Buscar

2015-2 UNIDADE I - DIREITO DAS COISAS -

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

DIREITO CIVIL IV 
2º SEMESTRE 2015
 TURMAS: 6DIV-1 e 6DIN-1
UNIDADE I
INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS COISAS.
CONCEITO. CLASSIFICAÇÃO E CONTEÚDO DO DIREITO DAS COISAS.
DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS REAIS E PESSOAIS.
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA POSSE. TEORIAS SOBRE A POSSE. CONCEITO DE POSSE. POSSE E DETENÇÃO. QUASE POSSE E COMPOSSE. O OBJETO DA POSSE. POSSE DOS DIREITOS PESSOAIS.NATUREZA JURÍDICA DA POSSE. ESPÉCIES DE POSSE. EFEITOS DA POSSE. AÇÕES POSSESSÓRIAS À LUZ DO CPC. AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE.
 
DIREITO DAS COISAS vem a ser um conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos bens materiais ou imateriais suscetíveis de apropriação pelo homem.
Há bens jurídicos, que não são coisas, por exemplo, a liberdade, a honra, a vida. E, embora o vocábulo coisa seja, no domínio do direito, tomado em sentido mais ou menos amplo, podemos afirmar que designa, mais particularmente, os bens que são, ou podem ser, objeto de direitos reais. Nesse sentido dizemos direito das coisas. 
 CONTEÚDO DO DIREITO DAS COISAS
O conteúdo do direito das coisas está inserido no Código Civil de 2002, no Livro III da Parte Especial.
Trata primeiramente da posse – ARTS. 1.196 a 1.224.
Em seguida dos direitos reais – ARTS. 1.225 a 1.227.
OBS. O direito de propriedade – ARTS. 1.228 a 1.368-A, é o mais importante e completo dos direitos reais. 
Os direitos reais sobre coisas alheias –
1- direitos reais de gozo ou fruição - Superfície (substituiu a enfiteuse (ARTS. 1.369 a 1.377), Servidões (ARTS. 1.378 a 1.389), Usufruto (ARTS. 1.390 a 1.411), Uso (ARTS. 1.412 a 1.413), Habitação (ARTS. 1.414 a 1.416), Direito do Promitente Comprador (ARTS. 1.417 a 1.418).
2- direitos reais de garantia – Penhor (ARTS. 1.431 a 1.472), Hipoteca (ARTS. 1.473 a 1.505), Anticrese (ARTS.1.506 a 1.510). 
DISTINÇÃO ENTRE O DIREITO REAL E O DIREITO PESSOAL
A)Direito Real – é o poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos.
B)Direito Pessoal – consiste numa relação jurídica pela qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo determinada prestação. 
 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA POSSE 
TEORIAS SOBRE A POSSE
CONCEITO DE POSSE
POSSE E DETENÇÃO
QUASE POSSE E COMPOSSE
O OBJETO DA POSSE E A POSSE DOS DIREITOS PESSOAIS
NATUREZA JURÍDICA DA POSSE
ESPÉCIES DE POSSE
AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE
EFEITOS DA POSSE
AÇÕES POSSESSÓRIAS À LUZ DO CPC
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA POSSE 
 O nosso direito protege não só a posse correspondente ao direito de propriedade e a outros direitos reais como também a posse como figura autônoma e independente da existência de um título. Embora possa um proprietário violentamente desapossado de um imóvel valer-se da ação reivindicatória para reavê-lo, no entanto, e preferível valer-se da ação possessória, cuja principal vantagem é possibilitar a reintegração do autor na posse do bem logo no início da lide.
 
