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apostila pragas e doenças dos citros

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Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
1 
 
 
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará 
Campus Santarém 
Curso Técnico em Agropecuária 
Disciplina: Fitossanidade 
 
 
 
 
 
 Pragas e Doenças dos Citros 
 
 
 
 
 
 
 Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 Janeiro - 2010 
 
 
 
 
 
 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
2 
 
Índice 
 
Introdução ......................................................................................................... 3 
Clorose Variegada dos Citros.......................................................................... 4 
Declínio............................................................................................................... 11 
Greening............................................................................................................. 14 
Leprose............................................................................................................... 18 
Gomose............................................................................................................... 22 
Mancha de Alternária......................................................................................... 25 
Bicho Furão........................................................................................................ 27 
Cancro Cítrico.................................................................................................... 34 
Cigarrinhas......................................................................................................... 44 
Ácaro da Ferrugem............................................................................................ 52 
Minador dos Citros............................................................................................ 55 
Morte Súbita dos Citros.................................................................................... 59 
Moscas das Frutas............................................................................................ 65 
Mosca Negra dos Citros.................................................................................... 69 
Ortézia................................................................................................................. 71 
Pinta Preta.......................................................................................................... 75 
Podridão Floral................................................................................................... 80 
Rubelose............................................................................................................. 82 
Tristeza............................................................................................................... 84 
Verrugose........................................................................................................... 88 
Melanose............................................................................................................. 91 
Sorose................................................................................................................. 94 
Xiloporose.......................................................................................................... 97 
Mancha-Areolada............................................................................................... 98 
Exocorte.............................................................................................................. 99 
Tombamento de Mudas..................................................................................... 101 
Antracnose......................................................................................................... 103 
 
 
 
 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
3 
 
 
Introdução 
 
A citricultura brasileira apresenta números expressivos que traduzem a grande 
importância econômica e social que a atividade tem para a economia do país. 
Alguns desses números são mostrados concisamente: a área plantada está ao 
redor de 1 milhão de hectares e a produção de frutas supera 19 milhões de 
toneladas, a maior no mundo há alguns anos. O país é o maior exportador de 
suco concentrado congelado de laranja cujo valor das exportações, juntamente 
com as de outros derivados, tem gerado cerca de 1,5 bilhão de dólares anuais. O 
setor citrícola brasileiro somente no Estado de São Paulo gera mais de 500 mil 
empregos diretos e indiretos. 
A citricultura paraense tem grande potencial para implementar seu crescimento 
sobretudo em função da ausência de doenças e pragas de grande importância 
que se encontram distribuídas no Sudeste, maior centro produtor. 
A região citrícola do Estado do Pará, que abrange os municípios de Irituia, 
Capitão Poço, Garrafão do Norte e Ourém, conta com uma área de 15 mil 
hectares de laranjeiras, o que corresponde a um total de 4 milhões de pés, que 
produzem anualmente 6 milhões de caixas de laranjas, ou seja, o equivalente a 
240 mil toneladas. Absorve mão-de-obra em torno de 10.500 pessoas e 
movimenta um volume financeiro na ordem de R$ 30.000.000,00. 
O controle de pragas e doenças na citricultura representa um grande percentual 
no custo de produção. Como exemplo, citamos o ácaro de leprose, que na 
citricultura brasileira, o controle desta praga corresponde a 18% da produção, 
tendo sido gastos, em 1999, só no Estado de São Paulo, cerca de 210 milhões de 
reais, com a aquisição de acaricidas, mostrando que essa praga contribui em 
muito para o aumento dos custos de produção da cultura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
4 
 
 
 Clorose Variegada dos Citros – CVC 
 
 
 
 A clorose variegada dos citros (CVC), conhecida como amarelinho, é uma 
doença causada pela bactéria Xylella fastidiosa, que atinge todas as variedades 
de citros comerciais. 
 
 
Restrita ao xilema da planta, a bactéria provoca o entupimento dos vasos 
responsáveis por levar água e nutrientes da raiz para a copa da planta. A 
produção do pomar afetado cai rapidamente, os frutos ficam duros, pequenos e 
amadurecem precocemente. A perda de peso do fruto pode chegar a 75%. 
 
A bactéria é transmitida e disseminada nos pomares por insetos vetores. Como 
ainda não há uma forma específica de combate à Xylella fastidiosa, os 
citricultores devem implantar em seus pomares as estratégias de manejo da 
doença. 
 
 
Planta com sintomas de CVC 
 
Vasos do xilema obstruído por 
células de Xylella fastidiosa 
 
Células de Xylella fastidiosa 
 
 Ocorrência 
 
 
A CVC foi identificada oficialmente no Brasil, em 1987, em pomares do Triângulo 
Mineiro e do Norte e Noroeste do Estado de São Paulo. Embora essas sejam as 
regiões mais afetadas até hoje, ela já está presente em quase todas as áreas 
citrícolas do país, com intensidades diferentes. 
 
 Sintomas 
 
 
Os primeiros sintomas são vistos nas folhas, passam posteriormente para os 
frutos e acabam afetando toda a planta. 
 
 Nas folhas - Os primeiros sintomas da clorose aparecem nas folhas maduras da 
copa. Em folhas novas, mesmo de plantas severamente afetadas, não há 
manifestação da doença. Surgem pequenas manchas amareladas, espalhadas 
na parte lisa da folha (frente) e que correspondem a lesões de cor palha nas 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
5 
 
costas. Essas manchas evoluem para lesões de cor palha dos dois lados da 
folha. 
 
Com o avanço da CVC, observa-sea desfolha dos ramos mais altos da planta, 
locais mais atacados pelas cigarrinhas. 
 
 
Folhas com sintomas de CVC 
(pequenas manchas amareladas) 
 
Estágio mais avançado 
lesões de cor palha 
 
Desfolha dos ramos 
mais altos da planta 
 
 
 Nos frutos - No início, pode-se observar poucos ramos com frutos pequenos. 
Em estágio avançado, toda a planta produz frutos miúdos. Quanto mais nova a 
planta infectada, mais rapidamente ela será totalmente afetada. 
 
Com o agravamento da doença, os frutos ficam queimados pelo sol, com 
tamanho reduzido, endurecidos e com maturação precoce. Nesse estágio, são 
imprestáveis para o comércio. 
 
 
Frutos sadios ao lado de frutos de 
tamanho reduzido devido à doença 
 
Sintomas de murcha em folhas e 
queimadura do sol em frutos 
 
Detalhe de murcha em folhas e 
queimadura do sol em frutos 
 
 
A identificação precoce ajuda na recuperação da planta e pode retardar a 
disseminação da CVC. 
 
 
 
 
Diferenças 
 
É comum o citricultor confundir os sintomas da CVC com deficiência de zinco ou 
sarampo. Esse engano pode retardar as práticas recomendadas pelos técnicos 
para eliminar o mais rápido possível a presença da bactéria na árvore. Veja a 
diferença entre as doenças: 
 
 
 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
6 
 
 
 
Sarampo 
 
Deficiência de Zinco 
 
CVC 
 
Os pontos amarelos que 
identificam o sarampo são 
circulares, menores e 
distribuídos pela folha. 
 
 
 Neste caso, as manchas 
são semelhantes às da CVC, 
mas a folha não apresenta 
lesões da cor palha na parte 
inferior. 
 
 
 
Pequenas manchas 
amareladas espalhadas na 
face superior da folha e que 
correspondem a lesões de cor 
palha face inferior da folha.
 
 
 
 
 Transmissão 
 
 
Onze espécies de cigarrinhas são comprovadamente capazes de transmitir a 
bactéria Xylella fastidiosa e, portanto, são responsáveis pela disseminação da 
CVC em todas as regiões citrícolas do país. Ao se alimentarem no xilema de 
árvores contaminadas, as cigarrinhas adquirem a bactéria e passam a transmiti-
la para outras plantas sadias. Entre as medidas mais importantes de manejo da 
doença está o controle de cigarrinhas no pomar. O primeiro passo é saber 
reconhecê-las: 
 
 
 
Acrogonia citrina 
 
Oncometopia facialis 
 
Bucephalogonia 
xanthophis 
 
Dilobopterus costalimai 
 
 
 
 
Plesiommata corniculata 
 
Macugonalia leucomelas 
 
Sonesimia grossa 
 
Ferrariana trivittata 
 
 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
7 
 
 
 
 
Acrogonia virescens 
 
Parathona gratiosa 
 
Homalodisca ignorata 
 
 
 
 
 Estratégias de manejo 
 
 
O manejo da CVC exige cuidados e dedicação por parte do citricultor e está 
baseado em três estratégias: 
 
- Utilização de mudas sadias; 
 
- Poda de ramos com sintomas iniciais em plantas com mais de dois anos e 
erradicação de plantas abaixo dessa idade; 
 
- Controle do vetor - cigarrinhas 
 
Além dessas medidas, é importante manter os tratos culturais exigidos pelo 
pomar. Deve-se ressaltar que nenhuma das medidas de convivência poderá ter 
eficiência isoladamente. 
 
1. Mudas sadias 
 
 
Para que o citricultor não corra o risco de levar a bactéria Xylella fastidiosa para a 
sua propriedade e nem perca a árvore antes que ela comece a produzir, o 
primeiro passo é adquirir mudas que estejam livres da doença. 
 
