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1.2 Contrapondo entre Cultura, Natureza e Civilização em A cidade e as serras

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Caraterísticas do final do século XIX
Reação idealista aos excessos do Positivismo e da Ciência
É um período marcado pela Ciência e Racionalismo, onde existe uma diferenciação entre pensamento e emoção.
O Positivismo é uma corrent filosófica do século XIX que tem como seu iniciante August Comte, que propõe um sistema de pensamento de que a Ciência é a única fonte de conhecimento e crença e que, tem como líder supremo as Ciências.
Por exemplo, na Idade Média vivia-se em torno do Teocêntrismo, na qual todo o pensamento e expressão experiencialista era condenada, também pela grande dictonomia cultural existente em diferentes épocas, povos e espaços.
Assim, conseguimos afirmar que é uma época que rejeita o dogma (crença irrefutível) aceitando o experiencialismo com base na Ciência. Também, é de salientar que existia uma utopia social de forma a sugar ao máximo o racionalismo, isto para que haja a possibilidade de atingir a felicidade através da Ciência (Idealismo).
Por exemplo ,conseguimos perceber isto a partir do momento em que Jacinto, rodeado de ciencia, se sente cansado da vida, isto é, de todo o luxo tecnológico. Esta infelicidade leva-o à decadência, posteriormente. Assim, a personagem, num sistema bucólico, refugia-se num meio rural, mas mesmo assim, ainda a CiÊncia exerce grande influência na sua vida.
Palavras-chave: nevrose; degenescência (Max Nordan); Spleen (associado ao tédio).
A civilização é posta em causa pelo regresso à natureza
Nos dias de hoje, já se começam a surgir movimento ecológicos, antibagismos, insentivos à reciclagem, de forma a combater as ameaças contra a natureza. As pessoas começam a refugiar-se em cenários rurais de forma a combater o grande tédio civilizacional, de forma a encontrarem o equilibrio e felicidade, o maior objetivo de todos os tempos.
Anarquismo
É uma movimento organizado que pretende combater todas as organizações políticas, de forma a lavar ao sacrificio de si próprio. Temos por exemplo a personagem Zé Fernandes.
S.Francisco de Assis (Hagiografia)
É a relaçao com a natureza em que o homem nao precisava de trabalhar “Olhai os lírios do campo”. Num fim de século, numa época de tédio civilizacional, as pessoas refugiam-se, também, nas crenças, nomeadamente religiosas de forma a assegurar-lhes proteçao. Assim também surge, novamente a Hagiografia, que o próprio Eça começa a se interessar.
Novas sensibilidades em arte e religião
É nesta época que surgem o Simbolismo, decadentismo e impressionismo.
Consumismo
American dream
Hegemonia como língua internacional
Cultura em modelos americanos
Capitalismo industrial: acular riquezas desde a revolução industrial.Eurocentrismo É um modelo civilizacional da Europa no centro do mundo. Isto vem a contrapor-se com a civilização, posteriormente mais valorizada, angloamericana.
No entanto gera-se problemas:
Força crescente do operário
Fim do século a uma atitude de interrogação
Agentes básicos da mudança:
É um espirito de mudança tanto na religião como na arte.
Perda das crenças (Niilismo) Nietzsche, Assim falava Zaratustra (p.10-13, 34-35 e 92-93)
Declínio da autoridade
Ex: Arte Dadaísmo (Fountain, Duchamp) Aqui sao postos os valores estéticos.
 Literatura Romantismo e principalmente com o Modernismo.
Luz e sombras no século XIX em Portugal
António Machado Pires
Luz e sombras na transição do século (é poca de D.Carlos)
Em primeiro plano é-nos abordado um grande contraste entre dois séculos, o século XIX e XX na qual inicia-se por apresentar grandes feitos históricos que contribuiram para a civilização mundial. Carateriza o século passado como o século da luz do gás, da luz elétrica, das grandes engenharias do ferro, do comboio, da máquina a vapor, as interregações da ciência perante o conhecimento objetivo e positivo da realidade, a criação de uma nova visão da literatura e a crise da consciência religiosa já abalada pelo Racionalismo. 
Começamos a ver um desenvolvimento, mas também uma grande quebra nas crenças ocidentais, exemplificando com a substituição do Deus critão pelo deus da ciência. Desta forma, verificamos, também, que a Ciência começa a ter uma presença e influência predominante sobre a realeza como o príncipe do Monca e o rei D.Carlos.
Neste sentido, é criado um orgulho da civilização e a surge o Eurocentrismo. Mas, emcontraposição, o o final do século é tão decepcionante, recheado de ilusões perdidas que, uns intorrogam-se sobre a decadência do homem, outros sobre a uma nova espiritualidade budista em conexão com a critão ocidental e outros pela diminuição da nação lusitana, isto é, ignorância presente numa nação.
