Buscar

O PENSAMENTO DE KANT.2

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

O PENSAMENTO DE KANT
AULA DE FILOSOFIA E PENSAMENTO POLÍTICO
I – INTRODUÇÃO
O HOMEM COMUM CONSEGUE ÊXITO SEMELHANTE AO DO FILÓSOFO (DESDE QUE EXCLUA DAS LEIS PRÁTICAS, OS DADOS SENSÍVEIS DE SEU INTERESSE), E ATÉ MESMO OBTÉM MAIS SEGURANÇA QUE O FILÓSOFO, JÁ QUE ESTE NÃO PODE TER OUTRO PRINCÍPIO QUE O HOMEM COMUM. MAS PARA ISSO, É PRECISO ENTENDER A DISTINÇÃO ENTRE DOIS TIPOS DE JUÍZOS. OS JUÍZOS ANALÍTICOS INDEPENDEM DA EXPERIÊNCIA, ENQUANTO QUE JUÍZOS SINTÉTICOS REFEREM-SE A ELA.
O HOMEM SENTE EM SI UM FORTE CONTRAPESO CONTRA TODOS OS ‘MANDAMENTOS DO DEVER’ QUE A RAZÃO LHE REPRESENTA QUANDO SE VÊ DIANTE DAS ‘NECESSIDADES E INCLINAÇÕES’, QUE SÃO TÃO DIGNAS DE RESPEITO QUANTO A RAZÃO. 
DESSA TENSÃO ENTRE OS ‘MANDAMENTOS DA RAZÃO’ E AS ‘NECESSIDADES HUMANAS’ (PAIXÕES, DESEJOS, ETC.) NASCE UMA “DIALÉTICA NATURAL”, QUE POR FIM DEMONSTRA OS ARRAZOADOS E SUTILEZAS QUE AS LEIS SEVERAS DO DEVER DEVEM ENFRENTAR. 
CHEGA-SE ATÉ MESMO A TENTAR CORROMPER A LEI E DESPOJÁ-LA DE SUA DIGNIDADE POR CAUSA DESSAS PAIXÕES MUNDANAS, O QUE, PARA KANT, ATÉ A RAZÃO VULGAR CONDENA. ASSIM, A “RAZÃO HUMANA VULGAR” (POR MOTIVOS PRÁTICOS E NÃO ESPECULATIVOS), SE VÊ LEVADA A SAIR DO SEU CÍRCULO VICIOSO EM DIREÇÃO À FILOSOFIA PRÁTICA. 
AÍ, SEGUNDO KANT, SE ENCONTRARÁ A FONTE DE SEU PRINCÍPIO, A SUA VERDADEIRA DETERMINAÇÃO EM OPOSIÇÃO ÀS MÁXIMAS DA INCLINAÇÃO E NECESSIDADE CONTINGENTES – INTERESSES EXCLUSIVAMENTE PARTICULARES E EGOÍSTAS. FAZENDO ISSO, A “RAZÃO HUMANA VULGAR” PODE FUGIR AO PERIGO DA PERDA DOS PRINCÍPIOS MORAIS PUROS.
A CONCLUSÃO KANTIANA É QUE, QUANDO A “RAZÃO PRÁTICA VULGAR” CULTIVA ESSA “DIALÉTICA NATURAL” SE FAZ MISTER BUSCAR AJUDA NA FILOSOFIA, QUE ACABA POR TER COMO SOLUÇÃO PARA OS SEUS PROBLEMAS UMA “CRÍTICA COMPLETA DA RAZÃO”. 
QUANDO A AÇÃO É BOA COMO MEIO PARA QUALQUER OUTRA COISA – É IMPERATIVO HIPOTÉTICO; QUANDO É REPRESENTADA COMO BOA EM SI, OU SEJA, NUMA VONTADE POR MEIO DE REPRESENTAÇÕES DA RAZÃO (NÃO POR CAUSAS SUBJETIVAS), É IMPERATIVO CATEGÓRICO.
NO IMPERATIVO HIPOTÉTICO, A AÇÃO É BOA EM VISTA DE QUALQUER INTENÇÃO POSSÍVEL OU REAL; NO IMPERATIVO CATEGÓRICO, A AÇÃO É DECLARADA COMO OBJETIVAMENTE NECESSÁRIA INDEPENDENTEMENTE DE QUALQUER INTENÇÃO, VALE COMO PRINCÍPIO APODÍTICO (PRÁTICO). AS CIÊNCIAS POSSUEM OS CHAMADOS IMPERATIVOS DE DESTREZA. SE A FINALIDADE É RAZOÁVEL E BOA, NÃO IMPORTA – MAS O QUE SE TEM DE FAZER PARA ALCANÇÁ-LA. 
AS REGRAS QUE O MÉDICO USA PARA CURAR O SEU DOENTE, POR EXEMPLO, PODEM SERVIR DO MESMO MODO PARA ENVENENAR OU MATAR ALGUÉM – SÃO REGRAS DE IGUAL VALOR NO QUE DIZ RESPEITO AO FIM DESEJADO. (KANT, P.219). O IMPERATIVO CATEGÓRICO NÃO SE RELACIONA COM A MATÉRIA DA AÇÃO E COM O QUE DELA DEVE RESULTAR, MAS COM A FORMA E O PRINCÍPIO DE QUE ELA MESMA DERIVA; E O ESSENCIALMENTE BOM NA AÇÃO RESIDE NA DISPOSIÇÃO – SEJA QUAL FOR O RESULTADO – IMPERATIVO DE MORALIDADE. (CF. KANT, P.220). 
O QUERER SE DISTINGUE SEGUNDO ESSES TRÊS PRINCÍPIOS DIFERENTES QUE VIMOS:
 REGRAS DE DESTREZA: SÃO TÉCNICOS E PERTENCEM À ARTE. 
2) CONSELHOS DE PRUDÊNCIA: SÃO PRAGMÁTICOS E PERTENCEM AO BEM-ESTAR. CONTÉM UMA NECESSIDADE, MAS SÓ VALE SOB A CONDIÇÃO SUBJETIVA E CONTINGENTE, DEPENDENDO DA CONSIDERAÇÃO DA PESSOA. 
