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As constituições e suas interpretações

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As constituições, em princípio, eram da mesma forma que as demais normas do direito. Observando que as Constituições eram compostas por mais princípios do que regras, que o objeto e a eficácia de suas normas eram diversificados, que havia dificuldade de enquadrar fatos políticos regulados pela constituição e pela ideologia do intérprete, em meados do século passado, buscaram-se métodos específicos para interpretar as constituições e, interpretar é revelar o sentido e a fixação do alcance das normas. Canotilho aponta que “é um conjunto de métodos, desenvolvidos pela jurisprudência com base em critérios ou premissas diferentes, mas, em geral, reciprocamente complementares.” 
Assim, muitos estudiosos, no decorrer dos tempos, desenvolveram métodos e princípios para interpretar as constituições, alguns se contrapondo, outros se complementando.
Método Hermenêutico Clássico ou Método Jurídico
Conforme esse método a Constituição deve ser interpretada como uma lei e, por isso, interpretada pelos elementos tradicionais da hermenêutica, pois as peculiaridades da Constituição não são suficientes para ter uma forma própria de interpretação.
Savigny, embora os tenha pensando no direito privado, aponta quatro elementos de interpretação, sendo eles:
Gramatical;
Histórico;
Lógico;
Sistemático.
Canotilho descreve outros métodos além dos apontados por Savigny:
Elemento genético;
Elemento gramatical ou filológico;
Elemento lógico;
Elemento sistemático;
Elemento histórico;
Elemento teleológico ou sociológico;
Elemento popular;
Elemento doutrinário;
Elemento evolutivo.
O texto da norma constitucional é de grande importância e cabe ao intérprete descobrir o verdadeiro significado da norma e o seu sentido.
Método Tópico-problemático
Tem como precursor o alemão Theodor Viehweg. Nesse método, parte-se do problema concreto para a norma, imputando à norma um caráter prático na busca da solução dos problemas. Baseando-se no problema, leva em consideração os pontos de vista prós e contra no que diz respeito ao problema concreto. 
Método Hermenêutico-concretizador
O também alemão Konrad Hesse procurou, com esse método, fazer o caminho inverso do método tópico-problemático. Hesse deu à Constituição uma concepção jurídica, partindo da Constituição para o problema concreto, isto é, só se interpreta a Constituição quando para aplicar ao caso concreto.
Segundo Hesse o método possui três elementos básicos:
Problema a ser resolvido;
Norma a ser concretizada;
Compreensão prévia do intérprete sobre o problema e sobre a norma.
Canotilho apresenta esses elementos como:
Pressupostos subjetivos (o intérprete vale-se de suas compreensões do tema para obter o sentido da norma);
Pressupostos objetivos (o intérprete atua como mediador entre a norma e o problema concreto, leva em consideração a realidade social);
Círculo hermenêutico (é o movimento de ir e vir do subjetivo para o objetivo, até que o intérprete chegue à compreensão da norma).
As pré-concepções dos intérpretes pode distorcer não somente a realidade, como também o próprio sentido da norma.
Método Normativo-estruturante
Friedrich Müller desenvolveu uma estrutura de concretização da norma, a qual será realizada não apenas pelo intérprete, mas também pela atividade do Judiciário, da Administração, do governo, etc. O intérprete-aplicador deve levar em consideração, ao interpretar a norma, a realidade social. 
Consoante Müller, a estrutura é formada pelos seguintes elementos:
Elementos metodológicos (elementos de interpretação, elementos gramatical, histórico, sistemático e lógico);
 Elementos teóricos (fornecidos pelas teorias da Constituição);
Elementos dogmáticos (dados pela doutrina e jurisprudência);
Elementos de política constitucional (são os relacionados às consequências das decisões proferidas pelo STF).
Método Científico-espiritual
Esse método, desenvolvido pelo alemão Rudlf Smend, parte da realidade social e dos valores subjacentes do texto da Constituição, não se fixando na literalidade da norma para a análise da norma constitucional. Por ser a Constituição vista como “fenômeno cultural”, deve ser interpretada como algo dinâmico e que se renova constantemente, conforme as modificações sociais. A norma deve ser interpretada como um todo, pois está em um sistema.
Método da Comparação constitucional
A Constituição deve ser interpretada mediante comparação com os vários ordenamentos, estabelecendo uma comunicação entre as demais constituições. Peter Häberle sustenta a canonização da comparação constitucional como o quinto método de interpretação.
Método Concretista da Constituição Aberta
Peter Häberle, contrariando Hesse, aponta que todos os que vivem sob a determinada Constituição é legítimo intérprete dela.
É bem verdade que serão pré-intérpretes, pois a interpretação final é feita pelo Judiciário, sobretudo a corte constitucional. 
 
Princípios da interpretação constitucional
Segundo Pedro Lenza, a doutrina estabelece alguns princípios específicos de interpretação constitucional, sendo os principais: 
Princípio da Unidade da Constituição
Esse princípio obriga o intérprete a considerar a Constituição na sua globalidade e a procurar harmonizar os espaços de tensão, ou seja, as aparentes antinomias deverão ser afastadas.
Princípio do Efeito Integrador
Esse princípio não combina numa concepção integracionista de Estado e da sociedade , antes arranca da conflitualidade constitucionalmente racionalizada para conduzir a soluções pluralisticamente integradoras, ou seja, deve-se dar primazia aos critérios ou ponto de vistas que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política.
Princípio da Máxima Efetividade
Também chamado de princípio da efetividade ou da interpretação efetiva, busca a máxima efetividade das normas constitucionais, ou seja, a mais ampla efetividade social que reconheça maior eficácia aos direitos fundamentais e cumpra sua função social.
Princípio da Justeza ou da Conformidade
O intérprete máximo da Constituição (STF) será responsável por estabelecer a força normativa da Constituição, não podendo alterar a repartição de funções constitucionalmente estabelecidas pelo constituinte originário.
Princípio da Concordância prática ou Harmonização
O fundamento desse princípio é que a concordância decorre da inexistência de hierarquia entre os princípios, ou seja, diante da colisão entre direitos fundamentais, cabe ao intérprete evitar o sacrifício total de um para a aplicação de outro.
Princípio da Força Normativa
Os aplicadores da Constituição, ao resolver um conflito, devem conferir a máxima efetividade às normas constitucionais, tornando-as eficazes e permanentes.
Princípio da Interpretação conforme a Constituição
Decorre da presunção da constitucionalidade das leis. Diante de normas polissêmicas, deve-se preferir a exegese que mais se aproxime da Constituição, levando em conta:
Prevalência da Constituição;
Conservação das normas;
Exclusão da interpretação contra legen;
Espaço de interpretação;
Rejeição ou não aplicação de normas inconstitucionais;
Intérprete não pode atuar como legislador positivo.
Na dúvida, deve-se prestigiar a interpretação de acordo com a Constituição.
Princípio da Proporcionalidade ou Razoabilidade
Emanam diretamente das ideias de justiça, equidade, bom-senso, prudência, moderação, justa medida, proibição de excesso, direito justo e valores afins. Não há previsão expressa desse princípio na C.F./ 1988.
Necessita o preenchimento de três elementos importantes:
Necessidade ou exigibilidade;
Adequação ou pertinência;
Proporcionalidade em sentido estrito.
Princípio da Supremacia
Prega que a Constituição é um conjunto de normas elaborado pelo Poder Constituinte, sendo um poder supremo dentro do Estado, determinando a forma e o conteúdo das leis infraconstitucionais.
Princípio da Presunção de constitucionalidade das leis
Decorre do Princípio da Supremacia, afirma que se o s poderes públicos que elaboram as leis retiram sua competência da Constituição, presume-seque ajam dentro de acordo com ela. 
Contudo, a presunção é relativa, tanto que existem instrumentos para o controle de constitucionalidade: Legislativo, Executivo e Judiciário.
Princípio da Simetria
Em função desse princípio, as constituições estaduais e as leis orgânicas dos municípios deverão ser simétricas à Constituição Federal, ou seja, devem seguir o paradigma do modelo federal, não ser cópia exata.
Princípio da Relatividade ou da Convivência das Liberdades Públicas
Determina que todo direito é relativo, pois é necessário que assim seja para convivência das liberdades públicas, isto é, “o direito de um termina quando começa o do outro.” 
A ciência que possibilita e fornece os instrumentos para essas interpretações é conhecida como Hermenêutica.

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