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Consequências do abuso sexual intanfil no processo de desenvolvimento da criança_ Contribuições da teoria psicanalítica

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Universidade Presbiteriana Mackenzie 
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CONSEQÜÊNCIAS DO ABUSO SEXUAL INFANTIL NO PROCESSO DE 
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA: CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA 
PSICANALÍTICA 
Diana Myung Jin Huh (IC) e Santuza Fernandes Silveira Cavalini (Orientadora) 
Apoio: PIVIC Mackenzie 
Resumo 
O abuso sexual infantil é considerado um dos tipos de maus-tratos mais freqüentes contra a criança e 
atualmente tem recebido crescente atenção dos meios de comunicação e da sociedade. O presente 
artigo tem por finalidade verificar qual a contribuição da psicanálise para a compreensão das 
conseqüências do abuso sexual infantil no processo de desenvolvimento da criança. A metodologia 
da pesquisa baseou-se em um levantamento bibliográfico de artigos para verificar como a psicanálise 
pode contribuir com seus pressupostos teóricos para o entendimento do tema. Considerando as 
bases de dados Scielo, Bireme, LILACS, BVS - Literatura Científico-Técnica e na biblioteca da 
Sociedade Brasileira de Psicanálise- SBPSP, foram selecionados 12 artigos que atenderam aos 
critérios referentes ao objetivo do trabalho. O foco principal foi dado aos prejuízos do abuso sexual 
infantil incestuoso, uma vez que acontece com maior freqüência. Os resultados da pesquisa 
bibliográfica mostraram que a subjetividade da criança abusada sexualmente é de certa forma 
aniquilada e seu lugar construído de forma confusa. No momento em que o pai deixa de ocupar o 
lugar de proteção, a criança começa a ter uma imagem distorcida de si própria e suas relações 
futuras podem ser permeadas de desconfiança e desamparo. As pesquisas apontam que a 
depressão, o sentimento de culpa, a baixa auto-estima, a agressividade, o medo, o isolamento, 
comportamentos suicidas, comportamento sexual inapropriado e dificuldades de se relacionar com o 
outro, estão entre as conseqüências mais freqüentes do abuso sexual infantil. 
Palavras-chave: abuso sexual, conseqüências do abuso e incesto 
Abstract 
Child sexual abuse is considered one of the most frequent types of ill-treatment against child and 
currently it have been receiving growing attention from the media and society. This present article 
aims to verify the contribution of psychoanalysis to the understanding of the consequences of child 
sexual abuse in the development process of a child. The research’s methodology was based on a 
survey of bibliographic articles to verify how psychoanalysis can contribute with their theoretical 
assumptions for the understanding of the topic. Considering the data base Scielo, Bireme BVS-
LILACS, technical and Scientific Literature and the library of the Brazilian society of Psychoanalysis-
SBPSP, 12 articles were selected that met the criteria for the purpose of the work. The main focus was 
given to the damage of the incestuous child sexual abuse, since it happens most frequently. 
Bibliographic search results showed that the subjectivity of the sexually abused child is somewhat 
destroyed and its place built in a confusing way. At the time the parent ceases to occupy the place of 
protection, the child begins to have a distorted image of itself and its future relations can be steeped in 
mistrust and helplessness. Surveys suggest that depression, guilt, low self-esteem, aggression, fear, 
isolation, suicidal behaviors, inappropriate sexual behavior and difficulties to relate with others, are 
among the most frequent consequences of child sexual abuse. 
Key-words: sexual abuse, consequences of abuse and incest 
VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 
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1. Introdução 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) entrou em vigor há 18 anos, trazendo para a 
criança e o adolescente direitos exigíveis. É direito de toda criança e adolescente ter a 
proteção integral do Estado e da sociedade civil. A família, a comunidade, a sociedade em 
geral e o poder público devem assegurar e oferecer oportunidades a fim de lhes facultar o 
desenvolvimento físico, moral, mental e espiritual, ou seja, promover a saúde, alimentação, 
educação, esporte, lazer, profissionalização, cultura, dignidade e respeito. Assim, o artigo 98 
informa que, quando os direitos da criança e do adolescente forem ameaçados ou violados 
por ação ou omissão da sociedade ou do Estado por falta, omissão ou abuso dos pais ou 
responsáveis ou em razão de sua conduta, as crianças e os adolescentes dispõem das 
medidas de proteção. 
Segundo o artigo 130 disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): 
Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos 
pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como 
medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum. (ECA, 
1990, p. 81) 
 
Desde que o Estatuto da Criança e do Adolescente começou a vigorar houve um aumento 
significativo no número de notificações aos órgãos competentes relacionadas ao abuso 
sexual infantil buscando a proteção da criança e do adolescente, junto aos Conselhos 
Tutelares e a justiça. Apesar das crescentes notificações, estas não representam a 
totalidade das situações de abuso sexual contra as crianças e os adolescentes, pois a 
violência sexual freqüentemente é incestuosa e silenciosa devido o sentimento de culpa, 
vergonha, ignorância e tolerância da vítima. 
O abuso sexual infantil é considerado um dos tipos de maus-tratos mais freqüentes contra a 
criança e atualmente tem recebido crescente atenção dos meios de comunicação e da 
sociedade. De acordo com o National Committee for the Prevention of Child Abuse (2008), a 
cada ano são relatados aproximadamente de 150.000 a 200.000 novos casos de abuso 
sexual infantil. 
O abuso sexual existe desde o início dos tempos e não se limita a uma determinada classe 
social ou grupo de pessoas, ocorrendo para os dois sexos, ou seja, tanto para o masculino 
como o feminino, tendo este mais incidência (MILLER, 2008). 
Segundo Dell’ Aglio e Santos (2008) o abuso sexual pode ser compreendido como o 
envolvimento de crianças e adolescentes em atividades sexuais que estes não 
compreendem em sua totalidade e não estão aptos a concordar. 
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É uma forma de submeter a criança ao desejo do adulto para que satisfaça seus interesses, 
não havendo a possibilidade de que se crie um espaço para o seu próprio desejo e 
necessidade ( AZEVEDO & GUERRA, 1989). 
