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resumo linguagem juridica Ester Rizzi

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Aula 2. Língua e linguagem 
Linguagem e língua como gênero e espécie / registros de linguagem / linguagem correta x linguagem adequada / outras linguagens que não a língua / a comunicação e a língua na história da humanidade / preconceito linguístico 
 Bibliografia: 
 TRUBILHANO, Fabio; HENRIQUES, Antonio. Linguagem Jurídica e 
 Argumentação: teoria e prática. 
 São Paulo: Atlas, 2014. Páginas 1-10 (Cap. 1 – Língua e Linguagem)
 Língua X Linguagem
Língua
Acervo
Convenções sociais
Sistema
(Conjunto organizado de convenções linguísticas)
Linguagem gênero; língua espécie.
	Códigos não-verbais:
Semáforo
Sirene
Gestos
Desenho (veneno; banheiro; justiça)
Sinais de trânsito
Roupas
Uso da Língua		
Correto X Incorreto 
Ou 
Adequado X Inadequado?
Preconceito linguístico	
Quem estabelece as regras gramaticais?
(Novo acordo ortográfico)
(Quem estabelece o direito?)
Mitos, segundo Marcos Bagno: para discussão
A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente
Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português
Português é muito difícil
As pessoas sem instrução falam tudo errado
É preciso saber gramática para falar e escrever bem
O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social
Aula 3. A linguagem jurídica como barreira para o acesso ao direito e à justiça 
Arcaísmos / discurso de poder / ideologia / corporativismo / tradição / termos técnicos x linguagem rebuscada / o uso do latim
 
Bibliografia: 
MORENO, Cláudio e MARTINS, Túlio. Português para convencer: comunicação e persuasão em direito. São Paulo, Ática, 2006. 
Páginas 7-15 e 68-76. (Capítulos 1 e 5)
Ignorância de normas jurídicas
Ignorância de direitos (do trabalho, do consumidor, políticos)
 Pouca compreensão das instituições políticas – e, portanto, da democracia
Sujeição involuntária a situações/processos que não entende (“O Processo” Kafka)
Qual é a função da linguagem jurídica?
Comunicar – Houaiss 2009 “bitransitivo e pronominal
2. passar ou deixar passar (força, energia etc.); transmitir(-se)
Exs.: c. movimento a uma peça rotativa o movimento do eixo comunica-se às rodas 
Pronominal
3. propagar-se, espalhar-se, difundir-se
Ex.: a tensão comunicou-se a toda a sala 
 Transitivo indireto e pronominal
4. estar ou entrar em contato (falando, escrevendo)
Ex.: não (nos) comunicamos (com pessoas de má reputação) 
 Bitransitivo”
“Esse vocabulário técnico, exaustivamente definido dentro do âmbito de cada profissão, é importantíssimo para evitar as ambiguidades tão comuns da linguagem usual, além de servir para deixar mais rápida e eficiente a comunicação entre os interlocutores especializados. A boa comunicação é uma necessidade básica na vida jurídica.”
MORENO, Cláudio e MARTINS, Túlio. Português para convencer: comunicação e persuasão em direito. São Paulo, Ática, 2006. P. 9
“Para o advogado, entretanto, tudo é linguagem: esse é o único instrumento de que ele dispõe para tentar convencer, refutar, atacar ou defender-se. Também é na linguagem que se concretizam as leis, as petições, as sentenças ou as mais ínfimas cláusulas de um contrato – que não passam, no fundo, de formas peculiares de textos que o advogado terá que redigir ou interpretar. O profissional do direito, desse modo, precisa conhecer os principais recursos do idioma.”
MORENO, Cláudio e MARTINS, Túlio. Português para convencer: comunicação e persuasão em direito. São Paulo, Ática, 2006. P. 10.
“Não sugerimos, com isso, que você abandone os indispensáveis vocábulos técnicos da área jurídica. Isso seria um absurdo, pois o vocabulário técnico enriquece um bom texto. O advogado deve e precisa usar os vocábulos do direito – assim como os médicos e os economistas usam os termos específicos da medicina e da economia – mas é bom lembrar que o emprego dessa terminologia não implica alteração alguma na sintaxe e no estilo geral da boa frase portuguesa.”
MORENO, Cláudio e MARTINS, Túlio. Português para convencer: comunicação e persuasão em direito. São Paulo, Ática, 2006. P. 11.
