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Universidade Presbiteriana Mackenzie 1 CONSEQÜÊNCIAS DO ABUSO SEXUAL INFANTIL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA: CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA PSICANALÍTICA Diana Myung Jin Huh (IC) e Santuza Fernandes Silveira Cavalini (Orientadora) Apoio: PIVIC Mackenzie Resumo O abuso sexual infantil é considerado um dos tipos de maus-tratos mais freqüentes contra a criança e atualmente tem recebido crescente atenção dos meios de comunicação e da sociedade. O presente artigo tem por finalidade verificar qual a contribuição da psicanálise para a compreensão das conseqüências do abuso sexual infantil no processo de desenvolvimento da criança. A metodologia da pesquisa baseou-se em um levantamento bibliográfico de artigos para verificar como a psicanálise pode contribuir com seus pressupostos teóricos para o entendimento do tema. Considerando as bases de dados Scielo, Bireme, LILACS, BVS - Literatura Científico-Técnica e na biblioteca da Sociedade Brasileira de Psicanálise- SBPSP, foram selecionados 12 artigos que atenderam aos critérios referentes ao objetivo do trabalho. O foco principal foi dado aos prejuízos do abuso sexual infantil incestuoso, uma vez que acontece com maior freqüência. Os resultados da pesquisa bibliográfica mostraram que a subjetividade da criança abusada sexualmente é de certa forma aniquilada e seu lugar construído de forma confusa. No momento em que o pai deixa de ocupar o lugar de proteção, a criança começa a ter uma imagem distorcida de si própria e suas relações futuras podem ser permeadas de desconfiança e desamparo. As pesquisas apontam que a depressão, o sentimento de culpa, a baixa auto-estima, a agressividade, o medo, o isolamento, comportamentos suicidas, comportamento sexual inapropriado e dificuldades de se relacionar com o outro, estão entre as conseqüências mais freqüentes do abuso sexual infantil. Palavras-chave: abuso sexual, conseqüências do abuso e incesto Abstract Child sexual abuse is considered one of the most frequent types of ill-treatment against child and currently it have been receiving growing attention from the media and society. This present article aims to verify the contribution of psychoanalysis to the understanding of the consequences of child sexual abuse in the development process of a child. The research’s methodology was based on a survey of bibliographic articles to verify how psychoanalysis can contribute with their theoretical assumptions for the understanding of the topic. Considering the data base Scielo, Bireme BVS- LILACS, technical and Scientific Literature and the library of the Brazilian society of Psychoanalysis- SBPSP, 12 articles were selected that met the criteria for the purpose of the work. The main focus was given to the damage of the incestuous child sexual abuse, since it happens most frequently. Bibliographic search results showed that the subjectivity of the sexually abused child is somewhat destroyed and its place built in a confusing way. At the time the parent ceases to occupy the place of protection, the child begins to have a distorted image of itself and its future relations can be steeped in mistrust and helplessness. Surveys suggest that depression, guilt, low self-esteem, aggression, fear, isolation, suicidal behaviors, inappropriate sexual behavior and difficulties to relate with others, are among the most frequent consequences of child sexual abuse. Key-words: sexual abuse, consequences of abuse and incest VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 2 1. Introdução O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) entrou em vigor há 18 anos, trazendo para a criança e o adolescente direitos exigíveis. É direito de toda criança e adolescente ter a proteção integral do Estado e da sociedade civil. A família, a comunidade, a sociedade em geral e o poder público devem assegurar e oferecer oportunidades a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, moral, mental e espiritual, ou seja, promover a saúde, alimentação, educação, esporte, lazer, profissionalização, cultura, dignidade e respeito. Assim, o artigo 98 informa que, quando os direitos da criança e do adolescente forem ameaçados ou violados por ação ou omissão da sociedade ou do Estado por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsáveis ou em razão de sua conduta, as crianças e os adolescentes dispõem das medidas de proteção. Segundo o artigo 130 disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum. (ECA, 1990, p. 81) Desde que o Estatuto da Criança e do Adolescente começou a vigorar houve um aumento significativo no número de notificações aos órgãos competentes relacionadas ao abuso sexual infantil buscando a proteção da criança e do adolescente, junto aos Conselhos Tutelares e a justiça. Apesar das crescentes notificações, estas não representam a totalidade das situações de abuso sexual contra as crianças e os adolescentes, pois a violência sexual freqüentemente é incestuosa e silenciosa devido o sentimento de culpa, vergonha, ignorância e tolerância da vítima. O abuso sexual infantil é considerado um dos tipos de maus-tratos mais freqüentes contra a criança e atualmente tem recebido crescente atenção dos meios de comunicação e da sociedade. De acordo com o National Committee for the Prevention of Child Abuse (2008), a cada ano são relatados aproximadamente de 150.000 a 200.000 novos casos de abuso sexual infantil. O abuso sexual existe desde o início dos tempos e não se limita a uma determinada classe social ou grupo de pessoas, ocorrendo para os dois sexos, ou seja, tanto para o masculino como o feminino, tendo este mais incidência (MILLER, 2008). Segundo Dell’ Aglio e Santos (2008) o abuso sexual pode ser compreendido como o envolvimento de crianças e adolescentes em atividades sexuais que estes não compreendem em sua totalidade e não estão aptos a concordar. Universidade Presbiteriana Mackenzie 3 É uma forma de submeter a criança ao desejo do adulto para que satisfaça seus interesses, não havendo a possibilidade de que se crie um espaço para o seu próprio desejo e necessidade ( AZEVEDO & GUERRA, 1989). O abuso sexual infantil consiste em todo ato ou jogo sexual, seja ele homossexual ou heterossexual, cujo agressor encontra-se em um estágio de desenvolvimento psicossexual mais adiantado do que a criança ou o adolescente, sejam eles pais, responsáveis, conhecidos ou desconhecidos. O autor da violência sexual pode ser também um adolescente que tenha três ou cinco anos a mais que a vítima. O agressor tem por intenção estimulá-la sexualmente ou utilizá-la para obter