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1Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual Lilia Gonçalves Seguinte bicho: Ô meu rei: Ei bichin: Orra meu: 2Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual Sumário Introdução ......................................................................................................... 03 Objetivos .......................................................................................................... 04 Estrutura do conteúdo .................................................................................... 04 Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual Tópico 1: Língua Portuguesa: unidade e variedade ......................................... 05 Tópico 2: Níveis de Linguagem ........................................................................ 07 Tópico 3: Variações Geográficas, Sociais, Culturais e o Jargão ...................... 08 Tópico 4: Conceito e Estrutura do Parágrafo ................................................... 10 4.1 Estrutura do Parágrafo ................................................................ 10 4.2 Tópico Frasal .............................................................................. 11 4.3 Formas de desenvolvimento do parágrafo ................................. 14 Resumo ............................................................................................................ 16 Leitura Complementar .................................................................................... 17 Referências Bibliográficas .............................................................................. 18 3Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual Seja bem-vindo(a) ao conteúdo “Variação Linguística e Mecanismos de Produção Textual”. Neste material veremos que existem três tipos de variações linguísticas: diatópica, diafásica e diastrática. Conhecer as variações linguísticas é importante para compreendermos que diferentes linguajares permeiam a convivência dos falantes. Isso acontece em razão da faixa etária, da classe social, de aspectos regionais, entre outros. Outro ponto que será abordado diz respeito ao estudo do parágrafo, sua estrutura e o tópico frasal. Veremos formas de desenvolvimento dos parágrafos, conforme a intenção comunicativa do emissor. Bons estudos! 4 Estrutura do Conteúdo Objetivo s Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual Esperamos que ao final deste conteúdo você seja capaz de: 1. Compreender que a língua portugue- sa é única, apesar das variedades; 2. Distinguir os fatores envolvidos na variação linguística, como: níveis de funcionamento da linguagem, função do emissor e do receptor, faixa etária, classe social, dentre outros; 3. Entender que não se pode discriminar uma pessoa pela língua que ela utiliza; 4. Entender a importância do parágrafo comunicação para o desenvolvimento do homem; 5. Distinguir a linguagem verbal da não- verbal; 6. Conhecer as diferenças entre língua e linguagem. Para melhor compreensão do conteúdo, este material está dividido de acordo com os seguintes tópicos: 1. Língua portuguesa: unidade e varie- dade 2. Níveis de linguagem 3. Variações geográficas, sociais, cultu- rais; jargão 4. Conceito e estrutura do parágrafo 5Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual 1. Língua Portuguesa: unidade e variedade Nenhuma língua é usada de modo homogêneo por todos os seus falantes, independentemente das dimensões geográficas do país. Veja por quê: As variedades (dialetos e falares) correspondem, geralmente, a grupos sociais definidos:os que moram numa ou noutra região: os que pertencem a uma determinada classe social; os mais jovens ou mais velhos; os que gostam de um tipo ou outro de música; os que têm uma ou outra profissão... O latim e o grego também tinham formas variáveis (por exemplo, o latim clássico e o vulgar). As diferenças de linguagem servem para distinguir ou caracterizar os grupos sociais, colaborando para construir sua identidade. Observando falantes de diversas regiões do Brasil, em nenhum momento diremos que eles falam línguas diferentes. O gaúcho, o carioca, o baiano, o cearense falam a língua portuguesa. Há diferenças, é óbvio, mas diferenças que não nos permitem afirmar que se trate de quatro línguas diferentes. Olhando cada falante, não podemos afirmar que o uso seja uniforme. Dependendo da situação, uma mesma pessoa pode usar diferentes variedades de uma só forma da língua. As línguas variam no tempo e no espaço, de época para época, de região para região, de classe social para classe social, de momento para momento. Norte Nordeste Centro Oeste Sudeste Sul 6Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual Veja o que Celso Cunha nos diz sobre unidade e variedade linguística: “Nenhuma língua permanece a mesma em todo o seu domínio e, ainda num só local, apresenta um sem-número de diferenciações. (...) Mas essas variedades de ordem geográfica, de ordem social e até individual, pois cada um procura utilizar o sistema idiomático da forma que melhor lhe exprime o gosto e o pensamento, não prejudicam a unidade superior da língua, nem a consciência que têm os que a falam diversamente de se servirem de um mesmo instrumento de comunicação, de manifestação e de emoção.” (Celso Cunha, em Uma política do idioma) Leia o quadrinho. Perceba como pode ocorrer diferenças nas formas de pronúncia, vocabulário e estrutura sintática entre as regiões no Brasil. As línguas não são totalmente homogêneas, especialmente em um território tão vasto quanto o nosso e com uma população tão numerosa. Essas variações não chegam a descaracte- rizar a língua nem negar sua unidade. Essas dife- renciações regionais são chamadas de dialetos, que é a modalidade de uma língua caracterizada por determinadas peculiaridades fonéticas, gra- maticais ou regionais. Acesse o Recurso Multimídia e conheça as definições de dialeto. Conteúdo On-line 7Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual 2. Níveis de Linguagem Adotamos esta classificação para os níveis de linguagem: Nível culto A linguagem é elaborada de acordo com as normas gramaticais. É burocrática, artificial e conservadora, precisa, impessoal e destituída de espontaneidade. O vocabulário deve adaptar- se à situação, bem como às normas sintáticas e morfológicas. A linguagem formal de nível culto corresponde à variante padrão. É aquela que se aprende nas escolas. É usada pelas pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científicas, noticiários de TV, programas culturais etc. Nível familiar ou coloquial É um nível que foge às formalidades e aos requintes gramaticais. É usado em conversas informais e despretensiosas, principalmente por pessoas conhecedoras da norma gramatical, mas que utilizam um registro menos formal. Caracteriza- se por um vocabulário limitado, pouco variado e sintaxe simples. Há menos policiamento, por isso é comum certas transgressões às normas de regência, colocação e concordância. Não acreditaram no que você disse. Sua afirmação foi encarada com ceticismo. 8Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual Linguagem popular É uma variante informal de pouco prestígio, e comparadaaos dois níveis anteriores. Carac- teriza-se pela espontaneidade e descontração. O objetivo é a comunicação clara, rápida e efi- caz. É extremamente funcional e conta com a entonação com importante reforço. É utilizada, sobretudo, por pessoas que têm baixo grau de escolaridade ou não são alfabetizadas. Carac- terísticas deste registro: vocabulário pobre ou restrito; construções frasais que se afastam do padrão gramatical; mistura de pronomes; sole- cismos de concordância e de regência; uso de gírias; redundâncias. Caraca, tu é mó mentiroso. 3. Variações Geográficas, Sociais Culturais e o Jargão Estudar uma língua é reconhecer que ela tem capacidade de evoluir, mudar, enriquecer- se. Evanildo Bechara descreve três tipos essenciais de variação linguística. Veja quais são eles: Variação diastrática Designa a variação da linguagem que ocorre entre os diferentes níveis socioculturais de uma comunidade linguística. Podemos citar como exemplo as diferenças entre a língua culta e a língua popular. Variação diatópica É um termo que nomeia as variantes regionais, onde se fala uma língua histórica. Como exemplo, citamos as variantes regionais do nordestino, do sulista, do carioca, do mineiro etc. Neste caso, as variações são marcantes em termos de pronúncia e vocabulário. Estudar uma língua é reconhecer que ela tem capacidade de evoluir, mudar, enriquecer- se. Evanildo Bechara descreve três tipos essenciais de variação linguística. Veja quais são eles: Variação diastrática Designa a variação da linguagem que ocorre entre os diferentes níveis socioculturais de uma comunidade linguística. Podemos citar como exemplo as diferenças entre a língua culta e a língua popular. Variação diatópica É um termo que nomeia as variantes regionais, onde se fala uma língua histórica. Como exemplo, citamos as variantes regionais do nordestino, do sulista, do carioca, do mineiro etc. Neste caso, as variações são marcantes em termos de pronúncia e vocabulário. 9Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual Variação diafásica Designa as variações que o usuário da língua pode fazer de acordo com o contexto que está inserido, ou seja, é quando um falante varia o seu registro de língua, adaptando-o às circunstâncias. Podemos apontar como exemplo as diferenças entre a língua falada e a escrita, o falar solene e o familiar, entre a linguagem corrente e a burocrática. Jargão Você viu que na linguagem popular é comum o uso de gíria ou jargão. Você também utiliza esta variante linguística no dia a dia? Analise o conceito. É uma forma de linguagem baseada em um vocabulário especialmente criado por um determinado grupo ou categoria social, com o objetivo de servir de emblema para os membros desse grupo, estabelecendo distinção entre os demais falantes da língua. A gíria funciona não só para identificar os grupos que a utiliza, como também para excluir os indivíduos externos, para quem, às vezes soa ininteligível. Veja o que diz Dino Preti sobre a gíria: Caracterizada como um vocabulário especial, a gíria surge como um signo de grupo, a princípio secreto, domínio exclusivo de uma comunidade social restrita (seja a gíria dos marginais ou da polícia, dos estudantes, ou de outros grupos ou profissões). (...) Ao vulgarizar-se, porém, para a grande comunidade, assumindo a forma de uma gíria comum, de uso geral e não diferenciado, (...) torna-se difícil precisar o que é de fato vocábulo gírio ou vocábulo popular (...) É expressa frequentemente sob forma humorística (e não raro obscena, ou ambas as coisas juntas), como ocorre, por exemplo, em certos signos que revelam evidente agressividade, como bicho, forma de chamamento que na década de 1970 substituía amigo, colega, cara; coroa, para pessoa mais idosa, madura; quadrado, em lugar de conservador tradicional, reacionário; mina, para namorada, forma trazida da linguagem marginal da prostituição, onde originalmente significa mulher rendosa para o malandro, que vive à custa dela etc. (Dino Pretti) 10Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual 4. Conceito e Estrutura do Parágrafo “É uma unidade de composição constituída por um ou mais períodos, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela”. Há diferentes tipos de estruturação do parágrafo, conforme a natureza do assunto e sua complexidade, além de depender da espécie de leitor a que se destine o texto. O parágrafo é uma unidade do discurso e geralmente se inicia com uma frase genérica, básica, denominada frase nuclear ou tópico frasal. Como é formado um parágrafo? À ideia básica são associadas, pelo sentido, outras secundárias. Não se devem incluir outras ideias básicas em um mesmo parágrafo, devendo-se abrir um novo sempre que surgirem novas ideias. São exigências fundamentais de um parágrafo a unidade e a coerência. A ideia de unidade recomenda que ideias afins permaneçam juntas em um mesmo parágrafo, não importando sua extensão física. As ideias devem estar dispostas em uma ordenação lógica para resultarem em expressão coerente. 4.1 Estrutura do Parágrafo O princípio orientador da formação de um parágrafo é o mesmo da elaboração de um texto com vários parágrafos: há sempre necessidade de uma introdução, desenvolvimento e conclusão. Indica-se como técnica para melhorar o desempenho da redação estabelecer um objetivo para alcançar em todos os parágrafos. 11Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual Se a ideia central do parágrafo é difícil de ser identificada, o melhor é refazê-lo até se alcançar a objetividade e clareza esperadas. O parágrafo não deve reduzir-se a seu aspecto visual-estético, nem terá a extensão medida em centímetros, mas em conteúdo. Ao introduzir um fato ou argumento novo, muda- se o parágrafo; daí que toda ideia nova deve ser desenvolvida em parágrafos separados. 4.2 Tópico Frasal É uma frase curta e objetiva que norteia o desenvolvimento das ideias. A partir dela, o escritor/redator desenvolve seu texto, sem fugir ao objetivo prescrito no tópico. Exemplos Opinião: A liberdade de imprensa é uma conquista das sociedades democráticas. Argumentação: Não se deve usar a liberdade de imprensa para achincalhar pessoas, conspirar contra governos, nem noticiar fatos sem que sejam apurados rigorosamente, sob o risco de atrair a ira daqueles que têm pendores ditatoriais. Como construir um tópico frasal O tópico frasal deve ser construído de forma que atraia o leitor e desperte sua curiosidade para o que vai ser dito. Assim, devem ser evitados chavões como: no mundo atual, na atual conjuntura, a cada dia que passa, no mundo em que vivemos. Como começar um parágrafo? Vejamos algumas dicas: Declaração “O projeto de lei enviado ao Congresso, punindo pais que deem palmadas em seus filhos é uma falta do que fazer. Já existe legislação que trata da questão da violência contra o menor, como o ECA e o próprio Código Penal. Além disso, interfere na liberdade de os pais educarem seus filhos conforme suas convicções. Os exageros devem ser combatidos e punidos com a legislação que já existe.” 12Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual Definição Tema: Religião “As religiões se estabelecem e subsistem a partir da divisão bipartida do universo entre o sagrado e o profano. Sagrado e profano não são propriedades das coisas. Eles se estabelecem pelas atitudes dos homens perante coisas, espaços, tempos, pessoas, ações. Enquanto o mundo profano se resume ao círculo do utilitário, o sagrado avança para o ideal. Se o homem é senhor do mundo utilitário, no sagrado ele é servo. O sagrado é apresentado como centro do mundo,a origem da ordem, a fonte das normas, a garantia da harmonia que se manifesta na e pela sociedade.” (Rubem Alves) Divisão “O Brasil deu início à exploração do petróleo na camada do pré-sal sem contar com o plano de segurança exigido por especialistas. Experiência recentes, tiradas do acidente ocorrido nos EUA, o maior desastre da indústria petrolífera, exigem que o país redobre o cuidado com a exploração marítima.” Oposição “O governo do estado do Rio de Janeiro, já preocupado com a Copa do Mundo de 2014 e com as Olimpíadas de 2016, implantou um programa de segurança, as UPPs, que têm levado a paz para comunidades antes dominadas por bandidos. Esses, por sua vez, encontram refúgio seguro em outras regiões, como a Baixada Fluminense, onde a política de segurança sequer deu sinal de vida.” Uma questão (pergunta) Tema: Faltam recursos para a Saúde? “A simples consulta aos dados orçamentários dos governos federal, estaduais e municipais demonstram que a saúde no Brasil não vai mal por falta de dinheiro, mas por falta de fiscalização. Todos os dias a imprensa publica notícias de corrupção na área da saúde quando milhões e milhões são desviados de seus fins.” 13Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual Uma frase nominal (seguida de explicação) “Baixos salários. Principal caracte- rística do magistério no Brasil. Esse é um dos fatores que têm afastados os estudantes dos cursos de licenciatura. A consequência, gravíssima, já se faz sentir: faltam professores no Brasil. Em algumas áreas, como Física, Química e Geografia, sequer se forma uma turma anual. É um sinal de alerta para nossos governantes.” Ponto de vista oposto Tema: Ficha limpa “Os tribunais eleitorais lutam para implantar a lei da ficha limpa, aquele que veda a candidatura de quem foi condenado por decisão de um colegiado. Alguns candidatos, contudo, têm recorrido à justiça para concorrerem nas próximas eleições, confiando que uma decisão colegiada os livre do impedimento.” Comparação Tema: Reforma eleitoral “O tema da reforma eleitoral volta e meia assoma as discurssões políticas. Em época de eleição, os candidatos a presidente sempre são a favor de uma reforma na legislação eleitoral. Comparada com a de outros países subdesenvolvidos. Não se combate a infidelidade nem se preveem sanções para políticos desonesto.” Frases nominais (frases sem verbo) “Enchente na Baixada Fluminense. Deslizamento de terra em Angra dos Reis. Calor insuportável no Rio de Janeiro. Inverno rígido no hemisfério Norte. Chuvas torrenciais em várias partes do mundo. Terremoto devastador no Haiti. A natureza manda seus recados, mas o homem finge não ouvi-los.” Referência Histórica “A globalização não é um fenômeno recente. A história registra episódios que nos fazem crer que ela vem ocorrendo ao longo dos séculos. As viagens de Marco Pólo, a circunavegação, a busca de especiarias, são exemplos que podem ser citados.” 14Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual 4.3 Formas de desenvolvimento do parágrafo Após a frase inicial (tópico frasal), passa-se aos pormenores que constituirão o corpo do parágrafo. Para isso, apresentam-se circunstâncias, aspectos e fatos que o autor previamente selecionou e que são pertinentes à ideia exposta no tópico frasal. Veja como Augusto Frederico Schmidt apresenta suas razões, até muito convincentes, através de pormenores, no texto opinativo abaixo: “Esta cidade já não é mais a capital oficial do país, mas continua sendo a capital do povo brasileiro, quer queiram, quer não (tópico frasal). É a capital política, embora as Câmaras (alta e baixa) estejam em Brasília, de onde nos vêm, diluídos distantes, amortecidos e mudados, os ecos das agitações parlamentares. Aqui funcionou o Brasil: aqui encontrou a sua síntese, o seu centro de gravidade, esse complexo que é nosso país unificado e íntegro (...)” Dentre as possibilidades de ordenação do parágrafo, podemos destacar: • Desenvolvimento do parágrafo por exploração de aspectos espaciais – o redator se vale da exposição relativa ao lugar em que ocorrem os fatos. • Desenvolvimento do parágrafo por exploração de aspectos temporais – neste caso, o leitor é informado sobre quando os fatos ocorreram. • Desenvolvimento do parágrafo por enumeração de pormenores ou fatos – o redator tem como objetivo enumerar características, relacionar aspectos importantes. • Desenvolvimento do parágrafo mediante contraste de ideias. • Desenvolvimento do parágrafo por ideias análogas, comparação. • Desenvolvimento do parágrafo por razões, causas, consequências e efeitos. • Desenvolvimento do parágrafo por explicitação de ideias. • Desenvolvimento do parágrafo por resposta a uma interrogação. 15Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual Conclusão do parágrafo A conclusão pode ser construída com um resumo das ideias ou com a apresentação das consequências das ideias expostas. 16Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual Neste material aprendemos que a língua não é falada de maneira uniforme pelo país, e a esse fenômeno denominamos variação linguística, que pode indicar variantes regionais, sociais, jargão entre outras. Bechara destaca três principais tipos de variação: diastrática, diatópica e diafásica. Variação diastrática: Designa a variação da linguagem que ocorre entre os diferentes níveis socioculturais de uma comunidade linguística. Podemos citar como exemplo as diferenças entre a língua culta e a língua popular. Variação diatópica: É um termo que nomeia as variantes regionais, onde se fala uma língua histórica. Como exemplo, citamos as variantes regionais do nordestino, do sulista, do carioca, do mineiro, etc. Neste caso, as variações são marcantes em termos de pronúncia e vocabulário. Variação diafásica: Designa as variações que o usuário da língua pode fazer de acordo com o contexto que está inserido, ou seja, é quando um falante varia o seu registro de língua, adaptando-o às circunstâncias. Podemos apontar como exemplo, as diferenças entre a língua falada e a escrita, o falar solene e o familiar, entre a linguagem corrente e a burocrática. Os tópicos aqui abordados são fundamentais para a escolha adequada da modalidade da língua que você escolherá de acordo com o contexto em que estiver inserido. Escolhendo com atenção, não haverá erro! Também foi possível aprender um pouco mais sobre a estrutura do parágrafo e suas principais formas de desenvolvimento. Identificamos a base do parágrafo e aprendemos que é nela que está contida a ideia principal que será desenvolvida ao longo do parágrafo. O tópico frasal pode ser construído por declaração, oposição, definição, perguntas, dentre outras formas. E, finalizando o conteúdo deste material, apresentamos algumas formas de ordenação do parágrafo. Esperamos que os temas abordados aqui possa ser utilizado futuramente para possíveis consultas, ajudando-o a elaborar um texto coeso e coerente. 17Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual Exemplo de um texto expositivo Nós, escravocratas Por Cristovam Buarque Há exatos cem anos, saía da vida para a história um dos maiores brasileiros de todos os tempos: o pernambucano Joaquim Nabuco. Político que ousou em agir, pensador e ativista com causa, principal artífice da abolição do regime escravocrata no Brasil. Apesar da vitória conquistada, Joaquim Nabuco reconhecia: “Acabar com a escravidão não basta. É preciso acabar com a obra da escravidão”, como lembrou na semana passada Marcos Vinicios Vilaça, em solenidade na Academia Brasileira de Letras. Mas a obra da escravidão continua viva, sob a forma da exclusão social: pobres, especialmente negros, sem terra, sem emprego,sem casa, sem água, sem esgoto, muitos ainda sem comida; sobretudo sem acesso à educação de qualidade. Ainda que não aceitemos vender, aprisionar e condenar seres humanos ao trabalho forçado pela escravidão – mesmo quando o trabalho escravo permanece em diversas partes do território brasileiro –, por falta de qualificação, condenamos milhões ao desemprego ou trabalho humilhante. Em 1888, libertamos 800 mil escravos, jogando-os na miséria. Em 2010, negamos alfabetização a 14 milhões de adultos, negamos Ensino Médio a 2/3 dos jovens. De 1888 até nossos dias, dezenas de milhões morreram adultos sem saber ler. Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra da escravidão se mantém e continuamos escravocratas. 18Variação Linguística e Mecanismos de Construção Textual ABAURRE, Maria Luzia. Português. São Paulo: Moderna, 2000 ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. São Paulo: Ática, 2003. ANDRADE, Margarida Maria de; MEDEIROS, João Bosco. Comunicação em Língua Portuguesa. São Paulo: Atlas, 2004. BAUTISTA VIDAL, J. W. Brasil, civilização suicida. Brasília: Nação do Sol, 2000. 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