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Capítulo 15 Equilíbrio entre Fases Condensadas Profª Daniela Martins Fernandes de Oliveira Universidade estadual de Maringá Departamento de Química Equilíbrio entre as Fases Líquidas Ao adicionarmos quantidades de tolueno ao benzeno puro contido num béquer, observa-se que, independentemente da quantidade de tolueno adicionada, a mistura permanece como uma única fase líquida. Os dois líquidos são completamente miscíveis. Ao contrário, a mistura da água com nitrobenzeno, resulta na formação de duas camadas, a da água contém apenas traços de nitrobenzeno, enquanto que a de nitrobenzeno contém apenas traços de água dissolvida. Esses líquidos são imiscíveis. Por sua vez, quando se adicionam apenas pequenas quantidades de fenol à água, inicialmente o fenol se dissolve e se obtém uma mistura monofásica; entretanto, num determinado instante da adição, a água torna-se saturada e com a posterior adição de fenol, obtém-se duas camadas líquidas distintas, uma rica em fenol e outra rica em água. Estes são líquidos parcialmente miscíveis. Sobre estes sistemas focalizaremos nossa atenção!!!!! Equilíbrio entre as Fases Líquidas Equilíbrio Líquido-Líquido Equilíbrio Sólido-Líquido Equilíbrio entre as Fases Líquidas Consideremos um sistema em equilíbrio, consistindo em duas fases líquidas, onde uma das fases é o líquido A puro e a outra fase é uma solução saturada de A no líquido B. O equilíbrio termodinâmico requer que o potencial químico de A na solução, A, seja igual ao potencial químico do líquido A puro, Aº Assim: A equação 1 poderá ser satisfeita por uma solução ideal???? (2) Da eq.(2) concluímos que RTlnxA nunca será zero, a não ser que xA=1, ou seja, a não ser que a mistura não contenha B. A(l) + B(l) A(l) puro Equilíbrio entre as Fases Líquidas Na Fig. abaixo, representamos A - Aº em função de xA para a solução ideal. O valor A - Aº é negativo para qualquer que seja a composição da solução ideal. Isto implica que as substâncias que formam as soluções ideais são completamente miscíveis entre si. No caso de miscibilidade parcial, o valor de A - Aº deve ser igual a zero para alguma composição intermediária da solução (xA’). O valor de xA’ exprime a solubilidade de A em B, ou seja, neste ponto o sistema pode existir como uma solução de A em B de fração molar xA’ e uma camada do líquido A puro. A partir do ponto xA’,o A Aº, ou seja, A escoaria espontaneamente da solução para o líquido A puro, reduzindo xA até seu valor de equilíbrio xA’. Os líquidos parcialmente miscíveis formam soluções cujo comportamento se afasta do ideal. Equilíbrio entre as Fases Líquidas Suponhamos que na temperatura T1, sejam adicionadas pequenas quantidades sucessivas do líquido A ao líquido B. As três primeiras porções de A se dissolvem completamente. Após a adição de uma determinada quantidade de A, atinge-se a solubilidade limite no ponto l1. Se adicionarmos mais A, formará uma 2ª camada, visto que A não se mistura mais com B. A região à direita de l1, é portanto, uma região de duas fases. L1 (B) L2 (A) T1, P T1 l1 L1 L1 + L2 L2 ●●● - L1: Líq rico em B com peq quantidade de A - L2: Líq rico em A com peq quantidade de Bl2 A região em L1 corresponde a uma fase liq rica em hexano com peq. qtidade de nitrobenzeno. Em L2 temos uma fase liq rica em nitrobenzeno com peq qtidade de hexano. Vamos analisar o que ocorre nessa mistura a 273K. À 273K vamos adicionando peq qtidade de nitrobenzeno em hexano. Ocorre dissolução completa até o ponto a’. Agora o sistema é constituído por duas fases em equilíbrio, onde a fase mais abundante é a de hexano saturada em nitrobenzeno e a menos abundante é a de nitrobenzeno saturada em hexano. A composição da 1ª fase é a do ponto a’ e a da 2ª fase é a do ponto a’’. Na região de duas fases, a abundância relativa