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Colaboração Janeiro / Fevereiro de 2007 Fi sio ter ap iaB r a s i l An o 8 - n o 1 ISSN 1518-9740 www.atlanticaeditora.com.br Síndrome patelofemoral • Taping patelar e fisioterapia • Desempenho e capacidade funcional após reabilitação Gravidez • Dor lombar e idade gestacional Cardiorrespiratório • Dor e função pulmonar após revascularização miocárdica • Fisioterapia após cirurgia com circulação extracorpórea Ensino • Estágios curriculares em fisioterapia Fisioterapia B rasil - V olum e 8 - N úm ero 1 - Janeiro / Fevereiro de 2 0 0 7 !Capa.indd 1!Capa.indd 1 12/3/2007 09:50:1412/3/2007 09:50:14 Março / Abril de 2007 Fi sio ter ap iaB r a s i l An o 8 - n o 2 ISSN 1518-9740 www.atlanticaeditora.com.br Traumato • Luxação anterior do ombro • Lesão obstétrica de plexo braquial Postura • Densidade de colchões Neuro • Treinamento aeróbico dos membros em paraplegia • Treienamento da marcha na diplegia espástica Laserterapia • Laser vs. medicamento antiinflamatório Fisioterapia B rasil - V olum e 8 - N úm ero 2 - M arço / A bril de 2 0 0 7 !Capa.indd 1!Capa.indd 1 20/4/2007 17:11:5320/4/2007 17:11:53 Maio / Junho de 2007 Fi sio ter ap iaB r a s i l An o 8 - n o 3 ISSN 1518-9740 www.atlanticaeditora.com.br Biomecânica • Lordose lombar e marcha em esteira inclinada Ombro • Cinesioterapia do ombro após cirurgia do câncer da mama • Avaliação do estado funcional do ombro Eletromiografia • Ativação muscular sobre a prancha de equilíbrio Neuro funcional • Treinamento da marcha na diplegia espástica • Acesso de crianças com paralisia cerebral à fisioterapia • Paraplegia e treinamento da musculatura respiratória Mulher • Exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico Fisioterapia B rasil - V olum e 8 - N úm ero 3 - M aio / Junho de 2 0 0 7 Julho/Agosto de 2007 Fi sio ter ap iaB r a s i l An o 8 - n o 4 ISSN 1518-9740 www.atlanticaeditora.com.br Câncer da mama • Patologia do ombro no pré-operatório Esporte • Atitudes escolióticas em atletas de judô • Lesões em atletas de montaria em touros Gravidez • Incontinência no pós-parto Cardiorrespiratório • Avaliação respiratória na espondilite anquilosante Fisioterapia B rasil - V olum e 8 - N úm ero 4 - Julho/A gosto de 2 0 0 7 !Capa.indd 1!Capa.indd 1 28/8/2007 15:25:0628/8/2007 15:25:06 Setembro/Outubro de 2007 Fi sio ter ap iaB r a s i l An o 8 - n o 5 ISSN 1518-9740 www.atlanticaeditora.com.br Cardiorrespiratório • Percussão manual e parâmetros cardíacos • Avaliação pulmonar após cirurgia cardíaca • Insuficiência mitral Vertigem • Fisioterapia e disfunção vestibular Laserterapia • Laser e estimulação da osteogênese • Laser e inflamação granulomatosa Prostata • Incontinência urinária após prostatectomia radical Traumato • Síndrome da dor fêmoro-patelar Fisioterapia B rasil - V olum e 8 - N úm ero 5 - S etem bro/O utubro de 2 0 0 7 !Capa_V8n5.indd 1!Capa_V8n5.indd 1 8/11/2007 16:46:498/11/2007 16:46:49 Fi sio ter ap iaB r a s i l An o 8 - n o 6 ISSN 1518-9740 www.atlanticaeditora.com.br Tecnologias • Iontoforese na fisioterapia • Iontoforese e eletrodos móveis • Ondas de choque na fascite plantar Trabalho • Escala de estressores em linhas de produção Dança • Hiperlordose e posição dos pés Neurologia • Doença de Parkinson e desempenho cognitivo-motor • Reabilitação e mirror visual feedback Queimaduras • Reabilitação e queimaduras torácicas Fisioterapia B rasil - V olum e 8 - N úm ero 6 - N ovem bro/D ezem bro de 2 0 0 7 Novembro / Dezembro de 2007 !Capa_V8n6.indd 1!Capa_V8n6.indd 1 10/1/2008 17:07:4410/1/2008 17:07:44 Fisioterapia Brasil (vol.8, nº1 janeiro/fevereiro 2007 - 1~80) EDITORIAL A voz do povo é a voz de Deus.......será?, Marco Antonio Guimarães da Silva ............................................................................... 3 ARTIGOS ORIGINAIS Avaliação isocinética da performance funcional dos músculos quadríceps femoral e isquiotibiais de jogadores profi ssionais de futebol, José Renato Sousa Bulhões, Adriano Prado Simão, Karina Nogueira Zambone Pinto, Marcelo Tavella Navega, Stela Márcia Gonçalves Mattiello Rosa ............................................................................................................................................ 4 Análise da efi cácia do taping patelar associado a um programa de tratamento fi sioterapêutico em indivíduos do sexo feminino com disfunção patelofemoral, Rafael Aleixo Favarini, Lygia Paccini Lustosa ................................................................................................................................... 9 Avaliação da dor e da função pulmonar em pacientes submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica, Camila Pereira Leguisamo, Moana Franken de Freitas, Natália Fialho Maciel, Paulo Donato ................................................................................................... 14 Avaliação da progressão no desempenho e capacidade funcional em indivíduos em reabilitação devido à síndrome patelo femoral, Claudius de Melo César, Fabiana Cunha Alves, Leonardo Tadeu Napoleão Gonsálves, Juliana Ocarino, Paula Lanna .......................................................... 19 Análise da confi abilidade do teste de Lasègue e do teste de Slump para verifi cação da tensão neural, Priscilla Hellen Martinez Blanco, Rafael Augustus de Souza Moraes, Ligia Maria Facci ..................................................................................................................... 25 Freqüência de dor lombar em grávidas e relação com a idade gestacional, Eliane de Oliveira Guedes de Aguiar, João Santos Pereira, Marco Antonio Guimarães da Silva ...................................................... 31 Método terapêutico-pedagógico no tratamento da dor lombar, Tiene Deccache, Marco Antônio Guimarães da Silva ..................................................................................................................... 36 REVISÕES Amamentação e respiração bucal: abordagem fi sioterapêutica e odontológica, Fernanda Vargas Ferreira, Fabiana Vargas Ferreira, Zuleica Tabarelli .................................................................... 41 Reabilitação vestibular, Daniella Regina Porto Buzatti, Cíntia Albertin, Silvana Teixeira Carmona, Anna Eliza Almeida Lima de Oliveira, Cláudia Byrro, Luís Roberto ..................................................... 47 O papel da fi sioterapia respiratória precoce na evolução de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea, Clarissa Blattner, Eduardo Keller Saadi ...................................... 53 Estágios curriculares em fi sioterapia, Lázaro Juliano Teixeira, Maria Amélia de Campos de Oliveira ........................................................................................................................................... 57 Terapia de restrição e indução do movimento em pacientes pós-AVC, Wilma Costa Souza, Adriana B. Conforto, Charles André ............................................................................................................. 64 ESTUDO DE CASO Efeitos da estimulação elétrica neuromuscular sobre o stiff ness do membro hipertônico, Luciane Aparecida Pascucci Sande, Cyntia Rogean de Jesus Alves, IsmaeI Fatarelli, Rafael Ferraz Marques, Andréia Regina Hernandez, Priscila Zimbardi de Almeida ........................................................................ 69 NORMAS DE PUBLICAÇÃO ..........................................................................................................................................74 EVENTOS ..........................................................................................................................................................................76 Fisioterapia_v8n1.indb 1Fisioterapia_v8n1.indb 1 12/3/2007 10:18:3312/3/200710:18:33 Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 20072 © ATMC - Atlântica Editora Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes. w w w . a t l a n t i c a e d i t o r a . c o m . b r Ilustração da capa: Músculos do crânio e do rosto, ilustração de G. Devy, Traité d’anatomie humaine de Leon Testut, Paris, 1904. Rio de Janeiro Rua da Lapa, 180/1103 20021-180 – Rio de Janeiro – RJ Tel./Fax: (21) 2221-4164 / 2517-2749 E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br www.atlanticaeditora.com.br São Paulo Praça Ramos Azevedo, 206/1910 01037-010 – São Paulo – SP Tel.: (11) 3362-2097 Recife Monica Pedrosa Miranda Rua Dona Rita de Souza, 212 52061-480 – Recife – PE Tel.: (81) 3444-2083 / 9204-0346 E-mail: atlanticarecife@terra.com.br Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin jeanlouis@atlanticaeditora.com.br Publicidade e marketing René Caldeira Delpy Jr. rene@atlanticaeditora.com.br Assinaturas 6 números ao ano: Brasil - 1 ano: R$ 