Buscar

CCJ0010-WL-PP-Direito Administrativo I - Aula 06 - Cintia Pereira de Souza

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

*
Licitações
Lei 8.666/93 → Lei de normas gerais (estados e municípios  mantém competência legislativa)
Art. 1o  Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
→ Disciplina legal:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
*
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
- Art. 175 CF (serviços públicos são da competência da União)
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
- Lei 8.666/93 
- Lei 10.520/02 – Pregão
*
→ Abrangência (lei 8.666/93)
- Art. 1º, parágrafo único  Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
- Administração direta (União, Estados e Municípios)
- três poderes + MP
- Administração Indireta  Autarquia
				Fundação Pública
 			Art. 173 → Sociedade de Economia Mista
 		 → Empresas Públicas
(Licitação  para as atividades meio – nas atividades fim  regime de concorrência com os privados)
 
- Fundos Especiais (Art. 71 Lei 4320/64 → produtos de receitas específicas que, por lei, se vinculam à realização de determinados objetivos ou serviços)
- Entidades controladas direta/indiretamente pelas pessoas federativas (ex: Serviços sociais autônomos, como SESI, SENAI)
*
→ Conceitos:
- Hely L. Meirelles – Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato do seu interesse. 
- Celso A. B. de Mello - Licitação é um certame que as entidades governamentais devem promover e no qual abrem disputa entre os interessados em com elas travar determinadas relações de conteúdo patrimonial, para escolher a proposta mais vantajosa às conveniências públicas. 
- Carlos Ari Sundfeld – Licitação é o procedimento administrativo destinado à escolha de pessoa a ser contratada pela administração, no qual são assegurados tanto o direito dos interessados à disputa como a seleção do beneficiário mais adequado ao interesse público. 
*
→ Finalidades: Art. 3º
- garantia constitucional da Isonomia (assegura a qualquer um - que preencha validamente as condições para a contratação - interessado a participação). Impedir escolha arbitrária. A escolha é vinculada. 
- melhor contratação possível – proposta mais vantajosa. Não é o melhor preço necessariamente, é proposta a que oferece as melhores condições. 
Art. 3o  A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional, e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
*
→ Objetivo: Art. 2º
- obras
- serviços (inclusive de publicidade)
- compras
- alienações
- locações.
- permissões
Concessões
 A licitação é sempre obrigatória, a não ser nos casos em que a lei a dispensa. 
Art. 2o  As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.
Parágrafo único.  Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.
*
Princípios – Art. 3º Lei 8.666/93
→ Princípios gerais:
a) Princípio da Legalidade – observação fiel dos preceitos normativos. 
 
Art. 4º - Princípio do Procedimento Formal;
Art. 4o Todos quantos participem de licitação promovida pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm direito público subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos.
Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração Pública.
b) Princípio da Igualdade (entre licitantes):
– vedação à criação de discrimines desnecessários
- oportunidade a todos (os que tenham condições) de participar (com condições de assegurar o cumprimento – criação de requisitos);
*
c) Princípio da moralidade/probidade – atuação ética dos agentes públicos durante todo o procedimento. 
 Celso Antônio Bandeira de Melo – aplica-se também ao comportamento dos participantes;
d) Princípio da Publicidade – o procedimento volta-se à transparência
- Art. 3º, § 3º - Princípio do Sigilo na apresentação das Propostas. 
- segredo garante a competitividade
- Art. 94 – violação do sigilo – conduta criminosa.
→ Princípios Específicos:
Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório: Art. 41
- o edital é a lei interna da licitação. 
- vincula tanto a Administração quanto os licitantes
- evita alteração dos critérios de julgamento e esclarece a pretensão administrativa:
*
b) Princípio do Julgamento Objetivo:
- proíbe que a Administração empregue critérios subjetivos para a seleção da proposta mais vantajosa. Artigos 44 e 45;
c) Princípio da Adjudicação Compulsória:
- adjudicação = ato declaratório que garante ao vencedor que, no caso de a Administração vir a celebrar o contrato, celebre com ele. 
-impede que a Administração adjudique a outro ou faça nova licitação 
-Art. 50
 