A posse, como situação de fato, não é difícil de ser provada.
A posse é protegida para evitar a violência e assegurar a paz social, já que a situação de fato aparenta ser uma situação de direito. É, assim, uma situação de fato protegida pelo legislador. Por exemplo, se alguém se instala em um imóvel e nele se mantém, mansa e pacificamente, por mais de ano e dia, cria uma situação possessória, que lhe proporciona direito a tal proteção. A esse direito chamamos de jus possessionis, derivado de uma posse autônoma,
Tal direito é chamado de jus possessionis, porque derivado de uma posse autônoma, independente de qualquer título. É tão somente o direito fundado no fato da posse, que é protegido contra terceiros e até mesmo contra o proprietário. O possuidor só perderá o imóvel para o proprietário, futuramente, nas vias ordinárias. Enquanto isso, aquela situação de fato será mantida. E será sempre mantida contra terceiros que não possuam nenhum título nem melhor posse.
Já o direito à posse, conferido ao portador de título devidamente transcrito, bem como ao titular de outros direitos reais, é denominado jus possidendi ou posse causal. Nesses exemplos, a posse não tem qualquer autonomia, constituindo-se em conteúdo do direito real. Tanto no caso do jus possidendi (posse causal, titulada), como no do jus possessionis (posse autônoma, sem título), é assegurado o direito à proteção dessa situação contra atos de violência, para garantia da paz social. Verifica-se que, a posse distingue-se da propriedade, mas o
mas o possuidor encontra-se em uma situação de fato, aparentando ser o proprietário. 
 TEORIAS SOBRE A POSSE
O estudo da posse é repleto de teorias que procuram explicar o seu conceito. Podem, entretanto, ser reduzidas a dois grupos – o das teorias subjetivas e o das objetivas.
A)SUBJETIVA (de Savigny)- a posse caracteriza-se pela conjugação do corpus (elemento objetivo que consiste na detenção física da coisa) e do animus (elemento subjetivo, que se encontra na intenção de exercer sobre a coisa um poder no interesse próprio – animus rem sibi habendi).
 
B)OBJETIVA – (de Ihering ) – considera o animus já incluído no corpus, que significa conduta de dono. Esta pode ser analisada objetivamente, sem a necessidade de pesquisar-se a intenção do agente. A posse, então, é a exteriorização do domínio. O Código Civil Brasileiro adotou tal teoria (Art.1.196).
POSSE
CONCEITO – Para Ihering, cuja teoria o nosso direito positivo acolheu, posse é conduta de dono. Sempre que haja o exercício dos poderes de fato, inerentes à propriedade, existe a posse,
a não ser que alguma norma (como os arts. 1.198 e 1.208, por exemplo) diga que esse exercício configura a detenção e não a posse. 
O conceito de posse, no direito positivo brasileiro, nos é dado indiretamente pelo ART. 1.196 do CCB, ao considerar POSSUIDOR todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Como o legislador deve dizer em que casos esse exercício configura detenção e não posse, o ART. 1.198 do CCB proclama -
ART. 1.198 – Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. E, no parágrafo único, estabelece presunção juris tantum de detenção – Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e a outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário. Complementa o quadro o Art. 1.208, prescrevendo – Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Portanto, o conceito de posse resulta da conjugação dos três dispositivos legais mencionados. 
 
