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Disciplinas Educação Inclusiva: Princípios e Práticas Docentes Prof. Gabriela Maffei Curso PEDAGOGIA Módulo 5.1 Síntese da Unidade II: Pressupostos filosóficos da educação especial e inclusão A Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, organizada pela UNESCO, em Salamaca, em junho de 1994, consagrou um conjunto de conceitos como “inclusão” e “escola inclusiva”. A Declaração de Salamanca representa a consagração de uma educação que atende e respeita às diferenças individuais, em que o contexto educacional reflete como garantia de que ninguém sofrerá exclusão dentro da escola, contudo para outros, trata-se de um novo discurso educacional que foi adequado a uma nova economia mundial que integra ricos e pobres, trabalhadores e desempregados, normais e anormais num mesmo sistema. O debate sobre a exclusão x integração esteve centrado sobre a questão da natureza humana. Platão dirigindo-se aos cidadãos escreve: “Cidadãos, deveremos dizer-lhes segundo a nossa fábula, sois todos irmãos, e, no entanto Deus vos constituiu de modo muito diferente. Aristóteles percebeu que os seres animados se diferenciam dos seres inanimados por possuírem um princípio que lhes dá a vida, e esse princípio, segundo ele, seria a alma. Os homens, animais racionais, possuem uma alma intelectiva, responsável pelo pensamento e pelas ações racionais, além de possuírem as almas vegetativas e sensitivas, comuns, respectivamente, aos vegetais e animais. Hoje a natureza humana é entendida como um conjunto de características incluindo formas de agir e pensar, que todo o ser humano tem em comum. Compreende-se assim, a razão pela qual, na Antigüidade, a matança de crianças deficientes era encarada como um procedimento natural. Elas não tinham lugar na ordem social estabelecida. Finalmente, aparece a normalidade na ausência de sentimentos desagradáveis, como o medo, a culpa e a ansiedade, juntamente com uma qualidade valorativa, a responsabilidade. Toda a linha do pensamento durkheimiano pauta-se na premissa fundamental de que, a partir da observação, a sociedade “.. confina duas ordens de fatos bastante diferentes: aqueles que são os que devem ser e aqueles que deveriam ser diferente daquilo que são os fenômenos normais se patológicos”. Outra forma de se encarar a doença seria a da perturbação, da adaptação do organismo ao meio, o que, para ele, seria, no mínimo, duvidoso, pois, nesse caso, seria preciso estabelecer princípios que definissem que um determinado modo de adaptação é mais perfeito do que outro. Durkheim considera dois tipos básicos: aqueles que são comum a toda espécie e “... encontram-se senão em todos os indivíduos, pelo menos na maior parte deles e apresentam variações de um sujeito para outras compreendidas entre limites muito próximos“ e os fenômenos excepcionais, que, “... além de surgirem em minorias, muitas vezes chega a durar a vida inteira dos indivíduos”. Já Foucault (1975), ele não analisa a doença, ou o patológico, apenas pelo seu viés negativo, pelo contrário, ressalta aspectos positivos que subjazem aos negativos. Fonseca (1987) define a criança deficiente ou excepcional como aquela que se desvia da média ou da criança normal em: 1. características mentais, 2. aptidões sensoriais, 3. características neuromusculares e corporais, 4. comportamento emocional e social, 5. aptidões de comunicação e 6. múltiplas deficiências, até o ponto de requerer a modificação das práticas educacionais ou a criação de serviços de educação especial, no sentido do desenvolvimento máximo de suas capacidades. Segundo Skliar (1997), quando falamos da surdez ou, de outras áreas de grupos culturalmente diferentes - cegos paralisados cerebrais, paraplégicos, crianças com problemas de aprendizagem -, logo nos reportamos para o cenário da educação especial. Escola especial ou escola de educação especial, até mesmo instituição de ensino especializado é aquela organizada para atender exclusivamente alunos classificados como “excepcionais”. Não atende, portanto os alunos considerados “normais”. Analisando as políticas educacionais podemos estruturar historicamente práticas e atitudes que vem quase sempre determinando atitudes de exclusão social. A opinião geral do grupo é que as políticas nacionais adotadas em matéria de educação especial devem orientar-se a assegurar a igualdade de acesso à educação e a integrar a todos os cidadãos na vida econômica e social da comunidade. Os objetivos da educação especial destinada às crianças com deficiências mentais, sensoriais, motoras ou afetivas são muito similares aos da educação geral. Esta política de educação especial afirma uma abordagem de atendimento educacional pautada no pedagógico como forma de se contrapor à característica clínica de atuação na educação especial presente no Brasil ainda hoje; a educação especial se baseia no modelo médico-psicológico, centrado na etiologia da deficiência e na descrição e medição da “incapacidade” dos sujeitos. Segundo Cambaúva (1988), a crítica a essa abordagem concentra-se sobre o papel que os diagnósticos assumiram, gerando preconceito, estigma e segregação. A educação de valores, normas e “sistemas” diferentes, tendo também currículos distintos, como os existentes nas Instituições de Ensino Especializado. Para Brennan (1988), há uma necessidade educativa especial quando um problema (físico, sensorial, intelectual, emocional, social ou qualquer combinação destas problemáticas) afeta a aprendizagem a ponto de serem necessários acessos especiais ao currículo, ao currículo especial ou modificado, ou a condições de aprendizagem especialmente adaptadas para que o aluno possa receber