180,00 América Latina - 1 ano: US$ 180,00 Europa - 1 ano: 180,00 Direção de arte Cristiana Ribas cristiana@atlanticaeditora.com.br Colaboradora da Redação Guillermina Arias guillermina@atlanticaeditora.com.br Atendimento ao assinante Edilaine Silva atlantica@atlanticaeditora.com.br Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço por correio ou por e-mail aos cuidados de Jean-Louis Peytavin Rua da Lapa, 180/1103 20021-180 – Rio de Janeiro – RJ artigos@atlanticaeditora.com.br Fisioterapia Brasil www.fisioterapiabrasil.com.br Revista Indexada na LILACS - Literatura Latino- americana e do Caribe em Ciências da Saúde Editor científico Prof. Dr. Marco Antônio Guimarães da Silva (UFRRJ – Rio de Janeiro) Editor assistente Dra. Karina de Lima Dias – Bauru, SP e Dra. Noemi Damasceno de Oliveira – Rio de Janeiro Conselho científico Profa. Dra. Anamaria Siriani de Oliveira (USP – Ribeirão Preto) Prof. Dr. Dirceu Costa (Unimep – São Paulo) Profa. Dra. Elaine Guirro (Unimep – São Paulo) Prof. Dr. Esperidião Elias Aquim (Univ.Tuiuti – Paraná) Profa. Dra. Fátima Aparecida Caromano (USP – São Paulo) Prof. Dr. Guillermo Scaglione (Univ. de Buenos Aires – UBA – Argentina) Prof. Dr. Hugo Izarn (Univ. Nacional Gral de San Martin – Argentina) Prof. Dr. Jones Eduardo Agne (Univ. Federal de Santa Maria – Rio Grande do Sul) Prof. Dr. José Rubens Rebelatto (UFSCAR – São Paulo) Prof. Dr. Marcus Vinícius de Mello Pinto (Centro Universitário de Caratinga – MG) Profa. Dra. Margareta Nordin (Univ. de New-York – NYU – Estados Unidos) Prof. Dr. Mario Antônio Baraúna (Univ. do Triângulo Mineiro – UNIT – Minas Gerais) Profa. Dra. Neide Gomes Lucena (Univ. Fed. da Paraíba – UFPB – João Pessoa) Profº Dr. Nivaldo Antonio Parizotto (UFSCAR – São Paulo) Prof. Dr. Norberto Peña (Univ. Federal da Bahia – UFBA – Bahia) Prof. Dr. Roberto Sotto (Univ. de Buenos Aires – UBA – Argentina) Profa Dra Tania de Fátima Salvini (UFSCAR – São Paulo) Grupo de assessores Dr. Antonio Neme Khoury (HGI – Rio de Janeiro) Dra. Claudia Bahia (FAFIS/IAENE – Salvador) Dr. Carlos Bruno Reis Pinheiro (Rio de Janeiro) Dr. Hélio Pio (Rio de Janeiro) Prof. Dr. João Santos Pereira (UERJ – Rio de Janeiro) Dra. Lisiane Fabris (UNESC – Santa Catarina) Dr. Jorge Tamaki (PUC – Paraná) Dra. Marisa Moraes Regenga (São Paulo) Dra. Luci Fabiane Scheffer Moraes (Univ. do Sul de Santa Catarina) Dr. Paulo Henrique Eufrásio de Oliveira (UNIRB – Bahia) Prof. Dr. Paulo Heraldo Costa do Valle (UNICID – São Paulo) Dr. Philippe E. Souchard (Instituto Philippe Souchard) Fisioterapia_v8n1.indb 2Fisioterapia_v8n1.indb 2 12/3/2007 10:18:4212/3/2007 10:18:42 3Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2007 Editorial A voz do povo é a voz de Deus.......será? Antes que se faça alguma interpretação ou leitura equi- vocada de minha opinião sobre a afi rmação de Popper (Karl Raimund Popper, 1920-1996) que, com a retirada da inda- gação, acaba por ser o título do presente editorial, quero con- fessar que, apesar de tudo, ainda sou um democrata confesso. A expressão “apesar de tudo” é aqui usada para expressar a desilusão com um sistema que acabou abrigando em seu seio lideres como um Jörg Haider, na Áustria , um Jean Marie Le Pen, na França, e a penca de populistas que parecem fl orescer como nunca na América Latina. Todos “de um modo ou de outro” eleitos “democraticamente” e dirigentes da sociedade contemporânea. Mas qual poderia ser a diferença entre os regimes e a so- ciedade do passado e a democracia supostamente sedimentada no presente. Haveria semelhanças entre ambas? A concepção de sociedade na antiga Grécia encontrava na República (Platão) a sua melhor defi nição e admitia o mito do destino que condenava essas sociedades a seguir por um caminho previamente traçado pelo visionário de plantão. Platão acaba sendo o paladino desse tipo de sociedade ao defender, em seu modelo de Estado, um governo totalitário. A sociedade que defendia era utópica, esteticista e perfeccionista, identifi cada com um ideal social abstrato, não levando em conta a natureza do homem e a realidade material do mundo. Para Platão, somente o iluminado pelas idéias poderia dirigir a sociedade para a sua perfeição. Ao povo, não iluminado pela idéia, a República, segundo palavras de Platão, “deverá ensiná-lo a não sonhar nunca, a não atuar com independência e a tornar-se incapaz de fazê-lo.” Esse tipo de sociedade foi denominada por Popper de sociedade fechada e foi defendida na contemporaneidade por Hegel e Marx. A concepção marxista da sociedade, di- rigida exclusivamente pela economia, em permanente luta de classe, era formada por uma infra-estrutura material e superestrutura política e cultural, não deixando margem a nenhuma outra interpretação e a qualquer critica externa. Ou se estava com o Marxismo ou se estava contra ele. Para Popper a sociedade Marxista era utópica, messiânica e mal dirigida por umas profecias que prometiam uma igualdade perfeita. Tal qual a sociedade Platônica, a sociedade Mar- xista negava a liberdade aos que não pertenciam ao grupo de profetas iluminados. A massa deveria seguir docilmente a seus lideres. As doutrinas defensoras deste tipo de socie- dade pretendiam que a historia fosse dirigida por idéias ou metas fi nais e acabariam, segundo Popper, provocando um anquilosamento social. A solução para o problema, ainda segundo Popper, seriam a liberdade de todo mundo para opinar e contradizer os líderes políticos. Ao que tudo indica, o Marxismo não mais é o fantasma que apavora a atual e “globalizada” (?) economia e a República parece não ser a bíblia da maioria dos dirigentes, até porque alguns deles teriam difi culdade em lê-la. O limiar de pobreza, expresso em seus limites máximos em alguns paises da África e em quase todos os paises da América Latina, e a ingênua credulidade das grandes massas, presentes nessas regiões e em paises da Europa e América do Norte, podem estar contribuindo para o surgimento dos populismos abertos ou velados, manejados pelos tiranetes de plantão, travestidos como democratas ou como republicanos. O resultado para tudo isso: a violação das mais elementares normas da humanidade. Lamentavelmente essa é a realidade do século XXI. E é uma lástima ter que constatar que o real e o ideal não andam de mãosdadas. O nosso ideal submetido a fatalidade modi- fi cável da história, acabou por adaptar-se a uma ditatorial e demagógica democracia. Platão nunca esteve tão atual!! Marco Antonio Guimarães da Silva,Med.Dr.Sci. marco@atlanticaedu.com.br *Professor da UFRRJ e de curso de Doutorado recomendado no exterior e Editor cientifi co da Revista Fisioterapia Brasil Fisioterapia_v8n1.indb 3Fisioterapia_v8n1.indb 3 12/3/2007 10:18:4312/3/2007 10:18:43 Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 20074 Avaliação isocinética da performance funcional dos músculos quadríceps femoral e isquiotibiais de jogadores profi ssionais de futebol Isocinetic evaluation of the functional performance of quadriceps and ischiotibial muscles in professional soccer players José Renato Sousa Bulhões*, Adriano Prado Simão*, Karina Nogueira Zambone Pinto*, Marcelo Tavella Navega, D.Sc.**, Stela Márcia Gonçalves Mattiello Rosa, D.Sc.** *Universidade Federal de São Carlos, **Curso de Graduação de Fisioterapia da UFSCar Resumo O objetivo deste trabalho foi analisar o pico de torque concên- trico e excêntrico e a relação isquioitibiais/quadríceps, em jogadores profi ssionais de futebol, ao fi nal do campeonato paulista da 2ª divisão. Oito jogadores foram avaliados em um aparelho isocinético Biodex System II. Entre os jogadores avaliados não encontramos diferenças signifi cativas entre os membros dominantes e não do- minantes, prevalecendo um maior valor de pico de torque para o músculo quadríceps femoral do que os ísquios-tibiais de acordo com nossa expectativa. Palavras-chave: quadríceps, isquiotibiais, avaliação isocinética. Artigo original Abstract Th e aim of this study was to analyze eccentric and concentric peak torque and the relation between ischiotibial/quadriceps, in professional soccer players, at the end of the second division of Paulista championship. Eight players were evaluated using a Biodex System II isokinetic. We did not fi nd signifi cant diff erence between the dominant and the non-dominant limbs, a higher torque peak of the femoral quadriceps muscle prevailed on ischiotitibial according to our expectative. Key-words: quadriceps, ischiotibial, isocinetic evaluation. Recebido em 20 de dezembro de 2004; aceito em 9 de fevereiro de 2007. Endereço para correspondência: José Renato Sousa Bulhões, QRSW 01 Bloco B15 apto. 302, Sudoeste, 70675-135 Brasilia DF, E-mail: jrsb1@ zipmail.com.br Introdução O futebol é considerado o esporte mais popular do mundo. Acompanhando esta alta taxa de popularidade existe