“Destarte, como coroamento desta peça-ovo emerge a premente necessidade de jurisdição fulminante, aqui suplicada a Vossa Excelência. Como visto nas razões suso expostas com pueril singeleza, ao alvedrio da lei e com a repulsa do Direito, o energúmeno passou a solitariamente cavalgar a lei, este animal que desconhece, cometendo toda a sorte de maldades contra a propriedade deste que vem às barras do Tribunal. Conspurcou a boa água e lançou ao léu os referidos mamíferos. Os cânones civis pavimentam a pretensão sumária, estribada no Livro das Coisas, na Magna carta, na boa doutrina e nos melhores arestos deste sodalício. Urge sejam vivificados os direitos fundamentais do Ordenamento Jurídico, espeque do petitório que aqui se encerra. O apossamento solerte e belicoso deve ser sepultado ab initio e inaudita altera parte, como corolário da mais lídima Justiça.”
MORENO, Cláudio e MARTINS, Túlio. Português para convencer. P. 13
“O acima explicitado leva à inequívoca conclusão de que a reintegração de posse é imperativo de Justiça, tanto que flagrantes o prejuízo econômico e as gravíssimas implicações de todas as ordens a gravar o requerente e sua família, em evidente afronta à Constituição Federal e às mais elementares normas do nosso Direito positivo. O postulante se encontra privado do precioso líquido, e seu rebanho, sem paradeiro. A doutrina e a jurisprudência evidenciam o bom direito aqui buscado e a conduta abusiva, violenta e clandestina da parte requerida. A prova está feita, quer no plano adjetivo, quer no substantivo, sendo irrefutável dentro da Ciência do Direito. A posse anterior decorrente do domínio resta indiscutível. Os prejuízos são incalculáveis e a cada instante se avolumam, pelo que, em sede de jurisdição sumária, impende seja concedida a liminar, como manifestação concreta da melhor Justiça.”
MORENO, Cláudio e MARTINS, Túlio. Português para convencer. P. 14
“Do que foi exposto acima, conclui-se que os fatos narrados nesta petição inicial são incontroversos e estão provados sumariamente por meio dos documentos aqui juntados. Tanto o Código Civil coo a Constituição da República contêm regras claras que protegem a propriedade, observada sua função social – ou seja, exatamente a hipótese deste processo. Como nos ensinam a melhor doutrina e a jurisprudência, o pedido em exame contém todos os elementos que determinam a concessão imediata da reintegração de posse: há interesse econômico, os fatos estão provados e o direito do autor é indiscutível. A água potável existente no local está sendo poluída e as vacas leiteiras ficaram ao desabrigo, pelo que os prejuízos são evidentes. Assim, pede a concessão da liminar, por ser medida de direito e de Justiça.”
MORENO, Cláudio e MARTINS, Túlio. Português para convencer. P. 14
Ser compreendido é a maior virtude
Exs. Petição inicial (CPC) X incoativa
						exordial
						peça vestibular
						peça-ovo
						exórdio
“Por sua vez, no que concerne a construção do vocabulário jurídico, também não se pode desprezar uma eventual tentativa de simplificação da linguagem jurídica, e, não vulgarização, é bom que se diga, como querem alguns. (XAVIER, 1999). Neste sentido, pode-se ilustrar como exemplo o desprezo à utilização de certos termos e expressões jurídicos, normalmente remanescentes de línguas estrangeiras (predominantemente o Latim), tais como de cujus; ex officio; outorga uxória; ab initio; data venia, os quais podem ser perfeitamente substituídos, sem prejuízo de qualquer semântica contextual, por seus significados pátrios, respectivamente: o “morto ou falecido”, “de ofício”, “de início ou inicialmente”; “com a devida permissão”. Outrossim, não seria exagero cogitar a possibilidade futura do emprego alternativo de certos termos populares em lugar de outros termos jurídicos, na medida em que o significado dos termos fossem tão semelhantes a ponto de não ser afetada a sua função judicante.” 
RAMOS, Alexandre MagnoLins. A linguagem jurídica como óbice ao conhecimento das normas de direito e ao acesso à Justiça. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 83, dez 2010.
