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Análise e interpretação crítica de textos literários em língua inglesa: uma abordagem pedagógica. Autor: Anayse Susany Silva Fontenele[footnoteRef:1] [1: Acadêmico do Curso de Licenciatura em Letras Inglês; E-mail: 6669564l@uniasselvi.com.br ] Tutor externo: Nome do Orientador[footnoteRef:2] [2: Tutor Externo do Curso de Licenciatura em Letras Inglês Vanessa Santos Bahia Chiandotti – Polo Santa Inês; E-mail: ciclanodetal@uniasselvi.com.br] Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Curso (TURMA) – Estágio Curricular Supervisionado 05/05/2025 RESUMO Este trabalho aborda a importância do estudo da literatura em língua inglesa como ferramenta para o desenvolvimento de uma leitura crítica e reflexiva sobre questões sociais, culturais e históricas. Destaca-se que o contato com obras literárias de diferentes épocas e regiões enriquece a compreensão de temas como identidade, poder, colonialismo e alteridade, contribuindo para a formação de cidadãos mais conscientes e críticos. A fundamentação teórica apresenta autores renomados, como Eagleton, Said e Bakhtin, que enfatizam a relação entre literatura e sociedade, além da necessidade de uma abordagem pedagógica que incentive a leitura interpretativa e a reflexão sobre as implicações sociais dos textos. O trabalho também discute os desafios enfrentados na representação de identidades e alteridades na literatura em língua inglesa, abordando questões de estereótipos, interseccionalidade e os obstáculos impostos pelo mercado editorial, que muitas vezes limita a diversidade de vozes. Ressalta-se a importância de uma postura crítica por parte dos autores e leitores para superar essas barreiras e promover uma literatura mais inclusiva, capaz de refletir a pluralidade das experiências humanas. Por fim, evidencia-se que a análise crítica e pedagógica dessas obras é fundamental para formar leitores mais engajados, capazes de compreender as dinâmicas culturais e sociais, contribuindo assim para uma educação mais reflexiva e transformadora. Palavras-chave: Literatura. Diversidade. Crítica. 1 INTRODUÇÃO A literatura em língua inglesa revela-se como uma ferramenta fundamental para ampliar a compreensão das questões sociais, culturais e históricas que permeiam as nossas sociedades contemporâneas. Para Eagleton (2006), a literatura não é apenas uma expressão artística, mas uma produção social que reflete, reforça e, por vezes, desafia as ideologias dominantes de seu tempo, oferecendo uma perspectiva crítica sobre a realidade. Nesse sentido, o estudo de textos literários em língua inglesa possibilita uma análise aprofundada de temas como identidade, poder, colonialismo e alteridade, contribuindo para a formação de cidadãos mais críticos e conscientes, capazes de questionar discursos e valores impostos pela sociedade (Leavis, 1948). Além de promover o desenvolvimento de habilidades interpretativas e argumentativas, essa abordagem pedagógica incentiva o diálogo com o contexto social, cultural e histórico, promovendo uma leitura que vai além da superfície do texto (Bakhtin, 1981). Como destaca Said (1993), a análise de obras produzidas durante e após o período colonial exige uma reflexão sobre as dinâmicas de poder, resistência e representação, essenciais para compreender as múltiplas vozes que compõem a literatura em língua inglesa. Contudo, essa diversidade encontra obstáculos, especialmente na reprodução de estereótipos e na limitação de vozes marginalizadas, muitas vezes silenciadas pelo mercado editorial e pelas estruturas de poder cultural (Neto, 2024). Nesse cenário, é imprescindível promover uma leitura crítica que desafie essas limitações, buscando uma literatura mais inclusiva, capaz de refletir a pluralidade das experiências humanas e de contribuir para uma educação que fomente a compreensão intercultural e o desenvolvimento de cidadãos mais engajados socialmente. Assim, o presente trabalho busca evidenciar a importância de uma abordagem pedagógica que valorize a leitura interpretativa e o diálogo crítico com as obras, contribuindo para a formação de leitores mais conscientes e capazes de atuar na transformação social. 2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA O estudo da literatura em língua inglesa não se limita apenas à aprendizagem linguística, mas envolve uma análise profunda das questões sociais, culturais e históricas que perpassam as obras literárias. Segundo Eagleton (2006), a literatura é uma "produção social" que reflete, reforça e, por vezes, subverte as ideologias dominantes de seu tempo. Ao estudar textos literários em inglês, os estudantes têm a oportunidade de entender como as produções literárias dialogam com diferentes contextos e como refletem tensões e transformações sociais. A análise crítica de textos literários deve, portanto, ser entendida como um processo que envolve não só a compreensão da linguagem e da narrativa, mas também a capacidade de "ler nas entrelinhas", identificando as camadas de significado e as implicações sociais, políticas e culturais dos textos. Leavis (1948) argumenta que a literatura oferece uma oportunidade única de formar cidadãos críticos e conscientes, capazes de questionar as normas e os valores impostos pela sociedade. Para ele, "a leitura de boa literatura é um caminho para o desenvolvimento da sensibilidade ética e estética do ser humano". Além disso, no contexto da teoria pós-colonial, Said (1993) destaca que a literatura em língua inglesa, particularmente a produzida durante e após o período colonial, não pode ser analisada sem considerar as questões de poder, identidade e representação. Ele afirma que "as grandes obras da literatura ocidental não são apenas reflexas de sua cultura, mas também instrumentos de sua expansão imperial". Isso implica que, ao estudar textos literários em inglês, é essencial adotar uma abordagem crítica que leve em consideração as dinâmicas de opressão e resistência presentes nas obras. Bakhtin (1981), por sua vez, propõe a noção de "dialogismo", que é central na análise literária. Segundo ele, "todo texto literário é uma voz entre muitas, que dialoga com outros textos e discursos". Esta perspectiva é fundamental para a análise crítica de obras em língua inglesa, pois reconhece que os textos não são produzidos de forma isolada, mas em diálogo com o contexto histórico e cultural e com outras produções literárias. Portanto, a análise e interpretação crítica de textos literários em língua inglesa, dentro de uma abordagem pedagógica, devem envolver não apenas a compreensão linguística do texto, mas também uma reflexão crítica sobre as questões culturais e sociais que ele levanta. Este tipo de abordagem permite que os estudantes desenvolvam uma leitura mais profunda e engajada, capacitando-os a se tornarem leitores e cidadãos mais conscientes e críticos. A representação de identidades e alteridades na literatura em língua inglesa enfrenta desafios e limitações que afetam tanto a produção quanto a recepção das obras. Muitas vezes, os autores têm dificuldade em captar a complexidade das experiências humanas, e a literatura tende a simplificar ou generalizar, o que pode reforçar estereótipos e preconceitos. Essa questão se torna ainda mais relevante na interseccionalidade, quando personagens vivem múltiplas opressões de raça, gênero e classe (SOUSA, 2025). Além disso, em um mundo em constante mudança cultural e política, os autores precisam equilibrar autenticidade e apropriação cultural. A crescente diversidade de vozes na literatura reflete uma luta por espaço, mas também traz riscos: representar comunidades marginalizadas com cuidado excessivo pode tornar o discurso menos impactante. Assim, é fundamental que os escritores desafiem essas limitações, buscando formas respeitosas, informativas e transformadoras de engajamento (MORAIS, 2024). Segundo Neto (2024), a predominância de narrativas ocidentais limita o entendimento das múltiplas identidades atuais. Vozes marginalizadas muitas vezes são silenciadas por quem detém o poder, especialmente quando os protagonistassão definidos por critérios como raça, gênero ou orientação sexual, negligenciando as interseções que caracterizam a identidade contemporânea. Ainda, as expectativas do mercado e normas editoriais frequentemente restringem temas controversos ou complexos, dificultando a liberdade criativa dos autores. Para avançar, é preciso desconstruir essas barreiras, promovendo uma representação mais justa da diversidade (ANDRADE, 2024). Na atualidade, o cenário literário é marcado pela busca por autenticidade e inclusão, diante de uma sociedade multicultural. Os autores enfrentam a tarefa de refletir essa diversidade, evitando estereótipos e atendendo às crescentes demandas por representações reais de grupos marginalizados (ANDRADE, 2024). Além disso, a era digital impõe novos desafios: as redes sociais aceleram a circulação de textos e opiniões, exigindo atenção ética na apropriação cultural e na autenticidade das vozes. Questões como essas, junto com a busca por inovação estética, fazem parte do cotidiano dos escritores contemporâneos, que precisam equilibrar suas próprias histórias com as expectativas externas e as demandas do mundo atual para que suas vozes sejam verdadeiras e relevantes. 