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CCJ0010-WL-PP-Direito Administrativo I - Aula 12 - Cintia Pereira de Souza

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Consórcios Públicos
 Doutrina Tradicional  consórcio público é o contrato administrativo firmado entre entidades federativas do mesmo tipo (Municí­pios com Municípios, Estados-membros com Estados-membros), para realização de objetivos de interesse comum. Exemplo: Consórcio Intermunicipal do Grande ABC (formado por Municípios da Região do ABC Paulista). 
 Lei n. 11.107/2005  "dispõe sobre normas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse comum“.
 art. 1°  cria outra espécie de contrato de consórcio público  os quais podem ser celebrados entre quaisquer entidades federativas, do mesmo tipo ou não.
 
 Conclusão: existência de dois tipos de contratos de con­sórcio público no Brasil:
a) consórcios públicos convencionais: celebrados entre entidades federativas do mesmo tipo;
b) consórcios públicos regidos pela Lei nº 11.107/2005: firmados entre quaisquer entidades federativas (composição heterogênia – correspondente aos antigos convênios públicos).
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Base Constitucional
 art. 241 (redação dada pela Emenda nº 19/98): "A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos".
 
 Lei nº 11.107/2005 (lei nacional, aplica-se a todas as esferas federativas)  regulamenta o art. 241 da CF/88, viabilizando a celebração de consórcios públicos entre quaisquer entidades federativas.
 Manutenção da igualdade jurídica dos partícipes dos consórcios públicos, em consonância com o princípio federativo, embora cada um seja chamado a contribuir de acordo com as suas possibilidades para a consecução do objetivo comum.
 consórcios públicos regidos pela Lei nº 11.107/2005  a celebração do contrato resulta na instituição de uma nova pessoa jurídica, com personalidade distinta da personalidade das entidades consorciadas.
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A lei prescreve que o consórcio público poderá adquirir personalidade jurídica: 
a) de direito público: no caso de constituir associação pública, mediante a vigên­cia das leis de ratificação do protocolo de intenções; 
b) de direito privado: me­diante o atendimento dos requisitos da legislação civil (art. 6°).
 entidades consorciadas  poder de escolher qual natu­reza jurídica será dada à nova pessoa jurídica: se de direito público, caso em que será denominada associação pública; ou de direito privado, sendo regida pela legis­lação civil.
 Optando pela criação de pessoa de direito público, a associação pública passa a integrar a Administração indireta de todas as entidades consorciadas (art. 6°, § 1°).
 Tendo personalidade jurídica de direito privado  observará as normas de direito público no que concerne à realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas e admissão de pessoal, que será regida pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT (art. 6°, § 2°).
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 os consórcios públicos com personalidade de direito privado somente podem contratar pessoal no regime de emprego público. 
 nas as­sociações públicas  deve predominar a contratação no regime esta­tutário, regime de cargo público.
ATENÇÃO: A União só poderá participar de consórcios públicos dos quais também façam parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados.
 (IN)Constitucionalidade da Lei nº 11.107/2005:
Impossível dissociar a matéria do art. 241 com a previsão constitucional do parágrafo único do art. 23, segundo o qual "lei complementar fixará normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional".
Os consórcios são formas de cooperação entre entes federados e de gestão associada de serviços públicos  discute-se que deveriam ter sido disciplinados por lei complementar e não ordinária.
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Conceito e atribuições
Conceito – Base legislativa:
 é contrato administrativo multilateral, firmado entre entidades federa­tivas, para persecução de objetivos comuns, que resulta na criação de uma nova pessoa jurídica de direito público, caso em que recebe o nome de associação pú­blica ou de direito privado.
Ao adquirir personalidade jurídica autônoma, o consórcio público poderá:
a) firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxí­lios, contribuições e subvenções sociais ou econômicas de outras entidades e órgãos do governo;
b) promover desapropriações e instituir servidões nos termos de declaração de utilidade ou necessidade pública, ou interesse social, realizada pelo Poder Público;
c) ser contratado pela Administração direta ou indireta dos entes da Fede­ração consorciados, dispensada a licitação;
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d) emitir documentos de cobrança e exercer atividades de arrecadação de tarifas e outros preços públicos pela prestação de serviços ou pelo uso ou outor­ga de uso de bens públicos por eles administrados ou, mediante autorização espe­cífica, pelo ente da Federação consorciado;
e) outorgar concessão, permissão ou autorização de obras ou serviços pú­blicos mediante autorização prevista no contrato de consórcio público, que deverá indicar de forma específica o objeto da concessão, permissão ou autorização e as condições a que deverá atender, observada a legislação de normas gerais em vigor.
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Celebração do consórcio
