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Visita Institucional

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A VISITA INSTITUCIONAL COMO INSTRUMENTO TÉCNICO-OPERATIVO DO
SERVIÇO SOCIAL NO MINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ1
RESUMO
O trabalho propõe-se a apresentar a visita institucional como um dos instrumentos técnico-operativos de que dispõe
os Assistentes Sociais do Ministério Público do Estado do Paraná para viabilizar a sua intervenção na realidade.
Inicia conceituando e contextualizando a profissão num dado modelo de sociedade, apresentando também quais são
os valores que orientam a profissão naquela instituição. Em seguida discute o que é e para quê serve o estudo social.
Aborda-se finalmente o conceito de visita institucional, apresenta-se possíveis objetivos a serem alcançados com o
emprego deste instrumento e descreve-se com algum grau de detalhamento quais são as etapas que devem ser
obedecidas – não de maneira fechada e estanque – na realização de uma visita institucional.
INTRODUÇÃO
O serviço social é uma especialização do trabalho coletivo, inserido na divisão sócio-
técnica do trabalho, cujo produto expressa-se sob a forma de serviços. Tem um papel na
produção e reprodução das relações sociais capitalistas.
A prática profissional do assistente social deve ser pensada como trabalho e o
exercício profissional deve ser visto como processo de trabalho, que tem como matéria prima a
questão social, como meios de trabalho o conhecimento e as habilidades adquiridos pelo
assistente social e como produto a prestação de serviços e o atendimento social na viabilização
do acesso à cidadania.
No processo de trabalho do assistente social do Ministério Público do Estado do
Paraná (MPPR), atua-se com vistas às dimensões da competência teórico-metodológica, ídeo-
política e técnico-operativa.
No âmbito do instrumental técnico-operativo validado no trabalho do Assistente
Social no MPPR, o esforço profissional direciona-se no sentido da valorização do ser humano,
 
1 PEREIRA, Heloise Elaine - Assistente Social.Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Defesa do Portador
de Deficiência
POLLIS, Rosilene de Fátima - Assistente Social, Mestre em Administração de Empresas Turísticas e de Hotelaria
(Universidade de Extremadura – Espanha). Centro de Apoio Operacional às Promotorias do Idoso
Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos do Idoso da Comarca de Curitiba.
ROCHA, Marco Antonio da - Assistente Social, Especialista em Magistério Superior (UTP) e em Programas de
Atendimento à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco (UFPR), Mestre em Serviço Social, Políticas Sociais
e Movimentos Sociais (PUCSP). Centro de Apoio Operacional das Promotorias Criminais e de Execução Penal.
2
em detrimento da frieza do processo judicial ou do procedimento administrativo através do qual
temos contato com os usuários. 
Assim, objetivamos que o estudo social que realizamos, quer junto a um usuário quer
junto a seu segmento coletivizado, marque positivamente a sua passagem pelos rituais do mundo
jurídico. Neste sentido, nossos instrumentais não se diferem muito daqueles largamente
empregados pela categoria em outros campos de atuação: observação, entrevista, visita
domiciliar, visita institucional, elaboração da documentação em relatórios e pareceres, articulação
com redes de recursos sociais, entre outros.
A VISITA INSTITUCIONAL COMO INSTRUMENTO TÉCNICO-OPERATIVO
Neste documento, pretende-se tratar da visita institucional enquanto instrumento (aqui
entendido como conjunto de recursos ou meios que permitem a operacionalização da ação
profissional) técnico-operativo do serviço social, que veio sendo apropriado e desenvolvido de
maneira peculiar no processo de trabalho do Assistente Social do MPPR. 
Segundo MIOTO (2001, p. 146), o assistente social ao realizar um estudo social - na
maioria das vezes por solicitação de outros profissionais ou por autoridades das mais diferentes
áreas (como do Ministério Público no caso) - o utiliza como um instrumento para conhecer e
analisar a situação vivida por determinados sujeitos2 ou grupo de sujeitos sociais para, ao final,
emitir uma opinião técnica a respeito. 
Assim, o estudo social consiste numa utilização articulada de vários outros
instrumentos, como a entrevista (individual ou conjunta), a observação, a visita (domiciliar ou
institucional) e a análise de documentos.
A visita institucional apresenta-se como um instrumento do agir profissional do
assistente social quando este – a partir de solicitação ou de sua própria iniciativa - entra em
contato com informações3 sobre uma determinada situação social, as quais foi em busca para
 
2 Os sujeitos envolvidos na situação social alvo de estudo podem ser pessoas, instituições e grupos de pessoas.
3 Vale destacar que se entende por informação os dados presentes na realidade social, dados em si, o que não pode
ser confundido com conhecimento, que significa: dados da realidade social interpretados sob a ótica da pessoa e do
profissional que os articula estabelecendo os nexos que aprofundem o conhecimento sobre ela.
3
proceder à realização de um estudo social. Dessa forma, temos que a realização de uma visita
institucional constitui uma das etapas da realização de um estudo social no meio institucional. 
