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Capítulo 14 Mais de um Componente Volátil – A Solução Diluída Ideal Profª Daniela Martins Fernandes de Oliveira Universidade estadual de Maringá Departamento de Química Características Gerais de uma Solução ideal Considerando uma solução composta de vários componentes voláteis, em um recipiente previamente evacuado, uma parte da solução evapora preenchendo o espaço acima do líquido com seu vapor. Quando a solução e seu vapor entram em equilíbrio à temperatura T, a pressão total do recipiente é dada pela soma das pressões parciais dos diversos componentes presentes na solução: ...........21 ipppp Estas pressões parciais são mensuráveis, assim como as frações molares no equilíbrio, x1,...xi,...., na fase líquida. Seja i, um dos componentes presentes em quantidade relativamente grande comparativamente aos outros. Então, encontramos experimentalmente que: ºiii pxp Lei de Raoult piº é a pressão de vapor do componente líquido i puro. A discussão no Cap.13 restringiu-se às soluções ideais, nas quais o solvente era o único componente volátil. Entretanto, o conceito de solução ideal estende-se à soluções que contenham vários constituintes voláteis. A eq. anterior é a Lei de Raoult experimentalmente obedecida por qualquer solução em que xi 1, independentemente da natureza do componente em excesso. Quando uma solução é diluída relativamente a todos os componentes, exceto ao solvente, esse solvente sempre obedece à lei de Raoult. Como todos os componentes são voláteis, qualquer um pode ser designado de solvente. Conseqüentemente, a solução ideal é definida pela condição de que a lei de Raoult seja obedecida para todos os componentes, em todo intervalo de composições. O significado dos símbolos é evidente: pi é a pressão parcial de i na fase vapor, piº é a pressão de vapor do líquido i puro e xi é a fração molar de i na mistura líquida. ºiii pxp Lei de Raoult Estas duas propriedades podem ser observadas como sendo o comportamento limite de todas as soluções reais. Quando se adicionam porções sucessivas de um solvente a uma solução diluída em todos os solutos, o calor de mistura se aproxima cada vez mais de zero, à medida que a solução torna-se mais diluída. Nas mesmas circunstâncias, a variação de volume na mistura de todas as soluções reais tende para zero. 0 mistH 0 mistV -O calor do processo de mistura dos componentes puros para formar a solução é zero. - A variação de volume no processo de mistura também é zero. Além da lei de Raoult, a solução ideal possui outras duas características: Potencial Químico em Soluções Ideais Considerando uma solução ideal em equilíbrio com o seu vapor, à temperatura fixa T, para cada componente a condição de equilíbrio é: vapor i soluç i Se o vapor for ideal, o potencial químico de i na solução é dado por: Onde: iº liq(T,P) é o potencial químico do líquido puro i na temperatura T e pressão p. O potencial químico de cada um dos componentes presentes na solução é dado pela equação acima. i liq i soluç i xRTpT ln),(º A Fig. 14.1 mostra a variação do potencial químico (i soluç- iº liq) como uma função de xi. eq. geral para uma mistura ideal em qualquer estado de agregação. Fig. 14.1. (isoluç - iº liq) contra xi. É possível observar na Fig. 14.1 que à medida que xi torna-se muito pequena, o valor de isoluç decresce muito rapidamente. Para todo e qualquer valor de xi, o valor de isoluç é inferior a iº liq. Essa equação é idêntica à eq. desenvolvida no cap.11 que dá o de um gás ideal numa mistura de gases. Pelo mesmo raciocínio podemos escrever: 0,0 ln ln mistmist i iimist mist P mist i iimist VH xxnRS S T G xxnRTG onde n é o nº de mols total na mistura. i liq i soluç i xRTpT ln),(º soluc liq À medida que xi diminui na mistura líquida, o isol diminui exponencialmente. As três propriedades da solução ideal estão intimamente ligadas: - Lei de Raoult: - Calor de mistura igual a zero: - Variação de volume na mistura igual a zero: iii xpp º 0 mistH 0 mistV Soluções Binárias Examinaremos as conseqüências da lei de Raoult