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Introdução ao Direito Civil

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IUS RESUMOS 
 
 
 
 
Introdução ao Direito Civil 
 
 
 
 
 
 
 
 Organizado por: Samille Lima Alves 
 
 
IUS RESUMOS 
 
 
 
I. NOÇÕES CONCEITUAIS DE DIREITO ............................................................................................. 3 
1. Conceito de direito ............................................................................................................................. 3 
1.1 Direito objetivo e direito subjetivo ........................................................................................ 4 
1.2 Direito positivo e direito natural ............................................................................................. 6 
1.3 Direito público e direito privado ............................................................................................. 7 
1.4 Direito positivo, direito consuetudinário e os sistemas jurídicos da civil law e 
common law. ......................................................................................................................................... 8 
1.5 Direito potestativo..................................................................................................................... 10 
1.6 Direito, religião, moral e poder ............................................................................................ 10 
2. Normas jurídicas ............................................................................................................................... 11 
2.1 Conceito e caracterização da norma jurídica .................................................................. 11 
2.2 Classificação das normas jurídicas ...................................................................................... 13 
3. Referências .......................................................................................................................................... 15 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL 
 
[3] 
 
 
Antes de iniciarmos o estudo do direito civil em si, é importante destacar 
alguns conceitos, noções básicas e elementares sobre o direito, imprescindíveis para 
a compreensão de toda a matéria. 
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald (2015, p. 3-4) explicam que a 
conceituação do direito é necessária para que o civilista “possa compreender o 
pressuposto elementar da própria existência do Direito Civil”. 
Por sua vez, Gustav Radbruch (1965, p. 33) afirma que o conhecimento 
jurídico não pode dispensar conceitos como direito objetivo e subjetivo, norma 
jurídica, fatos e consequências jurídicas, fontes do direito, conceito de dever, de 
relação jurídica, objeto de direito, entre outros. 
Dessa forma, estudaremos adiante alguns desses institutos nesse primeiro Ius 
Resumo de Direito Civil. 
Espero que sua leitura seja proveitosa. 
Samille Lima Alves 
Equipe Ius Resumos 
--- ♠ --- 
 
I. NOÇÕES CONCEITUAIS DE DIREITO 
1. Conceito de direito 
Para Maria Helena Diniz (2012, p. 18-19) não há entre os autores um 
consenso sobre o conceito de direito, isso porque “o termo “direito” não é unívoco1, 
e nem tampouco equívoco2, mas análogo, pois designa realidades conexas ou 
relacionadas entre si”. Considera ainda que não é possível dar ao direito uma única 
definição, visto que exige “tantos conceitos quantas forem as realidades a que se 
refere”. 
Para Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald (2015, p. 3-4), o direito existe para 
pacificar e disciplinar a vida em sociedade e tem de espelhar as necessidades dessa 
sociedade, que se adapta aos avanços sociais, não sendo um conceito imutável. 
Seguem abaixo alguns conceitos: 
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL 
 
IUS RESUMOS 
 
Gustav Radbruch: 
Direito é o conjunto de regras 
gerais e positivas da vida social
Maria Helena Diniz: 
O direito é uma ordenação heterônoma das 
relações sociais, baseada numa integração 
normativa de fatos e valores
Carlos Roberto Gonçalves: 
Os fenômenos da natureza, sujeitos às 
leis físicas, são imutáveis, enquanto o 
mundo jurídico, o do “dever ser”, 
caracteriza-se pela liberdade na escolha 
da conduta. Direito, portanto, é a ciência 
do “dever ser”
Limongi França: 
É o conjunto das regras sociais que 
disciplinam as obrigações e poderes 
referentes à questão do meu e do seu, 
sancionadas pela força do Estado e 
dos grupos intermediários
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald: 
É a ciência do dever ser, traçando regras mínimas para a convivência em sociedade, 
mantendo condições de equilíbrio” que “forma-se a partir da influência 
sociocultural das civilizações, com os reflexos de cada momento histórico
 
Quanto à origem do termo: 
O termo direito vem do latim directum, originado do verbo dirigere 
(di e regere - reger, governar), dando ideia daquilo que é reto, que 
está de acordo com a lei, sendo que, na antiga Roma, utilizava-se o 
termo jus-juris.
Origem
 
Algumas distinções se mostraram, e ainda se mostram, importantes para o 
estudo do direito, seja por motivos didáticos ou pelos longos debates que 
acarretaram, e por isso serão tratadas adiante. 
 