das fases é dada pela Regra da Alavanca.' '' 2 1 l l Lmols Lmols Proporção Relativa das Fases Continuando a adição de nitrobenzeno, chega-se a um ponto em que a quantidade de nitrobenzeno é tal que pode dissolver todo hexano presente e o sistema volta a ser monofásico a partir do ponto a’’, neste ponto tenho solução saturada de hexano em nitrobenzeno. A adição de mais nitrobenzeno agora somente dilui a solução, e mantida a temperatura constante, o sistema permanece com uma única fase. Podemos ver que a composição das duas fases em equilíbrio varia com a temperatura!!!! Se o ponto do Sistema estiver dentro da região de duas fases, a proporção das fases, bem como a composição é dada pela Regra da Alavanca. ' '' 2 1 l l Lmols Lmols Proporção Relativa das Fases Hexano (A) + Nitrobenzeno (B) Aquecendo essa amostra até cerca de 291 K já cai na região monofásica. Podemos encontrar a massa e a composição de cada fase líquida !!! l’ l’’ 11 37,041,0 41,083,0 ' '' 2 1 l l Lmols Lmols Hexano (A) + Nitrobenzeno (B) Podemos ver que a composição das duas fases em equilíbrio varia com a temperatura. No caso da mistura hexano e nitrobenzeno, a elevação da temperatura aumenta a solubilidade mútua das substâncias. O intervalo de existência do sistema bifásico fica mais estreito, pois cada fase em equilíbrio é mais rica no seu componente minoritário. As curvas de solubilidade juntam-se suavemente na temperatura consoluta superior (temperatura crítica superior de solução). Acima desta T, o sistema é completamente miscível. OBS: São conhecidos também alguns sistemas nos quais a solubilidade decresce com o aumento da temperatura. Temperaturas Críticas de Solução A temperatura crítica superior de solução (Tcs) é a temperatura mais elevada em que pode haver separação entre as fases. Acima da Tcs, os dois componentes são completamente miscíveis. Essa temperatura existe porque a energia do movimento de agitação térmica supera qualquer ganho de energia potencial que tenham as moléculas em permanecerem juntas. Vimos que um exemplo desse tipo de sistema é a mistura hexano + nitrobenzeno. Temperaturas Críticas de Solução A temperatura crítica inferior de solução (Tci) é a temperatura abaixo da qual os líquidos são miscíveis em qualquer proporção e acima da qual eles formam duas fases. Um exemplo desse sistema é a mistura água+ trietilamina. Em geral, as misturas de líquidos cujos diagramas de solubilidade possuem este aspecto, tendem a formar entre si compostos de ligações fracas; isto aumenta a solubilidade em temperaturas mais baixas. Com o aumento da temperatura, o composto é dissociado e sua solubilidade mútua diminui. Temperaturas Críticas de Solução Alguns sistemas exibem ambas as temperaturas consolutas, a superior e a inferior. Estes sistemas existem porque, depois que os compostos ligados fracamente são decompostos, conduzindo a uma miscibilidade parcial, o movimento de agitação térmica em temperaturas mais elevadas homogeneiza a mistura novamente, como no caso comum de líquidos parcialmente miscíveis. O exemplo mais famoso desse comportamento é o sistema nicotina + água, que são parcialmente miscíveis entre 61ºC e 210ºC. Destilação de Líquidos Parcialmente Miscíveis e Imiscíveis Na discussão feita anteriormente, admitimos que a pressão era suficientemente alta para que não se formasse vapor no intervalo de temperaturas estudadas. Por esta razão, omitimos as curvas de equilíbrio líquido-vapor naqueles diagramas. Uma situação típica, à pressões mais baixas é mostrada na Fig. abaixo, em que aparecem também as curvas líquido-vapor. A interpretação não apresenta nenhum problema novo. As partes superior e inferior do diagrama podem ser discutidas independentemente. Miscibilidade parcial em temperaturas baixas implica, geralmente, em azeótropo de mínimo, como vemos na Figura. Estas