Verifique se o viveiro adota todas as medidas de segurança que garantem a 
produção de mudas sadias. Elas devem ser compradas em viveiros certificados,
que respeitam uma série de regras sanitárias estabelecidas pela Secretaria da 
Agricultura do Estado de São Paulo. 
 
O citricultor precisa dobrar a vigilância na época da colheita, quando aumenta o 
trânsito de equipamentos, veículos e frutos por todo o estado. 
 
 
 
 
 
 
 
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8 
 
 
2. Poda 
 
 
 
 
 
Essa é uma das mais importantes medidas de 
controle da CVC. A poda e, em alguns casos a 
erradicação, evita a proliferação da bactéria na 
planta e elimina as fontes de inóculo, nas quais as 
cigarrinhas poderiam adquirir a bactéria e 
posteriormente transmiti-la. 
 
Poda de ramos doentes em 
plantas com mais de 2 anos 
 
 
O sucesso da poda ocorre principalmente nos 
sintomas iniciais da doença. Os melhores resultados 
são obtidos em pomares com poucas árvores 
contaminadas. 
 
Árvores com sintomas severos apresentam a 
bactéria distribuída pela planta, chegando até o 
tronco. Nesses casos, a poda não é eficaz e deve-se 
fazer a erradicação da planta. 
 
 Passos da poda: 
 
-Inspeção 
Inspecione o pomar para identificar ramos com sintomas de CVC, que precisam 
ser podados. Quanto mais cedo os sintomas forem identificados, mais eficiente 
será a poda. As inspeções devem ser feitas entre janeiro e julho, por ser a época 
em que os sintomas estão mais evidentes. 
 
-Identificação 
Para facilitar o trabalho, o galho com sintoma pode ser identificado com uma 
marca. Na foto abaixo, o citricultor usou uma fita. O galho deve ser eliminado o 
mais rápido possível ou de preferência durante a inspeção. 
 
-Poda 
Depois de feita a inspeção e identificados os galhos com sintomas, deve-se 
iniciar a poda. Para que seja eficiente, o corte deve ser feito em uma forquilha, 
distante mais de 70 cm dos sintomas. 
 
-Proteção 
Nos locais que foram serrados durante a poda, faça a aplicação da pasta cúprica. 
Trata-se de uma proteção contra doenças causadas por fungos e bactérias. 
 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
9 
 
 
 
Inspeção 
 
 
Identificação 
 
 
Poda Proteção 
 
Sintoma inicial de CVC 
Perda de turgidez 
Uso de algum tipo de 
marca, como, por 
exemplo, uma fita 
 Corte deve ser feito 
em uma forquilha a 
cerca de 70 cm dos 
sintomas 
 Aplicação da pasta 
cúprica nos locais que 
foram serrados 
durante a poda. 
 
 Recomendações: 
 
-Em plantas acima de seis anos, com sintomas iniciais de frutos miúdos, a poda 
deve ser feita na "forquilha" do galho contaminado. Por precaução, as serras são 
desinfestadas com bactericida (amônia quaternária). 
 
-Plantas abaixo de dois anos, com sintomas, devem ser erradicadas e 
substituídas por mudas sadias. 
 
3. Monitoramento e controle de cigarrinhas 
 
 
Em anos chuvosos as cigarrinhas aparecem na primavera e, em anos secos, 
surgem mais tarde, no verão. No meio do ano, quando se inicia a seca, elas 
começam a sumir dos pomares. 
 
-Monitoramento 
Existem vários métodos de amostragem da população de cigarrinhas, entre eles: 
armadilha adesiva amarela, observação visual e por rede entomológica (puçá). 
Em qualquer dos casos é necessário treinamento para identificar as cigarrinhas 
que transmitem a doença. O número de plantas inspecionadas deve 
corresponder a 1% ou 2% do pomar, em locais bem definidos. Escolha plantas 
que apresentam vegetação intensa, que são as preferidas pelas cigarrinhas. 
 
 
 
Armadilha adesiva amarela Armadilha com cigarrinhas 
capturadas 
Puçá 
 
 
-Controle químico 
 
Deve ser feito quando for constatado 10% das plantas de um talhão com 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
10 
 
cigarrinhas, independente da espécie. Faça o controle até as plantas atingirem 6 
anos. É aconselhado monitoramentos e pulverizações periódicas em talhões 
mais velhos, que estão próximosa talhões novos. A mesma recomendação vale 
para locais próximos a matas naturais e baixadas. 
 
Em plantas com até três anos de idade, pode-se aplicar inseticidas sistêmicos no 
início e final do período das águas, com aplicações de inseticidas de contato 
durante a seca. Caso se opte pela utilização somente de inseticidas de contato 
no controle do vetor, é recomendado a aplicação mensal do período das águas e, 
a cada dois meses, durante a seca. Se os pomares forem mais velhos, a 
recomendação dos técnicos para o combate é basear as aplicações de acordo 
com a população de cigarrinhas. 
 
As pulverizações devem ser criteriosas. O uso indiscriminado de produtos 
químicos elimina os inimigos naturais que, sozinhos, são responsáveis pelo 
controle de 40% da população de cigarrinhas e podem causar surtos de pragas 
secundárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
11 
 
Declínio 
 
O declínio não tem causa (etiologia) conhecida. É semelhante ao "citrus blight", 
"young tree decline" e "sand hill decline" descritos nos Estados Unidos desde de 
1891 (Flórida, Texas, Louisiana e Havaí), ao "declinamiento" na Argentina, ao 
"marchitamiento repentino" no Uruguai e ao "sudden decline" na Venezuela. 
 
A estimativa é que a doença afete 5% das plantas do parque citrícola por ano. 
 
 
 Sintomas de declínio 
 
 Ocorrência 
 
 
O primeiro caso da doença foi constatado em 1970, na Bahia. No Estado de São 
Paulo, o declínio apareceu em 1977 e, posteriormente, foi verificado em outros 
estados brasileiros. 
 
 Sintomas 
 
 
O primeiro sintoma é murcha parcial ou total das folhas, causada pela 
incapacidade do xilema na condução de água. A absorção e transporte de água 
nas plantas com declínio são reduzidos ou quase nulos em relação aos de uma
planta sadia. As folhas apresentam coloração verde opaca, sem brilho e com 
uma leve torção. 
 
Em plantas com declínio, se verifica ainda: 
 
- Aparecimento de deficiência de zinco nas folhas e excesso nos vasos lenhosos; 
- Brotação de primavera retardada; 
- Florada atrasada com produção reduzida; 
- Queda de folhas em estágio mais avançado; 
- Brotação interna na copa; 
- Frutos miúdos e sem brilho, impróprios para o comércio; 
- A evolução da doença provoca a morte de radicelas 
 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
12 
 
 
 
Frutos miúdos e folhas murchas Brotações internas Desfolha 
 
 
Raramente ocorre a morte das árvores, podendo o estágio final da doença variar 
de meses a dois anos. 
 
Os sintomas só foram verificados em árvores a partir de quatro anos de idade. 
Daí por diante, pode manifestar-se em árvores de qualquer idade. A maior 
incidência é entre 8 a 12 anos. 
 
 Diagnóstico 
 
 
Além da observação dos sintomas, o diagnóstico de 
uma planta com declínio também pode ser feito pelo 
teste da seringa. 
 
 
Aplicação do teste da seringa 
 
O método é utilizado para se determinar a velocidade 
de absorção de água pelo tronco injetando-se água 
por pressão. 
 
Nas plantas sadias normalmente se consegue injetar 
10 ml de água em 30 segundos num furo de 1/8 de 
polegada de diâmetro no tronco com uma seringa 
plástica sem a agulha. 
 
Nas plantas doentes, esta absorção é muito reduzida 
ou nula. 
 
 Controle 
 
 
A subenxertia com porta-enxertos tolerantes não têm mostrado resultados 
satisfatórios, por isso, recomenda-se a erradicação da planta doente e sua 
substituição por outra com porta-enxerto mais tolerante e que atenda às 
condições de clima e solo da propriedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
13 
 
 
Variedades de porta-enxerto tolerantes e intolerantes 
Copas Porta-enxertos Intolerantes à doença Tolerantes à doença 
 Laranja Doce 
 Pomelo 
 Limão Cravo Tangerinas Sunki e Cleópatra 
 Limão Rugoso Laranjas azeda e doce Caipira 
 Limão Volkameriano Citrumelo Swingle 
 Poncirus trifoliata e alguns de 
seus híbridos Tangelo Orlando 
 Citrange Carrizo Limas 
 Limões verdadeiros 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
14 
 
Greening 
 
Também chamado de huanglongbing (HBL), o greening, é uma doença de difícil 
controle. Provavelmente é originário da China, e hoje afeta seriamente a 
produção de citros na Ásia e na África. 
 
O agente causal é uma bactéria com crescimento limitado ao floema (vasos que 
distribuem a seiva elaborada), chamada provisoriamente Candidatus Liberibacter 
spp. Antes da constatação no Brasil, existiam duas formas de bactérias 
causadoras do greening: Candidatus Liberibacter africanus, associado à forma 
africana da doença, e Candidatus Liberibacter asiaticus associada à forma 
asiática. 
Propõe-se que a nova forma de greening seja chamada de forma americana e 
seja atribuída à bactéria Candidatus Liberibacter americanus. A transmissão das 
formas africana e asiática ocorre por vetores, que são duas espécies de 
psilídeos: Trioza erytreae, que ocorre na África; e Diaphorina citri, que é 
encontrada na Ásia, África e também nas Américas. 
 