satisfação sexual, ocorrendo manipulação, contato oral, genital, estimulação ou a penetração anal. É imposta à criança e ao adolescente, práticas eróticas e sexuais, podendo também variar desde atos nos quais não se produz o contato físico, como o voyeurismo, exibicionismo e produção de fotos, até diferentes tipos de ações incluindo o contato sexual com ou sem penetração. (AZEVEDO & GUERRA, 1989; WATSON, 1994; MELLO, 2008; MILLER, 2008); SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2001; O abuso sexual pode ser classificado como extrafamiliar ou intrafamiliar, sendo este o mais freqüente. O abuso sexual extrafamiliar ocorre fora do ambiente familiar, no qual o abusador é geralmente desconhecido. O agressor se torna amigo da vítima e após obter a sua confiança a agride sexualmente. Após a agressão, ocorrem ameaças à criança, como por exemplo, “não poderemos ser mais amigos se você contar a alguém” e a criança devido à culpa que sente e por acreditar na amizade silencia-se. (MILLER, 2008). O abuso intrafamiliar ocorre dentro das famílias e geralmente dentroda própria casa por uma pessoa próxima, sendo o pai o abusador mais constante, trazendo mais prejuízos à criança, pois envolve uma quebra de confiança com as figuras parentais (DE ANTONI E KOLLER, 2003). Segundo Cohen (1993), nas situações de abuso intrafamiliar, o pai era o abusador em 41,6% dos casos, 20,6% os padrastos, 13,8% o tio, 10,9% o primo e 3,7% o irmão. Fuks (2006) confirma estes dados mostrando que quase 75% das vítimas conhecem o agressor, dos quais 50% pertencem à família, sendo o pai o abusador mais freqüente e em 25% dos casos o padrasto. A criança abusada sexualmente deixa de ser sujeito e passa a ser objeto de prazer do agressor, atacando sua vulnerabilidade. (JUNQUEIRA, 1999) Segundo Miller (2008), o abuso é seguido por ameaças para coagir a criança a manter segredo. Com o abuso intrafamiliar, a criança também se sente desprotegida pelo seu responsável e se cala. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 4 Quando o abusador percebe que a criança compreende seus atos como abuso ou algo anormal, tenta inverter os papéis colocando a vítima como culpada por aceitar seus afetos. (PFEIFFER E SALVAGNI, 2005). Sandersons (2005) afirma que quanto mais próxima for a relação entre a criança e o abusador, maior será o sentimento de traição e suas consequências. As consequências do abuso sexual podem ser devastadoras para o desenvolvimento físico, social e psíquico da criança, podendo implicar outras questões diretamente ligadas à sexualidade. (MORGADO, 2001). Em relação às formas de enfrentamento da situação, segundo Flores & Caminha (1994), ocorre um despreparo generalizado envolvendo desde os profissionais da área da saúde, educadores e juristas até as instituições escolares, hospitalares e jurídicas em manejar adequadamente os casos de abuso sexual. A reflexão estabelecida até o presente momento parece denunciar a gravidade do fenômeno, uma vez que as conseqüências deste para a vítima podem ser traumáticas. O abuso sexual, sendo ele de caráter incestuoso ou não, deixa a criança numa sensação de total desamparo. Considerando que o atendimento às vítimas de abuso sexual constitui-se em um desafio aos diversos profissionais que podem estar envolvidos na situação, a presente pesquisa tem como objetivo verificar qual a contribuição da psicanálise a respeito das conseqüências do abuso sexual infantil no processo de desenvolvimento da criança. O foco principal será dado aos prejuízos do abuso sexual infantil incestuoso, uma vez que acontece com maior freqüência, e compreender este fenômeno que está cada vez mais recorrente em nossa sociedade. Considera-se a relevância da pesquisa a medida que é preciso aperfeiçoar o aparato teórico sobre o tema visando fornecer diretrizes precisas para uma intervenção mais satisfatória, seja ela do ponto de vista do tratamento ou da prevenção. 2. Referencial teórico 2.1. Psicologia do Desenvolvimento A visão atual da infância como um período específico pelo qual todos passam é uma construção definida no momento presente. Segundo Rocha (2002) a concepção de que todos os indivíduos nascem bebês e serão crianças até um determinado período, independente da condição vivida, é inegável, entretanto, tal pressuposto nem sempre foi considerado dessa maneira e por diversos períodos se questionou qual era o tempo da infância e quem era a criança. O historiador Philippe Ariès (1981), considerado o precursor da história da infância, mostra que o conceito ou a idéia que se tem da infância foi sendo historicamente construído sendo que a criança durante muito tempo não foi vista como um Universidade Presbiteriana Mackenzie 5 ser em desenvolvimento, com características e necessidades próprias, mas sim, como um pequeno adulto. Ariès (op. Cit) ressalta que as crianças recebiam cuidados especiais apenas em idade precoce e a partir dos três, quatro anos de idade participavam de atividades inadequadas, como orgias e eram alvo de todo tipo de atrocidades. Líderes religiosos no final dos séculos XVII e XVIII começaram a chamar atenção da sociedade para o fato de as crianças serem almas inocentes e frágeis devendo ser protegidas dos maus tratos e afastadas de assuntos ligados ao sexo, apontando as inadequações destas vivências na formação do caráter e da moral dos indivíduos. As crianças passaram a partir de então a freqüentar escolas e além de aprenderem sobre a religião e a moral, aprendiam a ler e a escrever. Foi no final do século XIX e início do século XX que a concepção de infância começou a se modificar e passou a ser considerada uma etapa de vida merecedora de cuidados e atenção. A infância passou a ser reconhecida como uma fase distinta da vida, além da compreensão de que as crianças possuíam necessidades diferentes das do adulto No século XX houve uma preocupação mais ampla e mais sitemática com o estudo da criança e com a necessidade de educação formal, constatando a importância de ampliar e focar o estudo sobre o desenvolvimento da criança. Quando a infância passou a ser vista como uma fase especial, ela passou a ser observada e estudada como um processo de desenvolvimento. Nesse momento, surge a ciência do comportamento infantil que se iniciou como uma tendência de descrever os comportamentos típicos de cada faixa etária e organizar extensas escalas de desenvolvimento. A partir da elaboração de escalas, o desenvolvimento de cada criança poderia ser medido e comparado com o que se esperava para a sua faixa de idade. A psicologia do desenvolvimento surge então a partir destas primeiras propostas de descrição dos comportamentos típicos da