duas propriedades refletem a tendência das moléculas dos dois líquidos evitarem-se mutuamente. Destilação de Líquidos Parcialmente Miscíveis e Imiscíveis Os líquidos parcialmente miscíveis apresentam tendência maior de escapar quando misturados dos que numa solução ideal. Essa maior tendência de escapepode conduzir a um máximo na curva de pressão de vapor em função da composição e, conseqüentemente, a um mínimo da curva ponto de ebulição- composição. Há duas possibilidades nestes sistemas: uma em que os líquidos se tornam totalmente miscíveis antes da ebulição e a outra é de a ebulição começar antes da solubilização completa. A Figura ao lado, mostra o diagrama de fase de uma mistura que se torna completamente miscível abaixo da temperatura de ebulição. Destilação de Líquidos Parcialmente Miscíveis e Imiscíveis A destilação de uma solução de composição a1 leva a um vapor de composição b1, que se condensa numa solução homogênea (monofásica) em b2. A separação entre as fases líquidas só ocorre quando o destilado é resfriado até uma temperatura que corresponde à região de suas fases, como b3. Essa descrição aplica- se somente à 1ª gota de destilado. À medida que o vapor vai sendo recolhido, a solução vai ficando mais rica em B. Se a pressão sobre este sistema é reduzida, todos os pontos de ebulição se deslocarão para baixo. Em pressões muito baixas, as curvas dos pontos de ebulição interceptarão as curvas de solubilidade líquido-líquido, como podemos ver na Figura mostrada a seguir. Esse é o caso 2, no qual ocorre ebulição antes dos líquidos estarem totalmente miscíveis. Destilação de Líquidos Parcialmente Miscíveis e Imiscíveis Se a T de um líquido homogêneo (320K), no ponto a1 é aumentada, forma-se vapor de composição b1, a 370K. Se esse vapor é resfriado ao ponto b3, o condensado se distribuirá em duas camadas líquidas, pois b3 está na região de duas fases líquidas. Assim, o 1º destilado, produzido pela destilação do líquido homogêneo a1, separa-se em duas camadas líquidas de composição b’3 e b’’3. Se a destilação continuar, ao final, a composição volta para a1. Comportamento semelhante é exibido pelas misturas cujas composições situam-se na região L1. Água + n-Butanol (P=1 atm) Destilação de Líquidos Parcialmente Miscíveis e Imiscíveis É interessante o comportamento do sistema representado pela linha pontilhada eu passa por c1. Em c3 o sistema tem duas fases líquidas que se mantém até o ponto de ebulição em c2 em 340K. O vapor que corresponde a essa mistura tem a mesma composição que a composição global do líquido (azeótropo). Analogamente, a condensação de um vapor de composição c1, leva a um líquido bifásico de mesma composição global. Numa certa temperatura (340K) a mistura vaporiza e se condensa como se fosse uma substância pura. Destilação de Líquidos Parcialmente Miscíveis e Imiscíveis Exemplo 15.2. Interpretando um diagrama de fases. Descreva as mudanças que ocorrem quando uma mistura líquida de composição xB=0,95 (ponto a1) entra em ebulição e o vapor é condensado. a1 O ponto inicial está na região de uma fase. Entra em ebulição a 370K (a2), formando vapor de composição xB=0,66 (b1). O líquido remanescente fica mais rico em B e a última gota de B evapora a 390K. O intervalo de ebulição do líq é 370-390K. Se o vapor inicialmente for condensado e recolhido, sua composição global será xB=0,66. Para amostra finita, essa composição se desloca para valores maiores , atingindo no final da vaporização xB=0,95. Destilação de Líquidos Parcialmente Miscíveis e Imiscíveis Exemplo 15.2. Interpretando um diagrama de fases. Resfriar o destilado significa descer ao longo da isopleta de xB=0,66. A 340K, a fase líquida tem composição xB=0,87 e o vapor xB=0,49; suas proporções relativas são 1:3. A 330K a amostra é constituída por três fases: vapor e duas soluções