para soluções binárias em que ambos os componentes são voláteis. Em uma solução binária: º)1(º º 1 BABBB AAA BA pxpxp pxp xx Se a pressão total sobre a solução for p, teremos que: ABAB BBAAA BAAABA xpppp dorearranjanppxpxp pxpxppp )ºº(º :ººº º)1(º Essa expressão relaciona a pressão total sobre a mistura (p) com a fração molar do componente A no líquido (solução) e mostra p como uma função linear de xA (Fig. 14.2) Atenção: Podemos chamar também os componentes A e B de componentes 1 e 2. É só questão de escolha. Fig. 14.2. Variação da pressão total do vapor de uma solução binária ideal, com a fração molar do componente A no líquido. Podemos ver claramente que a adição de um soluto pode elevar ou abaixar a pressão de vapor total, dependendo de qual seja o mais volátil. Comportamento linear T = cte xbay xpppp A angularcoef BAB . )ºº(º Vemos que o líquido é a fase mais estável a altas pressões, acima da curva onde líquido e vapor coexistem em equilíbrio. Existe uma relação linear entre a pressão total da mistura e a fração molar dos componentes na solução. Fig. 14.2. Variação da pressão total do vapor de uma solução binária ideal, com a fração molar do componente A no líquido Interpretando.... T = cte 1) Qual é o componente mais volátil??? Aquele que tem maior pressão de vapor, ou seja, o componente A. 2) Vemos que a pressão total do vapor aumenta com o aumento da fração molar de A. 3) A pressão total vai aumentando à medida que xA aumenta na solução. 4) A pressão total vai diminuindo à medida que aumentamos a fração molar do componente menos volátil (B) na solução. Podemos também expressar a pressão total (p) em função da fração molar do componente A (ou 1) na fase vapor (y1). Da definição de pressão parcial: p py 11 Introduzindo nessa igualdade os valores de p1 e p, dados pelas equações anteriores (1), obtemos: 1212 11 1 )ºº(º º xppp pxy Resolvendo a equação para x1, temos: 1121 21 1 2121111 21211111 121112111 )ºº(º º º)]ºº(º[ º)ºº(º )ºº(ºº yppp pyx pyppypx pyppyxpx xpypypypx (2) (1)1212 111 )ºº(º º xpppp pxp 1121 21 )ºº(º ºº yppp ppp Forma mais conveniente de expressar a pressão total e a composição do vapor Função não linear!!!! 1121 21 1 )ºº(º º yppp pyx (2) 1212 )ºº(º xpppp (1) Substituindo (2) em (1)..... 1121 2121122112 1121 21 212 )ºº(º )º)(ºº()ºº(ººº )ºº(º º)ºº(º yppp pypppppyppp yppp pypppp Resolvendo..... ºº 1 2 2 1 1 p y p y p Essa eq. expressa p em função da fração molar do componente 1 no vapor (y1) Essa função está representada na Fig. 14.3. Podemos ver que os estados gasosos são estáveis a baixas pressões, abaixo da curva. Fig. 14.3. Variação da pressão total do vapor de uma solução binária ideal, como uma função da composição do componente 1 na fase vapor. Neste gráfico podemos ver a região onde temos somente vapor, isto é, onde a fase vapor é a mais estável, à baixas pressões e os estados onde líquido e vapor coexistem em equilíbrio (pontos sobre a curva). No caso de um sistema de dois componentes, de acordo com a regra das fases, como C = 2, sendo F = C-P+2, nesse caso, F = 4-P. Sendo P =1 ou mais, necessitamos de no máximo de três variáveis para descrevermos o sistema. No caso das Figs. 14.2 e 14.3, correspondem a uma determinada temperatura cte, portanto, faltam apenas duas variáveis para a descrição completa do estado do sistema. Estas duas variáveis podem ser (p, x1) ou (p, y1). Consequentemente, os pontos das Figs. 14.2 e 14.3 representam estados do sistema. Surge uma dificuldade!!!!! A variável x1, uma fração molar relativa ao líquido, não é suficiente para descrever os estados do sistema que são completamente gasosos. Analogamente,com y1 não podemos descrever os estados do sistema completamente líquidos. Os estados descritos pela Fig. 14.2 são aqueles em que o sistema permanece no estado líquido ou coexistem a fase líquida e vapor em equilíbrio. Do mesmo modo, somente os estados gasosos e os estados sobre a curva, nos quais líquido e vapor coexistem em equilíbrio, são representados na Fig. 14.3. Os estados completamente líquidos são observados a pressões