criança em cada faixa etária e evoluiu para teorizações cada vez mais complexas do comportamento infantil sendo seu objetivo principal descrever e explicar como a partir de um equipamento inato (inicial) o sujeito vai sofrendo uma série de mudanças decorrentes de sua própria maturação (fisiológica, neurológica e psicológica) envolvendo variáveis afetivas, cognitivas e biológicas. (SHAFFER, 2005) O foco da Psicologia do Desenvolvimento é compreender as mudanças que ocorrem no indíviduo e quais são as condições internas e externas que promovem e afetam essas mudaças de forma contínua, ordenada, padronizada e relativamente permanente. As variáveis internas estão intimamente ligadas ao processo de maturação que corresponde ao desenvolvimento biológico do indivíduo necessário para o desenvolvimento, e ligadas às VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 6 variáveis externas está o processo de aprendizagem. É a partir da aprendizagem que os eventos vividos na infância têm papel significativo para o futuro, pois o processo de desenvolvimento é cumulativo e contínuo. (MOTA, 2005; RAPPAPORT,1981). 2.2. Psicanálise e Desenvolvimento infantil A psicologia do desenvolvimento tem como objetivo descrever e explicar os comportamentos típicos de cada idade. Através de observações do comportamento do indivíduo a psicologia do desenvolvimento busca compreender as mudanças que ocorrem no decorrer da vida. Para a psicologia do desenvolvimento a infância não ocorre da mesma forma para todas as crianças e as histórias se diversificam a cada experiência, entretando as mudanças que ocorrem no decorrer do desenvolvimento em todo indivíduo atuam de forma contínua, ordenada e padronizada. As crianças são naturalmente dotadas de capacidade e aptidões que ao longo do tempo amadurecem, aperfeiçoam e evoluem até se tornarem adultos. O infantil para a psicologia do desenvolvimento é próprio da infância cronológica, ou seja, o indivíduo em desenvolvimento deixa de ser infantil. Em contrapartida, para a psicanálise o infantil é entendido como inscrições marcadas no inconsciente presente por toda vida e irredutível a dimensão cronológica e evolutiva. A psicanálise abordou o desenvolvimentoinfantil através de um procedimento diferente. No início do século XX, Freud afirmou que as primeiras relações e vivências ocorridas na infância têm grande importância e podem definir o desenvolvimento da vida adulta. Para o autor, em todas as fases da vida existia a presença de processos inconscientes e da sexualidade infantil, ao contrário do que a psicologia do desenvolvimento acreditava. Segundo Freud (1916/1917) o desenvolvimento humano se dá pelo desenvolvimento psicossexual da criança, através de processos inconscientes. Em suas investigações sobre a neurose percebeu que a grande maioria dos conflitos e desejos reprimidos do adulto referia-se a conflitos de ordem sexual ocorridas nos primeiros anos de vida dos indivíduos e então observou que as ocorrências deste período de vida deixavam marcas profundas na estruturação da personalidade. Ao mesmo tempo em que Freud sustentava a hipótese de que os sintomas da histeria eram originados por uma situação de sedução sexual vivida na primeira infância, onde um adulto perverso foi seu agente, começou a questionar a existência material dessa sedução. É nesse momento que Freud iniciou uma investigação geral a respeito do tema sexualidade, e introduziu a fantasia na constituição das cenas rememoradas que irão imprimir as lembranças da infância. Agora, o infantil é deslocado da realidade vivida para a realidade psíquica, atravessada pela fantasia e marcada pelo recalque. Universidade Presbiteriana Mackenzie 7 Freud abandona a teoria da sedução e percebe que as crianças têm vida sexual, excitações e necessidades sexuais e alguma forma de satisfação que, entretanto, não estão relacionadas ao coito. Afirma que é errôneo pensar que a vida sexual só começava na puberdade e cita que desde o nascimento, o bebê apresenta dois tipos de pulsão, uma que está intimamente ligada à autoconservação e outra relacionada à busca de prazer, a pulsão sexual. Segundo Freud, é através da boca que o bebê começa a provar e a conhecer o mundo. A primeira vez que o bebê procura o seio da mãe busca o seu sustento e sobrevivência, mas à medida em que ele mama vive uma experiência de prazer que fica marcada em seu psiquismo. A segunda vez em que ele mama será pela busca da autoconservação e ao mesmo tempo do prazer, caracterizada pela atividade sexual. Para Freud, a sexualidade infantil é tida como uma série de excitações e de atividades presentes desde a infância que proporcionam um prazer no próprio corpo, pois a função sexual está intimamente ligada à sobrevivência, ou seja, os primeiros impulsos da sexualidade em uma criança têm o aparecimento ligado às funções vitais, tendo a sexualidade um suporte biológico (boca, zona anal, zona genital). Freud denominou como libido a energia afetiva original, que mobiliza o organismo na perseguição de seus objetivos. A libido sofre progressivas organizações durante o desenvolvimento, cada uma das quais suportadas por uma organização biológica emergente em cada período. As excitações sexuais estão localizadas em algumas partes do corpo, conhecidas como zonas erógenas, ocorrendo uma modificação das formas de gratificação e da relação do bebê com o objeto ao longo do desenvolvimento. Essas modificações são classificadas por Freud em quatro fases: oral, anal, fálica e genital. A fase oral consiste nos primeiros seis meses de vida do bebê (do nascimento ao desmame), a boca é a zona erógena e proporciona ao bebê não apenas a satisfação de se alimentar no seio da mãe, mas, sobretudo o prazer de sugar, isto é, de pôr em movimento os lábios, a língua, o palato, numa alternância ritmada. Neste momento a satisfação oral é devida o prazer da sucção sobre um objeto que se tem na boca e que faz com que a cavidade bucal se contraia e relaxe sucessivamente. A pulsão se satisfaz por apoio na pulsão de autoconservação e essa satisfação se dá graças ao seio materno. O seio é o primeiro objeto de ligação infantil e o despositário de seus primeiros amores e ódios. A atividade sexual se apóia primeiramente na função que serve à preservação da vida, e depois torna-se independentemente delas. A atividade de sucção ao seio é abandonada, e a criança o substitui por uma parte do ser corpo, como o polegar. A criança descobre as regiões excitáveis do seu corpo e passa da sucção à masturbação. Ocorre o auto-erotismo que se VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 8 caracteriza pela ausência de um objeto sexual exterior, pois a pulsão sexual perde seu objeto. A pulsão não está dirigida a outra pessoa, e sim, a si próprio. A criança não conhece outro objeto sexual, sendo auto-erótica, e seu alvo sexual está sob domínio de uma zona erógena. O alvo sexual da pulsão infantil busca a satisfação mediante a estimulação da zona erógena, que de algum modo foi escolhida. O termo auto-erotismo é introduzido por Freud para caracterizar um estado original da sexualidade infantil anterior ao do narcisismo, no qual a pulsão sexual, ligada a um órgão ou à excitação de uma zona erógena, encontra satisfação sem recorrer a um objeto externo. O narcisismo é o estado em que, a fim de incorporar o outro real e transformá-lo em fantasia, o bebê toma o lugar do objeto sexual e se faz amar. Antes de fazer do outro sua fantasia, ele próprio se faz fantasiado. Ele ama a si mesmo como um objeto sexual. A fase anal desenvolve-se durante o segundo e terceiro ano de vida, onde o orifício anal é a zona erógena dominante. Os bebês têm sensações prazerosas de duas maneiras, expulsiva, onde os bebês sentem prazer no processo de evacuação da urina e das fezes e conseguem dispor destes atos de maneira que lhes tragam a máxima produção de prazer, ou o bebê obtém prazer na retenção das fezes, controlando seus objetos internos. A excitação anal é provocada por um ritmo particular do esfíncter, quando ele se contrai para reter e se dilata pra evacuar. É nesse momento que o bebê se defronta com o mundo externo, com as forças inibidoras e hostis ao seu desejo de prazer, uma vez que, nesse momento o bebê não deve eliminar suas excreções a qualquer momento e passa a renunciar. A essa fonte de prazer ocorrendo a troca do prazer pelas normas sociais. Essa fase é caracterizada pela organização da libido sob a primazia da zona anal. A energia da pulsão sexual é a libido e seu objetivo é a satisfação. A vida sexual da criança está focada na obtenção de prazer através do próprio corpo e em um objeto externo, essa fase é conhecida como a fase fálica que precede o estado final do desenvolvimento sexual. A fase fálica se estende dos três aos cinco anos de idade, onde a erotização passa a ser dirigida para os genitais. O prazer sexual nessa fase resulta das caricias masturbatórias e de toques ritmados das partes genitais. No início dessa fase fálica, os meninos e as meninas não fazem distinção de sexo, eles acreditam que todos os seres humanos têm ou deveriam ter o falo. Não é o órgão peniano que prevalece nessa fase, mas a fantasia desse órgão, ou seja, a fantasia que o falo seja o símbolo do poder. A diferença entre os sexos (homem/mulher) é percebida pela criança como uma oposição entre os possuidores do falo e os seres privados do falo (castrados). Nessa fase para os meninos o objeto de pulsão, de satisfação é diferente do objeto de pulsão e satisfação da menina, onde a satisfação fálica tem valores distintos. Para o menino, o objeto de pulsão é a mãe fantasiada e para a menina o objeto primeiramente é a mãe fantasiada e num segundo Universidade Presbiteriana Mackenzie 9 momento o pai. O menino entra no Édipo e começa a manipular seu pênis, entregando-se as fantasias ligadas à sua mãe. Este está ligado ao apego da mãe como seu objeto sexual e um apego ao pai como modelo a ser imitado, um ideal que ele próprio gostaria de se transformar. O encontro desses dois sentimentos(o desejo pela mãe e o amor pelo pai) resulta o complexo de Édipo normal. Com a combinação da ameaça de castração proferia pelo pai e da angústia provocada pela percepção do corpo feminino (privado de falo), o menino acaba renunciando ao amor pela mãe. O menino perde seu objeto mãe para se submeter à lei universal da proibição do incesto, que o pai lhe ordena a respeitar sob pena de privá-lo do seu falo. O Édipo masculino se organiza com a chegada da angústia de castração, ou seja, pelo medo de ser privado da parte do seu corpo que é o seu objeto mais estimável. Na menina o grande acontecimento durante o Édipo é a decepção que sente ao constatar a falta do falo, trazendo um sentimento de decepção que se mistura com rancor e assumirá um afeto de inveja. A inveja do pênis, do falo. A inveja do pênis se transforma no desejo de ter um filho do pai e mais tarde no desejo de ter um filho do homem eleito. A inveja é seguida pela angústia de perder o “falo” que é o amor vindo do amado, a castração da menina é a angústia de perder o amor do seu amado. A junção dos sentimentos de inveja do falo e a angústia de perder o amor decidirá sobre o desfecho do complexo de Édipo feminino. É na cena edípica que a questão do outro é introduzida, pois o outro é reduzido e apresentado através da fantasia, do sonho e do seu próprio desejo. É nesse momento que o pai se faz presente para a criança formatando uma situação triangular. A função paterna se faz necessária para o complexo de Édipo, pois é a partir da existência desse outro que tanto a menina ou o menino renuncia seu objeto de desejo para sua autopreservação introduzindo a lei. Por fim, a fase genital ocorre na adolescência quando o objeto de erotização não está mais no próprio corpo, e sim na procura em um objeto externo (o outro), e assim começam a buscar formas de satisfazer suas necessidades. A pulsão sexual está subordinada à função reprodutora. “O desfecho do desenvolvimento constitui a chamada vida sexual normal do adulto, na qual a obtenção de prazer fica a serviço da função reprodutora, e as pulsões parciais, sob o primado de uma única zona erógena, formam uma organização sólida para a consecução do alvo sexual num objeto sexual alheio. As forças motoras sexuais devem ser armazenadas, e somente liberadas na puberdade, e quando assim não for, explica porque as experiências infantis são patogênicas.” (FREUD, 1905, p. 186) Como explicitado acima, Freud afirma que são as impressões dos anos iniciais que se apresentam como distúrbio na vida adulta, por isso a importância do papel dos pais na formação dos vínculos iniciais e futuros na vida de uma criança. A construção da criança começa antes mesmo de nascer biologicamente. Ela já é marcada VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 10 pelo desejo inconsciente dos pais, ocupando um lugar em seu imaginário. A criança já tem um lugar marcado simbolicamente para esses pais e ao nascer vai construindo sua identidade pela sexualidade e pela linguagem, através de sua relação com os modelos afetivos. Ao nascer, o bebê traz consigo marcas do renascimento do narcisismo parental. Será a partir do narcisismo dos pais que a criança poderá constituir seu próprio narcisismo, para depois dar lugar a um “eu”, através dos cuidados sediados na relação primordial com a mãe. A primeira relação social da criança se dá a partir da relação mãe e filho, pois o bebê quando nasce continua sendo um ser frágil que precisa interagir com o meio ambiente para desenvolver-se. Freud indica o papel fundamental que os cuidados maternos exercem na vida de todo ser humano ao falar que o bebê sente-se desamparado ao nascer, e o papel da mãe é de ampará-lo. Ainda que indefeso o que possa faltar a uma criança é compensado e fornecido pela mãe, pois esta propicia a satisfação de todas as necessidades da criança. (PIO, 2007). A primeira ligação do bebê com a mãe é através do seio e o prazer que este propicia. Freud afirma que o prazer oral vivido pela criança constituirá a base das futuras ligações afetivas. O processo de progressivas ligações emocionais começa com o amor que a criança inicialmente dirige ao seio e posteriormente o afeto reconhecerá a mãe, o pai, e outros objetos do mundo. Segundo Coppolillo (1990) a função materna é essencial para a organização psíquica da criança e sua constituição como sujeito, pois é a partir dessa relação que a criança conquista a capacidade de se relacionar com o resto do mundo. Pio (2007) adverte que quando acontece alguma falha na relação entre mãe e filho, algo se perde e não poderá ser recuperado mais tarde. Existe uma forte ligação entre as experiências de um indivíduo com seus pais e a sua capacidade posterior para estabelecer vínculos afetivos. Os padrões de relacionamento com os cuidadores ou os modelos de apego desenvolvidos ao longo da vida se integram à estrutura da personalidade como modelos internos e gerais do funcionamento determinando as características do self nas diversas situações da vida. (BOWLBY, 1989) Segundo Abreu (2005) as crianças com apoio e segurança em períodos de desenvolvimentos tornar-se-ão adultos seguros e confiantes, enfrentando mais habilmente as tarefas, e as situações difíceis, assim como se saindo melhor em suas relações afetivas. A família, principalmente os pais devem oferecer valores, papéis, apoio, cuidado e objetos, que interiorizados pelo bebê, o ajuda a estabelecer sua identidade. Universidade Presbiteriana Mackenzie 11 O desenvolvimento infantil, considerado a partir da psicanálise, pressupõe o bebê humano como alguém que nasce totalmente dependente. Os cuidados de que necessita e que inspira seus pais, vão além de suas necessidades biofísicas, “não se vê por aí pais apenas dando comida e limpando excrementos” (CAVALCANTI, 2005, p. 8). Em cada uma destas atividades há um investimento afetivo que para a psicanálise chama-se libido como vimos acima. O pai ou a mãe são capazes neste processo de modificar o tom de voz, a postura e, principalmente, antecipar qualidades e capacidades que o bebê objetivamente ainda não possui. Tudo isso em função do que as crianças representam para cada um dos pais: “o que fomos um dia, o que gostaríamos de ser (nossos sonhos) e o que reconhecemos como o melhor em nós” (DUNKER, 2006, p. 14). É possível pensar então a partir desta perspectiva, que as crianças nascem com lugares determinados na relação familiar, esse lugar não é um espaço físico, como uma casa ou mesmo o quarto do bebê, mas um espaço psíquico criado pelo desejo dos pais, que tomarão o corpo do filho não como um mero pedaço de carne, mas como extensão da vida deles. 3. Metodologia A metodologia da pesquisa baseou-se em um levantamento bibliográfico de artigos para verificar como a psicanálise pode contribuir com seus pressupostos teóricos para o entendimento do tema. A base de dados para a pesquisa foi: Scielo, Bireme, LILACS, BVS - Literatura Científico-Técnica e na biblioteca da Sociedade Brasileira de Psicanálise- SBPSP. Considerando estas bases foram selecionados 12 artigos que atenderam aos critérios referentes ao objetivo do trabalho. 4. Resultados e Discussão Foram pesquisados 12 artigos científicos que serão apresentados a seguir. Em relação ao tema do abuso sexual e as conseqüências para o desenvolvimento da criança, o artigo de Fuks (1998) “ABUSO SEXUAL DE CRIANÇAS NA FAMÍLIA: REFLEXÕES PSICANALÍTICAS” propõe uma reflexão sobre o abuso sexual infantil e mostra que o abuso sexual afeta e altera a história do sujeito, e dependendo do processamento da situação traumática pode chegar a afetar a geração seguinte. Ressalta que “os adultos que sofreram abuso na infância ficam lesados em sua auto-estima, e em conseqüência disso, a vulnerabilidade das mulheres em relação a homens sexualmente exploradoresaumenta, e sua capacidade de proteger os filhos diminui”. (FUKS, 1998, p. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 12 123). Freqüentemente o abusador reproduz os modelos de violência que vivenciou em sua infância, gerando o ciclo da violência, porém é importante ressaltar que nem todas as vítimas tornam-se agressores. Fuks revela que as crianças e os adolescentes que sofreram abuso sexual apresentam comportamentos como sentimento de culpa, depressão, baixa auto- estima, timidez, agressividade, medo, embotamento afetivo, isolamento, dificuldade em confiar nos outros, alterações de sono, dores abdominais, fugas de casa, sexualidade exacerbada, etc. Entre os efeitos a curto prazo, observou-se a aparição de fobias, atraso escolar e enurese, mais tarde notou-se a gravidez na adolescência e tentativas de suicídio. Referindo-se ao desenvolvimento psicológico e emocional da criança, em seu artigo científico sobre as “CONSEQUÊNCIAS DO ABUSO SEXUAL INFANTIL”, Fuks (2006) caracteriza que “o abuso sexual representa uma verdadeira catástrofe na vida de uma criança e produz uma devastação da estrutura psíquica que afeta seus distintos aspectos”. (FUKS, 2006, p. 41) A autora afirma que a criança abusada sexualmente vivencia uma situação de ameaça e desamparo, sendo a angústia experimentada de morte. O sentimento de desamparo é conseqüência da quebra de confiança das figuras que esperava proteção amorosa. Ressalta que a condição da criança como sujeito é abolida e o agravante é que a violência exercida pelo adulto, que deveria ser referência de modelo para suas relações futuras foi o responsável pela anulação da sua própria subjetividade. A criança sente-se traída e ao mesmo tempo culpada, pois é levada a fantasiar que foi a causadora de sua própria situação de abuso, criando-se um vínculo maior em relação ao silêncio. Sobre o papel da mãe frente a descoberta do abuso incestuoso contra sua filha, Fuks em sua investigação clínica dos casos revela a presença de contradições e ambigüidade na atitude da mãe, ora sente ciúmes e rivalidade, ora sente-se culpada. Cita que a mãe tende a recusar o abuso contra a filha como forma de negar para si mesma