líquidas; uma de composição xB=0,30 e outra xB=0,80. Posterior resfriamento, o ponto do sistema continuará na região bifásica, e a 310 K, a composição será 0,20 e 0,90. Se prosseguir a destilação, a composição do destilado recolhido ficará mais rica em B e a última gota do condensado terá a composição igual a inicial (0,05 A e 0,95 B). Destilação de Líquidos Imiscíveis (Arraste de Vapor) A destilação de líquidos imiscíveis é mais facilmente discutida a partir de um ponto de vista diferente. Consideremos dois líquidos imiscíveis em equilíbrio com o vapor numa dada temperatura, como mostra a Fig. abaixo. A barreira somente separa os dois líquidos, mas como estes são imiscíveis, se removermos a barreira, a situação permanece inalterada. A pressão de vapor total é a soma das pressões de vapor dos líquidos puros. As frações molares yA e yB no vapor são: Destilação de Líquidos Imiscíveis (Arraste de Vapor) Essa equação acima relaciona as massas relativas das duas substâncias presentes no vapor com suas massas molares e suas pressões de vapor. Se esse vapor fosse condensado, a equação acima expressaria as massas relativas de A e B no condensado. Ex: Sistema Anilina (A) + Água (B) a 98,4ºC. Destilação de Líquidos Imiscíveis (Arraste de Vapor) Destilação de Líquidos Imiscíveis (Arraste de Vapor) Essa equação pode ser aplicada à destilação de líquidos por arraste de vapor. Alguns líquidos que se decompõe na destilação comum podem ser destilados por arraste de vapor, desde que sejam razoavelmente voláteis na proximidade do ponto de ebulição da água. Se a pressão de vapor da substância for conhecida num intervalo de temperaturas próximo de 100ºC, medidas da temperatura em que ocorre a destilação por arraste a vapor e a razão entre as massas do componente no destilado, permitem através da equação acima, calcular a massa molar da substância destilada. Equilíbrio Sólido-Líquido O conhecimento dos diagramas Temperatura x Composição para misturas sólidas é essencial na implementação de importantes processos industriais, tais como, a fabricação de telas de cristais líquidos e de semicondutores. Na discussão do abaixamento do ponto de solidificação, no Capítulo 13, obtivemos a equação: A Afus A TTR H x 0 , 11ln Admitindo que o sólido A esteja em equilíbrio com uma solução líquida ideal de A + B, a equação anterior relaciona o ponto de solidificação da solução contendo xA. Essa equação encontra-se representada a seguir. T0 → T solidificação de A puro T → T solidificação de A em equilíbrio com uma solução de A+B. Quando se resfria uma solução líquida de duas substâncias A e B, a uma temperatura suficientemente baixa aparece um sólido. Esta é a temperatura de solidificação da solução, a qual depende da composição. Equilíbrio Sólido-Líquido A Afus A TTR H x 0 , 11ln Sólido A puro em equilíbrio com solução ideal. - Consideremos o líquido binário de composição a1. Resfriando até a2, o sistema entra na região de duas fases identificada por L2+ A. O sólido A puro principia sair da solução e o líq restante fica + rico em B. - Resfriando de a2a3 forma-se mais sólido e as quantidades relativas de sólido e líquido em equilíbrio são dadas pela regra da alavanca. Nesta etapa as quantidades das duas fases são aprox. iguais. A fase líquida presente é mais rica em B do que o líquido inicial (composição b3), pois parte de A foi separada. Diagrama de fases de T x composição de dois sólidos A e B praticamente insolúveis um no outro porém completamente solúveis em fase líquida. Equilíbrio Sólido-Líquido A Afus A TTR H x 0 , 11ln -Resfriando de a3a4, no final dessa etapa há menos líquido do que em a3 e a composição do líquido residual é dada pelo ponto e. - Em e, o líquido se solidifica e forma um sistema bifásico de B sólido “quase” puro e A sólido “quase” puro. - A temperatura no ponto e, é