altas, acima da linha da Fig. 14.2. Os estados completamente gasosos são estáveis a baixas pressões, abaixo da curva da Fig. 14.3. Fig. 14.2 Fig. 14.3 Como resolver este problema????????????? x1 Representar todos os estados em um único diagrama. Quando temos somente líquido presente, x1 descreve a composição do líquido e evidentemente a do sistema todo. Quando temos apenas vapor, y1 descreve a composição do vapor e ao mesmo tempo, a composição do sistema todo. Na Fig. 14.4 temos um diagrama da pressão (p) em função de X1 (maiúsculo), a fração molar do componente 1 total no sistema. Vemos que nesta figura, as duas curvas das Fig. 14.2 e 14.3 estão juntas. (X1 = x1 + y1) X1 Fig. 14.4. Diagrama p versus X1. A curva superior é chamada de curva do líquido e a inferior de curva do vapor. O sistema pode ser claramente representado em um único diagrama: o líquido sendo estável acima da curva de líquido e o vapor sendo estável abaixo da curva de vapor. Os pontos entre as duas curvas representam estados do sistema nos quais líquido e vapor coexistem em equilíbrio. A região entre as duas curvas é a região líquido-vapor. Equilíbrio Líq – Vapor (2 Componentes) Interpretação dos diagramas pressão-XA Fig. 14.5. Dependência entre a pressão de vapor total de uma solução ideal e a fração molar total de A no sistema (XA). Se estivermos tratando de uma destilação, teremos interesse pela composição do líquido e do vapor. É portanto apropriado representar o sistema num único diagrama, como mostrado na Fig.14.5. O ponto a fornece a pressão de vapor de uma solução de composição xA, e o ponto b fornece a composição do vapor em equilíbrio com líquido nessa pressão yA. Quando 2 fases estão em equilíbrio, P=2, de modo que F=2, uma vez que a temperatura já foi utilizada, dizemos que F’=1. Isto é, se a composição for definida, a pressão em que as duas fases estão em equilíbrio estará perfeitamente determinada. Se recorrermos à pressão para caracterizarmos um sistema de duas fases, obteremos diretamente os valores de xA e yA pela interseção da linha horizontal com as curvas líquido e vapor. L+V Regra da Alavanca Numa região de duas fases como a designada por L+V na Fig. 14.6, a composição do sistema todo pode variar entre os limites de x1 e y1, dependendo da quantidade relativa de líquido e vapor presentes. Se o ponto de estado a estiver muito próximo à linha de líquido, o sistema será constituído por uma grande quantidade de líquido e relativamente pouco vapor. Se a se encontrar próximo à linha de vapor, haverá menor quantidade de líquido com relação a vapor. Fig. 14.6. Interpretação de pontos no diagrama de p versus fração molar de A total no sistema (XA). As quantidades relativas de líquido e vapor podem ser calculadas pela Regra da Alavanca. L+V Regra da Alavanca Fig. 14.6. Interpretação de pontos no diagrama de p versus fração molar de A total no sistema (XA). Seja, n1(liq) e n1(vap) os nº de mols do componente 1 no líquido e no vapor respectivamente. Seja ainda, n1 = n1(liq) + n1(vap) Onde n é o nº mols total presente no sistema) L+V Regra da Alavanca Fig. 14.6. Interpretação de pontos no diagrama de p versus fração molar de A total no sistema (XA). L+V n n n n Xyav n n n nxXal vap vap liq liq 11 11 11 11 (1) (2) Rearranjando as equações: n nn nnav nn nnnn av n n nn nal nn nnnn al vap vapvap vap vapvap liq liq liq liq liqliq )( . . )()( )( . . )()( 1 1 11 1 111 Subtraindo (1) de (2)....................... Regra da Alavanca Fig. 14.6. Interpretação de pontos no diagrama de p versus fração molar de A total no sistema (XA). L+V vapliq vapliq vapliq n vapliqvapliqvapliq navnal navnal nnnavnal nnnn n nnavnal .. 0.. .. )()(.. 