que não fez o seu papel, o de provir proteção. No artigo “VIOLÊNCIAS SEXUAIS: INCESTO, ESTUPRO E NEGLIGÊNCIA FAMILIAR”, PRADO E PEREIRA (2008) descreveram o caso de uma mulher de 41 anos, vítima de incesto dos sete aos 12 anos de idade, seguido de duas situações de estupro, que implicaram em um aborto e no nascimento de uma menina, com sete anos na ocasião do estudo. As autoras observaram que a paciente apresentava-se fragilizada, sem autonomia, totalmente dependente e com diagnóstico de borderline. Citam que a paciente não encontrou na mãe alguma forma de apoio, e acrescentam que existe uma diferença Universidade Presbiteriana Mackenzie 13 significativa quanto aos fatores traumáticos internos decorrentes do abuso sexual, quando a criança encontra na mãe uma figura de proteção e quando não encontra. Por isso o cuidado necessário para a vítima e para os familiares são essenciais. A imagem que a criança tem de si e do mundo torna-se distorcida, ocorrendo uma confusão na percepção de si mesma, e de suas emoções, pois a vivência traumática ocorre em um período de grande vulnerabilidade, no qual a criança está desenvolvendo sua capacidade de elaboração psíquica. Afirmam que o abuso sexual infantil intrafamiliar promove uma desarticulação de todos os vínculos sejam eles sociais, familiares ou pessoais, pois a criança não encontra mais no pai um modelo de respeito às leis, e a perturbação reforça uma sensação de culpa. No artigo a “VISÃO DO ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA” as autoras PFEIFFER E SALVAGNI (2005) tinham como objetivo revisar os aspectos peculiares que envolviam o abuso sexual na infância e na adolescência através da revisão da literatura nacional e internacional entre 1988 a 2005. Através da síntese de dados, as autoras publicaram que é possível notar que quando o abuso é revelado, a mãe geralmente reage com ciúmes e rivalidade colocando na filha a responsabilidade pelo ocorrido. A mãe sofre pela responsabilidade de reconhecer talvez seu fracasso como mãe e como esposa. A partir de observações clínicas e investigações sobre o tema de abuso infantil, Guiter (2000) em seu artigo “ABUSO SEXUAL: DAÑO EM LA CONSTITUCIÓN DEL PSIQUISMO IINFANTIL” revela que as crianças abusadas sexualmente sentem uma verdadeira ansiedade traumática. Explica que essa ansiedade é promovida pelo sentimento de culpa, pois sentem que seduziram o abusador. Através das possíveis identificações com o agressor a criança pode armazenar em sua estrutura psíquica sua própria destruição através da cólera. Guiter pontuou que estudos de adulto que sofrem de múltiplas personalidades, mostram que todos sofreram com frequência algum tipo de maus-tratos. A sua capacidade de elaborar mecanismos de defesa para enfrentar a vida cotidiana é destruida, passando por uma traição emocional. No artigo “COMPREENDENDO AS MÃES DE CRIANÇAS VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL: CICLOS DE VIOLÊNCIA”, as autoras Dell’ Aglio, e Santos tinham como objetivo fazer o levantamento bibliográfico e discutir as características de mães de crianças vítimas de abuso sexual, para tal, discutiu-se também as conseqüências do abuso. As autoras citam que entre as conseqüências que o abuso pode acarretar às crianças vitimadas são o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), Transtorno Dissociativo, Transtorno Depressivo Maior, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtornos Alimentares. Podem apresentar sentimentos de culpa, baixa auto-estima, timidez, VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 14 agressividade, medo, embotamento afetivo, isolamento, dificuldade em confiar nos outros, alterações no sono, dores abdominais, fugas de casa, mentiras, sexualidade exacerbada e desesperança em relação ao futuro. Revelam que o comportamento da mãe frente o abuso pode influenciar negativa ou positivamente no desenvolvimento da criança. (DELL’ AGLIO E SANTOS, 2008) Em a “INFÂNCIA E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: FRONTEIRAS DO CONHECIMENTO”, Cohen (2000) afirma que as consequências mais observadas em crianças e adolescentes são a depressão, agressividade, medo, sexualidade exacerbada e dificuldade em confiar nos outros. O artigo “ETIOLOGY OF CHILD MALTREATMENT: A DEVELOPMENTAL-ECOLOGICAL ANALYSIS” do autor Belsky (1993) refere que entre as conseqüências que o abuso sexual pode acarretar às crianças e adolescentes estão o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), transtorno dissociativo, Transtorno depressivo, TDAH, e transtorno alimentares. López (1997) em seu artigo ”EFECTOS DEL ABUSO SEXUAL EM EL DESARROLLO PSICOLÓGICO DE LA NIÑA” teve como objetivo apresentar e discutir as conseqüências do abuso sexual infantil que observou em seus atendimentos clínicos. Cita que tanto as crianças e as mulheres adultas que procuravam o atendimento não revelavam o abuso sexual. Percebeu que a problemática só era trazida com o passar do atendimento e percebeu que as mulheres que procuravam a clínica não tinham consciência que os sitomas que apresentavam estavam relacionados ao abuso sofrido na infância. A autora afirma que os sintomas mais observados em crianças que sofreram o abuso eram problemas de aprendizagem, transtorno psicossomático, sexualidade exarcebada, culpa, fobias e medos noturnos. Entre as conseqüências mais observadas em mulheres eram a depressão, a ansiedade e problemas de relacionamento, vividos por diversas vezes de forma violenta. Afirma que em alguns casos, as mulheres apresentavam sexualidade exacerbada e que, por diversas vezes tinham uma imagem confusa de si mesmas e fobias. O artigo “ALGUNS ASPECTOS OBSERVADOS NO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL”teve como objetivo fazer uma revisão da literatura para apontar as conseqüências do abuso sexual infantil. A partir da revisão teórica as autoras mencionam que as principais reações iniciais das vítimas são o medo, depressão, ansiedade, raiva, hostilidade e comportamento sexual inapropriado. Revelam que as mulheres abusadas sexualmente na infância manifestavam depressão, comportamento autodestrutivo, ansiedade, sentimentos de isolamento, baixa auto-estima e tendência à revitimação e abuso de substâncias. (AMAZARRAY E KOLLER, 1998) No artigo “IMPACT OF SEXUAL ABUSE ON CHILDREN: A REVIEW AND SYNTHESIS OF Universidade Presbiteriana Mackenzie 15 RECENT EMPIRICAL STUDIES” os autores analisaram estudos recentes sobre o efeito do abuso sexual em crianças e adolescentes, e dividiram as conseqüências de acordo com as idades pré-escolar (0 a 6 anos), escolar (7 a 12 anos) e adolescência (13 a 18 anos). Os sintomas mais comuns em pré- escolares