um alto índice de lesões, sendo que a maioria ocorre principalmente nos membros inferiores, de 69 a 88% dos casos [1]. O joelho, com 26%, obtém a maior porcentagem e os músculos da coxa tem 11% das lesões em jogadores de futebol [2]. Coisier et al. [3] especifi cam os ísquiotibiais como a musculatura com maior incidência de distensões musculares em atletas e uma alta porcentagem de re-ocorrências também está presente, sendo problemático não só para o atleta, mas para os treinadores e o departamento médico. Vários são os fatores que podem levar a lesões como fraqueza muscular, for- talecimento não balanceado, fl exibilidade diminuída, fadiga e aquecimento inadequado. Segundo Weineck [4] a força em aceleração (concêntrica) pode ser verifi cada em saltos e fi nali- zações, já as frenagens (força excêntrica) têm como exemplos típicos as paradas bruscas, as mudanças de direções e a fase inicial das corridas e dos saltos. Devido a grande solicitação desses músculos torna-se alta a probabilidade de lesões, que poderiam ser prevenidas com a realização de aquecimento adequado antes dos jogos de futebol, assim como por meio de um programa de exercícios diários, incluindo alongamento e fortalecimento muscular [5]. Pela sua ação antigravitacional, o músculo quadríceps femoral é cerca de três vezes mais forte que os isquiotibiais [6,7], sendo assim, o torque máximo do quadríceps femoral é Fisioterapia_v8n1.indb 4Fisioterapia_v8n1.indb 4 12/3/2007 10:18:4312/3/2007 10:18:43 5Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2007 maior que o torque máximo dos isquiotibiais. Segundo Smith et al. [8] a diferença de torque entre estes grupos musculares pode estar relacionada com a área de secção transversal, sendo que os extensores geralmente apresentam o dobro da área de secção transversal dos músculos fl exores do joelho, além do que o quadríceps femoral tem um braço de força mais longo, quando comparado com os músculos isquiotibiais. Em estudo realizado por Cometti et al. [9], entre jogadores de futebol da França da primeira e segunda divisão e amado- res, foi constatada diferença signifi cativa de força excêntrica na musculatura fl exora do joelho, quando comparados com jogadores da primeira divisão com amadores, nas diferentes velocidades angulares. Segundo os autores, este aumento da força dos isquiotibiais pode ser devido ao mecanismo de controle articular que ele exerce, limitando a amplitude de movimento do joelho durante um chute ou agindo na desa- celeração quando o indivíduo está correndo. Além da capacidade funcional isolada de cada músculo, a relação quadríceps femoral e ísquiotibiais, segundo Ladeira e Mage [10], pode predispor o jogador de futebol a maiores ou menores números de distensões musculares. Em estudo realizado com jogadores amadores canadenses, antes do início de um campeonato de futebol, estes autores identifi caram que os atletas com alta proporção da razão entre os fl exores e extensores do joelho, obtidas na avaliação pré-campeonato, sofreram mais distensões musculares nos membros inferiores do que seus companheiros com baixa proporção. Soderman et al. [11] verifi cou em seu estudo com atletas de futebol que 05 sofreram lesões no ligamento cruzado anterior e esses atletas possuíam uma razão concêntrica diminuída entre os músculos ísquios-tibiais e quadríceps femoral, quando comparado ao membro contralateral. Orchard et al. [12] encontraram em atletas lesões dos ísquios-tibiais naqueles que possuíam uma musculatura fraca comparada com a contralateral de acordo com a razão existente entre ísquios-tibias e quadríceps-femo- ral. Citam que após uma lesão nos ísquios-tibiais é importante se recuperar, através de um trabalho em um equipamento isocinético, a proporção agonista/antagonista de uma maneira equilibrada, reduzindo a incidência de nova lesão. Portanto, alguns autores [1,7,8] citam a importância de se realizar um fortalecimento de forma adequada e equilibrada, ao invés de se preconizar o fortalecimento de um grupo muscular ignorando o treinamento de outros. Além disso, também é preciso considerar o papel princi- pal do membro inferior na prática esportiva, analisando se o mesmo é utilizado com a fi nalidade básica de apoio ou para a realização do chute, o que poderia determinar o valor de torque gerado assim como os valores de relação isquiotibiais/ quadríceps, dependendo da respectiva ação destes músculos. Com este intuito, Holtmann e Hettinger [13] realizaram um estudo com jogadores de futebol no qual foram encontradas diferenças signifi cativas de força entre o quadríceps direito e esquerdo, sendo que a perna preferida de apoio desenvolveu maior valor de força estática, o que foi justifi cado pelos autores pelo fato de a mesma ter a função de garantir a estabilidade do corpo. Em outro estudo, Rahnama et al. [14] citam a impor- tância do fortalecimento que vise não somente um aumento de força, mas de resistência a fadiga. Foram submetidos a um protocolo de futebol trinta jogadores, que passaram por avaliações isocinéticas antes do programa, no intervalo e ao fi nal do protocolo e verifi caram uma diminuição progressiva da força muscular através do pico de torque do músculo quadríceps e ísquios-tibiais. Devido à importância de uma adequada relação funcional entre os músculos quadríceps femoral e isquiotibiais do mesmo membro inferior e entre os membroscontralaterais para a rea- lização da prática do futebol e prevenção das lesões que podem acompanhá-la, justifi ca-se a realização deste trabalho. Material e métodos Sujeitos Participaram deste estudo oito atletas do sexo masculino, com idade média de 21,1 ± 3,4 anos que praticam profi s- sionalmente a modalidade desportiva futebol pelo Grêmio Esportivo Sãocarlense, disputando o campeonato paulista da segunda divisão. Foram excluídos da pesquisa os voluntários que apresentaram lesões do sistema músculo esqueléticas, identifi cadas por avaliação funcional fi sioterapêutica. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética local e todos os atletas foram instruídos sobre o objetivo da pesquisa e a forma de realização dos procedimentos, assinando um termo de consentimento. Procedimento experimental Para a coleta do pico de torque concêntrico e excêntrico foi utilizado um dinamômetro isocinético da marca Biodex System II (Versão Software 4.5) localizado no Ambulatório de Fisioterapia da Universidade Federal de São Carlos. Ini- cialmente o aparelho foi calibrado conforme as orientações do fabricante. Após essa etapa, efetuou-se o aquecimento dos membros inferiores dos atletas, em uma bicicleta ergométrica estacionária, durante cinco minutos com carga mínima, fi can- do o atleta apto a realizar a avaliação isocinética concêntrica e excêntrica de fl exão e extensão de ambos os joelhos. Para a avaliação isocinética utilizou-se a metodologia proposta por Cometti et al., [9]. Com o jogador sentado, alinhamos visualmente o côndilo lateral do joelho do atleta (escolhido aleatoriamente) com o eixo do dinamômetro iso- cinético. O atleta foi estabilizado por um cinto pélvico, dois cintos torácicos em cruz e um cinto no terço distal da coxa, para evitar ao máximo as compensações e permitir movimen- tação livre do joelho a ser testado. Antes de iniciar o teste, foi realizada uma familiarização com o equipamento consistindo de 3 até 5 contrações concêntricas submáximas (~50%) e uma contração concêntrica máxima. O arco de movimento foi Fisioterapia_v8n1.indb 5Fisioterapia_v8n1.indb 5 12/3/2007 10:18:4412/3/2007 10:18:44 Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 20076 de 90º de fl exão até extensão total. Para a realização do teste concêntrico, os jogadores realizaram três contrações máximas concêntricas nas velocidades de 60, 120 e 300º/segundo, com um período de descanso de 2 a 3 minutos entre as séries. O mesmo procedimento foi feito para o outro membro. Fina- lizado os testes concêntricos com ambos membros, foi dado um intervalo de 5 minutos e iniciada a avaliação excêntrica. O paciente manteve-se posicionado no equipamento da mesma forma que a anterior. O joelho a ser testado foi o joe- lho contralateral ao que foi testado por último na contração concêntrica, devido ao maior tempo de descanso para uma melhor recuperação. Para o teste excêntrico repetiu-se todo o protocolo adotado para o teste concêntrico, porém houve alteração somente nas velocidades angulares, utilizando-se somente duas velocidades a de 60 e 120º/segundo. Finalizado os testes, obteve-se o relatório do próprio equi- pamento indicando a razão entre os fl exores e extensores do joelho nas modalidades concêntrica e excêntrica e os valores de pico de torque. Analise estatística Os dados foram analisados estatisticamente através de técnicas descritivas. Para comparar os valores de pico de tor- que e