1.1 Direito objetivo e direito subjetivo 
O direito objetivo e o direito subjetivo3 assim caracterizam-se: 
Conjunto de normas 
impostas ao 
comportamento humano - 
jus est norma agendi - 
autorizando-o a fazer ou a 
não fazer algo.
Ex: Direito das sucessões, 
direito do consumidor.
Direito Objetivo
O descumprimento 
ocasiona a aplicação de 
sanção institucionalizada.
Conjunto das regras 
normativas, impostas 
pelo Estado, de caráter 
geral, que disciplinam 
determinado 
ordenamento.
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL 
 
[5] 
Faculdade inerente à pessoa, que 
pode exercitá-la a qualquer tempo, a 
depender de sua vontade. É o poder 
de direito.
Direito Subjetivo
Ex: Direito de suceder; direito do 
consumidor lesado de buscar reparação 
pelo dano causado pelo fornecedor.
A autorização para exigir, pelas instâncias 
do poder institucionalizado, o 
cumprimento da norma infringida ou a 
reparação do mal sofrido.
Possibilidade ou faculdade individual 
de agir de acordo com o direito 
objetivo - jus est facultas agendi.
 
Destacamos ainda algumas características, classificações e espécies de 
direito subjetivo: 
Direito Subjetivo
Características Classificações
Quando oponível à 
generalidades das 
pessoas - erga 
omnes
Quando o dever 
jurídico é imposto a 
pessoa determinada 
ou determinável
Quanto à 
oponibilidade
Quanto ao conteúdoPretensão do titular 
e um dever jurídico 
imposto a outrem
Pode ser violado 
por terceiro
O titular pode 
coagir o terceiro a 
cumprir seu dever
O exercício do 
direito depende da 
vontade do titular
Elemento econômico 
faz parte da 
estrutura do direito
Não há elemento 
econômico na 
estrutura do direito
Espécies
A permissão de fazer 
ou não fazer, de ter 
ou não ter alguma 
coisa, sem violação 
de preceito 
normativo
Assegura ao titular 
todos os meios de 
proteção e reparação 
pelos danos que vier 
a sofrer em seus 
direitos
Absoluto
Relativo
Patrimonial
Extrapatrimonial
Defesa de direitos
Comum da existência
Ex: Direito de 
propriedade
Ex: Direitos da 
personalidade
 
A noção de direito subjetivo não se confunde com simples faculdade e o 
poder jurídico4, visto que: 
IUS RESUMOS 
 
O direito subjetivo 
contém a faculdade e 
quando exercitado, tem-
se um poder de exigir de 
outrem determinado 
comportamento
Na faculdade jurídica há poder 
de exercer um determinado 
direito subjetivo
No poder jurídico há um 
direito exercido no 
interesse do sujeito passivo 
e dogrupo social, 
enquanto no direito 
subjetivo o beneficiário é o 
próprio titular
As faculdades humanas são 
qualidades próprias do ser 
humano e independem de 
norma jurídica para existirem
Direito Subjetivo Faculdade Poder Jurídico
 
Sobre as teorias do direito subjetivo, vejamos o que se segue: 
Teorias do direito subjetivo
Refutam a existência 
do direito subjetivo
Teorias 
negativas
Enquadram-se as teorias de Duguit e 
de Kelsen
Teorias 
positivas Teoria da vontade Teoria do interesse Teoria mista
Savigny e Windscheid Ihering
Jellinek, Saleilles e 
Michoud
Buscam conceitos a partir da vontade, do interesse e da junção 
desses elementos
 
Para Kelsen, o direito subjetivo não é senão o direito objetivoSabia?
 
1.2 Direito positivo e direito natural 
Historicamente, o direito positivo e o direito natural foram tratados como 
antagônicos. Contudo, atualmente, não são considerados contrários. 
Como bem explica Gonçalves (2013, p. 19), “o direito natural, assim como as 
normas morais, tende a converter-se em direito positivo, ou a modificar o direito 
preexistente”. Direito positivo e direito natural diferenciam-se da seguinte forma5: 
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL 
 
[7] 
É o ordenamento jurídico 
em vigor num 
determinado país e numa 
determinada época - jus 
in civitate positum
Direito 
Positivo
O positivismo teve como 
expoentes: Augusto Comte, 
Emile Lettré; a filosofia de Kant, 
Montesquieu e Hegel criticavam 
o direito natural
É a ideia abstrata do direito, o 
ordenamento ideal, 
correspondente a uma justiça 
superior e supremaDireito 
Natural
Gustav Radbruch (1965, p. 64) considera que o direito natural 
foi imprescindível na luta pela prática de um direito voltado 
para a cultura humana e não para a norma jurídica formal
Foi defendido por 
Aristóteles, Tomás de 
Aquino, Hugo Grócio, 
John Locke, e outros
 
O sistema de direito positivo passou por diversas transformações ao longo 
do séc. XX, sendo influenciado pelo movimento dos direitos sociais e das 
constituições como centro de todo o ordenamento, Assim, há doutrinadores que 
afirmam que vivenciamos o pós-positivismo. 
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald (2015, p. 11):
“Sem embargo de reconhecer a necessidade de um mínimo de 
segurança propiciada pelo positivismo, assume-se uma visão 
crítica e de preocupação social no campo jurídico. Busca-se o 
Direito como agente de transformação e de participação na 
sociedade, abandonando a neutralidade e indiferença. É o que 
se vem denominando de pós-positivismo. Uma necessidade 
de compreensão crítica e participativa socialmente do Direito 
impondo um sistema aberto e poroso”
Para 
reflexão!
 
1.3 Direito público e direito privado 
A dicotomia entre direito público e direito privado perdeu importância a 
alguns anos, tendo em vista que alguns ramos do direito misturam regras dessas 
duas espécies de direito, formando o que a doutrina chama de direito misto. Todavia, 
em razão da relevância e da didática dessa divisão, trataremos a seguir desses 
conceitos e características6. 
IUS RESUMOS 
 
Direito Público
Regula as relações em que o 
Estado é parte
Cuida dos interesses diretos ou indiretos do Poder 
Público, incluindo o Estado-Administração, o 
Estado-Juiz e o Estado-Legislador
As normas são 
cogentes
Direito Privado
Disciplina as relações entre 
particulares, nas quais 
predomina, de modo imediato, 
o interesse de ordem privada
Cuida das relações jurídicas entre os particulares 
entre si ou entre os particulares e o Poder 
Público, fora do exercício de suas funções de 
Poder Estatal
As normas vigoram enquanto a vontade dos interessados não 
convencionar de forma diversa, tendo, pois, caráter supletivo
Direito civil, empresarial, trabalho, consumidor, agrário, 
marítimo, aeronáutico, internacional privado
Normas de aplicação obrigatória que se impõem de modo 
absoluto, não sendo possível a sua derrogação pela vontade 
das partes
Direito constitucional, internacional, administrativo, tributário, 
financeiro, penal, processual, previdenciário, ambiental
Ramos
As normas não 
são cogentes
Ramos
Os dois ramos devem obediência aos princípios fundamentais da Constituição
 
1.4 Direito positivo, direito consuetudinário e os sistemas jurídicos da civil 
law e common law. 
Os sistemas jurídicos da civil law e da common law são os mais conhecidos e 
estão pautados na divisão básica de direito positivo e direito consuetudinário7. 
Direito Positivo e o sistema jurídico do civil law
O direito positivo refere-se 
à norma escrita, positivada
Tem a constituição como norma fundamental de 
análise, seguindo-se as normas infraconstitucionais
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL 
 
[9] 
A atuação do operador do direito 
deve ser eminentemente técnica, 
conhecendo as normas do sistema 
e a doutrina que as interpreta, sem 
deixar de conhecer também a 
jurisprudência
O juiz julga segundo a lei e sua consciência, 
não se vinculando os tribunais inferiores às 
decisões dos superiores, dos demais juízes 
da mesma hierarquia e às suas próprias 
decisões, podendo mudar de orientação 
mesmo diante de casos semelhantes
Países que adotam
O direito que resulta 
dos usos e costumes
Há preponderância das decisões judiciais, dirimindo casos 
concretos. Cabe ao juiz, em cada caso, decidir de acordo 
com os costumes jurídicos enraizados em cada comunidade
O jurista deve conhecer as decisões de juízes e tribunais e da doutrina que os 
interpreta, além das normas editadas pelos parlamentos e outros órgãos dotados 
de competência normativa
Inglaterra, EUA, Austrália, África do Sul, entre outros
As leis são escassas e o texto da Constituição 
geralmente é apenas a expressão de 
princípios. O direito é produzido na medida 
em que os conflitos são apreciados pelos 
tribunais, e ficam sujeitos às circunstâncias 
políticas de cada momento histórico
As decisões possuem efeito 
vinculativo: os tribunais inferiores 
devem acolher os entendimentos 
das cortes superiores, as quais 
também se obrigam por suas 
próprias decisões
Brasil, Alemanha, Argentina, França, Chile, Itália, entre outros
Direito Consuetudinário e o sistema jurídico do common law
Países que 
adotam
 