A PALAVRA PRUDÊNCIA É TOMADA EM SENTIDO DUPLO, COMO DESTREZA E SAGACIDADE. A DESTREZA DE UMA PESSOA NO EXERCÍCIO DE INFLUÊNCIA SOBRE OUTRAS PARA AS UTILIZAR PARA AS SUAS INTENÇÕES. A SAGACIDADE EM REUNIR TODAS ESTAS INTENÇÕES PARA ALCANÇAR UMA VANTAGEM PESSOAL DURÁVEL. QUEM É PRUDENTE NO PRIMEIRO SENTIDO MAS NÃO NO SEGUNDO, É ESPERTO E MANHOSO, MAS EM SUMA É IMPRUDENTE. (CF. KANT, P.220);
3) MANDAMENTOS (LEIS) DA MORALIDADE: SÃO MORAIS E PERTENCEM À LIVRE CONDUTA EM GERAL – AOS COSTUMES. SÓ A LEI TRAZ CONSIGO O CONCEITO DE UMA NECESSIDADE INCONDICIONADA, OBJETIVA E CONSEQÜENTEMENTE UNIVERSAL – SÃO LEIS QUE SE TEM DE SEGUIR MESMO CONTRA A INCLINAÇÃO, CONSIDERAÇÃO E/OU CONSELHO. 
	SEGUNDO KANT COMO SÃO POSSÍVEIS TODOS ESSES IMPERATIVOS (?) – AFIRMA QUE: “ESTA PERGUNTA NÃO EXIGE QUE SE SAIBA COMO É QUE PODE SER PENSADA A EXECUÇÃO DA AÇÃO ORDENADA PELO IMPERATIVO, MAS SOMENTE COMO É QUE PODE SER PENSADA A OBRIGAÇÃO DA VONTADE QUE O IMPERATIVO EXPRIME NA TAREFA A CUMPRIR”. (P. 221). 
OS IMPERATIVOS DE DESTREZA SÃO POSSÍVEIS PORQUE: QUEM QUER O FIM (SE A RAZÃO TEM INFLUÊNCIA SOBRE AS SUAS AÇÕES), QUER TAMBÉM O MEIO INDISPENSÁVEL PARA ALCANÇÁ-LO. NESTA PROPOSIÇÃO ANALÍTICA, O IMPERATIVO EXTRAI O CONCEITO DAS AÇÕES NECESSÁRIAS PARA ESTE FIM DO CONCEITO DO QUERER DESTE MESMO FIM, DAÍ PARTINDO PARA PROPOSIÇÕES SINTÉTICAS QUE NÃO DIZEM RESPEITO AO PRINCÍPIO, MAS AO OBJETO A SER ALCANÇADO.
EM CONTRAPOSIÇÃO AO VISTO ACIMA, TEMOS A POSSIBILIDADE DO IMPERATIVO DA MORALIDADE QUE NÃO É NADA HIPOTÉTICO, JÁ QUE SE FUNDA NA NECESSIDADE OBJETIVA SEM PRESSUPOSTOS, COMO NOS IMPERATIVOS HIPOTÉTICOS. TAL IMPERATIVO NÃO PODE SER DEMONSTRADO POR MEIO DE EXEMPLOS EMPÍRICOS (EM MAIOR PARTE, CONTINGENTE).
NOS IMPERATIVOS DA MORALIDADE, HÁ MANDAMENTOS QUE PARECEM SER CATEGÓRICOS, MAS NÃO O SÃO, COMO: “NÃO DEVES FAZER PROMESSAS MENTIROSAS PARA NÃO PERDERES O CRÉDITO QUANDO SE DESCOBRIR O TEU PROCEDIMENTO”. TAL PROCEDIMENTO É UM IMPERATIVO DE PROIBIÇÃO, É CATEGÓRICO, MAS NÃO SE PODERÁ ENCONTRAR NENHUM EXEMPLO SEGURO EM QUE A VONTADE SEJA DETERMINADA SOMENTE PELA LEI, POIS OUTROS MOTIVOS PODEM TER CONDUZIDO AO RESPEITO PELA LEI, POR EXEMPLO: MEDO, VERGONHA, ETC. 
2 - A BOA VONTADE SEGUNDO KANT
	NOSSA ANÁLISE SOBRE A TEORIA KANTIANA DA “BOA VONTADE”, NA FUNDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES, REALIZANDO AO MESMO TEMPO A DEFINIÇÃO DE ALGUNS DE SEUS CONCEITOS FUNDAMENTAIS, DENTRE ELES: 
O CONCEITO DE BOA VONTADE, OS IMPERATIVOS, O DEVER, A LEI, ETC., NOS QUAIS NOTAREMOS UMA CERTA RELAÇÃO ENTRE SI E COM O IMPERATIVO CATEGÓRICO – UM PRINCÍPIO UNIVERSAL A PRIORI NA RAZÃO E EM HARMONIA COM A BOA VONTADE – VONTADE LEGISLADORA. A DISCUSSÃO QUE SE PROCESSA EM TODA A OBRA PROCURA MOSTRAR QUE A MORALIDADE NÃO É UMA QUIMERA AÉREA, NÃO É UTÓPICA, MAS É REAL, VERDADEIRA E EXISTENTE.
DAÍ A NECESSIDADE DE ESCLARECÊ-LA. O QUE A FUNDAMENTAÇÃO PRETENDE É FIXAR O PRINCÍPIO SUPREMO DA MORALIDADE. E ESTA É, PARA KANT, UMA TAREFA COMPLETA. NO CONCEITO DE BOA VONTADE KANTIANO TODO BOM É LIMITADO, EXCETO A BOA VONTADE, CUJO CONCEITO JÁ É EXPRESSO PELO QUE SE CHAMA DE BOM SENSO NATURAL – “DER NATÜRLICHE GESUNDE VERSTAND”.