O abuso sexual infantil consiste em todo ato ou jogo sexual, seja ele homossexual ou 
heterossexual, cujo agressor encontra-se em um estágio de desenvolvimento psicossexual 
mais adiantado do que a criança ou o adolescente, sejam eles pais, responsáveis, 
conhecidos ou desconhecidos. O autor da violência sexual pode ser também um 
adolescente que tenha três ou cinco anos a mais que a vítima. O agressor tem por intenção 
estimulá-la sexualmente ou utilizá-la para obter satisfação sexual, ocorrendo manipulação, 
contato oral, genital, estimulação ou a penetração anal. É imposta à criança e ao 
adolescente, práticas eróticas e sexuais, podendo também variar desde atos nos quais não 
se produz o contato físico, como o voyeurismo, exibicionismo e produção de fotos, até 
diferentes tipos de ações incluindo o contato sexual com ou sem penetração. (AZEVEDO & 
GUERRA, 1989; WATSON, 1994; MELLO, 2008; MILLER, 2008); SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2001; 
O abuso sexual pode ser classificado como extrafamiliar ou intrafamiliar, sendo este o mais 
freqüente. O abuso sexual extrafamiliar ocorre fora do ambiente familiar, no qual o abusador 
é geralmente desconhecido. O agressor se torna amigo da vítima e após obter a sua 
confiança a agride sexualmente. Após a agressão, ocorrem ameaças à criança, como por 
exemplo, “não poderemos ser mais amigos se você contar a alguém” e a criança devido à 
culpa que sente e por acreditar na amizade silencia-se. (MILLER, 2008). 
O abuso intrafamiliar ocorre dentro das famílias e geralmente dentroda própria casa por 
uma pessoa próxima, sendo o pai o abusador mais constante, trazendo mais prejuízos à 
criança, pois envolve uma quebra de confiança com as figuras parentais (DE ANTONI E 
KOLLER, 2003). 
Segundo Cohen (1993), nas situações de abuso intrafamiliar, o pai era o abusador em 
41,6% dos casos, 20,6% os padrastos, 13,8% o tio, 10,9% o primo e 3,7% o irmão. 
Fuks (2006) confirma estes dados mostrando que quase 75% das vítimas conhecem o 
agressor, dos quais 50% pertencem à família, sendo o pai o abusador mais freqüente e em 
25% dos casos o padrasto. 
A criança abusada sexualmente deixa de ser sujeito e passa a ser objeto de prazer do 
agressor, atacando sua vulnerabilidade. (JUNQUEIRA, 1999) 
Segundo Miller (2008), o abuso é seguido por ameaças para coagir a criança a manter 
segredo. Com o abuso intrafamiliar, a criança também se sente desprotegida pelo seu 
responsável e se cala. 
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Quando o abusador percebe que a criança compreende seus atos como abuso ou algo 
anormal, tenta inverter os papéis colocando a vítima como culpada por aceitar seus afetos. 
(PFEIFFER E SALVAGNI, 2005). Sandersons (2005) afirma que quanto mais próxima for a 
relação entre a criança e o abusador, maior será o sentimento de traição e suas 
consequências. 
As consequências do abuso sexual podem ser devastadoras para o desenvolvimento físico, 
social e psíquico da criança, podendo implicar outras questões diretamente ligadas à 
sexualidade. (MORGADO, 2001). 
Em relação às formas de enfrentamento da situação, segundo Flores & Caminha (1994), 
ocorre um despreparo generalizado envolvendo desde os profissionais da área da saúde, 
educadores e juristas até as instituições escolares, hospitalares e jurídicas em manejar 
adequadamente os casos de abuso sexual. 
A reflexão estabelecida até o presente momento parece denunciar a gravidade do fenômeno, 
uma vez que as conseqüências deste para a vítima podem ser traumáticas. O abuso sexual, 
sendo ele de caráter incestuoso ou não, deixa a criança numa sensação de total desamparo. 
Considerando que o atendimento às vítimas de abuso sexual constitui-se em um desafio aos 
diversos profissionais que podem estar envolvidos na situação, a presente pesquisa tem 
como objetivo verificar qual a contribuição da psicanálise a respeito das conseqüências do 
abuso sexual infantil no processo de desenvolvimento da criança. O foco principal será dado 
aos prejuízos do abuso sexual infantil incestuoso, uma vez que acontece com maior 
freqüência, e compreender este fenômeno que está cada vez mais recorrente em nossa 
sociedade. Considera-se a relevância da pesquisa a medida que é preciso aperfeiçoar o 
aparato teórico sobre o tema visando fornecer diretrizes precisas para uma intervenção mais 
satisfatória, seja ela do ponto de vista do tratamento ou da prevenção. 
 
2. Referencial teórico 
2.1. Psicologia do Desenvolvimento 
 A visão atual da infância como um período específico pelo qual todos passam é uma 
construção definida no momento presente. Segundo Rocha (2002) a concepção de que 
todos os indivíduos nascem bebês e serão crianças até um determinado período, 
independente da condição vivida, é inegável, entretanto, tal pressuposto nem sempre foi 
considerado dessa maneira e por diversos períodos se questionou qual era o tempo da 
infância e quem era a criança. O historiador Philippe Ariès (1981), considerado o precursor 
da história da infância, mostra que o conceito ou a idéia que se tem da infância foi sendo 
historicamente construído sendo que a criança durante muito tempo não foi vista como um 
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ser em desenvolvimento, com características e necessidades próprias, mas sim, como um 
pequeno adulto. 
Ariès (op. Cit) ressalta que as crianças recebiam cuidados especiais apenas em idade 
precoce e a partir dos três, quatro anos de idade participavam de atividades inadequadas, 
como orgias e eram alvo de todo tipo de atrocidades. 
Líderes religiosos no final dos séculos XVII e XVIII começaram a chamar atenção da 
sociedade para o fato de as crianças serem almas inocentes e frágeis devendo ser 
protegidas dos maus tratos e afastadas de assuntos ligados ao sexo, apontando as 
inadequações destas vivências na formação do caráter e da moral dos indivíduos. As 
crianças passaram a partir de então a freqüentar escolas e além de aprenderem sobre a 
religião e a moral, aprendiam a ler e a escrever. 
Foi no final do século XIX e início do século XX que a concepção de infância começou a se 
modificar e passou a ser considerada uma etapa de vida merecedora de cuidados e atenção. 
A infância passou a ser reconhecida como uma fase distinta da vida, além da compreensão 
de que as crianças possuíam necessidades diferentes das do adulto 
No século XX houve uma preocupação mais ampla e mais sitemática com o estudo da 
criança e com a necessidade de educação formal, constatando a importância de ampliar e 
focar o estudo sobre o desenvolvimento da criança. Quando a infância passou a ser vista 
como uma fase especial, ela passou a ser observada e estudada como um processo de 
desenvolvimento. Nesse momento, surge a ciência do comportamento infantil que se iniciou 
como uma tendência de descrever os comportamentos típicos de cada faixa etária e 
organizar extensas escalas de desenvolvimento. A partir da elaboração de escalas, o 
desenvolvimento de cada criança poderia ser medido e comparado com o que se esperava 
para a sua faixa de idade. 