a relação isquiotibiais/quadríceps, entre os membros inferiores dominante e não dominantes, foi utilizado o Teste t de Student. Para as conclusões das análises estatísticas foi utilizado o nível de signifi cância de 5% ( p ≤ 0,05). Resultados Os resultados do Pico de Torque, obtidos nas avaliações isocinéticas concêntrica e excêntrica, para os membros infe- riores dominante e não dominante nas velocidades de 60 e 120°/seg., como mostram as Figuras 1 e 2, respectivamente, não apresentaram diferença signifi cativa entre os valores médios de pico de torque, tanto para contração concêntrica, como para excêntrica. Figura 1 - Médias e desvios padrão do Pico de Torque (Nm), na velocidade de 60°/seg. Figura 2 - Médias e desvios padrão do pico de torque, na velocidade de 120°/seg. σ conc= concêntrico, excen= excêntrico, ND= membro não dominante, dom= membro dominante Conc= concêntrico, excen= excêntrico, ND= membro não dominante, Dom= membro dominante. Os valores de pico de torque na contração concêntrica na velocidade de 300°/seg., também não apresentaram diferença signifi cativa entre os membros, representados na fi gura 3. Figura 3 - Médias e desvios padrão do Pico de Torque, na velocidade de 300°/seg. ND= membro não dominante, Dom= membro dominante. Quando foi comparada a relação isquiotibiais/quadríceps, o teste aplicado também não identifi cou diferença entre os membros, como mostra a Tabela I. Tabela I - Médias e desvios padrão da relação Isquiotibiais/Qua- dríceps para Pico de Torque isocinético, nas velocidades de 60, 120 e 300/s. Membro Membro Teste não dominante dominante t-Student Concêntrico 60º/s 51,95±5,03 50,88±6,00 NS Excêntrico 60º/s 54,20±12,18 53,65±6,65 NS Concêntrico 120º/s 56,68±7,77 57,58±8,83 NS Excêntrico 120º/s 68,25±20,26 57,32±6,97 NS Concêntrico 300º/s 73,58±5,69 72,51±7,82 NS Valores expressos em porcentagem. NS = não significativo (p > 0,05). Fisioterapia_v8n1.indb 6Fisioterapia_v8n1.indb 6 12/3/2007 10:18:4512/3/2007 10:18:45 7Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2007 Discussão Em jogadores de futebol profi ssional local parece não existir diferença da capacidade funcional entre os músculos quadríceps femoral e isquiotibiais. Os jogadores têm a preocupação de ganhar os diferentes campeonatos almejando disputar as divisões mais importantes. Para o cumprimento desta meta, estes atletas são submetidos a vários tipos de treinamentos e sobrecargas musculares, que poderiam resultar em alterações funcionais principalmente da musculatura fl exo-extensora dos membros inferiores, de acordo com a especifi cidade de treinamento e da atividade desenvolvida pelo membro durante a prática do futebol. Para a avaliação funcional destes músculos, uma das variá- veis do nosso estudo foi o valor do pico de torque desenvolvido pelos fl exores e extensores do joelho do membro inferior uti- lizado para o chute e o membro de apoio, aqui denominados, dominante e não dominante, respectivamente. Não encontramos diferença estatisticamente signifi cativa entre o valor do PT do membro inferior – dominante ou não dominante - independente da velocidade (60,180 e 300º/seg) e do tipo de contração do teste (concêntrica e excêntrica), tanto para fl exão quanto extensão do joelho. Apesar destes achados, Holtmann e Hettinger [13] encon- traram diferenças signifi cativas de força entre o quadríceps do membro de apoio e o de chute em jogadores de futebol, com maior força estática desenvolvida pelo membro de apoio. No nosso trabalho só foram realizadas avaliações isocinéticas, não fez parte de nossa metodologia a avaliação isométrica, de tal forma, não é possível discutir os resultados deste trabalho. No entanto, nossos resultados são corroborados pelos ob- tidos por Magalhães et al. [1], que também não encontraram predomínio do torque gerado pelos músculos fl exores e ex- tensores de acordo com a função desencadeada pelo membro inferior em campo, realçando o caráter bilateral do treino e atuação desta modalidade. Em relação ao comportamento do pico de torque excêntri- co, segundo Westing et al. [15], o músculo quadríceps femoral não altera o seu pico de torque excêntrico com a variação de velocidade, sendo ele sempre maior que o pico de torque con- cêntrico. Ainda segundo o autor supracitado, essa diferença entre o torque produzido nos dois tipos de contração aumenta com a elevação da velocidade angular de teste. Nossos resultados corroboram os achados descritos acima, uma vez queanalisando o pico de torque gerado nos dois tipos de contração avaliados, pudemos observar uma tendência de aproximação dos valores concêntrico e excêntrico do mesmo membro inferior na velocidade de 60º/seg, tanto para quadrí- ceps quanto para isquiotibiais, e uma tendência de aumento do PT excêntrico em relação ao concêntrico na velocidade de 120º/seg, também para os dois grupamentos musculares. Além disso, observamos também a manutenção dos valores do pico de torque excêntrico com o aumento da velocidade de teste, como referido pelos autores acima. De acordo com Dvir [16], estes resultados seriam justifi - cados pelo fato de apesar de o valor de PT diminuir para os dois tipos de contração com o aumento da velocidade de teste, a contração concêntrica seria mais “velocidade dependente”, ou seja, o valor de pico de torque concêntrico apresentaria queda mais visível com o aumento da velocidade, resultando no aumento proporcional do valor do pico de torque gerado na contração excêntrica. A média de idade dos atletas em nosso trabalho foi de 21,1 anos ± 3,4 anos, porém Gur et al. [17] demonstram a importância de se considerar a variável idade. Em seus trabalhos dividiram 25 jogadores de futebol em adultos (> 21 anos) e jovens (≤ 21 anos) e encontrou valores de pico de torque concêntrico maiores no membro dominante em atletas adultos comparando aos jovens. Quanto aos resultados obtidos sobre a relação funcional isquiotibiais/quadríceps femoral, não foi encontrada diferença estatisticamente signifi cativa entre o membro dominante e não dominante em nenhuma das velocidades de teste, no entanto, houve um aumento progressivo do valor de torque gerado pelo grupamento fl exor do joelho em relação ao extensor com o aumento da velocidade angular. Dvir [16] confi rma estes achados, considerando esta variação da proporção I/Q uma variável dependente da velo- cidade angular, com valores menores para velocidade baixas e acréscimo dos valores com o aumento da velocidade de teste. Rochongar [18], propôs recentemente uma concepção funcional (excêntrico fl exor/concêntrico extensor) como um método preventivo para lesões musculares e do ligamento cruzado anterior. Poderíamos também considerar a infl uência da especi- fi cidade do treinamento dos músculos fl exores e extensores do joelho nesta atividade esportiva. No entanto, para isso seria preciso avaliar as atividades específi cas para a função de cada jogador na equipe, o que não seria possível analisarmos neste trabalho, uma vez que foram avaliados voluntários com diferentes funções em campo. Conclusão Baseado nos resultados obtidos neste estudo, pudemos concluir que a capacidade funcional do joelho de jogadores de futebol apresentaram torques semelhantes aos encontrados em outros estudos. Entretanto, mais estudos são necessários buscando informações quanto ao desempenho especifi camen- te de jogadores de futebol, considerando divisões diferentes, posição em campo, idade e outras variáveis, para que desse modo, fi sioterapeutas e preparadores físicos possam melhorar programas de prevenção e tratamentos das lesões decorrentes desse esporte. Fisioterapia_v8n1.indb 7Fisioterapia_v8n1.indb 7 12/3/2007 10:18:4512/3/2007 10:18:45 Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 20078 Referências 1. 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Fisioterapia_v8n1.indb 8Fisioterapia_v8n1.indb 8 12/3/2007 10:18:4612/3/2007 10:18:46 9Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2007 Análise da efi cácia do taping patelar associado a um programa de tratamento fi sioterapêutico em indivíduos do sexo feminino com disfunção patelofemoral Evaluation of patellar taping effi cacy associated to physical therapy in women with patellofemoral dysfunction Rafael Aleixo Favarini, Ft.*, Lygia Paccini Lustosa, M.Sc.