AINDA, A BOA VONTADE É O QUE KANT CHAMA DE PRINCÍPIO DA AÇÃO LIVRE DE TODAS AS INFLUÊNCIAS DE MOTIVOS CONTINGENTES. EXPLICA QUE OS TALENTOS DO ESPÍRITO (INTELIGÊNCIA, DISCERNIMENTO, CORAGEM, DECISÃO, ETC.) SÃO DESEJÁVEIS, MAS SEM A BOA VONTADE PODEM TORNAR-SE *PREJUDICIAIS SE A CONSTITUIÇÃO DO CARÁTER DO INDIVÍDUO NÃO FOR BOA. 
TAMBÉM OS CHAMADOS DONS DA FORTUNA (PODER, RIQUEZA, HONRA, BEM-ESTAR, QUE SE ACOSTUMOU CHAMAR DE FELICIDADE) ACABAM NA SOBERBA SE NÃO EXISTIR A BOA VONTADE QUE LHE DÁ UTILIDADE GERAL E EVITA A INFLUÊNCIA NA ALMA. “...ASSIM A BOA VONTADE PARECE CONSTITUIR A CONDIÇÃO INDISPENSÁVEL DO PRÓPRIO FATO DE SERMOS DIGNOS DA FELICIDADE.” (KANT, OP. CIT., P. 203).
AS QUALIDADES FAVORÁVEIS À BOA VONTADE SÃO, SEGUNDO KANT: MODERAÇÃO NAS EMOÇÕES E PAIXÕES, AUTODOMÍNIO E CALMA, REFLEXÃO, ETC., MAS QUE NÃO SÃO BOAS SEM RESERVA – SEM OS PRINCÍPIOS DA BOA VONTADE PODEM SE TORNAR MÁS. 
BOM É AQUILO QUE DETERMINA A VONTADE POR MEIO DE REPRESENTAÇÕES DA RAZÃO – NÃO POR CAUSAS SUBJETIVAS, MAS OBJETIVAMENTE, POR PRINCÍPIOS QUE VALEM PARA TODO SER RACIONAL. A BOA VONTADE É A GUIA DAS VIRTUDES, CONDIÇÃO E CUME DE TODAS AS VIRTUDES, POIS QUALQUER VIRTUDE (DA MENOR A MAIOR), SEM A BOA VONTADE, PODE SE TORNAR EM DEFEITO E MALEFÍCIO. 
A VONTADE NÃO É BOA PELO QUE PROMOVE, NEM PELO O QUE QUER, MAS EM SI MESMA. SE A AÇÃO É BOA COMO UM MEIO PARA QUALQUER OUTRA COISA É IMPERATIVO HIPOTÉTICO, SE É BOA EM SI MESMA É IMPERATIVO CATEGÓRICO – RACIOCÍNIO QUE PODEREMOS ACOMPANHAR NUM CAPÍTULO POSTERIOR DESSE ARTIGO. 
SE A RAZÃO NÃO É APTA O BASTANTE PARA GUIAR COM SEGURANÇA A VONTADE NO QUE DIZ RESPEITO AOS SEUS OBJETIVOS E SATISFAÇÕES, ELA É, NO ENTANTO, CAPAZ DE PRODUZIR UMA VONTADE BOA EM SI MESMA
– ESSE É O DESTINO PRÁTICO DA RAZÃO. TODA AÇÃO CONFORME AO DEVER, POR GRANDIOSA QUE POSSA SER, NÃO TEM VALOR MORAL, ASSIM COMO AS AÇÕES CONTRÁRIAS AO DEVER. 
O VALOR DO CARÁTER NÃO ESTÁ EM FAZER UMA BOA AÇÃO CONFORME O DEVER (POR MEDO, POR INTENÇÃO EGOÍSTA, ETC.), MAS POR DEVER SIMPLESMENTE – A UTILIDADE É ENTÃO UM VALOR. AQUELE QUE DESEJA MUITO A MORTE E AINDA ASSIM CONSERVA A SUA VIDA SEM A AMAR, NÃO POR MEDO E INCLINAÇÃO, MAS POR DEVER – SUA MÁXIMA TEM CONTEÚDO MORAL. (CF. KANT, P.207).
NO CONHECIMENTO MORAL DA “RAZÃO HUMANA VULGAR” (SENSO COMUM), CHEGAMOS NÓS A ALCANÇAR O SEU PRINCÍPIO QUE ESSA MESMA RAZÃO NÃO CONCEBE ABSTRATAMENTE DE FORMA GERAL, MAS QUE JÁ O TEM COMO MODELO. KANT PARTE DO PRESSUPOSTO DE QUE TODO HOMEM SABE O QUE DEVE FAZER DE BOM, NÃO É PRECISO NEM DA CIÊNCIA NEM DA FILOSOFIA PARA QUE O HOMEM MAIS VULGAR SAIBA COMO SABER OU FAZER AS COISAS CERTAS. 
POR ISSO, RESSALTA COMO A “CAPACIDADE PRÁTICA DE JULGAR”, ULTRAPASSA TANTO A “CAPACIDADE TEÓRICA” NO ENTENDIMENTO HUMANO. ASSIM, NÃO PRECISAMOS FICAR SONHANDO COM UM PARAÍSO DISTANTE, JÁ QUE PODEMOS CONSTRUÍ-LO SE AGIMOS COM BOA-VONTADE, E GUIADOS PELA RAZÃO. 
QUANDO A RAZÃO VULGAR SE ATREVE A SE AFASTAR DAS LEIS DA EXPERIÊNCIA E DOS DADOS SENSÍVEIS, CORRE O RISCO DE CAIR NO CAOS DA INCERTEZA. NO CAMPO PRÁTICO, A CAPACIDADE DE JULGAR MOSTRA SUAS VANTAGENS QUANDO O ENTENDIMENTO VULGAR EXCLUI DAS LEIS PRÁTICAS OS DADOS SENSÍVEIS – QUE SÃO CONTINGENTES E RELATIVOS, JÁ QUE UM MESMO ACONTECIMENTO PODE SER EXPERIENCIADO POR PESSOAS E MANEIRAS DIFERENTES. 
