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INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DO DIREITO AULA 6 DIREITO NATURAL E DIREITO POSITIVO DIREITO NATURAL “Entende-se por direito natural o conjunto de princípios diretores da conduta humana, que resultam, segundo a concepção filosófica que se adote, de um poder sobrenatural ou divino, da natureza das coisas, ou da razão humana. O direito natural, segundo o pensamento filosófico proeminente atualmente, tem origem na razão.” (MACHADO, p. 49) VARIAÇÃO NA ORIGEM DOS IDEAIS DO DIREITO NATURAL Conforme visto em sala, existem divergências, entre os autores referência do jusnaturalismo, quanto à fonte dos ideais considerados direito natural. Relembrando: OBS: Alguns pontos divergentes entre as teorias jusnaturalistas: -Quanto à fonte do direito (Deus; Natureza; Razão humana) - Quanto à conceituação da natureza humana (belicosa; pacífica; racional; sociável; individualista; etc.) EXEMPLO: ARISTÓTELES -Sociabilidade inerente à natureza humana - Estado como continuidade da família - COMPATIBILIDADE HOBBES -ISOLAMENTO – agressividade (Ser humano, no estado natural, pela sua preservação, visa sua própria subsistência, mesmo que prejudique outrem.) - Estado como controle – ANTÍTESE ao estado de natureza ORIGEM DO DIREITO NATURAL – RAZÃO HUMANA HOMEM Razão + Experiência Acesso aos princípios que surgem da vida humana em sociedade OBSERVAÇÃO DA NATUREZA HUMANA VALORES ESSENCIAIS (à natureza humana) HOMEM SOBREVIVÊNCIA Manutenção das condições que a garantem de forma DESEJÁVEL -SUBSISTÊNCIA MÍNIMA - DESENVOLVIMENTO DAS FACULDADES, POTÊNCIALIDADES QUAIS VALORES FUNDAMENTAIS QUE CARACTERIZEM AS CONDIÇÕES MÍNIMAS PARA QUE ISSO SEJA POSSÍVEL? DIREITO NATURAL EM FUNÇÃO DA NATUREZA HUMANA CARACTERÍSTICAS DO DIREITO NATURAL TRADICIONAL ETERNO IMUTÁVEL UNIVERSAL “isto porque, sendo a natureza humana a grande fonte desses Direitos, ela é, fundamentalmente, a mesma em todos os tempos e lugares.” (NADER, p. 376) “Em época já distante, entendeu-se que o direito natural seria integrado por princípios universais e perenes. Hoje, porém, admite-se que os princípios do direito natural variam no tempo e no espaço.” (MACHADO, p. 49) EXEMPLOS: DIREITO À VIDA DIREITO À LIBERDADE Para alguns direitos essa característica realmente pode ser afirmada Desdobrando ... “Se quisermos reduzir esses direitos a um mínimo (o que não é aconselhável) poderíamos enunciar os seguintes: direito à vida e à liberdade, que aliás até os animais instintivamente defendem com unhas e dentes...Desses dois direitos decorrem todos os demais: direito à integridade física, direito ao trabalho remunerado, direito de não ser preso arbitrariamente, direito de não ser torturado, direito à segurança jurídica, direito a julgamento com dignidade (...) direito à saúde, direito à educação (...)” (GUSMÃO, p. 57) Desdobrando... DIREITO À VIDA DIREITO À LIBERDADE Desses direitos, podem ser estabelecidos outros que concorrem para a sua concretização, de forma ampla. Afinal, ter direito à vida não se resume apenas ao direito de não ter a vida retirada. É um significado amplo – Condições favoráveis à vida. ALGUMAS DAS CRÍTICAS AO DIREITO NATURAL As próprias concepções de direito natural variam entre si. As críticas abaixo consideram o que têm em comum, as teses centrais. Origem dos postulados Segundo Kelsen, o Direito Natural não pode ser um critério de aferição de validade ao positivo, pois teria que se admitir um Direito natural absoluto, ao contrário da realidade, onde existem diferentes normas e critérios de justiça – OU SEJA – O PRÓPRIO CONCEITO DO QUE É JUSTO É RELATIVO O Direito Natural pode ser utilizado para diversas funções, por exemplo, em momentos de revolução, transformação