denominada “temperatura eutética” e a composição xe é a “composição eutética”. Equilíbrio Sólido-Líquido A Afus A TTR H x 0 , 11ln - Se eu aquecer um sólido de composição a5, o 1º líquido formado terá composição eutética dada pelo ponto e. - Em Te, F’=0 , ou seja, a T se mantém constante até que toda solução congele. - Um líq com composição eutética está em equilíbrio com os sólidos A e B. - A mistura com composição eutética congela sem a separação prévia dos sólidos Ae B. A composição da fase sólida é igual à da fase líquida. Equilíbrio Sólido-Líquido Eutético Um líquido com composição eutética, solidifica-se numa única temperatura, sem que dele se separem previamente A sólido e B sólido. Corresponde à mistura com o menor ponto de fusão/solidificação. Um sólido com composição eutética funde, sem modificação de composição, em temperatura mais baixa do que a fusão de qualquer outra mistura. As soluções à direita de e, depositam A sólido ao se resfriar e as soluções à esquerda de e depositam B sólido. Somente a mistura eutética (além de A e B puros) solidifica-se em uma única temperatura definida. Um eutético de importância tecnológica é a solda, cuja composição em massa é de aproximadamente 67% de estanho e 33% de chumbo, com ponto de fusão de 183ºC. O eutético formado por 23% de NaCl e 77% de H2O funde a -21,1ºC. Quando se junta sal ao gelo em condições isotérmicas, como por exemplo, ao se espalhar NaCl em uma estrada com a superfície congelada, a mistura se funde/solidifica a partir de -21,1ºC se a composição eutética for atingida. Equilíbrio Sólido-Líquido Eutético – Importância Tecnológica 33% Equilíbrio Sólido-Líquido Eutético A formação do eutético ocorre na maioria dos sistemas de ligas binárias e tem grande importância na microestrutura dos materiais sólidos. Embora um sólido eutético seja um sistema bifásico, a cristalização se faz com a formação de mistura muito homogênea de microcristais. As duas fases microcristalinas podem ser distinguidas por microscopia ou por DRX. A análise térmica é um procedimento prático de grande utilidade para a detecção de eutéticos. A análise é feita da seguinte forma: Equilíbrio Sólido-Líquido Eutético – Análise Térmica A partir de a1 o líq resfria numa velocidade constante até atingir a2, quando inicia a separação de B sólido. O resfriamento agora é mais lento pois a solidificação de B é exotérmica e retarda o abaixamento da temperatura. Quando o líquido atinge a composição eutética, a temperatura permanece cte até que toda amostra tenha se solidificado. O resfriamento do eutético será uniforme e constante até a temperatura de solidificação do eutético, onde aparece um patamar e toda amostra se solidifica como se fosse um líquido puro. Castellan, pág.351-352. Equilíbrio Sólido-Líquido Eutético – Análise Térmica Diagramas dos Pontos de Solidificação com Formação de Compostos Muitas misturas binárias reagem e produzem compostos. Exemplos tecnologicamente importantes são os semicondutores III/V, como o sistema gálio-arsênio, que forma o composto GaAs. Embora três constituintes estejam presentes, há somente dois componentes independentes no sistema, pois o GaAs (arseneto de gálio) se forma pela reação: Ga + As GaAs. Ilustraremos alguns dos princípios dos sistemas que formam um composto C, que por sua vez também formam eutéticos, com as substâncias A e B, como mostrado no diagrama que segue. Diagramas dos Pontos de Solidificação com Formação de Compostos Ao lado temos um diagrama de fases em que A e B reagem formando o composto C. O constituinte C é um composto e não uma mistura equimolar de A e B. Um sistema preparado pela mistura de A com excesso de B é constituído pelo composto C e por B que não reagiu. Este é um sistema binário de B e C, que, por hipótese, forma um eutético. O sólido depositado por resfriamento