Obs.: Se o vencedor desistir, a Administração tem que contratar o segundo, mas ele tem que seguir a proposta do primeiro(que foi a aprovada).
*
Tipos de licitação
- não confundir com modalidade
- a definição do tipo implica no critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, de acordo com o critério estabelecido no instrumento convocatório.
- O critério deverá ser objetivo
 Art. 45 Lei 8666/93 - O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos,
de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.
*
§ 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na modalidade concurso:
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço;
II - a de melhor técnica;
III - a de técnica e preço.
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso. 
- A escolha do tipo não é discricionária
- regra geral: menor preço → especificações do edital + menor preço
 
- art. 46. Melhor técnica e técnica e preço → exclusivamente para serviços de natureza intelectual. 
*
Art. 46. Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço" serão utilizados exclusivamente para serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos, ressalvado o disposto no § 4o do artigo anterior. 
- art. 45, parágrafo 4º - informática
 § 4º Para contratação de bens e serviços de informática, a administração observará o disposto no art. 3º da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta os fatores especificados em seu parágrafo 2º e adotando obrigatoriamente o tipo de licitação "técnica e preço", permitido o emprego de outro tipo de licitação nos casos indicados em decreto do Poder Executivo. 
 
→ 8248/91, art 3º → autoriza uso da modalidade pregão para aquisição de artigos de informática
- pregão: apenas melhor preço (art. 4º IX, Lei 10.520/02)
*
→ para serviços públicos: critérios especiais (ex: menor valor da tarifa)
-Art. 45, parágrafo 5º - ? → impede administrador 
§ 5º É vedada a utilização de outros tipos de licitação não previstos neste artigo.
- art. 22, parágrafo 8º - Modalidades
§ 8º É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação das referidas neste artigo.
 
Obs.: Quem não pode criar outro tipo e novas modalidades de licitação é a Administração, mas o legislador pode.
*
Dispensa e inexigibilidade:
Regra geral: licitação obrigatória
Art. 175 da CF: serviços públicos  sempre licita.
Art. 25, parágrafo 2º - superfaturamento – responsabilidade solidária entre agentes públicos e fornecedor/prestador de serviço.
1) Inexibilidade (quando há singularidade): ocorre sempre que houver impossibilidade jurídica de competição. Ex.: Bens singulares (decorrem da natureza específica do negócio ou dos objetivos da administração.
Art. 25 - rol exemplificativo (artigo em especial / diante do caso concreto –análise da inexibilidade).
Art. 13 – Serviços técnicos especializados (notória especialização). Ex. tem que ser famoso.
-Inexigibilidade – motivação expressa . Art. 26
*
2)Dispensa: há viabilidade jurídica de competição
 
 mas a lei autoriza sua não realização
a)Licitação dispensável: art. 24. 
- Competição: é viável  lei autoriza que, mediante ato discricionário, administrador dispense a licitação
Art. 24 – rol taxativo
V- licitação deserta →sem interessados
VII – licitação fracassada – há interessados, mas nenhum é selecionado (art. 48, parágrafo 3º )
IX – licitação proibida (não é discricionária: é de fato proibido) (CABM)
 
*
b) Licitação dispensada: art. 17 (regra: licitar). 
- refere-se à alienação de bens (móveis e imóveis) pela Administração
- rol taxativo
- Licitação é possível →mas lei determina sua não realização
 motivação: art 50, IV, Lei 9784/99 (lei do processo administrativos)→obrigatoriedade → facilita o controle/fiscalização 
*
Dispensa:
1) Não tem conceito legal; sendo possível defini-la como hipóteses previstas em lei, nas quais embora seja viável a realização da licitação, esta pode não ser conveniente ou oportuna, decidindo o administrativo no caso concreto.
2) é em regra discricionária (art. 24), à exceção 
a) hipóteses do art. 17 em que a licitação é dispensada, 
b) hipótese do art. 24, IX denominada licitação proibida (CABM)
3)Tem enumeração legal taxativa
Inexigibilidade:
1)existe conceito legal (art. 25) no sentido de ser inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição;
2)trata-se de competência de natureza vinculada, vez que funda-se na inviabilidade de competição (vinculada)
 