A psicologia do desenvolvimento surge então a partir destas primeiras propostas de 
descrição dos comportamentos típicos da criança em cada faixa etária e evoluiu para 
teorizações cada vez mais complexas do comportamento infantil sendo seu objetivo principal 
descrever e explicar como a partir de um equipamento inato (inicial) o sujeito vai sofrendo 
uma série de mudanças decorrentes de sua própria maturação (fisiológica, neurológica e 
psicológica) envolvendo variáveis afetivas, cognitivas e biológicas. (SHAFFER, 2005) 
O foco da Psicologia do Desenvolvimento é compreender as mudanças que ocorrem no 
indíviduo e quais são as condições internas e externas que promovem e afetam essas 
mudaças de forma contínua, ordenada, padronizada e relativamente permanente. As 
variáveis internas estão intimamente ligadas ao processo de maturação que corresponde ao 
desenvolvimento biológico do indivíduo necessário para o desenvolvimento, e ligadas às 
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variáveis externas está o processo de aprendizagem. É a partir da aprendizagem que os 
eventos vividos na infância têm papel significativo para o futuro, pois o processo de 
desenvolvimento é cumulativo e contínuo. (MOTA, 2005; RAPPAPORT,1981). 
 
2.2. Psicanálise e Desenvolvimento infantil 
A psicologia do desenvolvimento tem como objetivo descrever e explicar os comportamentos 
típicos de cada idade. Através de observações do comportamento do indivíduo a 
psicologia do desenvolvimento busca compreender as mudanças que ocorrem no decorrer 
da vida. Para a psicologia do desenvolvimento a infância não ocorre da mesma forma para 
todas as crianças e as histórias se diversificam a cada experiência, entretando as mudanças 
que ocorrem no decorrer do desenvolvimento em todo indivíduo atuam de forma contínua, 
ordenada e padronizada. As crianças são naturalmente dotadas de capacidade e aptidões 
que ao longo do tempo amadurecem, aperfeiçoam e evoluem até se tornarem adultos. O 
infantil para a psicologia do desenvolvimento é próprio da infância cronológica, ou seja, o 
indivíduo em desenvolvimento deixa de ser infantil. 
Em contrapartida, para a psicanálise o infantil é entendido como inscrições marcadas no 
inconsciente presente por toda vida e irredutível a dimensão cronológica e evolutiva. 
A psicanálise abordou o desenvolvimentoinfantil através de um procedimento diferente. No 
início do século XX, Freud afirmou que as primeiras relações e vivências ocorridas na 
infância têm grande importância e podem definir o desenvolvimento da vida adulta. Para o 
autor, em todas as fases da vida existia a presença de processos inconscientes e da 
sexualidade infantil, ao contrário do que a psicologia do desenvolvimento acreditava. 
Segundo Freud (1916/1917) o desenvolvimento humano se dá pelo desenvolvimento 
psicossexual da criança, através de processos inconscientes. Em suas investigações sobre 
a neurose percebeu que a grande maioria dos conflitos e desejos reprimidos do adulto 
referia-se a conflitos de ordem sexual ocorridas nos primeiros anos de vida dos indivíduos e 
então observou que as ocorrências deste período de vida deixavam marcas profundas na 
estruturação da personalidade. 
Ao mesmo tempo em que Freud sustentava a hipótese de que os sintomas da histeria eram 
originados por uma situação de sedução sexual vivida na primeira infância, onde um adulto 
perverso foi seu agente, começou a questionar a existência material dessa sedução. É 
nesse momento que Freud iniciou uma investigação geral a respeito do tema sexualidade, e 
introduziu a fantasia na constituição das cenas rememoradas que irão imprimir as 
lembranças da infância. Agora, o infantil é deslocado da realidade vivida para a realidade 
psíquica, atravessada pela fantasia e marcada pelo recalque. 
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Freud abandona a teoria da sedução e percebe que as crianças têm vida sexual, excitações 
e necessidades sexuais e alguma forma de satisfação que, entretanto, não estão 
relacionadas ao coito. Afirma que é errôneo pensar que a vida sexual só começava na 
puberdade e cita que desde o nascimento, o bebê apresenta dois tipos de pulsão, uma que 
está intimamente ligada à autoconservação e outra relacionada à busca de prazer, a pulsão 
sexual. 
Segundo Freud, é através da boca que o bebê começa a provar e a conhecer o mundo. A 
primeira vez que o bebê procura o seio da mãe busca o seu sustento e sobrevivência, mas à 
medida em que ele mama vive uma experiência de prazer que fica marcada em seu 
psiquismo. A segunda vez em que ele mama será pela busca da autoconservação e ao 
mesmo tempo do prazer, caracterizada pela atividade sexual. 
Para Freud, a sexualidade infantil é tida como uma série de excitações e de atividades 
presentes desde a infância que proporcionam um prazer no próprio corpo, pois a função 
sexual está intimamente ligada à sobrevivência, ou seja, os primeiros impulsos da 
sexualidade em uma criança têm o aparecimento ligado às funções vitais, tendo a 
sexualidade um suporte biológico (boca, zona anal, zona genital). 
Freud denominou como libido a energia afetiva original, que mobiliza o organismo na 
perseguição de seus objetivos. A libido sofre progressivas organizações durante o 
desenvolvimento, cada uma das quais suportadas por uma organização biológica emergente 
em cada período. As excitações sexuais estão localizadas em algumas partes do corpo, 
conhecidas como zonas erógenas, ocorrendo uma modificação das formas de gratificação e 
da relação do bebê com o objeto ao longo do desenvolvimento. Essas modificações são 
classificadas por Freud em quatro fases: oral, anal, fálica e genital. 
A fase oral consiste nos primeiros seis meses de vida do bebê (do nascimento ao desmame), 
a boca é a zona erógena e proporciona ao bebê não apenas a satisfação de se alimentar no 
seio da mãe, mas, sobretudo o prazer de sugar, isto é, de pôr em movimento os lábios, a 
língua, o palato, numa alternância ritmada. Neste momento a satisfação oral é devida o 
prazer da sucção sobre um objeto que se tem na boca e que faz com que a cavidade bucal 
se contraia e relaxe sucessivamente. A pulsão se satisfaz por apoio na pulsão de 
autoconservação e essa satisfação se dá graças ao seio materno. O seio é o primeiro objeto 
de ligação infantil e o despositário de seus primeiros amores e ódios. A atividade sexual se 
apóia primeiramente na função que serve à preservação da vida, e depois torna-se 
independentemente delas. A atividade de sucção ao seio é abandonada, e a criança o 
substitui por uma parte do ser corpo, como o polegar. A criança descobre as regiões 
excitáveis do seu corpo e passa da sucção à masturbação. Ocorre o auto-erotismo que se 
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caracteriza pela ausência de um objeto sexual exterior, pois a pulsão sexual perde seu 
objeto. A pulsão não está dirigida a outra pessoa, e sim, a si próprio. A criança não conhece 
outro objeto sexual, sendo auto-erótica, e seu alvo sexual está sob domínio de uma zona 
erógena. O alvo sexual da pulsão infantil busca a satisfação mediante a estimulação da 
zona erógena, que de algum modo foi escolhida. O termo auto-erotismo é introduzido por 
Freud para caracterizar um estado original da sexualidade infantil anterior ao do narcisismo, 
no qual a pulsão sexual, ligada a um órgão ou à excitação de uma zona erógena, encontra 
satisfação sem recorrer a um objeto externo. O narcisismo é o estado em que, a fim de 
incorporar o outro real e transformá-lo em fantasia, o bebê toma o lugar do objeto sexual e 
se faz amar. Antes de fazer do outro sua fantasia, ele próprio se faz fantasiado. Ele ama a si 
mesmo como um objeto sexual. 