ao longo isopleta em a é o composto C. Em temperaturas inferiores a a4 há duas fases sólidas, uma delas do C e a outra do B. O composto C funde-se congruentemente, isto é, a composição do líquido que se forma é igual à do composto sólido. O ponto de fusão do composto é um máximo na curva. O 1º sólido que se deposita ao resfriar um líquido entre os dois eutéticos é o composto C sólido. L2+B L2 L1 L1+A A + C C + B L1+C L2+C Fusão incongruente Em alguns casos, o composto C não é estável como líquido. Um exemplo é a liga Na2K, que só existe na fase sólida. Analisemos o que ocorre quando o líquido a1 é resfriado. 1. No resfriamento de a1a2 há deposição de parte do Na sólido, e o líquido residual é mais rico em K que a solução original. 2. Resfriando de a2pouco abaixo de a3 a amostra está totalmente sólida e consiste em Na sólido e Na2K sólido. 3. Resfriando o líquido de b1b2 não há qualquer alteração de fase até que se atinja o ponto b2, quando principia a deposição de Na sólido. 4. Resfriando de b2b3 há deposição de Na sólido, mas em b3 ocorre uma reação para formar o Na2K. Esse composto se forma pela difusão de átomos de K na fase de Na sólido. Fusão incongruente 5. Em b3 existem 3 fases em equilíbrio: o líquido (Na+K), o composto Na2K e o Na sólido. A linha sólida representando esse equilíbrio das três fases é chamada de linha peritética. Nesse estágio, a solução líquida de Na e K está em equilíbrio com o Na2K sólido, mas ainda não há nenhum composto na fase líquida. 6. À medida que o resfriamento continua a partir de b3, a quantidade do composto sólido aumenta até que o líq atinge a composição do eutético. Há a solidificação do sistema com formação de duas fases sólidas, K sólido e Na2K sólido. Se o sólido for aquecido, a seqüência de eventos é invertida. Não se forma o composto Na2K líquido em nenhuma etapa, pois é muito instável para existir como líquido. Esse comportamento é exemplo de fusão incongruente, na qual a fusão do composto é acompanhada de sua decomposição. Elevação do Ponto de Solidificação No capítulo 13 vimos que a adição de uma substância estranha sempre abaixa o ponto de fusão de um sólido puro. A Figura abaixo ilustra um sistema em que o ponto de fusão de um componente, o cobre, é elevado pela adição de uma impureza (substância estranha). Este comportamento ocorre somente quando o sólido que está em equilíbrio com o líquido não é puro, mas uma solução sólida. A tecnologia exige materiais extremamente puros. Ex: Semicondutores de Si e Ge, puros ou dopados com teor de impurezas controlado. Para que a operação dos dispositivos tenha sucesso, o nível de impurezas deve ser inferior a 1ppb. Como as impurezas geralmente são mais solúveis na fase líquida, o sólido puro pode ser obtido como mostrado no diagrama ao lado. O princípio da técnica consiste no seguinte: Castellan, pág. 358. Elevação do Ponto de Solidificação Imaginemos um líquido (material fundido) ao longo da isopleta em a1. Vamos deixá-lo resfriar até a temperatura atingir o ponto a2. Nesse ponto, um sólido de composição b2 é depositado e o líquido residual está em a2’. O processo continua até se ter a última gota de líquido muito contaminado por A. Esse líquido no final da amostra é o que acumula maior impurezas e pode ser descartado. Os 1º sólidos depositados são mais puros pois as impurezas são mais solúveis na fase líquida. O último líquido é o mais contaminado. Sistemas de Três Componentes Num sistema de três componentes o nº de graus de liberdade é: F = C – P + 2 F = 3 - P +2 F = 5 - P Se sistema tiver apenas uma fase, serão necessárias 4 variáveis para escrevê-lo e estas poderão ser convenientemente escolhidas como T, p, x1, x2. Não é possível dar uma representação gráfica completa deste sistema em três dimensões e muito menos em duas dimensões. Conseqüentemente, é comum