de buscar impacto, controle ou influência sobre os outros, e de ser visto corno um indiví- duo poderoso, é um tipo adicional de motivação (Lee-Chai e Bargh, 2001; Winter, 2007; Zians, 2007). Como se pode esperar, pessoas com grandes necessida- des de poder apresentam maior probabilidade de pertencer a organizações e de buscar cargos políticos do que aquelas pessoas com menor necessidade de poder. Elas também ten- dem a trabalhar em profissões em que suas necessidades de poder possam ser satisfeitas, tais como a administração de empresas e - você pode se surpreender - o ensino (Jenkins, 1994). Além disso, elas buscam exibir o visual do poder. Mesmo na faculdade, é mais provável que elas tenham pos- ses prestigiadas, como equipamentos eletrônicos e carros esportivos. >> Compreendendo experiências emocionais Seja em um ou em outro momento, todos j á sentimos fortes sensações que acompanham experiências tanto prazero- sas quanto negativas. Talvez tenhamos sentido a excitação de conseguir aquele emprego que tanto queríamos, a alegria de estarmos apaixonados, a tristeza pela morte de um ente querido ou a an- n ecessidade d e afiliação Interesse em estabelecer e manter relações com out ras pessoas. necessidade de poder Tendência de buscar impacto, controle ou influência sobre os outros, e de ser visto como um indivíduo poderoso. gústia de inadvertidamente magoarmos alguém. Além disso, sentimos tais reações em um nível menos intenso ao longo de nossas vidas cotidianas: o prazer da amizade, a diversão em um filme e a vergonha de quebrar algo que pegamos emprestado. Como o gênero se cor relaciona com a necessidade de afiliação? Motivação e Emoção • 221 Da perspectiva de ... UM ORIENTADOR ACAD~MICO Como você poderia usar características como a necessidade de realização, a necessidade de poder e a necessidade de afiliação para falar com seus alunos sobre carreiras de sucesso? Que critérios adicionais você precisaria considerar? Apesar da natureza variada desses sentimentos, todos eles representam emoções. Embora todos tenham uma ideia do que é uma emoção, definir formalmente o conceito se pro- vou uma tarefa difícil. Aqui, usaremos uma definição geral: emoções são sentimentos que geralmente têm elementos tan- to fisiológicos como cognitivos que influenciam o comporta- ] rnento. emoções Sentimentos que Pense, por exemplo, so- geralmente têm elementos tanto bre corno é estar feliz. Primei- fisiológicos quanto cognitivos e que ro, nós obviamente sentimos influenciam o comportamento. . d um sentimento que po ernos diferenciar das outras emoções. É provável que também sin- tamos algumas mudanças físicas identificáveis em nossos corpos: talvez a frequência cardíaca acelere ou comecemos a "pular de alegria". Por fim, a emoção provavelmente abarca elementos cognitivos: nossa compreensão e avaliação do sig- nificado do que está acontecendo instiga nossos sentimentos de felicidade. Podemos, contudo, também sentir uma emoção sem a presença dos elementos cognitivos. Por exemplo, podemos reagir com medo a uma situação incomum ou nova (tal como entrar em contato com um indivíduo errático e imprevisível), ou podemos sentir prazer devido a uma excitação sexual sem termos consciência ou compreensão cognitiva do que é exci- tante nessa situação. AS FUNÇÕES DAS EMOÇÕES Imagine como seria se nós não experienciássemos emoções - não sentiríamos desespero, depressão ou remorso - mas tam- bém não sentiríamos felicidade, alegria ou amor. Obviamente, a vida seria consideravelmente menos satisfatória, até mesmo chata, se não tivéssemos a capacidade de sentir e expres- sar emoções. Mas qual o propósito das emoções, além de tornar a vida interessante? Os psicólogos identi- ficaram diversas funções importantes que as emoções têm em nossas vidas (Frederick- son e Branigan, 2005; Frijda, 2005; Gross, 2006; Siemer, Mauss e Gross, 2007). Entre as mais importantes estão: • Preparar para agir. As emoções agem como uma ligação entre eventos em nosso ambiente e nossas respostas. Se você visse um cachorro raivoso cor- 222 • PSICO rendo em sua direção, sua reação emocional (medo) es- taria associada à excitação psicológica da divisão simpá- tica do sistema nervoso autônomo, a ativação da resposta de "luta ou fuga". • Modelar nosso comportamento futuro. As emoções pro- movem consciência que nos ajuda dar as respostas ade- quadas. Por exemplo, sua resposta emocional a eventos desagradáveis o ensina a evitar circunstâncias semelhan- tes no futuro. • Ajudar a interagir mais efetivamente com os outros. Frequentemente comunicamos as emoções que sentimos por meio de nossos comportamentos verbal e não verbal, tornando nossas emoções óbvias para os observadores. Esses comportamentos podem agir como um sinal para os observadores, permitindo que eles entendam o que estamos sentindo e ajudando-os a prever nosso compor- tamento futuro. DETERMINANDO A EXTEN SÃO DAS EMOÇÕES Se tivéssemos que listar as palavras que foram usadas para descrever emoções, acabaríamos com pelo menos 500 exem- plos (Averill , 1975). A lista variaria desde emoções óbvias como felicidade e medo até as menos comuns, como empre- endedorismo e melancolia. Um desafio para os psicólogos foi o de anal isar essa lista para identificar as emoções fundamentais mais importantes. Os teóricos já tiveram discussões acaloradas quanto a catalogar as emoções e criaram diferentes listas, depen- dendo de como definem o conceito de emoção. Na verdade. alguns rejeitam essa questão inteiramente, dizendo que ne- nhum conjunto de emoções deveria ser indicado como o mais básico, e que as emoções são mais bem compreendidas quando divididas em suas partes componentes. Outros pes- quisadores defendem que se deve olhar para as emoções em termos de hierarquia, dividindo-as em categorias positivas e negativas, e depois as organizando em subcategorias cada vez mais reduzidas (Dillard e Shen, 2007; Manstead, Frijda e Fischer, 2003). Ainda assim, a maioria dos pesquisadores sugere que uma lista de emoções básicas incluiria, no mínimo, feli- cidade, raiva, medo, tristeza e nojo. Outras listas são mais amplas, incluindo emoções como surpresa, desprezo, culpa e alegria (Ekman, 1994a; Shweder e Heidt, 1994; Tracy e Robins, 2004). Uma dificuldade de definir um conjunto básico de emo- ções é que podem existir diferenças significativas nas for- mas como as várias culturas sentem e expressam as emoções. Por exemplo, os alemães falam em Schadenfreude, uma sensação de pra- zer pelas dificuldades de outra pessoa, e os japoneses sentem o hagaii, um humor de aflição temperado com frustração. No Taiti. musu refere-se a um sentimento de relutância em ceder às demandas insensatas dos pais. Encontrar Schadenfreude, hagaii ou musu em uma cultura específica Emoções A hierarquia das emoções Positivas /\ o "' "' Amor Alegria Raiva Medo Af,/ \ Fellcl/ ~lha Aboc(/,S~\ ,J \ Agi) cl,\ Paixão Contentamento cimento Hostilidade Ciúme Ansiedade Aflição Solldao não significa que os membros de outras culturas não sejam
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