A fase anal desenvolve-se durante o segundo e terceiro ano de vida, onde o orifício anal é a 
zona erógena dominante. Os bebês têm sensações prazerosas de duas maneiras, expulsiva, 
onde os bebês sentem prazer no processo de evacuação da urina e das fezes e conseguem 
dispor destes atos de maneira que lhes tragam a máxima produção de prazer, ou o bebê 
obtém prazer na retenção das fezes, controlando seus objetos internos. A excitação anal é 
provocada por um ritmo particular do esfíncter, quando ele se contrai para reter e se dilata 
pra evacuar. É nesse momento que o bebê se defronta com o mundo externo, com as forças 
inibidoras e hostis ao seu desejo de prazer, uma vez que, nesse momento o bebê não deve 
eliminar suas excreções a qualquer momento e passa a renunciar. A essa fonte de prazer 
ocorrendo a troca do prazer pelas normas sociais. Essa fase é caracterizada pela 
organização da libido sob a primazia da zona anal. A energia da pulsão sexual é a libido e 
seu objetivo é a satisfação. 
A vida sexual da criança está focada na obtenção de prazer através do próprio corpo e em 
um objeto externo, essa fase é conhecida como a fase fálica que precede o estado final do 
desenvolvimento sexual. A fase fálica se estende dos três aos cinco anos de idade, onde a 
erotização passa a ser dirigida para os genitais. O prazer sexual nessa fase resulta das 
caricias masturbatórias e de toques ritmados das partes genitais. No início dessa fase fálica, 
os meninos e as meninas não fazem distinção de sexo, eles acreditam que todos os seres 
humanos têm ou deveriam ter o falo. Não é o órgão peniano que prevalece nessa fase, mas 
a fantasia desse órgão, ou seja, a fantasia que o falo seja o símbolo do poder. A diferença 
entre os sexos (homem/mulher) é percebida pela criança como uma oposição entre os 
possuidores do falo e os seres privados do falo (castrados). Nessa fase para os meninos o 
objeto de pulsão, de satisfação é diferente do objeto de pulsão e satisfação da menina, onde 
a satisfação fálica tem valores distintos. Para o menino, o objeto de pulsão é a mãe 
fantasiada e para a menina o objeto primeiramente é a mãe fantasiada e num segundo 
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momento o pai. O menino entra no Édipo e começa a manipular seu pênis, entregando-se 
as fantasias ligadas à sua mãe. Este está ligado ao apego da mãe como seu objeto sexual e 
um apego ao pai como modelo a ser imitado, um ideal que ele próprio gostaria de se 
transformar. O encontro desses dois sentimentos(o desejo pela mãe e o amor pelo pai) 
resulta o complexo de Édipo normal. Com a combinação da ameaça de castração proferia 
pelo pai e da angústia provocada pela percepção do corpo feminino (privado de falo), o 
menino acaba renunciando ao amor pela mãe. O menino perde seu objeto mãe para se 
submeter à lei universal da proibição do incesto, que o pai lhe ordena a respeitar sob pena 
de privá-lo do seu falo. O Édipo masculino se organiza com a chegada da angústia de 
castração, ou seja, pelo medo de ser privado da parte do seu corpo que é o seu objeto mais 
estimável. Na menina o grande acontecimento durante o Édipo é a decepção que sente ao 
constatar a falta do falo, trazendo um sentimento de decepção que se mistura com rancor e 
assumirá um afeto de inveja. A inveja do pênis, do falo. A inveja do pênis se transforma no 
desejo de ter um filho do pai e mais tarde no desejo de ter um filho do homem eleito. A inveja 
é seguida pela angústia de perder o “falo” que é o amor vindo do amado, a castração da 
menina é a angústia de perder o amor do seu amado. A junção dos sentimentos de inveja do 
falo e a angústia de perder o amor decidirá sobre o desfecho do complexo de Édipo 
feminino. É na cena edípica que a questão do outro é introduzida, pois o outro é reduzido e 
apresentado através da fantasia, do sonho e do seu próprio desejo. É nesse momento que o 
pai se faz presente para a criança formatando uma situação triangular. A função paterna se 
faz necessária para o complexo de Édipo, pois é a partir da existência desse outro que tanto 
a menina ou o menino renuncia seu objeto de desejo para sua autopreservação introduzindo 
a lei. 
Por fim, a fase genital ocorre na adolescência quando o objeto de erotização não está mais 
no próprio corpo, e sim na procura em um objeto externo (o outro), e assim começam a 
buscar formas de satisfazer suas necessidades. A pulsão sexual está subordinada à função 
reprodutora. “O desfecho do desenvolvimento constitui a chamada vida sexual normal do 
adulto, na qual a obtenção de prazer fica a serviço da função reprodutora, e as pulsões 
parciais, sob o primado de uma única zona erógena, formam uma organização sólida para a 
consecução do alvo sexual num objeto sexual alheio. As forças motoras sexuais devem ser 
armazenadas, e somente liberadas na puberdade, e quando assim não for, explica porque 
as experiências infantis são patogênicas.” (FREUD, 1905, p. 186) 
Como explicitado acima, Freud afirma que são as impressões dos anos iniciais que se 
apresentam como distúrbio na vida adulta, por isso a importância do papel dos pais na 
formação dos vínculos iniciais e futuros na vida de uma criança. 
A construção da criança começa antes mesmo de nascer biologicamente. Ela já é marcada 
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pelo desejo inconsciente dos pais, ocupando um lugar em seu imaginário. A criança já tem 
um lugar marcado simbolicamente para esses pais e ao nascer vai construindo sua 
identidade pela sexualidade e pela linguagem, através de sua relação com os modelos 
afetivos. Ao nascer, o bebê traz consigo marcas do renascimento do narcisismo parental. 
Será a partir do narcisismo dos pais que a criança poderá constituir seu próprio narcisismo, 
para depois dar lugar a um “eu”, através dos cuidados sediados na relação primordial com a 
mãe. 