As construções jurisprudenciais ganharam bastante relevância no sistema 
jurídico brasileiro nos últimos anos em razão da Emenda Constitucional nº 45/2004. 
A Emenda Constitucional n.º 45/2004 trouxe inovação ao ordenamento jurídico 
brasileiro ao acrescentar à CF/1988 o art. 103-A que disciplina a competência do 
Supremo Tribunal Federal de editar as chamadas “Súmulas Vinculantes”, cujo teor 
vincula os demais órgãos do Poder Judiciário e a administração pública direta e 
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. 
Até o momento, o STF editou 53 súmulas dessa natureza.
 
 
IUS RESUMOS 
 
1.5 Direito potestativo 
Entende-se por direito potestativo8: 
Direito Potestativo
Poder jurídico conferido ao titular que o 
possibilita a produzir efeitos jurídicos em 
determinadas situações mediante declaração 
unilateral de vontade, que pode sujeitar 
terceiros interessados, sem poder de se 
oporem
O exercício de direito potestativo 
dispensa qualquer comportamento 
do sujeito passivo. O titular o 
exerce sozinho ou, se necessário, 
através da intervenção do Poder 
Judiciário para integrar a vontade 
do titular
Exemplos: direito de revogação a qualquer 
tempo do mandato concedido pelo 
mandante; a prerrogativa do sócio em 
retirar-se da sociedade, entre outros
É o direito que não pode sofrer lesão
O direito potestativo decairá 
apenas se previsto prazo em lei. 
Caso contrário, poderá ser exercidoem qualquer tempo
 
1.6 Direito, religião, moral e poder 
Direito, religião, moral e poder9 diferenciam-se e relacionam-se da 
seguinte forma: 
Enquanto a religião trata do mundo espiritual, buscando integrar 
o homem à divindade, o direito trata das relações humanas, 
cuidando da pacificação da sociedade
A moral traça normas de convivência social ao homem no âmbito 
interior, atinge o foro íntimo, enquanto o direito trata das 
condutas exteriorizadas pelo homem, aplicando as sanções 
devidas. Todavia, a influência da moral sobre o direito é 
incontestável
Direito e 
Religião
Direito e 
Moral
Direito e 
Poder
Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona (2014): 
“O direito (positivo) é um produto da interação em sociedade, 
cuja existência depende ontologicamente do ser humano, uma 
vez que objetiva a solução dos eventuais conflitos de convivência 
social. Assim, a impositividade é uma característica vital do 
direito, mas que está relacionada, em verdade, com o poder 
político da qual emana” 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL 
 
[11] 
2. Normas jurídicas 
2.1 Conceito e caracterização da norma jurídica 
Maria Helena Diniz (2012, p. 38-50) promove uma discussão e uma 
construção acerca do confuso conceito de norma jurídica e de qual ou quais seriam 
os elementos essenciais para caracterização da referida norma. 
Coatividade
Atributividade
Imperatividade
Coação
Qual é o 
elemento 
essencial da 
norma jurídica?
Autorizamento Sanção
Coerção
 
 
Cada um desses elementos foi conceituado e analisado pela referida 
doutrinadora, nesses termos10: 
Imperatividade
A norma jurídica é norma de conduta, 
que regula o agir humano, orientando-
o para suas finalidades, impondo, para 
tanto, um dever
Sanção
A infração de normas jurídicas geram 
determinadas consequências
É característica essencial e importante 
da norma jurídica, contudo, não a 
difere de outras espécies de normas, 
também imperativas, como as normas 
morais
A sanção só é aplicada se houver 
violação da norma, logo não pode 
definir a norma jurídica, visto que a 
norma pode nunca ser descumprida, 
além de ser elemento de outras 
espécies de normas
 