são: ansiedade, pesadelo, transtorno de estresse pós-traumático e comportamento sexual inapropriado; em crianças em idade escolar os sintomas mais comuns são: medo, distúrbio neurótico, agressão, pesadelos, problemas escolares, hiperatividade e comportamento regressivo. Na adolescência, os sintomas mais comuns são: depressão, isolamento, comportamento suicida, auto-agressão, queixas somáticas, atos ilegais, fuga, abuso de substâncias e comportamento sexual inadequado. (KENDALL- TACKETT, WILLIMS E FINKELHOR 1993) .Caminha (1999) em “A VIOLÊNCIA E SEUS DANOS À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE” aponta que uma das conseqüências do abuso sexual infantil está relacionado a falta de prazer no sexo ou de autonomia por parte dos vitimizados, além da promiscuidade, distúrbios na sexualidade e a tendência à prostituição. (CAMINHA, 1999 apud CAMINHA, 2000) No artigo “VIOLÊNCIA E ABUSO SEXUAL INFANTIL: UMA PROPOSTA CLÍNICA” a autora discute o abuso sexual infantil a partir de conceitos de violência, com seus aspectos históricos e contextuais passando pelas questões relacionadas à constituição de sujeito. Afirma que na tentativa de construir outra história a vítima tenta superar através do esquecimento do abuso, abrindo mão de sua identidade ao percebê-lo como insuficiente para conter suas experiências. Acrescenta que alguns aspectos, como a reação da família diante do abuso, o tratamento psicológico, as redes sociais de apoio, os aspectos da cultura e, além das singularidades de cada individuo, representam aspectos capazes de tornar cada experiência de ordem pessoal e única. (JUNQUEIRA, 2002) De acordo com os artigos levantados, o abuso sexual infantil intrafamiliar tem conseqüências catastróficas no desenvolvimento do sujeito. Segundo Cohen, Ferraz e Segre (1996), o abuso sexual cometido por alguém da família, se configura, além da relação genital, também no âmbito psíquico de suas relações. A criança se encontra em uma fase de vulnerabilidade, na qual está desenvolvendo sua capacidade de elaboração psíquica. Para a psicologia do desenvolvimento, o processo de desenvolvimento está ligado às variáveis externas e internas do indivíduo. É a partir das variáveis externas ligadas à aprendizagem que os eventos vividos na infância têm papel significativo para o futuro. Freud (1916/1917) cita que são as impressões dos anos iniciais que se apresentam como distúrbio na vida adulta, por isso a importância do papel dos pais na formação dos vínculos iniciais e futuros na vida de uma criança. Afirma que o desenvolvimento humano se dá pelo VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 16 desenvolvimento psicossexual da criança, onde sua libido está dirigida a busca de autoconservação e prazer em torno de uma zona erógena, marcada pela fantasia inconsciente. No Édipo a libido da criança está dirigida ao outro idealizado, nesse momento ocorre a introdução da figura paterna para que seja possível a renuncia do objeto de desejo para sua autopreservação introduzindo a lei. Com a configuração do abuso sexual ocorre um desinvestimento de libido dirigido ao outro idealizado, que havia sido colocado no lugar de ideal de “eu”, ou seja, a concepção do “eu” e a visão de si próprio se torna confusa trazendo sentimento de medo, de não pertença e fobias. Considerando que a criança ao nascer já possui um lugar determinado pelo imaginário dos pais, vale pensar qual o lugar que a criança abusada sexualmente se encontra nesse imaginário. Para a psicanálise será a partir do narcisismo dos pais que a criança poderá construir seu próprio narcisismo e dar lugar a um “eu”. Com a perpetuação do abuso sexual, a criança tem sua identidade aniquilada e a imagem de si se torna distorcida, já que não houve a possibilidade de construir seu lugar. A primeira relação da criança se dá a partir da relação mãe e filho, pois ao nascer o bebê continua sendo um ser frágil que necessita de cuidados e proteção para interagir com o meio ambiente e desenvolver-se. Sua função é essencial para a organização psíquica e sua constiuição como sujeito. O bebê sente-se desamparado ao nascer e o papel da mãe é de ampará-lo, pois o que possa faltar à criança poderá ser compensado e fornecido pela mesma. Porém, frente o abuso o sentimento de desamparo é consequência da quebra de confiança das figuras que deveriam provir proteção. Os artigos levantados confirmam a importância do papel da mãe, ressaltando os distúrbios e as conseqüências do abuso quando a criança não encontra na mãe a figura que lhe deveria ser acessível e receptiva. Revelam que quando a filha não encontra na mãe o apoio necessário, o sentimento de traição e raiva fica mais dirigido a genitora do que no próprio agressor, já que acredita que ela deveria ampará-la. Pode-se inferir que o vínculo afetivo entre mãe e filha é determinante para as consequências que o abuso sexual pode trazer, pois é a partir da vinculação existente entre elas que se faz possível realizar intervenções terapêuticas mais eficazes. (MATIAS, 2006) Segundo alguns autores citados o abuso promove então, uma desarticulação de todos os vínculos, pois ocorre a violação de sua subjetividade. Segundo De Antoni e Koller (2003) quanto mais próxima for a relação do abusador com a vítima, maior os prejuizos à criança devido a quebra de confiança com as figuras parentais. O silêncio da criança é modulado pelo grau de identificação com o agressor, ou seja, quanto Universidade Presbiteriana Mackenzie 17 mais próximo for a relação da criança com o abusador, maior será o seu silêncio. Pode-se observar que uma das conseqüências citada pelos autores é a ansiedade promovida pelo sentimento de culpa que as vítimas sentem, e como conseqüência permanecem em silêncio. O sentimento de ambigüidade também está presente, uma vez que, ora a criança sente afeto pelo agressor e não consegue renunciar a esse sentimento e vínculo, e ora sente-se culpada e fragilizada. Pode-se observar com base nas pesquisas que a partir do sentimento de culpa os abusados se colocam em situações de risco ou apresentam atitudes suicidas. A base de relacionamento que se estabelece com o agressor, é uma relação de poder, onde o outro é submetido a seu desejo sem que entenda a real complexidade de seu papel. A criança abusada sexualmente deixa de ser sujeito e passa a ser objeto de prazer do agressor, atacando sua vulnerabilidade. No momento em que o pai deixa de ter lugar de proteção, a criança começa a ter uma imagem distorcida de si própria e suas relações futuras podem ser permeiadas de desconfiança e desamparo. A família, principalmente os pais devem oferecer valores, papéis, apoio, cuidado e objetos, que interiorizados pelo bebê, o ajuda a estabelecer sua identidade. Muitos autores apontam que a depressão, o sentimento de culpa, a baixa auto-estima, a agressividade, o medo, o isolamento, comportamentos suicidas, comportamentosexual inapropriado e dificuldades de se relacionar com o outro estão entre as consequências mais frequentes do abuso sexual infantil. Caminha (2000) confirma que entre as conseqüências mais freqüentes estão o transtorno de estresse pós-traumático e os transtornos depressivos. Entre as conseqüências mais citadas a curto-prazo, os artigos revelam que a ansiedade, o medo, o transtorno pós-traumático e problemas escolares são os mais notados. Por isso, o atendimento tanto às crianças e adolescentes que foram abusados sexualmente como a relação do cuidador com esse abuso, se torna tão importante e essencial. 