Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIALETOS E REGISTROS � O texto abaixo retrata várias cenas de assalto, cada uma delas situada em um Estado ou região diferente do país. A fala do assaltante tem sempre o mesmo conteúdo, enquanto o uso da linguagem e o modo como o assalto é conduzido mudam de uma situação para outra. ASSALTANTE MINEIRO : - Ô sô, prestenção. Issé um assarto, uai. Levantus braço e fiketin quié mió prucê. Esse trem na minha mão tá chein de bala… Mió passá logo os trocado que eu num to bão hoje. vai andano, uai ! Tá esperanuquê, sô?! ASSALTANTE BAIANO: - Ô meu rei… (pausa) Isso é um assalto… (longa pausa) Levanta os braços, mas não se avexe não… (outra pausa) Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado . Vai passando a grana, bem devagarinho ( pausa pra pausa ) Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado. Não esquenta, meu irmãozinho, ( pausa ) Vou deixar teus documentos na encruzilhada ASSALTANTE CARIOCA: - Aí, perdeu, mermão! Seguiiiinnte, bicho. Isso é um assalto sacô? Passa a grana e levanta os braço rapá… Não fica de caô que eu te passo o cerol. Vai andando e se olhar pra trás vira presunto… ASSALTANTE PAULISTA: - Porra, meu… Isso é um assalto, meu. levanta os braços cara.. Passa a grana logo, meu. Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o ingresso do jogo do Corintia, meu… Pô, agora se manda, meu. ASSALTANTE GAUCHO: - O gurí, ficas atento .. isso é um assalto . Levanta os braços e te aquieta, tchê ! Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Passa as pilas prá cá ! E te manda, senão o quarenta e quatro fala. ASSALTANTE CEARENSE: Ei, bixim... Isso é um assalto...Arriba os braço e num se bula nem faça munganga...Passa vexado o dinheiro senão eu planto a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora... Perdão meu Padim Ciço, mas é que eu tô com uma fome da moléstia.... ASSALTANTE DE BRASÍLIA: Caro povo brasileiro, no final do mês, aumentaremos as seguintes tarifas energia, água, esgoto, gás, passagem de ônibus, IPTU, IPVA, lincenciamento de veículos, seguro obrigatório, gasolina, álcool, imposto de renda, IPI, ICMS,PIS, COFINS... ASSALTANTE PARNANGUARA (de Paranaguá) Meu caneco! Isso é um assalto. Passa as paradinha aí. Vamo,não marca, passa tudo, sem se imetidar, senão eu solto uma semelha bala nos teus corno. Vamo, senão eu doule uma que...vamo, quedele? Vamo nóis! Fica na tua. Vá simbora toda vida reto, sem olhá pra trás. Ei cara , demorô ! Passa logo a magrela e a cartera aí mané, que eu to com uma larica do cão e quero rangar, né . Não demora senão o bagulho vai pegá pro teu lado. Daí cara... não inventa arte, que o berro tá carregado. Passa tudo e não demora, senão eu te dole uma que... Passa logo ...Meu caneco ! Que carinha devagar ...olha que eu te pego nas quebrada. GIRIAS UTILIZADAS POR GRUPOS LIGADOS AO RAP E HIP HOP Dicionário dos manos Mano não vai embora, vaza. Mano não briga, arranja treta. Mano não bebe, chapa o coco. Mano não cai, toma um capote. Mano não entende, se liga. Mano não passeia, dá um rolé. Mano não come, ranga. Mano não entra, cai pra dentro. Mano não fala, troca ideia. Mano não dorme, apaga. Mano nunca tá apaixonado, tá a fim. Mano não namora, dá uns cato. Mano não mente , dá um migué. Mano não ouve música, curte um som. Mano não se dá mal, a casa cai. Mano não acha interessante, acha bem loco. Mano não tem amigo, tem uns truta/uns camarada. Mano não mora em bairro , se esconde nas quebrada. Mano não vai para o Guarujá, cai pro litoral. Mano não tem namorada, tem mina. Mano não faz algo legal, faz umas parada firmeza. Mano não é gente , é mano. E para finalizar: “Sangue na veia de mano não corre... tira racha”. CERTO, MANO?! ALGUMAS DIFERENÇAS NO PORTUGUÊS DO BRASIL E DE PORTUGAL Brasil Portugal abridor de garrafas ou saca-rolhas saca-rolhas abridor de latas abre-latas água-viva ou medusa alforreca ou medusa alho-poró alho-porro aquarela aguarela arquivo (de computador) ficheiro aterrissagem aterragem banheiro casa-de-banho ou quarto-de-banho brócolis brócolos caminhão ou camião (linguagem oral) camião calcinha cuecas femininas carona boleia carro conversível carro descapotável carteira de identidade ou Registro Geral/RG bilhete de identidade/BI carteira/carta de motorista carta de condução chaveiro porta-chaves ou chaveiro concreto betão diretor (de cinema) realizador esparadrapo, bandeide (band-aid) penso, penso-rápido estúpido parvo fila de pessoas fila ou bicha fones de ouvido auscultadores, auriculares, fones gol golo grampeador agrafador legal fixe maiô fato-de-banho mamadeira biberão metrô metro, metropolitano nadadeiras, pé-de-pato barbatanas ônibus autocarro perua, van carrinha salva-vidas ou guarda-vidas salva-vidas ou nadador-salvador secretária eletrônica atendedor de chamadas sunga ou calção de banho calções de banho, calção de banho (telefone) celular telemóvel terno fato trem comboio torcida claque isopor esferovite pebolim (ou totó) matraquilhos água sanitária lixívia descarga autoclismo privada sanitária, vaso sanitário ou privada retrete ou sanita TERMOS E GÍRIAS UTILIZADOS POR DETENTOS: Abanar: sinais criados pelas presas para se comunicar com os detentos da penitenciária masculina Ajudazinha : propina, suborno alcaguetar : Dedurar, passar informação ou acusar alguém Agá: Simular, dar cobertura Arregaçar: o mesmo que “botar pra quebrar”, espancar, se dar bem. Ex. : Vamos arregaçar a fita. Avião: indivíduo que repassa drogas, pratica a venda de drogas, ou apenas transporta para alguém. Ex.: fazer um avião, aviãozinho, etc. (Ver também mula) Bagulho: Maconha, também são assim chamadas as mercadorias resultantes de furtos e roubos Barca: viatura policial que realiza escoltas, significa apenas as viaturas maiores, tipo Blaser ou F-1000 - ROTAM Barulho ou fazer um barulho: revelar-se, promover gritarias Berro: revólver Bicuda : Estoque / faca Boi : Buraco dentro do coletivo, destinado à satisfação das necessidades fisiológicas Boiola : Homossexual Bomba: aparelho celular habilitado e utilizado pelos presos no interior de presídios ou Cabrito: veículo adulterado, roubado ou furtado; detento homossexual ou que é obrigado a ter relações sexuais com outros presos etc. Caído : mal vestido Cair: o mesmo que ser preso. Ex.: o “China” caiu (o “China” foi preso) Canelar : correr, fugir Cano: Arma , revólver Caôca : dar atenção, prestar atenção. O mesmo que “dar idéia”. Da atividade: Mesmo que olheiro Dar mala: dispensar. Dar mio / milho : Matar / ficar em lugar visado e ir preso Dar um boi : liberar, soltar, perdoar alguém. Ex.: Vou dar um boi pro cara. Dormir no braço : Manter relações homossexuais Enquadrar : Tirar satisfação, acuar, ameaçar [Policial – emprego diverso: o assaltante está enquadrado (incurso) no artigo 157] Escrachado: fato que todos já tem conhecimento ou pessoa cuja atividade todos já sabem. Escravo : Agente penitenciário / carcereiro Estar Branco: Não tem ninguém na área / está tudo sob controle Faculdade: penitenciária (geralmente designa as penitenciárias de SP) Farinha : cocaína Feinha: Esposa Gado: Mulher ou pessoa tola / ladrão rápido Gambé : Polícia militar Gancho: telefone, termo usado genericamente, designando aparelho telefônico ou celular Ganso : Pessoa ruim, que fica olhando, encarando o outro Grampo: Algemas Interditar: Não permitir que a ex-companheira se relacione com outro bandido Irmão: Designa “parceiro” da mesma facção criminosa Ir para o piano: Ser torturado , interrogado Jega: cama. Joaninha:Carro de polícia tipo fusca Lampiana : Faca Laranja : Aquele que assume a culpa no lugar do outro Latrô : Pessoa que mata para roubar Malocar : Esconder , camuflar Mamãozinho : droga Microondas: Forma de homicídio em que são utilizados pneus ou similar , para circundar um corpo e após o que este vem a ser queimado. Moita: qualidade de quem não aparece, não se expõe, “fica na miúda”, fica na moita Narizinho : Cocaína / ato de cheirar cocaína Na tora : na marra, à força, de qualquer jeito, na frente de todos, na cara-de-pau Noia : usuário ou dependente de drogas, fissura. Noiado significa doidão, drogado, alucinado. Pode também significar qualquer tipo de droga que se tem à mão. Oitão: revolver cal. 38 Olheiros: O mesmo que vigias, exercem um papel importante dentro da favela, são os primeiros a anunciar, por meio de morteiros, fogos ou rádio transmissor, a chegada de grupos rivais, Passar o cerol : matar Passarinho: informante, preso que entrega o outro e cuja identidade ninguém conhece. Ex.: tem passarinho no pavilhão; cuidado com o passarinho Pé de chinelo : É o preso caído, sem respaldo financeiro Pé de chinelo : É o preso caído, sem respaldo financeiro Pé de Porco : Agente penitenciário / guarda da cadeia Perdigão : Preso que trabalha como guarda GÍRIAS DE MOTOQUEIROS Arregar: Dar uma boa gorjeta. (Informante cearence.) Assassina: Apelido da moto de 125cc, uma vez que ela é utilizada diariamente no trabalho dos motobóis e com ela eles sofrem acidentes. Balança: Elemento principal da suspensão traseira da motocicleta. Balão apagado: Diz-se do estado do motobói que cai de moto e desmaia. Bananada: Motorista que dirige mal no trânsito e atrapalha o motobói. “Ele é um bananada.” Barbeiro: Diz-se daquele que dirige mal. Batalha: Trabalho. Baú: Receptáculo colocado na parte posterior da moto para transporte de objetos. Beijar o chão: Cair da moto. Beterraba: “Ficar como beterraba.” Diz-se do motociclista que caiu da moto e se ralou muito. Beth*: Mulher feia. Em alusão à novela “Beth, a feia.” Bicheira: Moto velha. Bicicleta: Motocicletas abaixo de 125cc utilizadas pelos motobóis. Blay blade*: Moto velha. Bom: (Boa) Quando o motobói reconhece o endereço de alguém que dá gorjeta. “Essa é a boa.” “Esse é o bom.” Bombar: Quando o motobói recebeu muitas gorjetas. “O dia bombou de gorjetas.” Bonde: Dar um bonde. Quando um motobói enguiça na pista e um outro empurra sua moto usando a pedaleira traseira. Brigadão: V. Cinco dedos. Bundão: Diz-se do indivíduo que tem medo ao andar na garupa do moto-táxi. Cabra: Diz-se de uma moto que foi montada em cima de um chassis roubado de outra moto. Cabritar: 1. Montar uma moto roubada. 2. Quando um motobói dispõe de poucos recursos e monta uma motocicleta com partes de motos de fabricantes, modelos e anos diferentes. Em geral isso é feito pelos que estão começando na profissão. Cachorro louco: Motociclista que é rápido e audaz no trânsito. Caidinha: Moto velha. Caixinha: Quando o motobói vê uma moto 500cc suspira e diz: “Estou juntando a caixinha...” (Para comprar uma moto daquele porte.) Calo: Expressão típica da mecânica. Quando uma engrenagem adquire uma deformidade e ela é sentida pelo piloto. Em geral ocorre na caixa de direção. Canelas: Par de hastes dianteiras que fixam a roda dianteira. Canguinha*: Diz-se do indivíduo que não dá gorjeta. Careca: Quando o motobói recebe o endereço da entrega e já reconhece que não vai receber gorjeta. Zona Norte: “Essa entrega vai ser careca.” “Vou ganhar uma careca.” Zona Oeste: “Aquela entrega foi um careca.” “Aquela entrega foi o maior careca.” “Isso é o maior careca.” Carenagem: A estrutura de plástica que cobre partes da motocicleta, como o motor, fiação etc. Carniça: Moto velha. Casca de ovo: V. Coquinho. Var. Casquinha de ovo. Cenoura*: Novato em motocicleta. Cheio de pernas*: Novato em motocicleta. Churrasqueira: Acessório colocado na parte posterior da moto que serve para transporte de objetos através de Rede ou Strep, ou para sustentar o Baú. Cinco dedos*: Quando o morador não dá gorjeta, se limitando a dizer: “Muito obrigado.” e acena com a mão. V. Careca. Cinco estrelas*: Quando o cliente dá gorjeta. Coiote: Cano coiote. Tipo de escapamento. Remove-se o escapamento original da moto e coloca-se este, que emite um som semelhante a um uivo. Comprar terreno: Cair da moto. Coquinho: Tipo de capacete para hipismo, não aprovado para uso em motocicletas, mas muito comum entre os motobóis. Coroa: Uma das partes da relação (V.). Disco dentado que fica fixado à roda traseira da motocicleta e que age em sincronia com o pinhão (V.) através da corrente. Corredor: Espaço entre os carros em horário de grande fluxo de veículos, no qual os motobóis se deslocam. Creme de lixo: Chorume que cai do caminhão de lixo e é extremamente perigoso para o motobói. Cru na pista: Novato. Danone: 1. Motobói novo na profissão. 2. Motobói que costuma cair. Descanso: Diz-se do suporte em que a moto é apoiada quando deixada em repouso. Do ano: Novato. Dragão: Mulher feia. Emoção: Quando o moto-táxi pega o passageiro pergunta a ele se quer a viagem com ou sem emoção, ou seja, cometendo ou não imprudências no trânsito. Extensor: Corda elástica com um gancho em cada ponta; termo absorvido da linguagem dos surfistas. V. Strep. Ferramenta: Moto nova. Var. Ferramenta nova. Filé: Moto boa. Fita: Amigo. Outro motociclista. “Fala fita.” (Nota: Também é gíria policial.) FM: Motorista que dirige mal, por isso Faz Merdinha. Fortaceler: Dar uma gorjeta. Fracote: V. Bundão. Fumar: V. Viciada. Garfo traseiro: V. Balança. Garfo: Parte anterior da moto na qual a roda da frente se fixa. V. Canela. Gorda: Diz-se da gorjeta que é boa. Imundície: Moto velha. Jubiraga: Moto em más condições. Jumento de igreja*: Diz-se do motobói que demora muito a sair para fazer entrega. Junto: “Estamos juntos.” Quando um motociclista tem um problema, o outro diz: “‘Tamo junto. ’” Kamikaze: 1. Motobói audaz. 2. Termo usado pelos motobóis para se referirem a maus motoristas. Lacraia: 1. Moto velha. 2. Mulher feia. Após uma entrega, o motobói retorna e diz que entregou a encomenda na casa de uma L. Lata velha: Moto velha. Lerdo: Motorista que dirige mal e atrapalha a entrega do motobói. Luta: Trabalho. Mamada: Diz-se da mulher que, ao pedir uma entrega, também escolhe o entregador que a fará. Mão: 1. Colar a mão. O acelerador da moto fica no punho direito e é acionado em um movimento de retração e soltura. A expressão assemelha-se à do automóvel “pé na tábua”. 2. Mão de porco. Aquele que não dá gorjeta. 3. Mão de vaca. Aquele que não dá gorjeta. Máquina: Moto de alta cilindrada. Var. Maquinão. Mata-cachorro: Estrutura de aço que serve de proteção para o motor e a carenagem (V.) da moto ou escapamento. Neste último caso, quando colocado em sua parte posterior. Termo dicionarizado: “apelido depreciativo dado ao soldado de polícia”. Certamente uma metonímia em função do equipamento que a moto usa. Mendiga: Diz-se da entrega na qual já se sabe que não se vai receber gorjeta. “Essa entrega é mendiga.” Mendigo: Diz-se do indivíduo que não dá gorjeta. Mesa: Parte anterior da motocicleta em que o guidão e as canelas (V.) se fixam. Mongolar: Quando o motociclista cai no chão. Morceguinho: Tipo de guidão móvel que é ajustável através de parafusos. Perigoso em caso de colisão. Motão: Moto de alta cilindrada. Var. Motão. Motinha: Moto muito usada ou de baixa cilindrada. Geralmente motocicleta para quem está começando na profissão. Muquirana: Diz-se do morador que não dá gorjeta. Nada: Diz-se da entrega da qual já se sabe que não vai receber gorjeta. “Não vai sair nada.” Neurótico: Diz-se do motociclista que dirige bem. Orelha: Peça que fixa o farol à mesa (v.) damotocicleta. Pão-duro: Aquele que não dá gorjeta. Pedaleira: Local onde o piloto ou o passageiro colocam o pé. Pegar: O que pega para um pega para todo mundo. (Expressão que denota o sentimento de coletividade dos motobóis.) Peito de aço: Nas motos off road, peça que tem como objetivo proteger o motor. Semelhante aos veículos de quatro rodas. Péla saco: Diz-se de quem não dá boa gorjeta. Perebinha: Moto velha. Perereca: Moto velha. Pescoço: Local do quadro (V.) em que a mesa (V.) se encaixa para permitir a dirigibilidade da moto. Piloto: Diz-se daquele que dirige bem no trânsito. Pinhão: Pequeno disco dentado que fica fixo em um eixo que sai diretamente do motor. A rotação deste disco é transmitida à roda traseira da moto através da corrente e deste modo o veículo move-se. Comumente chamado de pião (V.). Prego: 1. Diz-se do indivíduo que é incipiente. No caso dos motobóis, aquele que costuma cair muito ou danificar muito a motocicleta. 2. Diz-se do motobói que, ainda novo na profissão, já quer fazer exibicionismo. Quadro: A estrutura sobre a qual a moto é montada. Comparando com um automóvel seria o chassi. Quicar: Ligar a moto. Do inglês kick: chutar. Quique: Equipamento utilizado para ligar a moto com um golpe da perna do piloto. Rabeta: Parte posterior da carenagem da motocicleta. Empréstimo da linguagem dos surfistas. Ralar a goiaba: Cair da moto. Ratão: Passageiro que não tem medo de andar na garupa dos moto-táxis. Ratona*: Moto velha. Rebocar: Empurrar a moto de um outro motociclista através da pedaleira traseira. Rede: Rede elástica com seis ganchos para transporte de objetos presos no tanque, banco ou na churrasqueira da motocicleta. Relação: Dá-se este nome ao conjunto coroa, corrente e pinhão. Este conjunto é a transmissão da motocicleta. Robô: 1. Moto de alta potência. (Zona Norte); 2. Moto nova (Zona Oeste). Robozão: Moto nova. Roda presa: Diz-se do motorista que anda devagar e atrapalha o motobói. Ruim de jogo: Quem não dá gorjeta. Ruim de roda: Diz-se daquele que dirige mal. Sangue bom: Diz-se de quem dá boa gorjeta. Sanhaço: 1. Moto ruim. 2. Lugar perigoso onde se vai fazer uma entrega. Sarapão: Motociclista que pilota mal. Sinistro: Expressão que se aplica para muitas coisas. “Hoje o dia foi sinistro.” O motobói não recebeu gorjetas. Siri com câimbra: Motocicleta velha. Strep: V. Strep. Touro louco: Diz-se do motobói que dirige mal. Trampo: Traballho. Trepada: Moto roubada. Tribufu: Forma dicionarizada: pessoa feia.. Trubufu: Diz-se da mulher que é feia. Assimilação. Vaca: Cair da moto. Empréstimo da linguagem dos surfistas. “O motociclista tomou/levou uma vaca.” Viciada: Quando o motor da motocicleta está com algum problema e começa a soltar muita fumaça, os motobóis dizem que a moto do colega está “viciada”, em alusão a fumar muito. Vida “loca”: Expressão usada pelos motobóis para se referirem a seu estilo de vida. Virar asfalto: Cair da moto. Viúva Negra: Um modelo de moto que não tinha redução da rotação do motor (fator muito importante para esses veículos) e um péssimo sistema de freios e que, por isso, fazia com que o piloto não conseguisse pará-la, acidentando-se. Yamaha: “Pega tudo ‘iamarra’ e joga no lixo.” Os motobóis não gostam das motos desta marca por diversos fatores. Zerada: Moto nova. Dialetos regionais Mato Grosso do Sul Palavras indígenas e vocábulos em guarani (língua oficial do Paraguai) são empregadas amplamente nas regiões de fronteira. Alguns exemplos: mitacunhã porã – moça bonita galheta – bolacha canha – pinga (em Bela Vista) Em Campo Grande e outros municípios do Mato Grosso do Sul, os regionalismos mais freqüentes foram introduzidos por colonos gaúchos: trompar – trombar bolita – bola de gude mate – chimarrão quente tereré – chimarrão gelado pandorga – pipa vote! – interjeição de repulsa ou espanto (cruzes!) guaiaca (tupi) – cinto de couro, dotado de bolsas externas, usado pelo boiadeiro guaipesca (tupi) – cachorro vira-latas Norte e Nordeste O uso das vogais abertas, no português falado na Bahia, revela traços conservadores da época do Descobrimento do Brasil, dizem os lingüistas. baba (BA) – futebol amador, bate-bola, pelada xexéu (BA) – homem afeminado macaxeira – mandioca jerimum – abóbora laranja-cravo – mexerica, tangerina baitolo – homossexual masculino Rio Grande do Sul gaudério – sinônimo de gaúcho; termo mais amplamente usado no interior "te abanquetas" – expressão usada para convidar a pessoa a sentar-se bergamota – mexerica, tangerina redomão – potro que ainda não foi domado atucanado – cheio de tarefas, atarefado amargo – chimarrão rapariga – termo ainda empregado pelos velhos para designar moça piá – bebê, ou jovens até 14 anos chinoca – na zona rural, moça promíscua guampudo – indivíduo "corno" mas que tal? – forma de cumprimento em cidades fronteiriças como Uruguaiana, por exemplo bagaceiro – de mau gosto, "brega" Pernambuco fiteiro – qualquer banca de rua. O termo relaciona-se, originalmente, ao vendedor de fitas que circulava pela cidade então, pronto... – expressão de acordo ou confirmação é o bicho – expressão de emprego recente, refere-se a algo muito bom ou interessante fruta – homem afeminado, em Pernambuco Sergipe mercadinho – supermercado, hipermercado. "Mercado" refere-se apenas ao Mercado Municipal e, embora os grandes estabelecimentos sejam hoje relativamente bem maiores, eles continuam com o nome no diminutivo. banca – aulas de reforço particulares ("dá-se banca", "colocar os filhos na banca", "professora de banca") Maria clara – é a cachaça ("dormir com a Maria Clara", uma alternativa para os solteiros) cabrunco – vocabulário pesado e grosseiro. O mesmo que o substantivo "peste", nas acepções seguintes: (1) coisa de causar espanto; (2) pessoa ruim. marchante – galicismo encontrado no Aurélio como "comerciante de carnes, açougueiro" para o Norte e o Nordeste. Mais recentemente, o significado foi ampliado para pequeno comerciante, de qualquer gênero. A imprensa local usa correntemente. ximango, xibunga, ximbunga – homem afeminado, o mesmo que "bicha" no Rio. Ximbunga pode ser também qualquer coisa de péssima qualidade. peba (som de é) – Em SE e AL, adjetivo depreciativo, que se aplica a qualquer coisa de péssima qualidade inferior. Entretanto, a popular Praia do Peba é muito bonita... O nome neste caso veio do rio que ali desemboca. Tulha – no interior de Sergipe, monte (de terra, lixo, entulho etc.) dar uma camada de pau – dar uma grande surra pegar ou tomar galha – ser traído Alguns termos regionais de Roraima e da cultura amazônica Na região de Roraima, a influência indígena é clara nas palavras, nas expressões e na rotina da capital Boa Vista e das cidades interioranas. Confira a seguir uma lista com alguns termos usados pela população local. Cutião - Indivíduo que abandonou a vida em sociedade na cidade grande e foi morar sozinho, isolado de tudo e de todos. A expressão tem origem no roedor Cutia, um mamífero de hábitos solitários. Preá - Termo contrário ao Cutião, refere-se ao indivíduo que tem muitos filhos. A origem está no roedor sul-americano que se reproduz com facilidade e pode ter várias ninhadas num mesmo ano. Jacamin - Refere-se ao individuo que cria o filho de outras pessoas. A origem está na ave típica da região amazônica, que costuma pousar no ninho alheio para cuidar dos filhotes. Bacural - Designa os vigias noturnos que cuidam das canoas na beira do rio. O termo é originário de uma ave de hábitos noturnos, típica da região e ameaçada de extinção. Rupelo - Indivíduo que não tem nada na vida. O termo é considerado uma ofensa, já que se refere a uma pessoa do mais baixo escalão. Vara de Espichar couro - Pessoa alta, comprida. A expressão tem origem numa varautilizada por fazendeiros para medir o couro do boi que seria esticado. Amojada - Termo utilizado para dizer que uma mulher está grávida, ou para designar uma moça de seios fartos. A palavra costumava ser usada para dizer que as vacas da fazenda estavam prenhas. Rebenque - Chicote de couro usado pelos cavaleiros. Pode também ser feito de rabo de tatu ou pênis de boi. Baxero - Pano para forrar o cavalo antes de se colocar a cela. Pindaíba - Pescar com vara. Canaimé - Lenda indígena dos Macuxis, que dá conta de um ser meio homem meio tamanduá, que aterroriza as pessoas que causam mal à natureza. É um personagem equivalente ao Saci Pererê em outras regiões do Brasil. Makunaima - Mal que vive no monte. Canaima - Expressão indígena que diz: cuidado com o que vem do céu. Também é o nome de um Parque Nacional na Venezuela. Caxiri - Bebida indígena fermentada a base de mandioca, uma espécie de cerveja. Curare - Veneno extraído de uma planta e usado pelos índios na ponta das flechas durante os combates. Vocabulário Mineiro MINERIN = Típico habitante das Minas Gerais. I = E (Ex: minino, ispecial, eu i ela, vistido). UAI = O correspondente ao UÉ dos paulista. Ex: Uai é uai, uai! ÉMEZZZ? = Minerin querendo confirmação. ÓIQUI = Minerin tentando chamar a atenção para alguma coisa. TXII = O irmão do pai ou da mãe (mulher do txii é a txxiiiiaa). INTORNÁ = Quando não cabe na vasilha. Derramar no paulistanês. PÃO DE QUEJO =Alimento fundamental na mesa mineira, disputa com o TUTU a preferência dos minerin. TUTU = Mistura de farinha de mandioca com feijão triturado e uns temperim lá da horta. TREM = Palavra que nada tem a ver com transporte, e que quer dizer qualquer coisa que o minerin quiser. Ex. Já lavô us trem? Eu comi uns trem. Vamo lá tomar uns trem? MA QUI BELEEEZZZ = Expressão que exprime aprovação, quando gostou de alguma coisa. NNN = Gerúndio do minerês. Ex. Brincannno, corrennno, innno, vinnno. BELZONT = Capital de Minas Gerais. TRIANGO MINER-RO = Triângulo Mineiro. BERABA e BERLANDIA = Cidades famosas do Triangulo Mineiro. PÓ PÔ PÓ? = A mineira perguntando ao marido se pode por o pó (ao fazer café). PÓ PÔ POQUIN = Resposta afirmativa do marido. JIGIFORA = Cidade mineira próxima ao Estado do Rio de Janeiro, o que confunde a cabeça do minerin que não sabe se é minerin ou carioca. [Juiz de Fora] ESTAÇÃO = Onde desembarcam os minerin com suas malas cheias de queijo. COFÓFÔ EU VÔ = Conforme for, eu vou. OIÓ TÓ = Olha aí, ó, toma... VARGE = Aquele legume verde rico em fibras. MAGRILIM = Indivíduo muito magro. DEUSDE = desde (Ex: Eu sou magrilim deusde que eu era muleque!). NIGUCIM = qualquer coisa que o minerin acha pequeno. NUÉMERMO? = minerim procurando concordância com suas idéias. NUM...NÃO = advérbios de negação usados na mesma frase - Ex: Num vô não. Num quero não. Num gosto não. ESPIA = nome da popular revista VEJA quando chega na distante e pequena cidade do minerin. KINEM = advérbio de comparação, igual - Ex: Ela saiu bunita kinem a mãe. ARREDA = verbo na forma imperativa, semelhante a sair, deslocar-se. - Ex: Arreda pra lá, sô! IMMM = forma diminutiva Ex. Piquininimm, Lugarzimm, bolimm, vistidimm, sapatimm, etc. DIFERENÇAS ENTRE A FALA E A ESCRITA MODALIDADES ESCRITA E FALADA FALA ESCRITA Interação face a face (identidade temporal – possibilidade de usar elementos do contexto) Interação a distância (não identidade espaço-temporal – sem possibilidades de utilizar elementos do contexto) Supressões Sem supressões Pausa Sem pausa [Só por meio da pontuação] Interrupções Sem interrupções Repetições Sem repetições Expletivos/fáticos (bom..., aí..., né..., então...) Sem expletivos Linguagem informal Linguagem formal Parênteses e retomadas Sem parênteses e retomadas Possibilidade de reformulação (não é bem assim... isto é..., minto..., deixe-me esclarecer...), que pode ser promovida tanto pelo falante como pelo interlocutor A reformulação pode ser promovida apenas pelo autor Planejamento simultâneo ou quase simultâneo à produção Planejamento anterior à produção Criação coletiva: administrada passo a passo Criação individual Impossibilidade de apagamento Possibilidade de revisão Acesso imediato às reações do interlocutor Sem possibilidade de acesso imediato O falante pode processar o texto, redirecionando-o a partir das reações do interlocutor O escritor pode processar o texto a partir das possíveis reações do leitor BIBLIOGRAFIA DE APOIO: BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fonteira, 2009. BECHARA, Evanildo. Lições de português pela análise sintática. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. CUNHA, Celso e CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 3a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência verbal. São Paulo: Ática, 1987 ________________ Dicionário prático de regência nominal. São Paulo: Ática, 1987 SAVIOLI, Francisco Platão. Gramática em 44 lições. 11ª ed., São Paulo: Ática, 1992
Compartilhar