IUS RESUMOS 
 
Coação
A coação é a aplicação ou realização 
efetiva da sanção contida na norma 
jurídica
Coerção
É o exercício contínuo de coação sobre 
todos, em razão do temor gerado pelas 
consequências advindas da violação da 
norma jurídica
A norma jurídica não pode coagir o 
indivíduo a fazer ou deixar de fazer 
algo. Apenas prescreve conduta 
daquele que pode exercer a coação, 
que foi a pessoa lesada. A norma 
jurídica precede a coação, e não o 
contrário
Apesar da eficácia preventiva, a coerção 
não é elemento essencial da norma 
jurídica, pois é remédio utilizado 
apenas em caso de violação. A regra é 
que a eficácia pacífica da norma, sendo 
desnecessária a intimidação para seu 
cumprimento
Coatividade
Característica da norma jurídica que 
possibilita o exercício da coerção
Atributividade
A norma jurídica atribui ao lesado a 
faculdade de exigir do violador, pelo 
poder competente, o cumprimento ou 
a reparação dos danos
Não pode ser considerado como 
elemento essencial, pois é precedido 
pela norma jurídica e a coação é 
exercida por ente determinado, e não 
pela norma
A norma jurídica não pode atribuir 
faculdade especial a quem quer que 
seja, pois a faculdade é inerente do ser 
humano e independe de norma jurídica
Autorizamento
Compete a norma jurídica autorizar ou não o uso da faculdade de reação do 
lesado, que poderá exigir o cumprimento dela ou a reparação pelo mal causado
O autorizamento é da sociedade, mas é a norma jurídica que prescreve as condutas 
exigidas e proibidas pela sociedade, que legitima e autoriza o uso da coação, 
característica não existente em outras normas
 
Assim, os elementos essenciais da norma jurídica são11: 
Imperatividade Autorizamento
A imperatividade inclui a norma 
jurídica no “grupo das normas éticas 
que regem a conduta humana, 
diferenciando-a das leis físico-naturais”
O autorizamento diferencia a norma 
jurídica de todas as outras espécies de 
normas, pois “só a jurídica é 
autorizante”
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL 
 
[13] 
2.2 Classificação das normas jurídicas 
As normas jurídicas classificam-se conforme os critérios da imperatividade, 
da hierarquia e do autorizamento, e cada um subdivide-se em outras categorias, que 
estão dispostas abaixo12: 
DispositivasImpositivas
Quanto a 
imperatividade
Quanto a sua 
hierarquia
Menos que perfeitas
Quanto ao 
autorizamento
Perfeitas
Mais que perfeitas
Imperfeitas
Afirmativas
Negativas
Permissivas
Supletivas
Normas 
internas
Normas constitucionais
Leis complementares
Leis ordinárias
Leis delegadas
Medidas provisórias
Decretos legislativos
Resoluções
Decretos 
regulamentares
Normas 
individuais
 
Quanto a imperatividade, as normas classificam-se em impositivas e 
dispositivas, que se caracterizam por: 
Impositivas, de imperatividade absoluta ou absolutamente cogentes
Ordenam ou proíbem 
alguma coisa - fazer ou 
não fazer - de modo 
absoluto
Tutelam interesses fundamentais, 
diretamente ligados ao bem 
comum - são normas de ordem 
pública
Classificam-se 
em
Ex: arts. 3º, 426, 
1245 e 1526 do 
CC/2002
Quanto a imperatividade
Afirmativas
Negativas
Permite ou regula a prática de 
uma conduta
Proíbe uma conduta
Ao destinatário só 
cabe um esquema 
de conduta
Dispositivas ou de imperatividade relativa 
Não ordenam ou 
proíbem de modo 
absoluto
Uma norma dispositiva pode tornar-se 
impositiva, em virtude da doutrina e da 
jurisprudência
Ex: arts. 1639, 
caput; 327, I; 
628, 1640, CC/
2002
Permissivas
Supletivas
Permitem a conduta de ação ou 
abstenção 
Suprem a declaração de vontade 
não existente
Ex: art. 924, 
CC/1916 e art. 
413, CC/2002
1
2
Classificam-se 
em
 
IUS RESUMOS 
 
Quanto ao autorizamento, as normas classificam-se em mais que perfeitas, 
perfeitas, menos que perfeitas e imperfeitas, e consistem em: 
Mais que perfeitas
Aplicação de duas sanções: a nulidade 
do ato praticado ou o restabelecimento 
da situação anterior e ainda a aplicação 
de uma pena ao violador
Perfeitas
Declaração da nulidade do ato ou a 
possibilidade de anulação do ato 
praticado contra sua disposição e não a 
aplicação de pena ao violador
Menos que perfeitas
Aplicação de pena ao violador, mas não 
a nulidade ou anulação do ato que as 
violou
Imperfeitas
Normas sui generis, autorizantes, que 
não são propriamente normas jurídicas 
e cuja violação não acarreta qualquer 
consequência jurídica
Quanto ao autorizamento
Ex: arts. 1521, VI; 1548, II, CC/2002 Ex: arts. 1647, I; 1730, CC/2002
Ex: art. 1523, CC/2002
Ex: obrigações decorrentes de dividas 
de jogo, dívidas prescritas, etc
1 2
3 4
 
Quanto à hierarquia, tem-se: 
Normas de competência do Poder 
Legislativo, que versam sobre matérias 
não tratadas por lei complementar
Relativas aos textos da Constituição 
Federal, de modo que as demais 
normas deverão ser conformes a elas
Elaboradas pelo Presidente da 
República, sob regime de delegação 
pelo Congresso Nacional
Leis inferiores às normas constitucionais 
que tratam sobre determinadas matéria 
e deve ser aprovada por quorum 
específico
Normas aprovadas pelo Congresso, 
sobre matéria de sua exclusiva 
competência e que não carecem de 
sanção presidencial, como o julgamento 
das contas do Presidente da Republica
Normas sem natureza de lei, editadas 
pelo Poder Executivo, no exercício de 
sua função normativa, nos casos 
previstosna Constituição
Quanto a hierarquia
Normas constitucionais Leis complementares
Leis ordinárias Leis delegadas
Medidas provisórias Decretos legislativos
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL 
 
[15] 
Normas jurídicas gerais, abstratas e 
impessoais, estabelecidas pelo Poder 
Executivo, para promover a execução de 
uma lei
Decisões do Poder Legislativo sobre 
assuntos do seu peculiar interesse, 
como concessão de licença ou perda de 
cargo por deputado ou senador
Normas específicas, que alcançam 
pessoas determinadas e, eventualmente, 
terceiros, como contratos, sentenças 
judiciais, testamentos 
Referem-se a normas de organização ou 
de funcionamento de determinado 
órgão ou Poder, como despachos, 
estatutos, regimentos
Resoluções Decretos regulamentares
Normas internas Normas individuais
 
--- ♠ --- 
 
3. Referências 
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral do direito 
civil. 29. ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2012. 
FARIAS, Cristiano chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: 
parte geral e LINDB. 13. ed. rev. ampl e atual. vol. 1. São Paulo: Atlas S.A, 2015. 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de 
direito civil: parte geral. 16ª ed. vol. 1.São Paulo: Saraiva, 2014. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 11. ed. vol. 
1. São Paulo: Saraiva, 2013. 
RADBRUCH, Gustav. Introdução à Filosofia do Direito. Trad. Jacy de Souza 
Mendonça. [1965]. 
 
NOTAS: 
 
1 Unívoco: que só tem um significado, uma interpretação; não ambíguo. 
2 Equívoco: que pode ter mais de um sentido, de uma interpretação; ambíguo. 
3 Diniz (2012, p. 24, 27), Farias e Rosenvald (2015, p. 5-6), Gonçalves (2013, p. 20), Goffredo Telles Jr 
(DINIZ, 2012. p. 24, 27), Galiano e Pamplona Filho (2014). 
4 Farias e Rosenvald (2015, p. 7), Diniz (2012, p. 25). 
5 Gonçalves (2013), Farias e Rosenvald (2015). 
6 Diniz (2012, p. 31-32), Farias e Rosenvald (2015, p. 13-15), Gonçalves (2013, p. 21-23). 
7 Farias e Rosenvald (2015, p. 11), Gagliano e Pamplona Filho (2014). 
8 Farias e Rosenvald (2015, p. 8). 
9 Farias e Rosenvald (2015, p. 13), Gagliano e Pamplona Filho (2014). 
10 Diniz (2012, p. 40-48). 
11 Diniz (2012, p. 49). 
12 Diniz (2012, p. 50-55).

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