 POSSE E DETENÇÃO
Há situações em que uma pessoa não é considerada possuidora, mesmo exercendo poderes de fato sobre uma coisa. Isso acontece quando a lei desqualifica a relação para mera detenção, como faz no ART. 1.198, 1.208 e 1.224, por exemplo. Somente a posse gera efeitos jurídicos.
Embora, a posse possa ser considerada uma forma de conduta que se assemelha a de dono, não é possuidor o servo na posse, aquele que a conserva em nome de outrem ou em cumprimento de ordens ou instruções daquele em cuja dependência se encontre. O possuidor exerce o poder de fato em razão de um interesse próprio, o detentor, no interesse de outrem. É o caso típico dos caseiros e de todos aqueles que zelam por propriedades em nome do dono. Podem ser mencionadas, ainda, como exemplos de detenção, a situação do soldado em relação às armas no quartel e a do preso em relação às ferramentas com que
com que trabalha. Tais servidores não tem posse e não lhes assiste o direito de invocar, em nome próprio, a proteção possessória. São chamados de fâmulos da posse. Embora não tenham o direito de invocar, em seu nome, a proteção possessória, não se lhes recusa, contudo, o direito de exercer a auto proteção do possuidor, quanto as coisas confiadas
a seu cuidado, consequência natural de seu dever de vigilância.
É importante lembrar, ainda, que não induzem posse, também, os atos de mera permissão ou tolerância (Art. 1.208 do CCB).
Outros exemplos de detenção por disposição expressa da lei encontram-se no Art. 1.224 – só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retomar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
 E na segunda parte do Art. 1.208 - ... Assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência, ou a clandestinidade.
Pode-se ,ainda, dizer que também não há posse de bens públicos, principalmente depois que a CF de 1988 proibiu a usucapião especial de tais bens (Arts. 183 e 191). Se há tolerância do Poder Público, o uso do bem pelo particular não passa de mera detenção consentida.
Desse modo, nem todo estado de fato, relativamente à coisa ou a sua utilização, é juridicamente posse. Às vezes é. Outras, não passa de mera detenção, que muito se assemelha à posse, mas dela difere na essência como nos efeitos.
Somente a posse gera efeitos jurídicos – esta a grande distinção. Para Ihering, a detenção acha-se em último lugar na escala das relações jurídicas entre a pessoa e a coisa. Em primeiro lugar, figuram a propriedade e seus desmembramentos, em segundo plano, a posse de boa fé, em terceiro, a posse, e por fim, a detenção.
 
 QUASE POSSE E COMPOSSE (POSSE E QUASE-POSSE).
 Para os romanos só se considerava posse a emanada do direito de propriedade. A exercida nos termos de qualquer direito real menor ( direitos reais sobre coisas alheias) desmembrado do direito de propriedade, como a servidão e o usufruto, por exemplo, era chamada de quase posse, por ser aplicada aos direitos ou coisas incorpóreas. 
Diante disso, as situações que os romanos chamavam de quase posse são, hoje, tratadas como posse propriamente dita. O ART. 1.196 do CCB, ao mencionar o termo propriedade, nele incluiu os direitos reais menores. E o ART. 1.197, ao desdobrar a posse em direta e indireta, permite o exercício da primeira (posse direta) por força de um direito obrigacional.
 
Composse – é a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa (ART. 1.199, do CCB). Será pro diviso se estabelecer uma divisão de fato para a utilização pacífica do direito de cada um. Permanecerá pro indiviso se todos exercerem, ao mesmo tempo e sobre a totalidade da coisa, os poderes de fato. Qualquer dos compossuidores pode valer-ser do interdito possessório para impedir que outro compossuidor exerça uma posse exclusiva sobre qualquer fração da comunhão.
O OBJETO DA POSSE E A POSSE DOS DIREITOS PESSOAIS 
O direito das coisas compreende tão só os bens materiais – a propriedade e seus desmembramentos. 
Tem por objeto, bens corpóreos, que hão de ser tangíveis pelo homem. Tradicionalmente, a posse tem sido entendida como reportada à coisa material, corpórea. 
 
 DOIS PRINCIPAIS EFEITOS DA POSSE 
 Não se pode compreender o conceito de posse sem analisar dois dos seus principais efeitos – a proteção possessória e a possibilidade de gerar a usucapião.
 
Porque, tanto no exame de um como no do outro efeito, evidencia-se o fato de que toda a legislação a respeito de posse atende a uma preocupação de interesse social, e não apenas ao intuito de proteger a pessoa do possuidor.
Além de permitir o desforço direto, na forma do art. 1.210, parágrafo 1º, do CCB, o direito socorre o possuidor, dando-lhe, entre outras, ação de reintegração, no caso de esbulho, a ação de manutenção, na hipótese de turbação, e o interdito proibitório, em caso de ameaça a sua posse.
Note-se que nos três casos, a proteção é dada para preservar a situação de fato, mas com o propósito de evitar recurso à violência, elemento de insegurança e desassossego social.
 Por outro lado, a posse mansa e pacífica, por um espaço de tempo fixado na lei, defere ao possuidor a prerrogativa de obter uma sentença atribuindo-lhe o domínio. De modo que a posse é, igualmente, um elemento de consolidação da situação de fato, pela subsequente aquisição da situação de direito. E, ainda aqui, ela atua como elemento de preservação da harmonia social.
NATUREZA JURíDICA DA POSSE
Para Ihering, é um direito, isto é, um interesse legalmente protegido.
 