* *Unicentro Newton Paiva, Belo Horizonte MG Resumo A síndrome dolorosa patelofemoral é descrita como uma disfun- ção multifatorial, de difícil tratamento. No programa de reabilitação são propostas várias terapêuticas que visam o fortalecimento do mecanismo extensor do joelho no intuito de promover melhor a estabilidade para a articulação. Um dos recursos utilizados é o taping de McConnell associado ao programa de exercícios. O objetivo do estudo foi verifi car a efi cácia do uso do taping patelar de McConnell na diminuição da dor e na melhora do desempenho funcional, em um programa de tratamento, de indivíduos do sexo feminino, com diagnóstico de SDPF. Participaram do estudo cinco indivíduos, do sexo feminino, com idade média de 21,5 anos (± 2,57). Todas as voluntárias foram avaliadas pelo mesmo examinador antes, após a 9ª. sessão de tratamento e após a 18ª. sessão. A avaliação constou de testes de fl exibilidade, testes específi cos para diagnóstico de SDPF, Escala Visual Analógica de Dor para quantifi car o nível de dor e apli- cação da Escala de Karlsson para quantifi car o desempenho funcional. Três voluntárias realizaram tratamento através de alongamentos específi cos e exercícios de reforço muscular em cadeia cinética aberta (Grupo I). Duas voluntárias realizaram os mesmos exercícios, mas com a colocação do taping patelar segundo McConnell, antes da rea- lização dos exercícios de reforço muscular (Grupo II). Os resultados não demonstraramdiferença signifi cativa entre os grupos, quanto a melhora da dor e do desempenho funcional após a 9ª. sessão (p = 0,34, p = 0,08, respectivamente). Também não houve diferença signifi cativa entre os grupos após a 18ª. (p > 0,18). Não é possível afi rmar, através dos resultados obtidos, que o uso do taping patelar associado ao programa de exercícios para o tratamento da SDPF, seja mais efi caz na melhora da dor e no desempenho funcional, que o uso somente do programa de exercícios. Palavras-chave: taping patelar, disfunção patelofemoral, dor, desempenho funcional. Artigo original Abstract Patellofemoral painful syndrome (PPS) is described as a hard to treat multifatorial dysfunction. Various conservative therapeutic ap- proaches are proposed to manage such syndrome with the intention to strengthen the knee extensor mechanism to promote better joint stability. One of the rehabilitation resources is the McConnell taping technique associated to physical therapy. Th e goal of this study was to verify the effi cacy of patellar taping in reducing pain and improving functional performance associated to a treatment program in female patients diagnosed with PPS. Five female subjects, average age of 21,5 (± 2,57) years, participated in the study. Th e same examiner, before and after the 9th and 18th treatment session, evaluated them. Evaluation was comprised of fl exibility tests, specifi c tests to diagnose PPS, pain analogue visual scale to quantify the intensity of pain and Karlsson scale to quantify functional performance. Th ree volunteers were submitted to specifi c stretching and strengthening muscle exercises in open kinetic chain (group 1). Two volunteers performed the same exercises done by the group 1 plus patellar taping technique described by McConnell, before performing the strengthening exercises (group 2). Results showed no signifi cant diff erence between groups concerning pain relief and functional performance after the 9th session (p = 0,34, p = 0,08, respectively). Also, there was no signifi cant statistical diff erence between both groups after the 18th session (p > 0,18). It is not possible to affi rm, through the present results, whether the patellar taping technique associated to physical therapy to treat PPS shows more effi cacies to reduce pain and functional performance than exercises alone. Key-words: taping patellar, patellofemoral disfunction, pain, functional outcomes. Recebido 6 de dezembro de 2005; aceito em 12 de dezembro de 2006. Endereço para correspondência: Lygia Paccini Lustosa, Rua Alvares de Azevedo, 122, Bairro Colégio Batista, 31110-290 Belo Horizonte MG, Tel: (31) 9983-1854, E-mail: lpaccini@horizontes.net Fisioterapia_v8n1.indb 9Fisioterapia_v8n1.indb 9 12/3/2007 10:18:4612/3/2007 10:18:46 Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200710 Introdução O termo síndrome dolorosa patelofemoral (SDPF) de- fi ne uma queixa comum de dor anterior ou retropatelar no joelho [1,2]. Essa disfunção está geralmente associada com o exercício e piora com atividades que aumentam as forças compressivas do joelho como o permanecer por longos períodos na posição sentada, o subir e descer escadas e o agachar [1-10]. Tem maior incidência em adolescentes do sexo feminino e em indivíduos ativos [1], com idade entre 10 e 35 anos [3,7,8,11,12]. A SDPF é discutida como uma afecção multifatorial com causas diversas, mas talvez a mais comum seja a síndrome de deslocamento lateral [13]. Alguns dos fatores que podem desencadear o deslocamento lateral da patela incluem as anor- malidades ósseas, a tensão do retináculo lateral e da banda iliotibial [4], a tensão do músculo isquiosural e/ou do músculo gastrocnêmio, o tendão patelar alongado, a patela alta, o mau alinhamento da tíbia [2,14,15], o geno valgo, o aumento do ângulo Q, a anteversão femoral, o joelho recurvatum, a pronação excessiva do pé e os traumas [2,4,13-15]. O tratamento fi sioterapêutico para a dor na articulação patelofemoral é direcionado principalmente para a reabilitação do músculo quadríceps e especifi camente, o músculo vasto medial oblíquo (VMO), que é defi nido como o estabilizador dinâmico medial da patela [16,17]. Esse tratamento inclui geralmente o fortalecimento do músculo quadríceps favo- recendo a ativação do músculo VMO, o alongamento do músculo isquiosural, do gastrocnêmio, do tensor da fáscia e da banda iliotibial, o treinamento da estabilidade articular, a aplicação do taping patelar ou o uso do bracing, a indicação de órteses para correção da pronação excessiva da subtalar e as modifi cações das atividades de vida diária [2,3,5,11-14,17- 21]. Para a realização dos exercícios de fortalecimento Laprade et al. [7] e Fonseca et al. [22] avaliaram uma série de exer- cícios utilizados na prática clínica em cadeia cinética aberta e em cadeia cinética fechada, com o objetivo de demonstrar a sua efi cácia através da análise da ativação muscular. Esses autores sugeriram que exercícios envolvendo a extensão do joelho associado à rotação da tíbia poderiam ser utilizados por apresentar uma melhor relação entre o músculo VMO e o músculo vasto lateral [7,22]. McConnell [14] introduziu a técnica do taping patelar em seu programa de tratamento em meados dos anos 80, com o objetivo de melhorar o posicionamento da patela, diminuindo a dor e favorecendo o fortalecimento do músculo quadríceps. A autora preconiza que a correção da patela e o seu melhor posicionamento favorecem a função do músculo quadríceps. O objetivo do estudo foi verifi car a efi cácia do uso do taping patelar de McConnell na diminuição da dor e na melhora do desempenho funcional, em um programa de tratamento, de indivíduos do sexo feminino com diagnós- tico de SDPF. Material e métodos Foram convidados a participar do estudo indivíduos do sexo feminino, com idade variando entre 15 e 35 anos, que apresentavam características de SDPF. Os critérios de ex- clusão para o estudo foram história pregressa de cirurgia de joelho, instabilidade patelar, lesão meniscal, lesão ligamentar e fraturas prévias dos membros inferiores. As voluntárias foram recrutadas através de cartazes afi xados em uma ins- tituição de ensino particular e assinaram um termo de livre consentimento e esclarecido, concordando em participar do estudo. A mesma avaliação foi repetida após a realização da nona sessão e ao fi nal do tratamento (18ª. sessão), pelo mes- mo examinador que não teve conhecimento em momento algum, do grupo de tratamento das participantes. Após a avaliação inicial, as voluntárias foram sorteadas para o início do tratamento para Grupo I ou Grupo II. O Grupo I realizou exercícios de alongamento específi cos conforme a avaliação e exercícios para reforço do músculo quadríceps em cadeia cinética aberta. O Grupo II realizou os mesmos exercícios que o Grupo I, mas associado ao uso do taping patelar, conforme a técnica descrita por McConnell [14], colocado pelo mesmo examinador, antes do início dos exercícios de reforço muscular. Esse examinador acompanhou todo o tratamento, mas não participou das avaliações. Dessa forma, foram avaliadas 13 mulheres, com idade variando entre 15 e 25 anos (21,5 ± 2,57anos). Dessas vo- luntárias, quatro não iniciaram o tratamento. Das nove par- ticipantes que deram início ao tratamento, uma abandonou o tratamento após a primeira sessão, duas abandonaram o tratamento após a segunda sessão e uma após a quarta sessão. Todas elas alegaram motivos pessoais e difi culdade quanto ao horário e deslocamento para o local de tratamento. Apenas cinco participantes deram continuidade ao estudo, concluin- do o tratamento. O Grupo I constou então de três voluntárias e o Grupo II de duas voluntárias. A avaliação fi sioterapêutica constou da aplicação da escala de Karlsson [23], específi ca para a articulação patelofemoral. Essa escala foi preenchida pela própria