A visita institucional consiste em procedimento técnico-operativo a partir do qual o
Assistente Social, por iniciativa própria ou por solicitação da autoridade - Promotor(a) de Justiça
– desloca-se até uma instituição para, através da observação, coleta de dados, entrevistas, análises
de documentos, conhecer a realidade de atendimento e prestação de serviços a um dado segmento
da população-alvo de uma política pública: idoso, criança, adolescente, pessoas em conflito com
a lei, portadores de deficiência, desprovidos de renda, entre outros. 
A visita institucional poderá ter entre seus objetivos: 
- levantar elementos da realidade institucional, do ponto de vista do Serviço Social,
para subsidiar manifestações ministeriais em procedimentos administrativos instaurados para
apuração de irregularidades em instituições que atendem aos segmentos da população cujos
direitos são defendidos pela Promotoria de Justiça ou Centro de Apoio Operacional.
- verificar se o atendimento prestado pela instituição à população cujos direitos são
defendidos pela Promotoria de Justiça ou Centro de Apoio Operacional (criança e adolescente,
idoso, portador de deficiência, etc.) atende aos padrões estabelecidos em lei, municiando o
representante do Ministério Público com informações que lhe subsidie no exercício de sua função
constitucional de fiscal do cumprimento da Lei;
- aproximar-se da realidade institucional com o objetivo de orientar os agentes
institucionais numa perspectiva de capacitação em relação aos direitos de seus usuários previstos
em lei e para a construção de metodologia de atendimento que respeite tais direitos;
- levantar elementos da realidade que possibilitem ao Ministério Público a realização
de análises e avaliações quanti-qualitativas do trabalho realizado pelas instituições; 
- conhecer e compreender mudanças havidas na dinâmica interna de determinadas
instituições, bem como para avaliar o impacto destas alterações no atendimento prestado por tais
instituições aos seus usuários;
- construir um canal permanente de diálogo entre o Ministério Público e as
instituições, de modo a permitir um constante aperfeiçoamento dos serviços prestados à
população e a consolidar uma compreensão do Ministério Público como defensor dos direitos
sociais e individuais indisponíveis;
- levantar informações e organizá-las um banco de dados sobre os serviços sociais
4
prestados pelas instituições visitadas, de modo a facilitar o acesso da população aos mesmos. 
Para o alcance dosobjetivos acima listados, os procedimentos da visita institucional
poderão sofrer variações. Não obstante, tais procedimentos podem ser resumidos às seguintes
etapas:
1. Planejamento da visita institucional: 
Tem início quando o Assistente Social toma conhecimento da necessidade da visita
institucional e procura obter maiores informações sobre o que motivou a solicitação do estudo
social sobre a instituição, informações preliminares acerca da mesma e de seus prováveis
usuários, o contexto em que esta se insere e a demanda judicial existente. Feita esta primeira
contextualização, o Assistente Social define os objetivos da visita e estabelece estratégias para
sua execução.
2. Viabilização das condições para realização da visita institucional:
Tais condições subdividem-se em: a) condições internas: obter autorização para
realização da visita (se for o caso) e providenciar o agendamento de veículo e motorista
(raramente pode ocorrer de haver necessidade de acompanhamento de força policial); b)
condições externas: que consiste no agendamento de data e horário com os agentes institucionais
que serão visitados (o que nem sempre é necessário, principalmente nas visitas que têm o
objetivo de fiscalização do cumprimento de determinações do Ministério Público para adequação
do atendimento prestado pela instituição aos dispositivos legais). Cabe acrescentar que estas
situações de visitas não comunicadas e/ou agendadas devem ser reservadas apenas à situações de
inspeção.
3. Realização da visita: 
O assistente social deve estar atento e, se possível, registrar tudo o que ocorre durante
a visita institucional desde sua recepção até sua saída da instituição.
O processo da visita institucional será conduzido a partir da resposta que se tenha para
os seguintes quesitos: 
O que se quer conhecer?
Por que se quer conhecer?
Como se vai conhecer ? (por exemplo: quais são os indicadores)
Na realização da visita, deve-se considerar que uma instituição é um complexo de
documentos, pessoas, rotinas, infra-estrutura, hábitos, costumes, cultura e relações de poder.
5
Portanto, para conhecer este universo o assistente social precisa ter claro as respostas para os
quesitos acima, atentando para o olhar e o escutar e procurando agir de modo crítico, sem apego
a impressões superficiais ou a dados incompletos.
Independente do tamanho do local a ser visitado, a dinâmica institucional exige a
divisão das ações em etapas, para que se atinja a amplitude do conhecimento que se busca. A
Instituição que se enfoca é aquela socialmente reconhecida e que atende a fins específicos. Daí a
importância de se buscar reconhecer a documentação que formaliza a existência e define
objetivos e diretrizes do local a ser visitado.
Identificar e abordar as “pessoas-chave” do local é outro ponto fundamental. Isto só é
possível se o assistente social adota uma visão conjuntural, que envolve não só a realidade micro,
mas a macro-estrutural. Este embasamento é necessário ao direcionamento dos questionamentos,
que permitirão a obtenção de dados fundamentais a serem posteriormente analisados.
Nesta perspectiva de atuação é que também se orienta a pesquisa junto aos usuários
atendidos no local, que serão observados e principalmente ouvidos, visando a garantia de seus
direitos e do exercício da cidadania, o que está implícito no compromisso ético-político do
assistente social.
Em qualquer instituição ou serviço, na fase do planejamento da visita é importante que
se tenha noções sobre o perfil dos prováveis usuários. Neste aspecto ressalta-se a importância de
não ignorar conceitos e preconceitos, pois alguns deles servirão como pontos de partida e
parâmetros para manter o contato in loco.
Em que pese as limitações e dificuldades apresentadas pelos usuários, é a postura e
conhecimento do assistente social que poderá facilitar ou dificultar/impossibilitar a escuta.
No caso de instituição de atendimento a idosos é comum identificar que estes são
“infantilizados”, o mesmo acontecendo junto a portadores de deficiência ou mesmo pessoas que
passam a se utilizar da assistência pública. Também são recorrentes a marginalização ou o medo
frente a doentes mentais e pessoas que cometeram crimes. Se o profissional procurou inteirar-se
de conhecimentos acerca da população a abordar, certamente refletirá acerca destes
condicionantes, adotando posturas mais receptivas e de isenção valorativa ou de pré-julgamento
em relação aos usuários das instituições visitadas.
Se a abordagem com os usuários desta modalidade de serviço (atenção integral em
meio institucional) não é a prioridade estabelecida no primeiro momento da demanda colocada ao
6
profissional de serviço social, este deverá ter como meta preocupar-se com a questão da
qualidade do atendimento prestado ao usuário da instituição, senão diretamente nos contatos
individuais, que o faça investigando agentes ou fontes que lhe garantam informações sobre o
atendimento prestado.
Quem melhor poderá analisar o modus vivendi em meio institucionalizado, suas
vantagens e limitações, é quem nele reside e ali exercita (ou não), no cotidiano de suas relações,
o desenvolvimento de suas potencialidades.
É preciso ter em mente que o processo de institucionalização, já amplamente estudado,
revela como necessário o cuidado a ser dispensado à individualidade daquele que se vê
desprovido das condições básicas de existência e, na maioria das vezes, é levado a fazer uso de
locais que oferecem serviços coletivos, despersonificando-os, a exemplo do que ocorre nas
instituições totais.
4. Construção do relatório de visita institucional: 
 A visita institucional, qualquer que seja a situação, vai resultar num relato a ser
apresentado, na maioria das vezes, por escrito. Neste sentido, cita-se OLIVEIRA (2000, p. 03),
que afirma que “o relato é certamente o ponto de início do conhecimento da realidade, porque
sintetiza o processo de prática teórica (conforme Althusser), aquela infinita confluência da ação
profissional e o pensamento analítico (interpretação científica sobre essa mesma ação) e sua
congruência científica”.
Este relato, ou relatório, faz parte da documentação da ação profissional, instrumento
que permite o registro de tais ações nos diferentes momentos do trabalho. Constituiu-se de
relatórios - geralmente descritivos - das entrevistas com os usuários e da visita institucional
realizada. Além dos relatórios, o profissional de serviço social poderá dispor também da análise
de documentos ou de outras fontes (leis, regulações de funcionamento, documentação da vida
contábil e financeira, livros-ata, registros de ocorrências em outros órgãos, consulta a relatórios
de atividades, etc.).
Todo processo de abordagem dos sujeitos do estudo social (entrevistas, observações,
análise de documentos) deverá ser registrado. De posse das informações, realiza-se a análise e a
sistematização dos aspectos relacionados à situação estudada, visando compreendê-la da maneira
mais abrangente e articulada possível. A documentação produzida para substanciar o estudo
social constitui-se na base para a efetivação da análise da situação e da elaboração do parecer
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social. O assistente social realiza de forma descritiva sua análise e interpretação, incorporando
referências teóricas, o que deverá resultar numa análise interpretativa de consistência.
Dentre os documentos criados para viabilizar o procedimento técnico da visita
institucional, pode-se citar os formulários de entrevista com os internos e o roteiro de visita, que
são aplicados quando da abordagem e retomados para registrar o agir profissional desencadeado
na intervenção. Estes documentos operacionais são dinâmicos e vão sendo validados na medida
em que servem aos objetivos profissionais,como norteadores da ação ou como forma de reunir
os dados que serão alvo de análise e interpretação qualitativa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
OLIVEIRA, Márcia Terezinha de. (Re) pensando a instrumentalidade do serviço social: o
significado dos registros profissionais. Curitiba, Agosto de 2000. Apostila mimeo.
MIOTO, Regina Celia Tamaso. Perícia Social: proposta de um percurso operativo.
Serviço Social e Sociedade, São Paulo, v. 67, p. 145-158, 2001.

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