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Disciplinas LIBRAS Docentes Prof. Tatiana Palazzo Curso PEDAGOGIA Módulo 5.1 Síntese da Unidade V: Atendimentos educacionais especializados (AEE) para surdos e deficientes auditivos Alfabeto associado à identificação (nome, idade, endereço, bairro, cidade, país, CEP, telefone, celular, e-mail, msn, orkut, RG e CPF), trabalhos em duplas. Com o passar do tempo, os atendimentos oferecidos às pessoas surdas ou aos deficientes auditivos foram sofrendo mudanças em função das propostas educacionais vigentes. Os educadores e as próprias pessoas com deficiência ressaltam a importância dos auxílios ou recursos educacionais especiais oferecidos aos alunos incluídos no ensino regular. Mazzotta (1982, p. 44) reforça essa teoria ao enfatizar: Quanto maior for a variedade de recursos educacionais especializados em uma comunidade, maior será a possibilidade de colocar o aluno excepcional na situação escolar que lhe é mais apropriada. Assim, a deficiência é pensada não para a exclusão do sistema escolar regular, mas para garantir a permanência e a qualidade do ensino oferecido a todos. Baseado na Resolução CNE/CEB nº 2 (11/09/01), define-se serviços de apoio pedagógico especializado como sendo “[...] serviços educacionais diversificados oferecidos pela escola comum para responder às necessidades educacionais especiais dos educandos”. Serão citadas definições de vários tipos de atendimentos especializados que podem ser oferecidos aos alunos incluídos, a todo o sistema educacional e aos profissionais envolvidos nesse processo. Os professores itinerantes especialistas visitam diversas escolas onde prestam atendimento aos professores comuns e aos seus alunos excepcionais. Esse tipo de auxílio não tem, no atendimento sistemático educacional, para o aluno, sua função primeira, mas principalmente, dá suporte para o professor e para a escola, além de ser um elo entre a classe regular e a sala de recurso, a fim de levar informações necessárias para o melhor desenvolvimento do aluno. O profissional responsável por esse tipo de auxílio orienta sobre as adaptações/ adequações quanto ao currículo, avaliações e questões metodológicas. A sala de recurso é definida pela como: Local com equipamentos, materiais e recursos pedagógicos específicos à natureza das necessidades especiais do alunado, onde se oferece a complementação do atendimento educacional realizado em classes do ensino comum. O aluno deve ser atendido individualmente ou em pequenos grupos, por professor especializado e em horário diferente do que frequenta no ensino regular. O professor especializado atua com o aluno surdo ou DA e a sua família e com o professor da classe comum. Com relação ao atendimento dos surdos em sala de recursos, é solicitado que, além do professor ser especializado nessa área da deficiência, é importante que também seja bilíngue. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) aponta alguns auxílios especializados para surdos: a libras (Língua Brasileira de Sinais), o intérprete de libras e o ensino da língua portuguesa para surdos. A criança com deficiência auditiva deve ser exposta e orientada quanto à sua comunicação, desde a mais tenra idade, além de sua família ser esclarecida quanto aos tipos de comunicação, oral ou gestual. É de fundamental importância que, antes de esta criança chegar à escola, ela já tenha uma comunicação padronizada adquirida, pois interpretará o mundo ao seu redor e realizará trocas (conversação) com todas as pessoas, o que é primordial para o desenvolvimento intelectual, emocional e social. Outro tipo de recurso utilizado para auxiliar a inserção do surdo na classe comum é a presença do professor intérprete, que, segundo a Res. CNE/CEB nº 2 (11/09/01), “[...] são profissionais especializados para apoiar alunos surdos, surdo-cegos e outros que apresentem sérios comprometimentos de comunicação e sinalização”. A profissão de intérprete ainda não está regulamentada pelos órgãos competentes, porém não podemos deixar de citar sua importância, não só no âmbito escolar, mas também em universidades, programas de televisão, congressos, debates, hospitais, delegacias, igrejas, entre outros. Sempre se deve buscar a qualidade da inclusão da pessoa com surdez e dar lhe oportunidade de participar de todos os meios sociais, culturais e legais, como qualquer outro cidadão. Os atendimentos educacionais especializados seriam melhor estruturados se no processo de inclusão houvesse uma reforma profunda no sistema educacional, com vistas ao aprimoramento dos recursos tanto pedagógicos quanto humanos ou físicos que viessem a auxiliar na diminuição das desigualdades sociais. Em 2007, o MEC elaborou os “Atendimentos Educacionais Especializados para os Alunos com Surdez: uma proposta inclusiva” e, neste material, faz menção a três tipos diferentes de atendimentos oferecidos no horário inverso ao que o aluno surdo ou DA está incluído. Os atendimentos são, segundo Damázio (2007, p. 25): • Momento do Atendimento Educacional em libras na escola comum [...] conteúdos curriculares são explicados nessa língua por um professor preferencialmente surdo. • Momento do Atendimento Educacional Especializado para o ensino da libras na escola comum [...] favorecendo o conhecimento e a aquisição, principalmente de termos científicos. Este trabalho é realizado pelo professor e/ou instrutor de libras (preferencialmente surdo) [...] • Momento do Atendimento Educacional Especializado para o ensino da língua portuguesa, no qual serão trabalhadas as especificidades dessa língua para pessoas com surdez. É muito