participante, tendo recebido apenas a informação que os sinais e sintomas re-feriam-se a “última semana” antes da aplicação da mesma. Todas as voluntárias foram orientadas a manter o mesmo nível de atividade física durante a realização do tratamento, sem dar início a nenhuma atividade nova, para que não houvesse possíveis alterações em relação ao quadro clínico e do desempenho funcional. Para quantifi car o nível de dor utilizou-se a Escala Visual Analógica de Dor [2]. Os testes para pesquisa da fl exibilidade muscular foram o teste de Ober para o encurtamento do músculo tensor da fáscia lata [24], o teste de Ely para o encurtamento do músculo reto femoral [24], o teste de Th omas modifi cado para avaliar a presença de encurtamento do músculo iliopsoas [24], o teste para en- curtamento de adutores [25] e o teste para encurtamento dos isquiosurais [25]. Finalmente, foram realizados testes especiais Fisioterapia_v8n1.indb 10Fisioterapia_v8n1.indb 10 12/3/2007 10:18:4712/3/2007 10:18:47 11Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2007 para a disfunção patelofemoral: teste de McConnell, sinal de Zohler e sinal de Frund [24]. Essa mesma avaliação foi repeti- da pelo mesmo examinador, que não teve conhecimento dos grupos de tratamento, após a voluntária realizar a 9a sessão e após a 18a sessão de tratamento. Durante o tratamento, tanto as participantes do grupo I quanto as do grupo II realizaram os mesmos exercícios de reforço muscular para os músculos extensores do joelho. Esses exercícios seguiram a descrição de Fonseca et al. [22] para a extensão do joelho em cadeia cinética aberta mantendo a rotação externa de quadril (Figura 1). Foram realizados ainda, os exercícios para a extensão do joelho em cadeia cinética aberta direcionando o movimento para a rotação interna da tíbia e exercício para a extensão de joelho em posição neutra de acordo com a descrição de Laprade et al. (Figura 2 e 3) [7]. O tratamento foi realizado três vezes por semana, durante o período de seis semanas (total de 18 sessões). Nas voluntárias do grupo II foi colocado o taping patelar (Figura 4) antes do início dos exercícios de reforço muscular citados acima. Figura 1 - Contração isométrica em cadeia cinética aberta man- tendo a rotação externa do quadril. Figura 3 - Contração isométrica em cadeia cinética aberta com o membro inferior em posição neutral. σ Análise estatística Figura 2 - Contração isométrica em cadeia cinética aberta saindo da rotação externa e direcionando para a rotação interna do quadril. Figura 4 - Técnica de colocação do taping patelar segundo Mc- Connell. A análise estatística foi realizada através do programa estatístico SPSS 11.0. Para a comparação entre os grupos, quanto ao nível de dor e desempenho funcional, após a nona sessão e após a décima oitava sessão foi utilizando o teste não-paramétrico de Wilcoxon. O nível de signifi cância foi estabelecido em α = 0,05. Fisioterapia_v8n1.indb 11Fisioterapia_v8n1.indb 11 12/3/2007 10:18:4712/3/2007 10:18:47 Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200712 Resultados Apesar de haver melhora em todos os parâmetros analisa- dos, os resultados não demonstraram diferença signifi cativa quando comparado os grupos I e II, quanto ao nível funcio- nal p = 0,08 e quanto a melhora do nível da dor p = 0,34, após a nona sessão de tratamento. Da mesma forma quando comparados os grupos após a 18a. sessão, também não houve diferença signifi cativa na melhora da funcionalidade e na melhora da dor (p > 0,18). Discussão O presente estudo teve como objetivo verifi car a efi cácia da utilização do taping patelar associado a um programa de exercícios no tratamento de indivíduos com SDFP, quanto à melhora da dor e do desempenho funcional. No entanto, os resultados não demonstraram diferença signifi cativa en- tre os grupos estudados, o que não permite afi rmar que o taping patelar aumente a efi cácia do tratamento da SDFP. O tratamento das disfunções patelofemorais baseia-se no fortalecimento do músculo VMO, no intuito de estabelecer uma maior estabilidade articular [14,26]. Acredita-se que esse fortalecimento muscular possa promover uma maior mediali- zação da patela, levando ao seu melhor alinhamento durante a extensão do joelho [14]. No entanto, existem controvérsias quanto ao melhor exercício e a melhor ativação desse grupo muscular [26]. O taping patelar proposto por McConell teve como objetivo não só a melhora da dor, mas também uma maior possibilidade do posicionamento adequado da patela. Bockrath et al. [17], utilizando o taping patelar durante o tratamento da SDFP, demonstraram que houve signifi cativa redução no nível da dor, comprovando sua efi cácia no resul- tado do tratamento. Ao contrário, Kowall et al. [12] também comparando grupos que utilizaram o taping com aqueles que não utilizaram, demonstraram que não houve diferença signifi cativa entre os grupos estudados, o que corrobora com os resultados encontrados neste estudo. No presente estudo, uma das limitações que pode ter interferido nos resultados foi o número reduzido de participantes envolvidos, tornando a amostra muito pequena. Com relação ao tempo de tratamento, foi estabelecido o período de 6 semanas baseado no estudo de Crossley et al. [2] que demonstrou ser necessárias 6 semanas de tratamento para o alívio da dor utilizando o taping patelar associado a um programa de exercícios. No entanto, o período ideal de tratamento também apresenta controvérsias, visto existirem evidências que 4 semanas podem ser sufi cientes para a me- lhora da dor e retorno completo à funcionalidade, como afi rmam Wittingham et al. [27]. Os resultados observados no presente estudo demonstraram melhora nos dois grupos principalmente entre a 1ª. e 9ª. sessão de tratamento. Esses resultados foram semelhantes ao do estudo de McConnell [14] que encontrou que 92% dos pacientes tratados, fi caram livres da dor após 8 sessões de tratamento utilizando o taping patelar e exercícios. Apesar da ausência de diferença signifi cativa entre os gru- pos estudados, pôde-se observar uma melhora dos sintomas e da função após o tratamento. Essa observação sugere que o tratamento apresenta resultados satisfatórios, mas que novos estudos deverão ser realizados, para verifi car o real papel do taping patelar no tratamento da SDPF. Conclusão Apesar da melhora observada nos grupos estudados, os resultados encontrados neste estudo não permitem afi rmar que a utilização do taping patelar associado a um programa de fortalecimento muscular, para o tratamento da SDPF, seja mais efi caz do que apenas o programa de exercícios, na dimi- nuição da dor e na melhora do desempenho funcional. Referências 1. Andrade PH, et al. Comparação da atividade elétrica dos mús- culos vasto medial oblíquo e vasto lateral oblíquo em indivíduos com disfunção fêmoro-patelar. Rev Fisioter Univ São Paulo 2001;8:65-71. 2. Crossley K, et al. Physical therapy for patellofemoral pain: a randomized, double-blinded, placebo-controlled trial. Am J Sports Med 2002; 30:857-65. 3. Cowan SM, et al. 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Fisioterapia_v8n1.indb 13Fisioterapia_v8n1.indb 13 12/3/2007 10:18:4912/3/2007 10:18:49 Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200714 Avaliação da dor e da função pulmonar em pacientes submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica Pain evaluation and pulmonary function in patients submitted to surgery of coronary artery bypass grafting Camila Pereira Leguisamo, M.Sc.