QUEM É QUE PODE PROVAR PELA EXPERIÊNCIA A NÃO-EXISTÊNCIA DE UMA CAUSA, UMA VEZ QUE A EXPERIÊNCIA NADA MAIS NOS ENSINA SENÃO QUE A NÃO DESCOBRIMOS? NESTE CASO, PORÉM, O PRETENSO IMPERATIVO MORAL, QUE COMO TAL PARECE CATEGÓRICO E INCONDICIONAL, NÃO PASSARIA DE FATO DE UMA PRESCRIÇÃO PRAGMÁTICA QUE CHAMA A NOSSA ATENÇÃO PARA AS NOSSAS VANTAGENS E APENAS A TOMÁ-LAS EM CONSIDERAÇÃO. (KANT, P.222). 
TEMOS, POIS, DE BUSCAR TOTALMENTE A PRIORI A POSSIBILIDADE DE UM IMPERATIVO CATEGÓRICO, CUJA REALIDADE NÃO DEPENDERIA DA EXPERIÊNCIA SENÃO PARA DEMONSTRÁ-LO, O QUE JÁ É DIFÍCIL TEORICAMENTE E QUANTO MAIS EMPIRICAMENTE. SÓ O IMPERATIVO CATEGÓRICO TEM CARÁTER DE UMA LEI PRÁTICA, SENDO QUE OS OUTROS SÃO APENAS PRINCÍPIOS DA VONTADE E NÃO LEIS, POIS ESTÁ SUBMETIDO A FINS QUE PODEMOS NOS LIBERTAR ATRAVÉS DA RENÚNCIA DOS MESMOS.
JÁ O IMPERATIVO CATEGÓRICO NÃO DEIXA À VONTADE A LIBERDADE DE ESCOLHER O CONTRÁRIO QUE ORDENA. A POSSIBILIDADE DO IMPERATIVO CATEGÓRICO SÓ PODERÁ SER DEMONSTRADA (O QUE NÃO É O OBJETIVO DESTE TRABALHO) NA TERCEIRA SEÇÃO DA FUNDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES. 
NO IMPERATIVO HIPOTÉTICO, NÃO SERÁ POSSÍVEL SABER O QUE ELE CONTÉM DE ANTEMÃO; JÁ NO IMPERATIVO CATEGÓRICO, SEI IMEDIATAMENTE O QUE ELE CONTÉM, POIS NESTE ÚLTIMO, A MÁXIMA (PRINCÍPIO SUBJETIVO DA AÇÃO) DEVE CONFORMAR-SE À LEI (PRINCÍPIO OBJETIVO DA AÇÃO). ESTA LEI NÃO CONTÉM NENHUMA CONDIÇÃO QUE A LIMITE, POIS A MESMA É UNIVERSAL. 
O IMPERATIVO CATEGÓRICO É, PORTANTO, APENAS UM:
 A) IMPERATIVO CATEGÓRICO- “AGE SOMENTE, SEGUNDO UMA MÁXIMA TAL, QUE POSSAS QUERER AO MESMO TEMPO QUE SE TORNE LEI UNIVERSAL”; DESTE ÚNICO IMPERATIVO SE PODEM DERIVAR TODOS OS IMPERATIVOS DO DEVER; 
OU IMPERATIVO UNIVERSAL DO DEVER: “AGE COMO SE A MÁXIMA DE TUA AÇÃO DEVESSE TORNAR-SE, POR TUA VONTADE, LEI UNIVERSAL DA NATUREZA”; 
C) OU IMPERATIVO PRÁTICO, QUE POR SUA VEZ SE EXPRESSA ASSIM: “AGE DE TAL MODO QUE POSSAS USAR A HUMANIDADE, TANTO EM TUA PESSOA COMO NA PESSOA DE QUALQUER OUTRO, SEMPRE COMO UM FIM AO MESMO TEMPO E NUNCA APENAS COMO UM MEIO”. AGE DE FORMA QUE A SUA AÇÃO POSSA SER TOMADA COMO NORMA UNIVERSAL”. 
	A UNIVERSALIDADE DAS LEIS CONSTITUI AQUILO QUE CHAMAMOS DE NATUREZA, QUANTO À FORMA – A REALIDADE DAS COISAS, ENQUANTO DETERMINADA POR LEIS UNIVERSAIS. 
ASSIM, O IMPERATIVO UNIVERSAL DO DEVER PODERIA TAMBÉM SE EXPRIMIR DO SEGUINTE MODO: “AGE COMO SE A MÁXIMA DA TUA AÇÃO SE DEVESSE TORNAR, PELA TUA VONTADE, EM LEI UNIVERSAL DA NATUREZA.” (KANT, P. 224).
PARA QUE AJAMOS COM AMOR E JUSTIÇA, KANT PROPÕE QUE NOS QUESTIONEMOS AO AGIR, DA SEGUINTE MANEIRA: QUE ACONTECERIA SE A MINHA MÁXIMA SE TRANSFORMASSE EM LEI UNIVERSAL? SURGE O DEVER, SENDO CONSTITUÍDO PELA NECESSIDADE DE AÇÕES POR PURO RESPEITO À LEI PRÁTICA - ELE É A CONDIÇÃO DE UMA VONTADE BOA EM SI, CUJO VALOR MORAL É SUPERIOR A TUDO.
KANT NOS COLOCA A SEGUINTE QUESTÃO: “NÃO POSSO EU, QUANDO ME ENCONTRAR EM APURO, FAZER UMA PROMESSA COM A INTENÇÃO DE NÃO A CUMPRIR?” (P.210). A RESPOSTA É QUE NÃO ADIANTA ESCAPARMOS POR MEIOS QUAISQUER, POIS AS CONSEQÜÊNCIAS DESSA TENTATIVA PODEM SER PIORES; SERIA ENTÃO MAIS PRUDENTE NADA PROMETER SE NÃO TENHO A INTENÇÃO DE CUMPRIR A PROMESSA... DO MESMO MODO, UMA MENTIRA PODERIA ME SALVAR NO PRESENTE, MAS LOGO PODERIA ME TRAZER COMO CONSEQÜÊNCIA PREJUÍZOS MAIORES... TAL MÁXIMA TEM COMO BASE O RECEIO DAS CONSEQÜÊNCIAS.
PARA KANT, UMA AÇÃO NÃO É MORALMENTE BOA SE BASEIA EM PRINCÍPIOS EGOÍSTAS, PARTICULARES, CONTINGENTES, E NÃO PODE SER TOMADA COMO NORMA DE CONDUTA UNIVERSAL, POIS SE ASSIM O FOR TEREMOS A MENTIRA COMO NORMA UNIVERSAL DE CONDUTA... VEJAMOS: “FICARIA EU SATISFEITO DE VER A MINHA MÁXIMA (DE ME TIRAR DE APUROS POR MEIO DE UMA PROMESSA NÃO VERDADEIRA) TOMAR O VALOR DE LEI UNIVERSAL (TANTO PARA MIM COMO PARA OS OUTROS?)” (P.210). 
O CONCEITO DE DEVER MOSTRA A RELAÇÃO DE UMA LEI OBJETIVA DA RAZÃO PARA UMA VONTADE SUBJETIVA, E POR ISSO LIVRE – NÃO DETERMINADA COMO O É NUMA OBRIGAÇÃO. DIZEM SER BOM PRATICAR OU DEIXAR DE PRATICAR QUALQUER COISA SÓ PORQUE LHE É REPRESENTADO QUE SERIA BOM FAZÊ-LO. NO ENTANTO, BOM É AQUILO QUE DETERMINA A VONTADE POR MEIO DE REPRESENTAÇÕES UNIVERSALMENTE VÁLIDAS (OBJETIVAS) E NÃO POR CAUSAS SUBJETIVAS E CONTINGENTES.
BOM É DIFERENTE DE AGRADÁVEL, POIS O AGRADÁVEL SÓ INFLUI NA VONTADE POR MEIO DA SENSAÇÃO (CAUSAS SUBJETIVAS) E POR ISSO NÃO É UNIVERSAL. UMA VONTADE BOA ESTARIA, PORTANTO, SUBMETIDA A LEIS OBJETIVAS (DO BEM) NÃO SENDO REPRESENTADA COMO OBRIGADA A AÇÕES CONFORME A LEI – AQUI O QUERER SE CONFUNDE COM A LEI. 
TEMOS QUE PODER QUERER QUE UMA MÁXIMA DE NOSSA AÇÃO SE TRANSFORME EM LEI UNIVERSAL: É ESTE O CÂNONE PELO QUAL A JULGAMOS MORALMENTE EM GERAL. KANT ENUMERARÁ ALGUNS TIPOS DE DEVERES: DEVERES PARA CONOSCO, DEVERES PARA COM OS OUTROS, DEVERES PERFEITOS, DEVERES IMPERFEITOS. DOS DEVERES PARA CONOSCO, DIZ QUE O HOMEM NÃO É UMA COISA, NÃO É, PORTANTO, UM OBJETO QUE POSSA SER UTILIZADO SIMPLESMENTE COMO UM MEIO, MAS COMO UM FIM EM SI MESMO. 
NO QUE DIZ RESPEITO AOS DEVERES PARA COM OS OUTROS, SERVIR-SE DE OUTRO HOMEM COMO UM MEIO, SEM CONSIDERAR QUE ESTE ÚLTIMO CONTENHA UM FIM EM SI, É VIOLAR OS DIREITOS DOS HOMENS, SEM CONSIDERAR, COMO SERES RACIONAIS, OS OUTROS, QUE DEVEM SER TRATADOS AO MESMO TEMPO COMO GOSTARÍAMOS QUE TRATASSEM A NÓS MESMOS.
DO DEVER CONTINGENTE (MERITÓRIO) PARA CONSIGO MESMO, KANT DIZ QUE NÃO BASTA QUE A AÇÃO NÃO ESTEJA EM CONTRADIÇÃO COM A HUMANIDADE, NA NOSSA PESSOA COMO UM FIM EM SI, É PRECISO QUE CONCORDE COM ELA. NO DEVER MERITÓRIO PARA COM OUTREM, LEVA-SE EM CONTA A BUSCA DA FINALIDADE DOS HOMENS QUE É A SUA PRÓPRIA FELICIDADE. 
OS DEVERES PERFEITOS SÃO AQUELES QUE NÃO PERMITEM EXCEÇÕES ALGUMAS EM FAVOR DAS INCLINAÇÕES PESSOAIS. JÁ OS DEVERES IMPERFEITOS SÃO OS DEVERES DO AMOR PRÓPRIO. KANT NOS ALERTA PARA QUE NÃO COMETAMOS O ERRO DE CONSIDERAR QUE O CONCEITO DE DEVER DO USO VULGAR DA NOSSA RAZÃO PRÁTICA SEJA EXCLUSIVAMENTE TRATADO COMO CONCEITO EMPÍRICO, POIS, HÁ CASOS EM NÃO HÁ EXEMPLOS SEGUROS DA INTENÇÃO DE AGIR POR PURO DEVER”. 
UM ÚNICO CASO EM QUE A MÁXIMA DE UMA AÇÃO (CONFORME AO DEVER) TENHA SE BASEADO PURAMENTE EM PRINCÍPIOS MORAIS E NA REPRESENTAÇÃO DO DEVER” (P. 213), SENÃO, POR OBRIGAÇÃO, MEDO, EGOÍSMO E INCLINAÇÕES DE TODA ESPÉCIE. MUITOS FILÓSOFOS NOTARAM ISSO (O VALOR DAS INTENÇÕES NAS AÇÕES HUMANAS), DENOMINARAM DE EGOÍSMO, CONTUDO, NÃO HAVIAM AINDA COLOCADO EM XEQUE A “JUSTEZA DO CONCEITO DE MORALIDADE”. 
AINDA, OS PRESUNÇOSOS QUE PRETENDEM RETIRAR OS CONCEITOS DO DEVER EXCLUSIVAMENTE DA EXPERIÊNCIA SÃO FÁCEIS
PRESAS DOS SEUS CRÍTICOS. CADA EXEMPLO QUE NOS É DADO, DEVE SER PRIMEIRO JULGADO PARA SABERMOS SE SERVE DE EXEMPLO ORIGINAL E UNIVERSAL, MESMO ASSIM, ELE NÃO PODE DAR O SUPREMO CONCEITO DE MORALIDADE, POIS QUE O EXEMPLO É CONTINGENTE E PARTICULAR NÃO SENDO ÚTIL A TODOS. 