“Tome-se como exemplo o uso alternativo do termo popular “empréstimo gratuito” em lugar do termo de Direito Civil denominado “comodato” (tipo de empréstimo contratual em que não se aufere lucro); ou mesmo a utilização do termo popular “defeito imperceptível ou de difícil constatação)” em lugar do termo Civilista, também empregado no Direito do Consumidor como “vício redibitório” (espécie de defeito oculto, que existe no produto, mas que não é percebido imediatamente pelo usuário ou consumidor); ou, ainda, o uso da expressão “sem possibilidades de recurso” ou do termo “irrecorrível” em lugar da expressão constitucionalista ou processual chamada “trânsito em julgado”, entre muitos outros exemplos.”
RAMOS, Alexandre Magno Lins. A linguagem jurídica como óbice ao conhecimento das normas de direito e ao acesso à Justiça. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 83, dez 2010.
“Não à toa, remanesce um número significativo de sentenças, decisões, peças processuais e documentos cartorários, aliados a incontáveis produções intelectuais (artigos, manifestos, teses etc.), que mantêm em sua estrutura esse rebuscamento linguístico, transformando a compreensão textual jurídica em algo bastante fechado, praticamente inacessível ao leigo. Neste sentido, em certos casos, tais produções utilizam-se da construção neologista (termos novos, sem precedentes no Glossário nacional) – dando ao público “uma impressão de arcaísmo, de jargão especial, de hermetismo deliberado, corporativista e protecionista.” (BERGEL, 2001, p. 308) ”
RAMOS, Alexandre Magno Lins. A linguagem jurídica como óbice ao conhecimento das normas de direito e ao acesso à Justiça. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 83, dez 2010.
“Diante das circunstâncias apresentadas, percebe-se ser inegável que o uso da linguagem jurídica é um dos principais fatores contributivos para o afastamento do cidadão comum da acessibilidade das normas jurídicas, porquanto ainda remanescem, no ordenamento legal, palavras ultrapassadas, regadas pelo excessivo rigor formal e técnico, cultuadas somente para a vaidade e deleite particulares, sem a percepção de que não apenas estão envolvidos, nos atos jurídicos, os seus operadores (juízes, advogados, promotores, defensores públicos etc.), com o privilégio do entendimento, e sim que existem pessoas comuns, muitas vezes, desprovidas de qualquer instrução, ávidas pela compreensão de tais atos e procedimentos, os quais irão determinar o seu destino.”
RAMOS, Alexandre Magno Lins. A linguagem jurídica como óbice ao conhecimento das normas de direito e ao acesso à Justiça. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 83, dez 2010.
Aula 4. Diferentes registros de linguagem no universo jurídico 
Significados jurídicos do silêncio / linguagem corporal / vestuário na prática jurídica / oralidade x forma escrita / importância da norma culta para a estratégia argumentativa
 
Bibliografia: 
TRUBILHANO, Fabio; HENRIQUES, Antonio. Linguagem Jurídica e Argumentação: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2014. 
Língua falada X Língua escrita
		Vantagens e desvantagens
Código Civil
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
Linguagem corporal (também silêncio)
Linguagem do vestuário
Forma culta x forma coloquial
Adequação e eficácia da linguagem
Eficácia argumentativa e norma culta
Código de Processo Penal
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.
  Art. 198.  O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz.
Diferentes contextos da linguagem jurídica:
	- representado (cliente)
	- outros operadores do direito
	- juiz e outros órgãos julgadores (escrito e 	despacho)
	- Tribunal do Júri
	- Sustentações orais
	- Imprensa
	- Aula (para diferentes públicos)
	- Peritos
	- P. Legislativo e Executivo
Apêndice da aula 5. 
A argumentação eficaz e o texto argumentativo
Bibliografia
 MORENO, Cláudio e MARTINS, Túlio. Português para 
TEXTO ARGUMENTATIVO é o texto em que defendemos uma ideia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite-a, creia nela.
Num texto argumentativo, distinguem-se três componentes: a tese, os argumentos e as estratégias argumentativas
TESE, ou proposição, é a ideia que defendemos, necessariamente polêmica, pois a argumentação implica divergência de opinião.
Os argumentos de um texto são facilmente localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta por quê? (Ex.: o autor é contra a pena de morte (tese). Porque ... (argumentos).
ESTRATÉGIAS argumentativas são todos os recursos (verbais e não-verbais) utilizados para envolver o leitor/ouvinte, para impressioná-lo, para convencê-lo melhor, para persuadi-lo mais facilmente, para gerar credibilidade, etc
ESTRATÉGIAS:
Clareza
Linguagem culta formal
Início do texto
A utilização de vários argumentos, sua disposição ao longo do texto, o ataque às fontes adversárias, as antecipações ou prolepses (quando o escritor/orador prevê a argumentação do adversário e responde-a), a qualificação das fontes, a utilização da ironia, da linguagem agressiva, da repetição, das perguntas retóricas, das exclamações, etc. são alguns outros exemplos de estratégias. 
Estrutura do texto argumentativo
1. Proposição (tese): afirmativa suficientemente definida e limitada; não deve conter em si mesma nenhum argumento.
2. Análise da proposição ou tese: definição do sentido da proposição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar mal-entendidos.
3. Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados estatísticos, testemunhos, etc.
4. Conclusão.
1. Citação da tese adversária
2. Argumentos da tese adversária
3. Introdução da tese a ser defendida
4. Argumentos da tese a ser defendida
5. Conclusão
“A força persuasiva de um discurso se manifesta por meio da argumentação utilizada pelo orador. A Nova Retórica dá especial atenção ao auditório, e o faz corretamente, já que os argumentos propiciam reações diferentes conforme os valores, experiências pessoais e conhecimentos de cada destinatário. Apregoa o mestre Perelman: ‘O conhecimento daqueles que se pretende conquistar é, pois, uma condição prévia de qualquer argumentação eficaz.’
A argumentação, portanto, deve ser tecida com base no auditório a que o discurso se destina, ou seja, aqueles sobre os quais deve recair a influência argumentativa.” 
(TRUBILHANO, Fabio; HENRIQUES, Antonio. Linguagem Jurídica e Argumentação: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2014. P. 87)
O texto eficaz
“Escrever corretamente e com clareza, transmitir informações e defender os interesses do cliente são atributos essenciais do advogado. Há princípios que devem ser seguidos, como o cuidado com o leitor, a administração da tensão retórica, a persuasão e o convencimento pela palavra, mas não existe uma fórmula para obter tal resultado. O trabalho do advogado jamais será uma equação matemática, nem poderá ser aferido por fórmulas ou esquemas padronizados.” 
(MORENO, Cláudio e MARTINS, Túlio. Português para convencer: comunicação e persuasão em direito. São Paulo, Ática, 2006. P. 78)
Estrutura básica da petição
Endereçamento: destinatário, qualificação do peticionário, do réu, tipo de petição / ação
Dos fatos / relatório
(Preliminares)
Do direito 
Pedidos / parecer / dispositivo / conclusão
Código de Processo Civil (1973) 
Art. 282. A petição inicial indicará:
I - o juiz ou tribunal,a que é dirigida;
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido, com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - o requerimento para a citação do réu.
“Inúmeras classificações são apresentadas pela doutrina processual para melhor sistematizar o ensino do direito processual civil. Uma delas, que nos parece bastante pertinente para a compreensão da função executiva no processo civil, é a acerca das crises jurídicas e a atividade jurisdicional. Marcelo Abelha divide os conflitos de interesses, a que chama de crises jurídicas, em três categorias:”
Fonte:
GUTIER, Murillo Sapia. Princípios do processo de execução após as reformas. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 73, fev 2010. 
a) Crise de certeza: quando há conflito de interesses entre as partes, que necessitam valer-se do Poder Judiciário para obter provimento (decisão) acerca da existência ou não de uma relação jurídica ou ocorrência ou não de um fato juridicamente relevante (fato que produza efeitos jurídicos, com previsão no ordenamento).
b) Crise de situação jurídica: que é aquela em que as partes em conflito necessitam obter um pronunciamento judicial para crie/constitua uma nova situação jurídica, modificando juridicamente situação anterior.
c) Crise de cooperação ou adimplemento ou descumprimento: significa a necessidade de se obter do Judiciário o cumprimento de uma norma, decisão ou relação jurídica inadimplida.”
Alguns tipos de sentença:
		a) Declaratória
		b) Constitutiva
		c) Condenatória
Dos tipos de obrigação que podem ser criadas a partir de uma sentença:
		
		a) Obrigação de dar
		b) Obrigação de fazer
		c) Obrigação de não fazer
Aula 6. O uso rígido da linguagem e forma jurídicas - o que significam as exceções? 
Sentenças e petições em versos / relatório do Graciliano Ramos quando Prefeito de Palmeira dos Índios / manuais de linguagem jurídica de tribunais / manuais de técnica le 
O mito da impessoalidade na redação	oficial
	José Augusto Guerra 
“Ele cita Penteado (1964) ao listar os principais enganos na comunicação escrita: a força da tradição, o desejo de impressionar e o fato de não se pensar bem antes de escrever.” 
“O artigo, escrito no auge do Regime Militar, surpreende ao vir ao encontro da Lei nº 12.527, conhecida como Lei de Acesso à Informação, promulgada em 2011. Essa legislação, tão democrática quanto os tempos atuais, prega a gestão transparente, objetiva e clara da informação, propiciando amplo acesso a ela e sua divulgação, primando, sobretudo, por uma linguagem oficial de fácil compreensão para o cidadão comum.”
“Mais de um técnico em administração pública tem-se ocupado da linguagem com que no mundo dos memorandos, das cartas e dos ofícios os funcionários públicos se comunicam. Trata-se de uma arte, a da correspondência oficial, que obedece a umas tantas normas específicas, desde a escolha do papel, pelo tamanho e qualidade, às expressões que distinguem a autoridade em sua grandeza hierárquica. Isto sem falar nas fórmulas, por vêzes inflexíveis, com que se inicia ou se termina qualquer documento.” 
Manual de Redação da Presidência da República
“Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações.
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: "A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)". Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda administração pública, claro está que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais.”
“1.1. A Impessoalidade
        A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a) alguém que comunique, b) algo a ser comunicado, e c) alguém que receba essa comunicação. No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União.”
“Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais decorre:
        a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padronização, que permite que comunicações elaboradas em diferentes setores da Administração guardem entre si certa uniformidade;
        b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma homogênea e impessoal;
        c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o universo temático das comunicações oficiais se restringe a questões que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe qualquer tom particular ou pessoal.”
“Desta forma, não há lugar na redação oficial para impressões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta da interferência da individualidade que a elabora.
        A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impessoalidade.”
“1.3. Formalidade e Padronização
        As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível (v. a esse respeito2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação.”
O mito da impessoalidade na redação oficial
“Somos, por tradição, tão apegados à letra que ainda hoje se os governantes não recebem, ao fecho das exposições e ofícios, o beija-mão com que Vaz Caminha concluiu sua famosa carta a D. Manuel – “Beijo a mão de Vossa Alteza” – continua-se a apresentar ou a renovar “os protestos da mais alta estima e distinta consideração”. Ainda que no corpo de um ofício trate-se de uma refutação a uma inverdade, com laivos de descompostura em têrmos corteses ou um destampatório com tendência à polêmica, o fecho é sempre tão altaneiro que se fica em dúvida quanto à distinção, à estima, à consideração e, certamente, à razão dos renovados protestos.”
“Por que ainda nos espichamos nesses rapapés sonoros (que perderam muito a
solenidade dos primeiros tempos), rapapés que tornam a prosa suntuosa nesses
tempos de objetividade e concisão? Creio que não cabe exclusivamente ao técnico
em redação oficial responder à pergunta.”
“Chamava-se Montaigne (1533-1592). Numa de suas anotações, comentou: ‘Por que nossa linguagem comum, tão cômoda e fácil, se torna obscura e ininteligível, quando empregada em contratos e testamentos? Por que os que se exprimem tão claramente quando falam ou escrevem,não acham jeito de não se confundir ou se contradizer em atos dêsse gênero?’ Pelo prazer de tornar mais complicadas as coisas simples, concluía Montaigne: ‘É sem dúvida porque os príncipes dessa arte se aplicam com especial cuidado em escolher vocábulos solenes, frases artisticamente construídas, e tanto pesam cada sílaba, sutilizam cada têrmo, que nos embaraçam e embrulham na multiplicidade das fórmulas e das minúcias; e não mais distinguimos regras ou prescrições e não entendemos absolutamente mais nada’.”
Valor da Comunicabilidade
“Mas seria de bom aviso que certas entidades tão empenhadas no aprimoramento dos esquemas da comunicação oficial, do ponto de vista tecnológico, meditassem sôbre uma idéia que, como colaboração, ofereço: a de se modificar a linguagem escrita da correspondência oficial, tornando-a mais conforme o pensamento e a fala.”