*, Moana Franken de Freitas**, Natália Fialho Maciel**, Paulo Donato*** *Universidade de Passo Fundo (UPF), **Curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo (UPF), ***Hospital São Vicente de Paulo, Passo Fundo RS Resumo A CRM constitui um procedimento que pode ser realizado em pacientes portadores de cardiopatia isquêmica. O trauma cirúrgico refl ete-se diretamente na função pulmonar desses pacientes. O estudo foi quase experimental analítico, com o objetivo de avaliar e comparar a percepção da dor torácica em repouso, bem como mensurar e comparar a função pulmonar. Participaram neste estudo 25 pacientes submetidos a CRM eletiva. Os resultados mostraram altos escores na percepção de dor no primeiro dia de pós-operatório, os quais se reduziram no quarto dia de pós-operatório. Os valores médios dos volumes pulmonares do primeiro para o quarto dia de pós-operatório aumentaram, porém não retornaram aos valores do pré-operatório. Analisando a dor e a função pulmonar, foi verifi cado que não houve relação entre as mesmas. Verifi cou-se que a CRM altera a função pulmonar e provoca dor torácica em repouso, con- tudo esta não infl uenciou nos dados espirométricos. Palavras-chave: CRM, dor, espirometria. Artigo original Abstract Th e Coronary Artery Bypass Grafting (CABG) constitutes a procedure that can be done in patients with ischemic cardiopathy. Th e surgery trauma has a direct eff ect in the pulmonary function of the patient. Th e research was almost an analytic and experimental study with the general objective of assessing and comparing the perception of thorax pain at rest and also measuring and comparing the pulmonary function. In this study, there were 25 patients who were submitted to elective CABG. Th e results showed high scores in the perception of the thoracic pain at rest on the 1st postoperative day considering that they decreased on the 4th postoperative day. Th e medium pulmonary volume marks increased from the 1st to the 4th postoperative day, however, they did not return to the preoperative ones. When the pain and pulmonary function were analyzed we could notice there was no relation between them. On this study we could check that the CABG alters the pulmonary function and provokes the thoracic pain at rest, however, this pain did not infl uence the spirometric data. Key-words: CABG, pain, spirometry. Recebido em 19 de dezembro de 2005; aceito em 14 de fevereiro de 2007. Endereço para correspondência: Camila Pereira Leguisamo, Rua Capitão Eleutério, 69/304, Centro, Passo Fundo RS, Tel: (54) 33146473/99769840, E-mail: camila@upf.br Introdução A cirurgia de revascularização miocárdica (CRM), descrita por Favaloro no fi nal da década de 60, tornou-se um proce- dimento cirúrgico freqüentemente realizado em muitos hos- pitais, sendo altamente efetivo para o tratamento da doença arterial coronariana, com defi nida melhora da sobrevida em grupos selecionados [1]. A hospitalização e a passagem por procedimento cirúrgico trazem mudanças sensitivas ao ser humano, dentre elas a dor. De acordo com a Sociedade Internacional para o Estudo da Dor, esta é defi nida como uma experiência desagradável de Fisioterapia_v8n1.indb 14Fisioterapia_v8n1.indb 14 12/3/2007 10:18:4912/3/2007 10:18:49 15Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2007 caráter sensorial emocional associada a lesão tecidual real ou potencial. Assim, em pós-operatório de CRM, torna-se importante a avaliação da dor torácica em repouso, que pode ser mensurável através da escala numérica visual [2]. Outra análise importante na avaliação de pacientes hospitalizados e que farão CRM é a da função pulmonar, vista através de índices espirométricos, uma vez que no pós- operatório há redução dos volumes pulmonares, em razão da disfunção diafragmática, da ausência de respirações profundas, dor, alterações pulmonares e mecânicas [3]. Avaliar a percepção da dor torácica em repouso e a função pulmonar foi o objetivo geral da presente pesquisa. Os objetivos específi cos compreenderam: avaliar e comparar a percepção da dor torácica em repouso através da escala numérica visual, bem como mensurar e comparar a função pulmonar através de índices espirométricos de volume expi- ratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e capacidade vital forçada (CVF), além de verificar se há relação entre as mesmas no pré-operatório, no primeiro e no quarto dia pós-operatório em pacientes submetidos a cirurgia de revas- cularização miocárdica. Assim, o fi sioterapeuta, como integrante de uma equipe multidisciplinar, pode avaliar a dor torácica em repouso e a função pulmonar nesses pacientes, para identifi car altera- ções sensitivas e funcionais a fi m de proporcionar melhores condições para esses pacientes no período de internação hospitalar. Materiais e métodos A pesquisa caracterizou-se por um estudo quase expe- rimental analítico, através do qual se avaliou a dor torácica em repouso e a função pulmonar no pré-operatório, no primeiro e quarto dias de pós-operatório, em 25 pacientes submetidos à cirurgia eletiva de revascularização miocárdica com anastomose mamária e/ou ponte de safena, internados na CTI cardiológica ou em leitos hospitalares do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) na cidade de Passo Fundo – RS, no período de maio a julho de 2005. O projeto de pesquisa do presente estudo foi encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do HSVP. Após, foi encaminhado ao Comitê de Ética da Universidade de Passo Fundo, na cidade de Passo Fundo, RS, pelo qual obteve aprovação. Posteriormente, foi lido, entregue e assinado pelos pacientes, individualmente, um termo de consentimento livre e esclarecido elucidando de forma clara e objetiva os procedimentos, riscos e benefícios da pesquisa para sua autorização de participação na mesma. A amostra teve como critério de exclusão pacientes que se negaram a assinar o termo de consentimento livre e esclarecido ou que exerceram seu direito de desistir, a qualquer momento, de sua participação. Foram preenchidas fi chas de avaliação contendo dados de identifi cação pessoal, diagnóstico clínico dos pacientes e posteriormente os dados obtidos, primeiramente, através da avaliação da percepção da dor torácica em repouso, pela Escala numérica visual, que varia de 1 a 10 pontos, sendo 1 indicativo de dor mínima e 10, de dor máxima (o valor 0 indica ausência de dor) [2], e, seqüencialmente os dados da função pulmonar, através da espirometria simples, conforme o I Consenso Brasileiro de Espirometria [4]. Foi utilizada a Anova para medidas repetidas a fi m de comparar as variáveis nos três momentos distintos. O teste de comparações múltiplas Post Hoc Scheff é foi empregado na identifi cação das diferenças específi cas, quando os valores de F encontrado mostraram-se superiores ao critério de signifi cân- cia estatística estabelecido em p < 0,05 [5]. A fi m de analisar a relação entre a dor torácica em repouso e a função pulmonar, utilizou-se a correlação de análise multifatorial, dividindo-se as variáveis nas seguintes classes: CVF em cinco classes de 0,51 a 3,00 em um intervalo de 0,49; VEF1 em quatro classes de 0,31 a 2,70 num intervalo de 0,59 e a dor em quatro classes de 0 a 10 num intervalo de 2,5 [6]. Resultados e discussão Fizeram parte deste estudo 25 pacientes, sendo 17 homens (68%) e 8 mulheres (32%), apresentando uma média de idade de 60 ± 2,82 anos. Todos apresentaram diagnóstico clínico de cardiopatia isquêmica e realizaram fi sioterapia respiratória e motora, conforme rotina hospitalar. A média de percepção da dor no pré-operatório foi de 0,48 ± 0,87 e, no primeiro dia pós-operatório, foi de 4,12 ± 2,64, valores que se modifi caram no quarto dia pós-operatório para 2,48 ± 2,20 (Tabela I). A análise desses resultados pode mostrar diferença signifi cativa (p = 0,000000) entre todos os grupos (Tabela II). Tabela I - Valores médios e desvio-padrão referentes à DOR de pacientes submetidos a CRM. Variáveis N Média DP F p DORPRÉ 25 0,48 0,87 DOR1º 25 4,12 2,64 28,12 0,000000 DOR4º 25 2,48 2,20 Tabela II - Post Hoc Scheff é para DOR. 1 2 3 (0,48) (4,12) (2,48) DOR1PRÉ (1) ______ 0,000000 0,000712 DOR1º (2) ______ ______ 0,006066 DOR4º (3) ______ ______ ______ A verifi cação da administração analgésica foi realizada por meio de dados do prontuário diário dos pacientes e não interferiu na rotina das avaliações. Nenhum paciente estava sob efeito analgésico no período pré-operatório, ao passo que, no primeiro e quarto dia de pós-operatório, 22 (88%) e 13 (52%), respectivamente, haviam utilizado algum tipo de medicamento analgésico antes das avaliações (Fig. 1 e 2). Fisioterapia_v8n1.indb 15Fisioterapia_v8n1.indb 15 12/3/2007 10:18:5012/3/2007 10:18:50 Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200716 Figura 1- Controle analgésico no primeiro dia pós-operatório. Tabela IV - Post Hoc Scheff é para CVF. 1 2 3 (3,08) (1,26) (1,61) CVFPRÉ (1) ______ 0,000000 0,000000 CVF1º (2) ______ ______ 0,043459 CVF4º (3) ______ ______ ______ A Tabela V mostra que o valor médio de VEF1 obtido no pré-operatório foi de 2,16 + 0,81 l/min; no primeiro dia pós-operatório, a média foi de 0,88 + 0,35 l/min e, no quarto dia pós-operatório, de 1,16 + 0,45 l/min. Com esses dados, pode-se observar diferença signifi cativa (p = 0,00000) entre o pré e o primeiro dia pós-operatório e entre o pré e o quarto dia pós-operatório, porém entre o primeiro e o quarto dia pós- operatório não houve diferença signifi cativa (p = 0,075691), observada na Tabela VI. Tabela V - Valores médios e desvio-padrão referentes à VEF1 de pacientes submetidos a CRM. Variáveis n Média DP F p VEF1PRÉ 25 2,16 0,81 VEF11º 25 0,88 0,35 63,34 0,00000 VEF14º 25 1,16 0,45 Tabela VI - Post Hoc Scheff é para VEF1. 