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9 CURSO DE PEDAGIA MARCEL HENDRIGO OLIVEIRA AYRE PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL - DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA IGUALDADE DE GÊNERO NO ESPAÇO ESCOLAR Sete Lagoas 2019 MARCEL HENDRIGO OLIVEIRA AYRE PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL - DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA IGUALDADE DE GÊNERO NO ESPAÇO ESCOLAR Produção Textual Individual apresentado á Unopar, no curso de Pedagogia, como requisito parcial para a conclusão das disciplinas: Ética, Política e Cidania; Políticas Públicas da Educação Básica; Metodologia Científica; Práticas Pedagógicas: Gestão de Aprendizagem; Educação a Distância. Orientadores: Prof. José Adir Lins Machado, Profª Natália Gomes dos Santos, Profª. Regina Célia Adamuz, Profª Natália Germano Gejao Diaz, ProfªRenata de Souza França Bastos de Almeida e Profª Lilian Amaral da Silva Souza Tutor Eletrônico: Fernanda Silva Camargo Tutor de Sala: Geralda Aparecida de Oliveira Rodrigues Sete Lagoas 2019 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 3 DESENVOLVIMENTO 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 8 REFERÊNCIAS 9 INTRODUÇÃO As tratativas e direitos de gênero tem sido discutidos abertamente em diversas esferas sociais e também no contexto familiar. Os direitos de cada um tem sido revisto e atualizado a fim de que se torne mais igualitário. Questões ligadas ao gênero, principalmente durante a adolescência, é questionado nesta fase, necessitando maior participação dos pais para que o cidadão em formação possua maior empatia ao lidar com os outros. Não podendo esquecer que neste período a interação social para este possui maior valor, a fim de que se torne mais independente. Os professores atuantes têm tido oportunidade de refletir suas práticas educativas e mentalidade, para que sejam tratadas atitudes preconceituosas e intolerantes. E os que estão em processo de formação, são incentivados a reverem conceitos e convidados a conhecerem as mais diversas realidades existentes. Os estudantes passam pelo processo de discussão e construção de conceitos a partir da perspectiva do outro. DESENVOLVIMENTO A adolescencia é uma fase perpassada por mudanças físicas, mentais e comportamentais. Neste período, o jovem questiona os valores aprendidos em seu meio familiar, muitas vezes testando falas de seus pais e a si mesmo. Em contrapartida, os hormônios “estão agitados”, provocando mudanças físicas e despertando sentimentos e sensações até então desconhecidos. Em detrimento de mudanças no formato familiar, em que a diversidade sexual se faz presente em nossa sociedade, nota-se que os papéis desempenhados pelos pais também houveram mudanças. O olhar sobre o homem e a mulher tem sofrido questionamentos e gerado alterações comportamentais, o que diretamente tem influenciado a esfera escolar. Ao se conviver em sociedade, desde que nascemos somos inseridos neste meio e ensinados a nos comportar e enxergar o outro de determinada maneira. Estes preceitos está diretamente relacionado ao grupo social ao qual fazemos parte. Geralmente pautado em opiniões religiosas, políticas, esportivas, etc. Ao se abordar na adolescência a diferença de gênero, para muitos é visto somente a questão sexual e as diversificações. A Constitição Federal nos relata: O conceito de gênero diz respeito ao conjunto das representações sociais e culturais construídas a partir da diferença biológica dos sexos. Enquanto o sexo diz respeito ao atributo anatômico, no conceito de gênero toma-se o desenvolvimento das noções de “masculino” e “feminino” como construção social. (BRASIL, 1998, p. 321) O gênero enfatiza a dimensão socialmente construída das identidades individuais e das relações entre homens e mulheres. É um conceito (não uma ideologia) que nos ajudou a entender que o corpo, o puro e simples dado biológico, não origina uma essência, uma experiência fundante de natureza feminina ou masculina. Os papéis e as relações de gênero são resultado de um processo de aprendizado, que se inicia no nascimento e continua durante a vida, por meio das instituições e de seus discursos, que determinam o que é papel de homem e o que é de mulher. A escola não é a única instituição que participa desse processo de aprendizado, mas é uma das mais importantes, sobretudo na adolescência. As dicotomias entre feminilidade e masculinidade criam desigualdades: articulados com noções de hierarquias e poder, o gênero é também uma forma social de produzir posições de desigualdade