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Artigo 3 - Luz e sombras no século XIX em Portugal

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Luz e sombras no século XIX em Portugal
António Machado Pires
Eça de Queirós e o fim do século 
O capítulo inicia-se com a seguinte citação «É muito grave, deixar a Europa», afirmação de Jacinto (A cidade e as serras), que reflete o eurocentrismo oitocentisnta como também uma grande autenticidade trans-histórica e psicogenética. Eça, após 20 anos, isto é, no seus 55ºs anos de vida, é quebrado por alguns sintomas de doença que assume prazeres da cultura e da civilização parisiense, onde ja vivia ha 12 anos. Num fatal dilema, existe um duplo exílio de espírito: pensar em poder-se resolver por aquilo que nao se tem, mas com receio de perder-se naquilo que nos habituamos. 
Havia decorrido uma longa experiencia de vida que começaria por prosas “barbaras” românticas, terminando num cansaço de escola experimentalista. No entanto, na última década de vida, Eça revela uma enorme coerência de obra, que permite dar-lhe um caráter de unidade. Também recupera o gosto pela fantasia, afinado já num percurso de maturidade.
Voltando ao eurocentrismo, grandes personalidades como Comte, Balzac, Darwin etc, emanavam o espirito da Europa e que faziam de Paris e de Londres nao comparveis com outra cidade onde nao brilhasse a luz do espírito. Também, Eça não é sensivel à igualdade de sexo nem às mesmas capacidades entre etnias, afirmando assim «e os negros de Éfrica, que se contam aos milhoes, pesam menos no mundo que – nao direi já um Balzac, ou um Wagner». Tudo isto gere um orgulho europeu que é pecado velho, pois já Ramalho de Ortigão afirma a inferioridade de Nova Iorque sobre a falta de civilização, não em bens materiais, mas em sentimentais.
Assim, captamos o grande sentimento eurocentista na euforia positivista com que tinha desenvolvido a civilização material. Não ser europeu, era ser bárbaro, e esses deveriam pagar tributo, trabalhar ou deixar de depender dos Impérios da Mãe Europa. Havia uma hierarquia nacionalista exacerbada. Exemplificando, conseguimos ver Jacinto em Paris, guardadores da ciência nos santuários do saber das grandes metrópoles.
Já com a geração de 90 no séxulo XIX, a humanidade, sobretudo a Europa, ficam doentes de tanta excelência que os continua a caraterizar. A civilização começa a produzir seres frágeis, afastados da saúdo natural, as industrias começam a emprobrecer, as conquistas experimentais levam a fórmulas espiritualmente carecidas de outras dimensões humanas. Assim, somente a a redimensionaçao da condição humana, espirutal e social pode salva a humanidade: os ares saudáveis da serra, as genuínas raízes nacionais, a caridade ativa, a esmola ou convivência, como podemos ver em Jacinto que ações filantrópicas na serra ou em Ulisses na fuga da ilha Ogígia e dos encantos de Calipso em busca da felicidade “não fabricada”, no risco das coisas imperfeitas. Que é o que é vida! 
A vida, sem experiencialismo ou formúlas humanas, sem certezas é a disponibilidade, a liberdade, o sentido de equilibrio entra a Razão e a Imaginação, rigor e fantasia. É também concilizar entre a Europa e Portugal, a natureza e as serras.
Também há que referir que, Eça baseava-se muito no modelo civilizacional francês, na qual preconcebia o modelo de clareza, inteligencia e racionalidade (“Douce France”). No entanto, o autor depois retira-se com a decadência da própria França.
Eça é sem dúvida quem mais questiona a dictonomia civilização-natureza ao desenvolver a saúde e o domd e sorrir ao homem erudito, mas para muitos cidadãos finisseculares, não havia esperança no céu azul de Tormes. A menos, segundo António Patrício, seguissemos duas vertentes para o rompimento de tal civilização: a arte ou o crime.
Para Eça, havia arte, residente na vida dos santos, em lapidar correspondência e pensamentos de Fradique Mendes. Para outros, já desiludidos, vêem a destruição como alternativa de construção desse mundo que falhara. Podemos ver isso a partir do capítulo IV, em A cidade e as serras, no jantar de Jacinto, um moço loiro cuja teoria social é a bomba que no belo gesto romântico de destruir esteticamente aquele mundo.
Após a crise idealista antipositivista dim de século, este começa a escapar-se para a fantasia, com diabos, visões etc. Assim, podemos dizer que, conforme a maturidade e a tolerância crepuscular do «exilado« de Neully, permitem atingir a sintese da fantasia e da imainaçao completando a observação aprendida na dura escola do real. Agora novas estéticas o surpreendiam, fungindo para universos vago, a uma literatura de «farrapos indecisos de sentimentos», algo admirável no Simbolismo. 
Esta corrente literária denuncia o excesso de ciência e positivismo reclamando as aspeirações do Ideal e as delícias da imaginaçao.
Eça não profeta as guerras mundiais, mas ele, o criador de Fradique e amigo da Europa, tenta avisar contra falsos profetas em nome da tolerância e da cultura universalizante.
Lembrando a teoria do progresso de Garrett nas Viagens, Eça acredita na dialética dos avanços e recuos, mas nu irresistivel avança que lhe é sugerido pelo seu saber clássico e pela teoria do eterno retorno. No entanto, o homem que lembra a sombra protetora da Italia mater, que escolhe heróis como Ulisses, que deixa a Odisseia nas mãos de Jacinto em Tormes, nao se esqueceria de fazer acreditar na sempre renovada Primavera da Europa, em nome da seiva história de um passado tão rico.

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