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azevedolab.net © 2009 Dr. Walter F. de Azevedo Jr. Biofísica Neurotransmissores Prof. Dr. Walter F. de Azevedo Jr. © 2 0 1 1 D r. W a lt e r F . d e A z e v e d o J r. Sinapse química As sinapses propiciam a comunicação entre as células pré e pós-sináptica. Na sinapse química a informação é representada por uma molécula chamada neurotransmissor. Há diversos tipos de neurotransmissores, tais como glicina, aspartato e glutamato, bem como peptídeos. Uma classe importante de neurotransmissores é formada pelas aminas biogênicas, exemplos desta são dopamina e serotonina. h tt p :/ /u p lo ad .w ik im ed ia .o rg /w ik ip ed ia /c o m m o n s/ 3 /3 0 /C h em ic al _ sy n ap se _ sc h e m a_ c ro p p ed .j p g Na sinapse química o potencial de ação (PA) chega ao terminal axonal. O aumento do potencial leva à abertura dos canais de Ca2+ dependentes de voltagem, que permitem a entrada dos íons de Ca2+ na célula. Tais íons promovem a fusão das vesículas de neurotransmissor com a membrana celular, que por exocitose liberam neurotransmissores na fenda sináptica. Os neurotransmissores ligam- se aos receptores presentes na célula pós-sináptica, promovendo sua abertura e a entrada de íons na célula pós- sináptica. Canal de Ca++ Vesículas de neurotransmissor Célula pré-sináptica Receptores de neurotransmissor Entrada de Ca++ Neurotransmissor E n tr a d a d e í o n C é lu la p ó s -s in á p ti c a Entrada de Na+ Canal de Na+ PA Sinapse química Neurotransmissores Critérios para definirmos se uma molécula é um neurotransmissor. 1) A molécula tem que estar presente no neurônio pré-sináptico; 2) A liberação da molécula tem que estar vinculada à despolarização do terminal axonal; 3) A liberação tem que ser dependente de Cálcio; 4) Deve existir receptores específicos na célula pós-sináptica para o neurotransmissor. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Synapse_Illustration_unlabeled.svg Canal de Ca++ Vesículas de neurotransmissor Neurotransmissor Bomba de reentrada Receptor Densidade pós-sináptica Neurotransmissores Sobre a origem química podemos classificar os neurotransmissores em dois grandes grupos. Os de origem peptídica (neuropeptídeos) e as pequenas moléculas. Entre os neuropeptídeos temos peptídeos com seqüência variando entre 3 a 36 resíduos de aminoácidos. Os neurotransmissores do grupo das pequenas moléculas são formados por aminoácidos (glutamato, aspartato, GABA e glicina) (mostrados ao lado), purinas (ATP) e amina biogênicas (dopamina, adrenalina, serotonina entre outros). Aspartato Glutamato Glicina GABA Neurotransmissores pequenos Glutamato É geralmente reconhecido como o mais importante neurotransmissor na função encefálica normal. A grande maioria dos neurônios presentes em sinapses excitatórias do sistema nervoso central de mamíferos são glutamatérgicos. Aproximadamente 50 % de todas as sinapses do encéfalo liberam esse aminoácido. O glutamato é sintetizado no neurônio pré-sináptico a partir da glutamina, que é liberada das células gliais. As células gliais captam glutamado e convertem em glutamina. Canal de Ca++ Vesícula de Glutamato Receptores de Glutamato Entrada de Ca++ Glutamato E n tr a d a d e N a + C é lu la p ó s -s in á p ti c a Entrada de Na+ Canal de Na+ PA Célula glial GlutamatoGlutamina Glutamina Transportador de Glutamato Célula pré-sináptica Neurotransmissores pequenos Glutamato Excitotoxicidade é a capacidade do glutamato de destruir neurônios mediante uma prolongada transmissão sináptica excitatória, normalmente relacionada à diminuição do fluxo sanguíneo no encéfalo. Canal de Ca++ Vesícula de Glutamato Célula pré-sináptica Receptores de Glutamato Entrada de Ca++ Glutamato E n tr a d a d e N a + C é lu la p ó s -s in á p ti c a Entrada de Na+ Canal de Na+ PA Célula glial GlutamatoGlutamina Glutamina Transportador de Glutamato Neurotransmissores pequenos Glutamato A causa mais freqüente para uma diminuição do fluxo sanguíneo no encéfalo (isquemia) é a oclusão de um vaso sanguíneo cerebral, ou seja, um AVC (acidente vascular cerebral). O suprimento reduzido de oxigênio provavelmente determina uma elevação dos níveis de glutamato em virtude da queda na captação de glutamato nas sinapses, a qual é dependente de energia. Canal de Ca++ Vesícula de Glutamato Célula pré-sináptica Receptores de Glutamato Entrada de Ca++ Glutamato E n tr a d a d e N a + C é lu la p ó s -s in á p ti c a Entrada de Na+ Canal de Na+ PA Célula glial GlutamatoGlutamina Glutamina Transportador de Glutamato Dopamina Dopamina é um neurotransmissor que ativa os centros de prazer em certas partes do cérebro. Está presente nas áreas responsáveis pela regulação da emoção, movimento, motivação e sentimento de prazer. Várias drogas são responsáveis pelo aumento da sua liberação na fenda sináptica, entre elas cocaína e heroína. Quando uma recompensa inesperada nos atinge, os neurônios dopaminérgicos são ativados. Tal relação de causa e efeito, entre prazer e liberação de dopamina, nos leva à repetir situações que causam liberação de dopamina. De uma forma geral, podemos dizer que os níveis de dopamina sobem quando passamos por experiências que nos tragam prazer, assim quando o nível de dopamina sobe nos sentimos bem. Dopamina Serotonina Serotonina é um neurotransmissor derivado do aminoácido triptofano. Os neurônios serotoninérgicos encontrados no sistema nervoso central desempenham diversas funções, entre elas regulação do humor, apetite, sono, contração muscular, funções cognitivas, incluindo memória e aprendizado. A maioria dos anti-depressivos parece estar envolvida na modulação dos níveis de serotonina nas sinapses. Serotonina Ação de drogas Diversas substâncias causam dependência química. Estudaremos nos próximos slides o mecanismo molecular de 5 drogas. Usaremos como ilustração o excelente site “Mouse Party” indicado ao lado. Heroína Ecstasy Metanfetamina Maconha F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Ação de drogas (heroína) Antes da heroína entrar no sistema, neurotransmissores inibitórios estão ativos na sinapse. Tais neurotransmissores inibem a liberação de dopamina. Neurotransmissor inibitório Neurotransmissor dopamina Receptores de opióides Receptor de dopamina F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Sistema sem heroína Ação de drogas (heroína) Quando os opióides naturais do corpo, ativam os receptores de opióides, a liberação de neurotransmissores inibitórios é encerrada. Sem inibição, a dopamina é liberada. Neurotransmissor inibitório Neurotransmissor dopamina Receptor de dopamina Receptorde opióides Opióide nativo Sistema sem heroína F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Ação de drogas (heroína) A heroína imita opióides naturais e liga-se ao receptor de opióides, deligando a inibição da liberação de dopamina. A dopamina inunda a sinapse, produzindo a sensação imediata de bem-estar. Neurotransmissor inibitório Receptor de opióides Neurotransmissor dopamina Receptor de dopamina Heroína Sistema com heroína F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Ação de drogas (heroína) Neurônios com receptores de opióides são responsáveis pelas seguintes respostas fisiológicas: transmissão da sensação de dor, resposta ao estresse e apego emocional. Os opióides naturais são analgésicos naturais efetivos quando sofremos lesões extensas. Por este motivo, a morfina (estrutura molecular mostrada abaixo), uma droga relacionada à heroína, é usada como analgésico. Morfina (CID 5288826) Heroína (CID 5462328) Ação de drogas (ecstasy) Transportadores de serotonina são canais transmembranares. Eles são responsáveis pela remoção das moléculas de serotonina da fenda sináptica. Receptor de serotonina Transportador de serotonina Neurotransmissor serotonina F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Sistema sem ecstasy Ação de drogas (ecstasy) Ecstasy tem estrutura molecular similar à serotonina, sendo levado pelos canais transportadores de serotonina. O ecstasy é mais facilmente absorvido do que a própria serotonina. Receptor de serotonina Transportador de serotonina Ecstasy Neurotransmissor serotonina F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Sistema com ecstasy Ação de drogas (ecstasy) A interação com ecstasy altera o canal transportador de serotonina. Tal canal passa a funcionar de forma reversa, tirando serotonina da célula. A molécula de serotonina retorna à fenda sináptica. Receptor de serotonina Transportador de serotonina Ecstasy Neurotransmissor serotonina F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Sistema com ecstasy Ação de drogas (ecstasy) O excesso da molécula de serotonina inunda a fenda sináptica. O resultado líquido é que serotonina liga-se novamente aos receptores da célula pós-sináptica, superestimulando estas células. Receptor de serotonina Transportador de serotonina Ecstasy Neurotransmissor serotonina F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Sistema com ecstasy Ação de drogas (ecstasy) Ecstasy afeta as vias da serotonina, responsáveis pelo sono, humor, percepção e apetite. A estrutura molecular do ecstasy é similar à serotonina, como podemos ver nas figuras abaixo. Ecstasy (CID 1615) Serotonina (CID 5202) Ação de drogas (metanfetamina) Neurotransmissor dopamina Receptor de dopamina Transportador de dopamina Metanfetamina Canais transportadores de dopamina são responsáveis pela remoção da dopamina da fenda sináptica. Devido à similaridade estrutural da dopamina e metanfetamina, esta última é levada para dentro da célula, pelos canais transportadores de dopamina. F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Sistema com metanfetamina Ação de drogas (metanfetamina) Neurotransmissor dopamina Receptor de dopamina Transportador de dopamina Metanfetamina Uma vez dentro da célula, a molécula de metanfetamina inseri-se na vesícula de dopamina, forçando esta para fora das vesículas. F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Sistema com metanfetamina Ação de drogas (metanfetamina) Neurotransmissor dopamina Receptor de dopamina Transportador de dopamina Metanfetamina O excesso de dopamina no meio intracelular, faz com que os canais transportadores funcionem de forma reversa, jogando dopamina para fora da célula, direto na fenda sináptica. F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Sistema com metanfetamina Ação de drogas (metanfetamina) Neurotransmissor dopamina Receptor de dopamina Transportador de dopamina Metanfetamina A fenda sináptica aprisiona as moléculas de dopamina, como consequência temos que as moléculas de dopamina ligam-se aos receptores na célula pós-sináptica, levando esta a ser super-estimulada. F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Sistema com metanfetamina Ação de drogas (metanfetamina) Dopamina (CID 681) As figuras abaixo mostram a similaridade entre as estruturas moleculares da dopamina (neurotransmissor) e metanfetamina (droga). A metanfetamina tem-se vulgarizado como droga de abuso devido aos seus efeitos agradáveis intensos tais como a euforia, aumento do estado de alerta, da auto-estima, do apetite sexual, da percepção das sensações e pela intensificação de emoções. Metanfetamina (CID 10836) Ação de drogas (maconha) Antes da maconha entrar no sistema, neurotransmissores inibitórios estão ativos na sinapse. Tais neurotransmissores inibem a liberação de dopamina. Neurotransmissor inibitório Neurotransmissor dopamina Receptores de canabinóides Receptor de dopamina F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Sistema sem tetrahidrocannabinol (THC) Ação de drogas (maconha) Quando ativada pelo canabinóide nativo do corpo (chamado anandamida), receptores de canabinóides desativam a liberação de neurotransmissorares inibitórios. Sem inibição, a dopamina é liberada. Neurotransmissor inibitório Neurotransmissor dopamina Receptor de dopamina Receptor de canabióides Anandamida F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Sistema sem tetrahidrocannabinol (THC) Ação de drogas (maconha) F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e du /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Sistema com tetrahidrocannabinol (THC) THC é o componente ativo da maconha, que assemelha-se estruturalmente à anandamida e liga-se aos receptores de canabinóides. A inibição é desligada e a dopamina é liberada na sinapse. Neurotransmissor inibitório Receptor de canabióides Neurotransmissor dopamina Receptor de dopamina Ação de drogas (maconha) O neurotransmissor anandamida é responsável pela remoção de memórias de curta duração desnecessárias, bem como retardar o movimento, dando uma sensação de relaxamento e calma. Ao contrário de THC a anandamida é facilmente eliminada pelo metabolismo, o que explica o motivo do neurotransmissor não produzir uma sensação prolongada de relaxamento e calma. Ao lado vemos a estrutura do THC. Tetrahidrocannabinol (THC) Ação de drogas (cocaína) F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Transportadores de dopamina são responsáveis pela remoção das moléculas de dopamina da fenda sináptica, após realizarem sua ação fisiológica. Neurotransmissor dopamina Receptor de dopamina Transportador de dopamina Sistema sem cocaína Ação de drogas (cocaína) F o n te :h tt p :/ /l e a rn .g e n e ti c s .u ta h .e d u /c o n te n t/ a d d ic ti o n /d ru g s /m o u s e .h tm l Cocaína bloqueia os transportadores de dopamina, deixando-os presos na fenda sináptica. Como resultado a dopamina liga- se de forma contínua aos receptores de dopamina, super-estimulando a célula. Neurotransmissor dopamina Receptor de dopamina Transportador de dopamina Cocaína Sistema com cocaína Ação de drogas (cocaína) Como outras drogas, a cocaína concentra- se no centro de prazer do cérebro. Contudo essa droga é ativa também na parte do cérebro responsável pelos movimentos voluntários. Tal ação, leva aos usuários de cocaína a apresentarem dificuldade de permanecerem parados. A estrutura molecular da cocaína é mostrada ao lado. Cocaína (CID 446220) OLIVEIRA, Jarbas Rodrigues de; WACHTER, Paulo Harald; AZAMBUJA, Alan Arrieira. Biofísica para ciências biomédicas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. 313 p. OKUNO, Emiko; CALDAS, Iberê Luiz; CHOW, Cecil. Física para ciências biológicas e biomédicas. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1982. 490 p. PURVES, W. K., SADAVA, D., ORIANS, G. H., HELLER, H. G. Vida. A Ciência da Biologia. 6a ed. Artmed editora. 2002. Referências
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