MUITOS COMETEM TERRÍVEIS AÇÕES EM NOME DO DEVER, MAS NO FUNDO SÃO MOVIDOS POR INCLINAÇÕES E IMPERATIVOS (CONTINGENTES, PARTICULARES), ISSO, SEGUNDO KANT, É O EGOÍSMO. A IMITAÇÃO NÃO É MORAL, SEGUNDO KANT, E SERVE APENAS PARA ENCORAJAR NA PRÁTICA AQUILO QUE A LEI ORDENA SEM, NO ENTANTO, ESQUECER AS CATEGORIAS QUE ESTÃO A PRIORI NA RAZÃO.
OS CONCEITOS MORAIS TÊM SUA SEDE A PRIORI NA RAZÃO, TANTO NA RAZÃO HUMANA VULGAR QUANTO NA ESPECULATIVA; NÃO PODEM SER ABSTRAÍDOS DE NENHUM CONHECIMENTO EMPÍRICO E CONTINGENTE – É EXATAMENTE NESTA PUREZA DE ORIGEM QUE RESIDE A SUA DIGNIDADE. 
CADA VEZ QUE LHES ACRESCENTAMOS QUALQUER COISA DE EMPÍRICO, DIMINUÍMOS SUA PURA INFLUÊNCIA E VALOR ILIMITADO, MAS É TAMBÉM DA MAIOR IMPORTÂNCIA PRÁTICA TIRAR DA RAZÃO PURA SEUS CONCEITOS E LEIS, DETERMINANDO O ÂMBITO DO CONHECIMENTO RACIONAL PRÁTICO. AS LEIS RACIONAIS DEVEM VALER PARA TODO SER RACIONAL, DEVEM SER EXPOSTAS INDEPENDENTES DE OUTRAS CIÊNCIAS, PERMANECENDO PURAS COMO A METAFÍSICA DOS COSTUMES.
SE NÃO ESTIVER FUNDADA NESTA, SERÁ EM VÃO QUERER DETERMINAR PARA O JUÍZO ESPECULATIVO O CARÁTER MORAL DO DEVER CONFORME AO DEVER, AINDA SERÁ IMPOSSÍVEL TAMBÉM NO USO PRÁTICO FUNDAR OS COSTUMES SOBRE OS SEUS AUTÊNTICOS PRINCÍPIOS, DE ACORDO COM O BEM SUPREMO DO MUNDO. SEGUNDO KANT, TUDO NA NATUREZA AGE SEGUNDO LEIS, SÓ O SER HUMANO TEM CAPACIDADE DE AGIR PELA REPRESENTAÇÃO DAS MESMAS, POIS SÓ ELE TEM UMA VONTADE LIVRE. 
SE A RAZÃO DETERMINA A VONTADE, AS AÇÕES QUE SÃO CONHECIDAS COMO OBJETIVAMENTE NECESSÁRIAS SERÃO TAMBÉM SUBJETIVAMENTE NECESSÁRIAS, ISTO É, A VONTADE (BOA VONTADE) É A FACULDADE DE ESCOLHER SÓ AQUILO QUE A RAZÃO, INDEPENDENTEMENTE DA INCLINAÇÃO RECONHECE COMO PRATICAMENTE NECESSÁRIO, OU SEJA, BOM (UNIVERSALMENTE ÚTIL). 
DO CONTRÁRIO, SERÁ OUTRA COISA SENÃO A OBRIGAÇÃO – A RELAÇÃO DAS LEIS OBJETIVAS PARA UMA VONTADE NÃO ABSOLUTAMENTE BOA REPRESENTA-SE COMO A DETERMINAÇÃO DA VONTADE DE UM SER RACIONAL POR PRINCÍPIOS DA RAZÃO, SIM, PRINCÍPIOS ESSES PORÉM A QUE ESTA VONTADE, PELA SUA NATUREZA, NÃO OBEDECE NECESSARIAMENTE.
KANT CHAMA A ATENÇÃO PARA UMA CONTRADIÇÃO NA NOSSA PRÓPRIA VONTADE, A SABER: QUE A NOSSA AÇÃO, ORA PARTE DO PONTO DE VISTA DE UMA VONTADE TOTALMENTE CONFORME À RAZÃO, ORA VEMOS A MESMA AÇÃO DO PONTO DE VISTA DE UMA VONTADE AFETADA PELA INCLINAÇÃO.
ESSA CONTRADIÇÃO É UMA RESISTÊNCIA DA INCLINAÇÃO ÀS PRESCRIÇÕES DA RAZÃO (ANTAGONISMUS), PELA QUAL RESISTÊNCIA À UNIVERSALIDADE DO PRINCÍPIO (UNIVERSALITAS) SE TRANSFORMA NUMA SIMPLES GENERALIDADE (GENERALITAS), DE TAL MODO QUE O PRINCÍPIO PRÁTICO DA RAZÃO SE DEVE ENCONTRAR A MEIO CAMINHO COM A MÁXIMA. 
PORTANTO, O DEVER É UM CONCEITO QUE DEVE TER UM SIGNIFICADO E CONTER UMA VERDADEIRA LEGISLAÇÃO PARA AS NOSSAS AÇÕES, ESTA LEGISLAÇÃO SÓ SE PODE EXPRIMIR EM IMPERATIVOS CATEGÓRICOS, POIS O CONTEÚDO DO IMPERATIVO CATEGÓRICO ENCERRA O PRINCÍPIO DE TODO O DEVER. TAL DEVER DEVE SER A NECESSIDADE PRÁTICA INCONDICIONADA DA AÇÃO – DEVENDO SER UNIVERSAL, POIS SE DEPENDE DE SENTIMENTOS, TENDÊNCIA, ETC.