social; na posterior conservação dos resultados dessas transformações; etc. Assim, as concepções de Direito Natural não foram criadas para servir como instrumento de dominação, mas podem levar a essa consequência. “O jusnaturalismo atual concebe o Direito Natural apenas como um conjunto de amplos princípios, a partir dos quais o legislador deverá compor a ordem jurídica.” (NADER, p. 376) OBSERVAÇÃO: LEGISLADOR = DESTINATÁRIO DO DIREITO NATURAL -Observador dos fatos sociais -Analista da natureza humana OBJETIVO: Realização da JUSTIÇA → FINALIDADE do direito LEIS que refletem os princípios de Direito Natural ORDENAMENTO JURÍDICO LEGÍTIMO DIREITO POSITIVO “Precisando o nosso pensamento, dizemos que o direito positivo é o direito vigente, histórico, efetivamente observado, passível de ser imposto coercitivamente, encontrado em leis, códigos, tratados internacionais, (costumes), resoluções, regulamentos, decretos, decisões dos tribunais, etc.” (GUSMÃO, p. 53) ORDEM JURÍDICA OFICIAL Referências que a integram Quando admitidos enquanto fonte de direito, aplicáveis pelos juristas ao caso concreto. ORIGEM DO DIREITO POSITIVO ATO DE VONTADE HUMANA OCORRÊNCIA DE ORDEM NATURAL Produção cultural – existe a partir do homem, da interação que emerge na vida em sociedade CRIAÇÃO / PRODUÇÃO OBSERVAÇÃO CONSTATAÇÃO EXPLICAÇÃO POSITIVISMO JURÍDICO DIREITO POSITIVO Linha de pensamento em relação ao Direito (Opiniões de pensadores sobre conceitos, fontes, características, etc.) Formas de expressão do Direito criado culturalmente pelo homem, preexistente às correntes de pensamento em defesa do positivismo jurídico. OBSERVAÇÃO: CARACTERÍSTICAS DO DIREITO POSITIVO Paulo Dourado de Gusmão Dimensão Temporal Dimensão Territorial Correspondência com o momento histórico - Início e final da vigência das normas - Características refletidas nas normas (valores, ideais, necessidades sociais, etc.) - Âmbito espacial onde cada norma jurídica possui aplicabilidade (ex: municipal, estadual, nacional, internacional) Caráter Formal Regras e procedimentos previamente estabelecidos para o momento de criação de normas (nova lei; modificação de lei existente; revogação de lei) -Normas superiores – conteúdo reduzido e mais generalizado, abstrato (ex: constituição) - Normas subordinadas – conteúdo mais detalhado, específico, mais numerosas (ex: Lei de Recuperação e Falências) Ordem Hierárquica “Autocontrole” de criação normativa CARACTERÍSTICAS DO DIREITO POSITIVO Paulo Dourado de Gusmão “Formalidade” – Rigor, padrão – o Direito Positivo é reconhecido em documentos específicos, com finalidades a eles atreladas, como a lei SEGURANÇA JURÍDICA CONTRIBUI PARA O ALCANCE DA JUSTIÇA IDEAL FUNDAMENTAL (causa final do Direito)-Sistema organizado de ordenação de condutas - Fundamentado na observância a determinados princípio fundamentais PARA ALGUNS APENAS O SISTEMA VIGENTE E OFICIAL SIGNIFICA ESSA SEGURANÇA. PARA OUTROS, NÃO BASTA A EXISTÊNCIA DE UM SISTEMA SE ESTE NÃO FOR LEGÍTIMO, OU SEJA, COMPATÍVEL COM OS IDEAIS E VALORES FUNDAMENTAIS. “Se o direito positivo se define por sua mutabilidade, sua regionalidade, sua circunstancialidade, sua especialidade, a busca do direito natural expressa a angústia do homem num mundo em que tudo, sendo positivo, é relativo.” (FERRAZ JR., p. 173) OBSERVAÇÃO: A SEGURANÇA JURÍDICA NÃO EXISTE EM ABSOLUTO, MAS APENAS NA CERTEZA DO SISTEMA DE NORMAS DOTADO DE CERTA ESTABILIDADE E ORGANIZAÇÃO NESSE SENTIDO, MUITOS ADEPTOS DO DIREITO NATURAL O DEFENDEM NO SENTIDO DA PERMANÊNCIA DOS IDEAIS RELATIVOS À NATUREZA HUMANA “Ora, se o jusnaturalismo puro compromete a ordem, promovendo a insegurança jurídica, o juspositivismo radical induz o jurista à alienação da causa final dos procedimentos jurídicos, que