Para Savigny, tem natureza dupla – é fato e direito. Em princípio, considerada em si mesmo, é um fato, mas, pelas suas consequências legais, pelos efeitos que gera , entra na esfera do direito.
Diante disso, é considerada a posse, um misto de fato e de direito pela maioria dos civilistas.
 3ª AULA
 ESPÉCIES DE POSSE
ESPÉCIES DE POSSE
 No capitulo I do Livro III da Parte Especial o CCB trata da posse e de sua classificação, distinguindo a posse direta da indireta, a posse justa da posse injusta, e a posse de boa fé da posse de má fé.
 No entanto, o texto legal permite que sejam apontadas outras espécies – posse exclusiva, composse e posses paralelas, posse nova e posse velha, posse natural e posse civil ou jurídica, posse ad interdicta e posse ad usucapionem, e posse pro diviso e posse pro indiviso.
 
Posse Direta ou Imediata – é a daquele que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de contrato (a posse do locatário, por exemplo, que a exerce por concessão do locador – Art. 1.197 do CCB).
Posse Indireta ou Mediata - é a daquele que cede o uso do bem ( a do locador, por exemplo). Dá-se o desdobramento da posse. Uma não anula a outra. 
 
Posse Justa – é a não violenta, clandestina ou precária (Art. 1.200 do CCB). É a adquirida legitimamente, sem vício jurídico externo.
Posse Injusta – é a adquirida viciosamente. Ainda que viciada, não deixa de ser posse, visto que a sua qualificação é feita em face de determinada pessoa. Será injusta em face do legítimo possuidor, será, porém, justa e suscetível de proteção em relação às demais pessoas estranhas ao fato.
 