11 1 11 1 Subtraindo (1) de (2)....................... liq vap n n av al Regra da alavanca Se al for o dobro de av, o nvap será o dobro de nliq. Regra da Alavanca Fig. 14.6. Interpretação de pontos no diagrama de p versus fração molar de A no sistema (XA). Esta regra é a chamada Regra da Alavanca, sendo a, o “ponto de apoio” da alavanca. O nº de mols do líq multiplicado pelo comprimento (al) a partir de a até a linha de líquido é igual ao nº de mols de vapor que se encontra presente vezes o comprimento (av),a partir de a até a linha de vapor. A razão entre o nº de mols do líquido e o nº mols do vapor é dada pela razão do comprimento dos segmentos da linda conectando o ponto a com v e com l. Assim, a muito próximo de v leva a um segmento (av) muito pequeno e nliq nvap; o sistema consiste principalmente em vapor. Quando a situa-se muito próximo de l, nvap nliq, o sistema é rico em líquido. Regra da Alavanca Equilíbrio Líquido-Vapor à Temperatura Constante Composição das Fases O comportamento do sistema será examinado agora durante a redução da pressão de uma valor alto para um valor baixo, mantendo-se a composição total constante (isopleta). Fig. 14.7. Variação isotérmica na pressão. Em a, o sistema é inteiramente líquido e assim permanece durante a redução da pressão até o ponto a1 onde aparece o 1º traço de vapor de composição a’1. Continuando a reduzir a pressão chegamos no ponto a’’2 que nos leva a uma variação na composição do líquido ao longo de a2 e uma variação na composição do vapor ao longo de a’2. A razão entre a composição do liquido e do vapor nesse ponto é, segundo a regra da alavanca, (a’’2a’2/ a’’2a2). Reduzindo ainda mais a pressão, chegamos ao ponto a’3; neste ponto restam apenas traços de líquido de composição a3, (o líquido remanescente é mais rico no componente menos volátil (B)). Com a redução posterior da pressão, o ponto de estado desloca-se para dentro da região de vapor em a4. O vapor final possui a mesma composição que o líquido original. Fig. 14.7. Variação isotérmica na pressão. Em a1 o líquido pode existir em equilíbrio com seu vapor e a composição da fase vapor é dada pelo ponto a’1. A composição do líquido continua sendo a original, pois está sobre a linha pontilhada que passa por a (isopleta). Nessa composição quase não há vapor presente e a composição do vapor é dada por a’1. Quando a pressão é reduzida a p2 leva o sistema a uma composição global representada por a”2. Vemos que essa pressão é menor que a pressão de vapor do líquido original. Agora a composição do líquido remanescente deve ser a2. Além disso, a composição do vapor em equilíbrio com o líquido deve ser a do ponto a’2. Equilíbrio Líquido-Vapor à Temperatura Constante Composição das Fases Fig. 14.7. Variação isotérmica na pressão. Se a pressão for reduzida à p3, há novo reajuste da composição e o líquido e vapor são representados pelos pontos a3 e a’3, respectivamente. Este último ponto corresponde a um sistema em que a composição do vapor é igual à composição original. Portanto concluímos que praticamente não há mais líquido presente. A pequenina gota de líquido presente tem a composição dada por a3. Se a pressão for diminuída até a4, somente o vapor estará presente no sistema e sua composição coincide com a composição global inicial do sistema (composição da solução líquida original) Equilíbrio Líquido-Vapor à Temperatura Constante Composição das Fases Fração Mássica B Fração Mássica B líquida Fazer para o ponto 2 !!!!!Fração Mássica B Equilíbrio Líquido-Vapor à Pressão Constante Diagramas Temperatura-Composição Nos diagramas estudados anteriormente a temperatura era constante. A pressão de equilíbrio era função da fração molar do componente 1 no líquido (x1) e da fraçãomolar do componente 1 no vapor (y1). Podemos construir diagramas que relacionam as temperaturas de equilíbrio com a composição. Estas curvas podem ser determinadas através da equação de Clapeyron, ou experimentalmente, como acontece em geral, através da determinação dos pontos de ebulição e das composições dos vapores correspondentes às misturas líquidas de várias composições. Ex: Em uma destilação à P=cte, medimos as temperaturas de ebulição das misturas líquidas e determinamos a composição dos vapores em relação às misturas líquidas de várias composições. Para discutirmos, por exemplo, uma destilação, necessitamos de um diagrama de temperatura-composição, isto é, um diagrama de fases em que as curvas mostram