3)Tem enumeração legal exemplificativa (exemplificação casuística)
*
Procedimento
Fase interna
O procedimento licitatório começa formalmente com a abertura do processo respectivo, o qual receberá numeração específica do ente administrativo que o promove.
Neste processo serão autuados, em um primeiro momento, os documentos iniciais, tais como:
a) a decisão da autoridade competente determinando a abertura do certame, com a justificativa da necessidade da futura contratação;
b) a especificação sucinta do objeto a ser licitado;
c) a declaração de que a despesa é compatível à lei orçamentária anual e é compatível com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias, inclusive indicando a origem dos recursos financeiros para o futuro contrato; 
d) cópia do ato que designou a comissão de licitação.
*
Fase externa
1. Audiência pública
 art. 39 da Lei n° 8.666/93  será necessária se o valor estimado para uma licitação ou para um conjunto de licitações, simultâneas ou sucessivas, for superior a cem vezes o valor previsto para a concorrência de obras e serviços de engenharia (art.23)  essa sessão solene deverá ocorrer com a antecedência mínima de quinze dias úteis da data prevista para a publicação do edital.
*
2. O instrumento convocatório
O instrumento convocatório das diversas modalidades de licitação, exceto o convite, é o edital, sendo este o documento elaborado pela comissão respectiva, mediante o qual o ente administrativo torna pública a realização do certame e especifica os critérios de participação.
 art. 41  o edital funciona como a lei interna da licitação, vez que a Administração Pública, por se encontrar estritamente vinculada aos seus termos, não pode descumprir as normas e condições nele contidas.
 o edital estabelecerá todas as regras a serem cumpridas em cada procedimento licitatório, bem como as condições de participação dos eventuais interessados. No seu texto, pois, devem constar todos os elementos necessários, assim indicados no art. 40.
 Se um desses pontos estiver ausente ou se contiver disposições discriminatórias, o edital será considerado nulo, pela ilegalidade do seu teor. 
*
 O prazo estabelecido no edital ou carta-convite para a convocação dos interessados varia de acordo com a modalidade de licitação adotada, sendo, em regra: 
a) trinta dias nas concorrências; 
b) quinze dias nas tomadas de preço e leilões; 
c) quarenta e cinco dias nos concursos; 
d) cinco dias úteis nos convites; 
e) oito dias úteis nos pregões.
*
3. Impugnação ao instrumento convocatório
 O edital ou carta-convite que contenha vício de ilegalidade ou que inviabilize a regularidade do certame - como, por exemplo, a imposição de regras discriminatórias entre os participantes - pode ser impugnado administrativamente por qualquer cidadão ou pelos próprios licitantes. (art. 41,§1º e 2º)
 Para os licitante, a lei estabelece que o direito de impugnar o instrumento convocatório decairá se não for exercido até o segundo dia útil que anteceder:
a) a abertura dos envelopes de habilitação, na concorrência; 
b) a realização do leilão; 
c) a abertura dos envelopes com as propostas, nas demais modalidades. 
 Para as demais pessoas, não licitantes, o prazo é menor, pois a impugnação deve ser apresentada até cinco dias úteis antes da data fixada para
a abertura dos envelopes respectivos (prazo regressivo).
 a impugnação apresentada tempestivamente pelo licitante não o impedirá de participar do processo licitatório.
*
4. Habilitação
A fase de habilitação tem início com o exame dos documentos comprobatórios da regularidade dos licitantes  objetivo: aferir se detêm as condições mínimas para celebrar e executar o futuro contrato com a Administração Pública.
A documentação exigida dos participantes, para fins de habilitação, deve ser relativa à: (art. 31 e 32)
• Habilitação jurídica:
a) cédula de identidade; 
b) registro comercial; 
c) ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor; 
d) inscrição do ato constitutivo;
e) decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em funcionamento no Brasil.
*
• Qualificação técnica: 
a) prova de aptidão para o desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto da licitação; 
b) registro ou inscrição na entidade profissional competente, ou outros documentos que comprovem a capacidade operacional do participante.
• Qualificação econômico-financeira: 
a) balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, que comprovem a boa situação financeira da empresa; 
b) certidão negativa de falência, concordata ou de execução patri­monial, dentre outros.
• Regularidade fiscal: 
a) prova de inscrição no CPF e CNPJ, conforme o caso, bem como no cadastro de contribuintes estadual ou municipal; 
b) certidões de regularidade para com as Fazendas Federal, Estadual, Municipal, bem como Seguridade Social e FGTS.
*
• Observância do disposto no inciso XXXIII do art. 7° da Carta Magna: 
- declaração do licitante de que não emprega menores de dezoito anos em trabalho noturno, perigoso ou insalubre, bem como menores de dezesseis anos em qualquer trabalho, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos.
 em respeito ao princípio da publicidade, o § 1° do art. 43 da Lei n° 8.666/93 preceitua que a abertura dos envelopes - contendo os documentos de habilitação e as propostas - será realizada sempre em audiência pública previamente designada, da qual se lavrará a ata respectiva, que deverá ser assinada pelos licitantes presentes e pela comissão processante.
 as decisões proferidas acerca da habilitação são vinculadas, pois, estando presentes os requisitos fixados no instrumento convocatório, o licitante deve ser julgado habilitado a participar das fases seguintes do procedimento.
*