A primeira relação social da criança se dá a partir da relação mãe e filho, pois o bebê 
quando nasce continua sendo um ser frágil que precisa interagir com o meio ambiente para 
desenvolver-se. Freud indica o papel fundamental que os cuidados maternos exercem na 
vida de todo ser humano ao falar que o bebê sente-se desamparado ao nascer, e o papel da 
mãe é de ampará-lo. 
Ainda que indefeso o que possa faltar a uma criança é compensado e fornecido pela mãe, 
pois esta propicia a satisfação de todas as necessidades da criança. (PIO, 2007). 
A primeira ligação do bebê com a mãe é através do seio e o prazer que este propicia. Freud 
afirma que o prazer oral vivido pela criança constituirá a base das futuras ligações afetivas. 
O processo de progressivas ligações emocionais começa com o amor que a criança 
inicialmente dirige ao seio e posteriormente o afeto reconhecerá a mãe, o pai, e outros 
objetos do mundo. 
Segundo Coppolillo (1990) a função materna é essencial para a organização psíquica da 
criança e sua constituição como sujeito, pois é a partir dessa relação que a criança 
conquista a capacidade de se relacionar com o resto do mundo. 
Pio (2007) adverte que quando acontece alguma falha na relação entre mãe e filho, algo se 
perde e não poderá ser recuperado mais tarde. 
Existe uma forte ligação entre as experiências de um indivíduo com seus pais e a sua 
capacidade posterior para estabelecer vínculos afetivos. Os padrões de relacionamento com 
os cuidadores ou os modelos de apego desenvolvidos ao longo da vida se integram à 
estrutura da personalidade como modelos internos e gerais do funcionamento determinando 
as características do self nas diversas situações da vida. (BOWLBY, 1989) 
Segundo Abreu (2005) as crianças com apoio e segurança em períodos de 
desenvolvimentos tornar-se-ão adultos seguros e confiantes, enfrentando mais habilmente 
as tarefas, e as situações difíceis, assim como se saindo melhor em suas relações afetivas. 
A família, principalmente os pais devem oferecer valores, papéis, apoio, cuidado e objetos, 
que interiorizados pelo bebê, o ajuda a estabelecer sua identidade. 
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O desenvolvimento infantil, considerado a partir da psicanálise, pressupõe o bebê humano 
como alguém que nasce totalmente dependente. Os cuidados de que necessita e que 
inspira seus pais, vão além de suas necessidades biofísicas, “não se vê por aí pais apenas 
dando comida e limpando excrementos” (CAVALCANTI, 2005, p. 8). Em cada uma destas 
atividades há um investimento afetivo que para a psicanálise chama-se libido como vimos 
acima. O pai ou a mãe são capazes neste processo de modificar o tom de voz, a postura e, 
principalmente, antecipar qualidades e capacidades que o bebê objetivamente ainda não 
possui. Tudo isso em função do que as crianças representam para cada um dos pais: “o que 
fomos um dia, o que gostaríamos de ser (nossos sonhos) e o que reconhecemos como o 
melhor em nós” (DUNKER, 2006, p. 14). 
É possível pensar então a partir desta perspectiva, que as crianças nascem com lugares 
determinados na relação familiar, esse lugar não é um espaço físico, como uma casa ou 
mesmo o quarto do bebê, mas um espaço psíquico criado pelo desejo dos pais, que 
tomarão o corpo do filho não como um mero pedaço de carne, mas como extensão da vida 
deles. 
 
3. Metodologia 
A metodologia da pesquisa baseou-se em um levantamento bibliográfico de artigos para 
verificar como a psicanálise pode contribuir com seus pressupostos teóricos para o 
entendimento do tema. A base de dados para a pesquisa foi: Scielo, Bireme, LILACS, BVS - 
Literatura Científico-Técnica e na biblioteca da Sociedade Brasileira de Psicanálise- SBPSP. 
Considerando estas bases foram selecionados 12 artigos que atenderam aos critérios 
referentes ao objetivo do trabalho. 
 
4. Resultados e Discussão 
Foram pesquisados 12 artigos científicos que serão apresentados a seguir. 
Em relação ao tema do abuso sexual e as conseqüências para o desenvolvimento da 
criança, o artigo de Fuks (1998) “ABUSO SEXUAL DE CRIANÇAS NA FAMÍLIA: 
REFLEXÕES PSICANALÍTICAS” propõe uma reflexão sobre o abuso sexual infantil e 
mostra que o abuso sexual afeta e altera a história do sujeito, e dependendo do 
processamento da situação traumática pode chegar a afetar a geração seguinte. Ressalta 
que “os adultos que sofreram abuso na infância ficam lesados em sua auto-estima, e em 
conseqüência disso, a vulnerabilidade das mulheres em relação a homens sexualmente 
exploradoresaumenta, e sua capacidade de proteger os filhos diminui”. (FUKS, 1998, p. 
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12 
123). 
Freqüentemente o abusador reproduz os modelos de violência que vivenciou em sua 
infância, gerando o ciclo da violência, porém é importante ressaltar que nem todas as 
vítimas tornam-se agressores. Fuks revela que as crianças e os adolescentes que 
sofreram abuso sexual apresentam comportamentos como sentimento de culpa, depressão, 
baixa auto- estima, timidez, agressividade, medo, embotamento afetivo, isolamento, 
dificuldade em confiar nos outros, alterações de sono, dores abdominais, fugas de casa, 
sexualidade exacerbada, etc. 
Entre os efeitos a curto prazo, observou-se a aparição de fobias, atraso escolar e enurese, 
mais tarde notou-se a gravidez na adolescência e tentativas de suicídio. 
Referindo-se ao desenvolvimento psicológico e emocional da criança, em seu artigo 
científico sobre as “CONSEQUÊNCIAS DO ABUSO SEXUAL INFANTIL”, Fuks (2006) 
caracteriza que “o abuso sexual representa uma verdadeira catástrofe na vida de uma 
criança e produz uma devastação da estrutura psíquica que afeta seus distintos aspectos”. 
(FUKS, 2006, p. 41) 
A autora afirma que a criança abusada sexualmente vivencia uma situação de ameaça e 
desamparo, sendo a angústia experimentada de morte. O sentimento de desamparo é 
conseqüência da quebra de confiança das figuras que esperava proteção amorosa. Ressalta 
que a condição da criança como sujeito é abolida e o agravante é que a violência exercida 
pelo adulto, que deveria ser referência de modelo para suas relações futuras foi o 
responsável pela anulação da sua própria subjetividade. A criança sente-se traída e ao 
mesmo tempo culpada, pois é levada a fantasiar que foi a causadora de sua própria situação 
de abuso, criando-se um vínculo maior em relação ao silêncio. 