é a solução de justiça substancial.” (NADER, p. 381) PERSPECTIVA EQUILIBRADA – SEM APOLOGIA ÀS VISÕES EXTREMAS CONCEPÇÃO HUMANISTA DO DIREITO CONCILIAÇÃO DOS VALORESJUSTIÇA E SEGURANÇA “a absoluta insuficiência do direito positivo revela-se mais claramente no campo da hermenêutica. Quando se estuda a interpretação vê-se como é indispensável o apelo aos valores, para que se possa determinar o verdadeiro significado das normas, ...” (MACHADO, p. 50) PERSPECTIVA CRÍTICA AO DIREITO POSITIVO - INSUFICIÊNCIA PERIGO – PROBLEMA NO DIREITO POSITIVO – POTENCIAL DE INJUSTIÇA Podendo acarretar uma situação de injustiça, onde o ordenamento formalmente válido pode conter aspectos ilegítimos, incompatíveis com os ideais de justiça. GARANTIA DO RESPEITO AOS IDEAIS DE JUSTIÇA CONDICIONADA AO CONTEXTO POLÍTICO QUE PRODUZ E APLICA AS NORMAS JURÍDICAS “O Direito Positivo, visto como expressão da vontade do Estado, é um instrumento que tanto pode servir à causa do gênero humano como podem consagrar os valores negativos que impedem o pleno desenvolvimento da pessoa.” (NADER, p. 373) “Quer sirva ao pessimismo de Hobbes para legitimar a doutrina da monarquia absoluta, ou a Rousseau para conceber uma democracia radical, fundada na doutrina otimista da bondade natural dos homens; ou, então, para inspirar solenes Declarações de Direito dos indivíduos e dos povos, o certo é que o Direito Natural espelha as esperanças e as exigências da espécie humana, jamais conformada com as asperezas da lei positiva, no processo dramático da história.” (REALE, p. 312) DIREITOS HUMANOS POSITIVAÇÃO DO DIREITO NATURAL? Conforme Paulo Dourado de Gusmão, os direitos humanos, estabelecidos em convenções internacionais, e incorporados às constituições de muitos países no século XX podem ser considerados uma “versão modernizada do jusnaturalismo” (GUSMÃO, p. 56) GARANTIA DE POSITIVIDADE VALORES FUNDAMENTAIS TORNAM-SE TEXTO DE DIREITO POSITIVO OBS: VÊM ATRAVÉS DE ESTÍMULOS HISTÓRICOS DIVERSIFICADOS (ex: guerras, desigualdade, etc.) Dessa forma, não são os mesmos direitos naturais desde o início da história - VARIAÇÃO “Reside aí a raiz provável do paradoxo de uma sociedade obsessivamente preocupada em definir e proclamar uma lista crescente de direitos humanos e impotente para fazer descer do plano de um formalismo abstrato e inoperante esses direitos e levá-lo a uma efetivação concreta nas instituições e práticas sociais. Na verdade, entre a universalidade do Direito e as liberdades singulares, a relação permanece abstrata e, no espaço dessa abstração, desencadeiam-se formas muito reais de violência que acabam por consumar uma cisão entre Ética e Direito no mundo contemporâneo: aquela degradada em moral do interesse e do prazer, esse exilado na abstração da lei ou confiscado pela violência ideológica.” (FERRAZ JR., p. 174) PROBLEMA DA EFICÁCIA DOS PRINCÍPIOS QUE SÃO INCLUÍDOS NO ORDENAMENTO POSITIVO (VIRAM CONTEÚDO DE LEI) Dificuldade em aproximar o conteúdo abstrato às situações concretas que dele necessitam DIREITO POSITIVO E DIREITO NATURAL: UMA DICOTOMIA ENFRAQUECIDA (Tercio Sampaio Ferraz Jr.) “Sua importância mantém-se mais nas discussões sobre a política jurídica, na defesa dos direitos fundamentais do homem, como meio de argumentação contra a ingerência avassaladora do Estado na vida privada ou como freio às diferentes formas de totalitarismo.” (FERRAZ JR., p. 171) A “Positivação” dos Direitos Naturais e o principal fator que, para este autor, descaracteriza a necessidade de uma disputa entre o Direito positivo e o Direito natural. “O divórcio entre o Direito Positivo e o Natural gera as chamadas leis injustas, que negam ao homem o que lhe é devido.” (NADER, p. 376)
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