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Fisioterapia_2013

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CARDIORRESPIRATORIO
•	 Resistência	do	incentivador	respiratório
•	 Função	pulmonar	antes	e	após	cirurgia	
de	revascularização	do	miocárdio
PILATES
•	 Aderência	no	Pilates	solo
SAÚDE DA MULHER
•	 Fotobiomodulação	no	tratamento		
de	traumas	mamilares
TRAUMATO
•	 Fratura	do	tornozelo
•	 Avaliação	funcional	de	acidentados		
de	trânsito
NEUROFUNCIONAL
•	 Dança	e	hemiparesia
•	 Acidente	vascular	cerebral	e	escalas		
de	funcionalidade
Fisioterapia B
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Janeiro / Fevereiro de 2013
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14 anos
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Fisioterapia Brasil - Volume 14 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 20134
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Fisioterapia Brasil
Editor
Marco Antônio Guimarães da Silva (UFRRJ – Rio de Janeiro)
Conselho científico
Abrahão Fontes Baptista (Universidade Federal da Bahia – BA)
Anamaria Siriani de Oliveira (USP – Ribeirão Preto)
Dirceu Costa (Uninove – São Paulo)
Elaine Guirro (Unimep – São Paulo)
Espiridião Elias Aquim (Universidade Tuiuti – Paraná)
Fátima Aparecida Caromano (USP – São Paulo)
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José Rubens Rebelatto (UFSCAR – São Paulo)
Lisiane Tuon (Universidade do Extreme Sul Catarinense – UNESC)
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Grupo de assessores
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Antonio Neme Khoury (HGI – Rio de Janeiro)
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Direção de arte
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5Fisioterapia Brasil - Volume 14 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2013
Fisioterapia Brasil
P h y s i c a l T h e r a p y B r a z i l
(vol. 14, nº 1 janeiro/fevereiro 2013 - 1~80)
EDITORIAL
Engolindo pedras e outras coisas, Marco Antonio Guimarães da Silva .......................................................................................... 6
ARTIGOS ORIGINAIS
Análise da resistência do incentivador respiratório em indivíduos jovens, Maria do Socorro Luna Cruz, 
Shirley Gabriélle Galvão de Morais Pinheiro, Thaianna Luíza de Lima Rodrigues, Melissa Pinto Gurgel, 
Paula Roquetti Fernandes, José Fernandes Filho, Fernando Policarpo Barbosa ................................................................................. 8
Comparação dos determinantes de risco para o desenvolvimento infantil entre pré-escolares 
de escola pública e particular na cidade do Recife/PE, Rebeca de Oliveira Silva, 
Cristiana Maria Macedo Brito, Ana Karolina Pontes de Lima, Cláudia Fonseca de Lima ............................................................... 14
Fotobiomodulação como uma nova abordagem para o tratamento de traumas mamilares: 
um estudo piloto, randomizado e controlado, Angélica Rodrigues de Araújo, 
Ana Luiza Valério do Nascimento, Juliana Moreira Camargos, Fernanda Souza da Silva, 
Natasha Valeska Maia Gonçalves de Faria ...................................................................................................................................... 20
Análise cinemática da passada normalizada e frequência da marcha de idosos com gonartrose 
após mobilização pelo conceito Maitland, Alan Lopes de Oliveira, Thiago Rebello da Veiga, 
Chang Che Yuan, Fabiano Gaspar da Silva Affonso Pereira, Marcello Paz Soares Felicio, Andre Custodio da Silva ........................ 27
Prevalência das principais patologias consideradas doenças osteomusculares relacionadas 
ao trabalho no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Araçatuba/SP, 
Amanda Cristina Gonçalves, Julye Kellen Carvalho da Silva, Fernando Henrique 
Alves Benedito, Simone Galbiati Terçariol ..................................................................................................................................... 33
Avaliação funcional dos acidentados de trânsito atendidos em um serviço de fisioterapia, 
Samara Sousa Vasconcelos Gouveia, Guilherme Pertinni de Morais Gouveia, 
Samila Sousa Vasconcelos, José Gomes Bezerra Filho ..................................................................................................................... 38
Comparação da função pulmonar no pré e pós-operatório de pacientes submetidos à cirurgia 
cardíaca aberta de revascularização do miocárdio de um hospital filantrópico de Feira de Santana/BA, 
Cassio Magalhães da Silva e Silva, André Raimundo França Guimaraes, Ivana Oliveira DeLamonica Freire, 
Abner Portugal Tavares, Quétla Damiane Teles de Oliveira, Rebeca Santos Sampaio ..................................................................... 44
Aderência de pessoas no Pilates solo, Eliana Cristina Pereira, Rafaela Liberali, Charles Ricardo Lopes, 
Ticiane Marcondes Fonseca da Cruz, Maria Ines Artaxo Netto, Helena Brandão Viana, Gustavo Ribeiro da Mota........................ 49
Efeito da dança sênior no equilíbrio e no risco de quedas em hemiparéticos pós acidente vascular 
encefálico, Lucas Andreo Dias dos Santos, Patrícia Cristina de Carvalho, Soraia Micaela Silva, 
Silvia Sper Cavalli, João Carlos FerrariCorrêa, Fernanda Ishida Corrêa ......................................................................................... 56
REVISÕES
Tratamento fisioterapêutico no pós-operatório de fratura do tornozelo, Diogo Carvalho Felicio, 
Valnez de Alcantara Halfeld, George Schayer Sabino, Daniele Sirineu Pereira, 
Alexandra Miranda Assumpção, Barbara Zille de Queiroz ............................................................................................................. 61
Acidente vascular cerebral e sua correlação com escalas de funcionalidade, 
Fernanda Cechetti, Priscila Stuani, Renata Paniz ........................................................................................................................... 72
NORMAS DE PUBLICAÇÃO ...........................................................................................................................................78
EVENTOS ...........................................................................................................................................................................80
Fisioterapia Brasil - Volume 14 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 20136
Editorial
Engolindo pedras e outras coisas
Interrompo a revisão que faço do que já escrevi do meu 
quinto romance para atender a um telefonema do editor 
executivo da revista Fisioterapia Brasil. Com seu acento pro-
nunciadamente francês, ele me cobra o editorial. 
Já há algum tempo não escrevo para a revista, e, para fazê-
-lo novamente, preciso tomar alguns cuidados; afinal, como 
escritor ficcionista, sou escravo de minhas próprias mentiras, 
mas aqui não me é permitido inventar histórias, contando 
verdades que não são verdadeiras. 
Aqui não poderei ceder à força da ficção e deixar que a 
imaginação voe alto. Tampouco poderei, como faço em meus 
livros, exercitar a minha especulação silenciosa e egoisticamen-
te individual, ferramenta imprescindível a qualquer escritor. 
Também não terei tempo de escrever através da linha 
do tempo; o prazo que me foi dado não vai permitir, caso 
haja algum arrependimento do tipo querer voltar atrás para 
reescrever alguma coisa, seja para buscar uma sonoridade 
melhor para uma ou outra palavra do texto, seja para mudar 
de opinião, ou até mesmo – como dizia Clarice Lispector – 
para impedir que as palavras esmaguem as entrelinhas. Porque 
se fizer isso, volto atrás e conserto as coisas. Esse talvez seja o 
maior instrumento que um escritor possui: ser senhor absoluto 
do tempo, retornar nesse tempo e ter o poder de desdizer 
amanhã o que disser hoje.
Mas aqui, nada de ficção. Já recebi indultos mais do que 
suficientes por parte da editoria executiva da revista, que me 
tem permitido escrever crônicas que fogem do objeto da 
revista e, ousadamente, à luz de pobres conceitos filosóficos 
e antropológicos, analisar a conduta de nossa sociedade, 
sociedade essa cujo comportamento nos oferece material 
suficiente para escrever uma centena ou talvez, para os mais 
profícuos, milhares de livros. 
Já que falamos de tempo (me perdoem se volto a fazer 
uma digressão), aproveitarei a mitologia para fazer a minha 
leitura sobre a eleição de um senhor para a presidência do 
Senado, que a minha memória, muito seletiva, recusa-se a 
lembrar, e que eu, por comodidade, também não me esforço 
para descobrir, apesar das facilidades oferecidas pelo Google. 
Conta a história que Cronos, rei dos Titãs, ao saber que 
um de seus filhos o mataria, resolvera engoli-los tão logo 
nasciam. Zeia, sua mulher, cansada de ver o marido exter-
minar seus filhos, resolve enganá-lo, envolvendo uma pedra 
na manta do seu sexto filho, Zeus. Ele cresce e resolve vingar 
os irmãos, combate e vence Cronos, reinando supremo em 
todo o Universo. 
Pois bem, analogias à parte e guardadas as devidas pro-
porções, soube que esse senhor engoliu as milhares de assi-
naturas feitas para evitar a sua posse, sem dar sinais de que 
lhe pudessem causar qualquer tipo de distúrbio digestivo. 
Engoliu-as e sorriu, talvez porque soubesse que a lealdade 
de seus pares e subordinados não o trairia. Engolia também, 
naquele momento, a democracia, paradoxalmente pensando 
que os milhares de votos que recebera de seus incautos elei-
tores o credenciavam a tomar tal atitude. Incautos eleitores 
que, por sinal, são em número muito maior do que podemos 
imaginar, a julgar pela quantidade de congressistas atrelados 
às barras da lei que elegeram em outras instâncias.
Oxalá apareça uma Zeia da contemporaneidade, que 
consiga enganá-los e que consiga igualmente fazê-los engolir 
algo que os faça vomitar toda e qualquer vontade de se dedicar 
à vida pública.
Marco Antonio Guimarães da Silva
*Professor Associado da UFRRJ e de Doutorado no exterior. 
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Fisioterapia Brasil - Volume 14 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 20138
Análise da resistência do incentivador respiratório 
em indivíduos jovens
Resistance analysis of incentive spirometry in young individuals
Maria do Socorro Luna Cruz, M.Sc.*, Shirley Gabrielle Galvao de Morais Pinheiro**, Thaianna Luiza de Lima Rodrigues**, 
Melissa Pinto Gurgel, M.Sc.***, Paula Roquetti Fernandes, D.Sc.****, Jose Fernandes Filho, D.Sc.*****, 
Fernando Policarpo Barbosa, D.Sc.******
*Docente do Curso de Fisioterapia da Faculdades de Ciências Médicas - FCM/PB, Mestre em Ciências da Motricidade Humana 
pela UCB/RJ e Doutoranda pela Universidad Pedro de Valdivia-UPV/Chile, **Graduada pela Universidade Potiguar/UnP e Fisio-
terapeuta da FISIOAR, **UFRN, ****Doutora do Centro de Excelência de Avaliação Física-CEAF/RJ, *****Professor da Universi-
dade Federal do Rio de Janeiro/URFJ e Pesquisador do Centro de Excelência de Avaliação Física-CEAF/RJ, ******Professor Doutor 
da Faculdades Integradas de Patos-FIP/PB, Professor Coordenador do Facisa em Movimento da Faculdade de Ciências Médicas-
-FCM/PB e Pesquisador do Centro de Excelência de Avaliação Física-CEAF/RJ
Resumo
A inspirometria de incentivo técnico na fisioterapia, que promo-
ve o aumento da resistência nas vias aéreas, é comumente utilizada 
na recuperação e reabilitação da função pulmonar. O estudo teve 
por objetivo investigar a resistência gerada através da pressão inspi-
ratória máxima (PImáx) no momento da execução da terapêutica 
do incentivador respiratório a fluxo, nos níveis do equipamento R0, 
R1, R2, R3 em 71 voluntários de ambos os sexos, idade entre 18 e 
35 anos. Foram divididos em subgrupos, utilizando índice de massa 
corpórea (IMC) como variável determinante, obtendo-se subgrupos 
masculinos G1 (IMC = 22,48m/kg2; n = 10) e o G2 (IMC = 26,71 
m/kg2; n = 20) e os subgrupos femininos G3 (IMC = 20,86 m/kg2; 
n = 26) e o G4 (IMC = 25,15 m/kg2; n = 15). Foram realizadas três 
mensurações de PImáx, e após cada medida o voluntário identificava 
o nível de esforço pela escala de percepção subjetiva de esforço (PSE) 
de Borg. A estatística aplicada foi descritiva e inferencial, análise 
de Cluster, teste t, Post Hoc de Bonferone e Kolmogorov-Smirnov. 
Conclui-se que a intensidade gerada pelo inspirômetro de incentivo 
é de leve a moderada para os níveis 1, 2 e 3, podendo atingir inten-
sidades superiores a 80% em indivíduos com sobrepeso.
Palavras-chave: inspirometria, manuvacuometria, adulto jovem.
Artigo original
Abstract
Incentive spirometry is a physical therapy technique that pro-
motes resistance in the air track has been commonly used in the 
recovery and rehabilitation of pulmonary functions. The present 
study investigated the resistance generated through maximum 
inspiratory pressure during therapy sessions with flow-oriented 
incentivespirometry, the equipment operating on levels R0, R1, 
R2, R3 in 71 volunteers from both genders, aging between 18 and 
35. They were divided into subgroups, utilizing body mass index 
(BMI) as the determinant variable, obtaining male subgroups G1 
(BMI = 22.48m/kg2; n = 10) and G2 (BMI = 26.71 m/kg2; n = 
20) and the female subgroups G3 (BMI = 20.86 m/kg2; n = 26) 
and G4 (BMI = 25.15 m/kg2; n = 15). Three MIP measurements 
were obtained, after which the volunteer identified the effort level 
by Borg’s Rating of Perceived Exertion (RPE).Statistics applied 
were descriptive and inferential, Cluster analysis, T test, Post Hoc 
Bonferone and Kolmogorov-Smirnov. This study concluded that the 
intensity generated by incentive spirometry is light to moderate on 
levels 1, 2, and 3, possibly reaching intensity higher than 80% for 
over-weight individuals.
Key-words: spirometry, manometer, young adult.
Recebido em 22 de novembro de 2011; aceito em 12 de junho de 2012. 
Endereço para correspondência: Maria do Socorro Luna Cruz, Rua Prof. Luiza Soares, 199/102B Alto Branco 58401-405 Campina Grande PB, 
E-mail: socorrolcruz@gmail.com
9Fisioterapia Brasil - Volume 14 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2013
Introdução
Os procedimentos e equipamentos utilizados na reabili-
tação motora e/ou funcional aplicados na fisioterapia estão 
fundamentados na confiabilidade e fidedignidade dos mesmos 
[1]. Hoje, a expectativa de recuperação das capacidades do 
sistema respiratório em sua complexidade encontra-se rela-
cionada ao fortalecimento da musculatura respiratória, com 
o objetivo de restabelecer as pressões estáticas, assim como 
os volumes e capacidades pulmonares [1-3].
Entre os métodos de intervenção aplicada na recupera-
ção da expansibilidade torácica e fortalecimento muscular 
destaca-se a inspirometria de incentivo. O instrumento 
promove uma resistência nas vias aéreas, sendo comumente 
utilizado na recuperação pós-cirurgias torácicas ou no período 
pré-operatório de indivíduos obesos submetidos à cirurgia 
bariátrica [4-6]. A intervenção por meio desta terapêutica é 
considerada satisfatória e confiável [8]. No entanto, há um 
ponto a ser investigado quanto ao procedimento, enquanto 
método de fortalecimento muscular, dentro dos pressupostos 
do conceito volume/intensidade, a aplicação de cargas deve 
promover estímulos superiores aos habituais de maneira a 
promover adaptações positivas. 
Fato esse que não é questionado no caso do inspirômetro 
de incentivo, já que os resultados obtidos têm demonstrado 
melhorias significativas para os volumes e capacidade pulmo-
nares, assim como para as pressões estáticas máximas [8-9]. 
No entanto, o resultado esperado pode ser comprometido, 
uma vez que indivíduos com baixa aptidão respiratória são 
incapazes de exercer esforço inspiratório suficiente para vencer 
a resistência gerada pelo inspirômetro de incentivo, o que 
dificulta também, as manobras recomendadas no protocolo 
de alcançar e sustentar volumes inspiratórios máximos. A 
manobra da inspirometria de incentivo é comprometida pela 
falta de habilidade de realizar a técnica, fraqueza muscular e 
a dor. Pontos que poderiam ser atenuados pelo profissional 
ao se saber qual o esforço gerado em cada nível de resistência 
do inspirômetro de incentivo [10].
Sendo assim, passa a ser importante investigar qual seria a 
resistência gerada nas vias aéreas e a força promovida na aplica-
ção da técnica. O conhecimento dessa resistência possibilitará 
ajustes na terapêutica dentro de parâmetros correspondentes 
à capacidade física avaliada [7-9]. Diante do exposto, surgiu 
a necessidade de investigar a resistência gerada na pressão 
inspiratória máxima no momento da execução da terapêutica 
do incentivador respiratório a fluxo, nos diferentes níveis de 
graduação do equipamento R0, R1, R2 e R3 e comparar os 
valores obtidos entre indivíduos jovens.
Material e métodos
O delineamento deste estudo foi do tipo analítico corre-
lacional exploratório de corte transversal, no qual se buscou 
estabelecer a relação entre as variáveis de estudo sem que 
houvesse uma identificação da causa efeito entre elas. Para 
tanto, foi constituída uma amostra intencional com 71 
voluntários, alunos de um curso de fisioterapia, de ambos 
os sexos, com idades entre 18 e 35 anos. Todos receberam 
as informações e esclarecimentos sobre os possíveis riscos e 
desconfortos dos testes, com a subsequente assinatura do 
termo de consentimento livre esclarecido. O presente estudo 
foi submetido e aprovado pelo comité de ética em pesquisa, 
(protocolo nº081/2009).
Procedimentos
Os indivíduos responderam a anamnese e em seguida foi 
mensurada a massa corporal e estatura por meio dos respecti-
vos equipamentos: balança eletrônica digital Toledo [10] com 
capacidade de 150 kg e acuidade de 50 g com o estadiometro 
acoplado com escala em centímetros. 
As pressões inspiratórias e expiratórias máximas (PImáx e 
PEmáx) foram determinadas por meio do manovacuômetro 
Gerar Ind. Brasil com limite operacional de -300 a +300 
cmH2O. Os indivíduos foram previamente esclarecidos 
quanto aos procedimentos da manovacuometria, recebendo 
o treinamento com o objetivo de familiarização do protocolo. 
Em seguida foram realizadas três mensurações de PImáx e 
PEmáx, considerando-se a maior medida quando houves-
se uma diferença menor que 10% entre elas, conforme as 
recomendações da Sociedade Brasileira de Pneumologia e 
Tisiologia (SBPT) [10].
Para determinação do nível de resistência gerada pelo in-
centivador respiratório a fluxo utilizou-se um manovacuôme-
tro acoplado através de um tubo T e traquéia ao incentivador 
respiratório (Figura 1 e 2), onde os indivíduos efetuaram a 
manobra ventilatória necessária para elevar as respectivas es-
feras: R0, R1, R2 e R3 caracterizando os graus de resistência 
do aparelho. No momento da determinação da resistência 
do inspirometro de incentivo, o voluntário encontrava-se 
sentado com os pés apoiados e joelhos a 90º graus, com as 
costas recostadas e o tronco ereto formando ângulo de 90º 
graus com a articulação coxofemural. A cabeça posicionada 
seguindo o plano de Frankfurt; de forma que pudesse obter 
a visualização das esferas do incentivador respiratório a fluxo. 
Foi estabelecido um intervalo de recuperação entre as medidas 
das resistências compatível ao nível de aptidão física de cada 
indivíduo, porém com o mínimo de trinta segundos e o má-
ximo de dois minutos entre cada medida, como recomendado 
pelas diretrizes para provas de função pulmonar [10]. Após 
cada tentativa o voluntário identificou na escala de percepção 
subjetiva de esforço (PSE) de Borg o nível de esforço gerado.
Análise estatística
Para estabelecer as relações entre as variáveis de estudo 
foi aplicada estatística descritiva e inferencial, seguida dos 
seguintes tratamentos: para formar os subgrupos aplicou-
Fisioterapia Brasil - Volume 14 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 201310
> 0,05 (Tabela I). O ponto de relevância para as diferenças 
observadas nas variáveis MC e IMC foi permitir e analisar a 
possível influência dessas variáveis sobre os valores e padrões 
das pressões inspiratórias máximas para os subgrupos.
Na Tabela II são apresentados os valores médios para as 
variáveis respiratórias. Tanto a PImáx como a PEmáx do G1 
foram significativamente diferentes quando comparadas ao 
G2 (t = 3,884; p = 0,001 e t = 2,854; p = 0,01) respectiva-
mente. Os valores para a PImáx do G3 e G4 não apresentaram 
diferença significativa quando comparados (t = -1,337; p 
=0,19). Comportamento similar foi observada para a PEmáx 
quando comparados os G3 e G4 (t = -1,285; p = 0,21).
A comparação das médias para os níveis de resistência 
gerados R0, R1, R2 e R3 pelo incentivador respiratório indicou 
que o nível de esforço gerado pelas esferas do inspirômetro 
de incentivo apontou padrõessignificativamente diferentes 
(Wilks’Λ; F(3; 3,401) = 7,000; p = 0,04) entre o nível R1 com 
o R3 no G1, para um poder observado de 51,2%. No G2 a 
diferença significativa ocorreu entre as mesmas resistências R1 
e R3 (Wilks’Λ; F(3; 21,267) = 17,000; p = 0,001), no entanto, 
o poder observado foi superior 98,1% (tabela II). No subgrupo 
G3 a análise comparativa apontou que houve diferenças signi-
ficativas (Wilks’Λ; F(3; 26,600) =23,000; p = 0,001); para um 
poder de 98,8%; entre todos níveis de resistência, o que indica 
aumentos constantes no esforço para esse subgrupo. O G4 se 
observou diferenças significativas entre o nível R2 e R3 (Wilks’Λ; 
F(3; 12,227)=12,000; p = 0,001), para o poder de 99,5%.
Os resultados expostos confirmam que tanto no subgrupo 
masculino como no feminino o inspirômetro de incentivo pro-
porciona estímulos diferenciados o que podem ser confirmados 
pelo nível da Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) obtido em 
cada resistência. No G1 a média para a R0 = 10,60 ± 1,26 e 
11,30 ± 1,16; 12,90 ± 1,52 e 13,90 ± 2,38 para R1, R2 e R3 res-
pectivamente. Os valores para a PSE no G1 denotam diferença 
significativa (Wilks’Λ; F(3; 7,301) = 17,000; p = 0,015) entre 
a PSE da R1 com a PSE de R2 e R3. A PSE no G2 apresentou 
diferença significativa (Wilks’Λ; F(3; 7,322)=18,000; p = 
0,001) entre todas as resistências: R0 = 9,25 ± 1,97; R1 = 10,80 
± 1,85; R2 = 12,25 ± 1,97 e R3 = 13,90 ± 2,29. A percepção é 
compatível com o valor do delta percentual (Δ%) tanto no G1 
como no G2. No G1 o R0 correspondeu a 65,49% da PImáx 
enquanto no G2 essa correspondeu a 43,13%. O Δ% R1 = 
74,15%; R2 = 79,81% e R3 = 89,84%. Os valores respectivos 
do Δ% no G2 foram 53,15%; 61,20% e 68,14%.
-se a análise de Cluster tendo como variável determinante 
o índice de massa corpórea (IMC); seguida da análise da 
curva de normalidade das medidas antropométricas e das 
medidas de esforço por meio do teste Kolmogorov-Smirnov. 
A comparação das médias entre os subgrupos, masculino e 
feminino, para as variáveis foi por meio do teste t para medidas 
independentes. As diferentes resistências geradas pelo inspi-
rômetro de incentivo (R0, R1, R2 e R3) foram analisadas pelo 
teste de medidas repetidas com Post Hoc de Bonferone [11] 
quando observada diferenças significativas entre as médias. O 
nível de significância adotado foi de p < 0,05 para o aceite das 
diferenças. Os resultados serão descritos por meio da média 
e de dispersão desvio padrão (média ± DP).
Figura 1 e 2 - Descrição da adaptação do manovacuometro para 
a determinação dos diferentes níveis resistência no inspirometro de 
incentivo.
Resultados 
A partir do IMC como variável determinante obteve-se 
pela análise de Cluster os subgrupos, masculinos G1 (n = 10) 
e G2 (n = 20) e femininos G3 (n = 26) e G4 (n = 15) tabela 
I; a curva de normalidade dos dados para todas as variáveis 
apresentou distribuição normal p < 0,05. Os valores médios 
para o IMC do G2 e G4 caracterizou os subgrupos com 
sobrepeso sendo observada diferença significativa (t = 6,118; 
p = 0,001) para os seus respectivos pares G1 e G3 (Tabela I). 
A comparação da massa corporal (MC) entre os subgru-
pos masculinos apontou diferença significativa para a massa 
corporal (t = 4,793; p = 0,001). Comportamento similar foi 
observado para os subgrupos femininos (t = -4,584; p = 0,001 
e t = -9,736; p = 0,001) respectivamente. No entanto, a média 
de idade e a estatura tanto nos subgrupos masculinos como 
nos femininos não apresentaram diferenças significativas p 
Tabela I - Valores médios e o desvio padrão (DP) para as variáveis antropométricas de adultos jovens de ambos os sexos submetidos à análise 
das pressões estáticas máximas (PImáx e PEmáx). 
Masculino Feminino
G1 (n = 10) G2 (n = 20) G3 (n = 26) G4 (n = 15)
Idade (anos) 25,50 ± 3,21 24,60 ± 3,76 23,88 ± 3,09 25,13 ± 4,14
Estatura (m) 1,73 ± 0,05 1,73 ± 0,05 1,63 ± 0,08 1,61 ± 0,06
Massa corporal (kg) 67,16 ± 5,73* 80,30 ± 7,64 55,43 ± 7,57* 65,58 ± 5,26
IMC (kg/m2) 22,48 ± 1,88* 26,71 ± 1,74 20,86 ± 1,25* 25,15 ± 1,52
* = p < 0,05 entre os grupos; IMC = índice de massa corporal.
11Fisioterapia Brasil - Volume 14 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2013
A PSE nos subgrupos G3 e G4 apresentaram comporta-
mento similar aos observados para os subgrupos masculinos, 
sendo que no G3 houve diferença (Wilks’Λ; F(3; 25,208) 
= 23,000; p = 0,001) para PSE em todos os momentos: R0 
= 9,92 ± 2,13; R1 = 11,77 ± 1,86; R2 = 13,46 ± 177 e R3 = 
15,00 ± 1,90 e para o G4 respectivamente PSE foram signi-
ficativamente diferentes (Wilks’Λ; F(3; 25,569) = 12,000; p 
= 0,001) R0 = 10,87 ± 1,60 com R2 = 13,53 ± 1,68 e R3 = 
14,60 ± 19,2; a R1 = 11,93 ± 1,62 foi diferente de R2 e R3 e a 
R3 apresentou diferença com todos os momentos. Os valores 
médios para a PSE corresponderam ao Δ% no G3 de R0 = 
55,92%; R1 = 63,32%; R2 = 70,73% e R3 = 74,33%. No 
G4 os valores foram 48,84%; 53,05%; 65,58% e 66,74% 
respectivamente. Os valores observados indicam uma pro-
gressão na resistência, caracterizando alteração no estímulo 
gerado. No entanto, nota-se que essa progressão não apresenta 
uma proporção lógica no incremento da resistência gerada 
pelo equipamento. O que poderá gerar uma falha dentro do 
procedimento terapêutico, já que não se pode estabelecer um 
ajuste do esforço de forma precisa.
Discussão
Os valores médios para o IMC dos subgrupos foram 
caracterizados a partir da amostra como: indivíduos jovens 
18,5 a 24,9 kg/m2 G1 e G3 e com sobrepeso 25 e 29,9 kg/
m2 G2 e G4 [12] (Tabela I). Os valores mensurados para as 
pressões estáticas máximas são divergentes para os indivíduos 
com sobrepeso G2 e G4, nesses subgrupos os valores tanto da 
PImáx como da PEmáx foram superiores e significativamente 
diferente entre os homens quando comparados aos valores 
normativos descritos por Neder et al. [13], que descrevem 
valores para a PImáx em homens de -116,78 ± 14,02 cmH2O. 
Enquanto para as mulheres os valores foram superiores mais 
sem apresentar diferença significativa para os valores norma-
tivos -86,53 ± 8,76 cmH2O
 [13]. 
A diferença observada para PEmáx entre o G1 e o G2 
foram similares aos da PImax, porém o G1 encontra-se fora 
dos valores normativos para o sexo masculino 126,30 ± 14,19 
cmH2O. No grupo das mulheres os valores encontram-se den-
tro da normalidade 85,88 ± 10,90 cmH2O para o sexo [13].
Embora não seja o objeto de estudo, os resultados obser-
vados passam a ter uma importância para a compreensão das 
resistências geradas ou a força necessária para utilização do 
incentivador respiratório. Os valores para a PImáx e PEmáx 
comportaram-se de forma similar aos apontados por Teixeira 
et al. [14] porque obtiveram valores superiores para a PImáx 
e PEmáx em indivíduos de ambos os sexos, classificados 
com grau II e III de obesidade com média de idade de 38,1 
± 9,6 anos, quando comparados, os valores em média foram 
superiores em 6,7% e 39,2% respectivamente aos padrões 
normativos para a idade. 
O comportamento observado no presente estudo assim 
como os resultados apresentados por Teixeira et al. [14] são 
divergentes dos descritos no estudo de Rasslan et al. [15] que 
relata uma redução nos volumes respiratórios em indivíduos 
obesos de ambos os sexos. No entanto, cabe ressaltar que Rass-
lan et al. [15] não estudaram o comportamento da PImáx e da 
PEmáx o que impossibilita uma comparação dessas variáveis 
de forma mais precisa. Embora não sejam apresentados de 
forma direta os valores para as pressões respiratórias estáti-
cas máximas nos resultados de Rasslan et al. [15], os dados 
apresentados indicam uma redução na PImáx e na PEmáx 
em decorrência do aumento do IMC. Convergindo para o 
comportamento descrito por Parameswaran, Todd e Soth [6] 
em estudo de revisão, no qual os dados indicam a redução da 
complacência e na força da musculatura respiratória, indican-do assim, menores valores para as pressões estáticas máximas 
em indivíduos obesos. 
Os resultados antropométricos do G2 caracterizam uma 
condição de sobrepeso, o que poderia ser interpretado com 
uma variável morfológica a ser estudada, já que o aumen-
to da massa gorda pode ser um estímulo positivo sobre a 
musculatura respiratória [12], enquanto a obesidade grau I, 
II e III apresenta maiores restrições à força e complacência 
respiratória [6]. A hipótese levantada quanto ao sobrepeso 
ser um estímulo positivo sobre as pressões estáticas, ganha 
sustentação pelos valores observados para a força gerada pelo 
inspirômetro de incentivo no G2 (Tabela II).
O inspirômetro de incentivo utilizado na investigação foi 
do tipo a fluxo, que tem por objetivo melhorar as respostas 
ventilatórias do paciente em suas atividades diárias, pro-
Tabela II - Valores médios e desvio padrão para pressões estáticas máximas (PImáx; PEmáx) e para as resistências observadas pelo incentivador 
respiratório em indivíduos jovens.
Masculino Feminino
G1 (n = 10) G2 (n = 20) G3 (n = 26) G4 (n = 15)
PImáx -102,50 ± 22,88* -150,00 ± 34,94 -94,81 ± 24,35 -108,00 ± 39,00
PEmáx 108,00 ± 30,48* 146,00 ± 36,08 84,04 ± 24,62 95,67 ± 33,00
R0 64,00 ± 24,59 64,00 ± 25,83 51,35 ± 15,85 50,33 ± 18,07
R1 74,00 ± 22,46* 78,50 ± 21,47* 57,69 ± 14,78* 54,33 ± 16,99
R2 80,00 ± 23,09 89,75 ± 17,51* 63,85 ± 13,44* 66,67 ± 13,58*
R3 90,00 ± 21,86 99,50 ± 14,59* 67,50 ± 14,02* 67,00 ± 16,88*
* = p < 0,05; PImáx = Pressão Inspiratória Máxima ; PEmáx = Pressão Expiratória Máxima ; R0 = PImáx no grau 0 do IR ; R1 = PImáx no grau 1 do IR; 
R2 = PImáx no grau 2 do IR; R3 = PImáx no grau 3 do IR.
Fisioterapia Brasil - Volume 14 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 201312
movendo estímulos para o fortalecimento da musculatura 
respiratória. Para tanto, a musculatura respiratória deve ser 
submetida a estímulos que possibilitem alterar o limiar de 
força da musculatura, o que favorece o aumento na PImáx a 
partir da resistência gerada. Os resultados obtidos no presente 
estudo demonstram que há aumentos no estímulo (intensi-
dade) gerado pelo inspirômetro de incentivo. Observou-se 
diferentes níveis de resistência, do menor esforço (grau 0) 
para o maior esforço (grau 3), com diferenças significativas 
entre as intensidades geradas pelos respectivos níveis R0, R1, 
R2 e R3, indicando aumento gradativo na resistência para os 
indivíduos dos subgrupos. Entretanto, a variação observada 
para a resistência não segue uma linearidade ou proporção 
entre as diferentes intensidades de esforço. 
Pelos resultados pudemos observar com relação aos ní-
veis R1, R2 e R3, no grupo amostral dos homens, que eles 
necessitam aumentar a força absoluta e relativa em cada grau 
quando comparado às mulheres, o que condiz com as carac-
terísticas fisiológicas entre os sexos, o que provavelmente é 
resultante das características das fibras musculares que apesar 
de apresentarem certa semelhança em homens e mulheres, o 
volume de cada fibra é maior nos homens, conferindo maior 
força muscular [16,17].
Pela a análise do Delta percentual (Δ%) correspondente ao 
esforço necessário para movimentar as esferas, nota-se que na R0 
o G1 foi superior ao do G2 quando analisados os valores relati-
vos, seguindo a mesma tendência nas outras resistências. O G1 
teve o Δ% mais baixo que os demais grupos mostrando que este 
utilizou menor porcentagem da sua força inspiratória máxima na 
manobra com o inspirometro de incentivo, coincidindo com o 
fato de que este grupo apresentou a maior média de PImáx e, em-
bora não tenham sido observadas alterações significativas no Δ% 
entre os níveis de esforço nos subgrupos femininos, observou-se 
que com o aumento dos níveis de esforço houve um acréscimo 
gradativo no Δ%, assim como nos subgrupos masculinos. A 
redução observada para o Δ% poderia explicar a capacidade de 
mobilização da musculatura acessória por parte do indivíduo no 
momento do uso do inspirometro de incentivo, o que explicaria 
a ineficácia da mobilização das esferas [18]. 
Villiot-Danger [19], em estudo comparativo da alteração 
das forças inspiratórias e expiratórias entre jovens saudáveis e 
idosos sedentários submetidos ao treinamento por 5 semanas 
como frequência semanal de 3 vezes, concluiu que houve 
aumento da força da musculatura respiratória dos idosos, no 
entanto, não ocorreu melhorias significativa para os jovens, 
considerando-se que para estes haveria a necessidade de uma 
carga adicional devido a integridade do sistema respiratório. 
O que parece ser intrigante, já que no presente estudo a 
resistência do nível de esforço R0 pode ser considerada de 
leve a moderada, uma vez que, se encontra entre 40 e 60% 
da PImáx da amostra e nos níveis R1, R2 e R3 de moderada 
para vigorosa, nota-se que na R3 do G2 = -89,84% da PImáx. 
Os valores correspondentes aos percentuais da PImáx ou 
intensidade de esforço no uso da inspirometria de incentivo 
são superiores em media (57,42 cmH2O) observados para o 
Threshold IMT descritos no estudo de Alves e Brunetto [20] 
9,6 cmH2O para as cargas iniciais. Os autores procuraram 
a resistência em cmH2O gerada pelo Threshold conforme a 
massa das esferas e o diâmetro, indicando, assim, pressão 
inicial necessária para abertura da válvula do Threshold. 
A massa das esferas do inspirometro de incentivo apre-
sentou uma variação irregular, sendo a segunda esfera com 
a maior massa (1,1153 g) e a primeira e terceira com as res-
pectivas massas (0,8785 g e 0,9178 g). A determinação da 
resistência gerada pelo diâmetro dos tubos do inspirometro 
de incentivo não foi determinada no presente estudo, o que 
caracteriza uma limitação nos resultados obtidos inviabilizan-
do estabelecer de forma concreta as pressões geradas por cada 
esfera como descrito em estudo anterior [20]. O motivo para 
não ser levada em consideração a medida do diâmetro dos 
tubos do inspirometro de incentivo é pelo fato do sistema de 
regulagem do fluxo apresentar uma escala de graduação de 0 
a 3, o que inviabilizaria a coleta dos dados.
O nível de esforço gerado pelo inspirometro de incentivo 
permite explicar os resultados apresentados por estudos com 
Cruz et al. [4] e de Villiot-Danger [19], os quais obtiveram 
melhoras significativas para pressões respiratórias estáticas 
máximas, corroborando as recomendações apresentadas no 
American Thoracic Society, European Respiratory Society. ATS/
ERS [21] para o fortalecimento da musculatura respiratória 
de indivíduos acometidos de doenças obstrutivas crônicas. 
Os resultados obtidos no estudo de Cruz et al. [4] indicam 
ganhos significativos nas capacidades pulmonares e força 
muscular respiratória de indivíduos obesos, indicando que 
este método terapêutico contribui para a recuperação da 
mecânica respiratória. 
Conclusão
Conclui-se que a intensidade gerada pelo inspirômetro 
de incentivo é de leve a moderada para os níveis 1, 2 e 3 
podendo atingir intensidades superiores a 80% no nível 3 
em indivíduos com sobrepeso. As variações observadas para a 
massa das esferas explicam as diferenças significativas obtidas 
entre os diferentes níveis de esforço para indivíduos jovens de 
ambos os sexos. Recomenda-se investigações em outras faixas 
etárias e em grupos de características morfológicas diferentes. 
Ademais há necessidade de implementar estudos de adequação 
dos protocolos para cada grupo de população específico como, 
por exemplo, para obesos, visto que treinamento muscular 
respiratório específico pode contribuir para melhora funcional 
desses indivíduos. 
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Fisioterapia Brasil
Fisioterapia Brasil - Volume 14 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 201314
Comparação dos determinantes de risco para o 
desenvolvimento infantil entre pré-escolares de escola 
pública e particular na cidade do Recife/PE
Comparison of determinants of risk on child development in preschool 
between public and private school at Recife/PE
Rebeca de Oliveira Silva*, Cristiana Maria Macedo Brito, Ft., M.Sc.**, Ana Karolina Pontes de Lima, Ft., M.Sc.***, 
Cláudia Fonseca de Lima, Ft. M.Sc.****
*Universidade Católica de Pernambuco, **Professora assistente 1 da Universidade Católica de Pernambuco do Curso de Fisioterapia, 
***Professora Auxiliar da Universidade Católica de Pernambuco, ****Professora Assistente da Universidade Católica de Pernambuco
Resumo
Objetivo: Comparar os determinantes de risco entre pré-escolares 
de escola pública e particular na cidade do Recife. Método: Foi utiliza-
do um questionário, aplicado aos pais ou responsável legal da criança 
por meio de entrevista para identificar os fatores socioeconômicos e 
demográficos das crianças que frequentam a escola da rede pública 
municipal e privada. Foram incluídas no estudo todas as crianças, 
de ambos os gêneros, na faixa etária de quatro a seis anos, que fre-
quentavam regularmente a escola, no período de abril a agosto de 
2010; e excluídas as que apresentavam diagnósticos neurológicos ou 
que eram portadoras de deformidades osteoarticulares, deficiência 
visual, auditiva ou cognitiva. Participaram da amostra 40 crianças, 
sendo 20 da escola pública municipal e 20, da particular. Resultados: 
As crianças da escola pública apresentaram-se mais expostas aos 
determinantes de risco para o desenvolvimento infantil que aquelas 
da escola particular. Conclusão: Sendo assim, salienta-se a impor-
tância da presença do profissional de saúde junto à equipe escolar, 
a fim de identificar de forma precoce esses determinantes para que 
sejam tomadas medidas preventivas que visem o desenvolvimento 
neuropsicomotor adequado na infância.
Palavras-chave: desenvolvimento infantil, fatores de risco, saúde 
escolar, pré-escolar, serviços de saúde escolar.
Artigo original
Abstract
Objective: To compare the determinants of risk among pres-
chool children in public and private schools in the city of Recife. 
Method: A questionnaire was used, which was applied to parents or 
legal guardian of the child by means of questioning, to identify the 
socio-economic and demographic factors of children who attend 
public and private school. The study included all children of both 
genders, aged four to six years, attending school regularly, from April 
to August 2010, and excluded children who had some neurological 
injury or osteoarticular deformities, vision or hearing deficiency. 
The sample had 40 children, composed by 20 from public schools 
and 20 from particular ones. Results: The children in public school 
were more exposed to the risk determinants for child development 
than those in private schools. Conclusion: Therefore, it is stressed the 
importance of the presence of health professionals with the school 
staff in order to identify very early these determinants and preventive 
actions for the normal development of the child.
Key-words: child development, risk factors, school health, child 
preschool, school health services. 
Recebido em 28 de setembro de 2011; aceito em 26 de novembro de 2012. 
Endereço para correspondência: Rebeca de Oliveira Silva, Rua Abreu e Lima, 65/701, Tamarineira, 52041-040 Recife PE, E-mail: rebec7@hotmail.
com
15Fisioterapia Brasil - Volume 14 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2013
Introdução
O desenvolvimento infantil pode ser definido como 
mudanças de novos comportamentos, provocando transfor-
mações no organismo, onde cada etapa é pré-requisito para 
a seguinte [1]. Porém, a forma como a criança utiliza seu 
potencial pode sofrer influência de fatores biológicos, gene-
ticamente determinados e de circunstâncias ambientais [2]. 
Atualmente, já se considera que os fatores de risco para o 
desenvolvimento infantil podem estar presentes na própria 
criança (componentes biológicos, temperamento e a própria 
sintomatologia), na família (história parental e dinâmica fa-
miliar) ou no ambiente (nível socioeconômico, suportesocial, 
escolaridade e contexto cultural) [3]. Contudo, apesar de distin-
tos, esses fatores não são excludentes, definindo a característica 
multifatorial dos atrasos do desenvolvimento infantil [4].
Na infância, os principais vínculos, cuidados e estímulos 
necessários ao crescimento e desenvolvimento da criança 
são fornecidos pela família. É ela o primeiro universo de 
relações sociais da criança, sendo talvez, das formas de rela-
cionamento a mais complexa e de ação mais profunda sobre 
o desenvolvimento humano, fato esse que é agravado quando 
essas famílias apresentam baixo nível socioeconômico [5,6]. 
Isso porque as dificuldades associadas à pobreza prejudicam 
não só o bem-estar psicológico dos pais, como também o 
ambiente interpessoal da casa, afetando o desenvolvimento 
dessas crianças, que pode se refletir em sua vida adulta [7]. É 
nesse ambiente, portanto, que a criança tanto pode receber 
proteção, quanto conviver com os riscos [5].
Nas últimas décadas, o interesse pelo acompanhamento 
do desenvolvimento integral da criança vem aumentando, 
devido ao reconhecimento de que a prevenção de problemas 
durante a infância exerce efeitos duradouros na constituição 
do ser humano [8]. Contudo, apesar da prática preventiva 
ainda não ser uma realidade totalmente instalada nas culturas 
ocidentais, já existem projetos voltados à prevenção primária, 
destinados aos pré-escolares [1].
As instituições que se destinam a educar e cuidar das crian-
ças são as creches, que atendem a faixa etária de 0 a 3 anos, e 
as pré-escolas, que abordam a faixa etária de 4 a 6 anos [9]. 
No Brasil (2002), apesar dos pré-escolares corresponderem a 
13,3% do total de habitantes, esse grupo é carente de procedi-
mentos adequados que garantam o desenvolvimento integral da 
criança, fazendo com que ela entre na estrutura de ensino sem 
as mínimas condições intelectuais e motoras necessárias [10]. 
Diante disso, há uma crescente preocupação em se investigar 
a dinâmica e o nível socioeconômico das instituições que se 
destinam a matricular crianças pré-escolares [11]. Nesse sentido, 
quanto mais cedo uma dificuldade ou limitação for constatada, 
maiores serão as chances de um retorno funcional da criança ao 
seu ambiente escolar, familiar e social [12-14]. Dessa forma, o 
presente estudo tem como objetivo comparar os determinantes 
de risco em pré-escolares de uma escola pública municipal com 
relação aqueles de uma escola privada da cidade do Recife.
Material e métodos
Trata-se de um estudo do tipo corte transversal descritivo, 
o qual foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres 
Humanos do IMIP (Instituto de Medicina Integral Professor 
Fernando Figueira) sob CAAE – 0295.0.099.096-09.
A pesquisa foi realizada no período de abril a agosto de 
2010, em uma escola da rede pública municipal e uma escola 
da rede privada. Na qual foram incluídas todas as crianças, de 
ambos os gêneros (feminino e masculino), na faixa etária de 
quatro a seis anos, que frequentavam regularmente as escolas, 
durante o período de realização da pesquisa e cujos pais ou 
responsável legal assinaram o Termo de Consentimento Livre 
e Esclarecido (TCLE). Foram excluídas as crianças que apre-
sentavam alguma lesão neurológica ou que eram portadoras 
de deformidades osteoarticulares, deficiência visual, auditiva 
ou cognitiva.
O tamanho inicial esperado da amostra era de 100 crian-
ças, sendo 50 de uma escola pública municipal e 50 de uma 
escola particular. Porém, das crianças solicitadas, apenas 40 
compuseram a amostra, visto que os pais ou responsáveis legais 
pelas demais crianças se recusaram a assinar o TCLE, de forma 
que a amostra foi constituída de 20 crianças provenientes da 
rede pública e 20 da rede privada.
Inicialmente, realizou-se um primeiro contato com a 
coordenação pedagógica das escolas, no qual foi verificado 
o interesse das instituições em participar da pesquisa. Em 
seguida, foi feito o contato pessoal, nas escolas, com os pais 
ou responsável legal pela criança, no qual foram fornecidas as 
devidas explicações sobre o projeto e solicitado à assinatura do 
TCLE, os quais foram informados de que a participação da 
criança era de caráter voluntário, podendo haver desistência 
a qualquer momento. 
A identificação dos fatores de risco para o desenvolvimen-
to infantil foi feita através da aplicação de um questionário 
impresso em papel aos pais ou responsável legal pela criança, 
cujos itens diziam respeito às condições socioeconômicas 
(quantidade de pessoas que trabalham na casa; valor da renda 
mensal); demográficas (tipo de residência; número de morado-
res); e ambientais das famílias (escolaridade do pai/mãe; sabe 
ler e/ou escrever). Na rede pública municipal, o questionário 
foi aplicado pessoalmente pela pesquisadora nas dependências 
da escola, a qual anotava as respostas diretamente na folha 
do questionário em virtude de muitos pais ou responsáveis 
legais não saberem ler e/ou escrever. Já na escola particular, o 
questionário foi enviado, junto à agenda das crianças, aos pais 
que responderam em casa, e posteriormente encaminharam 
para escola. Esse questionário foi elaborado com base no 
estudo de Maciel [15]. 
A apresentação das variáveis mensuradas foi feita através 
de tabelas, incluindo também o uso de algumas medidas 
descritivas, como média e desvio padrão. Para testar a supo-
sição de normalidade das variáveis envolvidas no estudo foi 
aplicado o teste de Kolmogorov-Smirnov. As análises compa-
Fisioterapia Brasil - Volume 14 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 201316
Tabela IV - Escolaridade dos pais da amostra estudada.
Escolaridade do Pai Públicas Privadas Valor-p*
1° Grau Incompleto 15 (75,0) 0 (0,0) 0,00
3° Grau Incompleto 0 (0,0) 2 (10,0) 0,48
3° Grau Completo 0 (0,0) 18 (80,0) 0,00
Não soube informar 5 (25,0) 0 (0,0) 0,05
Os valores estão expressos como números absolutos (%). * Teste exato 
de Fisher.
A caracterização da amostra estudada quanto à execução 
de atividade laboral pelos pais e mães encontra-se na Tabela 
V, não sendo observada diferença significativa entre os grupos.
Tabela V - Caracterização da amostra estudada quanto à execução 
de atividade laboral pelos pais e mães.
Genitor Públicas Privadas Valor-p*
Mãe 9 (45,0) 19 (95,0) 0,21
Pai 7 (35,0) 20(100,0) 0,07
Os valores estão expressos como números absolutos (%). * Teste exato 
de Fisher.
A Tabela VI apresenta a caracterização da amostra quanto 
à renda mensal dos responsáveis pelas crianças. É possível ob-
servar que uma maior proporção de responsáveis pelas crianças 
das escolas privadas não informaram sua renda mensal (p = 
0,02) ou possuem renda superior a dez salários mínimos (p = 
0,00). Já no grupo de crianças de escolas públicas, uma maior 
proporção dos responsáveis recebe menos de um salário ou de 
um a dois salários mínimos mensais (p = 0,00).
Tabela VI - Caracterização da amostra quanto à renda mensal dos 
responsáveis pelas crianças.
Renda mensal (salá-
rios mínimos)
Públicas Privadas Valor-p*
Não informado 0 (0,0) 6 (30,0) 0,02
< 1 9 (45,0) 0 (0,0) 0,00
1 a 2 10(50,0) 0 (0,0) 0,00
2 a 3 1 (5,0) 0 (0,0) 1,00
5 a 10 0 (0,0) 2 (10,0) 0,48
> 10 0 (0,0) 12(60,0) 0,00
Os valores estão expressos como números absolutos (%). * Teste exato 
de Fisher.
Discussão
No que se refere aos fatores de risco ambientais para o 
desenvolvimento infantil, Rohenkohl e Castro [5] relatam 
que os pais constituem o primeiro núcleo social da criança, 
sendo, portanto, natural que a figura dos pais, bem como as 
práticas parentais adotadas tenha grande influência no pro-
cesso de desenvolvimento da criança. Segundo esses autores 
a relação entre pais e filhos tem atuado como importante 
fator para a qualidade de vida das famílias, influenciando 
diretamente nos cuidados com os filhos. No entanto, esses 
rativas das proporções foramrealizadas utilizando-se o teste 
exato de Fisher. A comparação entre as médias obtidas nos 
dois grupos foi realizada utilizando-se o teste t-student para 
amostras independentes. Todas as conclusões foram tomadas 
ao nível de significância de 5% e os softwares utilizados foram 
o GraphPad Prism versão 4.0 e Microsoft Office Excel 2007.
Resultados
A amostra foi composta de crianças de ambos os gêneros, 
não sendo observadas diferenças significativas entre os grupos 
(p = 0,68), quanto à idade (4 a 6 anos).
As Tabelas I e II apresentam o estado civil das mães e pais 
ou responsável legal das crianças avaliadas, observando-se um 
número significativamente maior de mães e pais solteiros no 
grupo de crianças de escolas públicas (p = 0,00) e de mães 
e pais casados no grupo de crianças de escolas privadas (p = 
0,00 e p = 0,03, respectivamente).
Tabela I - Estado civil das mães da amostra estudada.
Estado civil da mãe Públicas Privadas Valor-p*
Solteira 14 (70,0) 0 (0,0) 0,00
Casada 4 (20,0) 20 (100,0) 0,00
Falecida 1 (5,0) 0 (0,0) 1,00
Não soube informar 1 (5,0) 0 (0,0) 1,00
Os valores estão expressos como números absolutos (%). * Teste exato 
de Fisher.
Tabela II - Estado civil dos pais da amostra estudada.
Estado civil do pai Públicas Privadas Valor-p*
Solteiro 10 (50,0) 0 (0,0) 0,00
Casado 6 (30,0) 20 (100,0) 0,03
Falecido 1 (5,0) 0 (0,0) 1,00
Não soube Informar 3 (15,0) 0 (0,0) 0,23
Os valores estão expressos como números absolutos (%). * Teste exato 
de Fisher.
As Tabelas III e IV apresentam, respectivamente, o nível de 
escolaridade das mães e pais dos grupos analisados. É possível 
observar uma maior proporção de mães e pais com 1° grau 
incompleto no grupo de crianças de escola pública, além de 
uma maior proporção de mães e pais com 3° grau completo 
no grupo de crianças de escolas privadas (p = 0,00).
Tabela III - Escolaridade das mães da amostra estudada.
Escolaridade da Mãe Públicas Privadas Valor-p*
1° Grau Incompleto 14 (70,0) 0 (0,0) 0,00
1° Grau Completo 2 (10,0) 0 (0,0) 0,48
2° Grau Completo 1 (5,0) 2 (10,0) 1,00
3° Grau Incompleto 0 (0,0) 2 (10,0) 0,48
3° Grau Completo 0 (0,0) 16 (80,0) 0,00
Não soube informar 3 (15,0) 0 (0,0) 0,23
Os valores estão expressos como números absolutos (%). * Teste exato 
de Fisher.
17Fisioterapia Brasil - Volume 14 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2013
mesmos laços familiares que protegem podem também di-
ficultar o desenvolvimento da criança e provocar problemas 
no seu ajustamento social [5]. 
Segundo Lucena et al. [2], crianças cujos pais eram se-
parados estavam mais predispostas a apresentarem algum 
tipo de alteração psicomotora. Para ele isso ocorre porque 
o divórcio é considerado um evento estressor, que modifica 
a estrutura familiar, alterando a dinâmica das relações fa-
miliares e, consequentemente, o ajustamento das crianças. 
Sendo assim, em seu estudo todas as crianças cujos pais eram 
separados apresentaram algum tipo de alteração psicomotora, 
sugerindo ser este um fator implicado no desenvolvimento 
motor primário dos escolares.
Defilipo et al. [13], em estudo com 239 lactentes com 
idade entre três e 18 meses, residentes no município de Juiz 
de Fora/MG, em 2010, verificaram que o fato de a maioria 
das famílias serem formadas predominantemente por uniões 
estáveis apresentaram oportunidades mais favoráveis ao de-
senvolvimento motor. 
Corroborando o estudo anterior, o presente trabalho, 
observou que a maioria dos pais da rede privada apresentou 
união estável, quando comparados aos da rede pública, que 
na maioria eram solteiros, sugerindo que as crianças da escola 
particular estariam menos expostas aos fatores de risco para 
o desenvolvimento.
Dentro desse aspecto, a presença paterna também constitui 
um fator de proteção para os atrasos do desenvolvimento, o que 
foi evidenciado pelo estudo de Rohenkohl e Castro [5]. Para 
Delfilipo et al. [13] isso ocorre porque a presença do pai no 
ambiente familiar garante maior segurança no desempenho da 
função materna, contribuindo para o desenvolvimento saudável 
de seus filhos. Porém, o estudo de Amorim et al. [8] teve resultado 
oposto, observando que crianças que tiveram maior tempo com 
seus pais, apresentaram percentuais mais elevados de atraso na 
persistência motora. Para os autores isso pode estar atrelado ao 
fato da própria concepção paterna de ser apenas provedor, caben-
do os cuidados corporais da criança exclusivamente as mulheres.
Outro fator que pode trazer influência significativa para 
o desenvolvimento infantil é a escolaridade dos pais. Para 
Defilipo et al. [13] o maior grau de escolaridade da mãe está 
associado a melhores oportunidade de estímulos ambientais. E 
isso pode ser explicado pelo fato de as mães com maior grau de 
instrução apresentarem maior acesso a informações e melhor 
conhecimento sobre o processo de desenvolvimento dos seus 
filhos, contribuindo de forma positiva nas oportunidades de 
estimulação disponíveis no domicílio [14]. 
Entretanto, Carneiro [15] detectou em seu estudo que das 
25,58% crianças que apresentaram risco de atraso no desen-
volvimento, 16,28% são filhas de mães com menos 8 anos 
de estudo. Nesse sentido, Nascimento et al. [16] verificaram 
que a baixa escolaridade materna pode sim ser considerada 
fator de risco para atraso do DNPM. 
Segundo Santos et al. [7], bem como a escolaridade ma-
terna, a paterna também interfere de forma significativa no 
bem-estar das crianças. Para esses autores crianças cujos pais 
tinham até 8 anos de escolaridade apresentaram risco de 4,63 
vezes maior de apresentarem desempenho suspeito de atraso 
em habilidades de locomoção. Corroborando esses achados, 
Carneiro [15] verificou que a escolaridade paterna igual ou 
inferior a 8 anos de estudos influenciou o desenvolvimento 
infantil, visto que 27,91% das crianças avaliadas apresentaram 
risco para o desenvolvimento.
No que diz respeito a esse aspecto, no presente estudo, foi 
possível observar uma maior proporção de mães e pais com 1° 
grau incompleto nas crianças da escola pública, além de uma 
maior proporção de mães e pais com 3° grau completo nas 
crianças da escola privada. Esse dado sugere que as crianças 
da escola pública apresentam mais chance de apresentarem 
atrasos no desenvolvimento, quando comparadas a população 
da escola particular.
Paiva et al. [17], que avaliaram uma amostra de 136 
crianças entre 9 e 12 meses de vida, verificaram, dentro do 
contexto de pobreza, as condições socioeconômicas desfavo-
ráveis , expressas através do desemprego materno e paterno, 
o qual teve um impacto negativo em diferentes aspectos do 
desenvolvimento. Segundo esses autores a instabilidade eco-
nômica em casa, resultante de desemprego, e consequente 
redução na renda familiar, constitui um importante fator de 
risco para o desenvolvimento. Nessa situação de desempre-
go, os pais tornam-se mais punitivos, menos comunicativos 
e sensíveis às necessidades da criança, comprometendo seu 
desenvolvimento [17]. 
Ainda em relação à atividade laboral dos pais, Maria-
-Mengel e Linhares [18] relatam que quanto maior o nível 
de escolaridade, melhor poderá ser o emprego dos pais. Ao 
avaliar escolaridade, o nível ocupacional e a renda das famí-
lias das 120 crianças, de 6 a 44 meses, do Núcleo da Saúde 
da Família em São Paulo, Maria-Mengel [19] verificou que 
o nível escolar predominante foi de 1° completo, com a 
maioria dos pais exercendo trabalho não-qualificado ou de 
níveis semiqualificados, com renda familiar média de 500 
reais. Para essa autora, os poucos recursos de escolarização e 
a baixa qualificação dos pais são elementos intrínsecos que 
acabam por provocar riscos psicossociais importantes no 
ambiente da criança.
Já no que se refere ao presente estudo, apesar de não 
ter sido verificada diferença significativa importante entre 
os grupos,sugere-se que as crianças da escola particular, 
cujos pais apresentaram empregos mais qualificados, 
estariam menos expostas aos fatores de risco para o de-
senvolvimento.
Entretanto, ao avaliar o nível socioeconômico das famílias, 
o presente estudo encontrou diferença significante entre as 
duas populações. Segundo Halpern et al. [6] crianças cujas 
famílias apresentam menor renda, estão mais predispostas 
a terem atrasos no desenvolvimento. Para Mistry et al. [20] 
isso ocorre porque crianças em situação de pobreza enfren-
tam, muitas vezes, múltiplos riscos, como: condições de vida 
Fisioterapia Brasil - Volume 14 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 201318
inadequadas, poucos recursos materiais, acesso limitado a 
cuidados de saúde, entre outros problemas.
Veleda et al. [21] ao avaliarem uma amostra de crianças 
entre 8 a 12 meses de idade indicadas como de risco ao nascer 
no município do Rio Grande, Rio Grande do Sul. Verificaram 
que crianças pertencentes às famílias com renda menor que 
dois salários mínimos apresentaram duas vezes mais riscos de 
terem suspeita de atraso no desenvolvimento. Ainda segundo 
esses autores crianças mais pobres apresentam 50% mais 
risco de terem um suspeita de atraso. Para Santos et al. [7], 
isso acontece porque as condições de pobreza amplificam a 
vulnerabilidade biológica da criança, levando a resultados 
desfavoráveis no desenvolvimento.
Paiva et al. [17] constataram numa amostra de 136 crianças 
entre 9 e 12 meses de vida, em quatro Unidades de Saúde da 
Família do Distrito Sanitário IV da cidade do Recife. O efeito 
negativo mais importante da pobreza no desenvolvimento 
das crianças estudadas foi na área da comunicação receptiva. 
Isso porque famílias com um nível socioeconômico maior 
leem mais para seus filhos, engajando-os num rico discurso, 
à medida que proveem estratégias verbais mais complexas.
Além do impacto direto na saúde e bem-estar da criança, 
a renda familiar associa-se também com as condições de vida 
e o acesso aos bens e serviços, estando relacionada a diferentes 
condições de risco para saúde materno infantil tais como, 
maior frequência de baixo peso ao nascer e déficit ponderal 
em recém-nascidos [21]. Desta forma percebe-se que a renda 
familiar, à medida que proporciona melhores condições gerais 
de vida para a família, está diretamente relacionada com as 
oportunidades de desenvolvimento e com a qualidade de 
vida da criança.
Por outro lado, diferentemente do presente estudo, 
Amorim et al. [8] investigaram a associação de atraso no 
desenvolvimento neuropsicomotor com possíveis fatores de 
risco biológicos, ambientais e socioeconômicos, observaram 
que a renda per capita não mostrou ser um fator de risco 
para atraso no desenvolvimento, o que pode ser justificado 
pelo fato de a amostra estudada apresentar-se relativamente 
homogênea em relação aos níveis de renda.
Uma limitação do presente foi a dificuldade relaciona-
das à falta de colaboração de algumas famílias na resposta 
do questionário, as quais foram fatores determinantes na 
redução da amostra, limitando as aná lises realizadas e a 
interpretação dos resultados. Todavia, as perdas amostrais 
sofridas durante a execução do trabalho não se constituem 
num fato isolado. Na literatura atual, há relatos de perdas 
de 40%, por razões bastante semelhantes às vivenciadas por 
estes autores [18].
Embora considerando as dificuldades vivenciadas durante 
o desenrolar da pesquisa de campo e as limitações do estudo, 
os resultados das associações sugerem que o ambiente, sobre-
tudo, de crianças que vivem em contextos de desigualdades, 
acaba por interferir de forma importante no desenvolvimento, 
podendo atuar como um fator protetor ou de risco.
Entretanto, é importante enfatizar que os resultados das 
análises realizadas mostram apenas indícios de associação 
entre as variáveis, não sendo, portanto, conclusivos, e a sua 
extrapolação deve ser vista com cautela, explorando ainda 
mais as relações de causa e efeito.
Conclusão
Foi possível observar que as crianças da escola pública, 
por apresentarem precárias condições socioeconômicas e 
demográficas apresentaram-se mais expostas aos fatores de 
risco para o desenvolvimento. 
Sendo assim, salienta-se a importância da presença do 
profissional de saúde junto à equipe escolar, priorizando as 
populações mais expostas aos fatores de risco para o desenvol-
vimento infantil, no sentido de identificar de forma precoce 
os principais problemas. E assim, estabelecer programas de 
intervenção que visem à estimulação do desenvolvimento 
neuropsicomotor normal da criança. Além disso, é de grande 
importância a orientação da família e dos educadores nesse 
processo de desenvolvimento da criança.
Agradecimentos
Às escolas, pela permissão dada para que a coleta de dados 
fosse realizada em suas dependências.
Às famílias das crianças que compuseram a amostra do 
estudo pela confiança e por terem compartilhado um pouco 
dos seus contextos de vida.
À Maria Elisa, a qual participou como colaboradora na 
pesquisa de campo, auxiliando na coleta de dados em diversas 
fases da pesquisa.
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Fisioterapia Brasil - Volume 14 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 201320
Fotobiomodulação como uma nova abordagem 
para o tratamento de traumas mamilares: 
um estudo piloto, randomizado e controlado
Photobiomodulation as a new approach for the treatment 
of nipple traumas: a pilot study, randomized and controlled
Angélica Rodrigues de Araújo, D.Sc.*, Ana Luiza Valério do Nascimento, Ft.**, Juliana Moreira Camargos, Ft.**, 
Fernanda Souza da Silva, M.Sc.***, Natasha Valeska Maia Gonçalves de Faria, Ft.****
*Professora do curso de Fisioterapia da PUC Minas, **PUC Minas, ***Professora do curso de Fisioterapia da Faculdade de Ciências 
Médicas de Minas Gerais (FCMMG), ****Especialista em Fisioterapia aplicada à Neurologia
Resumo
Objetivo: Avaliar a eficácia de um dispositivo fototerápico 
desenvolvido especificamente para o tratamento dos traumas ma-
milares. Material e métodos: Quatro puérperas foram aleatoriamente 
alocadas em dois grupos: controle (n = 4 mamas) e experimental 
(n = 4 mamas). O grupo controle recebeu somente orientações de 
cuidados com as mamas e sobre técnicas adequadas à amamentação. 
O grupo experimental (n = 4 mamas) recebeu, além das orientações, 
as aplicações fototerápicas por meio do protótipo fotobiomodulador 
(varredura de 880-904 nm e fluência de 4 J/cm²) durante 6 sema-
nas. Foram avaliados: a área da lesão mamilar, a dor (Escala Visual 
Numérica) e a Qualidade de Vida (SF-36). Resultados: As lesões 
mamilares das participantes foram inicialmente classificadas como 
fissuras pequenas e médias. No grupo controle, 50% das lesões 
cicatrizaram completamente; as demais reduziram de tamanho. 
No grupo experimental, o percentual de cicatrização foi de 100%. 
O percentual de redução no tamanho das lesões mamilares foi de 
54,5% no grupo controle e de 74,1% no grupo experimental. A 
diferença observada entre os grupos foi estatisticamente significativa 
(p = 0,036). A intensidade da dor reduziu satisfatoriamente em am-
bos os grupos. A média da redução da intensidade da dor no grupo 
controle foi de 73,6% e no experimental de 81,5% (p = 0,116). 
Conclusão: Os resultados deste estudo demonstraram que o protótipo 
fotobiomodulador foi eficaz no tratamento dos traumas mamilares. 
Palavras-chave: doenças mamárias, aleitamento materno, 
fototerapia, cicatrização.
Artigo original
Abstract
Objective: To evaluate the effectiveness of a specifically designed 
device for phototherapy treatment of nipple trauma. Methods: Four 
women were randomly assigned to two groups: control (n = 4 bre-
asts) and experimental (n = 4 breasts). The control group received 
only the guidelines of the breast care and appropriate techniques 
for breastfeeding. The experimental group (n = 4 breasts) received 
guidelines care and phototherapy applications through luminous 
prototype (880-904 nm and fluence of 4 J/cm²) for 6 weeks. The 
area of nipple injury, pain (Visual Numerical Scale) and quality of 
life (SF-36) were assessed. Results: The participants of nipple injuries 
were classified as small and medium size. In the control group 50% 
of the lesions healed completely and the others reduced in size. In 
the experimental group the percentage of healing was 100%. The 
percentage reduction in the size of nipple trauma was 54.5% in the 
control group and 74.1% in the experimental group. The difference 
between groups was statistically significant (p = 0,036). Pain inten-
sity satisfactorily reduced in both groups. The average reduction in 
pain intensity in the control group was 73.6% and 81.5% in the 
experimental (p = 0,116).
Key-words: breast diseases, breast feeding, phototherapy, wound 
healing.
Recebido em 20 de dezembro de 2011; aceito em 1 de outubro de 2012. 
Endereço de correspondência: Angélica Rodrigues de Araújo, Centro Clínico de Fisioterapia PUC Minas, Av. Trinta e Um de Março, 500, prédio 46, 
30535-600 Belo Horizonte MG, Tel: (31) 3319-4425, E-mail: angelica@bios.srv.br 
21Fisioterapia Brasil - Volume 14 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2013
Introdução
Cuidados inadequados no período gestacional e puerpe-
ral são fatores predisponentes ao surgimento de problemas 
mamários, dentre os quais tem grande destaque os traumas 
mamilares (fissuras e rachaduras) [1]. Essas lesões caracteri-
zam-se como uma solução de continuidade da pele na região 
do mamilo e estão altamente relacionadas à inflamação da 
camada superior da derme [2]. Podem ser circulares ou lon-
gitudinais e de tamanhos variados. A lesão circular localiza-se 
geralmente na junção mamilo-areolar; a lesão longitudinal 
pode ser encontrada em qualquer local do mamilo, vertical 
ou horizontalmente, dividindo-o em dois [3].
Os traumas mamilares são causados pela má posição da 
criança em relação à mama, pelo número e duração inadequa-
dos das mamadas e pelo mecanismo de sucção incorreto [1]. 
Normalmente aparecem entre a 2ª e 3ª semanas pós-parto, 
sendo causa frequente de dor mamária e de interrupção 
precoce da amamentação [2-4], situações prejudiciais tanto 
à saúde materna quanto à do lactante.
O desmame precoce traz prejuízos ao bebê, uma vez 
que o fornecimento de nutrientes essenciais, de fatores de 
crescimento e de componentes imunológicos presentes na 
composição do leite materno deixarão de ser ofertados. Para 
a mãe, a interrupção da amamentação dificulta o processo de 
involução uterina, aumenta o risco de sangramento após o 
parto, da incidência de câncer de ovário e de mama, além de 
não proporcionar uma boa interação mãe-filho [5].
Atualmente, a abordagem terapêutica dos traumas mami-
lares tem focado no reforço às orientações de cuidados com a 
mama e às técnicas adequadas para amamentação [6,7]. Essas 
medidas, entretanto, tem um caráter muito mais preventivo 
do que curativo, não sendo, na maioria das vezes, suficientes 
para potencializar o fechamento da lesão mamilar. Nesses 
casos, há a necessidade de técnicas mais efetivas, pois quanto 
mais rápido ocorrer a cicatrização, menores serão as chances 
do desmame precoce [4].
Riordar e Nichols [8] e Potter [9] relatam que apesar do 
melhor tratamento para as lesões mamilares ainda ser a pre-
venção, estratégias que sejam efetivas em tratá-las também são 
de extrema importância, pois quanto mais rápido ocorrer a 
cicatrização, maiores serão as chances de retorno à prática da 
amamentação e menores serão os riscos de complicações ma-
ternas secundárias, como por exemplo, a mastite e os abscessos.
Dentre as condutas comumente utilizadas para o manejo 
das fissuras e das rachaduras mamilares, destaca-se a aplicação 
tópica de fármacos [10]. Essa terapia, além de muitas vezes 
não apresentar resultados satisfatórios, tem como desvantagem 
a necessidade de interrupção do ato de amamentar durante o 
período

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