Não existe nenhuma variedade de copa ou porta-enxerto resistente à doença. 
 
 
 
 Histórico 
 
 
A primeira observação do greening nos pomares brasileiros foi em março de 
2004, quando alguns citricultores relataram ao Fundecitrus a manifestação de 
sintomas por eles desconhecidos, em várias plantas de pomares em municípios 
diferentes. Um grupo de pesquisadores brasileiros e franceses iniciou os estudos 
para a identificação da doença. 
 
 Agente causal 
 
 
As pesquisas apontam que existem duas formas de greening nos pomares 
paulistas. A conclusão é baseada nos resultados dos testes realizados pelo 
Centro APTA Citros "Sylvio Moreira" do IAC, e pelo Fundecitrus, em colaboração 
com o INRA, da França. As instituições detectaram bactérias distintas nas 
amostras. 
 
Os pesquisadores do Fundecitrus e do INRA descobriram nas plantas doentes 
uma bactéria diferente das causadoras das formas asiática e africana do 
greening, mas que tem mais de 93% de similaridade com essas duas formas 
conhecidas. A nova bactéria foi batizada de Candidatus Liberibacter americanus. 
Já o Centro APTA Citros "Sylvio Moreira" constatou em plantas doentes a 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
15 
 
presença da bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus, agente causal da forma 
asiática do greening. 
 
Reforçando os resultados, a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" 
(Esalq/USP) detectou dentro do floema de planta doentes bactérias sem forma 
definida, característica das bactérias do grupo das causadoras do greening. 
 
 
 
Resultados: A Esalq 
detectou bactérias sem 
forma definida dentro do 
floema de plantas 
doentes, características 
das bactérias do grupo 
das causadoras do 
greening. Foto: Elliot W. Kitajima Foto: Francisco A. O. Tanaka 
 
 
 
 Sintomas 
 
 
Ramos e folhas 
O sintoma inicial geralmente aparece em um ramo ou galho, que se destaca pela 
cor amarela em contraste com a coloração verde das folhas dos ramos não 
afetados. As folhas apresentam coloração amarela pálida, com áreas de cor 
verde, formando manchas irregulares (mosqueadas). 
 
Também é comum a ocorrência de sintomas semelhantes a deficiência de zinco, 
cálcio e nitrogênio nas folhasdos ramos afetados. Em alguns casos observa-se o 
engrossamento e clareamento das nervuras da folha, que ficam com aspecto 
corticoso. Com a evolução da doença, há intensa desfolha dos ramos afetados e 
os sintomas começam a aparecer em outros ramos da planta, tomando toda a 
copa, inclusive com o surgimento de seca e morte de ponteiros. 
 
 
 
 
 
 
 
O sintoma inicial é um ramo amarelo que se destaca na planta doente. 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
16 
 
 
 
 
 
As folhas de ramos afetados ficam amareladas e apresentam manchas. 
 
 Frutos 
O fruto fica deformado e assimétrico. Cortando-se um fruto afetado no sentido 
longitudinal, é possível verificar internamente filetes alaranjados que partem da 
região de inserção com o pedúnculo (haste que segura o fruto). A parte branca 
da casca, em alguns casos, apresenta uma espessura maior que o normal. 
 
Também ocorre redução no tamanho dos frutos e intensa queda. É comum a 
ocorrência de sementes abordadas. O fruto pode apresentar internamente 
diferença de maturação nas diferentes partes, ou seja, ter um dos lados maduro 
(amarelo) e o outro ainda verde. 
 
Na casca podem aparecer pequenas manchas circulares verde-claras que
contrastam com o verde normal do fruto. 
 
 
 
 
 
 
Frutos ficam assimétrico e na inserção com o pedúnculo surgem filetes alaranjados. 
Na casca, há manchas circulares verde-claras. 
 
 
 
 
 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
17 
 
 
 Transmissão 
 
 
 Os pesquisadores acreditam que no Estado de 
São Paulo a doença seja transmitida por um vetor 
Diaphorina citri, um pequeno inseto que mede de 
3 a 4 mm e que é comum nos pomares brasileiro 
e na planta ornamental conhecida como falsa 
murta (Murraya paniculata). 
 
Diaphorina citri 
 
A hipótese é baseada no que ocorre com o 
greening nos países asiáticos, região em que a 
doença é transmitida pelo mesmo inseto. A 
transmissão pode ocorrer por borbulhas 
contaminadas. Mudas contaminadas também 
dissemina a doença. 
 
 
 
 Controle 
 
 
As pesquisas ainda estão no início, mas já é possível fazer algumas 
recomendações de controle, embora não se saiba como será o comportamento 
da nova doença no Brasil. As recomendações são baseadas nas duas formas de 
greening - asiática e africana - conhecidas em outros países. 
 
As indicações se baseiam em três medidas de controle: 
 
- O primeiro passo é adquirir mudas sadias, produzidas em viveiros protegidos, 
que seguem a legislação fitossanitária; 
 
- Eliminar as plantas doentes assim que apresentem os primeiros sintomas, para 
que não sirvam de fonte de contaminação para outras plantas da mesma 
propriedade e dos vizinhos; 
 
- Fazer o controle químico do vetor com a aplicação de inseticidas. 
 
 
 
 
 
Pragas e Doenças dos Citros Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
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Leprose 
 
É uma das principais doenças da citricultura e atinge, principalmente, laranjeiras 
doces. Provocada por um vírus transmitido pelo ácaro Brevipalpus phoenicis, a 
leprose pode causar perdas de produção e redução da vida útil da árvore 
debilitada. 
 
 
Os gastos com acaricidas têm sido o principal fator de custo de um pomar em 
produção. 
 
A leprose dos citros pode ocorrer em qualquer época do ano, mas a sua 
propagação é mais freqüente em períodos de seca, entre abril e setembro, época 
em que a população do ácaro também é maior. 
 
 
 Sintomas da Leprose 
 Ocorrência 
 
 
A leprose dos citros atinge regiões tropicais. Tem casos relatados na América do 
Sul (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Venezuela) e, mais 
recentemente, na América Central (Panamá e Costa Rica). 
 
No Brasil, foi identificada pela primeira vez em 1933, no Estado de São Paulo, 
onde ocorre de forma endêmica em todas as áreas do planalto paulista, 
principalmente nas regiões Norte e Noroeste. Também já foi descrita em quase 
todos os Estados que produzem citros. 
 
 Sintomas 
 
 
O vírus induz sintomas nas folhas, ramos e frutos. 
 
As folhas apresentam lesões arredondadas e lisas, tanto na face superior como 
na face inferior. A coloração varia de verde-pálida a marrom no centro e em volta 
há um halo amarelo. Em grande quantidade, provoca a queda prematura das 
folhas. 
 
Em ramos novos, as lesões são amareladas. Com o tempo assumem a cor 
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marrom avermelhada, se tornam escamadas e adquirem uma casca grossa, 
podendo ser confundida com lesões de cancro cítrico ou sorose. Quando em 
grande número, ocasiona a seca dos ramos e morte dos ponteiros. 
 
 
 
Nas folhas, as lesões são 
rasas em ambas as faces 
Sintomas em ramos Sintomas na casca dos ramos 
 
 Em frutos, as lesões são distribuídas de forma irregular na superfície. Nos frutos 
verdes observa-se um halo amarelo em torno da lesão. À medida que o fruto 
amadurece, as lesões vão se tornando escuras e profundas. Ataques intensos 
provocam a queda dos frutos. 
 
 
 
Sintomas em frutos Sintomas em frutos maduros Queda de frutos devido à Leprose 
 
 Ácaro Brevipalpus phoenicis 
 
 
O ácaro da leprose é achatado, apresenta quatro pares de pernas e tem 
coloração avermelhada com manchas escuras no dorso. Uma vez infectado é 
capaz de transmitir o vírus por toda sua vida. Larvas, ninfas e adultos do ácaro 
são igualmente capazes da transmissão. 
 
O ácaro da leprose apresenta inúmeras plantas hospedeiras, entre plantas 
daninhas e cercas vivas em pomares cítricos, que favorecem sua multiplicação e 
disseminação. 
 
 
 
Detalhe de lesão em fruto Ácaro da Leprose Ácaro, ovos e ninfas 
 
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 Suscetibilidade 
 
 
O ácaro da leprose infesta os pomares durante todo o ano. A população da 
praga começa a aumentar a partir de março, que corresponde ao início da seca e 
crescimento dos frutos. A partir de julho, as populações são altas, com pico em 
setembro e outubro, diminuindo com as chuvas de verão e com a colheita dos 
frutos. Longos períodos de seca aumentam a população da praga e a 
disseminação da doença. 
 
 
Suscetibilidade à Leprose dos Citros 
Condição Variedades de citros 
Suscetíveis à doença Laranjeiras doces 
Raramente apresentam lesões e 
quando isso ocorre são menos 
acentuadas 
 Laranja Azeda 
 Lima da Pérsia 
 Limões Galego e Siciliano 
 Tangerinas e tangores 
 
 
 
 
 Controle 
 
 
O progresso da doença no pomar está diretamente relacionado à presença de 
plantas com sintomas e ao número de ácaros. Portanto, as medidas de controle 
são para remover ou diminuir as fontes dos vírus na planta e reduzir a população 
de ácaros. 
 