importante a presença do intérprete de libras nas salas de aula ou em eventos, para que seja garantida a acessibilidade das pessoas com surdez. Este profissional é o mediador entre o surdo e as informações sobre a cultura e o universo ouvinte. Além disso, dado o desconhecimento da maioria da população, torna-se necessário que existam intérpretes nos diversos setores da sociedade – públicos e privados – a fim de permitir que os surdos tenham seus direitos de cidadania respeitados, da mesma forma que possam estar livres e conscientes para exercer seus deveres. Para que esses atendimentos possam ocorrer de forma a atingir realmente os objetivos propostos, é necessário que os profissionais envolvidos, tanto ouvintes como surdos, tenham total domínio e fluência em libras, além de dominarem a língua portuguesa. Muitas são as mudanças na área da surdez, porém o estudo linguístico e as práticas metodológicas são as ferramentas primordiais. É garantido pela legislação brasileira que a comunidade surda utilize a libras para se comunicar e ter acesso às informações, mas a alfabetização deve ocorrer em língua portuguesa. No Brasil, a grande maioria dos surdos adultos não domina a língua portuguesa. Além disso, há uma considerável parcela de surdos brasileiros que não tem acesso à língua de sinais, ou por motivo de isolamento social ou, principalmente, por opção da família por uma escola que não utilize língua de sinais, o que causa, além das defasagens escolares, dificuldades e impedimento quanto à inserção dessas pessoas no mercado de trabalho. O Mec produziu o material Saberes e Práticas da Inclusão (2006, pp.77 e 78) e, nele, cita -se o que os professores deveriam levar em consideração na hora da alfabetização, com a presença de aluno surdo na sala de aula comum e quais recursos poderiam ser utilizados: –– alfabeto manual – [...] Vale lembrar que de nada adiantará a soletração pelo professor se o significado da palavra for desconhecido para o aluno; –– mímica/dramatização –[...] poderão acompanhar ou enriquecer os conteúdos discutidos em sala de aula e que, embora não exerçam a função simbólica deuma língua, dão conta de constituir significados; –– desenhos/ilustrações/fotografias – poderão ser aliados importantes, pois trazem, concretamente, a referência ao tema que se apresenta; –– recursos tecnológicos (vídeo/TV, retroprojetor, computador, slides, entre outros constituem instrumentos ricos e atuais para se trabalhar com novos códigos e linguagens em sala de aula); O professor poderá organizar um roteiro do conteúdo a ser abordado com palavras-chave. –– língua portuguesa oral/leitura labial – a língua oral desenvolvida com os surdos até hoje é baseada, fundamentalmente, no treino fonoarticulatório/estimulação auditiva. Como consequência, apenas uma pequena parcela de alunos surdos (não mais que 20%, segundo as pesquisas) pôde apresentar realmente a possibilidade de comunicação oral. [...] O MEC (2006), faz algumas observações importantes referentes ao ensino regular, em que a LP é a base de todas as disciplinas, e à necessidade de o professor elaborar suas aulas levando em consideração que deve utilizar a escrita na interação com o aluno, escolher previamente os textos de acordo com a competência linguística dos surdos, apresentar referências relevantes (contexto histórico, enredo, personagens, localização geográfica, biografia do autor etc.) sobre o texto através da língua de sinais (intérprete) ou de outros recursos, explorar o vocabulário antes da leitura, estimular a formação de opinião e pensamento crítico, solicitar a interpretação de textos por meio de material plástico (desenho, pintura e murais) ou cênico (dramatização e mímica); a avaliação deve ser diferenciada, considerando-se a interferência dos aspectos estruturais da língua de sinais. Nada do que foi solicitado ou observado é benéfico somente para o surdo, mas para todas as crianças, pois sabemos que cada aluno tem o tempo e forma que melhor facilita seu aprendizado. Como as pessoas surdas não adquirem conhecimentos através da fonte auditivo-oral, e sim pelo canal visual-espacial, é preciso pensar que muitas regras e a organização da LP não serão de fácil assimilação pelos surdos, como acentuação tônica, pontuação, estudos comparativos entre as letras e os fonemas (x com som de z, s, ks). Podemos também analisar que a língua de sinais, por ser uma língua com características próprias, interferirá no texto produzido em LP pelo surdo. Quanto à ortografia, existe boa incorporação das regras ortográficas, porque sua atenção é visual e não há associação dos sons com a escrita, porém a acentuação é vinculada à oralidade (sílaba átona ou tônica), por isso os alunos com surdez têm, mas dificuldade. Ritmo e entonação são a base para a pontuação, dificultando a assimilação correta delas sem a presença dos sinais. Para que os alunos surdos aprendam LP, é necessário que eles, antes da produção textual, tenham compreensão e que, antes da escrita, façam muitas leituras que ampliem seus horizontes e vocabulários como analisa Quadros (2006). Perceber a necessidade e a importância da língua portuguesa pode ser o primeiro passo para o surdo iniciar sua aprendizagem neste idioma. Tudo acontece por meio da língua escrita do país, a inserção no mercado de trabalho, leituras de revistas, jornais, receitas de bolo, cartas, e-mails, bula de remédio, enfim, o mundo que o rodeia. “A escrita deve ser incorporada a uma tarefa necessária e relevante para a vida” (Vygotsky, 1984, p. 133). Bom estudo! Equipe de Dependência Pedagogia.
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