1 2 3 (2,16) (0,88) (1,16) VEF1PRÉ (1) ______ 0,000000 0,000000 VEF11º (2) ______ ______ 0,075691 VEF14º (3) ______ ______ ______ O principal achado que responde ao objetivo de avaliar a função pulmonar foi a redução dos índices espirométricos do pré-operatório para o pós-operatório. Essa redução dos volumes pulmonares pode ser explicada pelo fato de os pa- cientes estudados serem cardiopatas e apresentarem no pré- operatório uma diminuição do fl uxo sangüíneo para os tecidos e, conseqüentemente, uma redução da oferta de oxigênio para a musculatura respiratória, podendo acarretar prejuízo à função pulmonar, pois, afi nal, essa condição está presente nos pacientes desde o pré-operatório até após o procedimento cirúrgico [3]. Apesar de ocorrerem danos inevitáveis na função pulmonar no pós-operatório, muitas vezes esses não oferecem signifi cância clínica [9]. O sistema de correlações da análise multifatorial mostrou neste estudo que a dor não esteve relacionada tanto à função pulmonar quanto ao uso analgésico em nenhum dos mo- mentos analisados. Os valores de CVF e VEF1 diminuíram no primeiro dia pós-operatório, independentemente do tipo de analgésico utilizado [10]. Nos pacientes do presente es- tudo, percebeu-se que estar ou não sob efeito analgésico não infl uenciou os dados de volumes pulmonares e na percepção da dor torácica em repouso (Fig.3). σ Figura 2 - Controle analgésico no quarto dia pós-operatório. Em estudo semelhante, analisou-se a percepção de dor em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, observando que, mesmo sob o efeito de analgésicos, os pacientes indicavam altos escores nas escalas de dor no período pós-operatório [7]. Esse achado também foi comprovado no presente estudo, pois estar ou não sob efeito analgésico não infl uenciou na percepção da dor torácica em repouso. No quarto dia de pós-operatório pôde-se verifi car uma menor média da percepção da dor em relação ao primeiro dia de pós-operatório, o que pode ser relacionado ao fato de já ter ocorrido a retirada dos drenos. Há redução dos escores da percepção da dor nesses pacientes após a retirada dos drenos [8]. Na espirometria o valor médio da CVF foi de 3,08 + 0,80 l/min no período pré-operatório; no primeiro dia pós- operatório a média foi de 1,26 + 0,43 l/min e, no quarto dia pós-operatório, foi de 1,61 + 0,54 l/min. (Tabela III). Com a análise dos dados identifi cados (Tabela IV) observou-se diferença signifi cativa (p = 0,000000) entre o pré-operatório e o primeiro dia pós-operatório,entre o pré-operatório e o quarto dia pós-operatório e entre o primeiro e quarto dia pós-operatório. Tabela III - Valores médios e desvio-padrão referentes à CVF de pacientes submetidos a CRM. Variáveis N Média DP F p CVFPRÉ 25 3,08 0,80 CVF1º 25 1,26 0,43 101,68 0,000000 CVF4º 25 1,61 0,54 Fisioterapia_v8n1.indb 16Fisioterapia_v8n1.indb 16 12/3/2007 10:18:5012/3/2007 10:18:50 17Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2007 Figura 3 - Distribuição das variáveis de dor, volumes pulmonares e analgésicos. A pesquisa mostrou que 19 pacientes utilizaram a veia safena associada à artéria mamária interna (Fig. 5). A estabi- lidade do esterno é afetada tanto nos pacientes que utilizaram somente a veia safena como nos que a utilizaram e a artéria mamária interna, porém nestes últimos o aporte sanguíneo para os músculos intercostais pode estar reduzido. Esses fatores podem ter favorecido para a redução da mecânica pulmonar observada no presente estudo e, por conseqüência, a redução da função pulmonar quando comparados os valores dos vo- lumes pulmonares do pré-operatório aos valores obtidos no período pós-operatório [13,14]. Conclusão Com a presente pesquisa, verifi cou-se que a CRM provo- ca dor torácica em repouso e altera a função pulmonar. Os volumes pulmonares diminuíram do período pré-operatório para o primeiro dia de pós-operatório, com aumento dos índices de CVF e VEF1 no quarto dia de pós-operatório, sem retornar aos valores iniciais. Fatores como a presença de drenos e tipo de enxerto utilizado podem ter infl uenciado nos dados obtidos. O estudo verifi cou que as variáveis de dor torácica em repouso e volumes pulmonares não estiveram relacionadas, mesmo quando analisadas com o uso de analgésicos. Há carência na literatura consultada de estudos que tragam essa relação, pois, observou-se que as variáveis são estudadas de forma isolada ou relacionadas a procedimentos que envolvem a CRM. Assim, fazem-se necessários estudos que analisem essas relações, até mesmo correlacionando-as, por exemplo, a fatores de riscos e variáveis transoperatórias, bem como ao tipo de dreno e enxerto utilizados, já que estes são fundamentais para a realização desse procedimento cirúrgico. Dessa forma, torna-se de suma importância que o fi siote- rapeuta, bem como os demais profi ssionais da área da saúde, continue a buscar, através de estudos, melhores condições para pacientes tanto no período pré-operatório quanto durante o pós-operatório. 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Após a CRM, três pacientes (12%) utilizaram dreno pleural bilateral, seis pacientes (24%), dreno mediastinal e 16 pacientes (64%) fi zeram uso tanto de dreno pleural quanto mediastinal (Fig.4). Pequenas efusões na pleura infl uenciam na redução dos volumes pulmonares e o posicionamento dos drenos pode ter infl uenciado nos resultados referentes à função pulmonar e na percepção da dor [11]. O grupo dos pacientes que realizou a CRM somente com veia safena utilizou somente dreno mediastinal e obteve melhores índices de CVF e VEF1 em relação ao grupo que realizou o mesmo procedimento cirúrgico, porém com o enxerto da artéria mamária interna. A literatura mostra que a percepção de dor relatada pelos pacientes é menor naqueles que utilizam somente veia safena [12]. Figura 4 - Utilização de drenos. Figura 5 - Utilização da artéria mamária interna e/ou veia safena. Fisioterapia_v8n1.indb 17Fisioterapia_v8n1.indb 17 12/3/2007 10:18:5112/3/2007 10:18:51 Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200718 7. Boldt J et al. Pan management in cardiac surgery patients: compari- son between standard therapy and patient – controlled analgesia regimen. J Cardiothorac Vasc Anesth 1998;12(6):654-58. 8. Bonacchi M et al. Respiratory dysfunction after coronary artery bypass graffi ting employing bilateral internal mammary arteries: the infl uence of intact pleura. Eur J Cardiothorac Surg 2001;19(6): 827-33. 9. Leguisamo CP et al. A efetividade de uma proposta fi siote- rapêutica pré-operatória para cirurgia de revascularização do miocárdio. Rev Bras Cir Cardiovasc 2005;20 (2):134-41. 10. Boisseau N et al. Improvement of ‘dynamic analgesia’ does not decrease atelectasis after thoracotomy. Br J Anaesth 2001;87(4):564-69. 11. Bourn J, Jenkins S. Post-operative respiratory physiotherapy (indications for treatment). 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Fisioterapia_v8n1.indb 18Fisioterapia_v8n1.indb 18 12/3/2007 10:18:5212/3/2007 10:18:52 19Fisioterapia Brasil - Volume 8 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2007 Avaliação da progressão no desempenho e capacidade funcional em indivíduos em reabilitação devido à síndrome patelofemoral Improvement evaluation in functional performance and capacity in individual rehabilitation due to patellofemoral syndrome Claudius de Melo César, Fabiana Cunha Alves, Leonardo Tadeu Napoleão Gonsálves, Juliana Ocarino, M.Sc.*, Paula Lanna, M. Sc.* * Professoras do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) Resumo De acordo com a Classifi cação Internacional de Funcionalidade (CIF), o estado funcional de um paciente pode ser classifi cado em dois componentes distintos: capacidade e desempenho funcional. O objetivo deste estudo foi avaliar a progressão no desempenho, na capacidade funcional e no nível de dor de indivíduos em processo de reabilitação devido a Síndrome Patelo Femoral (SPF). Participaram do estudo, nove indivíduos de ambos os sexos, com diagnóstico clínico de SPF. Como instrumentos foram utilizados a Escala de Avaliação de Kujala (EAK), a Escala Análoga Visual (EAV) e o Teste de Oscilação e o Teste do Degrau. Os participantes foram avaliados na primeira semana de tratamento, 20 e 40 dias após a primeira avaliação. Para análise estatística foram utilizados o teste de Friedman, uma ANOVA com um nível de medida repetida e contrastes pré-planejados. Foi observado um aumento signifi cativo do escore da EAK (p = 0,0001) e do número de repetições realizadas no teste de oscilação (p = 0,0001) e no teste do degrau (p = 0,0001), quando comparadas as 3 avaliações. Em relação à intensidade da dor foi observada uma diminuição do nível de dor apenas quando comparadas as avaliações 1 e 2. Os resultados do presente estudo demonstraram que pacientes com SPF após o tratamento fi sioterá- pico, tiveram uma melhora signifi cativa nos 3 níveis de classifi cação do CIF, avaliados através da capacidade, do desempenho funcional e do nível de dor. Palavras-chave: função, síndrome patelofemoral, reabilitação. Artigo original Abstract
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