as composições das duas fases em equilíbrio em função da temperatura (à uma pressão fixa, geralmente, 1 atm). Um exemplo é mostrado na Fig. 14.8. A Destilação de Soluções Fig. 14.8. Diagrama temperatura- composição de uma solução ideal com o componente A mais volátil que B. As regiões fora da região bifásica correspondem a uma única fase, de modo que F’=2 e a temperatura e a composição são variáveis independentes. Quando um líquido de composição a1 é aquecido, a ebulição inicia quando a temperatura atinge T2.O líquido neste ponto tem composição a2 (igual a a1) e o vapor (que está presente em quantidade muito pequena) tem composição a’2. Pela localização de a2, podemos saber a composição do vapor no ponto de ebulição e pela localização da linha de amarração que une a’2 a a2 podemos saber a temperatura de ebulição (T2) da solução líquida original. Na destilação simples, o vapor é recolhido e condensado. Esta técnica é a base da separação um líquido volátil de um soluto não volátil. Observemos que a fase líquida se localiza na parte inferior do diagrama. A região entre as curvas é uma região de duas fases (F’ =1). Como já vimos, F’ indica que 1 grau de liberdade já foi utilizado, neste caso a P=cte e numa dada T, as composições das fases em equilíbrio estão determinadas. Fig. 14.8. Diagrama temperatura- composição de uma solução ideal com o componente A mais volátil que B. Na destilação fracionada, o ciclo de ebulição e condensação é repetido sucessivamente. Essa técnica é utilizada para separar líquidos voláteis. Podemos acompanhar a seqüência de eventos que ocorre quando o primeiro condensado de composição a3 for reaquecido. O diagrama de fases mostra que a ebulição dessa solução ocorre em T3 e que o vapor formado tem composição a’3, que é muito mais rico no componente mais volátil. Se esse vapor for recolhido e condensado, a primeira gota de líquido terá composição a4. O ciclo pode então ser repetido até que se obtenha o componente A quase puro. Para este tipo de destilação usa-se uma coluna de fracionamento. A eficiência desta coluna se exprime pelo nº de pratos teóricos, isto é, o nº de etapas efetivas de vaporização e condensação necessários para se chegar a um condensado com certa composição a partir de um dado destilado. A Destilação de Soluções Fig. 14.9. Número de pratos teóricos é o nº de estágios necessários para atingir certo grau de separação dos componentes em uma solução original. O sistema (a) tem três pratos teóricos e (b) tem cinco.. A Fig. 14.9 (a) mostra que para alcançar certo grau de separação a coluna de fracionamento terá que ter três pratos teóricos. Para obter o mesmo grau de separação no sistema mostrado em (b), em que os componentes tem pontos de ebulição muito próximos, a coluna de fracionamento terá que ter cinco pratos teóricos. A Destilação de Soluções O vapor recolhido no topo da coluna (em menor temperatura) tem composição mais rica do componente mais volátil (B) e o resíduo líquido é mais rico do componente menos volátil (A). Fig. 14.9. Número de pratos teóricos é o nº de estágios necessários para atingir certo grau de separação dos componentes em uma solução original. O sistema (a) tem três pratos teóricos e (b) tem cinco.. O líquido recolhido em 3 (nos sistema representado em (a) ou em 5 (no sistema representado em (b)), em temperaturas menores, corresponde ao vapor condensado e recolhido no topo de uma coluna de fracionamento. Esse condensado é mais rico no componente mais volátil, ou seja, consiste no componente B quase puro. A Destilação de Soluções A Destilação Fracionada de Soluções À medida que o vapor sobe pela coluna de fracionamento, ele vai se resfriando e o componente menos volátil vai se condensando preferencialmente, e portanto, o vapor se torna cada vez mais rico no componente mais volátil em sua ascensão pela coluna. A Destilação Fracionada do Petróleo Fração Mássica de B T mliq = mB, liq mA, liq Faça o mesmo para o ponto 2!!! T Fração Mássica B Fração mássica Fração mássica Azeótropos As misturas ideais ou ligeiramente afastadas da