5. Conclusão As consequências do abuso sexual infantil vêm tendo maior visibilidade nos dias de hoje. Pode-se observar que há séculos, a criança era vista como objeto sexual dos adultos não sendo consideradas como sujeitos exigíveis de direitos. Hoje, embasados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente o abuso sexual começa a ter maior visibilidade e preocupação frente à sociedade. Porém, as notificações não representam a totalidade de vítimas abusadas sexualmente devido à relação de silêncio estabelecida em relação ao abusador. Segundo Fuks (1998) “a resistência a falar deriva principalmente do temor de perder o afeto ou a boa vontade do abusador, de que os adultos a achem culpada” (p. 125). Complementa afirmando que o silêncio da criança é modulado pelo grau de identificação com o agressor, VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 18 ou seja, quanto mais próximo for a relação da criança com o abusador, maior será o seu silêncio. Foi possível obsevar a partir do levantamento bibliográfico que o abuso sexual infantil incestuoso causa mais prejuízos a criança devido a quebra de confiança com as figuras de modelo. De acordo com a teoria psicanalítica, é a vivência que o bebê tem com os pais que vão nortear a base dos relacionamentos futuros, podendo assim, permear por gerações. O conceito de Freud sobre o desenvolvimento infantil nos ajuda a entender como o bebê interioriza o mundo externo através da concepção da mãe. O bebê interioriza em cada fase da sexualidade a libido dirigindo suas pulsões a determinados objetos e constrói sua identidade a partir do imaginário de seus pais. Cabe refletirmos como será a identidade construída por uma criança que foi violentada e sua subjetividade aniquilada. A necessidade da escuta qualificada se faz necessária, uma vez que a descoberta de um caso de abuso incestuoso provoca reações emocionais tanto na criança e na sua dinâmica familiar, como nos profissionais envolvidos. Em uma sociedade onde a questão da sexualidade ainda é um tabu, o abuso sexual fomenta discussões sobre a moral, o conceito de família e as reações defensivas dos indivíduos envolvidos. É importante discutir sobre o atendimento multidisciplinar envolvendo médicos, psicólogos, assistentes sociais, bem como os professores ou profissionais instituicionalizados para que a subjetividade da criança seja preservada, não a colocando em um lugar apenas de vítima, e sim como primeira pessoa do singular. Levando-se em consideração os elementos determinantes no impacto psicológico de vivência de abuso sexual, foi possível constatar como o apoio e as reações da família, principalmente da mãe, influenciam nos efeitos do abuso. Pode-se concluir que a criança mesmo com sua identidade violada, e o sentimento de desamparo, os efeitos traumáticos foram menores quando a vítima encontrava na mãe uma possibilidade de proteção. Junqueira (2002) afirma que “propor um olhar sobre o abuso implica perceber a criança como algo além de um sujeito da sexualidade marcado, neste caso, por uma cicatriz básica em sua constituição. O desamparo aparece como uma nova possibilidade de o sujeito se conceber como tendo vivido uma experiência de horror e submissão, mas não como algo da ordem uma anulação irreversível. Ao contrário, é fundamental tornar viável a este sujeito construir identidades que não sejam a de vítima sexual”. (p. 219) O presente artigo teve como objetivo propiciar o entendimento sobre as consequências do abuso sexual infantil e promover uma reflexão sobre o tema para os profissionais que atuam nessa área compreendendo as possíveis conseqüências desse abuso. Vale salientar que a orientação familiar e uma escuta qualificada à criança são essenciais para uma intervenção Universidade Presbiteriana Mackenzie 19 satisfatória. Deve-se voltar o olhar à criança dando-a voz sobre suas angústias e acontecimentos, valorizando sua história. A capacitação dos profissionais é de suma importância para que as intervenções sejam feitas de forma compreensiva e contextualizada de cada caso levando-se em conta a dinâmica familiar e a história de vida de cada criança. Sobre as formas de atendimento, Fuks (1998) revela que a criança abusada ou a mãe buscam primeiramente a ajuda exterior de pessoas próximas, na escola ou médicos. Por isso a importância de ampliar o conhecimento dos profissionais em torno dessa problemática. Como forma de enfrentamento das vítimas, Fuks enfatiza a necessidade de psicoterapia familiar, incluindo não só a vítima, mas também a mãe e se possível o abusador, além da inserção da vítima aos contatos institucionais, já que por diversas vezes constatou que as famílias possuem grande resistência em socializar e inserir os filhos ao universo com suas normas. Completa explicitando que o profissional deve “promover falas que possibilitam a recuperação de sentido das experiências vividas, mas não processadas, ajudando na elaboração das perdas e danos narcísicos e permite prevenir a recaída das vítimas em culpabilizações melancólicas e principalmente em esquecimentos-recusa, que predispõem para a repetição”. (FUKS, 1998, p. 126) Referências ABREU, C. N. Teoria do Apego: fundamentos, pesquisas e implicações clínicas. São Paulo: Casa do psicólogo, 2005. AMAZARRAY, M. R.; KOLLER, S. H. Alguns aspectos observados no desenvolvimento de crianças vítimas de abuso sexual. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 11, p. 559-578, 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79721998000300014>. Acesso em 04 de agosto de 2009. AZEVEDO, M. A. & Guerra, V.N.A. Crianças Vitimizadas: A Síndrome do Pequeno Poder. São Paulo: Iglu, 1989. BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente. Lei 8069 de 13/07/1990. São Paulo, 2009. 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