Sobre o papel da mãe frente a descoberta do abuso incestuoso contra sua filha, Fuks em 
sua investigação clínica dos casos revela a presença de contradições e ambigüidade na 
atitude da mãe, ora sente ciúmes e rivalidade, ora sente-se culpada. Cita que a mãe tende a 
recusar o abuso contra a filha como forma de negar para si mesma que não fez o seu papel, 
o de provir proteção. 
No artigo “VIOLÊNCIAS SEXUAIS: INCESTO, ESTUPRO E NEGLIGÊNCIA FAMILIAR”, 
PRADO E PEREIRA (2008) descreveram o caso de uma mulher de 41 anos, vítima de 
incesto dos sete aos 12 anos de idade, seguido de duas situações de estupro, que 
implicaram em um aborto e no nascimento de uma menina, com sete anos na ocasião do 
estudo. As autoras observaram que a paciente apresentava-se fragilizada, sem autonomia, 
totalmente dependente e com diagnóstico de borderline. Citam que a paciente não 
encontrou na mãe alguma forma de apoio, e acrescentam que existe uma diferença 
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significativa quanto aos fatores traumáticos internos decorrentes do abuso sexual, quando a 
criança encontra na mãe uma figura de proteção e quando não encontra. Por isso o cuidado 
necessário para a vítima e para os familiares são essenciais. 
A imagem que a criança tem de si e do mundo torna-se distorcida, ocorrendo uma confusão 
na percepção de si mesma, e de suas emoções, pois a vivência traumática ocorre em um 
período de grande vulnerabilidade, no qual a criança está desenvolvendo sua capacidade de 
elaboração psíquica. Afirmam que o abuso sexual infantil intrafamiliar promove uma 
desarticulação de todos os vínculos sejam eles sociais, familiares ou pessoais, pois a 
criança não encontra mais no pai um modelo de respeito às leis, e a perturbação reforça 
uma sensação de culpa. 
No artigo a “VISÃO DO ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA” as autoras 
PFEIFFER E SALVAGNI (2005) tinham como objetivo revisar os aspectos peculiares que 
envolviam o abuso sexual na infância e na adolescência através da revisão da literatura 
nacional e internacional entre 1988 a 2005. Através da síntese de dados, as autoras 
publicaram que é possível notar que quando o abuso é revelado, a mãe geralmente reage 
com ciúmes e rivalidade colocando na filha a responsabilidade pelo ocorrido. A mãe sofre 
pela responsabilidade de reconhecer talvez seu fracasso como mãe e como esposa. 
A partir de observações clínicas e investigações sobre o tema de abuso infantil, Guiter 
(2000) em seu artigo “ABUSO SEXUAL: DAÑO EM LA CONSTITUCIÓN DEL PSIQUISMO 
IINFANTIL” revela que as crianças abusadas sexualmente sentem uma verdadeira 
ansiedade traumática. Explica que essa ansiedade é promovida pelo sentimento de culpa, 
pois sentem que seduziram o abusador. Através das possíveis identificações com o agressor 
a criança pode armazenar em sua estrutura psíquica sua própria destruição através da 
cólera. Guiter pontuou que estudos de adulto que sofrem de múltiplas personalidades, 
mostram que todos sofreram com frequência algum tipo de maus-tratos. A sua capacidade 
de elaborar mecanismos de defesa para enfrentar a vida cotidiana é destruida, passando por 
uma traição emocional. 
No artigo “COMPREENDENDO AS MÃES DE CRIANÇAS VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL: 
CICLOS DE VIOLÊNCIA”, as autoras Dell’ Aglio, e Santos tinham como objetivo fazer o 
levantamento bibliográfico e discutir as características de mães de crianças vítimas de 
abuso sexual, para tal, discutiu-se também as conseqüências do abuso. As autoras citam 
que entre as conseqüências que o abuso pode acarretar às crianças vitimadas são o 
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), Transtorno Dissociativo, Transtorno 
Depressivo Maior, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtornos 
Alimentares. Podem apresentar sentimentos de culpa, baixa auto-estima, timidez, 
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agressividade, medo, embotamento afetivo, isolamento, dificuldade em confiar nos outros, 
alterações no sono, dores abdominais, fugas de casa, mentiras, sexualidade exacerbada e 
desesperança em relação ao futuro. Revelam que o comportamento da mãe frente o abuso 
pode influenciar negativa ou positivamente no desenvolvimento da criança. (DELL’ AGLIO E 
SANTOS, 2008) 
Em a “INFÂNCIA E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: FRONTEIRAS DO CONHECIMENTO”, 
Cohen (2000) afirma que as consequências mais observadas em crianças e adolescentes 
são a depressão, agressividade, medo, sexualidade exacerbada e dificuldade em confiar 
nos outros. 
O artigo “ETIOLOGY OF CHILD MALTREATMENT: A DEVELOPMENTAL-ECOLOGICAL 
ANALYSIS” do autor Belsky (1993) refere que entre as conseqüências que o abuso sexual 
pode acarretar às crianças e adolescentes estão o transtorno de estresse pós-traumático 
(TEPT), transtorno dissociativo, Transtorno depressivo, TDAH, e transtorno alimentares. 
López (1997) em seu artigo ”EFECTOS DEL ABUSO SEXUAL EM EL DESARROLLO 
PSICOLÓGICO DE LA NIÑA” teve como objetivo apresentar e discutir as conseqüências do 
abuso sexual infantil que observou em seus atendimentos clínicos. Cita que tanto as 
crianças e as mulheres adultas que procuravam o atendimento não revelavam o abuso 
sexual. Percebeu que a problemática só era trazida com o passar do atendimento e 
percebeu que as mulheres que procuravam a clínica não tinham consciência que os sitomas 
que apresentavam estavam relacionados ao abuso sofrido na infância. A autora afirma que 
os sintomas mais observados em crianças que sofreram o abuso eram problemas de 
aprendizagem, transtorno psicossomático, sexualidade exarcebada, culpa, fobias e medos 
noturnos. Entre as conseqüências mais observadas em mulheres eram a depressão, a 
ansiedade e problemas de relacionamento, vividos por diversas vezes de forma violenta. 
Afirma que em alguns casos, as mulheres apresentavam sexualidade exacerbada e que, por 
diversas vezes tinham uma imagem confusa de si mesmas e fobias. 