3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO Durante meu estágio na escola de ensino médio, percebi como atividades pedagógicas com obras literárias podem estimular uma reflexão crítica sobre questões sociais, culturais e identitárias. Mesmo sem foco explícito nesses temas, muitas aulas já incentivavam os estudantes a pensar sobre diversidade e experiências humanas. Os professores promoviam discussões abertas, ligando os textos às realidades contemporâneas, apoiados em autores como Eagleton e Bakhtin, mostrando que literatura é uma ferramenta de análise social, além de entretenimento. Os professores também destacaram que buscam estimular uma postura crítica, relacionando as obras à realidade do Brasil e do mundo para formar cidadãos mais conscientes e capazes de reconhecer vozes marginalizadas. Essa experiência reforçou minha compreensão de que a leitura crítica, fundamentada em autores como Said e Eagleton, é fundamental para desenvolver o pensamento reflexivo e a consciência social dos estudantes. Mesmo diante de desafios, percebo a importância de criar um ambiente de diálogo e respeito, onde todos possam expressar suas opiniões e questionar as estruturas sociais. Para mim, esse estágio foi uma oportunidade valiosa de aplicar os conhecimentos teóricos na prática, contribuindo para uma leitura mais reflexiva e transformadora. 4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO (CONSIDERAÇÕES FINAIS) Ao final do meu estágio, sinto que essa experiência foi fundamental para minha formação como professor. Poder aplicar na prática tudo o que estudei durante o curso me ajudou a entender a importância de trabalhar com uma leitura mais crítica e reflexiva. Os objetivos que estabeleci, como incentivar os estudantes a pensar além do texto e relacionar os temas às questões sociais, foram alcançados. Percebi que, ao promover diálogos e debates, os alunos se mostraram mais interessados e engajados. Naturalmente, encontrei dificuldades, como a resistência de alguns estudantes em abordar temas delicados como preconceito ou identidade. Além disso, o tempo na escola é curto, o que limita o aprofundamento dessas discussões. Mas, mesmo assim, as possibilidades de troca de experiências, tanto com colegas quanto com os alunos, foram muitas e enriquecedoras. Esse estágio reforçou para mim o valor de uma abordagem pedagógica que valorize a interpretação e o diálogo, ajudando os estudantes a desenvolverem uma maior consciência social. Ainda assim, é preciso refletir sobre os obstáculos, como a rotina escolar e a falta de formação específica, que dificultam a implementação de práticas mais críticas. Acredito que essa experiência me ajudou a entender melhor o papel da literatura na formação de cidadãos mais críticos e conscientes, sempre pensando na importância de ouvir e valorizar todas as vozes. REFERÊNCIAS BAKHTIN, M. (1981). Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes. EAGLETON, T. (2006). Literary theory: An introduction. Oxford: Blackwell Publishing. HALL, S. (1996). Cultural identity and diaspora. In: RAY, S. (org.). Identity: Community, culture, difference. London: Lawrence & Wishart. HOMI Bhabha. (1994). The location of culture. London: Routledge LEAVIS, F. R. (1948). The aim of literary criticism. London: Chatto & Windus.LAHIRI, J. (2003). The Namesake. New York: Houghton Mifflin. HURSTON, Z. N. (1937). Their Eyes Were Watching God. New York: J.B. Lippincott & Co. MORRISSON, T. (1987). Beloved. New York: Alfred A. Knopf. NETO, M. (2024). A diversidade na literatura contemporânea. Revista Brasileira de Estudos Literários, v. 12, n. 3, p. 45-60. NOU, M. (2025). Interseccionalidades e representações na literatura. Revista Interdisciplinar, v. 8, n. 1, p. 78-92. MORAIS, A. (2024). Representações culturais e o desafio da inclusão. Revista Educação e Cultura, v. 20, n. 2, p. 33-47. Said, E. (1993). Culture and imperialism. New York: Vintage Books. SOUSA, R. (2025). Interseccionalidade na literatura. Revista Estudos Linguísticos, v. 15, n. 2, p. 101-115.