 Os participantes considerados inabilitados serão excluídos do certame e os seus envelopes, contendo as propostas, ser-lhes-ão devolvidos ainda fechados, isso se não interpuserem recurso contra essa decisão ou se o ente público rejeitar o pedido recursal, se formulado. 
 Tendo em vista a preclusão das fases do certame, estando habilitados os licitantes e abertas as suas propostas, a comissão não poderá desclassificá-los por motivo relacionado à habilitação, exceto se isto decorrer de fatos supervenientes ou conhecidos somente após o julgamento.
*
5. Classificação e julgamento das propostas
 a fase da classificação refere-se, exclusivamente, à análise quanto à regularidade do conteúdo das propostas apresentadas pelos licitantes habilitados.
Nesse sentido, serão desclassificadas as propostas: 
a) cujo conteúdo não atenda aos requisitos precisados no instrumento convocatório; 
b) de valor superior ao limite fixado para a modalidade de licitação adotada (concorrência, tomada de preços ou convite); 
c) consideradas inexequíveis, sendo inadmitidas as propostas com preços simbólicos, irrisórios ou de valor zero, exceto quando se referirem a materiais e instalações de propriedade do próprio licitante, para os quais ele renuncie a parcela ou à totalidade da remuneração por tais itens (art. 44, § 3°, da Lei n° 8.666/93). 
*
 se todas as propostas forem desclassificadas, a comissão de licitação poderá conceder o prazo de oito dias úteis para apresentação de outras ofertas pelos mesmos licitantes. Tal prazo poderá ser reduzido para três dias úteis no caso de convite. – art. 48, §3º.
 Após a classificação das propostas, a comissão deverá proceder ao seu julgamento, determinando-se o proponente vencedor. 
 Esse ato decisório deverá pautar-se unicamente em fatores de ordem objetiva, ou seja, será considerado apenas o critério de julgamento indicado no instrumento convocatório, conforme a licitação seja do tipo Menor preço, Melhor técnica, Técnica e preço, Maior lance ou oferta, Melhor oferta.
 Em qualquer caso, não podem ser considerados no julgamento elementos não previstos no instrumento convocatório, nem preços ou vantagens baseadas nas ofertas dos demais licitantes (art. 44, § 2°, da Lei n° 8.666/93).
*
6. Homologação
 Concluídas as fases procedimentais, a comissão de licitação, deverá encaminhar os autos do processo à autoridade competente para fins de homologação do certame.
 A homologação funciona como o ato de controle interno, mediante o qual a autoridade hierarquicamente superior ratifica os atos e decisões da comissão processante.
 Ao fazê-lo, a autoridade passa a responder por todos os atos praticados no processo. Caso a autoridade competente verifique a existência de algum vício de legalidade no certame, deixará de homologá-lo, procedendo a sua anulação. 
 Poderá, também revogar o procedimento, por razões de interesse público. 
 Admite-se, ainda, a determinação do retorno dos autos à comissão respectiva para que esclareça determinada circunstância ou retifique algum elemento irregular constatado na licitação. 
*
7. Adjudicação
A adjudicação é o ato administrativo vinculado, mediante o qual a autoridade que homologou a licitação efetua a entrega do objeto licitado ao vencedor, para fins de futura contratação com o Poder Público, respeitada sempre a ordem classificatória das propostas (art. 50 da Lei n° 8.666/93). 
Desse ato decorrem algumas consequências jurídicas, tais como: 
a) a impossibilidade da Administração contratar o objeto licitado com terceiros ou celebrar outro certame para o mesmo objeto; 
b) a liberação dos demais licitantes, desobrigando-os do cumprimento dos termos de suas propostas; 
c) a vinculação do licitante-adjudicatário aos preceitos fixados no instrumento convocatório e na sua proposta.
*
Comissões de Licitação
As comissões de licitação são os órgãos colegiados instituídos pelos entes públicos para processar os certames que realizem, cabendo-lhes, dentre outras atribuições:
a) proceder à abertura da licitação;
b) elaborar o instrumento convocatório respectivo;
c) promover a habilitação preliminar dos interessados ou efetuar as suas inscrições no registro cadastral; 
d) apreciar as propostas dos licitantes; 
e) juntar aos autos os documentos relativos ao certame; 
f) julgar os recursos contra os seus atos e decisões; 
g) elaborar o relatório final do procedimento e encaminhá-lo à autoridade competente para fins de homologação.
 A comissão poderá ser especial, quando constituída com a finalidade de processar apenas um determinado certame, ou permanente, se destinada a realizar as diversas licitações de que necessite o ente administrativo que a criou.
*
 neste caso, a investidura dos membros da comissão não excederá a um ano, sendo vedado reconduzir todos os membros para a mesma comissão, no período subsequente. 
 A comissão, permanente ou especial, será formada de, no mínimo, três membros  um destes membros será designado o seu presidente, incumbindo-lhe atuar em nome da comissão.
 todos os integrantes respondem solidariamente pelos atos praticados, salvo se posicionamento divergente de um deles estiver registrado em ata, a ser lavrada na reunião em que tiver sido tomada a decisão da qual resultou a discordância (art. 51, § 3°, da Lei n° 8.666/93).
*
Revogação
 Revogação é o desfazimento dos
efeitos da licitação já concluída, em virtude de critérios de ordem administrativa, ou por razões de interesse público, como diz a lei – art. 49. 
 Tais critérios são avaliados exclusivamente pelo administrador, à luz das circunstâncias especiais que conduzirem à desistência na contratação  há discricionariedade na atuação administrativa. 
 A lei criou algumas condições para a revogação para evitar abusos por parte de maus administradores.
A revogação da licitação é facultada à Administração nas seguintes hipóteses:
 