entre pessoas, coisas, espaços ou emoções. No terreno da desigualdade de gênero encontramos desvalorização salarial, repressões, discriminações e violências, temas que historicamente têm mobilizado movimentos reinvidicatórios, lutas e disputas por igualdade. (Lins; Machado; Escoura, 2016, p.24) O ambiente escolar em sua maioria é formado por profissionais femininos. Esta realidade vivida ainda hoje é fruto da Revolução Industrial. Quando as mulheres sentiram necessidade de auxiliar seus parceiros em sustentar seus lares, as crianças que não trabalhavam permaneciam nas ruas o dia inteiro. Percebendo então que seus filhos não tinham acompanhamento, e seus salários eram bem menores que o dos homens, embora trabalhassem tanto quanto eles, decidiram lutar por seus direitos. Foi então que as mulheres se tornaram professoras, e os homens que atuavam nesta área começaram a ser mau vistos por atuar em um ambiente feminino. Este preconceito ainda existe, principalmente quando nos deparamos com pessoas do sexo masculino lecionando a crianças pequenas. A classe dos professores ainda possui reflexos desta época, sendo desvalorizada salarialmente. ... o ambiente escolar ficou marcado como um ambiente feminino: ou porque acreditamos que nele se ocupam profissionais mulheres, ou porque comportamentos socialmente considerados femininos são mais valorizados na escola. (Lins; Machado; Escoura, 2016, p.22) Alunos que possuem traços comportamentais femininos são bem vistos neste contexto. Capricho e bom comportamento são exemplos a serem considerados. Não podendo ser esquecida também a submissão e não questionamento aos ensinamentos e ordens dadas. Os movimentos feministas há décadas buscam desvelar o machismo, denunciando a segregação social e política a que as mulheres foram historicamente conduzidas. As mulheres desses movimentos politizaram o cotidiano, a família, a sexualidade, a maternidade, o doméstico: todos esses domínios da vida social, onde as mulheres foram confinadas, constituídos como atividades naturalmente femininas. Elas revelaram que essas relações e divisão de papéis são políticas, portanto, resultado de relações de poder. A cultura tanto em conceito quanto comportamento tem sofrido alterações. O que anteriormente era visto como separador de classes sociais, atualmente reflete diferenças de opiniões e conceitos, naturalmente atribuído a identidade de cada ser. Cultura se transformou em sinônimo de identidade, um indicador e um diferenciador de identidade. Naturalmente, a cultura sempre foi um sinal de distinção social; o que é novo é que os grupos que se formam em torno desses indicadores de identidade reivindicam ao Estado e as suas agências o reconhecimento legal e recursos para preservar e proteger suas especificidades culturais. A política de identidade arrasta o Estado em guerras culturais e, como conseqüência das mesmas, o próprio conceito de cultura mudou (RODRIGUES, 2007, p. 15) Quando se entende que um gênero não é superior ao outro, e também, que há diferenças entre estes que não deve ser minimizado, mas compreendido e aceito. Cada pessoa possui características peculiares, e estas juntas formam o ser como um todo. Essa caracterização passa por mudanças durante toda a vida de cada um, porém com maior intensidade na adolescência. Contudo, é preciso lembrar que combater as hierarquias de gênero não significa apagar todas as diferenças. Igualdade entre as pessoas não é anular as nuances e as diferenças existentes elas, mas garantir que tais variações nãosejam usadas para se estabelecer relações de poder, hierarquia, violências e injustiças. (Lins; Machado; Escoura, 2016, p.24) No Brasil atual, uma das grandes desigualdades sociais assinaladas em todas as instâncias da sociedade é aquela que se refere à educação escolar, seja no que concerne ao acesso, quando ganha relevo a origem social de alunos e professores, seja no que se relaciona ao seu produto, expresso por meio do desempenho dos alunos, da atuação dos professores e das condições escolares oferecidas. Nesse contexto, é praticamente consenso a existência de duas redes escolares diferenciadas, uma pública, identificada como aquela que atende às camadas populares, e uma privada, que seria freqüentada pela denominada elite. Esta clivagem feita segundo as regras do senso comum, especialmente, a da generalização do observado em situações particulares, expressa, certamente, traços da realidade educacional do presente, mas algumas nuances têm que ser consideradas para uma compreensão adequada do problema. Independente da rede