Posse de Boa-Fé – configura-se quando o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa (Art. 1.201 do CCB). É de suma importância a crença do possuidor de encontrar-se em uma situação legítima. 
Posse de Má-Fé – é aquela em que o possuidor tem conhecimento dos vícios na aquisição da posse e, portanto, da ilegitimidade de seu direito. A posse de boa-fé se transforma em posse de má-fé desde o momento em que as circunstâncias demonstrem que o possuidor não mais ignora que possui indevidamente (Art. 1.202 do CCB).
OBS. Classifica-se a posse em nova ou velha quanto à sua idade:
Posse Nova – é a de menos de ano e dia. Não se confunde com ação de força nova , que leva em conta não a duração temporal da posse, mas o tempo decorrido desde a ocorrência da turbação ou esbulho.
Posse Velha – é a de ano e dia ou mais. Não se confunde com a ação de força velha, intentada depois de ano e dia da turbação ou esbulho.
Posse Natural – é a que se constitui pelo exercício de poderes de fato sobre a coisa.
Posse Civil ou Jurídica – é a que assim se considera por força da lei, sem necessidade de atos físicos ou materiais. É a que se transmite ou se adquire pelo título ( por exemplo, escritura pública).
Posse ad interdicta – é a que pode ser defendida pelos interditos ou ações possessórias, quando molestada, mas não conduz à usucapião (por exemplo, a do locatário).
Posse ad usucapionem – é a que se prolonga por determinado lapso de tempo estabelecido na lei, deferindo a seu titular a aquisição do domínio.
Posse pro diviso – é a exercida simultaneamente (composse), estabelecendo-se, porém, uma divisão de fato entre os compossuidores.
Posse pro indiviso – é aquela em que se exercem, ao mesmo tempo e sobre a totalidade da coisa, os poderes de utilização ou exploração comum do bem.
 OS EFEITOS DA POSSE
Os efeitos da posse são as consequências jurídicas por ela produzidas.
São eles:
1)a proteção possessória;
2)a percepção dos frutos;
3)a responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa;
4)a indenização por benfeitorias e o direito de retenção para garantir seu pagamento;
5)A usucapião. 
1. Proteção Possessória:
De todos os efeitos da posse, o mais importante é a proteção possessória. A proteção possessória consiste no consentimento de meios de defesa da situação de fato, que aparenta ser uma exteriorização do domínio. Para facilitar a defesa de seu domínio, a lei confere ao proprietário proteção, desde que prove que está ou estava na posse da coisa, e que fora esbulhado ou esteja sendo perturbado. Este não precisa recorrer ao juízo petitório, basta-lhe o ingresso em juízo possessório. Normalmente, o juízo possessório não ajuda alegar o domínio; já no juízo petitório, a questão de posse é secundária.
Normalmente, a defesa do direito violado ou ameaçado se faz através de recurso ao Poder Judiciário. Contudo, há casos em que a vítima tem a possibilidade de defender-se diretamente (defesa legítima) com seus próprios meios, contanto que obedeça aos requisitos legais.
Porém, a reação deve seguir imediatamente à agressão e deve se limitar ao indispensável, ou seja, os meios empregados devem ser proporcionais à agressão, pois, caso contrário, haverá excesso culposo.
A proteção conferida ao possuidor é principal efeito da posse. Dá-se de 02 modos:
pela legítima defesa e pelo desforço imediato (autotutela, autodefesa ou defesa direta), em que o possuidor pode manter ou restabelecer a situação de fato pelos seus próprios recursos;
E pelas ações possessórias, criadas especificamente para a defesa da posse (heterotutela). Quando o possuidor se acha presente e é turbado no exercício de sua posse, pode reagir, fazendo uso da defesa direta, agindo, em legítima defesa.A situação se assemelha à da excludente prevista no Código Penal.
Se, entretanto, a hipótese for de esbulho, tendo ocorrido a perda da posse, poderá fazer uso do desforço imediato. É o que preceitua o art. 1.210, parágrafo 1º do CCB.
OBS. A expressão “por sua própria força”, quer dizer: sem apelar para a autoridade, para a polícia ou para a justiça.
A legítima defesa NÃO se confunde com o desforço imediato, pois o desforço imediato ocorre quando o possuidor, já tendo perdido a posse (esbulho), consegue reagir, em seguida, e retomar a coisa. A legítima defesa somente é cabível enquanto a turbação perdurar, estando o possuidor na posse da coisa.
O desforço imediato é praticado diante do atentado já consumado, mas ainda no calor dos acontecimentos. O possuidor tem de agir com suas próprias forças, embora possa ser auxiliado por amigos e empregados, permitindo-se ainda, se necessário, o emprego de armas.
