Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LFG/PRIMA Rua Bela Cintra, 952 – 7º andar- Sala 7B 11 21674747 28.8.10 a 18.9.10 Leonardo Hideki Sakaki Curso Reta Final LFG/Prima preparatório para o Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) 2010.2. Anotações de aula de Leonardo Hideki Sakaki. Material exclusivo para os integrantes do mailing dos formandos 1º/2010 da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Reta Final - Exame OAB 2010.2 L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 2 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 ÍNDICE DIREITO TRIBUTÁRIO .........................................................................................................................8 1 Princípios do Direito Tributário .................................................................................................... 8 2 Interferência da União em impostos dos Estados e Municípios .................................................. 11 3 Repartição de receitas - artigos 157 e 158 da Constituição Federal ............................................ 12 4 Imunidades tributárias ............................................................................................................... 12 5 Espécies tributárias .................................................................................................................... 14 6 Tributação de guerra .................................................................................................................. 16 7 Código Tributário Nacional ......................................................................................................... 17 DIREITO CIVIL ................................................................................................................................... 20 1 Principais temas do Exame ......................................................................................................... 20 2 Parte geral ................................................................................................................................. 20 3 Fatos jurídicos ............................................................................................................................ 22 4 Requisitos de validade do negócio jurídico ................................................................................. 23 5 Contratos ................................................................................................................................... 25 6 Responsabilidade civil ................................................................................................................ 26 7 Direito das obrigações ............................................................................................................... 26 8 Entidades familiares ................................................................................................................... 27 9 União estável – artigos 1.723 e ss do Código Civil ....................................................................... 27 10 Efeitos do casamento ............................................................................................................. 28 11 Sucessão ................................................................................................................................ 28 12 Disposições gerais .................................................................................................................. 28 13 Herdeiros ............................................................................................................................... 29 L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 3 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 14 Testamento ............................................................................................................................ 29 15 Principais dicas ....................................................................................................................... 29 DIREITO CONSTITUCIONAL ............................................................................................................... 31 1 Dicas de leitura .......................................................................................................................... 31 2 Classificação doutrinária da Constituição Federal ....................................................................... 31 3 Fenômenos ou teorias que surgem com uma nova Constituição Federal .................................... 31 4 Aplicabilidade das normas constitucionais ................................................................................. 31 5 Poder constituinte ..................................................................................................................... 32 6 Controle de constitucionalidade ................................................................................................. 34 7 Inconstitucionalidade ................................................................................................................. 34 8 Controle de constitucionalidade ................................................................................................. 35 9 Federalismo ............................................................................................................................... 38 10 Repartição das competências constitucionais ......................................................................... 38 11 Intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio ......................................................... 39 12 Poder legislativo ..................................................................................................................... 40 13 Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI ............................................................................... 41 14 Imunidade parlamentar – artigo 53 da Constituição Federal ................................................... 41 15 Tribunal de contas .................................................................................................................. 42 16 Espécies normativas ............................................................................................................... 42 17 Poder executivo – artigos 76 a 91 .......................................................................................... 42 18 Impeachment ......................................................................................................................... 43 19 Poder judiciário – artigo 92 a 126 da Constituição Federal ...................................................... 44 20 Remédios constitucionais ....................................................................................................... 44 21 Nacionalidade – artigo 12 e 13 ............................................................................................... 45 22 Direitos políticos – artigo 14 e 17 da Constituição Federal ...................................................... 45 DIREITO DO TRABALHO .................................................................................................................... 47 1 Relação de emprego .................................................................................................................. 47 2 Contratos de trabalho – artigo 443, CLT ..................................................................................... 48 3 Salário ........................................................................................................................................ 48 4 Insalubridade – artigo 189, CLT ..................................................................................................49 5 Periculosidade – artigo 193, CLT ................................................................................................. 49 L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 4 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 6 Estabilidade ............................................................................................................................... 50 7 Jornada de trabalho – artigo 7º, XIII, CF ...................................................................................... 50 8 Adicional noturno ...................................................................................................................... 51 9 Intervalos ................................................................................................................................... 52 10 Férias – artigos 129 e ss, CLT .................................................................................................. 52 11 Vínculo de emprego ............................................................................................................... 53 12 Acordo coletivo e convenção coletiva..................................................................................... 53 13 Princípios protetores do salário .............................................................................................. 