de ensino que se leciona, o profissional deve ter como meta ao tratar da importância de abordar a questão de gênero na escola, uma escola que inclua, acolha e ensine a incluir e a acolher. Direitos têm sido conquistados com o passar dos anos e a cada dia que se passa consegue de forma mais palpável a igualdade entre gêneros. Mas mesmo em meio a avanços a mentalidade ainda vemos e ouvimos antigos hábitos sendo reproduzidos e repassados a gerações presentes e futuras repletos de intolerância, preconceito e desigualdade. Adentrando no ambiente escolar é notório os passos largos que se tem dado na direção a aceitação. Os cursos preparatórios para profissionais ligados à educação tem contemplado conteúdos ligados a diversidade, em que incentiva aos discentes a abrirem suas mentes para o aprendizado e socialização independente do ser humano. Não bastarão leis, se não houver a transformação de mentalidades e práticas, daí o papel estruturante que adquirem as ações que promovam a discussão desses temas, motivem a reflexão individual e coletiva e contribuam para a superação e eliminação de qualquer tratamento preconceituoso. Ações educacionais no campo da formação de profissionais, como o curso Gênero e Diversidade na Escola, são fundamentais para ampliar a compreensão e fortalecer a ação de combate à discriminação e ao preconceito. (FREIRE; SANTOS; HADDAD, 2009, p. 9). Embora os entraves presentes na classe escolar sejam muitos, percebe-se que a escola brasileira tem tido interesse e compromisso em propagar a tolerância e a pluralidade com naturalidade, a fim de que seja um espaço para se formar cidadãos de bem, pensadores críticos e conscientes de seus direitos e deveres. Entretanto, longe de nos desestimular, a realidade nos encorajar a dar este importante passo, para que um dia seja possível afirmar que, assim como nosso país, a escola brasileira é uma escola de todos/as. Estamos certos/as de que incorporar o debate de Gênero e Diversidade na formação de professores/as que trabalham com crianças e jovens é o caminho mais consistente e promissor para um mundo sem intolerância, mais plural e democrático. Formar educadores/as é apenas o primeiro passo. (Freire;Santos; Haddad, 2009, p.10) Diante de tantos obstáculos que se fizeram e ainda se fazem presentes, a educação escolar brasileira têm buscado trabalhar de forma coesa com os professores, para que estes sejam orientadores nas mais diversas esferas ligadas a vida de seus alunos, não se esquecendo dos conteúdos a serem abordados dentro das disciplinas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Atuamente tem se abordado a igualdade de gêneros nas mais diversas esferas sociais, e de jeitos diversos. Embora saibamos que os direitos estão equilibrados, mas não totalmente iguais, ao se tratar de funções e capacidades ainda existem preconceitos históricos, muitos manifestados através de piadas maldosas. No âmbito educacional, embora o ambiente seja feminilizado, as discussões e explanações têm acontecido a fim de que seja erradicado o comportamento machista. Vitórias tem sido alcançadas, assim como o caminho a ser percorrido seja extenso. REFERÊNCIAS Base Nacional Comum Curricular. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base . Acesso em: 26/10/2019. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Barueri, SP: Manole, 2003. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: Orientação Sexual. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/orientacao.pdf Acesso em 15 Maio 2016. FREIRE, N.; SANTOS, E.; HADDAD,F. Construindo uma Política de Educação em Gênero e Diversidade. In Gênero e Diversidade na Escola: formação de professoras/es em gênero, orientação sexual e relações étnico-raciais. Livro de conteúdo. Versão 2009, Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: SPM, 2009. LINS, B. A.; MACHADO, B. F.; ESCOURA, M. Entre o azul e o cor-derosa: normas de gênero. In. ________ (Orgs.). Diferentes, não desiguais: a questão de gênero na escola. São Paulo: Editora Reviravolta, 2016. RIBEIRO, Bruna. Direitos da criança e do adolescente. https://emais.estadao.com.br/blogs/bruna-ribeiro/igualdade-genero-escolas/ . Acesso em: 25 Novembro 2019. RODRIGUES, Maria Beatriz. Interculturalidade: por uma genealogia da discriminação, Psicologia & Sociedade, v. 19, n. 3, Porto Alegre, Set/Dez 2007. SOUZA, Lúcia Aulete Búrigo; GRAUPE, Mareli Eliane. Gênero e Políticas Públicas na Educação. In. Anais do III Simpósio Gênero e Políticas Públicas, Universidade Estadual de Londrina, 27 e 29 de maio de 2014. image2.png image3.png