Medidas de controle: 
 
- Aquisição de mudas sadias livres de ácaros e de vírus; 
 
- Retirada de frutos temporões, caídos e com sintomas; 
 
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- No inverno, deve ser feita a poda de limpeza dos ramos afetados; 
 
- Utilização de quebra-ventos para reduzir a disseminação do ácaro; 
 
- Colheita antecipada e retirada de todos os frutos da planta na ocasião da 
colheita, não deixando frutos remanescentes. É a parte preferida para a 
multiplicação do ácaro, quanto mais tempo os frutos forem mantidos na planta, 
maior será sua multiplicação; 
 
- Retirada de todos os frutos da planta na ocasião da colheita. Éa parte preferida 
para a multiplicação do ácaro, quanto mais tempo os frutos forem mantidos na 
planta, maior será sua multiplicação; 
 
- Controle da verrugose e do ataque do minador do citros, uma vez que as lesões 
servem de abrigo ao ácaro; 
 
- Controle de plantas daninhas hospedeiras do ácaro; 
 
- A inspeção do ácaro no pomar deve ser feita a cada 7 ou 15 dias, em pelo 
menos 1% das plantas de cada talhão; 
 
- Pulverização do pomar com acaricida. O uso de acaricidas é indicado quando 
5% a 10% dos frutos ou ramos examinados apresentam um ou mais ácaros. No 
período de um ano, deve se evitar o uso de um mesmo princípio ativo e classe 
química nas pulverizações, para que não haja seleção de ácaros resistentes ao 
acaricida empregado. A pulverização deve ser feita de modo a obter uma boa 
cobertura da planta; 
 
- A erradicação é necessária quando as lesões atingem toda a planta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Gomose 
 
Com base em critérios fenotípicos e genotípicos, o gênero Phytophthora foi 
reclassificado e está atualmente presente no reino Straminipila, deixando de ser 
considerado fungo. 
 
 
Das várias manifestações de doença que o gênero Phytophthora pode causar, a 
podridão do pé, na base do tronco, e as podridões de raízes e radicelas são as 
mais comuns, principalmente em pomares novos, devido à utilização de mudas 
contaminadas. 
 
O patógeno também pode causar doença em sementes, sementeiras, folhas, 
brotos novos e frutos. As espécies comuns a essa doença são, principalmente, 
Phytophthora nicotianae e Phytophthora citrophthora. 
 
 
Sintoma de Gomose na base do tronco de laranjeira 
 
 Sintomas 
 
 
O sintoma característico da doença - mas não exclusivo - é a exsudação de 
goma em lesões de tronco e colo em porta-enxertos suscetíveis. A exsudação 
também pode ocorrer na região do tronco acima do ponto de enxertia, quando a 
copa é de variedade suscetível. As lesões de tronco, que produzem goma, são 
mais freqüentes em plantas muito enterradas, ou quando o tronco é ferido 
durante a realização de tratos culturais. Raramente, em nossas condições, as 
lesões ocorrem em ramos. 
 
Em troncos e ramos, os tecidos infectados da casca permanecem firmes até 
secarem completamente, quando começam a apresentar rachaduras e fendas 
longitudinais. A morte do tecido pelas lesões, pode levar ao anelamento na 
região do tronco ou das raízes principais, impedindo o fluxo da seiva elaborada 
para o sistema radicular. A conseqüência é o aparecimento dos sintomas 
reflexos na copa. 
 
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Sintoma de Gomose - exsudação de 
goma na base do tronco 
Morte do sistema radicular Reflexos foliares devidos à 
presença de Gomose no tronco ou 
raízes 
 
 Os sintomas nas folhas caracterizam-se pela descoloração de nervuras e 
amarelecimento do limbo, levando a murcha, seca e queda. Os florescimentos e 
frutificações tornam-se freqüentes e fora da época normal (extemporâneos). 
 
Os frutos produzidos ficam pequenos, de casca fina e maturação precoce. 
Também há seca e morte progressiva de ramos ponteiros ("die-back"). Há 
correspondência entre a face da copa onde esses sintomas se manifestam e a 
face do tronco ou das raízes onde as lesões ocorrem. A deterioração progressiva 
da copa, desfolhas e seca de ramos, podem levar a planta à morte. 
 
 
 
Os sintomas da copa ocorrem do 
mesmo lado das lesões no tronco 
Morte da planta em que a lesão 
atingiu toda a circunferência do 
tronco. 
Morte da planta - detalhe 
 
 Controle 
 
 
Para se obter o controle da doença é fundamental que sejam adotadas algumas 
medidas: 
 
Preventivas 
 
- O uso de porta-enxertos resistentes constitui-se na medida mais importante de 
controle das várias doenças provocadas por Phytophthora em citros, 
principalmente a podridão do pé e as podridões de raízes e radicelas. As 
principais espécies e variedades de citros foram separadas em cinco classes de 
comportamento, em função de sua suscetibilidade às infecções de tronco por 
Phytophthora nicotianae e Phytophthora citrophthora: 
 
 
 
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Suscetibilidade Variedades de citros 
 Muito alta Limões verdadeiros 
 Alta Laranjas doces, limas ácidas, limões rugosos e pomelos 
 Moderada 
 Tangerinas Sunki e Cleópatra; limão Cravo; 
tangelo Orlando; 
 limão Volkameriano, citranges Troyer e Carrizo 
 Baixa Macrophylla e laranja azeda 
 Muito baixa Citrumelo Swingle e trifoliata 
 
 Nem sempre existe uma boa correlação entre a resistência de uma variedade à 
infecção de tronco, e sua tolerância às podridões de raízes. A laranja azeda e o 
citrange Carrizo são bons exemplos de porta-enxertos que não apresentam essa 
correspondência. Eles são tidos como moderadamente resistentes às infecções 
de tronco, mas são intolerantes às podridões de raízes e radicelas. 
 
 - Seleção de áreas para plantio. Evite solos rasos, mal drenados e áreas sujeitas 
a encharcamento ou com problemas sérios de erosão; adoção de práticas de 
conservação de solo em terrenos em declive, para evitar o arraste de propágulos 
do patógeno, o acúmulo de terra e detritos junto ao colo das plantas e o 
encharcamento do solo nas baixadas; 
 
- Utilização dos adubos orgânicos no pomar, para favorecer a microflora de solo 
antâgonica a Phytophthora; 
 
- Utilização de mudas livres de Phytophthora e enxertadas a 15 ou mais 
centímetros acima do nível do solo; 
 
- Plantio alto, de modo que as raízes principais fiquem no nível do solo; 
 
- Evitar ferimentos de tronco e raízes principais; 
 
- Evitar a utilização de grades, sulcadores, subsoladores e outros equipamentos 
pesados no pomar adulto; 
 
- Em pomares irrigados por microaspersores, evitar que o jato d'água atinja a 
base do tronco das plantas. 
 
 Curativas 
 
 
- Descalçar a planta, retirando toda a terra próxima ao tronco, para expor as 
raízes; 
 
- Remover as plantas severamente afetadas do pomar e preparar as covas para 
o plantio; 
 
- Uso de controle químico com produtos sistêmicos que apresentem comprovada 
eficácia no controle preventivo e curativo da doença. 
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Mancha de Alternária 
 
A mancha de alternária é uma nova doença que afeta algumas tangerinas e seus híbridos: 
tangores e tangelos. 
 
 
É causada pelo fungo Alternaria alternata f. sp. citri, que produz uma toxina 
específica para algumas tangerinas e seus híbridos, não afetando laranjas doces, 
limões e limas ácidas. 
 
A doença pode causar desfolha, seca de ramos e queda de frutos. Os frutos com 
sintomas perdem o valor comercial. 
 
 
 
 Sintomas em fruto 
 
 Ocorrência 
 
 
A mancha de alternária foi constatada em 2001 no Estado do Rio de Janeiro e 
em 2003 no Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. 
 
 
Variedades em que a doença já foi constatada: 
 Tangerinas 
 De Wildt 
 Ponkan 
 Sunburst 
 Empress 
 África do Sul 
 Cravo 
 Rose Haugh Nartjee 
 Nova 
 Tangor 
 Ortanique 
 Murcott 
 Murcott irradiada 
 Clementinas Clemenules Caçula 3 
 Híbridos Szuwinkon Sul da África 
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 Sintomas 
 
 
O fungo causa lesõesem folhas novas, frutos e ramos. 
 
As folhas são suscetíveis até tornarem-se maduras (verde escuro). Os sintomas 
são observados 48 horas após a infecção, formando pequenas manchas 
escuras, rodeadas por um halo amarelado. Podem se expandir, ocupando 
grandes áreas da superfície foliar e atingir as nervuras. 
 
Nos ramos, os sintomas são semelhantes aos observados em folhas, com 
lesões de 1 a 10 mm de diâmetro. 
 
 
 
Folhas com sintomas de Alternária Sintomas em ramos Seca de ponteiro 
 
 Os frutos são suscetíveis até quatro meses após a florada. As lesões são 
pequenas manchas necróticas escuras, que podem variar de tamanho, conforme 
a idade do fruto. Em alguns casos, podem ser observadas lesões com centro 
corticoso e saliente. 
 
 
 
Sintomas de Alternária no fruto Sintomas de Alternária no fruto Detalhe da lesão de Alternária 
 
 Prevenção 
 
 
Para um controle adequado desta doença, há necessidade de se adotar 
estratégias de manejo do pomar e tratamentos com fungicidas. Como medidas 
de prevenção, o produtor deve: 
 
- Evitar adubação nitrogenada pesada e excesso de irrigação, pois a planta 
vegeta mais e forma tecidos suscetíveis ao fungo; 
 
- Fazer podas no inverno, para retirar tecidos doentes e melhorar a aeração da 
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planta. 
 
