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fichamento capitulo I- livro o desenvolvimento do psiquismo e a educação escolar

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Fichamento do capítulo 1 do livro:
O desenvolvimento do psiquismo e a educação escolar: contribuições à luz da psicologia histórico-cultural e da pedagogia histórico-crítica/ Lígia Márcia Martins.- Campinas,SP: Autores Associados, 2013
“[...] a dialética abarca a natureza, o pensamento, a história: é a ciência mais geral e universal até o máximo. Essa teoria do materialismo psicológico ou da dialética da psicologia é o que eu considero psicologia geral” (VYGOTSKI, 1997, p. 389). [...] A existência da matéria viva é, incontestavelmente, o dado primário de qualquer relação organismo-meio. A orientação do ser orgânico na direção de sua preservação sob condições que lhe são exteriores já se manifesta nos estados primários de evolução do mundo animal. Graças à capacidade inata de resposta aos estímulos do meio, ocorre a manutenção da vida como troca ou intercâmbio entre o ser e a natureza.” (p.18-9)
“O estágio do psiquismo perceptivo caracteriza-se pela mudança em relação à captação da realidade exterior, que não é mais apreendida sob a forma de sensações isoladas. Ou seja, a atividade se dirige não apenas para propriedades do objeto mas também para as condições do meio que o comportam.” (p.21-2)
“(...) o estudo da evolução das funções cerebrais deixa claro o seu grau de condicionabilidade à estrutura e maneira de viver dos animais. [...] A partir dessas considerações acerca do desenvolvimento do psiquismo animal, fazemos três destaques que importam diretamente aos objetivos do presente capítulo. Primeiramente, visando demonstrar que a atividade é a categoria central de análise também  para a explicação da complexificação psíquica animal. A estrutura da atividade que liga  praticamente o animal ao meio que o cerca se modifica à medida de suas exigências, criando a necessidade de transformações dos órgãos e suas funções. Todavia, não há uma correspondência direta de desenvolvimento entre o psiquismo em um dado estágio e a estrutura da atividade do animal que faz parte dele. A evolução dos órgãos do cérebro e suas correspondentes funções, que se produzem em um dado estágio de desenvolvimento,  preparam as condições de viragem a outro estágio, conduzindo a uma estrutura de atividade mais complexa e, assim, sucessivamente – dado que caracteriza a lenta história de evolução dos animais. Segundo, para evidenciar que, não obstante os grandes avanços presentes no comportamento animal, tais como se manifestam no estágio do intelecto, a atividade animal não ultrapassa os estreitos limites biológicos afetos à adaptação do organismo ao meio. Sua expressão se mantém subjugada, direta ou indiretamente, aos padrões instintivos e circunstanciais que preservam o animal como refém do meio em que vive. Sua atividade, por mais complexa que possa ser, permanece fundamentalmente  passiva. Terceiro, a compreensão do percurso de desenvolvimento do psiquismo animal  possibilita-nos constatar que o comportamento animal individual se forma, invariavelmente, a  partir do comportamento instintivo da espécie. Contudo, o comportamento individual não se define apenas como inato, isto é, insensível aos agentes exteriores. Portanto, o comportamento animal individual não é integralmente definido por padrões hereditários na mesma medida que deles não se liberta.”   (p. 26-7)
“(...) Os fenômenos objetivos preexistem a ela, a quem compete a captação e reconstituição no plano subjetivo. [...]a consciência não  pode ser identificada exclusivamente com o mundo das vivências internas, mas apreendida como ato psíquico experienciado pelo indivíduo e, ao mesmo tempo, expressão de suas relações com os outros homens e com o mundo. Ainda segundo Leontiev (1978a, p. 183), o psiquismo existe em uma forma dupla. A  primeira manifesta-se na atividade, forma primária e objetiva de sua existência. A segunda forma, subjetiva, manifesta-se na construção da ideia, da imagem, enfim, como consciência. A atividade humana é uma manifestação em atos pela qual o homem se firma na realidade objetiva ao mesmo tempo em que a transforma em realidade subjetiva.[...] Por essa razão atividade e consciência são, na teoria histórico-cultural, as categorias centrais no estudo do psiquismo.” (p.29)
“Ao afirmar o método materialista dialético como requisito para o estudo do homem concreto, isto é, em suas múltiplas determinações, a psicologia soviética anunciou a  possibilidade científica de explicação do psiquismo como, ao mesmo tempo, estrutura orgânica e imagem subjetiva da realidade, correlacionando fenômenos psíquicos e mundo material.Essa abordagem viabilizou a superação de interpretações fragmentárias e dicotômicas entre a experiência interna e a externa, entre subjetividade e objetividade, entre indivíduo e sociedade, dentre outras.” (p.31) “O reflexo representa não apenas o objeto mas, sobretudo, sua conversão em “imagem cognitiva”, isto é, em conceito. Como tal, potencialmente, ultrapassa os limites de uma reprodução mecânica, condensando do objeto não apenas sua expressão fenomênica, sua aparência, mas, especialmente, aquilo que ele contém, a sua essencialidade concreta, isto é, as multideterminações que encerra. [...]Subjetiva, posto pertencer a um dado indivíduo que cria a imagem do objeto por meio de uma atividade intelectual, teórica; e objetiva por conteúdo, já que se sustenta tanto  pela atividade social prática do homem frente ao mundo objetivo quanto pela atividade material cerebral.[...] o psiquismo não se reduz às suas propriedades físicas, químicas,  biológicas etc., e nem se traduz por seus mecanismos e metabolismos fisiológicos. É fato que nas interações com o meio se manifestam as propriedades do cérebro, porém, sua  possibilidade qualitativa mais decisiva para o homem reside na capacidade desse órgão comportar o ideal, a imagem, e assim, refletir de maneira especial as propriedades dos demais objetos do mundo exterior.” (p. 35)