Relatórios de Graciliano Ramos quando Prefeito de Palmeira dos Índios (AL)
“Apenas – disse a Homero Senna – como a linguagem não era a habitualmente usada em trabalhos dessa natureza, e porque nêles eu dava às coisas seus verdadeiros nomes, causaram um escarcéu medonho
“Nem tanto nem tão pouco. Nem a impessoalidade levada ao extremo, a ponto de se cristalizar em expressões que há muito perderam o viço, nem a liberdade irresponsável de querer transformar uma simples informação numa página de lances literários. De resto, quem está enfronhado nesses assuntos percebe que nem tudo no estilo administrativo é impessoal. Nada mais exige o toque pessoal para dizer e convencer, do que uma exposição de motivos ou a justificativa a projeto de lei. E nada menos convincente que um memorial ou um parecer em que, de alto a baixo, os lugares comuns reflitam a insensaboria, quando não a inépcia de quem, fora dos chavões, não sabe alinhavar idéia. Pessoalmente, não dou excessivo crédito à impessoalidade.”
Aula 7. A teoria da argumentação de Perelman: pressupostos
Perelman: condições para que exista o diálogo argumentativo / persuasão x convencimento / discurso x diálogo / diálogo x debate / intuição incomunicável x razões e fundamentos
“Chaïm Perelman (1912 —1984) foi um filósofo do Direito que viveu e ensinou durante a maior parte de sua vida na Bélgica. É um dos mais importantes teóricos da Retórica no século XX. Sua obra principal é o Traité de l'argumentation - la nouvelle rhétorique (Tratado da Argumentação) (1958), escrito em conjunto com Lucie Olbrechts-Tyteca. Outro livro muito importante do autor, principalmente no meio universitário é o intitulado Lógica Jurídica. No Brasil, a obra foi traduzida para o português pela Editora Martins Fontes (1996).”
“Nosso tratado só versará sobre recursos discursivos para se obter adesão dos espíritos: apenas a técnica que utiliza a linguagem para persuadir e para convencer será examinada a seguir. 
Essa limitação não implica em absoluto que, a nosso ver, esse seja realmente o modo mais eficaz de atuar sobre os espíritos, muito pelo contrário.” (continua)
“(...) Estamos firmemente convencidos de que as crenças mais sólidas são as que não só são admitidas sem prova, mas também, muito amiúde, nem sequer são explicitadas. E quando se trata de obter a adesão, nada mais seguro do que a experiência externa ou interna e o cálculo conforme a regras previamente aceitas. Mas o recurso à argumentação não pode ser evitado quando tais provas são discutidas por uma das partes, quando não há acordo sobre seu alcance ou sua interpretação, sobre seu valor ou sua relação com os problemas debatidos.” (continua) 
“Por outro lado, qualquer ação que visa a obter adesão cai fora do campo da argumentação, na medida em que nenhum uso da linguagem vem apoiá-la ou interpretá-la: aquele que prega com o exemplo sem nada dizer e aquele que usa o afago ou o tapa podem obter um resultado apreciável. Nós só nos interessaremos por esses procedimentos quando, graças à linguagem, eles forem postos em evidência, quer se recorra a promessas, quer a ameaças. Casos ainda há – tais como a benção e a praga – em que a linguagem é usada como meio de ação direta e não como meio de comunicação. Trataremos deles apenas se essa ação estiver integrada numa argumentação. ” (p. 8-9)
“Para Aristóteles o perigo de discutir com certas pessoas é que, com elas, se perde a qualidade de sua própria argumentação:
	‘Não se deve discutir com todos, nem praticar a 	Dialética com o primeiro que aparecer, pois, com respeito a certas pessoas, os raciocínios sempre se 	envenenam. Com efeito, contra um adversário que 	tenta por todos os meios parecer esquivar-se, é 	legítimo tentar por todos os meios chegar à conclusão; 	mas falta elegância a tal procedimento.’
“Não esqueçamos que ouvir alguém é mostrar-se disposto a aceitar-lhe eventualmente o ponto de vista. (...)
Fazer parte de um mesmo meio, conviver, manter relações sociais, tudo isso facilita a realização das condições prévias para o contato dos espíritos.” 
- Atenção: problema prévio
“ Normalmente, é preciso alguma qualidade para tomar a palavra e ser ouvido.” (p. 21)
	- Auditório presumido (emissor)
	
	- Persuadir ≠ Convencer?
“Para quem se preocupa com o resultado, persuadir é mais do que convencer, pois a convicção não passa da primeira fase que leva à ação. Para Rousseau, de nada adianta convencer uma criança ‘se não se sabe persuadi-la’. 
Em contrapartida, para quem está preocupado com o caráter racional da adesão, convencer é mais do que persuadir.” (p. 30) 
“Propomo-nos chamar persuasiva a uma argumentação que pretende valer só para um auditório particular e chamar convincente àquela que deveria obter a adesão de todo ser racional.” (p. 31) 
	3 tipos de auditório:
	- Humanidade (universal)
	- Interlocutor
	- Próprio sujeito (decisões / razões dos atos)
Chaignet:
‘Quando somos convencidos, somos vencidos apenas por nós mesmos, pelas nossas ideias. Quando somos persuadidos, sempre somos por outrem.’ (p. 46)
Discurso X Diálogo
“Mas um discurso assim, com toda a ação oratória que comporta, seria ridículo e ineficaz perante um único ouvinte. É normal levar em conta suas reações, suas denegações e suas hesitações e, quando constatadas, não há como esquivar-se: cumpre provar o ponto contestado, informar-se das razões da resistência do interlocutor, penetrar-se de suas objeções: o discurso degenera invariavelmente em diálogo.” (p. 39-40)
“O que confere ao diálogo, como gênero filosófico, e à dialética, tal como concebeu Platão, um alcance eminente (...) é a adesão de uma personalidade que, seja ela qual for, tem de inclinar-se ante a evidência da verdade, porque sua convicção resulta de uma confrontação rigorosa de seu pensamento com o do orador.” (p. 40-41)
Devido processo legal / confronto entre as partes de um processo judicial. 
Diálogo X Debate 
“O homem com posição tomada é portanto parcial, tanto por ter tomado posição como por já não poder fazer valer senão a parte dos argumentos pertinentes que lhe é favorável, ficando os outros, por assim dizer, gelados e só aparecendo no debate se o adversário aventar. Como se supõe que este último adote a mesma atitude, compreende-se que a discussão seja apresentada como uma busca sincera da verdade, enquanto, no debate, cada qual se preocupa sobretudo com o triunfo de sua própria tese.” (p. 42)
“Por outro lado, na prática, essa distinção entre a discussão [desinteressada] e o debate parece, em muitas ocasiões, difícil de precisar.” (p. 42)
“Acontece, muito amiúde aliás, não sendo isso necessariamente deplorável, que mesmo um magistrado conhecedor do direito formule seu julgamento em dois tempos, sendo as conclusões a princípio inspiradas pelo que lhe parece ser mais conforme a seu senso de equidade, vindo a motivação técnica apenas como acréscimo.” (p. 48)
Intuição incomunicável X Razões e fundamentos
“Evidencia-se, de tudo o que acabamos de dizer a respeito dos auditórios, que, do nosso ponto de vista, o valor retórico de um enunciado não poderia ser anulado pelo fato de que se trataria de uma argumentação que se julga construída a posteriori, depoisque a decisão íntima estava tomada, ou pelo fato de que se trata de uma argumentação baseada em premissas às quais o próprio orador não adere.”
“Nossa tese é de que, de um lado, uma crença, uma vez estabelecida, sempre pode ser intensificada e de que, de outro, a argumentação depende do auditório a que se dirige. Por conseguinte, é legítimo que quem adquiriu uma certa convicção se empenhe em consolidá-la perante si mesmo, sobretudo perante ataques que podem vir do exterior; é normal que ele considere todos os argumentos suscetíveis de reforçá-la. Essas novas razões podem intensificar a convicção, protegê-la contra certos ataques nos quais não se pensara desde o início, precisar-lhe o alcance.”
“O objetivo de toda argumentação, como dissemos, é provocar ou aumentar a adesão dos espíritos às teses que se apresentam a seu assentimento: uma argumentação eficaz é a que consegue aumentar essa intensidade de adesão, de forma que se desencadeie nos ouvintes a ação pretendida (ação positiva ou abstenção) ou, pelo menos, crie neles uma disposição para a ação, que se manifestará no momento oportuno.”

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