53 14 Suspensão e interrupção do contrato de trabalho .................................................................. 54 DIREITO PROCESSUAL CIVIL .............................................................................................................. 55 1 Condições da ação ..................................................................................................................... 55 2 Intervenção de terceiros ............................................................................................................ 56 3 Petição inicial ............................................................................................................................. 57 4 Competência .............................................................................................................................. 59 5 Recursos .................................................................................................................................... 59 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ............................................................................................... 62 1 Organização da Justiça do Trabalho............................................................................................ 62 2 Atualizações ............................................................................................................................... 62 3 Competência da Justiça do Trabalho .......................................................................................... 63 4 Procedimentos ou ritos trabalhistas ........................................................................................... 64 5 Audiências trabalhistas .............................................................................................................. 65 6 Recursos trabalhistas ................................................................................................................. 66 DIREITO PENAL ................................................................................................................................ 69 1 Teoria da lei penal no tempo ...................................................................................................... 69 2 Lei penal no espaço .................................................................................................................... 71 3 Teoria do crime .......................................................................................................................... 72 4 Fato típico .................................................................................................................................. 72 5 Dolo ........................................................................................................................................... 73 6 Culpa ......................................................................................................................................... 74 7 Consumação e tentativa............................................................................................................. 75 9 Causas de aumento de pena ...................................................................................................... 77 L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 5 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 DIREITO ADMINISTRATIVO ............................................................................................................... 78 1 Legislação básica ........................................................................................................................ 78 2 Princípios ................................................................................................................................... 78 3 Organização da administração ................................................................................................... 80 4 Atos administrativos .................................................................................................................. 81 5 Responsabilidade civil extracontratual do Estado ....................................................................... 83 6 Responsabilidade civil do agente ................................................................................................ 83 7 Licitação..................................................................................................................................... 84 8 Contratos administrativos .......................................................................................................... 86 9 Bens públicos ............................................................................................................................. 87 10 Agentes públicos .................................................................................................................... 87 11 Desapropriação ...................................................................................................................... 89 12 Poder de polícia e servidão administrativa ............................................................................. 90 ÉTICA ............................................................................................................................................... 92 1 Inscrição na OAB ........................................................................................................................ 92 2 Inscrição principal ...................................................................................................................... 92 3 Interrupções na inscrição ........................................................................................................... 93 4 Advogado estrangeiro ................................................................................................................ 93 5 Sociedade de advogados – artigo 15 EAOAB ............................................................................... 94 6 Advogado associado .................................................................................................................. 95 7 Advogado empregado ................................................................................................................ 95 8 Honorários advocatícios .............................................................................................................96 9 Incompatibilidade – artigo 28, EAOAB ........................................................................................ 97 10 Infração e sanção disciplinar .................................................................................................. 98 11 Órgãos da OAB – artigos 62 ao 147 do Regulamento Geral ..................................................... 98 12 Inviolabilidade do advogado ................................................................................................... 99 13 Processo disciplinar .............................................................................................................. 100 DIREITO PROCESSUAL PENAL .......................................................................................................... 101 1 Recursos no processo penal ..................................................................................................... 101 2 Lei processual penal no tempo ................................................................................................. 104 3 Lei processual penal no espaço ................................................................................................ 104 L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 6 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 4 Inquérito policial ...................................................................................................................... 104 5 Ação penal ............................................................................................................................... 105 6 Competência ............................................................................................................................ 106 7 Medidas assecuratórias ........................................................................................................... 106 8 Provas no processo penal ......................................................................................................... 107 DIREITO DO CONSUMIDOR ............................................................................................................. 108 1 Relação de consumo protegida pelo Código de Defesa do Consumidor .................................... 108 2 Política nacional da relação de consumo .................................................................................. 108 3 Responsabilidade civil .............................................................................................................. 108 4 Práticas contratuais ................................................................................................................. 108 5 Concessão de crédito – artigo 52 do CDC ................................................................................. 109 DIREITO EMPRESARIAL ................................................................................................................... 110 1 Empresário .............................................................................................................................. 110 2 Nome empresarial ................................................................................................................... 110 3 Sociedades ............................................................................................................................... 111 4 Sociedade simples e sociedade empresária .............................................................................. 112 5 Sociedade limitada ................................................................................................................... 112 6 Sociedade anônima .................................................................................................................. 114 7 Cooperativa – artigos 1.093 e 1.094, CC ................................................................................... 114 8 Estabelecimento ...................................................................................................................... 114 9 Títulos de créditos.................................................................................................................... 115 10 Falência – Lei 11.101/05 ....................................................................................................... 117 11 Recuperação judicial ............................................................................................................ 117 12 Recuperação extrajudicial .................................................................................................... 118 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ................................................................................... 119 1 Direitos constitucionais da criança e do adolescente ................................................................ 119 2 Diferença entre criança e adolescente ..................................................................................... 119 3 Direitos do adolescente infrator ............................................................................................... 120 4 Internação provisória ou no curso do processo – artigo 108, ECA ............................................. 120 5 Direitos processuais do adolescente infrator – artigo 110 e 111, ECA ....................................... 120 6 Medidas socioeducativas ......................................................................................................... 121 L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 7 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 7 Internação – artigo 121 e ss do ECA ......................................................................................... 121 8 Remissão (perdão) - artigos 126 a 128 do ECA .......................................................................... 122 9 Advogado ................................................................................................................................ 122 10 Competência ........................................................................................................................ 122 11 Ministério Público - promotor .............................................................................................. 122 11 Sistema recursal do Estatuto da Criança e do Adolescente ................................................... 123 12 Crimes e infrações administrativas contra criança e adolescente .......................................... 123 13 Direitos Civis da Criança e do Adolescente ........................................................................... 124 14 Guarda ................................................................................................................................. 124 15 Tutela .................................................................................................................................. 124 16 Adoção................................................................................................................................. 124 DIREITO INTERNACIONAL ............................................................................................................... 126 1 Introdução ............................................................................................................................... 126 2 Conceito e ramos ..................................................................................................................... 126 3 Direito Internacional Público .................................................................................................... 127 4 Tribunais Internacionais ...........................................................................................................127 5 Pacto de San José da Costa Rica ............................................................................................... 129 6 Fontes do Direito Internacional Público .................................................................................... 129 7 Tratados internacionais ............................................................................................................ 129 8 Nacionalidade .......................................................................................................................... 130 L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 8 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 DIREITO TRIBUTÁRIO Prof. Alexandre Mazza – www.sitedomazza.com.br 1 Princípios do Direito Tributário São limitações constitucionais ao poder de tributar. 1.1 Princípio da legalidade Criação Aumento Redução de tributos sempre dependem de lei. Extinção A criação, aumento, redução e extinção de tributos sempre dependem de lei. Essa lei, como regra, é uma lei ordinária. O direito tributário é disciplinado por leis ordinárias. Casos raros em que o tributo só pode ser criado por lei complementar: imposto sobre grandes fortunas, empréstimos compulsórios, impostos residuais e novas fontes de custeio da seguridade. (Dica de chute: na dúvida, chutar lei ordinária) Medidas provisórias em direito tributário: se o assunto é de lei ordinária, o tema admite medida provisória, agora, temas de lei complementar, não admitem medidas provisórias. Atenção: medida provisória que cria ou aumenta imposto só pode ser exigida no ano seguinte ao da conversão da medida provisória em lei. Se não for imposto, cobra-se no ano seguinte ao da edição da medida provisória. Exceções: Seis tributos podem ter alíquotas modificadas por ato do executivo. As 6 exceções dizem respeito à alíquota, e nos 6 casos a competência é para modificação e não criação. Os mais importantes são: IOF, IPI, IE, II. Esses são os tributos aduaneiros ou extrafiscais. Como mexem com balança comercial, precisam de mudança rápida. CIDE/combustíveis e ICMS/combustíveis também são. Atenção: a definição da data do pagamento do tributo não depende de lei (Supremo Tribunal Federal). O Supremo Tribunal Federal considera que o artigo 97 criou um rol taxativo. Atenção: A atualização monetária da base de cálculo não é aumento real, por isso não precisa de lei e a cobrança é imediata. 1.2 Princípio da anterioridade, princípio da não surpresa ou princípio da segurança jurídica L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 9 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 Atenção: anualidade não existe! Não é princípio da anualidade! Tributo criado ou majorado em um exercício (ano) só pode ser exigido no ano seguinte, respeitado o intervalo mínimo de 90 dias. A anterioridade só vale para criação e aumento. Todo princípio tributário é uma garantia do contribuinte. Se é uma garantia, esta só se aplica quando a lei piora a situação do contribuinte. Observação: exercício fiscal coincide com o ano civil no Brasil. Anterioridade que empurra cobrança ao ano seguinte: anterioridade anual. Anterioridade que fala sobre o intervalo de 90 dias: anterioridade nonagesimal. Observação: Como regra, as duas anterioridades atuam simultaneamente. Exemplo: Data de publicação da lei – 20.2.10. Cálculo da Anterioridade: Aplica separadamente as duas anterioridades: anual em 1.1.11; nonagesimal: 20.5.10. Vale a data mais distante, então, a cobrança fica em 1.1.11. 1.2.1 Exceções à anterioridade a) Tributos de cobrança imediata: cobradas no dia seguinte. Situações de emergência ou que têm a ver com balança comercial. Exemplos: IOF, II, IE, Imposto Extraordinário de Guerra (IEG), Empréstimo Compulsório em calamidade pública ou Guerra. b) Tributos cobrados somente aos 90 dias: podem ser cobrados no mesmo ano. Exemplo: IPI, contribuições sociais, CIDE/combustíveis e ICMS/combustíveis. c) Cobrados no ano seguinte, sem os 90 dias. Exemplo: IR e alterações na base de cálculo do IPTU e do IPVA. Cuidado: é na base de cálculo, não é alíquota. 1.3 Princípio da irretroatividade A lei tributária não se aplica a fatos geradores pretéritos. A lei tributária não se aplica a fatos geradores anteriores à data de sua publicação. Quando a lei é publicada é válida para os fatos geradores de hoje e de amanhã, não retroage. Exceções: Esse princípio tem 2 exceções – há 2 casos em que a lei tributária retroage: quando for lei interpretativa e quando for mais benéfica em matéria de infração, desde que o ato não tenha sido definitivamente julgado. Se o caso á foi definitivamente julgado a lei não atinge, pois atinge a barreira da coisa julgada. L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 10 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 1.4 Princípio da seletividade As alíquotas do ICMS e IPI serão graduadas conforme a essencialidade do produto. Quanto mais essencial o produto, menor a alíquota. Cuidado: o único critério é a essencialidade, na diferenciação quanto à procedência do produto é inconstitucional (IPVA maior para veículos de procedência no exterior, cobrar mais impostos de produtos oriundos de outros Estados). 1.5 Princípio da isonomia O fisco não pode dar tratamento desigual a contribuintes em situação equivalente. Em função da isonomia, a incapacidade civil é irrelevante para o direito tributário. Menor de idade também paga tributo e empresas irregularmente constituída. 1.6 Princípio da capacidade contributiva Tributos têm que ser graduados de acordo com a capacidade econômica do contribuinte. Impostos de alíquotas progressivas: a progressividade só pode ser usada por expressa previsão constitucional - na Constituição Federal de 1.988 só três impostos são progressivos: IR, ITR, IPTU. Atenção: o IPVA não possui alíquota progressiva. 1.7 Princípio da uniformidade geográfica Os tributos da União devem ter a mesma alíquota em todo o território nacional. Normalmente as perguntas da OAB envolvem IPI. Exceção: incentivos fiscais para estimular certa região não violam o princípio da uniformidade, como, por exemplo, a Zona Franca de Manaus. 1.8 Princípio da não limitação O tributo não pode ser usado para restringir a circulação de pessoas e bens no território nacional. Exceção: cobrança de pedágio – a própria Constituição Federal autoriza a cobrança de pedágio. 1.9 Princípio da não-cumulatividade L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 11 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 Evitar a tributação em cascata. Os tributos são pagos compensando-se em cada operação o montante recolhido na etapa anterior. A não-cumulatividade vale para o ICMS, IPI, PIS/Cofins, impostos residuais e novas fontes de custeio da seguridade. 1.10 Princípio da vedação do confisco É o princípio que proíbe retirar todos os bens do contribuinte. Confisco é uma desapropriação sem indenização. Esse princípio também vale para multas tributárias. O Supremo Tribunal Federal entende assim. 1.11 Princípio da uniformidade Os tributos da União devem ter a mesma alíquota em todo o território nacional. Importante:há um único caso que é possível a diferenciação de alíquota: concessão de incentivos fiscais para estimular certa região. Exemplo: Zona Franca de Manaus – artigo 40 do ADCT. 1.12 Princípio do non olet = o dinheiro não tem cheiro. Não interessa a origem do contribuinte. Para o direito tributário não interessa se a atividade tributada é criminosa ou não. Traficante de drogas também devem Imposto sobre a Renda (IR). 2 Interferência da União em impostos dos Estados e Municípios Como regra, o tributo só pode ser disciplinado pela própria entidade competente para a sua criação. É por isso que a União está proibida de dar isenção de tributos estaduais e municipais (proibição da isenção heterônoma). Observação: Atualização monetária da base de cálculo, dentro do índice de inflação, não é aumento de tributo – artigo 97, §2º, CTN. L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 12 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 Porém, em 4 casos a União pode interferir nas alíquotas de impostos estaduais e municipais. Resolução do Senado Alíquota mínima Alíquota máxima IPVA √ Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) √ ICMS √ √ Atenção: lei complementar da União pode fixar alíquotas mínima e máxima do Imposto Sobre Serviço (ISS). 3 Repartição de receitas - artigos 157 e 158 da Constituição Federal a) Artigo 157: Pertencem aos Estados e Distrito Federal: (i) 100% do IR retido na fonte sobre a remuneração de servidores estatutários, estaduais e distritais; (ii) 20% dos impostos residuais. b) Artigo 158: Pertencem aos municípios: (i) 100% do IR sobre a remuneração sobre a remuneração de servidores estatutários municipais; (ii) 50% do ITR, facultado ao município ficar com 100% do imposto, se celebrar convênio com a União; (iii) 50% do IPVA; (iv) 25% do ICMS. Atenção: também se sujeitam à repartição de receitas o IPI, Cide combustíveis, IOF sobre o ouro quando definido como ativo financeiro. 4 Imunidades tributárias Imunidade ≠ Isenção: imunidade está na Constituição Federal, enquanto que a isenção está na lei. Imunidade e isenção afastam somente a obrigação tributária principal, não atingindo as obrigações acessórias – deveres instrumentais. Isenção é causa de exclusão do crédito tributário. 4.1 Imunidades em espécie – artigo 150, VI, da Constituição Federal Essas imunidades afastam somente impostos. Não afastam todos os tributos. L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 13 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 Templo de qualquer culto não são imunes a qualquer tributo. Não pagam impostos, os outros tributos são devidos. Imunidade: (i) recíproca: União, Estados, Distrito Federal e municípios não pagam impostos uns aos outros. Essa regra foi estendida para autarquias e fundações públicas. (ii) templos de qualquer culto: instituições religiosas não pagam nenhum imposto. Vale para qualquer religião e qualquer imposto. Essa imunidade também vale para as áreas contíguas ao templo, ou seja, estão no mesmo terreno do templo, no mesmo número de matrícula dos templos. Exemplo: mesmo que o estacionamento da igreja seja terceirizado a imunidade permanece, desde que contígua. O mesmo ocorre com lojas, creches, casas sacerdotais etc. (iii) partidos políticos: favorece 4 pessoas jurídicas diferentes: (a) partidos e suas fundações, (b) sindicatos de trabalhadores, (c) educação sem fins lucrativos, (d) assistência social sem fins lucrativos. As assistências sociais sem fins lucrativos são imunes a contribuições sociais também (artigo 195 da Constituição Federal). Apesar de a Constituição Federal dizer em isenção no artigo 195, leia-se imunidade (Atenção!). Com relação ao (c) e (d), o artigo 14 do Código Tributário Nacional prevê 3 requisitos para essa imunidade: aplicarem integralmente no país os seus recursos, não haver repasse de patrimônio ou receita, regularidade contábil. (iv) imunidade de imprensa: livros, jornais, periódicos e o papel para a sua impressão não pagam nenhum imposto. A Constituição Federal só deu imunidade para uma matéria prima, o papel. O Supremo Tribunal Federal estendeu essa imunidade também para filmes e papeis fotográficos para composição do livro. Outras matérias primas não têm imunidade. Essa imunidade é exclusiva do produto, é uma imunidade objetiva – essa imunidade não afasta impostos pessoais de editoras e livrarias. Editora e livraria têm que pagar IR, IPVA, IPTU etc. (v) sindicato de trabalhadores: não pagam nenhum imposto. (vi) entidades assistenciais e de educação sem fins lucrativos: não pagam nenhum imposto. As entidades assistenciais também são imunes a contribuições sociais – artigo 195, §7º , CF/88 (apesar da Constituição Federal usar a palavra "isenção", deve-se interpretar como imunidade). L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 14 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 5 Espécies tributárias a) Impostos b) Taxas é o fato gerador que define o tributo, sendo irrelevantes a c) Contribuições de melhorias denominação legal e a destinação do dinheiro. d) Empréstimos compulsórios e) Contribuições especiais 5.1 Impostos São tributos desvinculados – independem de atuação estatal. Por isso que não pode ter vinculação do dinheiro do imposto a nenhuma receita específica. Lei ordinária. Imposto não é imposto remuneratório – não se remunera o Estado por ter feito alguma coisa. A Constituição Federal proíbe a vinculação da receita de impostos à despesa, órgão ou fundo - princípio da não afetação. Exceção: Porém, pode haver vinculação com gastos de saúde ou educação. Federais Estatais Municipais II IE IOF IPI ITR IGF (Imposto sobre Grandes Fortunas)1 ICMS IPVA Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) IPTU ISS Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) Distrito Federal = cobra os estaduais e mais os municipais. Imposto Extraordinário de Guerra (IEG): são cobrados no caso de guerra externa ou sua iminência, é cobrado pela União, são por lei ordinária, podem ter base de cálculo e fato gerador de outro imposto. Admitem bitributação. Criação de impostos residuais (aqueles que não estão na lista dos 13, é um imposto novo, como, por exemplo o IVA – Imposto sobre Valor Agregado): competência da União, a lei é complementar, tem que ser não cumulativos, não podem ter base de cálculo e fato gerador de outro imposto. Quem cobra impostos sobre os territórios? Sendo criado algum, a União cobra os federais, os estaduais e, se o território não for dividido em municípios, também os municipais. A Constituição Federal diz que um território pode criar com ou sem municípios. 1 Criado por lei complementar. Não é exceção a nenhuma anterioridade – aplica-se a anterioridade anual e nonagesimal. A União não tem prazo para criar o IGF. A competência para criar tributos não prescreve. L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 15 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 5.2 Taxas São tributos vinculados (remuneram atividades estatais), lei ordinária, competência comum a todasas entidades. União Estados Competência comum. Não é concorrente! Distrito Federal Municípios Importante: as taxas não terão base de cálculo própria de impostos. Artigo 145, §2º, CF/88. As taxas são de dois tipos: a) taxas de polícia: são aquelas cobradas quando o Estado realiza fiscalização efetiva sobre o contribuinte. Remuneramos atividade estatal chamado de poder de polícia, fiscalização. Exemplos: taxa de fiscalização ambiental, taxa para obtenção de licenças, taxa para obtenção de certidões. b) taxa de serviço: é a cobrada quando o Estado presta serviço público específico e divisível. Serviço uti singuli. A fruição pode ser efetiva ou potencial. Exemplo: coleta de lixo (Súmula Vinculante 19 do Supremo Tribunal Federal), energia residencial (taxa de luz), transporte coletivo, taxa judiciária, água encanada. ATENÇÃO: se o serviço for indivisível (uti universi) a taxa é inconstitucional. Exemplo: iluminação pública: não pode existir no Brasil taxa de iluminação. 5.3 Contribuições de melhoria São tributos vinculados, a lei é lei ordinária, competência é comum (União, Estados, Distrito Federal e municípios), a hipótese de incidência é a realização de obra pública (não é serviço público) que valoriza imóvel do contribuinte. São cobradas quando uma obra pública valoriza imóvel do contribuinte. A pessoa mora numa casa de 50 mil reais. Do lado é construído um shopping. Passa a valer 100 mil reais. Não pode ser cobrada a contribuição, pois não é uma obra pública. Atenção: Posso criar taxa para remunerar serviço público ou por poder de polícia. Contribuição de melhoria só remunera obra pública. Não confundir taxa com contribuição de melhoria. 5.4 Empréstimos compulsórios L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 16 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 São tributos restituíveis; a competência é da União; e a lei é a lei complementar. São criados em 2 hipóteses (não são fato gerador do empréstimo compulsório – hipóteses que autorizam a criação do empréstimo compulsório – podem ter um fato gerador qualquer, ainda que já usado para outro tributo – pode bitributar): (i) calamidade pública (tragédia da natureza – pode ser localizada, não precisa ser generalizada) ou guerra externa, é de cobrança imediata; (ii) investimento público relevante (respeita a anterioridade – só anual). Exemplo: custeio das obras da transposição do Rio São Francisco. 5.5 Contribuições especiais (i) Contribuições de interesse das categorias profissionais. Exemplo: contribuição sindical. (ii) Cides: Contribuições de intervenção no domínio econômico. (iii) Contribuições sociais ou previdenciárias. Exemplo: PIS, Cofins e CSLL (Contribuição Social do Lucro Líquido) São tributos qualificados pela destinação. Não é o fato gerador que dá a identidade jurídica. O que importa é a finalidade, destinação e não o fato gerador.Contribuições podem ter fato gerador e base de cálculo próprios de impostos. Bitributação. Contribuição privativa da União – artigo 149 da CF/88. Existem 2 contribuições que não são federais: Distrito Federal e município podem cobrar contribuição de iluminação pública (CIP ou Cosip), facultada a arrecadação na fatura da energia residencial; Estados, Distrito Federal e municípios podem cobrar contribuição de seus servidores para o custeio de regime previdenciário próprio. Lembrar: quando importo um produto, pago tudo que é tributo. Mas na exportação só incide o IE. Atenção: IEG, Empréstimo Compulsório e Contribuições são os únicos casos de bitributação autorizados pela Constituição Federal. Importante: Quando importo um produto, pago tudo que é tributo, mas na exportação só incide o IE. 6 Tributação de guerra L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 17 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 Instrumentos que a União possui para custear uma guerra externo. A Constituição Federal prevê dois institutos para obtenção de recursos para custear uma guerra. Empréstimo Compulsório Artigo 148, CF/88 Imposto Extraordinário de Guerra (IEG) Artigo 154, CF/88 Competência da União. Competência da União. Lei Complementar. Lei Ordinária. Não admite medida provisória. Admite medida provisória. São restituídos. Não são restituídos. 7 Código Tributário Nacional i) regras de integração da lei tributária: preenchimento de lacunas: sendo caso de lacuna a autoridade usará a analogia, princípios gerais do direito tributário, princípios gerais do direito público, equidade. ii) o Código Tributário Nacional admite a eleição de domicílio pelo contribuinte, mas se o domicílio eleito prejudicar a arrecadação o fisco pode recusar. Recusa de domicílio eleito. iii) legislação tributária: artigo 96 do Código Tributário Nacional. A legislação tributária é o conceito que compreende leis, tratados e convenções internacionais, decretos e normas complementares. Artigo 100 do Código Tributário Nacional – normas complementares compreendem atos normativos do fisco, decisões de órgãos do fisco, convênios e práticas reiteradas da autoridade (costumes). Artigo 103 do Código Tributário Nacional – os atos normativos do fisco entram em vigor na data de sua publicação. As decisões dos órgãos do fisco entram em vigor 30 dias após a publicação. Os convênios entram em vigor na data neles prevista. 7.1 Obrigação tributária Pode ser: a) principal: que envolve o pagamento do tributo e da multa. b) acessória: obrigação de fazer ou não fazer (prestações positivas ou negativas). É uma relação jurídica, que une 2 pólos: ativo (credor – fisco) e o passivo (devedor). Temos 2 figuras, 2 tipos de devedores, no direito tributário: a) contribuinte: aquele que tem relação pessoal e direta com o fato gerador. b) responsável tributário: é o devedor que não é contribuinte. Casos especiais de responsabilidade: L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 18 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 - sócios, gerentes e administradores só respondem por dívida da empresa se o fisco provar excesso de poder ou infração – desconsideração da personalidade jurídica. - empresa que adquirir de outra estabelecimento ou fundo de comércio (trespasse), o adquirente só responde se mantiver a mesma atividade comercial. Cuidado: se a aquisição for em falência ou recuperação judicial, o adquirente nunca responde, não importando a atividade. Se o contribuinte deve vários tributos, mas o patrimônio não é suficiente para quitar todos, consideram- se quitados (artigo 162 do Código Tributário Nacional): 1º contribuições de melhoria, 2º taxas, 3º impostos. 7.2 Crédito Tributário: exclusão, suspensão e extinção (i) Causas de exclusão: anistia e isenção. (ii) Causas de suspensão: moratória, depósito integral, recursos e reclamações, concessão de liminar e tutela antecipada, parcelamento. (iii) Extinção: os demais. 7.3 Revogação de isenção – artigo 178, CTN Uma lei pode ser revogada por outra lei, então, a isenção pode ser revogada. Exceção: se a isenção for temporária e condicionada, quem preenche a condição não pode ter o benefício revogado. 7.4 Conceito de tributo Artigo 3 do Código Tributário Nacional. Tributo é: (a) uma obrigação legal: tributo sempre surge da lei, ou nunca surgedo contrato. As convenções particulares não são opostas perante o fisco. (b) uma prestação pecuniária: o tributo é sempre uma obrigação de dar quantia em dinheiro ao Estado, nunca uma obrigação de fazer ou não fazer. É uma prestação em moeda. Serviço militar obrigatório não tem caráter tributário, é obrigação de fazer. (c) não constitui sanção por ato ilícito. Não é uma punição, não é uma pena. Tributo é diferente de multa – o tributo surge de um ato lícito (fato gerador),a multa surge de um ato ilícito (infração). (d) é uma prestação compulsória, ou seja, o pagamento é obrigatório. (e) cobrado por lançamento, ou seja, um ato do fisco de cobrança. O lançamento é um ato privativo do fisco (só o fisco pode lançar tributo), com natureza vinculada (não é discricionária), declaratório do fato L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 19 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 gerador e constitutivo do crédito tributário. O lançamento declara o fato gerador que já aconteceu e constitui o crédito tributário permitindo que o fisco faça a execução forçada, se for o caso. 7.5 Lançamento É ato privativo do fisco. É ato de império, ato impositivo. São indelegáveis a particulares. É declaratório do fato gerador e constitutivo do crédito tributário. É ato vinculado. Há três modalidades de lançamento. (a) lançamento direto ou de ofício. É aquele feito pelo fisco sem participação do contribuinte. Exemplo: IPVA, IPTU, AIIM (auto de infração e imposição de multa). (b) lançamento misto ou por declaração. É aquele feito por base em informações prestadas pelo devedor. Exemplo: II. Atenção: IR não é por declaração. (c) autolançamento ou por homologação (é a regra no Brasil). É aquele que ocorre antecipação do pagamento. Exemplo: ICMS, IR. 7.5.1 Prazos de lançamento Fato gerador 5 anos (prazo de decadência) Lançamento 5 anos (prazo de prescrição) Execução fiscal L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 20 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 DIREITO CIVIL Prof. João Aguirre, completado matéria do prof. Bruno Giancoli 1 Principais temas do Exame (i) Parte Geral - Negócios jurídicos – artigo 104 ao 232 do Código Civil (ii) Família e sucessão (iii) Obrigações – pagamento – modalidades 2 Parte geral 2.1 Pessoas Dividido em três livros: pessoas, bens e fatos jurídicos. Pessoa - atributo - personalidade Aquisição: (i) Pessoa natural: aquisição de personalidade se dá no nascimento com a vida – teoria natalista. (ii) Pessoa jurídica: registro dos atos constitutivos – teoria da realidade técnica. Regra: cartório de registro de pessoas jurídicas (Junta Comercial é só para as sociedades empresárias). 2.1.1 Personalidade É um atributo, uma aptidão para ser titular de direitos e deveres na ordem civil. Essa aptidão pode ser conferida à pessoa natural ou pessoa jurídica e os entes despersonalizados. 2.1.2 Pessoa natural Início da personalidade: nascimento com a vida, ou seja, respirar com o pulmão. Nascituro: a lei põe a salvo o direito do nascituro desde a sua concepção. (i) Teoria natalista: nascimento – tem expectativa de vida. (ii)Teoria concepcionista: o nascituro tem direito partir da concepção. Maria Helena Diniz: os direitos patrimoniais do nascituro estão condicionados ao seu nascimento com vida, mas os da personalidade são garantidos desde a sua concepção. L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 21 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 2.1.3 Capacidade Capacidade: está intimamente ligada com o exercício. (i) Capacidade de direito: possibilidade de exercer direitos atribuídos pelo ordenamento jurídico. Observação: todas as pessoas sempre possuem capacidade de direito. A criança de 2 anos tem personalidade e capacidade de direito (poderia, por exemplo, se tornar proprietária de uma casa). (ii) Capacidade de fato / de exercício: possibilidade de exercer pessoalmente os atos da vida civil. A criança de 2 anos não tem capacidade de fato. Quando se fala em incapaz, trata-se de capacidade de fato. Capacidade de fato: (i) Capazes (artigo 5º). Há a possibilidade da emancipação, que também é prevista no artigo citado. Quando falamos em emancipação há três hipóteses: (a) voluntária, feita pelos pais, mediante instrumento público; (b) judicial, decidido pelo magistrado, tutela; (c) legal, hipóteses descritas na lei (exemplo: casamento). (ii) Incapazes: absolutamente incapazes (artigo 3º) e relativamente incapazes (artigo 4º), que necessitarão de representação e assistência, respectivamente. Incapaz: tem limitação à capacidade de fato. Absolutamente incapaz: sofre limitação absoluta. Não pode exercer direitos sem estar representado. Exemplo: menor de 16 anos. Relativamente incapaz: sofre limitação relativa. Pode exercer alguns direitos, mas para outros deverá estar assistido. Exemplo: pródigo. 2.1.4 Fim da personalidade Morte (i) real: certeza da morte. (ii) presumida: com decretação de ausência; ou sem decretação de ausência quando a morte for extremamente provável (exemplo: catástrofe) ou se a pessoa desaparecida em campanha ou feita prisioneira permanecer desaparecida por até dois anos após o término da guerra. (iii) Pessoa jurídica: dissolução da pessoa jurídica através de uma averbação. Averbação é um registro auxiliar, secundário. 2.1.5 Ausência – artigo 22 e ss do Código Civil Ausência disciplina os efeitos jurídicos das pessoas desaparecidas. Ausência é um status jurídico e não fático, ou seja, sua caracterização depende de sentença judicial. A pessoa está desaparecida – não está caracterizada a ausência, preciso de decisão judicial para que a pessoa seja tratada como ausente. L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 22 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 Fases: (i) curadoria dos bens do ausente: nomeio curador para cuidar do patrimônio do ausente. É uma curatela patrimonial, não é uma curatela para a pessoa do ausente. Para que eu possa pedir a curatela não tem prazo – se os indícios forem grandes, posso pedir judicialmente. (ii) sucessão provisória: pode ser aberta após 1 ano ou 3 anos da arrecadação dos bens do ausente, abro o inventário da pessoa. Na sucessão provisória, o herdeiro provisório só tem a posse dos bens. (iii) sucessão definitiva: só pode ser pedida após 10 anos do trânsito em julgado da sentença de sucessão provisória. Acontece a declaração de morte presumida do ausente. 2.1.6 Domicílio Conceito: artigo 70 do Código Civil: residência + ânimo definitivo. Principais características: a) o Código Civil adotou o conceito de domicílio plúrimo / plural: artigos 71 e 72 do Código Civil. Posso ter mais de um domicílio – todos os domicílios são legais. b) domicílio aparente: artigo 73 do Código Civil. Pessoas que não têm residência fixa. O domicílio, nesse caso, será o lugar onde forem encontradas. c) mudança do domicílio. Com a mudança do domicílio, a pessoa deve declarar as municipalidades (artigo 74, parágrafo único, do Código Civil). d) domicílio necessário. Artigo 76 do Código Civil. É determinado por lei. O titular não tem como optar. Tem domicílio necessário o incapaz (pai ou tutor), servidorpúblico (local de sua notação), marítimo (será na matrícula do navio ou embarcação), militar (onde está servindo) e o preso (lugar onde cumpre sentença). 3 Fatos jurídicos São acontecimentos naturais ou condutas humanas previstas numa norma que outorga efeitos. (i) fatos jurídicos em sentido estrito: são os acontecimentos naturais. Que não tem intervenção da vontade humana: nascimento, morte, decurso do tempo etc. (ii) atos jurídicos: são as condutas humanas. (a) atos ilícitos, que são aqueles que a lei estabelece uma sanção (artigos 186 e 187 do Código Civil); (b) atos lícitos, dividem-se em: atos jurídicos em sentido estrito e os negócios jurídicos. Todo ato tem como essência a vontade, seja lícito ou ilícito. Quando estamos falando num ato em sentido estrito, o que acontece é que temos vontade na criação, mas a lei determina os efeitos. A vontade atua apenas na criação do ato, pois os efeitos são predeterminados na L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 23 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 lei – exemplo: atos processuais, reconhecimento de filiação, união estável, fixação do domicílio. Nos negócios jurídicos a vontade tem uma participação muito maior: vontade na criação e nos efeitos. Por isso falamos na autonomia da vontade . (artigo 104 do Código Civil) 4 Requisitos de validade do negócio jurídico Para ser válido, tem que ter agente capaz; o objeto tem que ser lícito, possível e determinado ou determinável; forma prescrita ou não defesa por lei. Validade é o mesmo que regularidade. O negócio nasce da vontade, mas para que possa produzir efeitos jurídicos deve apresentar requisitos legais – os requisitos de validade do negócio jurídico. (i) capacidade do agente – capacidade de fato do agente. A pessoa incapaz pode praticar atos válidos? Sim, quando representada ou assistida, caso contrário será inválido. (ii) legitimidade do agente – é a permissão ou restrição de uma determinada pessoa para a prática de um negócio específico. Exemplo: a pessoa não pode casar com a irmã, por falta de legitimidade. (iii) objeto – interesse: (a) licitude, (b) possibilidade, (c) determinabilidade. (iv) forma – é o suporte físico da vontade. A regra é o da forma livre. Dessa maneira, as formas especiais sempre estão previstas em lei. Na parte geral temos dois exemplos de formas especiais: artigos 108 e 109 – escritura pública. (v) exteriorização de vontade – o negócio jurídico sempre vai ter uma relação com a vontade exteriorizada. A exteriorização é feita através da declaração ou da manifestação de vontade. A declaração tem uma forma específica. Observação: como regra, a reserva mental não produz efeitos jurídicos; o silêncio não é forma de exteriorização, porém poderá ter efeito de anuência negocial. Quando a lei exige manifestação expressa de vontade, o silêncio não pode ser utilizado. 4.1 Invalidade Invalidade comporta 2 espécies: (i) nulidade: fere interesse do Estado. (ii) anulabilidade: fere o interesse das partes. L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 24 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 Nulidade Anulabilidade Hipóteses de nulidade são textuais ou virtuais. Quando é textual significa que no texto do Código Civil está prevista. Virtual é quando o texto da lei não fala de maneira clara, as induz a nulidade. Com as expressões "é vedado", "é proibido", "é defeso", nasce a chamada nulidade virtual. A nulidade atinge o interesse do Estado. Se o Estado proíbe e mesmo assim se pratica, será nulo. Hipóteses de anulabilidade são textuais. Tem efeito ex tunc. Tem efeito ex nunc. Alegação de nulidade não tem prazo. Alegação de anulabilidade depende de prazo. Pode ser conhecido pelo juiz, pelo Ministério Público ou pelas partes. Apenas as partes podem conhecer do ato. Pode ter a sua conversão substancial. Artigo 170 do Código Civil. Tem a sua convalidação. 4.2 Simulação Fazer uma coisa se passar passa por outra. Na simulação existe um negócio jurídico aparente que não corresponde à realidade. a) simulação absoluta: não existe alteração na situação anterior. b) simulação relativa: existe alteração na situação anterior, mas não da forma que está aparente. (i) negócio aparente: simulado – nulo. (ii) negócio oculto: dissimulado – pode ser válido. 4.3 Vícios do vontade Vícios da vontade. Vontade declarada ≠ vontade real. Erro Dolo Coação Anulável, o prazo é decadencial e em regra é de 4 anos contados da prática do Estado de perigo ato ou do momento em que cessar a coação. Lesão Erro: há um equívoco, me enganei. Dolo: malícia, sou enganado. Coação: violência moral, sou forçado. L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 25 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 Estado de perigo: - Salvar de um risco conhecido pela outra parte (dolo de aproveitamento) - Assumo uma prestação excessivamente onerosa. Lesão: - Inexperiência ou extrema necessidade – não preciso provar a ciência da outra parte. - Assumo uma prestação manifestamente desproporcional. (i) vícios de consentimento: tem o efeito da anulação no prazo de 4 anos. a) erro b) dolo c) coação d) estado de perigo – artigo 156 do Código Civil e) lesão – artigo 157 do Código Civil (ii) vícios sociais a) simulação: o negócio é nulo. Artigo 167 do Código Civil. b) fraude contra credores : acarreta na anulação, prazo de 4 anos. Ação revocatória ou ação pauliana. 5 Contratos É o acordo de vontades que visa a criar, modificar, extinguir, garantir, transferir ou resguardar direitos. Vícios redibitórios: vícios ou defeitos ocultos na coisa que a tornam imprópria para os fins a que se destina ou que diminuem o seu valor. Código de Defesa do Consumidor Vícios Defeitos (fato do produto ou do serviço) Qualidade Saúde Quantidade Segurança Torna a coisa imprópria para os fins a que se destina Ação redibitória Não sabia do vício: desfazimento do negócio com a devolução do preço devidamente corrigido. Sabia do vício: +perdas e danos Diminui o valor da coisa Ação quanti minoris ou ação estimatória Abatimento no preço (desconto) Sabia do vício: + perdas e danos. L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 26 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 Evicção: é a perda da coisa por decisão judicial ou ato administrativo. A garantia pela evicção se estende para os bens arrematados em hasta pública. Essa garantia pode ser ampliada, diminuída afastada pela vontade das partes. 6 Responsabilidade civil Subjetiva Objetiva Conduta do agente Conduta do agente Dano Dano Nexo causal Nexo causal Culpa presumida Não há culpa a) responsabilidade pelo fato de terceiro b) responsabilidade pelo fato da coisa c) responsabilidade pelo fato do animal 7 Direito das obrigações (i) Modalidades obrigacionais a) obrigação de dar: envolve a transferência ou a transmissão da posse, propriedade, ou de um direito real de uma determinada coisa. - obrigação de dar coisa certa: há uma especificação da coisa. - obrigação de dar coisa incerta: há uma especificação mínima. Especifico o gênero e aquantidade. O ato de escolha, como regra, cabe ao devedor. b) obrigação de fazer e não fazer: o interesse do credor recai sobre o comportamento do devedor. - obrigação de fazer fungível: pode cumprir o devedor ou um terceiro. Como regra, no direito civil, as obrigações são fungíveis. - obrigação de fazer infungível ou personalíssima: apenas o devedor pode cumprir. c) obrigações alternativas: conhecida, também, como obrigação disjuntiva. Essa modalidade prevê duas ou mais prestações na mesma relação. A obrigação alternativa permite uma escolha da prestação que será cumprida. Esta escolha, como regra, cabe ao devedor. d) obrigações divisíveis e indivisíveis: possibilidade de fracionamento do objeto da obrigação, que é a própria prestação. Como regra, as obrigações são indivisíveis. As obrigações nascem para serem cumpridas, senão, converto em perdas ou danos. Observação: todas as obrigações, quando convertidas em perdas e danos, passam a ser tratadas como obrigações divisíveis, mesmo as indivisíveis. L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 27 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 e) obrigações solidárias: se dá pela conjugação de mais de um crédito ou mais de um débito na mesma relação jurídica. Quando tenho mais de um crédito, temos a solidariedade ativa. Quando tenho mais de um débito, dou origem à chamada solidariedade passiva. Características: (i) solidariedade não se presume, resulta da lei ou de vontade das partes; (ii) a solidariedade se estende na hipótese de inadimplemento, em relação aos acessórios obrigacionais; (iii) a solidariedade não se estende aos herdeiros. (ii) Transmissão (iii) Pagamento / adimplemento (IMPORTANTE! – Ver item 3 do material do Reta Final) (iv) Inadimplemento 8 Entidades familiares O Código Civil e a Constituição Federal não definem o que é a família. A Constituição Federal afirma que determinados grupos sociais serão enquadrados como entidades familiares. Artigo 226 da Constituição Federal – rol exemplificativo: casamento, união estável e família mono parental (relação entre o genitor e a sua prole). 9 União estável – artigos 1.723 e ss do Código Civil É uma relação entre homem e mulher, pressupõe uma convivência pública, contínua e duradoura com um objetivo, constituição de família. A lei não estabelece um prazo mínimo. Deveres pessoais entre os companheiros – artigo 1.724 do Código Civil. Na união estável a coabitação não é dever. Regime de bens. A regra é da comunhão parcial. A alteração desse regime pode ser feita através de contrato escrito que a doutrina chama de contrato de convivência. Este contrato tem que ser escrito. Não é necessária a escritura pública. O Código Civil permite a conversão da união estável em casamento. O Código Civil prevê a figura do concubinato. Artigo 1.727 do Código Civil. É um tipo de união estável de uma pessoa impedida. L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 28 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 Se a pessoa está separada judicialmente, não pode casar. Se a pessoa estiver separada pode ter união estável. Esta união estável não configura o concubinato! 10 Casamento O casamento é um ato civil. Tanto a Constituição Federal quanto o Código Civil permite dar efeitos civis ao casamento religioso. O casamento religioso terá efeitos civis se tiver (i) registro e (ii) cumprir as exigências legais. Para a validade do casamento, temos uma série de requisitos: (i) capacidade: idade mínima de 16 anos (idade núbil). Esta capacidade comporta exceções: (a) gravidez, (b) para evitar a imposição de pena criminal. (ii) ausência de impedimentos: todos os impedimentos estão previstos no artigo 1.521 do Código Civil. Causa nulidade. (iii) ausência de vícios de vontade: erro (de pessoa) e coação. 10 Efeitos do casamento (i) deveres conjugais: artigo 1.566 do Código Civil II – o dever de coabitação comporta exceções: (a) em cargos públicos (exemplo: militar), (b) questões profissionais, (c) questões pessoais relevantes. (ii) direção da família: tem que ser compartilhada. (iii) encargos / gastos familiares. De acordo com a capacidade de cada cônjuge 11 Sucessão O Código Civil disciplina dois regimes sucessórios: sucessão legítima e a sucessão testamentária. A legítima resulta da lei. A testamentária tem como resultado o vontade. 12 Disposições gerais Abertura da sucessão, que ocorre com a morte do indivíduo, com isso, há a transferência automática da posse e da propriedade dos bens do de cujus aos herdeiros. Princípio de Saisine. Características da herança: L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 29 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 - é um imóvel por equiparação. Artigo 80 do Código Civil. - é um condomínio entre os herdeiros. - é indivisível até a partilha. - é universalidade de direitos. Há a possibilidade de cessão do quinhão hereditário. É feita por instrumento público. Tem que dar preferência para os demais herdeiros. Aceitação e renúncia da herança. Aceitação pode ser feita de forma (i) expressa, por escrito; (ii) tácita, que é um comportamento positivo; (iii) presumida, mediante intimação do herdeiro. Renúncia só pode ser feita de forma expressa, por instrumento público ou termo judicial. 