PODE SER UMA MÁXIMA (SUBJETIVA), MAS NÃO UMA LEI (OBJETIVA). NA RELAÇÃO DE UMA VONTADE CONSIGO MESMA, ENQUANTO DETERMINADA PELA RAZÃO, TUDO O QUE SE RELACIONA COM O EMPÍRICO DESAPARECE POR SI, POIS A RAZÃO POR SI SÓ DETERMINA O PROCEDIMENTO APRIORISTICAMENTE. O PRINCÍPIO DA HUMANIDADE E DA NATUREZA RACIONAL COMO FIM EM SI MESMO QUE SERVE DE CONDIÇÃO SUPREMA QUE LIMITA A LIBERDADE DAS AÇÕES DE CADA HOMEM,
NÃO É EXTRAÍDO DA EXPERIÊNCIA, PRIMEIRO POR CAUSA DA SUA UNIVERSALIDADE (APLICÁVEL A TODOS OS SERES RACIONAIS); SEGUNDO, NELE A HUMANIDADE SE REPRESENTA NÃO COMO FIM SUBJETIVO DOS HOMENS, MAS COMO FIM OBJETIVO, O QUAL, SEJAM QUAIS FOREM OS FINS QUE TENHAMOS EM VISTA, DEVEMOS CONSTRUIR COMO LEI A CONDIÇÃO SUPREMA QUE LIMITA TODOS OS FINS SUBJETIVOS E QUE POR ISSO SÓ PODE DERIVAR DA RAZÃO PURA. 
NESTE PRINCÍPIO, A VONTADE NÃO ESTÁ SIMPLESMENTE SUBMETIDA À LEI, MAS É LEGISLADORA DESSA MESMA LEI. NA VISÃO DE KANT, O HOMEM DEVE ESTAR SUBMETIDO À LEGISLAÇÃO UNIVERSAL QUE POR SUA VEZ ESTÁ DE ACORDO COM A VONTADE LEGISLADORA UNIVERSAL; ASSIM, O HOMEM ESTARIA OBRIGADO A AGIR CONFORME A SUA PRÓPRIA VONTADE, QUE, SEGUNDO O FIM NATURAL (ORDEM NATURAL) É VONTADE LEGISLADORA UNIVERSA, QUE KANT CHAMA DE AUTONOMIA. (P.232).
O SER RACIONAL, CONSIDERADO COMO UM FIM EM SIM MESMO, COMO LEGISLADOR UNIVERSAL POR TODAS AS MÁXIMAS DA SUA VONTADE (JUIZ DE SI MESMO), CONDUZ-NOS AO CONCEITO (SEGUNDO KANT, MUITO FECUNDO) DE REINO DOS FINS. POR REINO É ENTENDIDA A LIGAÇÃO SISTEMÁTICA ENTRE VÁRIOS SERES RACIONAIS POR MEIO DE LEIS COMUNS. 
SE AS LEIS DETERMINAM OS FINS, SEGUNDO A SUA VALIDADE UNIVERSAL, ABSTRAINDO AS DIFERENÇAS PESSOAIS E OS FINS PARTICULARES DOS SERES RACIONAIS, PODEMOS CONCEBER UM CONJUNTO DE FINS (UM TODO), TANTO DOS FINS PARTICULARES, QUANTO DOS HOMENS COMO FINS EM SI MESMOS. 
OS SERES RACIONAIS ESTARÃO POIS SUBMETIDOS À LEI QUE MANDA QUE CADA UM DELES TRATE AOS OUTROS COMO A SI MESMO (NÃO COMO MEIOS, MAS COMO FINS EM SI MESMOS), DAÍ A LIGAÇÃO SISTÊMICA DOS SERES POR MEIO DE LEIS OBJETIVAS COMUNS. NO REINO DOS FINS, O HOMEM É MEMBRO, ENQUANTO LEGISLADOR UNIVERSAL E SUBMETIDO ÀS LEIS DA VONTADE LEGISLADORA UNIVERSAL, É CHEFE, ENQUANTO LEGISLADOR NÃO SUBMETIDO À VONTADE DE UM OUTRO; SEU LUGAR, NO ENTANTO, NÃO É ASSEGURADO PELAS MÁXIMAS DA SUA VONTADE, COMO O FAZ O TIRANO.
A MORALIDADE CONSISTE NA RELAÇÃO DE TODA AÇÃO COM A LEGISLAÇÃO (QUE BROTA DA VONTADE LEGISLADORA E UNIVERSAL DOS HOMENS ENQUANTO SERES RACIONAIS) QUE POSSIBILITA O REINO DOS FINS, CUJO PRINCÍPIO É: “NUNCA PRATICAR UMA AÇÃO SENÃO EM ACORDO COM UMA MÁXIMA QUE SE SAIBA PODER SER UMA LEI UNIVERSAL, QUER DIZER, SÓ DE TAL MANEIRA QUE A VONTADE PELA SUA MÁXIMA SE POSSA CONSIDERAR A SI MESMA AO MESMO TEMPO COMO LEGISLADORA UNIVERSAL.” (P.233). 
A AÇÃO SEGUNDO O PRINCÍPIO ACIMA EXPOSTO SE CHAMA OBRIGAÇÃO PRÁTICA, ISTO É, DEVER. NO REINO DOS FINS TUDO TEM UM PREÇO OU DIGNIDADE. QUANDO UMA COISA TEM UM PREÇO, É O MESMO QUE TER OUTRO EQUIVALENTE, MAS QUANDO ESTÁ ACIMA DE TODO O PREÇO E NÃO PERMITE EQUIVALENTE, TEM DIGNIDADE. TAL EXIGÊNCIA É GARANTIDA PELA POSSIBILIDADE QUE O SER RACIONAL TEM DE PARTICIPAR NA LEGISLAÇÃO UNIVERSAL, TORNANDO-O APTO A SER MEMBRO DE UM REINO DOS FINS, POIS QUE O MESMO É UM FIM EM SI MESMO E LEGISLADOR.
KANT DENOMINA ESSA ATITUDE DE RESPEITO, E COMPLETA COM O CONCEITO DE AUTONOMIA, QUE É O FUNDAMENTO DA DIGNIDADE DA NATUREZA HUMANA RACIONAL. REINO DOS FINS É POSSÍVEL GRAÇAS À LEGISLAÇÃO DE TODAS AS PESSOAS COMO MEMBROS DELE, OU SEJA, CADA SER RACIONAL TERÁ DE AGIR COMO SE FOSSE SEMPRE, PELAS SUAS MÁXIMAS, UM MEMBRO LEGISLADOR NO REINO UNIVERSAL DOS FINS.