a) por motivo de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado (art. 49). O despacho de revogação deverá ser fundamentado circunstanciadamente (art. 38, IX);
*
 então: se o fato alegado pela Administração tiver ocorrido antes do início do processo licitatório, não poderá servir como fundamento da revogação  razão: se fato é anterior à licitação, ela não deveria ter sido instaurada.
 cabe ao interessado verificar se as razões dadas para a revogação vieram realmente de fato ocorrido após a instauração do processo licitatório.
b) quando o convocado não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidos no edital (art. 64, § 2°).
 alguns autores vão dizer que o vencedor da licitação tem apenas expectativa na celebração do contrato, mas não é titular de direito subjetivo  revogada a licitação por motivos válidos, aferidos por critérios administrativos efetivos, não é devida qualquer indenização aos licitantes, nem particularmente ao vencedor.
 A lei não menciona expressamente  mas alguns autores vão mencionar que a revogação da licitação gera obrigação de indenizar aqueles que comprovem haver sofrido prejuízos em sua decorrência.
*
Hely Lopes Meirelles ensina que "diversamente do que ocorre com a anulação, que pode ser total ou parcial, não é possível a revogação de um simples ato do procedimento licitatório, como o julgamento, por exemplo.
Ocorrendo motivo de interesse público que desaconselhe a contratação do objeto da licitação, é “todo o procedimento que se revoga".
 
 depois de assinado o contrato, não se pode mais revogar a licitação.
 Em qualquer caso de desfazimento da licitação, seja por anulação, seja por revogação, é assegurado o contraditório e a ampla defesa (art. 49, § 3º)  assegura-se aos interessados o contraditório e a ampla defesa, com o objetivo de lhes permitir a averiguação sobre a validade ou não do desfazimento. 
 Cabe recurso administrativo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da intimação do ato, nos casos de anulação ou revogação da licitação (art. 109, I, "c").
*
Anulação
 
 A anulação da licitação é decretada quando existe no procedimento vício de legalidade. 
 Há vício quando inobservado algum dos princípios ou alguma das normas pertinentes à licitação; ou quando se escolhe proposta desclassificável; ou não se concede direito de defesa aos participantes etc. 
 tudo quanto se configurar como vício de legalidade provoca a anulação do procedimento.
 
 A anulação pode ser decretada pela própria Administração (art. 49). 
 Sendo anulado o procedimento, não há obrigação de indenizar por parte da Administração, salvo se o contratado já houver executado parte do objeto até o momento da invalidação (art. 59, § único). 
 Trata-se, pois, de impedir enriquecimento sem causa por parte da Administração.
*
 art. 49, § 1º  a anulação do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade não gera obrigação de indenizar  há bem fundamentada doutrina que considera inconstitucional o dispositivo por afronta ao art. 37, § 6º, da CF, que consagra a responsabilidade civil objetiva do Estado por atos de seus agentes. 
 contudo, tem prevalecido a ideia segundo a qual do ato nulo não podem originar-se direitos, ideia, aliás, consagrada na Súmula nº 473 do Supremo Tribunal Federal. Com base nela, então, seria legítimo o art. 49, § 1º, do Estatuto.
 
 a anulação do procedimento, viciado induz à do próprio contrato  mesmo que já celebrado o contrato, fica este comprometido pela invalidação do procedimento licitatório (art. 49, § 2º).
 
 A invalidação produz efeitos ex tunc (art. 59)e compromete todos os atos que se sucederam ao que estiver inquinado de vício, isso quando não compromete todo o procedimento. 
*
 a anulação é ato vinculado  exigindo cabal demonstração das razões que a provocaram, não só porque assim se permite o controle da legalidade por parte dos interessados, como ainda porque o vício nas razões invocadas pode conduzir à invalidação do próprio ato anulatório.
 
 O desfazimento da licitação, seja pela anulação, seja pela revogação obriga a Administração a assegurar aos interessados o contraditório e a ampla defesa (art. 49, § 3º). 
 
 O escopo da norma é o de impedir que o desfazimento seja mascarado por objetivos escusos e inverídicos, vulnerando o princípio da transparência, que não pode ser relegado pela Administração.
 
 momento do contraditório: divergência doutrinária: alguns entendem que o contraditório deve ser realizado antes do ato de anulação ou de revogação, outros entendem que pode ocorrer depois, pois o Estatuto não fixou o momento de incidência do requisito, limitando-se somente a apontar a sua observância e não verificando-se prejuízo pelo fato de ser produzido antes o ato anulatório ou revogatório para, após, ser dada a oportunidade de manifestação aos interessados. 
*
 se a Administração se convencer de que foi indevido o ato de desfazimento, poderá desfazê-lo de pronto, no exercício de sua auto-executoriedade, e dar prosseguimento ao certame. 
 Nessa hipótese, a Administração, verificando a presença dos pertinentes pressupostos, anula ou revoga a licitação e, ato contínuo, comunica aos interessados para que exerçam o contraditório e a ampla defesa.
 
 caso já tenha ocorrido a indicação do licitante vencedor, a este somente - por ser então o único interessado - será assegurada a aplicação da referida garantia.
*
Recursos Administrativos
O Estatuto, no capítulo destinado ao direito de petição, dispõe sobre os recursos cabíveis no procedimento de licitação. Classifica-os em três tipos: o recurso hierárquico, a representação e o pedido de reconsideração (art. 109).
Os recursos servem para impugnar atos relacionados a contratos administrativos e a licitações. 
 No que se refere à licitação, cabe recurso hierárquico, no prazo de cinco dias úteis, a contar da intimação do ato ou da lavratura da ata, contra:
1) a habilitação ou inabilitação do licitante;
2) o julgamento das propostas;
3) a anulação ou a revogação da licitação; e
4) o indeferimento do pedido de inscrição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento.
*
 A representação é prevista, no mesmo prazo, como recurso contra decisão relacionada com o objeto da licitação, da qual não caiba recurso hierárquico (art. 109, II).
 O pedido de reconsideração de decisão de Ministro de Estado ou Secretário Estadual ou Municipal, no prazo de dez dias úteis, quando o administrado houver sido punido com a penalidade de declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração. (art. 109, III)
 efeito suspensivo  apenas os recursos contra a habilitação ou inabilitação e contra o julgamento das propostas.
 Os demais recursos poderão ter efeito suspensivo, mas a indicação desse efeito é faculdade discricionária da Administração.
 A interposição do recurso precisa ser comunicada aos demais licitantes, porque estes têm o direito de impugná-lo no prazo de cinco dias úteis. A regra se justifica pelo fato de que têm eles interesse sobre o que vai ser decidido pela Administração.
*
 modalidade convite  reduz-se para dois dias úteis o prazo para recurso contra habilitação
ou inabilitação e contra o julgamento das propostas (art. 109, § 6º).
 transcorrido o prazo recursal sem manifestação, a decisão administrativa se torna imutável no âmbito da Administração, operando-se o fenômeno da preclusão administrativa.
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais

Perguntas Recentes