 Para celebração do contrato de consórcio é necessária a elaboração de um protocolo de intenções a ser subscrito pelos interessados.
 O protocolo de intenções terá algumas cláusulas obrigatórias que constam do artigo art. 4° da Lei, determinando, exemplificativamente, a denominação, a finalidade, o prazo de duração e a sede do consórcio, a identificação dos entes da Federação consorciados, a indicação da área de atuação do consórcio,... (fazer a leitura completa do artigo).
 O protocolo de intenções deverá ser publicado na imprensa oficial.
 o contrato de consórcio será celebrado com a ratificação do protocolo de inten­ções, por meio de lei específica aprovada no âmbito de cada entidade consorciada.
 a ratificação fica dispensada para o ente da Federação que, antes de subscrever o protocolo de intenções, disciplinar por lei a sua participação no consórcio público.
 a ratificação realizada após dois anos da subscrição do protocolo de intenções dependerá de homologação da assembleia geral do con­sórcio público.
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 A lei admite que a ratificação seja realizada com reserva que, aceita pelos demais entes subscritores, implicará consorciamento parcial ou condicional.
 Necessidade de autorização legislativa específica, de cada um dos partícipes, para a constituição do consórcio, em atenção ao dispositivo constitucional que trata da autonomia das ordens federadas (art. 18 – CF).
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Responsabilidade Civil dos Consórcios:
 O art. 10 da Lei nº 11.107/2005 foi vetado pelo Presidente da República  a regra nele contida prescrevia que "os consorciados respondem solidariamente pelas obrigações assumidas pelo consórcio". 
 Com o veto, o regime a ser aplicado aos consórcios públicos será o da responsabilidade subsidiária, que é o ordinário da Administração indireta".
 Na responsabilidade subsidiária, a Administração direta somente responde por obrigações quando comprovada a insolvência patrimonial do ente que integra a Administração indireta.
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Gestão associada de Serviço Público:
O artigo 4º, k, remete à gestão associada: (o artigo que trata do protocolo de intenções)
k) a autorização para a gestão associada de serviços públicos, explicitando: 
	1) as competências cujo exercício se transferiu ao consórcio público;
2) os serviços públicos objeto da gestão associada e a área em que serão prestados; 
	3) a autorização para licitar ou outorgar concessão, permissão ou autorização da prestação dos serviços; 
	4) as condições a que deve obedecer o contrato de programa, no caso de a gestão associada envolver também a prestação de serviços por órgão ou entidade de um dos entes da Federação consorciados; 
	5) os critérios técnicos para cálculo do valor das tarifas e de outros preços públicos, bem como para seu reajuste ou revisão; 
 nenhuma das entidades é titular exclusiva, superior ou desigual das competências;
 não se dá nem superioridade hierárquica, nem subordinação de uma das entidades;
 não se dá a exclusividade da responsabilidade de uma delas nem (e muito menos) a omissão possível dessa responsabilidade por qualquer delas.
 Não se poderá retirar a titularidade da competência de qualquer das entidades, nem restringi-la a um ponto em que se anule a sua participação no desempenho comum.
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Contratos realizados pelos Consórcios:
 art. 8° da Lei n° 11.107/2005  referência a tipo específico de contrato  instrumento idôneo para viabilizar a entrega de recursos pelo ente consorciado ao consórcio: contrato de rateio. 
Decreto n° 6.017/07: Contrato de rateio: contrato por meio do qual os entes consorciados comprometem-se a fornecer recursos financeiros para a realização das despesas do consórcio público;
 A Lei nº 11.107/2005 contém disposições não muito claras acerca de uma figura que denominou de contrato de programa.
 Decreto n° 6.017/07 assim o define: Contrato de programa: instrumento pelo qual devem ser constituídas e reguladas as obrigações que um ente da Federação, inclusive sua administração indireta, tenha para com outro ente da Federação, ou para com consórcio público, no âmbito da prestação de serviços públicos por meio de cooperação federativa;
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Regras especiais sobre licitações
A Lei nº 11.107/2005 estabeleceu várias regras especiais sobre licitações envol­vendo consórcios públicos, tais como:
a) limites maiores para as faixas de valor das modalidades licitatórias: os limi­tes definidores do cabimento da concorrência, da tomada de preços e do convite devem ser aplicados em dobro para consórcios formados por até três entes da Federação, e em triplo quando formado por maior número (art. 23, § 8°, da Lei n. 8.666/93);
b) dispensa de licitação para contratação de consórcios públicos: é dispensável a licitação "na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entida­de de sua Administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação" (art. 24, XXVI, da Lei n. 8.666/93); 
c) aplicação do dobro do percentual para contratação direta sem licitação: na contratação de seus fornecedores, os consórcios públicos possuem o dobro do limite aplicável às demais entidades para autorizar a dispensa de licitação (art. 24, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93).

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