KANT CHAMA A ATENÇÃO PARA O PARADOXO INSTALADO A PARTIR DE QUE A DIGNIDADE DO HOMEM, ENQUANTO SER RACIONAL, DEVE SERVIR DE REGRA IMPRESCINDÍVEL DA VONTADE, TORNANDO O SUJEITO DIGNO MEMBRO LEGISLADOR NO REINO DOS FINS. 
3 – CONCLUSÃO
 
	A MORALIDADE É, POIS, A RELAÇÃO DAS AÇÕES COM A AUTONOMIA DA VONTADE, ISTO É, COM A LEGISLAÇÃO UNIVERSAL POSSÍVEL POR MEIO DAS SUAS MÁXIMAS. A AÇÃO QUE CONCORDA COM A AUTONOMIA DA VONTADE É PERMITIDA, A QUE COM ELA NÃO CONCORDA É PROIBIDA. A VONTADE, CUJAS MÁXIMAS CONCORDAM COM AS LEIS DA AUTONOMIA, É ABSOLUTAMENTE BOA (SANTA). 
	A AUTONOMIA DA VONTADE (PRINCÍPIO SUPREMO DA MORALIDADE), KANT DIZ QUE ESTÁ FUNDAMENTADA NA PROPRIEDADE DE SER LEI PARA SI MESMA INDEPENDENTE DA NATUREZA DOS OBJETOS DO QUERER – A ESCOLHA DEVE TER SUA MÁXIMA NO PRÓPRIO QUERER COMO LEI UNIVERSAL. O PRINCÍPIO DA AUTONOMIA É O ÚNICO PRINCÍPIO DA MORAL – É CATEGÓRICO. 
ABSTRAI-SE DE TODO OBJETO, EVITANDO QUALQUER INFLUÊNCIA DOS MESMOS SOBRE A VONTADE E PARA QUE A RAZÃO PRÁTICA (VONTADE) SEJA LEGISLADORA SUPREMA DAS PRÓPRIAS QUE DEVERÁ SEGUIR. 
	SOBRE A HETERONOMIA DA VONTADE, COMO FONTE DE TODOS OS PRINCÍPIOS ILEGÍTIMOS DA MORALIDADE,
É QUANDO A VONTADE, PASSANDO ALÉM DE SI, BUSCA SUAS LEIS NA NATUREZA DOS OBJETOS, SENDO QUE É ESTE QUE DÁ A LEI À VONTADE NA SUA RELAÇÃO COM ELA. TAL RELAÇÃO SÓ PODE RESULTAR EM IMPERATIVOS HIPOTÉTICOS.
	SOBRE A CLASSIFICAÇÃO DE TODOS OS PRINCÍPIOS POSSÍVEIS DA MORALIDADE SEGUNDO O ADOTADO CONCEITO FUNDAMENTAL DA HETERONOMIA, DIZ QUE: A RAZÃO (NO SEU USO PURO), SEMPRE QUE LHE FALTA A CRÍTICA, TRILHOU CAMINHOS ERRADOS ANTES DE VISLUMBRAR O VERDADEIRO – DESSE PONTO DE VISTA, OS PRINCÍPIOS SÃO EMPÍRICOS (PRINCÍPIOS DA FELICIDADE), OU RACIONAIS (CONCEITO RACIONAL DA PERFEIÇÃO COMO POSSIBILIDADE) OU DA “VONTADE DE DEUS” COMO FUNDAMENTO DA NOSSA VONTADE.
KANT CONCLUI, PORTANTO, ARGUMENTANDO QUE: A MORALIDADE NÃO É UMA VÃ QUIMERA, POIS AINDA QUE O IMPERATIVO CATEGÓRICO E COM ELE A AUTONOMIA DA VONTADE SEJAM VERDADEIROS E ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIOS COMO PRINCÍPIOS A PRIORI, É PRECISO ADMITIR O USO SINTÉTICO DA RAZÃO PRÁTICA.
DO IMPERATIVO CATEGÓRICO QUE MANDA AGIR SEGUNDA UMA MÁXIMA QUE POSSA AO MESMO TEMPO SER TOMADA COMO NORMA DE CONDUTA UNIVERSAL, SE PODEM DERIVAR TODOS OS IMPERATIVOS DO DEVER QUANDO: A MÁXIMA DE NOSSA AÇÃO POSSA TORNAR-SE POR NOSSA VONTADE, EM LEI UNIVERSAL. 
DO MESMO MODO, COMO IMPERATIVO PRÁTICO, QUE POR SUA VEZ SE EXPRESSA QUANDO PODEMOS USAR A NOSSA HUMANIDADE TANTO NA NOSSA PESSOA QUANTO NA DE QUALQUER OUTRO SEMPRE COMO UM FIM. AO MESMO TEMPO, NÃO USAR AS PESSOAS UM MEIO PARA OU POR ALGUMA COISA, MAS COMO UM FIM EM SI MESMO – DAÍ A LIGAÇÃO SISTÊMICA DOS SERES POR MEIO DE LEIS OBJETIVAS COMUNS.
NA RELAÇÃO DE UMA VONTADE CONSIGO MESMA, ENQUANTO DETERMINADA PELA RAZÃO, TUDO O QUE SE RELACIONA COM O EMPÍRICO DESAPARECE POR SI, POIS A RAZÃO POR SI SÓ DETERMINA O PROCEDIMENTO APRIORISTICAMENTE. AO ME CONCEBER COMO RACIONAL E LIVRE, ME VEJO TAMBÉM COMO POSSIBILIDADE DE LEGISLAR, DE ME ADMITIR COMO AUTÔNOMO NO MUNDO DA MORALIDADE COMO RESULTADO DA NOSSA AUTONOMIA.
4 – REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1. KANT, IMMANUEL. FUNDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES LISBOA: EDIÇÕES 70, 1986.
2.	FUNDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES IN: CRÍTICA DA RAZÃO PURA E OUTROS TEXTOS FILOSÓFICOS. ABRIL CULTURAL, 1974. (COLEÇÃO “OS PENSADORES”). S/ T.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais