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Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 1 DIREITO DE FAMÍLIA ......................................................................................................................................... 1 Conceito ..................................................................................................................................................... 1 Quadro histórico do Direito de Família no Brasil: .................................................................................. 1 Família perante o CC/16 ............................................................................................................................... 1 Família perante a CF/88: .............................................................................................................................. 1 Paradigmas Direito de Família: ............................................................................................................... 2 Afeto ............................................................................................................................................................... 2 Ética ................................................................................................................................................................ 2 Dignidade de seus membros ........................................................................................................................ 3 Solidariedade recíproca ................................................................................................................................ 3 Direito de Família Mínimo/Intervenção Mínima do Estado nas Relações de Família ......................... 4 II - da pessoa maior de 70 anos; (LEI Nº 12.344, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2010) ..................................................... 5 Aplicação de direitos e garantias fundamentais e sociais nas relações familiares .............................. 7 Princípios constitucionais dos novos rumos do Direito de Família ...................................................... 7 a) pluralidade das entidades familiares: ..................................................................................................... 8 ALIMENTOS ........................................................................................................................................................ 17 SEPARAÇÃO JUDICIAL ..................................................................................................................................... 31 1. Conceito ................................................................................................................................................... 32 2. Espécies ................................................................................................................................................... 32 Consensual/Amigável - 1574 .................................................................................................................... 32 Litigiosa – 1572 ........................................................................................................................................... 33 por Causa Objetiva .................................................................................................................................. 33 por Culpa .................................................................................................................................................. 34 DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 2 DIVÓRCIO ........................................................................................................................................................... 36 1. Conceito ................................................................................................................................................... 36 2. Efeitos Jurídicos da Emenda do Divórcio .............................................................................................. 38 FILIAÇÃO ............................................................................................................................................................. 42 1. Conceito ................................................................................................................................................... 43 2. Critérios determinantes da Filiação ...................................................................................................... 43 3. Reconhecimento de filhos ...................................................................................................................... 52 TEORIA GERAL DOS CONTRATOS ................................................................................................................. 56 1. Requisitos de Validade (104) ................................................................................................................. 56 2. Contrato e Direito Intertemporal ............................................................................................................... 64 3. Princípios ..................................................................................................................................................... 65 4. Formação dos contratos .............................................................................................................................. 76 5. Lugar do Contrato ........................................................................................................................................ 78 6. Vícios Redibitórios ...................................................................................................................................... 79 7. Evicção .......................................................................................................................................................... 81 8. Extinção dos Contratos ............................................................................................................................... 83 CONTRATOS EM ESPÉCIE ................................................................................................................................ 88 Contrato De Compra E Venda ............................................................................................................................... 88 Doação ................................................................................................................................................................. 105 ......................................................................................................................................................... 118 Empréstimo .......................................................................................................................................... 124 Contrato De Depósito ......................................................................................................................................................... 127 Do Mandato .................................................................................................................................... 142 Da Agência E Distribuição DIREITOS REAIS ........................................................................................................................................... 150 DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br3 Aqui começa a 2ª parte da aula de 11/05/2011.................................................................................................. 150 POSSE ........................................................................................................................................................ 150 1. Generalidades: ...................................................................................................................................... 150 11. Composse/Coposse/Compossessão ............................................................................................... 152 12. Teoria da Função Social da Posse .................................................................................................... 153 13. Posse X Detenção .............................................................................................................................. 157 14. Classificação ...................................................................................................................................... 158 Direta e Indireta ........................................................................................................................................ 158 Natural & Civil ........................................................................................................................................... 159 Justa & Injusta ........................................................................................................................................... 160 Aula - /05/2011 ................................................................................................................................................... 160 Boa-fé & Má-fé ........................................................................................................................................... 160 Boa Fe objetiva: comportamento – é norma-princípio ....................................................................................... 160 15. Efeitos Jurídicos ................................................................................................................................ 160 Possibilidade de Usucapião ...................................................................................................................... 161 Direito a percepção de frutos ................................................................................................................... 161 Categorias: ............................................................................................................................................. 162 Naturais ............................................................................................................................................. 162 Industriais/Artificiais ...................................................................................................................... 162 Civis ................................................................................................................................................... 162 Critério temporal de frutos: .................................................................................................................. 162 Pendentes.......................................................................................................................................... 162 Percipiendos ..................................................................................................................................... 162 Estantes ............................................................................................................................................. 162 Percebidos ........................................................................................................................................ 162 DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 4 Direito às benfeitorias .............................................................................................................................. 163 Regime Jurídico ...................................................................................................................................... 165 Possuidor de boa-fé .......................................................................................................................... 165 Direito de indenização e retenção pelas necessárias e úteis. ............................................. 165 Direito de retirada. .............................................................................................................. 165 Possuidor de má-fé ........................................................................................................................... 165 Não tem direito sobre as benfeitorias ................................................................................. 165 Será indenizado, sem retenção, pelas necessárias, evitando enriquecimento sem causa. . 165 Exceções ao regime Jurídico das benfeitorias ....................................................................................... 166 Comodato (CC 584) .......................................................................................................................... 166 Desapropriação (art. 26, DL 3.665/41) .......................................................................................... 166 Locação de imóveis urbanos (art. 35, Lei 8.245/91) ..................................................................... 166 Responsabilidade Civil do possuidor ....................................................................................................... 167 Tutela jurídica da posse (Proteção Possessória) .................................................................................... 168 Tutela Penal (art.1.210, § 1º) / Desforço incontinenti / Desforço imediato ....................................... 168 Tutela Civil / Interditos Possessórios / Ações Possessórias .................................................................. 169 Reintegração de posse ..................................................................................................................... 169 Manutenção de posse ....................................................................................................................... 169 Interdito proibitório ......................................................................................................................... 169 Características processuais da ação possessória de procedimento especial ....................................... 172 Natureza dúplice (CPC 922) ............................................................................................................ 172 Cumulabilidade de 3 pedidos (921) ................................................................................................ 172 Proibição de alegação de propriedade / “Exceptio proprietatis” (CC 1.210, § 2º; CPC 923) ........ 174 Intervenção do MP ........................................................................................................................... 175 Competência ..................................................................................................................................... 175 DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 5 PROPRIEDADE ......................................................................................................................................... 177 1. Conceito e Extensão: .............................................................................................................................177 2. A descoberta .......................................................................................................................................... 178 Efeitos jurídicos ......................................................................................................................................... 179 Obrigação de fazer: restituir a coisa ao proprietário .......................................................................... 179 Direito a recompensa + ressarcimento de despesas ............................................................................. 179 3. Função social da propriedade .............................................................................................................. 180 16. Tutela jurídica da propriedade ........................................................................................................ 185 17. Propriedade resolúvel ...................................................................................................................... 185 18. Propriedade Aparente ...................................................................................................................... 187 19. Aquisição de Propriedade ................................................................................................................ 188 Modos Originários: .................................................................................................................................... 188 Acessões ................................................................................................................................................. 188 Acessões Humanas/Artificiais ......................................................................................................... 188 Acessões Naturais............................................................................................................................. 189 Usucapião .............................................................................................................................................. 190 Noções Gerais ................................................................................................................................... 190 Objeto ................................................................................................................................................ 191 Usucapião & Prescrição ................................................................................................................... 192 Requisitos Obrigatórios ................................................................................................................... 194 a) Posse qualificada (mansa, pacífica e com animus domini) ................................................ 194 b) Idoneidade do bem usucapiendo/coisa idônea ................................................................... 194 c) Lapso temporal .................................................................................................................... 195 Requisitos Facultativos .................................................................................................................... 196 a) Justo título ............................................................................................................................ 196 DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 6 b) Boa- fé ................................................................................................................................... 196 Espécies ............................................................................................................................................. 196 a) Extraordinário (1.238) ........................................................................................................ 197 b) Ordinário (1.242) ................................................................................................................. 197 c) Especial Urbano (CF 183) .................................................................................................... 198 d) Especial Rural (CF 191) ....................................................................................................... 199 e) Especial Urbano Coletivo (art. 10 a 12, Estatuto da Cidade) ............................................. 199 Aspectos Processuais ....................................................................................................................... 201 Modos Derivados:...................................................................................................................................... 203 Registro em cartório decorrente de ato intervivos ou causa mortis ................................................... 203 DIREITO DE VIZINHANÇA ...................................................................................................................... 206 Efeitos Jurídicos da Promessa de compra & Venda ................................................................................ 207 Conferir posse ao promitente adquirente ............................................................................................. 207 Impõe ao promitente adquirente o pagamento das parcelas .............................................................. 207 Autoriza a aquisição forçada da coisa, provando-se a quitação ......................................................... 210 Observações ........................................................................................................................................... 211 DIREITOS DIREITOS REAIS DE GOZO E FRUIÇÃO .............................................................................. 214 Enfiteuse (ou aforamento) – usar, fruir, dispor de seu direito .......................................................... 214 Inversamente, aquele que era proprietário passa a ser senhorio e, como senhorio, é titular de domínio direto, poderá reivindicar ou dispor do domínio que de que é titular. .... 214 Pensão, foro ou cano – regra – valor fixo – prestação anual invariável ....................................... 215 Laudêmio .......................................................................................................................................... 215 qualquer das partes, quando fossem dispor do direito de que eram titular, assim que fossem exercê-lo ficavam obrigados a notificar o negócio oneroso que iriam realizar e estipulavam prazo de 30 dias para que outro se manifestasse se queria ou não adquirir o direito do outro. ........................................................................................................................ 215 DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 7 Se o enfiteuta fizesse a alienação se via obrigado ao pagamento do Laudêmio, que é a prestação devida pelo enfiteuta ao senhorio por ter alienado o bem enfitêutico sem que o senhorio exercesse o direito de preferência de que é titular. .................................................. 215 Não poderá constituir novas enfiteuses ................................................................................................ 216 Não pode ceder as existentes ................................................................................................................. 216 O Laudêmio só poderá incidir sobre a terra nua – desconta-se o valor das benfeitorias – regramento que se aplica ..........................................................................................................................................216 Terreno de marinha .................................................................................................................................. 216 Terreno de Marinha é tratado por lei federal – DL 9.760/46 – art. 64, §2. ......................................... 216 A enfiteuse de direito público é definida em lei como aforamento. ............................................. 217 Poderá instituir sobre qualquer bem público da união que for dominical. ................... 217 Terreno de marinha – faixa de 100m a contar da orla marítima – é obrigatório e constitucionalmente obrigatório o regime de enfiteuse. ........................................................ 217 Incide Foro, Câno ou pensão que será de 0,6% ao ano sobre a propriedade plena sem prejuízo do IPTU ou ITR. ................................................................................................................................. 217 Incide laudêmio que será de 5% do valor de qualquer alienação onerosa realizada pelo enfiteuta. ........................................................................................................................................... 217 Para alienar o bem: (é indispensável para lavrar a escritura pública – sob pena de responsabilidade do Tabelião) ........................................................................................................ 217 Obrigatório apresentar certidão negativa de débitos federais; ..................................... 217 A quitação do laudêmio; .................................................................................................. 217 Certidão autorizadora de alienação expedida pela SPU (secretaria de patrimônio da União); ...................................................................................................................................... 217 Direito real de superfície ...................................................................................................................... 217 Somente imóveis urbanos ...................................................................................................................... 217 Os interessados deverão no ato de instituição do direito de superfície determinar se estará o contrato subordinado ao estatuto da cidade ou ao CC/02. ................................................................................. 218 DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 8 Conceito: O proprietário (concedente) pleno transfere temporariamente ao superficiário ou concessionário os direitos de plantar, construir ou plantar e construir sobre o seu imóvel. A superfície sempre será temporária, a perpetuidade é nula........................................................... 219 O ato constitutivo é solene e admite única forma: Escritura Pública (art. 221 LRP). O direito só será constituído quando do registro imobiliário deste título. Registro, que não está no art. 167 da LRP e sim do estatuto da cidade e no CC/02. .................................................................................................. 219 Negócio jurídico e benfeitorias acrescidas ..................................................................................... 219 Servidões ............................................................................................................................................... 220 Conceito Servidões Prediais: são direitos reais sobre coisa alheia pelas quais o proprietário atual de um imóvel impõe sobre ele uma restrição cuja finalidade é beneficiar de alguma forma o dono do imóvel vizinho. É naturalmente perpétua e se efetivam em relação aos imóveis vizinhos. ............................................................................................................................................ 220 Imóvel serviente: é aquele que sofre o ônus e que, portanto, percebe uma diminuição na sua utilidade econômica -$$. .................................................................................................... 221 Imóvel dominante: é aquele em favor do qual se instituiu a servidão e por consequencia garante uma vantagem, uma maior utilidade, em favor de seu dono +$$. ............................ 221 Vizinhos contíguos: divisão dos imóveis decorre tão somente da linha divisória e eventual elemento de tapagem (muro) ................................................................................... 221 Vizinhos por proximidade: aqueles que entre as propriedades existem outros elementos de separação além da própria linha divisória e elementos de tapagem. (estrada; rio) ........ 221 Servidão será instituída a título oneroso ou gratuito e poderá ser por três origem distintas - Qualquer que seja a causa o titulo deverá ser registrado na Serventia Imobiliária das propriedades envolvidas ................................................................................................................................................................ 221 Escritura pública – todos os proprietários dos imóveis terão de manifestar anuência; ............. 221 Testamento – imóvel serviente – que só se efetiva se o dono do imóvel dominante concordar em receber. ............................................................................................................................................. 221 Usucapião – 10 anos / 20 anos /doutrina– 15 anos ...................................................................... 221 Servidão aparente é aquela que deixa vestígio em razão de sua existência (ex. de passagem). ........ 222 Servidão não se presume: havendo a prática de atos semelhantes à servidão serão tidos como meros atos de tolerância e não induzem à servidão. O beneficiário não tem direito – não tem a usucapionem a seu favor. ................................................................................................................. 222 DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 9 Servidões são indivisíveis: A indivisibilidade não proíbe a divisão do imóvel dominante ou do serviente. Mas, uma vez divididos, a servidão acompanha a divisão e passa a onerar ou beneficiar cada parcela da divisão, salvo se inaplicável ao caso concreto. .................................. 222 Interpretação restritiva: pelo conteúdo da servidão estipulada não se pode presumir mais direitos do que a que foi expressamente consignada. ................................................................... 223 Dever de aceitar a coisa abandonada: sendo aceita a servidão é extinta, pois a coisa deixa de ser alheia. ..................................................................................................................................................... 223 Se não aceita: passa ao prédio dominante os encargos relativos ao exercício da servidão. ............... 223 Extinção – averbação – também pela desapropriação ........................................................................ 223 Parágrafo único. Se o prédio dominante estiver hipotecado, e a servidão se mencionar no título hipotecário, será também preciso, para a cancelar, o consentimento do credor. ... 223 Com a extinção, o valor dos bens ficará alterado, o serviente valoriza e o dominante desvaloriza – por isso a autorização quando o imóvel for o dominante. ............................... 223 Cancelamento Judicial ............................................................................................................................... 224 Art. 1.388. O dono do prédio serviente tem direito, pelos meiosjudiciais, ao cancelamento do registro, embora o dono do prédio dominante lho impugne: ............................................................................. 224 I - quando o titular houver renunciado a sua servidão; ................................................................ 224 II - quando tiver cessado, para o prédio dominante, a utilidade ou a comodidade, que determinou a constituição da servidão; (apenas este é efetivamente motivo para se requer judicialmente) ................................................................................................................................... 224 III - quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão. ....................................................... 224 Outras hipóteses – extinção – faculdade do serviente em cancelá-la .................................................. 224 I - pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa; (apenas se cancela se todos forem proprietários tanto do serviente como do dominante) ...................................................... 224 II - pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título expresso; (judicial) ............................................................................................................................................ 224 III - pelo não uso, durante dez anos contínuos. (judicial) ............................................................. 224 Usufruto – 1/3 – usar e fruir ................................................................................................................ 226 Bens móveis – idndepende de (R), mas RTD – segurança – competência – local da situação do bem 226 DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 10 Deve incidir sobre coisas infungíveis uma vez que se recai sobre coisa fungível ainda será usufruto, mas será denominado quase usufruto. ........................................................................... 226 No “quase usufruto” (coisa fungível) o usufrutuário recebe coisa que pode atingir a substancia – ex. dinheiro. ......................................................................................................... 226 O usufrutuário tem o dever de restituir aquilo nas mesmas condições em que recebeu, ressalvada a deterioração natural ou decorrente do próprio uso. ......................................... 226 Bens imóveis: ......................................................................................................................................... 227 Usufruto com origem no testamento ou documento público: o registro terá caráter constitutivo. ........................................................................................................................................................... 227 Usufruto com origem na usucapião: registro terá caráter declaratório. ...................................... 227 Usufruto de imóvel – registro. Se for usufruto de imóvel oriundo de execução nos termos do art. 122, §1CPC será averbado nos termos da lei, ou seja, pelo CPC – só neste caso por causa do texto de lei – ver corregedoria. ................................................................................................................. 227 Características ........................................................................................................................................... 227 Usufruto é inalienável............................................................................................................................ 227 Posso ceder o exercício – que terá apenas caráter obrigacional ................................... 227 Alienável ao nu proprietário! .......................................................................................... 227 Necessariamente direito Temporário – no máximo a vida do usufrutuário. ...................................... 227 Usufruto sucessivo e Usufruto simultâneo .............................................................................................. 228 Usufruto sucessivo: ato pelo qual o proprietário ao instituir o usufruto determina que com a morte do usufrutuário o direito real de que ele é titular será transmitido automaticamente a outra pessoa. Vedado pela Lei. ................................................................ 228 Pois caracteriza fideicomisso em vida, e esse apenas pode ocorrer por disposição testamentária. .......................................................................................................................... 228 Usufruto simultâneo: desde o ato de instituição são eles co-usufrutuários – são usufrutuários do mesmo bem e entre eles há divisão do usufruto. ......................................... 228 Regra: Com a morte de cada um deles, o direito retorna ao nu proprietário. ............... 228 Mas poderá estabelecer que o quinhão pertencente ao usufrutuário pré-morto seja acrescido aos demais usufrutuários. ........................................................................................ 228 DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 11 Apenas pode estipular o direito de acrescer no caso de óbito – atos voluntários não podem, pois inalienável. ........................................................................................................... 228 Rendimentos / despesas - administração ............................................................................................... 228 Produtos - se nada for dito, o usufrutuário apenas poderá retirar os produtos tal qual fazia o dono da coisa. ...................................................................................................................................................... 229 Recebida a coisa: Assim que recebe a coisa, o usufrutuário tem o dever de inventariá-la e firmar declaração a respeito do estado e as condições em que se encontra. .......................................... 229 Caução: O nu proprietário tem direito de requerer caução para garantir a devolução da coisa nas mesmas condições que foi dada– “cautio usufructuaria”, mas não exigirá quando o nu proprietário for o donatário e o usufruto está reservado com o doador. .................................... 229 Art. 1.401. O usufrutuário que não quiser ou não puder dar caução suficiente perderá o direito de administrar o usufruto; e, neste caso, os bens serão administrados pelo proprietário, que ficará obrigado, mediante caução, a entregar ao usufrutuário o rendimento deles, deduzidas as despesas de administração, entre as quais se incluirá a quantia fixada pelo juiz como remuneração do administrador. ..................................................................... 229 Despesas .................................................................................................................................................... 229 Até dois terços do rendimento anual – usufrutuário ............................................................................ 229 Mais de dois terços – nu proprietário ................................................................................................... 229 Extinção – mesmo critério das servidões ................................................................................................ 230 Não sendo vantajoso o rendimento liquido, o usufrutuário poderá abandonar a coisa em favor do nu proprietário. ........................................................................................................................... 230 Com dilação probatória– judicial ........................................................................................................ 230 Sem necessidade de produzir prova – diretamente no RI .................................................................... 230 I - pela renúncia ou morte do usufrutuário; ................................................................... 230 II - pelo termo de sua duração; ....................................................................................... 230 III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer; Poderá o usufruto ser em favor de Pessoa Jurídica – que terá período máximo de 100 anos (CC/16) reduzido para 30 anos pelo CC/02. Neste sentido aplica-se o art. 2028. ................................ 230 IV - pela cessação do motivo de que se origina; .............................................................. 230 DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 12 V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409; ........................................................................................................................................ 230 VI - pela consolidação; ..................................................................................................... 230 VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 1.395; .. 230 VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399). 230 Uma vez extinta, obrigatória a averbação do seu cancelamento em vista do título que comprova a causa extintiva. ...................................................................................................................................... 230 Cancelamento em razão de óbito com direito de acrescer deverá ser realizada apenas uma Averbação cancelando e acrescendo. .............................................................................................. 231 Direito real de uso e direito real de habitação.................................................................................... 231 Regulados pela regra do Usufruto naquilo que couber. ................................................. 231 Ambos inalienáveis .......................................................................................................... 231 Ambos personalíssimos .................................................................................................... 231 Uso: terá direito de usar conjuntamente com os membros de sua família e os empregados domésticos. Podendo retirar apenas os frutos necessários para a manutenção das pessoas relacionadas acima. ................................................................................................................................................................ 231 Família: usuário, cônjuge ou companheiro e os filhos solteiros. .................................................. 231 Habitação: o habitador tem apenas o direito de morar em imóvel alheio. ......................................... 231 Coabitação: todos têm direito a morar, mas se um ou mais não morar também não pode exigir que os outros que moram paguem aluguéis. .................................................................................. 232 Quando o usufruto e o direito real de habitação for decorrente do direito de família não haverá registro imobiliário. ............................................................................................................................... 232 DIREITO REAL DE GARANTIA ............................................................................................................... 232 Pressuposto existencial: existência de obrigação – tem que existir um vínculo obrigacional anterior que será protegido pelo direito real (que será sempre acessório). ...................................................... 232 Garantias pessoais – fidejussórias – (fiador; avalista) é o próprio patrimônio daquele que garante a obrigação que poderá ser alcançado para garantir que ela seja quitada........................................... 233 DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 13 Garantias Reais – penhor, hipoteca e anticrese .................................................................................. 233 Normas gerais – Direitos Reais – direito reais de garantia – depende de jus disponendi .............. 235 § 1o A propriedade superveniente torna eficaz, desde o registro, as garantias reais estabelecidas por quem não era dono. ................................................................................................................... 236 § 2o A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver. ....................................................................................................................... 236 Em regra a garantia pode ser prestada pelo próprio devedor da obrigação principal, mas a garantia também poderá ser prestada por um terceiro, salvo quando houver vedação legal expressa (ex. cédula de garantia rural). ......................................................................... 236 Vênia Conjugal – exceto separação absoluta ou participação final nos aquestos com cláusula especial .............................................................................................................................................. 236 Propriedade em Condomínio – apenas sob o quinhão de que faz jus .................................................. 237 Principio da indivisibilidade .................................................................................................................. 238 Principio da excussão ............................................................................................................................ 239 Preferência ao crédito Hipoteca – prioridade no registro – exceção quanto à preferência de créditos – ordem legal ................................................................................................................................................ 240 Preferência ao crédito Penhor ................................................................................................................. 241 Princípio da Especialização ...................................................................................................................... 243 Direito de Remir o débito - sucessores .................................................................................................... 244 Penhor ................................................................................................................................................... 244 Rural .................................................................................................................................................. 244 Industrial e mercantil ....................................................................................................................... 244 Móveis → posse → tradição → RTD ................................................................................................. 244 Exceçãoà transmissão da posse ........................................................................................................... 244 Penhor rural ...................................................................................................................................... 244 Penhor Industrial ............................................................................................................................. 244 Penhor de Veículo............................................................................................................................. 244 DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 14 Direitos do Credor Pignoratício ............................................................................................................... 246 Obrigações do Credor Pignoratício .......................................................................................................... 247 Extinção do penhor ................................................................................................................................... 248 Penhor agrícola ......................................................................................................................................... 248 CONDOMÍNIO ........................................................................................................................................... 251 1. Generalidades: ...................................................................................................................................... 251 20. Espécies de condomínio:.................................................................................................................. 251 Geral / tradicional / comum ..................................................................................................................... 251 Edilício / horizontal / por unidades autônomas .................................................................................... 251 21. Direitos dos condôminos: ................................................................................................................ 252 Uso e fruição do todo, independentemente de sua fração ideal/quota-parte/quinhão ...................... 252 Promover a defesa do todo, independentemente de sua cota ............................................................... 252 Possibilidade de alienar (dispor gratuita ou onerosamente: venda ou doação) ou onerar (dar em garantia), desde que haja o consentimento dos demais......................................................................... 252 Direito de alienar ou onerar a sua fração ideal, independente do consentimento dos demais .......... 253 Direito de voto ........................................................................................................................................... 254 22. Deveres dos condôminos tradicionais: ........................................................................................... 254 Não alterar a finalidade da coisa .............................................................................................................. 254 Não dar posse nem fruição a terceiro sem o consentimento dos demais. ............................................ 254 Dever de rateio das despesas comuns / taxa condominial .................................................................... 254 Responsabilidade pelos frutos colhidos isoladamente/individualmente............................................. 255 23. Administração do condomínio: ....................................................................................................... 255 24. Espécies de condomínio comum e extinção: .................................................................................. 256 25. Extinção do condomínio .................................................................................................................. 257 26. Condomínio Edilício: ........................................................................................................................ 258 DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 15 Natureza jurídica do condomínio edilício: .............................................................................................. 259 - time sharing: ........................................................................................................................................... 260 Elementos constitutivos do condomínio edilício: ................................................................................... 261 a) ato de instituição .......................................................................................................................... 261 b) convenção do condomínio .......................................................................................................... 262 c) regimento interno ........................................................................................................................ 264 DAS SUCESSÕES ............................................................................................................................................... 265 1. Noções gerais ........................................................................................................................................ 265 Momento da abertura da sucessão ...................................................................................................... 267 Indignidade e deserdação ..................................................................................................................... 270 Cessão de direitos hereditários ............................................................................................................. 272 Aceitação de herança ................................................................................................................................ 274 Renúncia da herança ................................................................................................................................. 275 SUCESSÃO LEGÍTIMA .............................................................................................................................. 278 Sucessão do descendente ....................................................................................................................... 281 Sucessão do Ascendente ........................................................................................................................ 281 Sucessão do Cônjuge .............................................................................................................................. 282 2. Sucessão Testamentária ........................................................................................................................... 286 SUCESSÃO TESTAMENTAMENTÁRIA ................................................................................................... 286 Pressupostos ............................................................................................................................................. 287 Formas testamentárias ............................................................................................................................. 290 Cláusulas testamentárias .......................................................................................................................... 292 Regras permissivas ................................................................................................................................ 293 Regras proibitivas..................................................................................................................................294 Redução de cláusula testamentária e direito de acrescer.................................................................... 296 DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 16 Direito de Acrescer ................................................................................................................................... 297 Testamenteiro ........................................................................................................................................... 298 Extinção do Testamento ........................................................................................................................... 298 Aula 1 – 26/01/2011 – Cristiano Chaves cristianofarias@uol.com.br DIREITO DE FAMÍLIA Conceito Família é um grupo de pessoas unidas afetivamente. É comum enxergar a família como um grupo unido por vínculos biológicos. Modernamente, afasta-se esta idéia e entende-se que família não é dado, mas construído, porque o conceito de família não pertenceria à biologia, mas à cultura. Família é 1 fenômeno cultural. A adoção é um exemplo disso - Conceito atual de família: - família é o lugar privilegiado onde o ser humano nasceu inserido e onde desenvolve as suas potencialidades, tendendo a sua dignidade; Quadro histórico do Direito de Família no Brasil: Família perante o CC/16 - matrimonializada/casamentária as famílias que não nasciam do casamento eram tidas como ilegítimas; - patriarcal o homem era o patriarca da família; - hierarquizada a família era concebida hierarquicamente; - necessariamente heteroparental entre sexos diferentes; - biológica se uniam para procriação – a adoção não estabelecia vínculo familiar – a adoção se desfazia com a morte do adotante, impedindo acesso do adotado à herança; - institucional a família era vista como uma instituição; - TRINÔMIO: casamento -> sexo -> reprodução a relação sexual só estava protegida porque decorria do casamento. Toda reprodução decorria do elemento sexual. Até a lei 883/49 um homem casado estava proibido de registrar/reconhecer um filho extraconjugal (fora do casamento – esse filho era tido como ilegítimo). A base única familiar era o casamento. Essa estrutura familiar era família-instituição, onde se protegia a família e não os componentes do núcleo familiar. Assim a família era vista como estrutura institucional. A lei 6.515/77 (Lei do Divórcio), prevê que o juiz poderá indeferir a homologação judicial do acordo de separação caso ele perceba que tal acordo não é bom para os filhos e nem para o casal, assim, esse dispositivo protege a família. A família institucionalista trazia o casamento como indissolúvel; Família perante a CF/88: - pluralizada, mútilpla, plural; - democrática homens e mulheres são iguais perante a lei; DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 2 - igualitária igualdade substancial – admite tratamento desigual onde houver desigualdade - Fundamento para o ECA e o Estatuto do Idoso; - hetero ou homoparental mãe solteira com sua filha é uma família monoparental e homoparental. A homoparentalidade decorre da monoparentalidade; - biológica ou sócio-afetiva (adoção tem os mesmos efeitos de uma filiação biológica); - instrumental a família é instrumento, é meio de proteção da pessoa humana, não um fim em si mesma. Ninguém é obrigado a ter uma família para ter proteção. Não são as pessoas que nasceram para ter família, mas sim a família que nasceu para as pessoas. Família é o lugar privilegiado em que a pessoa humana nasce inserida e de onde desenvolve a sua personalidade. Esse lugar privilegiado não é uma obrigação. Constituída uma família, a partir dali decorrem inúmeros efeitos protetivos. O direito de família não protege a família, protege as pessoas que estão inseridas nas famílias. Maria Berenice Dias: “Família Eudemonista” -> família é a busca da realização pessoal e da felicidade. Significa que ninguém tem família para si mesmo. Família protege a pessoa, não a instituição. O que existiu até a EC 66? Art. 34, Lei do Divórcio: Permitia ao juiz indeferir acordos de separação consensual, para proteger as pessoas e seu patrimônio, mas sacrificava os cônjuges. Exemplo claro do caráter instrumental/eudemonista da família, citamos a súmula 364 do STJ: “O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas”. Não fala que o bem de família pode ser de pessoa sozinha. A Súmula fala do conceito de impenhorabilidade do bem de família, deixando notar que seu fundamento não é uma família institucional, mas instrumental. A norma de direito de família protege a pessoa humana – essa é a mensagem da súmula: mesmo quem não tem família merece a mesma proteção. Demonstra proteção à pessoa humana, o caráter instrumental da família. Outro exemplo é a lei Maria da Penha (11.340/06), que traz a proteção da mulher contra violência doméstica e familiar (Rogério Sanches diz que a lei Maria da Penha não aplica- se aos homens, mas podem se aplicar a grupos que historicamente são vitimados por violência doméstica e familiar – travestis, homossexuais, transexuais, etc.); Paradigmas Direito de Família: Se cair direito de família na prova aberta, escrever isso. Afeto Ética DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 3 Dignidade de seus membros Solidariedade recíproca Não tem caráter vinculante. Muitos autores os chamam de princípios do direito de família, como Maria Berenice Dias. Canotilho: Solução Casuística (só o juiz fixa seu conteúdo) Solução Apriorística Solução vem da lei e o juiz só a aplica. Toda Norma Jurídica é Princípio e Regra. Princípio é norma aberta Regra é norma fechada. A grande mensagem é que todo princípio tem força normativa, vincula, obriga. Todo princípio tem aplicação compulsória, não há espaço para escolha, é vinculante. Se afeto fosse princípio, a sua aplicação seria compulsória e as pessoas seriam obrigadas a dar afeto. Mas pense: uma pessoa é obrigada a gostar de outra? Dar afeto, de modo que sua falta pudesse implicar conseqüências jurídicas? Esses 4 paradigmas não se tratam de princípios, porque não tem força vinculante, exceto dignidade e solidariedade, porque emanam da norma constitucional, mas em outra perspectiva, não exclusivos do direito de família. Esses paradigmas não tem natureza principiológica, malgrado diversos autores assim o considerem. STJ REsp 757.411/MG: o STJ afastou indenização por abandono afetivo, porque o afeto não é exigível juridicamente. RESPONSABILIDADE CIVIL. ABANDONO MORAL. REPARAÇÃO. DANOS MORAIS. IMPOSSIBILIDADE. DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 4 1. A indenização por dano moral pressupõe a prática de ato ilícito, não rendendo ensejo à aplicabilidade da norma do art. 159 do Código Civil de 1916 o abandono afetivo, incapaz de reparação pecuniária. 2. Recurso especial conhecido e provido. Assim, o STJ está falando que o afeto não é princípio fundamental, porque não é exigível, sendo um paradigma, a não ser que você se refira à palavra princípio na sua moderna concepção.Nery: 2 tipos de princípios: fundamentais (tem coercibilidade, força normativa) e informativos. Os princípios fundamentais são os tratados por Canotilho, princípios com força vinculante. Os princípios informativos/gerais seriam meros aconselhamentos. Se é 1 conselho, a pessoa está obrigada a ouvir? Não, não tem força vinculante/normativa. STJ: ao mesmo tempo que diz que o afeto não é princípio, prestigia-o como paradigma do direito de família. Ex.: reconhecimento de direito de visita de avós e padrastos. Se o faz, é porque reconhece a importância do afeto e deve ser considerado nos julgamentos. 2 novos temas, com pouca referência bibliográfica, que não caíram em concurso ainda: Direito de Família Mínimo/Intervenção Mínima do Estado nas Relações de Família Esta idéia diz respeito à valorização da autonomia privada nas relações de família. Objetivo: prestigiar a pessoa humana. Se o direito de família é afetivo e se o afeto emana de uma vontade humana, o direito de família precisa valorizar esta vontade humana. Com isso, diminui-se a intervenção do Estado e amplia-se a valorização da autonomia privada. Até bem pouco tempo, dizia-se que toda norma de direito de família era cogente e de ordem publica. A autonomia privada no direito de família ficou restrita historicamente ao âmbito patrimonial. Agora, diz-se que o direito de família deve respeitar a autonomia privada nas questões patrimoniais e, também, nas questões existenciais. Exemplos: DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 5 ECA artigo 28 – reforma de mais de 200 artigos em 2009. Se liga! Lei 12.010/09 – a colocação em família substituta exige prévia oitiva da criança ou adolescente. Porém, maior de 12 anos, exige-se seu consentimento – sua manifestação é vinculante – é o prestígio da autonomia privada, mesmo em se tratando de criança e adolescente. Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei. Possibilidade de mudança do regime de bens: CC 1.639, § 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. Possibilidade de mudança do regime de bens, mesmo que o casamento tenha sido celebrado sob o regime da separação obrigatória, quando cessada a causa que o originou: Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II - da pessoa maior de 70 anos; (LEI Nº 12.344, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2010) III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. Ex.: quem precisa de autorização judicial para casar. Menor de 16 anos. Divorciado que não fez partilha dos bens. Para o maior de 70 anos nunca será possível a mudança do regime, porque a causa não cessará. EC 66, que eliminou os prazos para o divórcio Confirma que casamento é ato de vontade, porque o Estado vai se retirando do casamento. DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 6 Como não há mais prazo, o divórcio é 1 direito potestativo instintivo. A discussão sobre a intervenção mínima do Estado no Direito de Família jáchegou ao pacto antenupcial: o casal pode fazer disposições de vontade? Historicamente se disse que no pacto antenupcial só eram possíveis disposições de ordem patrimonial, como regime de bens, regimes híbridos; só que agora, com essa discussão acerca da intervenção mínima do Estado, com a autonomia aumentada, já se diz que no pacto antenupcial, o casal pode dispor de questões patrimoniais e, também, de questões existenciais. Melhor exemplo: o casal pode dispensar os deveres do casamento (1.566 – co-habitação). Isso interessa ao Estado ou às pessoas? Se não há interesse estatal, o casal pode dispor no pacto antenupcial. CC – cláusula geral de intervenção mínima do Estado Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. Este artigo se refere ao Estado, almeja o Estado e quer dizer claramente que o Estado não pode intervir na comunhão de vida instituída pela família. Alguns autores enxergam nesse movimento do 1.513 a função social da família: é vedado a 3º prejudicar a comunhão familiar. Alguns autores começaram a falar que esse artigo se refere à amante, mas ele não fala nada sobre amante... O STJ afastou dano moral contra a amante, porque o dever de fidelidade é entre os cônjuges. Não é possível invocar este artigo contra a amante. Porém, nada impede que haja dano moral por violação da dignidade. Pura quebra de dever conjugal não gera indenização. A idéia de direito mínimo está violada pela lei 12.344 – alterou a idade do regime de separação obrigatória. A maioria dos autores sustenta a inconstitucionalidade desta lei que limita o direito de escolha do regime de bens aos 70 anos, por violar a dignidade humana. Senilidade não é sinônimo de incapacidade. DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 7 Aplicação de direitos e garantias fundamentais e sociais nas relações familiares Esse é 1 tema novo que ganha fôlego na doutrina. Sustenta-se que os direitos e garantias fundamentais tem aplicação direta nas relações privadas como um todo, inclusive nas relações familiares. Diz-se que todo e qualquer direito e garantia fundamental e social tem aplicação direta e imediata – significa que não precisa de norma intermediária. STF RE 201.819/RJ consagrou a aplicação direta e imediata princípios constitucionais nas relações privadas como um todo. Por conseqüência, será aplicável ao direito de família. Princípios constitucionais dos novos rumos do Direito de Família CF 226 e 226 a) pluralidade das entidades familiares b) igualdade entre homem e mulher c) igualdade entre os filhos d) facilitação da dissolução do casamento e) responsabilidade parental Todos eles obrigam, vinculam, porque correspondem a opções do sistema. Esses princípios podem colidir com outros princípios constitucionais, cuja solução ocorrerá por meio da ponderação de interesses. Nem sempre – pode ser ou não – sinônimo de proporcionalidade, este pode se apresentar como princípio interpretativo ou técnica de solução de conflitos. DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 8 Proporcionalidade Princípio Técnica de Solução Interpretativo de Conflitos Razoabilidade Ponderação de Interesses Como princípio interpretativo, chama-se Razoabilidade. Como técnica de solução, chama-se Ponderação de Interesses. Nem todo uso de proporcionalidade é ponderação de interesses. Nem todo uso de proporcionalidade é ponderação, mas toda ponderação é proporcionalidade. Ex.: admissibilidade de prova ilícita no direito de família. STJ RMS 5352/GO – STJ não admitiu prova ilícita em nenhuma das ações por ser da esfera cível. Cristiano considera que, uma vez considerada ilícita a prova, o juiz deveria ser retiradodo processo, porque ele já viu o conteúdo da prova e será por ela influenciado. É 1 idéia muito nova, compartilhada por Marinoni. a) pluralidade das entidades familiares: - tal princípio vem do caput do artigo 226 da nossa carta magna: “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”; Essa fórmula reconhece o caráter plural da família. Não é mais necessariamente casamento, é possível família sem casamento. O conceito de família é múltiplo, plural, abrange outras entidades familiares, como união estável e família monoparental; O 226 faz referência a 3 diferentes tipos de família: - família casamentária: nos §1º e §2º a Constituição cuidou da família casamentária, dizendo que “o casamento é civil e gratuita a celebração” e “o casamento religioso tem efeito civil nos termos da lei” – a família casamentária se refere ao casamento; - família convivencial: prevista no §3º, refere-se à união estável; - família monoparental: prevista no §4º do artigo 226 da CRFB/88; - Este rol de entidades familiares do 226 é taxativo ou exemplificativo? Se você disser que é taxativo, estará dizendo que nenhum outro tipo de afeto será família. Doutrina e Jurisprudência são uniformes em reconhecer que o rol é meramente exemplificativo, não taxativo. Assim, o 226 admite outros tipos de família que não estão taxativamente contemplados. DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 9 Tira-se isso do próprio caput do 226. A descrição dos parágrafos não poderia restringi-lo e é meramente exemplificativo. Ex.: família anaparental (composta apenas por irmãos), ótimo exemplo da pluralidade de entidades familiares. - O 226 é 1 cláusula geral de inclusão. Significa afirmar que ele protege as famílias, sem excluí-las. - Observação: Existiria uma escalada hierárquica afetiva entre os tipos de família previstos na Constituição? Para a doutrina brasileira (posição majoritária), como diz Maria Berenice Dias, não há concepção hierárquica da família, uma vez que a família da união estável não é pior do que casamento, assim, união estável não é casamento de segunda classe. Por dados do IBGE, a maioria dos brasileiros encontram-se atualmente em união estável. Considerar o casamento melhor do que a união estável seria asfixiar o sentido da carta magna. Apesar da posição doutrinária majoritária dizer que não existe hierarquia, o Código de 2.002, no campo dos Direitos das Sucessões, o código partiu da premissa de que a união estável não pode ter o mesmo tratamento do casamento (apenas sob o ponto de vista sucessório) – Cristiano Chaves entende que essas disposições do CC/02 não são constitucionais (apenas opinião dele). Entendendo que o Código está certo, Maria Helena Diniz, com o argumento de que aqueles que tornam o casamento público merecem mais proteção do que aqueles que optam por viver na clandestinidade; - a lei 9.278/96 foi criada com o pretexto de disciplinar a realização do casamento, mas a lei nada disse de interessante, trazendo um dispositivo completamente inócuo. O código civil, no artigo 1.726, diz que a união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz assento no Registro Civil. Esse artigo é de duvidosa constitucionalidade, uma vez que para casar não há que se pedir ao juiz, mas para converter a união estável em casamento, pareceu precisar. - a lei 12.010/09, confirmando uma concepção plural de família, citou três tipos de família: família natural + família estendida (ou ampliada) + família substituta (art. 28 do ECA, com redação dada pela lei 12.010/09): - família natural: formada por pai e/ou mãe e a sua prole; - família ampliada: formada pelo pai e/ou mãe e a sua prole e os parentes desse pai e/ou mãe (avós, tios, etc.) – na colocação da criança ou adolescente em família substitua, a família ampliada tem prioridade, mas isso não se aplica de forma plena tendo em vista a adoção, já que é proibida a adoção por avós e por irmãos; - família substituta: formada pela guarda, tutela e adoção. Toda e qualquer forma de colocação em família substituta. Adolescente com mais de 12 anos, sua DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 10 colocação em família substituta depende do seu consentimento1 (seja para guarda, tutela ou adoção). Caso a criança ou adolescente tenha menos de 12 anos, não é necessário seu consentimento, mas sempre que possível criança e adolescente devem ser ouvidas nas ações que digam respeito ao seu interesse (guarda, visitas, colocação em família substituta). Em se tratando de criança ou adolescente originária de comunidade indígena ou quilombola, deve ser colocada em família que respeite a sua cultura e deve ser ouvida a FUNAI; *SAP – Síndrome de Alienação Parental a alienação parental se dá através do estado psicológico de depreciação gerado por um genitor contra ou outro. Como criança e adolescente estão em fase de formação, esse sentimento depreciativo pode causar seríssimas consequências. Doutrina e jurisprudência entendem que se houverem indícios de SAP a guarda deve ser modificada ou invertida; - família reconstituída/recomposta/ensambladas/mosaico: é a família formada por pessoas que já possuem filhos, tendo novos filhos. É o famoso caso das viúvas que têm filhos que casam com os viúvos que tem filhos e ainda assim têm os dois, mais filhos: é o famoso, “os meus, os seus, os nossos”. O código, timidamente, fez alusão ao vínculo de parentesco por afinidade nesse caso. Parentesco por afinidade somente gera 1 consequência: impedimento matrimonial (único efeito do código para a afinidade art. 1595, CC). Não tem alimentos, herança, nada. Se o parentesco por afinidade é na linha reta, o impedimento matrimonial é para sempre, mas se o parentesco por afinidade é na linha colateral, o impedimento é até o divórcio ou a morte (pode casar com ex-cunhada, não com a ex-enteada). Maria Berenice Dias diz que deveria ser efeito de parentesco por afinidade os alimentos e as heranças (lógico, em caráter residual). Na lei e na jurisprudência existem outros efeitos para as famílias recompostas: a) benefício previdenciário para o enteado (art. 217 da lei 8.112/90) para servidores públicos federais; b) direito de retomada de imóvel alugado para uso da própria família (inclusive para a família recomposta) – assim é possível retomar o imóvel alugado para o enteado, para a sogra, etc.; REsp 36.365/MG c) a lei Clodovil – 11.924/09 – acrescentou o §8º ao art. 57 da LRP, que passou a dizer que “o enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos §§2º e 7º deste artigo, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízos de seus apelidos de família.” Devida manifestação expressa do MP. Vale lembrar que como se trata de acréscimo, não pode 1 Esse consentimento deve ser colhido em audiência. DIREITO CIVIL INTENSIVO II Prof. Cristiano Chaves e Pablo Stolze Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 11 haver prejuízo para o pai e para a mãe, portanto, não há prejuízo para estes, sendo desnecessário o consentimento do pai e da mãe. Menores de 18 anos: no procedimento de jurisdição voluntária devem ser citados todos os interessados, assim, o pai e a mãe devem ser citados, mesmo não tendo a guarda do filho (art. 1105, CPC). Vale lembrar
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