Bicho Furão 
 
O Bicho furão - Ecdytolopha aurantiana - é uma mariposa que deposita ovos em 
frutos, provando o seu apodrecimento e queda. 
 
 
Quando a infestação é precoce, os frutos verdes também podem ser atacados. 
 
A praga ganhou o nome de bicho furão porque na sua fase de lagarta fura o fruto, 
penetra e ali se desenvolve, só saindo para se transformar em pupa, na qual 
emerge o adulto, a pequena mariposa de coloração negra. 
 
 
Fruto atacado pelo bicho furão 
 Ocorrência 
 
 
Foi descrito pela primeira vez no Brasil em 1915. Ocorre na maioria dos Estados 
produtores de citros do Brasil. 
 
 
Ciclo de vida 
 
 
Dura de 32 a 60 dias e é mais rápido em regiões quentes; uma temperatura 
média de 30oC é a ideal para seu desenvolvimento. O inseto ataca os pomares 
mais intensamente entre os meses de novembro e março. 
 
1 - A fêmea da mariposa coloca os ovos em frutos maduros ou verdes que estão 
entre um a dois metros do chão. Costumam colocar apenas um ovo por fruto,
geralmente ao entardecer, entre 17 h e 20 h - período ideal para o controle. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 - Cada fêmea chega a colocar até 200 ovos durante o ciclo. 
 
3 - Dos ovos, saem lagartas de cabeça escura, que medem cerca de 5 mm. Elas 
furam a casca e penetram nos frutos, onde se desenvolvem até chegarem a 
cerca de 18 mm. Durante o seu desenvolvimento no fruto, que pode durar de 14 
a 30 dias, dependendo da temperatura, a lagarta se alimenta da polpa e joga 
excrementos e restos de sua alimentação para fora - esse material fica 
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endurecido e preso à casca. Essa característica ajuda a identificar a 
presença do bicho furão no pomar. 
 
 
 
 
Ciclo de vida do bicho furão 
 
4 - Antes que o fruto caia, as lagartas tecem um fio para descer ao solo, onde 
passam para a fase de pupa. Algumas vezes, a pupação pode ocorrer no fruto. 
 
 
A lagarta tem a cabeça escura. 
Ao sair do ovo penetra rapidamente 
no fruto para se alimentar da polpa 
Elas saem do ovo medindo cerca 
de 5 mm e após seu 
desenvolvimento chegam a 
alcançar 18 mm 
 
Durante o dia a mariposa costuma 
se esconder em vegetações 
invasoras 
 
 Sintomas 
 
 
Os frutos atacados pelo bicho furão tornam-se mais amarelos que os demais e, 
na sua maioria, caem. O orifício de penetração da lagarta fica evidente. 
 
Muitos citricultores confundem as lesões provocadas pelo bicho furão com 
aquelas decorrentes da ação da mosca da fruta. Saber qual a diferença entre 
eles ajudará no combate aos dois insetos. 
 
Frutos atacados - a principal diferença entre o ataque do bicho furão é que, 
após penetrar no fruto, ele lança excrementos e restos de alimentos para fora da 
casca. Esse excremento endurece e fica bem visível, grudado à abertura da 
casca. Além disso, o bicho furão consegue se desenvolver em frutos verdes, ao 
contrário da mosca da fruta. 
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No local onde a lagarta penetra, 
podem-se observar secreções. São 
restos de alimentação e 
excrementos. 
 
 
 
Lagarta do bicho furão 
em fruto atacado 
 
 
Aparência da lesão causada pelo 
bicho furão em frutos - a 
consistência é endurecida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diferença do ataque causado pela mosca da fruta 
 
Fruto atacado pela mosca da fruta 
 
 
 
 
 
 
 
 
O local da fruta atacado pela mosca fica mole e apodrecido enquanto o atacado 
pelo bicho furão torna-se endurecido. 
 
 
 
 Larva da mosca da fruta e lesão causada pela mesma 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Monitoramento 
 
 
Antes, o monitoramento do bicho furão era baseado em frutos atacados. A 
decisão de controle considerava uma porcentagem de frutos atacados ou, em 
casos extremos, que estavam caídos no solo. Entretanto, é melhor monitorar a 
população de adultos, antes de causarem danos aos frutos. É característica 
dessa praga ter aumentos populacionais muito rápidos, que impedem o sucesso 
do controle quando baseado em número de frutos atacados. 
 
Para maior eficiência, foi desenvolvido um método de monitoramento de 
mariposas do bicho furão por meio de feromônio sexual sintetizado, em pastilhas. 
O feromônio - uma substância química produzida pelas fêmeas - atrai os machos 
para acasalamento. 
 
Como fazer 
O feromônio é comercializado pela Coopercitrus, em um kit que contém uma 
plastilha com feromônio e uma armadilha, com paredes revestidas com cola para 
captura dos insetos. A montagem da armadilha é bastante simples. 
 
 
 
Pastilha de feromônio Armadilha Instalação 
 
O monitoramento é feito registrando-se o número de machos adultos coletados 
nas armadilhas a cada sete dias, utilizando para isso uma tabela. 
 
Área - cada armadilha cobre uma área de 10 hectares (de 3 mil a 3,5 mil 
plantas), ou seja, deve-se colocar uma armadilha a cada 350 m. 
 
Local - as armadilhas devem ser colocadas nos ponteiros das árvores, onde o 
bicho furão acasala, e trocadas a cada 30 dias (após esse período o efeito do 
feromônio acaba e a cola perde a aderência). 
 
Montagem da armadilha 
 
 
Siga corretamente as etapas descritas abaixo para que a armadilha seja 
eficiente. 
 
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1 - Separe as armadilhas que vêm no kit, 
dobrando muito bem os vincos para que elas 
fiquem em forma de triângulo. 
 
 
2 - Tire a pastilha do papel alumínio, com 
cuidado para não remover ou danificar o 
papel e a película plástica. Coloque a pastilha 
no local indicado pela seta. 
 
 
 
 
3 - Retire a película protetora da fita adesiva, 
dobrando bem o vinco. Aperte a fita adesiva 
contra a parede da armadilha já montada, para 
evitar que se desprenda mais tarde. 
4 - Passe o cordão pelo furo, evitando rasgar 
ou mesmo amassar a armadilha. Pendure a 
armadilha no terço superior da árvore. 
 
 O monitoramento é feito por meio do registro do número de machos adultos 
coletados nas armadilhasa cada sete dias. O controle é recomendado se forem 
coletados, em cada armadilha, seis ou mais machos da mariposa por semana. 
Após a contagem, os insetos devem ser retirados (com um graveto, por exemplo) 
de dentro da armadilha. 
 
Modelo de tabela para o monitoramento do bicho furão 
 
 
 Atenção 
Em épocas secas, o citricultor pode observar número altos de insetos capturados 
na armadilha, sem haver danos nos frutos. Isso ocorre porque há a redução da 
capacidade do bicho furão colocar ovos com umidade relativa abaixo de 50%. 
Nesse caso, consulte um engenheiro agrônomo. 
 
Quando se deve usar medidas de controle
O controle com inseticidas recomendados para o bicho furão deve ser feito 
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somente se forem coletados, em cada armadilha, seis ou mais machos por 
semana. Após a contagem, os machos devem ser retirados (com um graveto, por 
exemplo) para evitar confusões nas contagens seguintes. O modelo de tabela 
apresentado abaixo deve ser usado para se registrar o número de machos 
adultos coletados nas armadilhas a cada semana. Lembre-se: uma armadilha é 
eficiente por quatro semanas. 
 
 Controle 
 
 
Podem ser utilizados inseticidas químicos, biológicos ou reguladores de 
crescimento de insetos. 
 
- Hora certa - qualquer método de controle escolhido deve ser realizado ao 
entardecer (a partir das 17 h), horário em que a praga acasala e coloca os ovos. 
 
- Quando pulverizar - As pulverizações devem ser feitas somente nos talhões 
que atingirem o nível de controle (pelo menos seis machos por armadilha a cada 
semana). 
 
- Produtos - O controle pode ser feito com produtos biológicos ou químicos. O 
primeiro é indicado para infestações baixas (média de seis 
machos/armadilha/semana). O segundo para baixas e altas infestações. 
 
- Controle biológico - A pulverização deve ser por cobertura, na planta toda. 
Deve-se espalhar de sete a deoito dias após a contagem da armadilha atingir o 
nível de controle. O objetivo é esperar a postura e fazer o controle antes que a 
lagarta penetre no fruto. 
 
Os inseticidas biológicos, à base de Bacillus thuringiensis, são eficientes no 
controle do bicho furão por até 60 dias. A primeira aplicação deve ser feita logo 
que constatada a existência de mais de seis machos por armadilha. A segunda 
aplicação é feita 20 a 30 dias mais tarde. Esses inseticidas agem por mais tempo 
quando misturados com óleo vegetal ou mineral. 
 
- Controle fisiológico - Os produtos fisiológicos interferem na troca e formação 
quitina ("pele") dos insetos, inibindo ou acelerando seu crescimento. A 
aceleração faz com que haja mal formação da "pele" do inseto, o que mata a 
lagarta. Os inseticidas fisiológicos têm efeito por até 30 dias. A vantagem destes 
produtos é que eles são mais seletivos em relação aos inimigos naturais do bicho 
furão, preservando aranhas, formigas, ácaros e outros predadores. 
 