O artigo “ALGUNS ASPECTOS OBSERVADOS NO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS 
VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL”teve como objetivo fazer uma revisão da literatura para 
apontar as conseqüências do abuso sexual infantil. A partir da revisão teórica as autoras 
mencionam que as principais reações iniciais das vítimas são o medo, depressão, 
ansiedade, raiva, hostilidade e comportamento sexual inapropriado. Revelam que as 
mulheres abusadas sexualmente na infância manifestavam depressão, comportamento 
autodestrutivo, ansiedade, sentimentos de isolamento, baixa auto-estima e tendência à 
revitimação e abuso de substâncias. (AMAZARRAY E KOLLER, 1998) 
No artigo “IMPACT OF SEXUAL ABUSE ON CHILDREN: A REVIEW AND SYNTHESIS OF 
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RECENT EMPIRICAL STUDIES” os autores analisaram estudos recentes sobre o efeito do 
abuso sexual em crianças e adolescentes, e dividiram as conseqüências de acordo com as 
idades pré-escolar (0 a 6 anos), escolar (7 a 12 anos) e adolescência (13 a 18 anos). Os 
sintomas mais comuns em pré- escolares são: ansiedade, pesadelo, transtorno de estresse 
pós-traumático e comportamento sexual inapropriado; em crianças em idade escolar os 
sintomas mais comuns são: medo, distúrbio neurótico, agressão, pesadelos, problemas 
escolares, hiperatividade e comportamento regressivo. Na adolescência, os sintomas mais 
comuns são: depressão, isolamento, comportamento suicida, auto-agressão, queixas 
somáticas, atos ilegais, fuga, abuso de substâncias e comportamento sexual inadequado. 
(KENDALL- TACKETT, WILLIMS E FINKELHOR 1993) 
.Caminha (1999) em “A VIOLÊNCIA E SEUS DANOS À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE” 
aponta que uma das conseqüências do abuso sexual infantil está relacionado a falta de 
prazer no sexo ou de autonomia por parte dos vitimizados, além da promiscuidade, 
distúrbios na sexualidade e a tendência à prostituição. (CAMINHA, 1999 apud CAMINHA, 
2000) 
No artigo “VIOLÊNCIA E ABUSO SEXUAL INFANTIL: UMA PROPOSTA CLÍNICA” a autora 
discute o abuso sexual infantil a partir de conceitos de violência, com seus aspectos 
históricos e contextuais passando pelas questões relacionadas à constituição de sujeito. 
Afirma que na tentativa de construir outra história a vítima tenta superar através do 
esquecimento do abuso, abrindo mão de sua identidade ao percebê-lo como insuficiente 
para conter suas experiências. Acrescenta que alguns aspectos, como a reação da família 
diante do abuso, o tratamento psicológico, as redes sociais de apoio, os aspectos da cultura 
e, além das singularidades de cada individuo, representam aspectos capazes de tornar cada 
experiência de ordem pessoal e única. (JUNQUEIRA, 2002) 
De acordo com os artigos levantados, o abuso sexual infantil intrafamiliar tem 
conseqüências catastróficas no desenvolvimento do sujeito. Segundo Cohen, Ferraz e 
Segre (1996), o abuso sexual cometido por alguém da família, se configura, além da relação 
genital, também no âmbito psíquico de suas relações. A criança se encontra em uma fase de 
vulnerabilidade, na qual está desenvolvendo sua capacidade de elaboração psíquica. 
Para a psicologia do desenvolvimento, o processo de desenvolvimento está ligado às 
variáveis externas e internas do indivíduo. É a partir das variáveis externas ligadas à 
aprendizagem que os eventos vividos na infância têm papel significativo para o futuro. 
Freud (1916/1917) cita que são as impressões dos anos iniciais que se apresentam como 
distúrbio na vida adulta, por isso a importância do papel dos pais na formação dos vínculos 
iniciais e futuros na vida de uma criança. Afirma que o desenvolvimento humano se dá pelo 
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desenvolvimento psicossexual da criança, onde sua libido está dirigida a busca de 
autoconservação e prazer em torno de uma zona erógena, marcada pela fantasia 
inconsciente. No Édipo a libido da criança está dirigida ao outro idealizado, nesse momento 
ocorre a introdução da figura paterna para que seja possível a renuncia do objeto de desejo 
para sua autopreservação introduzindo a lei. Com a configuração do abuso sexual ocorre 
um desinvestimento de libido dirigido ao outro idealizado, que havia sido colocado no lugar 
de ideal de “eu”, ou seja, a concepção do “eu” e a visão de si próprio se torna confusa 
trazendo sentimento de medo, de não pertença e fobias. 
Considerando que a criança ao nascer já possui um lugar determinado pelo imaginário dos 
pais, vale pensar qual o lugar que a criança abusada sexualmente se encontra nesse 
imaginário. 
Para a psicanálise será a partir do narcisismo dos pais que a criança poderá construir seu 
próprio narcisismo e dar lugar a um “eu”. Com a perpetuação do abuso sexual, a criança 
tem sua identidade aniquilada e a imagem de si se torna distorcida, já que não houve a 
possibilidade de construir seu lugar. 
A primeira relação da criança se dá a partir da relação mãe e filho, pois ao nascer o bebê 
continua sendo um ser frágil que necessita de cuidados e proteção para interagir com o 
meio ambiente e desenvolver-se. Sua função é essencial para a organização psíquica e sua 
constiuição como sujeito. O bebê sente-se desamparado ao nascer e o papel da mãe é de 
ampará-lo, pois o que possa faltar à criança poderá ser compensado e fornecido pela 
mesma. Porém, frente o abuso o sentimento de desamparo é consequência da quebra de 
confiança das figuras que deveriam provir proteção. Os artigos levantados confirmam a 
importância do papel da mãe, ressaltando os distúrbios e as conseqüências do abuso 
quando a criança não encontra na mãe a figura que lhe deveria ser acessível e receptiva. 
Revelam que quando a filha não encontra na mãe o apoio necessário, o sentimento de 
traição e raiva fica mais dirigido a genitora do que no próprio agressor, já que acredita que 
ela deveria ampará-la. Pode-se inferir que o vínculo afetivo entre mãe e filha é determinante 
para as consequências que o abuso sexual pode trazer, pois é a partir da vinculação 
existente entre elas que se faz possível realizar intervenções terapêuticas mais eficazes. 
(MATIAS, 2006) 
Segundo alguns autores citados o abuso promove então, uma desarticulação de todos os 
vínculos, pois ocorre a violação de sua subjetividade. 
Segundo De Antoni e Koller (2003) quanto mais próxima for a relação do abusador com a 
vítima, maior os prejuizos à criança devido a quebra de confiança com as figuras parentais. 
O silêncio da criança é modulado pelo grau de identificação com o agressor, ou seja, quanto 
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mais próximo for a relação da criança com o abusador, maior será o seu silêncio. Pode-se 
observar que uma das conseqüências citada pelos autores é a ansiedade promovida pelo 
sentimento de culpa que as vítimas sentem, e como conseqüência permanecem em silêncio. 
O sentimento de ambigüidade também está presente, uma vez que, ora a criança sente 
afeto pelo agressor e não consegue renunciar a esse sentimento e vínculo, e ora sente-se 
culpada e fragilizada. Pode-se observar com base nas pesquisas que a partir do sentimento 
de culpa os abusados se colocam em situações de risco ou apresentam atitudes suicidas. 
A base de relacionamento que se estabelece com o agressor, é uma relação de poder, onde 
o outro é submetido a seu desejo sem que entenda a real complexidade de seu papel. A 
criança abusada sexualmente deixa de ser sujeito e passa a ser objeto de prazer do 
agressor, atacando sua vulnerabilidade. No momento em que o pai deixa de ter lugar de 
proteção, a criança começa a ter uma imagem distorcida de si própria e suas relações 
futuras podem ser permeiadas de desconfiança e desamparo. 
A família, principalmente os pais devem oferecer valores, papéis, apoio, cuidado e objetos, 
que interiorizados pelo bebê, o ajuda a estabelecer sua identidade. Muitos autores apontam 
que a depressão, o sentimento de culpa, a baixa auto-estima, a agressividade, o medo, o 
isolamento, comportamentos suicidas, comportamentosexual inapropriado e dificuldades de 
se relacionar com o outro estão entre as consequências mais frequentes do abuso sexual 
infantil. Caminha (2000) confirma que entre as conseqüências mais freqüentes estão o 
transtorno de estresse pós-traumático e os transtornos depressivos. 
Entre as conseqüências mais citadas a curto-prazo, os artigos revelam que a ansiedade, o 
medo, o transtorno pós-traumático e problemas escolares são os mais notados. Por isso, o 
atendimento tanto às crianças e adolescentes que foram abusados sexualmente como a 
relação do cuidador com esse abuso, se torna tão importante e essencial. 
 
5. Conclusão 
As consequências do abuso sexual infantil vêm tendo maior visibilidade nos dias de hoje. 
Pode-se observar que há séculos, a criança era vista como objeto sexual dos adultos não 
sendo consideradas como sujeitos exigíveis de direitos. Hoje, embasados pelo Estatuto da 
Criança e do Adolescente o abuso sexual começa a ter maior visibilidade e preocupação 
frente à sociedade. Porém, as notificações não representam a totalidade de vítimas 
abusadas sexualmente devido à relação de silêncio estabelecida em relação ao abusador. 
Segundo Fuks (1998) “a resistência a falar deriva principalmente do temor de perder o afeto 
ou a boa vontade do abusador, de que os adultos a achem culpada” (p. 125). Complementa 
afirmando que o silêncio da criança é modulado pelo grau de identificação com o agressor, 
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ou seja, quanto mais próximo for a relação da criança com o abusador, maior será o seu 
silêncio. Foi possível obsevar a partir do levantamento bibliográfico que o abuso sexual 
infantil incestuoso causa mais prejuízos a criança devido a quebra de confiança com as 
figuras de modelo. De acordo com a teoria psicanalítica, é a vivência que o bebê tem com os 
pais que vão nortear a base dos relacionamentos futuros, podendo assim, permear por 
gerações. 
O conceito de Freud sobre o desenvolvimento infantil nos ajuda a entender como o bebê 
interioriza o mundo externo através da concepção da mãe. O bebê interioriza em cada fase 
da sexualidade a libido dirigindo suas pulsões a determinados objetos e constrói sua 
identidade a partir do imaginário de seus pais. Cabe refletirmos como será a identidade 
construída por uma criança que foi violentada e sua subjetividade aniquilada. 
A necessidade da escuta qualificada se faz necessária, uma vez que a descoberta de um 
caso de abuso incestuoso provoca reações emocionais tanto na criança e na sua dinâmica 
familiar, como nos profissionais envolvidos. Em uma sociedade onde a questão da 
sexualidade ainda é um tabu, o abuso sexual fomenta discussões sobre a moral, o conceito 
de família e as reações defensivas dos indivíduos envolvidos. É importante discutir sobre o 
atendimento multidisciplinar envolvendo médicos, psicólogos, assistentes sociais, bem como 
os professores ou profissionais instituicionalizados para que a subjetividade da criança seja 
preservada, não a colocando em um lugar apenas de vítima, e sim como primeira pessoa do 
singular. 
Levando-se em consideração os elementos determinantes no impacto psicológico de 
vivência de abuso sexual, foi possível constatar como o apoio e as reações da família, 
principalmente da mãe, influenciam nos efeitos do abuso. Pode-se concluir que a criança 
mesmo com sua identidade violada, e o sentimento de desamparo, os efeitos traumáticos 
foram menores quando a vítima encontrava na mãe uma possibilidade de proteção. 
Junqueira (2002) afirma que “propor um olhar sobre o abuso implica perceber a criança 
como algo além de um sujeito da sexualidade marcado, neste caso, por uma cicatriz básica 
em sua constituição. O desamparo aparece como uma nova possibilidade de o sujeito se 
conceber como tendo vivido uma experiência de horror e submissão, mas não como algo da 
ordem uma anulação irreversível. Ao contrário, é fundamental tornar viável a este sujeito 
construir identidades que não sejam a de vítima sexual”. (p. 219) 
O presente artigo teve como objetivo propiciar o entendimento sobre as consequências do 
abuso sexual infantil e promover uma reflexão sobre o tema para os profissionais que atuam 
nessa área compreendendo as possíveis conseqüências desse abuso. Vale salientar que a 
orientação familiar e uma escuta qualificada à criança são essenciais para uma intervenção 
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satisfatória. Deve-se voltar o olhar à criança dando-a voz sobre suas angústias e 
acontecimentos, valorizando sua história. 
A capacitação dos profissionais é de suma importância para que as intervenções sejam 
feitas de forma compreensiva e contextualizada de cada caso levando-se em conta a 
dinâmica familiar e a história de vida de cada criança. 
Sobre as formas de atendimento, Fuks (1998) revela que a criança abusada ou a mãe 
buscam primeiramente a ajuda exterior de pessoas próximas, na escola ou médicos. Por 
isso a importância de ampliar o conhecimento dos profissionais em torno dessa 
problemática. Como forma de enfrentamento das vítimas, Fuks enfatiza a necessidade de 
psicoterapia familiar, incluindo não só a vítima, mas também a mãe e se possível o 
abusador, além da inserção da vítima aos contatos institucionais, já que por diversas vezes 
constatou que as famílias possuem grande resistência em socializar e inserir os filhos ao 
universo com suas normas. Completa explicitando que o profissional deve “promover falas 
que possibilitam a recuperação de sentido das experiências vividas, mas não processadas, 
ajudando na elaboração das perdas e danos narcísicos e permite prevenir a recaída das 
vítimas em culpabilizações melancólicas e principalmente em esquecimentos-recusa, que 
predispõem para a repetição”. (FUKS, 1998, p. 126) 
 
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Contato: dianahuh@gmail.com e santuza.cavalini@mackenzie.br

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