Pode o guardião da coisa exercer a autodefesa, a benefício do possuidor ou representado. Embora não tenha o direito de invocar, em seu nome, a proteção possessória, não se lhe recusa, contudo, o direito de exercer a autoproteção do possuidor, consequência natural do seu dever de vigilância.
Os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse ( art. 1.210, parágrafo 1º, 2ª parte).
Requisitos para que a defesa direta possa ser considerada legítima:
1º)é preciso que a reação se faça logo, imediatamente após a agressão.
Logo, significa dizer que, se o possuidor não puder exercer o desforço imediatamente, poderá fazê-lo logo que lhe seja possível agir. Por exemplo: alguém se encontra com o ladrão de sua bolsa dias depois do furto. Em tal hipótese, apesar do lapso de tempo decorrido, assiste-lhe o direito de fazer justiça por suas próprias mãos, se presente não estiver a polícia.
Assim, não pode ser interpretado de forma tão literal que venha a excluir qualquer intervalo. Havendo dúvida, é aconselhável o ajuizamento da ação possessória pertinente, pois haverá o risco de se configurar o crime de “exercício arbitrário das próprias razões”, previsto no art. 345 do Código Penal.
2º)A reação deve-se limitar ao indispensável à retomada da posse. Os meios empregados devem ser proporcionais à agressão.Essa forma de defesa só favorece quem usa moderadamente dos meios necessários para repelir injusta agressão. O excesso na defesa da posse pode acarretar a indenização de danos causados.
As ações possessórias são fundamentalmente três:
A ação da manutenção de posse - concedida ao possuidor que, sem haver sido privado de sua posse, sofre turbação. Através do interdito, pretende obter ordem judicial que ponha termo aos atos perturbadores.
A ação de reintegração de posse - concedida ao possuidor que foi injustamente privado de sua posse (esbulho).
O interdito proibitório - concedido ao possuidor que, tendo justo receio de ser molestado ou esbulhado em sua posse, pretende ser assegurado contra a violência iminente. Pede, portanto, ao Poder Judiciário que comine a quem o ameaça pena pecuniária para o caso de transgressão do preceito.
Ações afins aos Interditos Possessórios:
Imissão na posse: o proprietário, através da transcrição de seu título, adquire o domínio da coisa que o alienante, ou terceiros, persistem em não lhe entregar; (Ver Art. 690, CPC –Arrematação).
nunciação de obra nova: impede que nova obra em prédio vizinho prejudique o confinante; (Ver Arts. 1.299, 1.300, 1.301 e 1.302 do CCB e Art. 934, I, do CPC). 
embargos de terceiro senhor e possuidor: o legislador confere a quem, a fim de defender os bens possuídos, não sendo parte no feito, sofre turbação ou esbulho na posse de seus bens, por efeito de penhora, depósito, arresto, sequestro, venda judicial, arrecadação, partilha, ou outro ato de apreensão judicial. (Ver Art. 1.046 e seus parágrafos, do CPC). 
2. A percepção dos frutos:
Sendo vencedor na ação reivindicatória, o proprietário reivindicante tem o direito de receber do possuidor vencido a coisa reivindicada. Porém, indaga-se qual o destino dos frutos pendentes ou das benfeitorias realizadas na coisa durante a posse, e, por outro lado, o prejuízo pelos estragos e deteriorações experimentadas pela coisa principal no período. Para solucionar estas questões, o legislador deve verificar se o possuidor agia de má ou boa fé.
3. A responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa:
Também aqui é diferente a atitude do legislador, conforme a natureza da fé do possuidor.
Caso o possuidor tenha agido de boa fé, a lei determina que ele não responde pela perda ou deterioração da coisa a menos que tenha sido culpado. Entretanto, o possuidor de má fé responde pela perda ou deterioração da coisa em todos os casos, mesmo que decorrentes do fortuito ou força maior, só se eximindo com a prova de que se teriam dado do mesmo modo, ainda que a coisa estivesse em mãos do reivindicante.
4. As benfeitorias e o direito de retenção:
Ainda quanto às benfeitorias, o legislador discrimina entre o possuidor de boa e má fé.
O primeiro (boa-fé) tem direito à indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis, podendo levantar as voluptuárias que não lhe forem pagas e que admitirem remoção sem detrimento da coisa. Pelo valor das primeiras (necessárias e úteis), poderá exercer o direito da retenção, conservando a coisa alheia além do momento em que a deveria restituir.
 
Ao possuidor de má fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias, porque estas deviam ser efetuadas estivesse a coisa nas mãos de quem quer que fosse, sob pena de deterioração ou destruição.
Entretanto, ele não adquire o direito de retenção para garantir o pagamento de referida indenização. 
Benfeitoria é toda obra realizada pelo homem na estrutura de um bem, com o propósito de conservá-lo, melhorá-lo ou proporcionar prazer ao seu proprietário. As benfeitorias podem ser: necessárias, úteis ou voluptuárias, ressaltando-se que cada uma delas produz um efeito jurídico. 
Necessárias são aquelas que se destinam à conservação do imóvel ou que evitam que ele se deteriore. Exemplos: os reparos de um telhado, infiltração ou a substituição dos sistemas elétrico e hidráulico
danificados serão benfeitorias necessárias, vez que conservam o imóvel e evitam sua deterioração. 
Úteis são obras que aumentam ou facilitam o uso do imóvel. Exemplos: a construção de uma garagem, a instalação de grades protetoras nas janelas, ou o fechamento de uma varanda são benfeitorias úteis, porque tornam o imóvel mais confortável, seguro ou ampliam sua utilidade. 
Voluptuárias não aumentam ou facilitam o uso do imóvel, mas podem torná-lo mais bonito ou mais agradável. Exemplos: as obras de jardinagem, de decoração ou alterações meramente estéticas.
Fundamentação:
•Arts. 96, 97, 242, 453 a 455, 504, parágrafo único, 505, 578, 878, 964, III, 1.219 a 1.222, 1.322, 1.660, IV, 1.922, parágrafo único e 2.004, § 2º do CC.
•Arts. 628, 754, IV e § 1º e 1.118, II e III, do CPC.
5.A Usucapião:
É o modo originário de aquisição do domínio, através da posse mansa e pacífica, por determinado espaço de tempo, fixado na lei. A usucapião será estudada nas aulas referentes à propriedade, pois esse efeito da posse se fundamenta no propósito de consolidação da propriedade.
Nos termos dos artigo 1.217 e 1.218, do CCB: o
possuidor de boa-fé não responde pela
perda ou deterioração da coisa, a que não
der causa, mas o possuidor de má-fé
responde pela perda, ou deterioração da
coisa, ainda que acidentais, salvo se
provar que de igual modo se teriam dado,
estando ela na posse do reivindicante.
AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE
Dispõe o Artigo 1.204 do Código Civil que a posse se adquire desde o momento em
que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes
inerentes à propriedade.
Os MEIOS DE AQUISIÇÃO DA POSSE podem ser
classificados em originário e derivado.
 - ORIGINÁRIO: a aquisição da posse
realiza-se independentemente da anuência ou da
aquisição de um possuidor anterior, ou seja, não
existe relação de causalidade entre a posse atual
e a anterior. Por ex.: Quando há esbulho e o vício cessa.
- DERIVADO: a aquisição da posse
decorre da anuência de um possuidor
anterior e é precedida de um negócio
jurídico, existindo, portanto, relação de
causalidade entre a posse atual e a
anterior. Por ex.: A tradição.
São meios originários de aquisição da
posse: a apreensão, o constituto possessório e o exercício do direito.
• - Apreensão da coisa: recai sobre coisa
sem dono (res nullius) ou sobre coisa
abandonada (res derelicta).
• - Exercício do Direito: (arts. 1.196 e 1.204) ocorre quando o
possuidor exerce ostensivamente o direito
que pode ser objeto da ação possessória.
Constituto Possessório: (art. 1267, parágrafo único do CC)-quando o possuidor de um bem móvel, imóvel ou semovente o possui em nome próprio e passa a possuí-lo em nome alheio. Também ocorre quando o
possuidor aliena bem de sua propriedade,
mas nele permanece à outro título.
 
Nesses casos, opera-se a transmissão da posse
indireta, MAS a permanência na posse
direta.
A tradição por sua vez, constitui um
meio derivado de aquisição da posse.
 - Tradição: é a transferência da posse de
um possuidor para o outro, a entrega da
coisa.
Pode ser:
• - Real:decorre da entrega efetiva do bem;
• - Ficta:decorre de atos que simbolizam a
entrega do bem (ex: entrega das chaves);
• - Consensual:decorre do consenso entre as
partes e em regra é estabelecida por um
contrato.
QUEM PODE SER POSSUIDOR?
Art. 1.205, I e II do CC.
a) pela própria pessoa que a pretende desde que encontre no pleno gozo de sua capacidade de exercício ou de fato e que pratique o ato gerador da relação possessória, instituindo a exteriorização do domínio.
b) por representante legal ( pais, tutor ou curador) ou procurador ( representante convencional, munido de mandato com poderes especiais) do que ser possuidor, caso em que se requer a concorrência de duas vontades: a do representante e a do representado.
c) Por terceiro sem procuração ou mandato, caso em que a “ aquisição da posse fica na dependência da ratificação da pessoa em cujo interesse foi praticado o ato. “
PERDA DA POSSE
 Arts. 1.223 e 1.224 do CCB:
a)Perda da posse de coisas;
b)Perda da posse de direitos;
c)Perda de posse para o possuidor que não presenciou o esbulho. (art.. 1.224 do CC) – possuidor ausente.
d)Perda da posse mesmo contra a vontade do possuidor;
e) Perda ou Furto da Coisa Móvel e Título ao Portador. ( Art. 907 a 913 do CPC e art. 1.228 do CC )
ATENÇÃO!
II - ATOS QUE NÃO INDUZEM A POSSE:( art. 1.208 do CCB)
CESSA A POSSE DE UM SUJEITO QUANDO SE INICIA A POSSE DE OUTRO.
HAVERÁ CONTINUIDADE NA POSSE, ENQUANTO NÃO HOUVER MANIFESTAÇÃO VOLUNTÁRIA EM CONTRÁRIO. 
Em resumo, PERDE-SE A POSSE SEMPRE QUE O AGENTE DEIXA DE TER POSSIBILIDADE DE EXERCER, POR VONTADE PRÓPRIA OU NÃO, PODERES INERENTES AO DIREITO DE PROPRIEDADE SOBRE A COISA.
FORMAS DE PERDA:
a) pelo abandono: quando o possuidor, intencionalmente, se afasta do bem com o escopo de se privar de sua disponibilidade física e de não mais exercer sobre ela quaisquer atos possessórios.
Deve ser voluntário e espontâneo, sem vícios!
Não haverá abandono com presença de erro, dolo ou coação.
Ex: quando alguém deixa um livro na rua com o propósito de se desfazer dele.
Ex: alguém se ausenta indefinidamente do se bem imóvel sem deixar representante, desinteressando-se pela sua não-utilização.
b) Pela tradição: além de meio aquisitivo de posse pode ser também de perda da posse. Vale tanto pra bens móveis quanto imóveis.
Desaparece o corpus e o animus.
Bens móveis – tradição.
Bens imóveis – transfere-se o registro do título, que tem o efeito translatício do imóvel.
c) Pela perda da própria coisa: quando for absolutamente impossível encontrá-la, de modo que não mais se possa utilizá-la economicamente.
Obs: o possuidor se vê privado da posse sem querer; quando se perde um objeto em casa, não haverá a perda da posse; quando se perde na rua, enquanto se procura, não há perda da posse; havendo desistência, perdeu-se a posse.
Ex: Pássaro que fugiu da gaiola e joia que caiu no mar.
d) pela destruição da coisa: decorrente de um evento natural e fortuito, de ato do possuidor ou de terceiro.
Obs: deve haver inutilidade definitiva do bem.
e) pela sua inalienabilidade: quando a coisa é posta fora do comércio por motivo de ordem pública, de moralidade, de higiene ou de segurança coletiva.
f) pela posse de outrem: ainda que contra a vontade do possuidor se este não foi manutenido ou reintegrado em tempo competente. Art. 924 do CPC.
 g)pelo Constituto Possessório: O possuidor que transfere o objeto a outrem, utilizando-se do constituto possessório, perde um título de posse e passa a ter outro. O proprietário aliena a coisa e continua a residir no imóvel precariamente, com posse em nome do adquirente.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais