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Inquérito Policial

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Direito Processual Penal I Prof. Dr. Pablo Alflen 
1 
 
Inquérito Policial 
 
1) Conceito: 
 
Praticado um fato definido como crime, como vimos, surge para o Estado o jus puniendi que 
só pode ser concretizado através do processo. 
Porém, a fim de propor a ação penal é necessário que o Estado disponha de um mínimo de 
elementos probatórios que indiquem a ocorrência de uma infração penal e sua autoria, sendo o mais 
comum que isso seja obtido com o inquérito policial. 
Cabe à polícia judiciária, exercida pelas autoridades policiais, a atividade destinada à 
apuração das infrações penais e da autoria por meio do inquérito policial, preliminar ou preparatório 
da ação penal. O destinatário do inquérito da ação penal pública é o Ministério Público ou o 
ofendido, nas ações penais privadas, que, a partir dele, formam a opinio delicti para a propositura da 
denúncia ou da queixa. 
O inquérito, como visto, não é processo é procedimento administrativo-informativo 
destinado a fornecer ao órgão da acusação o mínimo de elementos necessários à propositura da ação 
penal. A investigação realizada pela autoridade policial não se confunde com a instrução criminal, 
distinguindo o Código o inquérito policial da instrução criminal. Por essa razão não se aplicam ao 
inquérito os princípios processuais. A respeito, inclusive, já decidiu o STF que “a inaplicabilidade 
da garantia do contraditório ao procedimento de investigação policial tem sido reconhecida tanto 
pela doutrina quanto pela jurisprudência dos Tribunais, cujo magistério tem acentuado que a 
garantia da ampla defesa traduz elemento essencial e exclusivo da persecução penal em juízo”. 
 
2) Polícia judiciária e Classificação da polícia: 
 
 Instrumento da administração, a polícia é uma instituição de direito público, destinada a 
manter a paz pública e a segurança individual. Nos termos do ordenamento jurídico do país, cabe à 
polícia as funções administrativas (ou de segurança), de caráter preventivo, em que deve garantir a 
ordem pública e impedir o cometimento de fatos que lesem ou ponham em perigo bens individuais 
ou coletivos e a função judiciária, de caráter repressivo, quando deve, após a prática de um crime, 
recolher elementos para que se possa instaurar a competente ação penal contra os autores do fato. 
De acordo com a CF/1988, às policias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, 
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de 
infrações penais, exceto as militares (art. 144, § 2.º), pois as infrações militares são apuradas pela 
própria polícia militar. 
Direito Processual Penal I Prof. Dr. Pablo Alflen 
2 
À polícia federal incumbe apurar as infrações penais contra a ordem política e social ou em 
detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas 
públicas, assim como aquelas infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional 
e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei, bem como exercer, com exclusividade, a 
função de polícia jurídica da União (art. 144, § 1º, I a IV). Não há diferença entre essas funções, de 
apuração de crimes e da polícia judiciária, mas, diante da distinção estabelecida nas normas 
constitucionais, pode-se reservar a denominação polícia judiciária, no sentido estrito, à atividade 
realizada mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público ou direcionada ao 
judiciário. O art. 4.º do CPP não faz essa distinção, denominando polícia judiciária os órgãos da 
apuração das infrações penais. 
Costuma-se, de modo geral, fazer a seguinte distinção: 
- administrativa (preventiva): de caráter preventivo, visa impedir a prática de atos lesivos a 
bens individuais e coletivos; atua com grande discricionariedade, independentemente de 
autorização judicial; tal função é inerente à polícia federal, rodoviária federal, ferroviária 
federal, civil e militar. 
- polícia judiciária (ostensiva ou repressiva): exerce função auxiliar a justiça, daí sua 
designação; atua quando os atos que a polícia administrativa pretendia impedir não foram 
evitados; possui a finalidade de apurar as infrações penais e suas respectivas autorias, 
visando, com isso, fornecer ao titular da ação penal elementos para propô-la; é exercida pela 
polícia civil, federal e, excepcionalmente, militar. 
 
3) Finalidade do inquérito: 
 
 A finalidade do inquérito, como dito anteriormente, é a apuração de fato que caracteriza 
crime (materialidade do crime) e a respectiva autoria, a fim de servir de suporte para a o legitimado 
oferecer a competente ação penal. 
 
4) Inquéritos extra-policiais: 
 
 Conforme refere o parágrafo único do art. 4.º do CPP, os atos de investigação destinados à 
elucidação dos crimes não são exclusivos da polícia judiciária, ressalvando-se expressamente a 
atribuição concedida legalmente a outras autoridades administrativas. Assim, o MP tem 
legitimidade para proceder a investigações e diligências conforme determinarem as leis orgânicas 
estaduais e também preceitos constitucionais, como preceitua o art. 129, III da CF/1988. As 
Comissões parlamentares de inquérito (CPIs) têm poderes de investigação próprios das autoridades 
Direito Processual Penal I Prof. Dr. Pablo Alflen 
3 
judiciais (art. 58, § 3.º da CF), tendo sua atuação regulamentada atualmente pela Lei 1.579/1952, a 
qual disciplina o inquérito parlamentar. 
Apesar disso, o STF estabeleceu inúmeras orientações no que diz respeito à atuação das CPI’s, tais 
como a possibilidade de “utilização, por CPI, de documentos oriundos de inquérito sigilos (HC 
100.341, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 4.11.2010); as CPI’s não tem poder para decretar a quebra 
do sigilo das comunicações telefônicas (interceptação), do mesmo modo “não tem poder jurídico 
de, mediante requisição, a operadoras de telefonia, de cópias de decisão nem de mandado judicial 
de interceptação telefônica, quebrar sigilo imposto a processo sujeito a segredo de justiça” (MS 
27.483, Rel. Min. Cezar Peluso, J. 14.8.2008). Ademais, as CPI’s podem convocar pessoas a depor, 
as quais estão obrigadas a fazê-lo, quando arroladas como testemunha, sob pena de condução 
coercitiva, ressalvado, sempre, em seu beneficio, o exercício do privilégio constitucional contra a 
auto-incriminação (HC 88.189, Rel. Min. Celso de Mello, J. em 7.3.2006). Aliás, o STF já firmou 
entendimento no sentido de que a CPI “não está impedida de estender seus trabalhos a fatos que, no 
curso do procedimento investigatório, se relacionem a fatos ilícitos ou irregulares, desde que 
conexos a causa determinante da criação da CPI” (MS 25.721, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, J. 
19.12.2005; MS 25.717, Rel. Min. Celso de Mello, J. 16.12.2005; MS 25.725, Rel. Min. Marco 
Aurélio, J. 12.12.2005; MS 25.733, Rel. Min. Ayres Britto, J. 31.1.2006); inclusive, “as CPI'S não 
podem decretar bloqueios de bens, prisões preventivas e buscas e apreensões de documentos de 
pessoas físicas ou jurídicas, sem ordem judicial” (MS 23.455, Rel. Min. Néri da Silveira, J. 
24.11.1999). Por fim, “o sigilo bancário, o sigilo fiscal e o sigilo telefônico (sigilo este que incide 
sobre os dados/registros telefônicos e que não se identifica com a inviolabilidade das comunicações 
telefônicas) – ainda que representem projeções específicas do direito à intimidade, fundado no art. 
5o, X, da Carta Política - não se revelam oponíveis, em nosso sistema jurídico, às CPI’s” (MS 
23.452, Rel. Min. Celso de Mello, J. 16.9.1999). 
O CPPM prevê, por sua vez, o inquérito policial militar (IPM). O inquérito instaurado pela Câmara 
dos Deputados ou Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, constituiinquérito extra-policial, ademais, neste caso, caberá à Casa além da realização do inquérito (súmula 
397 do STF), também a decretação de prisão em flagrante. 
 
5) Características do inquérito: 
 
a) escrito: conforme refere o art. 9.º, do CPP, todas as peças do inquérito devem ser 
reduzidas a escrito ou datilografadas e rubricadas pela autoridade; 
b) sigiloso: conforme art. 20, do CPP, a autoridade policial deve assegurar o sigilo 
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Tal sigilo não se estende ao 
[PA1] Comentário: Todas as peças 
do inquérito policial serão, num só 
processado, reduzidas a escrito ou 
datilografadas e, neste caso, rubricadas 
pela autoridade. 
[PA2] Comentário: A autoridade 
assegurará no inquérito o sigilo 
necessário à elucidação do fato ou 
exigido pelo interesse da sociedade. 
Direito Processual Penal I Prof. Dr. Pablo Alflen 
4 
MP, nem à autoridade judiciária; ademais, o advogado pode consultar os autos do inquérito mesmo 
sob sigilo (veja o art. 7.º, incisos XIII a XV e § 1.º da Lei n.º 8.906/1994). 
 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. SÚMULA 691 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 
SUPERAÇÃO. POSSIBILIDADE. FLAGRANTE ILEGALIDADE. CARACTERIZAÇÃO. ACESSO DOS 
ACUSADOS A PROCEDIMENTO INVESTIGATIVO SIGILOSO. POSSIBILIDADE SOB PENA DE 
OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA. PRERROGATIVA 
PROFISSIONAL DOS ADVOGADOS. ART. 7, XIV, DA LEI 8.906/94. ORDEM CONCEDIDA. I - O 
acesso aos autos de ações penais ou inquéritos policiais, ainda que classificados como sigilosos, por meio de 
seus defensores, configura direito dos investigados. II - A oponibilidade do sigilo ao defensor constituído 
tornaria sem efeito a garantia do indiciado, abrigada no art. 5º, LXIII, da Constituição Federal, que lhe assegura 
a assistência técnica do advogado. III - Ademais, o art. 7º, XIV, do Estatuto da OAB estabelece que o 
advogado tem, dentre outros, o direito de "examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, 
autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar 
peças e tomar apontamentos". IV - Caracterizada, no caso, a flagrante ilegalidade, que autoriza a superação da 
Súmula 691 do Supremo Tribunal Federal. V - Ordem concedida. (SF, HC 94387, Relator Min. Ricardo 
Lewandowski, Primeira Turma, julgado em 18/11/2008, LEXSTF v. 31, n. 362, 2009, p. 417-423) 
 
c) oficioso: o caráter de oficiosidade do inquérito decorre do art. 5.º inciso I, do CPP; 
ressalvados os casos de ação penal pública condicionada e de ação penal privada (art. 5.º, §§ 4.º e 
5.º) 
d) inquisitivo: o caráter inquisitivo se depreende do próprio art. 14 do CPP, que permite à 
autoridade policial indeferir qualquer diligência requerida pelo ofendido ou indiciado (exceto 
exame de corpo de delito, por força do art. 184 do CPP); assim como do art. 107 do CPP, que 
proíbe a arguição de suspeição das autoridades policiais. Acréscimo: os únicos inquéritos que 
admitem o contraditório são o judicial, para apuração de crimes falimentares (art. 186, Lei n. 
11.101/2005)e o instaurado pela polícia federal, a pedido do ministro da justiça, visando à expulsão 
de estrangeiro (art. 70 da Lei 6.815/1980). 
 
6) Valor Probatório: 
 
 O inquérito policial tem valor probatório relativo, ou seja, é meramente informativo para a 
instauração da competente ação penal, eis que representa instrução provisória, de caráter 
inquisitivo. Não se pode, por isso, fundamentar uma decisão condenatória apoiada exclusivamente 
no inquérito, o que contraria o princípio constitucional do contraditório. Entretanto, como no 
inquérito realizam-se certas provas periciais que, embora praticadas sem a participação do 
indiciado, contêm em si maior dose de veracidade, visto que nelas preponderam fatores de ordem 
técnica que permitem uma apreciação objetiva e segura de suas conclusões, tem, o inquérito, neste 
caso, valor idêntico às provas colhidas em juízo. Além disso, os elementos do inquérito podem 
influir na formação do livre convencimento do juiz para a decisão da causa quando complementam 
outros indícios e provas que passam pelo crivo do contraditório em juízo. Vide art. 155, do CPP. 
[PA3] Comentário: § 4o O 
inquérito, nos crimes em que a ação 
pública depender de representação, não 
poderá sem ela ser iniciado. 
§ 5o Nos crimes de ação privada, a 
autoridade policial somente poderá 
proceder a inquérito a requerimento de 
quem tenha qualidade para intentá-la. 
[PA4] Comentário: O ofendido, ou 
seu representante legal, e o indiciado 
poderão requerer qualquer diligência, 
que será realizada, ou não, a juízo da 
autoridade. 
[PA5] Comentário: Salvo o caso de 
exame de corpo de delito, o juiz ou a 
autoridade policial negará a perícia 
requerida pelas partes, quando não for 
necessária ao esclarecimento da 
verdade. 
[PA6] Comentário: O juiz formará 
sua convicção pela livre apreciação da 
prova produzida em contraditório 
judicial, não podendo fundamentar sua 
decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, 
ressalvadas as provas cautelares, não 
repetíveis e antecipadas. 
Direito Processual Penal I Prof. Dr. Pablo Alflen 
5 
 
7) Dispensabilidade: 
 
 Como já referido, o inquérito policial não é fase obrigatória da persecução penal, podendo 
ser dispensado caso o Ministério Público ou o ofendido (ação privada) já disponha de suficientes 
elementos para a propositura da ação penal (CPP, arts. 12, 27, 39, § 5.º e 46, § 1.º). Na legislação 
especial, inclusive, há várias hipóteses de dispensa do inquérito, tal como na Lei n.º 1.079 de 1950, 
que define os crimes de responsabilidade do Presidente da República e outras autoridades; na Lei 
n.º 4.898/1965, relativa aos crimes de responsabilidade administrativa, civil e penal de funcionário 
público. 
 
Assim, aliás, já decidiu o STF, referindo que “não é essencial ao oferecimento da denúncia a instauração de 
inquérito policial, desde que a peça acusatória esteja sustentada por documentos suficientes à caracterização 
da materialidade do crime e de indícios suficientes da autoria”. 
 
A ressalva aqui, portanto, é no sentido de que o titular da ação penal pode abrir mão do 
inquérito policial, mas não pode eximir-se de demonstrar a verossimilhança da acusação, ou seja, a 
justa causa da imputação, sob pena de ver rejeitada a peça inicial. Isso significa que não se concebe 
que a acusação careça de um mínimo de elementos de convicção que devem encontrar, portanto, 
suporte, nas chamadas peças de informação. 
 
8) Incomunicabilidade: 
 
 A fim de impedir que o indiciado prejudique o desenvolvimento da investigação, 
comunicando-se com pessoas amigas, comparsas do crime parentes, etc., o art. 21 do CPP prevê a 
medida severa e excepcional da incomunicabilidade, respeitando-se apenas o direito do preso de 
comunicar-se com seu advogado. A incomunicabilidade somente poderia ser decretada pelo juiz 
fundamentadamente, a requerimento do MP ou da autoridade policial. Entendemos que o 
dispositivo está revogado pelo art. 136, § 3.º, inciso IV da CF/1988. Isso porque o dispositivo 
proíbe a incomunicabilidade do preso em situações excepcionais como as do Estado de Defesa e de 
Sítio, em que o Governo deve tomar medidas enérgicas para preservar a ordem e a paz social, 
podendo inclusive restringir direitos, de forma que, em situação de normalidade igualmente não se 
pode permiti-la (há um setor da doutrina que entende que o dispositivo ainda vige, assim: Damásio 
de Jesus, Vicente Greco Filho). Entretanto, o STJ já se manifestou a respeito, referindo que: 
 
RECURSO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. USURA PECUNIÁRIA. INQUÉRITO 
POLICIAL. CONTRADITÓRIO.INEXISTÊNCIA. 1. A natureza inquisitorial do inquérito policial não se 
[PA7] Comentário: Art. 12. O 
inquérito policial acompanhará a 
denúncia ou queixa, sempre que servir 
de base a uma ou outra. 
Art. 27. Qualquer pessoa do povo 
poderá provocar a iniciativa do 
Ministério Público, nos casos em que 
caiba a ação pública, fornecendo-lhe, 
por escrito, informações sobre o fato e 
a autoria e indicando o tempo, o lugar 
e os elementos de convicção. 
Art. 39, § 5o O órgão do Ministério 
Público dispensará o inquérito, se com 
a representação forem oferecidos 
elementos que o habilitem a promover 
a ação penal, e, neste caso, oferecerá a 
denúncia no prazo de quinze dias. 
Art. 46, § 1o Quando o Ministério 
Público dispensar o inquérito policial, 
o prazo para o oferecimento da 
denúncia contar-se-á da data em que 
tiver recebido as peças de informações 
ou a representação. 
[PA8] Comentário: Art. 21. A 
incomunicabilidade do indiciado 
dependerá sempre de despacho nos 
autos e somente será permitida quando 
o interesse da sociedade ou a 
conveniência da investigação o exigir. 
[PA9] Comentário: Art. 136. § 3º 
Na vigência do estado de defesa: IV - é 
vedada a incomunicabilidade do preso. 
Direito Processual Penal I Prof. Dr. Pablo Alflen 
6 
ajusta à ampla defesa e ao contraditório, próprios do processo, até porque visa preparar e instruir a ação penal. 
2. O sigilo do inquérito policial, diversamente da incomunicabilidade do indivíduo, foi recepcionado pela 
vigente Constituição da República. 3. A eventual e temporária infringência das prerrogativas do advogado de 
consulta aos autos reclama imediata ação corretiva, sem que se possa invocá-la para atribuir a nulidade ao feito 
inquisitorial. 4. Precedentes. 5. Recurso improvido. (STJ, RHC 11.124/RS, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, 
Sexta Turma, julgado em 19/06/2001, DJ 24/09/2001, p. 344) 
 
De qualquer forma, cumpre ressaltar que a incomunicabilidade não se estende jamais ao 
advogado, conforme refere o art. 7.º, III do Estatuto da OAB. 
 
9) Notitia Criminis: 
 
 A notitia criminis nada mais é do que a notícia do crime, ou seja, o conhecimento 
espontâneo ou provocado, por parte da autoridade policial, de um fato aparentemente criminoso. A 
doutrina costuma classificar a notitia criminis, como segue: 
 a) notitia criminis de cognição direta (ou imediata): também chamada de espontânea ou 
inqualificada, ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento direto do fato violador da 
norma penal por meio de suas atividades rotineiras, de jornais, da investigação feita pela própria 
polícia judiciária, por comunicação efetuada pela polícia repressiva ou ostensiva, pela descoberta 
ocasional de corpo de delito, etc. 
 b) notitia criminis de cognição indireta (ou mediata): também chamada de provocada ou 
qualificada, ocorre quando autoridade policial toma conhecimento por meio de algum ato jurídico 
de comunicação formal do delito, como, por exemplo, a delatio criminis –delação, conforme art. 
5.º, II e §§ 1.º, 3.º e 5.º, do CPP, a requisição da autoridade judiciária, do MP (art. 5.º, II do CPP), 
ou do Ministro da Justiça (art. 7.º, § 3.º, b e 141, I, c/c art. 145, par. único, do CP), e a representação 
do ofendido (art. 5.º, § 4, do CPP). 
 c) notitia criminis coercitiva, que ocorre quando da prisão em flagrante, em que a notícia do 
crime se dá com a apresentação do autor (art. 302 e ss. do CPP). 
 
 
10) Início do inquérito policial: 
 
 A ser analisado em aula. Vide aqui também o art. 184, da Lei de Falência, Lei n. 11.101/2005. 
Imprescindível distinguir entre as espécies de ações penais (pública, incondicionada ou 
condicionada, e privada). 
 
 
11) Indiciamento: 
[PA10] Comentário: Art. 184. Os 
crimes previstos nesta Lei são de ação 
penal pública incondicionada. 
Parágrafo único. Decorrido o prazo a 
que se refere o art. 187, § 1o, sem que 
o representante do Ministério Público 
ofereça denúncia, qualquer credor 
habilitado ou o administrador judicial 
poderá oferecer ação penal privada 
subsidiária da pública, observado o 
prazo decadencial de 6 (seis) meses. 
Direito Processual Penal I Prof. Dr. Pablo Alflen 
7 
 
 O indiciamento é a imputação a alguém, no inquérito policial, da prática da infração penal 
que está sendo apurada. Embora a lei não se refira expressamente a indiciamento, menciona por 
várias vezes o indiciado (art. 6.º, VIII, IX, 14, 15 etc. do CPP). Diante da colheita dos elementos 
que indicam ser uma pessoa autora do crime, a autoridade deve providenciar seu indiciamento, não 
constituindo o fato constrangimento ilegal. Ao contrário, se não houver indícios razoáveis da 
autoria, mas mera suspeita isolada, não se justifica o indiciamento. Deve a autoridade policial, tendo 
indiciado o presumido autor do crime, ouvi-lo, ou seja, interrogá-lo com a observância, no que 
couber, do disposto nos arts. 185 a 196 do CPP. O termo do interrogatório deve ser assinado, além 
da autoridade policial, escrivão e interrogado, por duas testemunhas denominadas instrumentárias 
(art 6.º, V, do CPP), que lhe tenham ouvido a leitura, não sendo necessário, portanto, que elas 
assistam ao ato. Caso o interrogado não queira, não possa ou não saiba assinar, tal circunstância 
deve ser consignada no termo (art. 195, p. único do CPP). Não comparecendo o indiciado no local e 
hora designados pela autoridade, poderá ele ser conduzido coercitivamente para a realização do ato 
(art. 260 do CPP). Não está o indiciado obrigado, porém, a responder às perguntas que lhe forem 
feitas, pois é um direito assegurado na Constituição o de permanecer calado (art. 5.º, LXIII). No 
interrogatório extrajudicial não pode o advogado intervir para perguntar, mas tem o direito de 
acompanhar o indiciado e aconselhá-lo. 
 A autoridade policial deve proceder à identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, 
exceto se já tiver sido identificado civilmente (Art. 5.º, LVIII da CF/1988). A Súmula 568 do STF, 
porém, refere que “a identificação criminal não constitui constrangimento ilegal, ainda que o 
indicado já tenha sido identificado civilmente”. Ocorre que o Art. 5.º, LVIII da CF/1988 dispôs que 
“o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses 
previstas em lei”. Com isso passou a prevalecer o entendimento de que o civilmente identificado 
não pode mais se submeter a identificação criminal. Entretanto, na norma constitucional, o 
constituinte ressalvou a possibilidade de o legislador infraconstitucional estabelecer hipóteses em 
que até mesmo o portador de cédula de identidade civil esteja obrigado a submeter-se à 
identificação criminal. Tais hipóteses, aliás, já foram estabelecidas: pelo art. 3. da Lei 12.037/2009, 
mesmo já tendo sido identificado civilmente. A identificação criminal compreende sempre o exame 
datiloscópico e a fotografia e, recusando-se o indiciado, à identificação, será conduzido 
coercitivamente à presença da autoridade (art. 260 do CPP), podendo, ainda, responder por crime de 
desobediência. 
 * Quanto ao indiciado menor (de 21 anos), como vimos, por força no Código Civil de 2002 
(vigente a partir de 2003), desapareceu a figura do representante legal e do curador para o maior de 
18 anos, salvo se doente mental, estando, portanto, o art. 15 do CPP revogado. 
Direito Processual Penal I Prof. Dr. Pablo Alflen 
8 
 
12) Encerramento: 
 
 Concluídas as investigações, deverá a autoridade policial elaborar um relatório minucioso de 
tudo o que foi apurado ao longo do inquérito policial (art. 10, § 1, CPP), porém, sem emitir 
opiniões, julgamentos ou juízos de valor, devendo, ainda, indicar as testemunhas que não foram 
ouvidas (art. 10,§ 2.º, do CPP). 
 
A finalidade do inquérito é a apuração dos fatos cuja persequibilidade comporta eventual 
oferecimento de denúncia, sendo irrelevante, nessa fase investigatória, a capitulação legal das 
condutas criminosas, que são provisórias até o decisório final. Os limites investigativos do inquérito 
são os fatos que motivaram a sua instauração, pouco importando a capitulação provisoriamente 
atribuída” (STF, HC 92484 ED, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado 
em 05/06/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-119 DIVULG 18-06-2012 PUBLIC 19-06-2012) 
 
Encerrado o inquérito e feito o relatório, os autos são remetidos ao juiz competente, acompanhados 
dos instrumentos do crime e dos objetos que interessarem à prova (CPP, art. 11), oficiando a 
autoridade, ao Instituto de Identificação e Estatística, mencionando o juízo no qual foram 
distribuídos e os dados relativos à infração e ao indiciado (art. 23, do CPP). Do juízo, os autos são 
remetidos ao MP, para que adote as medidas cabíveis. 
 
13) Prazo: 
 
 Quando o indiciado estiver solto, a autoridade policial deve concluir as investigações em 30 
dias, contados a partir do recebimento da notitia criminis (art. 10, CPP). A lei permite a prorrogação 
do prazo, pela autoridade judicial, porém, entende-se que, apesar do CPP não referir, o juiz deve 
ouvir o MP antes de deferir prorrogação, pois, sendo o titular, este pode entender que já possui 
subsídio para oferecer a peça acusatória. Concluído o inquérito, o MP também pode devolver os 
autos para que a autoridade policial proceda às investigações que o parquet entender 
imprescindíveis (art. 16), tal regra se estende analogicamente ao ofendido, no caso ação privada. O 
juiz, caso entenda que as diligências requeridas pelo MP são desnecessárias, não pode indeferir a 
volta dos autos à polícia, devendo, aqui, proceder da mesma forma que em relação ao 
arquivamento, conforme preceitua o art. 28 do CPP. 
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 Se o indiciado estiver preso, o prazo para conclusão do inquérito é de 10 dias, contados do 
dia seguinte à data da efetivação da prisão. Este prazo é improrrogável, apesar de que o atraso na 
conclusão, por entendimento jurisprudencial, não configura constrangimento ilegal. 
 * Entende-se que o MP pode requisitar diretamente à autoridade policial as diligências 
faltantes, conforme art. 13, II e 47 do CPP. 
 No caso de inquérito instaurado a requerimento do ofendido para apuração de crime de ação 
privada, concluídas as investigações, serão os autos encaminhados ao juízo competente, ficando à 
disposição da parte (que não será intimada a respeito). 
Outros prazos: 
Lei 5.010/1966, Art. 66, 15 dias, prorrogável. 
Lei 11.343/06, Art. 51, 30 dias se preso e 90 Dias se solto, duplicáveis. 
Lei 1.521/1951, Art. 10, sempre 10 dias, improrrogáveis. 
CPPM, Art. 20, 20 ou 40 Dias, prorrogáveis 1 vez por mais 20. 
 
 
 
 
14) Competência da polícia para realização do inquérito: 
 
 A polícia judiciária é mero auxiliar da justiça, atuando na área de sua respectiva 
circunscrição (art. 4.º, caput, do CPP). É, em vista disso, equivocada a referência no parágrafo único 
do art. 4.º à “competência”, que deve ser entendida no sentido comum, já que não se confunde 
atribuição com competência jurisdicional. Salvo as exceções legais, a atribuição para presidir o 
inquérito policial é deferida aos delegados de polícia de carreira, de acordo com as normas de 
organização policial dos Estados. Esta atribuição pode ser fixada tanto pelo lugar em que se 
consumou o crime (rationi loci), como também pela natureza deste (ratione materiae). Muito 
embora o CPP se refira aos atos da polícia judiciária em suas respectivas “circunscrições”, não se 
impede que a autoridade policial investigue um crime cometido em outra, desde que repercuta em 
sua competência, já que os atos inquisitórios não estão sob a égide do art. 5.º Inciso LIII da 
CF/1988, que se refere apenas ao processo pela autoridade judiciária competente. O CPP possibilita 
inclusive diligências da autoridade policial em outra circunscrição (art. 22). Além disso, a atribuição 
para a lavratura do auto de prisão em flagrante é da autoridade do lugar em que se efetivou a prisão, 
conforme os arts. 290 e 308 do CPP, devendo os atos subsequentes ser praticados pela autoridade 
do local em que o crime se consumou. Quanto aos crimes eleitorais, segundo TSE, a competência 
legal da Polícia Federal para a instauração de inquéritos policiais de apuração de ilícito tipificado no 
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Código Eleitoral, por iniciativa do MP, juiz ou Tribunal Eleitoral não exclui a competência da 
autoridade policial estadual em ação supletiva. Faltando autoridade policial federal no distrito da 
culpa, pode a autoridade policial estadual ex officio, se couber, autuar em flagrante e conceder 
fiança, por crime eleitoral, respeitadas as mesmas restrições impostas à Polícia Federal.

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