uma educação apropriada. Segundo Marchasi e Martin (1990), os alunos com necessidades educativas especiais são os que “apresentam um problema de aprendizagem, durante o seu percurso escolar, que exige uma atenção mais específica e uma gama de recursos educativos diferentes daqueles necessários para os seus companheiros da mesma idade”. Em Correia (1997), o conceito de necessidades educativas especiais, refere que este se aplica às crianças e adolescentes com problemas sensoriais, físicos, intelectuais e emocionais e, também, com dificuldades de aprendizagem derivadas de fatores orgânicos ou ambientais. Este autor distingue dois grandes grupos nas necessidades educativas especiais - as permanentes e as temporárias. Par o autor as necessidades educativas especiais permanentes exigem adaptações generalizadas do currículo, adaptando-o às características do aluno. Estas adaptações terão de manter-se durante grande parte ou todo o percurso escolar do aluno. Já as necessidades educativas temporárias exigem modificação parcial do currículo escolar, adaptando- o às características do aluno num determinado momento do seu desenvolvimento. Atualmente, o atendimento em escolas especiais tem sido alvo de severas críticas, pois impede que o aluno especial conviva com pessoas sem deficiências, podendo assim retardar o seu desenvolvimento e tornar-se um espaço de exclusão e assistência social, mostrando parecer intolerável conviver com as diferenças, despertando na sociedade sentimentos de menos valia para com os indivíduos deficientes por julgá-los incapaz de participarem de contextos sociais. Em um primeiro momento, tivemos a fase da exclusão, na qual as pessoas com deficiência e outras condições inadequadas a sociedade era tida como indigna de educação escolar. Após tivemos a fase chamada de segregação, no século XIX, deu-se início ao atendimento às pessoas deficientes dentro de grandes instituições. A partir da década de 50 e mais fortemente nos anos 60, com a eclosão do movimentodos pais de crianças a quem era negado ingresso em escolas comuns, surgiram as escolas especiais. Os deficientes viveram sob signo da segregação. Os surdos-mudos e os cegos foram mais rapidamente integrados no sistema produtivo. Já os deficientes mentais ficaram muito mais tempo à porta das instituições educativas. Na década de 70, estabeleceu-se a fase da integração; em escolas comuns passaram a aceitar às crianças ou adolescentes “deficientes” em classes comuns ou, pelo menos, em ambientes o menos restritivo possível, ou seja, classes especiais. Exigia a adaptação dos alunos ao sistema escolar. Neste contexto, eram excluídos aqueles que não conseguiam adaptar-se ou acompanhar os demais alunos. Hoje, vivemos a inclusão! A idéia fundamental desta fase é a de adaptar o sistema escolar às necessidades educativas dos alunos. A inclusão propõe um único sistema educacional de qualidade para todos os alunos, com ou sem deficiência e com ou sem outros tipos de condição atípica. A inclusão se baseia em princípios tais como: o direito à educação é independente das diferenças Individuais; as necessidades educativas especiais não abrangem apenas algumas crianças com problemas, mas todas as que possuem dificuldades escolares; as escolas é que devem adaptar–se as especificidades dos alunos, e não o contrário; o ensino deve ser diversificado e realizado num espaço comum a todas as crianças. Sassaki (1997), afirma que em uma sociedade são observadas diversas fases no que se refere às praticas sociais: exclusão social, atendimento segregado, integração social e inclusão social; e que essas podem ocorrer simultaneamente. Atualmente, a Constituição Federal estabelece o direito das pessoas com necessidades especiais receberem educação, preferencialmente, na rede regular de ensino, visando a plena integração dessas pessoas em todas as áreas da sociedade e o direito à educação, comum a todas as pessoas, através de uma educação inclusiva, em escola de ensino regular. Como forma de assegurar o mais plenamente possível o direito de integração na sociedade. Ao estabelecer preferência, ressalva os casos de excepcionalidade em que as necessidades de atendimento educacional pela avaliação de suas condições pessoais exigem outras formas de atendimento. A forma de organização do atendimento na educação especial é ofertada tanto através de educação inclusiva nas classes comuns de ensino regular, como em instituições especializadas e em turma /classe especial de uma unidade escolar. Tipologia das escolas que oferecem educação especial: • Exclusivamente de educação especial: instituição especializada que oferece educação escolar somente para alunos com necessidades especiais, em um nível de ensino, com serviços de apoio necessários. • Classes especiais: escola de ensino regular que oferece a alunos com necessidades especiais, em um nível de ensino, em sala de aula destinada exclusivamente a esses alunos. • Inclusiva com apoio de sala de recursos: escola de ensino regular que oferece educação a alunos com necessidades educacionais especiais na mesma sala de aula dos demais alunos e realiza atendimento complementar às necessidades especiais em sala de recursos provida de material e equipamentos adequados na própria escola ou, em outra escola, sob orientação de professor especializado. • Inclusiva sem apoio de sala de recursos: escola de ensino regular que oferece educação a alunos com necessidades educacionais especiais na mesma sala de aula dos demais alunos, mas não oferece atendimento complementar. Desejamos que a inclusão se cumpra na sua integra. Bom estudo! Equipe de Dependência Pedagogia.
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