representar o sistema à P e T constantes. Assim, a variância se torna F’ = 3-P, de forma que o sistema apresenta no máximo F’ = 2, podendo ser representado no plano. P/ 1 fase: F = 4 Sistemas de Três Componentes Após fixarmos T e P, restam as variáveis de composição x1, x2 e x3, relacionadas entre si por x1+x2+x3 = 1. Especificando duas dessas variáveis, o valor da terceira também fica determinado. O método mais comum de representar este sistema é utilizando um triângulo equilátero (método de Gibbs-Roozeboom). A Figura a seguir ilustra o princípio do método. Sistemas de Três Componentes Os pontos A, B e C nos vértices do triângulo representam 100% de A, 100% de B e 100% de C. As linhas paralelas AB representam as % de C. Qualquerponto no segmento AB representa um sistema com 0% de C. O ponto P representa um sistema contendo 40% de C. E os pontos P’ e P’’???? Sistemas de Três Componentes O ponto P neste caso, representa um sistema contendo 70% de C. Outra propriedade importante é que todos os sistemas representados pelos pontos sobre uma linha que passa por um dos vértices do triângulo possuem os outros 2 componentes na mesma razão. Por exemplo, todos os sistemas representados pelos pontos CM, contêm A e B na mesma razão. Traçando as perpendiculares por P e P’, aos dois lados adjacentes, obtêm- se a partir da semelhança de triângulos, as seguintes relações:Propriedade importante na discussão da adição ou remoção de um componente ao sistema sem afetar as quantidades dos outros dois componentes que participam da mistura. Sistemas de Três Componentes 0,20 0,80 0 xA = 0,42 xB = 0,26 xC = 0,32 xA = 0,80 xB = 0,10 xC = 0,10 xA = 0,10 xB = 0,20 xC = 0,70 xA = 0,20 xB = 0,40 xC = 0,40 xA = 0,60 xB = 0,40 xC = 0,10 a’ c’ e’ b’ d’ (d) Equilíbrio Líquido-Líquido Um dos exemplos mais simples do comportamento de sistemas ternários é o sistema clorofórmio–água–ácido acético. Os pares clorofórmio-ácido acético e água-ácido acético são completamente miscíveis, porém, clorofórmio-água não são totalmente miscíveis. Vemos que na ausência de ácido acético, temos duas camadas líquidas conjugadas: uma com cerca de 90% de água e 10% CHCl3 e outra com 93% de CHCl3 e 7% de H2O. Equilíbrio Líquido-Líquido Suponhamos que a composição total do sistema é a1, de forma que pela regra da alavanca, existe maior quantidade da camada líquida rica em água e menor quantidade da camada rica em CHCl3. Adicionando peq. qtidade de ác. acético ao sistema, a nova composição será representada por a2. A adição de ácido acético altera a composição das duas camadas representadas pelos pontos a2’ e a2’’. Notemos que o ác. acético vai preferencialmente para a camada a2’’, rica em água. As quantidades relativas de a2’ e a2’’ são dadas pela regra da alavanca. Qual a composição das duas camadas líquidas em equilíbrio no ponto a2? Equilíbrio Líquido-Líquido Aumentando a quantidade de ácido, a composição varia ao longo da linha azul. Notamos que a camada mais rica em água aumenta enquanto a outra, rica em clorofórmio diminui. Em a3, existem apenas traços da camada rica em clorofórmio e acima desse ponto, o sistema é homogêneo. Como as linhas de amarração não são paralelas, o ponto em que as duas soluções conjugadas possuem a mesma composição não se localiza no topo da curva, mas é dado pelo ponto P (ponto de entrelaçamento). Qual a composição das fases líquidas no ponto P? Se aumentarmos a temperatura, a forma e o tamanho da região de duas fases mudarão (em alguns sistemas o aumento da temperatura aumenta a solubilidade mútua). Qual a composição das camadas líq em equilíbrio ao adicionarmos 20% de CH3COOH ao sistema? ax’’ ax’ Equilíbrio Líquido-Líquido Equilíbrio Líquido-Líquido Equilíbrio Líquido-Líquido Equilíbrio Líquido-Líquido Equilíbrio Líquido-Líquido
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