idealidade podem ser fracionadas em seus constituintes mediante uma destilação. Por outro lado, se os desvios da Lei de Raoult são suficientemente grandes para produzir um máximo ou um mínimo na curva da pressão de vapor, um mínimo ou um máximo aparecerá nas curvas dos pontos de ebulição. Estas misturas não podem ser completamente separadas em seus constituintes por destilação fracionada. A mistura correspondente à pressão de vapor máxima ou mínima é denominada azeótropo ( do grego, ferve sem variação). A Fig. 14.10 mostra um sistema que exibe um ponto de ebulição máximo. Isto acontece quando interações favoráveis entre as moléculas de A e de B reduzem a pressão de vapor da solução a um valor inferior ao valor ideal → desvios negativos da Lei de Raoult. Azeótropos Fig. 14.10. Azeótropo de Máximo. Neste caso, as interações entre A e B estabilizam o líquido. A energia de Gibbs da mistura é mais negativa, ou seja, mais favorável à mistura do que no caso ideal. Ex: Clorofórmio + Acetona Ácido Nítrico + Água Imaginemos uma solução de composição a, à direita do máximo como mostrado na Fig. 14.10. O vapor em a’2 formado na solução em ebulição em a2 é mais rico no componente A do que a solução original. Se esse vapor for recolhido e condensado, a composição do líquido restante se deslocará para um ponto de composição mais rica em B, como em a3, e, o vapor em equilíbrio com essa solução terá composição a’3. À medida que o vapor vai sendo removido, a composição do líquido em ebulição se desloca para pontos como a4 e a composição do vapor se desloca para pontos como a’4. Assim, à medida que a evaporação avança, a composição do líquido remanescente desloca no sentido de B quando A é retirado do sistema. O ponto de ebulição se eleva e o vapor fica mais rico em B. Azeótropos Fig. 14.10. Azeótropo de Máximo. Quando a evaporação de A for suficiente para a composição da solução líquida alcançar a composição b, o vapor formado na ebulição terá a mesma composição que o líquido. A evaporação ocorre então, sem a mudança da composição. Dizemos que a solução forma um azeótropo. Quando a composição azeotrópica é atingida, a destilação não pode separar os dois líquidos, pois o condensado tem a mesma composição que a solução azeotrópica. c c’c” Lado direito: Conseguiria obter A quase puro no destilado, deixando o azeótropo na solução. Lado esquerdo: Obteria B quase puro no destilado e deixaria o azeótropo na solução. Azeótropos Fig. 14.11. Azeótropo de Mínimo. O comportamento dos azeótropos que possuem um ponto de ebulição mínimo é mostrado na Fig.14.11. Nesse caso, a solução é desestabilizada por interações desfavoráveis entre A e B. Exemplos desse comportamento são as soluções de água + etanol. Consideremos uma solução inicial de composição a1. A mistura entra em ebulição no ponto a2 e a composição do vapor formado é a’2. Esse vapor se condensa em um líquido de mesma composição a3. Esse líquido fica em equilíbrio com o vapor em a’3, que se condensa num liquido de mesma composição a4. O fracionamento desloca o vapor para a composição azeotrópica em b. Neste ponto, o azeótropo destila sem alterar sua composição. Ex: Sistema Água + Etanol tem azeótropo com 4%em água e Teb em 78ºC. Azeótropos Fig. 14.11. Azeótropo de Mínimo. c c’ c” Lado direito: No destilado recolheríamos o azeótropo, deixando um líquido residual de A quase puro. Lado esquerdo: Semelhantemente ao lado direito, recolheria o azeótropo no destilado e deixaríamos um líquido residual de B quase puro. Azeótropos A Tabela abaixo mostra as propriedades de algumas misturas azeotrópicas. CHCl3 (61,2ºC) Azeótropos Como se faz para separar um azeótropo? - Trabalha-se com a pressão pois o ponto azeotrópico é função da Pressão. - Destilação azeotrópica onde se usa solventes líq. que vão formar um outro azeótropo, permitindo a separação dos componentes. Ex: Pentano, benzeno e éter dietílico são usados para separar a mistura Água+Etanol Neste caso, forma-se um azeótropo ternário de Água (7,5%) + Etanol (18,5%) + Benzeno (74%). Se partirmos de uma mistura com 142,5 g em etanol, 7,5 g em água e 74g de benzeno e destilarmos, o 1º destilado será o azeótropo e em 100g de destilado sairá toda água (7,5 g), todo benzeno (74 g) e 18,5 g do etanol, restando 124 g de álcool anidro puro. (mmHg) Plotando os dados fornecidos.... (mmHg) (mmHg) Vemos que o sistema em dada composição tem uma maior pressão de vapor que a dos componentes puros. Este sistema forma, então, um azeótropo de ponto de ebulição mínimo. Por destilação isotérmica, reduzindo a pressão recolheríamos acetonitrila pura. (mmHg) Nesse ponto, temos a composição azeotrópica. Aumentando a pressão, o vapor se condensa formando um líquido com a mesma composição do vapor original, não sendo possível separar os componentes da mistura. A Solução Diluída Ideal A exigência de que todo componente de uma solução ideal deva obedecer à Lei de Raoult, dentro de todo intervalo de concentrações, é atenuada na definição de solução diluída ideal. Para definirmos as leis que regem as soluções diluídas, devemos examinar o comportamento experimental destas soluções. Fig. 14.12. Comportamento de uma solução diluída ideal. Uma solução diluída que se comporta idealmente dentro de todo intervalo de concentrações tem as pressões parciais dos componentes A e B como funções lineares de suas frações molares. A Solução Diluída Ideal 1. Sistema Benzeno-Tolueno (Metilbenzeno) Fig. 14.13. Pressões de vapor do Sistema benzeno-toluno. A Fig.14.13 mostra a variação da pressão de vapor total do sistema em função da fração molar do tolueno para o sistema benzeno- tolueno, que se comporta praticamente como uma solução ideal, em todo intervalo de composições. O comportamento destes dois líquidos estruturalmente semelhantes se assemelha ao de uma solução binária ideal. As pressões parciais do benzeno e do tolueno, as quais aparecem no diagrama são funções lineares de suas frações molares, visto que é obedecida a lei de Raoult. Teb=110,6ºC Teb=80,1ºC a) b) Essa é a composição da mistura que entra em ebulição à 140ºC e 1 atm. PT = PA + PB yA = 1- yB = Temos essa equação no início do Cap. 14 Composição do vapor em equilíbrio com liq 939,4 Desvios da Idealidade Fig. 14.14. Pressões de vapor do Sistema acetona-dissulfeto de carbono. Algumas soluções têm comportamento significativamente diferente do previsto pela Lei de Raoult, como mostra a Fig.14.14. Porém, mesmo em casos extremos, essa lei é obedecida à medida que o componente em excesso (o solvente) se aproxima da respectiva pureza. A lei é uma boa aproximação para as propriedades do solvente quando a solução é diluída. Neste sistema as curvas das pressões parciais individuais ficam bem acima das previstas pela lei de Raoult, indicadas pelas linhas tracejadas. Este sistema exibe um desvio positivo da lei de Raoult. A pressão de vapor total exibe um máximo que se encontra acima da pressão de vapor de cada componente. No entanto, vemos que a curva da acetona tangencia a ideal quando x(acet)→1 e a curva do CS2 se aproxima da ideal quando x(CS2)→1, ou seja, quando cada componente está em excesso com relação ao outro, ele obedece a lei de Raoult.. Desvios da Idealidade Fig.14.15. Pressões de vapor de somente um componente do sistema acetona-dissulfeto de carbono. Nas soluções diluídas ideais, o soluto obedece à lei de Raoult tão bem quanto o solvente. No entanto, o químico inglês William Henry descobriu experimentalmente que, no caso de soluções reais em baixas concentrações, embora a pressão de vapor do soluto seja proporcional à fração molar de soluto, a constante de proporcionalidade não é a pressão de vapor da substância pura. (Fig.14.15). Neste sistema vemos apenas as pressões parciais de um dos componentes (B). Na região de xB=1, onde B é o solvente, a pressão parcial da curva é tangente à linha da lei de Raoult. No entanto, na região próxima a xB=0, onde B é o soluto presente a baixa concentração, a curva da pressão parcial é linear e obedece a lei de Henry: A constante de proporcionalidade aqui é KB, uma constante que recebe o nome de constante da lei de Henry. BBB XKp Desvios da Idealidade Fig.14.15. Pressões de vapor de somente um componente do sistema acetona-dissulfeto de carbono. Quando um componente é quase puro (solvente), a pressão de vapor é proporcional à sua fração molar com um coeficiente angular (constante de proporcionalidade) pBº que é sua pressão de vapor quando puro (Lei de Raoult). Quando um componente está presente em pequena quantidade (soluto), sua pressão de vapor continua proporcional à fração molar, mas a constante de proporcionalidade agora é KB (Lei de Henry). KB é uma constante empírica (que tem dimensão da pressão), determinada de forma que a curva da pressão de vapor de B contra sua fração molar seja tangente à curva experimental em xB=0. Solução diluída ideal Solvente (A): pA = xApAº Soluto (B): pB = xBKB (característica de cada soluto). O solvente obedece à lei de Raoult: Aplicações Práticas da Lei de Henry Em aplicações práticas, a lei de Henry é expressa em termos da molalidade do soluto: BBB mKp Molalidade de B A Tabela abaixo reproduz alguns dados da lei de Henry de acordo com essa convenção. Além de proporcionarem uma relação entre a fração molar do soluto e a respectiva pressão parcial, os dados da Tabela também permitem os cálculos das solubilidades dos gases. Um conhecimento das constantes da lei de Henry para gases no sangue e nas gorduras é importante para a discussão da respiração, especialmente quando a pressão parcial do oxigênio é anormal, como nos mergulhos e escaladas e também para a discussão da ação de anestésicos gasosos. Constantes da Lei de Henry para gases em água a 298K. C/ estes dados, conhecendo a pvap de cada gás nessa T, podemos calcular a solubilidade destes gases em água. Aplicações Práticas da Lei de Henry Exemplo: Para estimar a solubilidade molar do oxigênio em água, a 25ºC, e sob pressão parcial de 21 kPa, que é a pressão parcial do oxigênio na atmosfera ao nível do mar, escrevemos: 14 14 2 2 2 109,2109,7 21 kgmolx molkgkPax kPa K pm O O O A molalidade da solução saturada é portanto 0,29 mmol kg-1. Para converter essa concentração em uma concentração molar, admitimos que a massa específica dessa solução diluída seja aproximadamente igual à da água pura, a 25ºC, ou seja, H2O=0,99709 kg dm-3. Assim, a concentração molar do oxigênio é: [O2] = mO2 x O2 = 0,29 mmol kg-1 x 0,99907 kg dm-3 = 0,29 mmol dm-3 A lei de Henry geralmente é obedecida em: -Sistemas gás-líquido; - Algumas soluções bem diluídas - Soluções no limite de diluição extrema. BBB xKp Lei de Henry As soluções nas quais o soluto obedece à lei de Henry e o solvente à lei de Raoult são chamadas de soluções diluídas ideais. A diferença entre o comportamento do soluto e do solvente em concentrações baixas (expressos pela lei de Henry e Roult, respectivamente) provém do fato de que em soluções diluídas as moléculas de solvente estão em ambiente muito semelhante ao que elas têm no líquido puro, como pode ser visto na Fig. ao lado. Ao contrário, as moléculas de soluto estão num ambientecompletamente diferente do ambiente do soluto puro. Assim, o solvente se comporta como um líquido quase puro e o soluto se comporta de maneira muito diferente de seu estado puro, a menos que as moléculas de solvente e soluto sejam muito semelhantes. Neste caso, o soluto também obedece à lei de Raoult. Os Potenciais Químicos na Solução Diluída Ideal Como os solventes obedecem à Lei de Raoult, o potencial químico do solvente é dado pela equação: AAA xRTPT ln),(º Para os solutos é requerida a igualdade dos potenciais químicos, no líquido j(l), e na fase gasosa, j(g): jjjj pRTggl ln)(º)()( Substituindo pj por seu valor obtido pela lei de Henry: BBB xKp jjjj xRTKRTgl lnln)(º)( Definimos uma energia livre padrão, j*(l), por: jjj KRTgl ln)(º)(* onde j* é uma função da temperatura e da pressão, mas não da composição. jjj xRT ln* A expressão final de j(l) fica na forma: BBB xKp B B B K px A solubilidade de um constituinte volátil é proporcional à pressão parcial deste constituinte em equilíbrio com o líquido.
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