13 Herdeiros (i) Legítimos: são pessoas físicas com relação de parentesco ou mantém com o de cujus uma entidade familiar. Podem ser: (a) necessários (cônjuges, ascendentes e os descendentes), (b) facultativos (colaterais até o 4º grau). (ii) Testamentários: são pessoas físicas, pessoas jurídicas e a prole eventual, pessoas não concebidas. 14 Testamento Ordinários Especiais – valem por 90 dias. Público – 2 testemunhas Marítimo – 2 testemunhas Cerrado – 2 testemunhas Militar – 2 testemunhas Particular – 3 testemunhas ou nenhuma (em caso de morte) Aeronáutico – 2 testemunhas. 15 Principais dicas - Direitos reais: tomar cuidado com 2 questões: aquisição de propriedade e os direitos reais de garantia (penhor2, hipoteca e anticrese3). - Contratos: na teoria geral – efeitos contratuais4; extinção dos contratos5. 2 Recai sobre bens móveis. 3 Direito real que cai sobre frutos e rendimentos de um imóvel. 4 Vícios redibitórios (=vícios ou defeitos ocultos na coisa que a tornam imprópria para os fins a que se destina ou que diminuem o seu valor) e evicção (=perda da coisa por sentença judicial. A garantia de evicção pode ser afastada por cláusula contratual expressa). L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 30 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 - Responsabilidade civil. - Anticrese: os frutos dos imóveis são dados em garantia - Pignoratícia = penhor 5 Regular – com o cumprimento da obrigação. Irregular: (i) rescisão, é por culpa; (ii) resolução, é por fato externo; e (iii) resilição, é falta de interesse. L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 31 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br| leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Erival Oliveira 1 Dicas de leitura - Emenda Constitucional 45 e 54 - Leis: 9.868/99, 9.882/99, 12.016/09 - Constituição Federal: artigos 5, 21 ao 24, 60 ao 69, 102 ao 105. 2 Classificação doutrinária da Constituição Federal Quanto à forma, é escrita. Documento único. Quanto à origem, é popular/democrática. Promulgada. Quanto à estabilidade é rígida, difícil de ser modificada. §2º do artigo 60. (3/5 em 2 turnos nas 2 casas do Congresso Nacional) Quanto à extensão, é analítica. É grande, contém normas materialmente e formalmente constitucionais. Observação: Brasil é um país laico – inciso I do artigo 19 da Constituição Federal. Não pode ter uma religião oficial. 3 Fenômenos ou teorias que surgem com uma nova Constituição Federal Regra: a nova Constituição Federal revoga a Constituição Federal anterior. Fenômenos: (i) recepção: a nova Constituição Federal recepciona normas infraconstitucionais que foram feitas de acordo com constituições anteriores, desde que não contrariem materialmente a nova Constituição Federal. Cuidado: normas infraconstitucionais antigas podem contrariar formalmente. Exemplo: o Código Penal e o Código de Processo Penal são decretos-leis, mas foram recepcionadas como leis ordinárias. (ii) desconstitucionalização: rebaixamento – a nova Constituição Federal pega a anterior e transforma em infraconstitucional. (iii) repristinação: revigor, revalidar. A nova Constituição Federal traz de volta a norma infraconstitucional que havia sido revogafo. 4 Aplicabilidade das normas constitucionais L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 32 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 Todas as normas constitucionais tem eficácia no plano abstrato. Norma constitucional eficaz: - Plena: não decorre de regulamentação. Não dependem de norma infraconstitucional. - Contida (redutível ou restringível): não depende de regulamentação, mas admite redução. Exemplo: inciso XIII do artigo 5º. O legislador ordinário (Congresso Nacional) pode reduzir. - Limitada: depende de regulamentação, de uma lei. Cuidado: o inciso LXVII da Constituição Federal – eficácia contida. Ver: Súmula Vinculante 25 – prisão civil de devedor infiel. Prisão civil só para devedor de alimentos (convenção americana de direitos humanos) Eficácia limitada é uma norma da Constituição Federal que depende de lei. Norma constitucional Eficácia limitada não regulamentada é inconstitucionalidade por omissão. Para buscar a regulamentação posso buscar o mandado de injunção e Adin por omissão. (i) Mandado de injunção Controle difuso. Qualquer pessoa pode ser autor. Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça. Tem efeitos concretos = resolve o caso do cliente. Exemplo: pode aposentar o cliente. (ii) Adin Controle concentrado. Autor: artigo 103 da Constituição Federal. Somente no Supremo Tribunal Federal. Efeitos: §2º do artigo 103 da Constituição Federal. Cuidado: artigo 12-H da Lei 9.868/99. 5 Poder constituinte 5.1 Poder originário Poder para fazer uma constituição para um Estado – criar a primeira ou nova Constituição Federal. Características: inicial, soberano, absoluto, ilimitado, incondicionado, independente etc. Constitucional é lei fundamental e limite de poder dentro de um Estado. L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 33 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 Observação: limite ao poder constituinte originário – é vedação ao retrocesso, ou "efeito cliquet" – só aumento direitos, não posso tirar direitos. Ao fazer uma nova Constituição Federal, deve-se respeitar os direitos previstos em tratados internacionais sobre direitos humanos. Dica: Brasil (OEA e ONU). 5.2 Poder derivado de reforma ou reformador poder para modificar a constituição. Limite: vedação do retrocesso (tratados internacionais que protegem pessoas – tratados internacionais de direitos humanos – seria uma cláusula pétrea no âmbito nacional). Artigo 3º do ADCT – trata de emendas constitucionais de revisão – são apenas 6 emendas constitucionais de revisão, não posso ampliar. Artigo 60 da CF/88 – Emendas Constitucionais – único meio de mudança da Constituição Federal. Caminho da mudança: (i) Iniciativa da Proposta de Emenda Constitucional (Proposta de Emenda Constitucionais – Artigo 60, I ao III); (ii) votação da PEC (§2º do artigo 60) – 3/5 em 2 turnos nas 2 casas do Congresso Nacional –; (iii) promulgação da emenda (§3º do artigo 60); (iv) publicação. Cuidado: limitações às mudanças: (i) limitações circunstanciais (§1º do artigo 60) – intervenção federal estado de defesa, estado de sítio – são criadas por decreto do Presidente da República; (ii) limitação temporal para a reapresentação da Proposta de Emenda Constitucional (§5º do artigo 60) – se Proposta de Emenda Constitucional foi prejudicada/rejeitada em uma sessão legislativa, tem que ser reapresentada em nova sessão legislativa (uma sessão legislativa vai de 2.fev a 22.dez); (iii) limitações materiais ou cláusulas pétreas (§4º do artigo 60 – cláusulas pétreas expressas/explícitas) 5.3 Poder derivado decorrente Autorização para que os entes federativos façam suas normas fundamentais. Artigo 25 (estados membros) – lei orgânica –, artigo 29 (municípios) – cada município faz a sua própria lei orgânica – e artigo 32 (Distrito Federal) Constituição Federal. 5.4 Mudança da constituição – artigo 60 I. Iniciativa da proposta de emenda constitucional - 1/3 da Câmara de Deputados (171) ou 1/3 do Senado (27) - Presidente da república L e o n a r d o H i d e k i S a k a k i R e t a F i n a l | 34 http://leonardosakaki.sites.uol.com.br | leonardosakaki@uol.com.br | 11 99610348 - Mais da metade das Assembléias Legislativas (pelo menos 14 assembléias). II. Votação da proposta de emenda constitucional (§2º artigo 60) 3/5 em 2 turnos nas 2 casas do Congresso Nacional III. Promulgação da Emenda Constitucional (§3º artigo 60) Mesa da Câmara dos Deputados e mesa do Senado Federal com o respectivo número de ordem. Cada mesa tem um presidente, dois vices e quatro secretários. Observação: emenda constitucional não tem sanção nem veto. 6 Controle de constitucionalidade É a verificação da compatibilidade vertical que deve existir entre as normas infraconstitucionais e a Constituição Federal. O ordenamento jurídico é a soma entre a Constituição Federal e as normas infraconstitucionais. O que prevalece é a Constituição Federal. Quando faço o controle, faço a comparação – lei e Constituição Federal, por exemplo. Fundamentos: (i) Princípio da supremacia da Constituição Federal: havendo um conflito de normas infraconstitucionais e a Constituição Federal, prevalece sempre o texto da Constituição Federal. (ii) Rigidez da Constituição Federal: §2º do artigo 60 (3/5 em 2 turnos nas 2 casas do Congresso Nacional). § 3º do artigo 5, CF/88 – constitucionalização dos tratados internacionais dos direitos humanos (TIDH) Cuidado: se na questão for feita a menção de direitos humanos, poderá prevalecer as normas de um tratado internacional de direitos humanos. Exemplo: prisão civil – Pacto de San José da Costa Rica. Observação: ver Súmula Vinculante 25. Norma estrangeira prevaleceu
Compartilhar