- Controle químico - Inseticidas químicos de largo espectro de ação, podem ser 
usados nos focos iniciais da praga. Durante dois a três dias após a pulverização, 
as lagartas podem se contaminar ao contato com o defensivo. 
 
- Recomendação - Se a escolha for pelo controle de adulto, é recomendável 
realizar a pulverização tão logo seja atingido o nível de controle. 
 
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33 
 
 Cuidados adicionais 
 
Além das aplicações de inseticidas, o citricultor deve tomar alguns cuidados 
adicionais para controlar o bicho furão. 
 
Uma delas é a catação e destruição dos frutos atacados, com o objetivo de 
interromper o ciclo de vida do inseto. Além dos frutos que caem no chão, é muito 
importante retirar os que ficaram nas árvores. Isso porque os frutos caídos, na 
maioria das vezes, já não possuem a lagarta, que desce ao solo para passar à 
fase seguinte de seu ciclo, a de pupa. 
 
 
Para interromper esse ciclo, os frutos atacados devem ser triturados ou 
enterrados. 
A primeira opção requer uma máquina específica, mas a calda resultante pode 
ser usada como fonte de nutriente para a planta e deve ser jogada nas ruas do 
pomar onde bate sol. Se a calda for jogada embaixo da saia das árvores, na 
sombra, pode favorecer o crescimento do fungo Penicillium, que pode atacar os 
frutos saudáveis e provocar o seu apodrecimento. É bom lembrar que a 
aplicação desta calda não substitui a adubação convencional. 
 
A segunda alternativa é enterrar os frutos atacados no meio das ruas do pomar, 
colocando sobre eles uma camada de pelo menos 30 cm de terra para evitar 
que as lagartas sobrevivam e voltem à superfície, recomeçando o ciclo. 
 
Outra forma de se reduzir a população do inseto é realizar a colheita o mais 
rápido possível. A mariposa do bicho furão costuma migrar de talhões com 
frutos maduros para outros com frutos em fase inicial de maturação. Isso 
acontece principalmente em pomares que têm mais de uma variedade de citros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Cancro Cítrico 
 
Causado pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. citri, o cancro cítrico ataca 
todas as variedades e espécies de citros e constitue-se numa das mais graves 
doenças da citricultura brasileira. 
 
 
Não há medidas de controle capazes de eliminar completamente a doença. As 
plantas quando infectadas e a eliminação da bactéria de uma área exige a 
erradicação das plantas doentes e das demais suspeitas de contaminação. 
 
Por tratar-se de uma "praga" quarentenária o comércio de frutos cítricos, suco 
concentrado e seus derivados é regulamentado por legislação internacional e a não 
adoção de medidas de exclusão/erradicação impede o comércio destes produtos 
para países livres do patógeno. 
 
A doença manifesta-se por lesões em folhas, frutos e ramos, e quando em altas 
severidades pode provocar a queda de frutos e folhas com sintomas. As lesões 
podem ter variações nas suas características, podendo ser confundidas com outras 
doenças e pragas. 
 
 
 
 Ocorrência 
 
 
A bactéria causadora dessa doença foi introduzida no Brasil em 1957 na região 
de Presidente Prudente (SP). Ela é de fácil disseminação e um de seus vetores é 
o próprio homem. Altamente contagiosa, ela é resistente e consegue sobreviver 
em vários ambientes por vários meses. Em folhas, ramos e frutos com sintomas, 
a sobrevivência da bactéria pode durar vários anos. 
 
 
Variedades e espécies mais resistentes (em ordem descrescente) 
1. Poncan 6. Laranja Natal 10. Laranja Baianinha 
2. Mexerica do Rio 7. Tangor Murcote 11. Limão Siciliano 
3. Limão Taiti 8. Limão Cravo 12. Limão Galego 
4. Laranja Pêra 9. Laranja Hamlin 13. Pomelo 
5. Laranja Valência 
É bom lembrar que nenhuma variedade é imune ao cancro cítrico 
 
 Sintomas 
 
 
As lesões provocadas pelo cancro cítrico são salientes, o que não ocorre na 
maioria das outras doenças e pragas. Os primeiros sintomas aparecem nas 
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35 
 
folhas, e é nestas que encontram-se em maior quantidade, em comparação com 
a presença de sintomas em frutos e ramos. 
 
 Folhas - O primeiro sintoma visível é o aparecimento de pequenas lesões 
salientes, que surgem nos dois lados das folhas, sem deformá-las. As lesões 
aparecem na cor amarela e logo se tornam marrons. É a única doença 
conhecida com lesões salientes que aparecem dos dois lados da folha. 
 
Quando a doença está em estágio mais avançado, as lesões nas folhas ficam 
corticosas, com centro marrom e um anel amarelado em volta. 
 
 
Folha com pequenas lesõessalientes, sintomas iniciais do 
cancro cítrico 
Folhas com lesões circundadas 
por anel amarelado 
Detalhe das lesões corticosas 
nas duas faces das folhas 
 
 Frutos - A doença se manifesta pelo surgimento de pequenas manchas 
amarelas, com um ponto marrom no centro, que aos poucos vão crescendo e 
podem ocupar grande parte da casca do fruto. As manchas são salientes, mais 
superficiais, parecidas com verrugas, de cor marrom no centro. Em estágio 
avançado, as lesões provocam o rompimento da casca. 
 
Diferentemente do que ocorre com as lesões de verrugose, as lesões de cancro 
cítrico não se destacam facilmente da casca de frutos doentes e esta é uma das 
maneiras de diferenciar as duas doenças quando em frutos. 
 
 
Lesões causadas pelo 
cancro cítrico em frutos 
Detalhe das lesões: 
manchas marrons salientes 
Lesões vão se aglutinando e podem 
causar o rompimento da casca 
 
 Ramos - As lesões também são salientes, na forma de crostas de cor parda. 
 
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36 
 
 
Sintomas do cancro 
cítrico em ramos 
Detalhe das lesões salientes e 
de cor parta em ramos 
Detalhe das lesões 
(crostas) em ramos 
 
 Como a bactéria se dissemina 
 
 
A bactéria causadora do cancro se espalha de forma muito fácil, e um dos 
maiores agentes dessa disseminação é o homem, por meio do trânsito 
indiscriminado de pessoas pelos pomares, materiais de colheita, veículos, mudas 
e outros materiais cítricos contaminados. 
 
Folhas, ramos e frutos jovens são mais facilmente contaminados pela doença. 
Para que a bactéria penetre em folhas, frutos e ramos mais velhos e provoque os 
sintomas da doença, é preciso haver ferimentos, causados normalmente por 
material de colheita (escadas, sacolas), veículos que podem trazer a bactéria ou 
provocar ferimentos, pelo vento e, principalmente, pelo minador dos citros. 
 
A bactéria do cancro cítrico pode sobreviver por vários anos em material vegetal 
cítrico contaminado destacado da planta. Em outros materiais, como metal, 
plástico, madeira e tecido, a sobrevivência da bactéria é mais curta, geralmente 
de dias a semanas. 
 
 
Disseminação no pomar 
 
 
-Homem 
O principal responsável pela disseminação da doença é o próprio homem, que 
leva as bactérias de um lugar para outro nos materiais de colheita, em veículos, 
máquinas e implementos, ou mesmo por meio do transporte de folhas, ramos e 
frutos. 
 
-Natureza 
A bactéria também pode ser levada pelo vento, quando associado com chuvas, 
caracterizando uma disseminação de curta distância, ou seja, dentro do próprio 
pomar, ou mesmo de médias a longas distâncias, entre pomares e propriedades 
vizinhas. 
 
-Mudas 
As mudas contaminadas também contribuem para disseminar o cancro cítrico, 
levando a bactéria de uma propriedade para outra, ou para regiões distantes. 
Constitue-se na principal forma de disseminação da doença a longas distâncias 
(kilômetros) e por meio de mudas e materiais cítricos contaminados a doença 
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37 
 
pode atingir cidades, estados e países até então livres da doença. 
 
O citricultor precisa dobrar a vigilância na época da colheita, quando 
aumenta o trânsito de equipamentos, veículos e frutos por todo o estado. 
 
 
Veja como o cancro cítrico se espalha no pomar 
 
 
A bactéria se espalha rapidamente no pomar: em uma a duas semanas depois da primeira lesão ter surgido, 
formam-se 1.000.000 de bactérias que, após a disseminação, podem formar 10 lesões com 10.000.000 de 
bactérias. Em mais duas semanas, já serão cerca de 100 lesões com 100.000.000 de bactérias e assim por 
diante. 
 
 
Como a doença se distribui no pomar 
A distribuição do cancro cítrico, dentro de um pomar ocorre entre folhas, frutos e 
ramos de uma mesma planta doente e também entre plantas, vizinhas ou não. 
Geralmente, quando em baixas contaminações (quantidade de plantas doentes), 
as plantas com sintomas encontram-se próximas umas das outras. Com o passar 
do tempo a doenças atinge novas plantas, mais distantes das plantas 
inicialmente contaminadas, e pode se disseminar por todo o pomar. 
 
O tempo necessário para o avanço da doença no pomar e a contaminação de 
várias plantas, distantes das inicialmente contaminadas, depende da 
variedade/espécie cítrica, idade e condição do pomar, ocorrência de chuvas com 
ventos, trânsito de pessoas, da adoção de medidas de controle (prevenção) da 
doença, entre outros fatores. Quando as condições são favoráveis para a 
disseminação da doença o número de plantas contaminadas pode ser altíssimo 
em poucos meses (numa mesma estação de chuvas, por exemplo), mesmo 
quando inicialmente existia apenas uma planta doente. 
 
Com a introdução do minador no Brasil, em 1996, ocorreu uma mudança no 
padrão de disseminação do cancro cítrico e a metodologia de erradicação até 
então adotada passou a não ser mais eficaz no controle da doença. 
 
Por esse motivo é que foi mudada a metodologia da erradicação. 
 
 Veja como ocorre a distribuição dentro de um talhão 
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38 
 
 
 
1. Talhão no início da contaminação 2. Propagação adiantada 3. Contaminação fora de controle 
 
 O natural aumento da movimentação no pomar durante a colheita exige uma 
vigilância redobrada. Só permita que circulem no pomar pessoas e veículos que 
passaram pelas medidas preventivas de desinfestação. 
 
- Descontamine tudo 
Todos os veículos que entrarem na propriedade, sejam caminhões ou ônibus de 
trabalhadores, devem ser desinfestados. Isso pode ser feito pelo arco-rodolúvio, 
ou por meio de pulverizador, aplicando amônia quaternária. 
 
- Queime os restos 
Veículos que venham de outras propriedades, antes de passar pelo arco-
rodolúvio ou pela pulverização, devem ser limpos: restos de colheita ou material 
vegetal (galhos, folhas ou frutos) devem ser coletados e queimados. Lembre-se 
que a bactéria do cancro cítrico sobrevive por anos em material cítrico. 
 
- Bins no limite 
Caminhões circulando no pomar podem ser transmissores da bactéria do cancro 
e também podem ferir as plantas, o que facilita a penetração da bactéria. Procure 
construir bins nos limites da propriedade. Eles podem ser de barranco, metálicos 
ou móveis. 
 
 
 
Uso de arco rodolúvio na 
entrada da propriedade 
Limpeza de restos de colheita, 
que devem ser queimados 
Uso de bins para evitar o 
trânsito de caminhões no pomar 
 
 Controle 
 
 
Como não existe método curativo para a doença, a única forma de eliminar o 
cancro cítrico é por erradicação do material contaminado. Por essa razão o 
citricultor deve estar atento às medidas de prevenção e não esquecer da 
inspeção rotineira. 
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39 
 
 
Métodos de contenção da disseminaçao da doença usados anteriormente, como 
a poda drástica e a desfolha química foram suspensos pois não estavam sendo 
eficazes na eliminação da bactéria. Essa decisão foi tomada na Campanha 
Nacional de Erradicação do Cancro Cítrico (CANECC) e vai vigorar por tempo 
indeterminado. 
 
No entanto, só a erradicação das árvores contaminadas não garante a 
eliminação da bactéria causadora do cancro cítrico. Também é importante 
eliminar as rebrotas que surgem na área onde foi realizada a erradicação e 
queima das árvores. Essas rebrotas podem estar contaminadas pelo cancro 
cítrico. 
 
Todo o material (como enxadas), máquinas e implementos (trator e grade) 
usados na eliminação das rebrotas devem ser pulverizados com bactericida. 
 
A área(talhão) onde o foco da doença foi encontrado fica temporariamente 
interditada. Os demais talhões podem ser comercializados, depois de 
inspecionados. Não é permitido o replantio de citros por um período de dois 
anos, nas áreas que tiveram plantas erradicadas por causa da doença. 
 
 A solução está na prevenção 
 
 
A bactéria pode se espalhar rapidamente por toda a propriedade e vizinhos, 
portanto, para evitar grandes prejuízos o produtor deve adotar todas medidas de 
prevenção. 
 
-Mudas 
O maior meio de disseminação do cancro cítrico, principalmente a longas 
distância, está nas mudas, por isso, o primeiro cuidado preventivo deve ser em 
relação a elas. Exija certificado de procedência de todo o material de 
propagação. 
 
-Material de colheita 
Prefira usar seu próprio material de colheita: escadas, caixas, sacolas e sacos-
caixa. Se tiver que usar material vindo de fora, faça antes a desinfestação: 
mergulhe o material em uma solução de 1 litro de amônia quaternária em mil 
litros de água, e pulverize muito bem as escadas com essa solução. Mergulhar 
caixas e sacolas na solução é melhor do que apenas pulverizá-las. 
 
-Quebra-ventos 
O plantio de árvores de grande porte nas fronteiras diminui a ação do vento e da 
poeira sobre o pomar e dificulta a entrada ou disseminação da bactéria e outras 
pragas e doenças. Os quebra-ventos protegem uma distância de oito a dez 
vezes maior que sua altura. 
 
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Mudas certificadas 
produzidas sob viveiro telado 
Desinfestação de material de 
colheita em solução de amônia 
quaternária 
O uso de quebra-ventos pode 
dificultar a entrada ou disseminação 
do cancro 
 
 
-Controle de entrada 
Cerque a sua propriedade, de preferência com cerca-viva (sansão do campo, 
jambolão), para evitar a entrada de pessoas estranhas, veículos ou animais. 
 
-Controle do minador do citros 
O minador provoca ferimentos que servem de porta de entrada para a bactéria 
do cancro cítrico. 
 
-Fiscalização 
Quanto mais cedo o cancro cítrico for descoberto, menor será o prejuízo para o 
citricultor e seus vizinhos. Por esse motivo, não deixe de fazer inspeções 
rotineiras em seu pomar. 
 
 
 
Uso de cerca-viva para evitar 
a entrada de intrusos no pomar 
Controle do minador dos citros Inspeções de rotina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Inspeção 
 
 
Evite maiores prejuízos realizando inspeções rotineiras em seu pomar. 
 
Inspecionar o pomar rotineiramente é uma das medidas mais importantes para 
prevenir o cancro cítrico: a descoberta de um foco, logo no início, reduz os 
prejuízos da erradicação. Fique mais atento quando começarem a surgir os 
brotos, as partes da planta mais vulneráveis ao ataque da bactéria e do minador 
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dos citros. 
 
-Como inspecionar 
 
Todas as ruas do pomar devem ser inspecionadas. 
 
Os inspetores devem ser orientados antes do trabalho. 
 
A vistoria deve ser feita de cinco em cinco plantas -- inspeciona uma e pula 
quatro (inspeção a 20%) ou em todas as plantas (inspeção a 100%). Mas 
lembre-se: essas quatro árvores também devem ser observadas (veja a imagem 
abaixo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Inspeção a 20%
 
O rendimento na inspeção vai depender do tamanho das árvores. É muito 
importante que toda a planta seja bem observada. 
 
 
 
A inspeção é fundamental, mas não deve ser a única medida adotada pelo 
produtor. O ideal é que seja acompanhada das outras medidas preventivas
citadas anteriormente. 
 
 
Inspeção a 100% Inspeção a 20% 
 
 
 
 
 
 
 - Quando inspecionar 
 
Faça a primeira inspeção de uma semana a, no máximo, um mês antes da 
colheita, e durante a safra intensifique a vistoria. Com tantos veículos, materiais 
e gente circulando, o risco de contaminação é maior. 
 
Propriedades com histórico da doença - nos talhões em que havia cancro 
cítrico e nos vizinhos, o ideal é que as inspeções sejam mensais e em todas as 
árvores (100%); nos outros, pode ser feita em uma a cada cinco árvores 
(inspeção a 20%). 
 
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Propriedades vizinhas de focos de cancro - inspecionar a 100%. 
 
Demais propriedades - fazer pelo menos três inspeções por ano, uma antes da 
colheita e duas logo depois do período de maior ocorrência de vegetação. 
 
 Dicas importantes 
 
 
- Nunca retire folhas, ramos ou frutos quando houver suspeita de cancro, para 
não colocar em risco outras plantas ou mesmo todo o talhão. 
 
- Não tente resolver sozinho quando desconfiar que uma planta está 
contaminada: existe uma técnica adequada para resolver o problema. 
 
 
 
- Tenha consciência de que os prejuízos causados pelo cancro cítrico podem ser 
minimizados se o diagnótico e a erradicação forem realizados. 
 
 Erradicação 
 
 
A única maneira de eliminar o cancro cítrico, uma vez que não existe controle 
químico para a doença, é a erradicação de plantas contaminadas. Uma nova 
metodologia passou a vigorar a partir de agosto de 1999, estabelecida por uma 
legislação estadual paulista com base em lei federal. 
 
Se for detectada uma planta contaminada, três equipes diferentes fazem 
inspeções consecutivas. Se no talhão houver mais de 0,5% de árvores
contaminadas (6 ou mais plantas em um talhão com 1000 plantas, por exemplo), 
todo ele deve ser erradicado. Se o número de plantas contaminadas for menor 
ou igual a 0,5%, são eliminadas a(s) planta(s) foco e as que estão num raio de 
30 metros. 
 
Nas reinspeções em talhões contaminados, se o número de árvores doentes for 
menor ou igual a 0,5%, são eliminadas apenas as árvores com sintomas, que 
serão queimadas no local. Se este número for maior que 0,5% todo o talhão 
deve ser erradicado. 
 
Plantio e colheita 
 
Propriedades contaminadas ficam proibidas de comercializar sua produção até 
que os trabalhos de erradicação sejam concluídos. Por dois anos não podem ser 
replantadas plantas cítricas na área erradicada. 
 