“Verifica-se que é o aporte materialista dialético que sustenta as explicações do  psiquismo em sua concretude como unidade contraditória de estrutura orgânica e imagem do real. Ou seja, que aponta o caminho metodológico requerido à superação do dualismo entre matéria e ideia, entre corpo e mente e, consequentemente, para o estudo das bases concretas (cérebro/objetos) e abstratas (ideias) nas quais radica o psiquismo humano em seu desenvolvimento cultural.” (p.37)
“Segundo Leontiev (1978a), foram os trabalhos de Vigotski que introduziram na investigação psicológica a ideia da historicidade da natureza do psiquismo humano aliada à reorganização dos mecanismos naturais dos processos psíquicos,  por decorrência da apropriação da cultura. Leontiev atribui a Vigotski o grande mérito da sistematização de duas hipóteses que conferiram novos rumos em direção à consolidação da  psicologia científica. A primeira hipótese postulou que as particularidades psíquicas especificamente humanas se formam na transformação dos processos naturais  –  que ligam de modo imediato o ser ao meio – em processos mediados, que dirigem o comportamento humano por intermédio do  signo. A segunda hipótese, em estreita unidade com a primeira, apontou a origem dos  processos psíquicos mediados, postulando que estes se formam a partir de atividades práticas externas, sob condições de comunicação entre os seres humanos.” (p.42)
“Os signos são meios auxiliares para a solução de tarefas psicológicas e, analogamente às ferramentas ou instrumentos técnicos de trabalho, exigem adaptação do comportamento a eles, do que resulta a transformação psíquica estrutural  que promovem. Com isso, Vigotski afirmou que o real significado do papel do signo na conduta humana só pode ser encontrado na função instrumental  que assume. Para explicar essa premissa, ele recorreu a três  proposições: a primeira diz respeito às semelhanças e pontos de contato entre o emprego de ferramentas e o emprego de signos; a segunda visa suas divergências; e a terceira busca indicar as reais correspondências psicológicas entre eles.[...] . O conceito de mediação ultrapassa a relaçãoaparente entre coisas, penetrando na esfera das intervinculações entre as propriedades essenciais das coisas.” (p.45)
“Se pelo trabalho o homem colocou a natureza sob seu domínio, ele, pelo ato instrumental (pelo emprego de signos), dominou a si mesmo, condição requerida à própria atividade laboral. Portanto, esses processos são reciprocamente condicionados e demonstram, ainda que por linhas genéticas diferentes, as vias concretas pelas quais o ser humano ultrapassou os limites de um tipo de atividade circunscrito pelo sistema orgânico, inaugurando as possibilidades sociais de seu desenvolvimento. A adoção dessa concepção de mediação e de instrumento, como não há que se estranhar, ancora-se no pensamento filosófico de Marx e Engels para quem o trabalho, atividade intencional, prescrevendo a relação entre o homem e a natureza por meio do uso e fabrico de instrumentos, provoca as mais decisivas transformações tanto no homem quanto na natureza. Não sem razão, Vigotski institui o termo instrumento psicológico para designar os signos, reiterando a centralidade do trabalho social sobre o desenvolvimento dos homens em todas as suas dimensões, no que se inclui, a psicológica!” (p.47)
“Esse tipo superior de psiquismo [pela formação da consciência ] , postulado tanto por Vigotski quanto por Leontiev, não se institui por desdobramentos naturais do ser orgânico. Tal desdobramento dá origem ao  psiquismo dos animais e do homem primitivo. Todavia, a história real do desenvolvimento do  psiquismo humano reflete a história da complexificação da vida em sociedade. Evidente,  portanto, que o psiquismo humano só possa ser explicado na qualidade de construção social.[...] Ao se contraporem às explicações naturalizantes, esses autores não procederam uma mera inversão de fatores. Não substituíram linearmente a  primazia dos constituintes internos pelos constituintes externos, outrossim, afirmaram a essencialidade da relação dialética estabelecida entre eles, ou seja, da atividade que vincula o indivíduo às suas condições objetivas de existência. O desenvolvimento psicológico, assim concebido, só pode ser compreendido em seu movimento, na dinâmica que o institui como revolução e evolução[...]Assim, no pensamento vigotskiano, revolução e evolução se integram e marcam não apenas a história do desenvolvimento social da humanidade como também a história cultural dos indivíduos. A peculiaridade fundamental desse processo reside, por sua vez, no entrelaçamento e contradições instaladas entre dois processos: o cultural e o biológico. As possibilidades do desenvolvimento não se realizam automaticamente por conta de um enraizamento biológico, mas, por decorrência da superação das contradições entre formas primitivas e formas culturalmente desenvolvidas de comportamento, cuja base estrutural não é outra senão a atividade mediadora, a utilização de signos externos a transmutarem-se como signos internos, configurando-se como meios, como “ferramentas psíquicas”, para o desenvolvimento ulterior da conduta complexa. Portanto, pela proposição do ato instrumental, isto é, do ato mediado por signos, Vigotski tornou inconteste a natureza social do psiquismo humano e de seu desenvolvimento, apontando-os como decorrência da qualidade da relação entre os homens e seu mundo físico e social.” (p.48-9)
Roberto Dantas da Silva
Fichamento de citação do capitulo I, da obra: O desenvolvimento do psiquismo e a educação escolar: contribuições à luz da psicologia histórico-cultural e da pedagogia histórico-crítica/ Lígia Márcia Martins.- Campinas,SP: Autores Associados, 2013
Trabalho solicitado pela tutora Geisa Araújo Dias, referente ao segundo Módulo do programa Escola da Terra, oferecido pela UFBA.
Monte Santo, 2015

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