Rebrota 
 
O produtor deve ficar atento para o surgimento de rebrotas, comuns após o 
processo de erradicação. As rebrotas devem ser eliminadas. 
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Processo de erradicação 
de focos de cancro cítrico 
Erradicação de plantas focos 
e raio de 30 metros 
Vista aérea de propriedade com 
áreas onde foi feita a erracadicação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Cigarrinhas 
 
As cigarrinhas são insetos sugadores que se alimentam em um grande número de 
espécies de plantas. Só na cultura de citros existem aproximadamente de 60 a 70 
espécies de cigarrinhas que podem ser observadas nas árvores e na vegetação 
espontânea. 
 
 
Em anos chuvosos elas aparecem na primavera e, em anos secos, começam a 
surgir mais tarde, no início do verão. O motivo está no fato de preferirem se 
alimentar de brotações jovens, que ocorrem com maior freqüência em épocas de 
chuva. No meio do ano, quando se inicia a seca, as cigarrinhas começam a migrar 
para outras vegetações. 
 
 
 
 Cigarrinha em folha de citros 
 
Muitos desses insetos podem transmitir doenças em diversas culturas. Um 
exemplo é a clorose variegada dos citros (CVC) ouamarelinho - doença causada 
pela bactéria Xylella fastidiosa, que vive nos vasos do xilema da planta. Para a 
sua disseminação natural e inoculação em plantas, essa bactéria depende de 
insetos vetores, que são algumas espécies de cigarrinhas. 
 
Além de viver nos vasos do xilema da planta, a Xylella fastidiosa consegue 
sobreviver no aparelho bucal dessas espécies transmissoras. Durante a sua 
alimentação, as cigarrinhas infectadas podem inocular a bactéria nas plantas. 
Todas as fases de desenvolvimento das cigarrinhas podem transmitir a bactéria, 
mas a fase mais importante é a adulta. Ao adquirir a bactéria, as cigarrinhas 
adultas passam a transmiti-la pelo resto de suas vidas. 
 
Com relação a preferência das cigarrinhas, as mais abundantes na natureza se 
alimentam em gramíneas. Algumas, como Bucephalogonia xanthophis, preferem 
plantas em viveiros e novos plantios. Outras espécies apresentam hábitos 
arbóreos e se alimentam de plantas cítricas maiores, como Dilobopterus 
costalimai, Oncometopia facialis, Acrogonia citrina, Homolodisca ignorota, 
Acrogonia virescens e Parathona gratiosa. 
 
 
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 Espécies transmissoras 
 
 
Onze espécies de cigarrinhas são comprovadamente capazes de transmitir a 
CVC, ao inocularem a bactéria em plantas sadias. As cigarrinhas adquirem a 
bactéria ao se alimentarem de plantas doentes. 
 
 Dilobopterus costalimai 
 
Tem por hábito alimentar-se de brotações novas e tenras da planta e, algumas 
vezes, de folhas novas. Dificilmente é vista em pomares que não tenham 
vegetações novas. 
 
Os ovos, amarelados, são depositados dentro de folhas tenras e novas, ao longo 
das nervuras. Antes de atingir a fase adulta passa por cinco estágios ninfais, com 
duração média de 65 dias. O adulto mede cerca de 0,8 cm, apresenta linhas 
escuras na cabeça e possui olhos grandes e negros. 
 
Ocorre na Argentina, Brasil e Paraguai. 
 
 
 
Ovos, depositados em folhas novas Estágio ninfal Adulto de Dilobopterus costalimai 
 
 
Acrogonia citrina 
Localizam-se predominantemente na parte superior das folhas, preferindo as 
mais tenras e novas. Os ovos são alongados e dispostos lado a lado, em duas 
camadas. Geralmente são recobertos com cera pela fêmea. 
 
Ao saírem dos ovos, as ninfas são brancas, mas depois tornam-se esverdeadas. 
Essa fase tem duração de 50 dias. Os adultos possuem barriga e as pernas 
amarelas, as asas são marrons com nervuras verdes. As cigarrinhas medem 
cerca de 0,9 cm. 
 
É encontrada na Argentina e no Brasil. 
 
 
 
Ovos, recobertos com cera ninfas Adulto de Acrogonia citrina 
 
 
 
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 Oncometopia facialis 
 
Prefere ramos mais desenvolvidos, mas não 
completamente lenhosos, sendo encontrada com 
mais freqüência em ramos eretos. 
Adultos de Oncometopia facialis
 
Os ovos são depositados lado a lado, em uma única 
camada, e recobertos com cera pela fêmea. 
Normalmente, postos na face inferior da folha. As 
ninfas são escuras ao nascerem do ovo. Essa fase 
tem duração de 76 dias. A espécie tem asas de cor 
marrom com terminação transparente e áreas 
douradas. Mede cerca de 1,1 cm e a característica 
marcante é a mancha escura na parte posterior da 
cabeça. 
 
Ocorre na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, 
Equador e Paraguai. 
 
 Bucephalogonia xanthophis 
 
 
Essa cigarrinha tem importância especial porque é 
muito encontrada em viveiros a céu aberto e, 
provavelmente, é a maior responsável pela 
transmissão da doença para mudas. Também está 
presente em plantas novas e na vegetação invasora 
do pomar. 
 Adulto de Bucephalogonia xanthophis
 
Os ovos são translúcidos e depositados em pares. 
Preferencialmente, são postos nos ramos tenros da 
planta. De tamanho pequeno, mede no máximo 0,5 
cm de comprimento. Tem coloração esverdeada e a 
terminação de suas asas é transparente. 
 
Ocorre na Argentina e no Brasil. 
 
 
 
 Plesiommata corniculata 
 
É uma espécie abundante, facilmente observada em 
gramíneas e está presente na planta cítrica. 
Adulto de Plesiommata corniculata
 
Seu tamanho varia entre 0,4cm e 0,7cm de 
comprimento. Caracteriza-se por apresentar 
coloração entre gelo e palha, com nervuras marrons 
ou escuras nas asas. A coloração do corpo, 
abdômen e pernas também é clara. 
 
Encontrada na Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, 
Paraguai e Peru. 
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 Outros vetores 
 
 
Macugonalia leucomelas 
 
Prefere gramíneas, mas eventualmente pode ser vista em plantas cítricas. 
Apresenta grande diversidade de cores. As asas têm coloração escura com 
manchas amarelas ou brancas. 
 
Sonesimia grossa 
 
Uma das maiores espécies, chega a um centímetro de comprimento. Raramente 
é observada em plantas cítricas, vive nas gramíneas. Tem coloração marrom, 
com nervuras claras nas asas. 
 
Ferrariana trivittata 
 
Ocorre na vegetação invasora do pomar, principalmente gramíneas. As asas têm 
faixas de cor azul e laranja. Corpo e pernas são esbranquiçados. 
 
 
 
Macugonalia leucomelas Sonesimia grossa Ferrariana trivittata 
 
 
Homalodisca ignorata 
 
Semelhante a Oncometopia facialis, só que menos abundante. A diferenciação 
entre essas duas espécies se dá pela cor do corpo: Homalodisca ignorata
apresenta coloração creme, enquanto O. facialis tem coloração arroxeada. 
 
Acrogonia virescens 
Vive preferencialmente em plantas cítricas. A coloração é verde intenso. 
 
Parathona gratiosa 
 
Também prefere viver sobre citros. A principal característica é a mancha clara e 
arredondada nas asas, que também são cobertas de pintas amarelas. 
 
 
 
Homalodisca ignorata Acrogonia virescens Parathona gratiosa 
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Entre estas seis espécies, Acrogonia virescens e Parathona gratiosa são 
predominantes na região de Bebedouro. As demais estão distribuídas por toda a 
região citrícola do Estado de São Paulo. 
 
 Espécies que são vetores potenciais 
 
 
Existem inúmeras cigarrinhas que podem transmitir a bactéria Xylella fastidiosa
para os citros, pois se alimentam nos vasos do xilema das plantas. A sua 
identificação é necessária e importante para que se tome medidas de controle, 
principalmente em viveiros - já que a produção de mudas sadias é fundamental 
para evitar a disseminação da CVC. 
 
Além das cigarrinhas consideradas potencialmente transmissoras, pode haver 
outras espécies que ainda não foram identificadas. Por esse motivo, estão sendo 
feitas pesquisas para esclarecer dúvidas a respeito da biologia, ecologia e 
comportamento das cigarrinhas. Só assim haverá segurança nas medidas de 
controle. 
 
 
 
Hortensia similis Macugonalia cavifrons Molomea cincta 
Uma das espécies mais 
abundantes em pomares de citros. 
Encontrada com grande 
frequência em plantas cítricas. 
Não é comum encontrá-las em 
pomares 
 
 Monitoramento de cigarrinhas 
 
 
Existem vários métodos de amostragem da população de cigarrinhas. Na hora da 
escolha, contudo, deve-se levar em consideração a sua eficiência e praticidade. 
 
 
- Armadilha adesiva amarela 
 
A sua distribuição deve ser uniforme pelo talhão. O tamanho mais comum é 
12x7cm. Elas devem ser colocadas preferencialmente na face norte das plantas 
a uma altura de 1,5 a 1,8 m do chão. A sua duração é de no máximo um mês e 
podem ser afetadas pela chuva e poeira. 
 
 
 
Entre as suas vantagens estão a possibilidade

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