Então, parte-se do principio do Assasinato de D.Carlos, e o regicídio que começa a virar de página que encontraria em 1910 uma nova era na implantação da Républica. Obviamente que começa a ser um país em transição, nas suas esperanças e sombras. Também, Portugal Contemporâneo, de Oliveira Martins, é invocado ao documentar uma marcha precipitada de acontecimentos, de vultos protagozinando golpes, de oportunidades falhas, de uma buscar permanente e messianica de estabilidade. 
Neste sentido o triunfo da Humanidade faz-se apenas pela razão, pelo triunfo sobre a natureza e pela concorrência. Isto é, civilização. 
Também começamos a ver, nos romances de Teixeira Queirós (por exemplo), o estendal de conhecimentos ciêntificos. Vêmos o triunfo da ciência aplicada, mas ao ponto de devoção e expansão, um dito Messianismo cientifico, comprovado com Galrão, que do deletério amor que os realistas condenavam como contrário à razão positivista.
Mas esta luz universal começava a ter o seu crupúsculo: as máquinas falhavam, os homens sentiam-se infelizes ou como Jacinto ( A cidade e as Serras, Eça de Queirós) exclamava “A cidade é talves uma ilusão perversa!”
É de salientar que, o próprio Eça caricaturava a civilização como um povo enganado pela ciência, isto é, embrulhados numa maravilha de habilidades mecânicas, que antevia o motivo dessa mesma civiilizaçao utilitária, uma massa de miséria humana que em cada pedaço de ferro que fundíamos e capitalizávamos, iria criar mais um pobre.
Aprofundando cada área, verifica-se no romance a busca do culto extravagante no simbolismo, num neo-romantismo exacerbado. Na religião, um neofranciscanismo esteticizante, levando às vidas dos santos (O Maravilhoso Mundo das Lendas de Santos, Eça de Queirós), aos mitos e lendas como refúgio de uma era já decadente e temerosa. 
Também, alguns suícidios famosos como, Manuel Laranjeira, Mouzinho de Albuquerque, Antero de Quental, levam Unamuno a iterrofar.se sobre “un pueblo de suicidas”
Em contrapartida, com final do século e início do fim do reinado de D.Carlos I, surge uma carga de Simbolismo posteriormente, que se projeta numa viajem ao Brasil ao comércio externo, aquando a Invasão Francesa visita algumas sombras portuguesas. Para além disso D.Amélia sentia repúdio a tal nação enquanto o rei esperava uma filha bastarda de uma brasileiro. A D. Carlos,apenas ficamvam-lhe o entusiasmo pela ciência oceanográfica em vez da política. Luzes e sombras debruçavam-se sobre a nação portuguesa: cacusações de desinterese do rei, comentários irónicos ao país, insinuações sobre D. Amélia e um crescente número de clubes republicanos.
Em Portugal, começa a surgir luz elétrica, primeiramente, nos teatros , fazendo depois triunfar a noite sobre o dia, permintindo trabalho a qualquer hora abrindo a porta para a civilização da eletricidade. Isto também debruçou-se sobre a pintura, na qual deixava de ser realista para captar impressoes e a luz dominante. Os impressionistas começam a dar maior valor à luz, à impressão. No mesmo seguemento, surgiu uma das grandes escritas iluminadores como a de Raúl Brandão. De facto, a luz, natural ou provocada artificialmente, é um tema emblemático na literatura e na vida. Sobre uma perspetiva otimista,a civilização, apesar de alguns dos seus excessos, criava uma luz que derrotava a noitemultissecular.
Todo este culto, faz-nos lembrar o Decadentismo e as ousadias do Modernismo, absorvendo num caos de vida interior.
Conseguimos perceber que r nos finais do séxulo XIX como no percurso do século XX, são bem a síntese de uma turbulenta caminhada numa busca eufórica e frustrada de felicidade e saber ilusoricamente difinitivos. Findava sérias dúvidas sobre a Ciencia, sobre a Democracia, sobre a civilização material. Ainda era posto o maior problema de todos tempos (A felicidade humana) que em cada avanço enorme de luz deixava adivinhar a sombra de dúvidas e a necessidade de saber mais e melhor. Assim, em vez do final do século XIX continuar cientificista, positivista comtiano e naturalista, torna-se por reaçao espiritualista, simbolista, neocristão e místico-socialista.
Luz e sombras no século XIX em Portugal
António Machado Pires
Eça de Queirós e o fim do século 
O capítulo inicia-se com a seguinte citação «É muito grave, deixar a Europa», afirmação de Jacinto (A cidade e as serras), que reflete o eurocentrismo oitocentisnta como também uma grande autenticidade trans-histórica e psicogenética. Eça, após 20 anos, isto é, no seus 55ºs anos de vida, é quebrado por alguns sintomas de doença que assume prazeres da cultura e da civilização parisiense, onde ja vivia ha 12 anos. Num fatal dilema, existe um duplo exílio de espírito: pensar em poder-se resolver por aquilo que nao se tem, mas com receio de perder-se naquilo que nos habituamos. 
Havia decorrido uma longa experiencia de vida que começaria por prosas “barbaras” românticas, terminando num cansaço de escola experimentalista. No entanto, na última década de vida, Eça revela uma enorme coerência de obra, que permite dar-lhe um caráter de unidade. Também recupera o gosto pela fantasia, afinado já num percurso de maturidade.
Voltando ao eurocentrismo, grandes personalidades como Comte, Balzac, Darwin etc, emanavam o espirito da Europa e que faziam de Paris e de Londres nao comparveis com outra cidade onde nao brilhasse a luz do espírito. Também, Eça não é sensivel à igualdade de sexo nem às mesmas capacidades entre etnias, afirmando assim «e os negros de Éfrica, que se contam aos milhoes, pesam menos no mundo que – nao direi já um Balzac, ou um Wagner». Tudo isto gere um orgulho europeu que é pecado velho, pois já Ramalho de Ortigão afirma a inferioridade de Nova Iorque sobre a falta de civilização, não em bens materiais, mas em sentimentais.
Assim, captamos o grande sentimento eurocentista na euforia positivista com que tinha desenvolvido a civilização material. Não ser europeu, era ser bárbaro, e esses deveriam pagar tributo, trabalhar ou deixar de depender dos Impérios da Mãe Europa. Havia uma hierarquia nacionalista exacerbada. Exemplificando, conseguimos ver Jacinto em Paris, guardadores da ciência nos santuários do saber das grandes metrópoles.
Já com a geração de 90 no séxulo XIX, a humanidade, sobretudo a Europa, ficam doentes de tanta excelência que os continua a caraterizar. A civilização começa a produzir seres frágeis, afastados da saúdo natural, as industrias começam a emprobrecer, as conquistas experimentais levam a fórmulas espiritualmente carecidas de outras dimensões humanas. Assim, somente a a redimensionaçao da condição humana, espirutal e social pode salva a humanidade: os ares saudáveis da serra, as genuínas raízes nacionais, a caridade ativa, a esmola ou convivência, como podemos ver em Jacinto que ações filantrópicas na serra ou em Ulisses na fuga da ilha Ogígia e dos encantos de Calipso em busca da felicidade “não fabricada”, no risco das coisas imperfeitas. Que é o que é vida! 
A vida, sem experiencialismo ou formúlas humanas, sem certezas é a disponibilidade, a liberdade, o sentido de equilibrio entra a Razão e a Imaginação, rigor e fantasia. É também concilizar entre a Europa e Portugal, a natureza e as serras.
Também há que referir que, Eça baseava-se muito no modelo civilizacional francês, na qual preconcebia o modelo de clareza, inteligencia e racionalidade (“Douce France”). No entanto, o autor depois retira-se com a decadência da própria França.
Eça é sem dúvida quem mais questiona a dictonomia civilização-natureza ao desenvolver a saúde e o domd e sorrir ao homem erudito, mas para muitos cidadãos finisseculares, não havia esperança no céu azul de Tormes. A menos, segundo António Patrício, seguissemos duas vertentes para o rompimento de tal civilização: a arte ou o crime.
Para Eça, havia arte, residente na vida dos santos, em lapidar correspondência e pensamentos de Fradique Mendes. Para outros, já desiludidos, vêem a destruição como alternativa de construção desse mundo que falhara. Podemos ver isso a partir do capítulo IV, em A cidade e as serras, no jantar de Jacinto, um moço loiro cuja teoria social é a bomba que no belo gesto romântico de destruir esteticamente aquele mundo.
Após a crise idealista antipositivista dim de século, este começa a escapar-se para a fantasia, com diabos, visões etc. Assim, podemos dizer que, conforme a maturidade e a tolerância crepuscular do «exilado« de Neully, permitem atingir a sintese da fantasia e da imainaçao completando a observação aprendida na dura escola do real. Agora novas estéticas o surpreendiam, fungindo para universos vago, a uma literatura de «farrapos indecisos de sentimentos», algo admirável no Simbolismo. 
Esta corrente literária denuncia o excesso de ciência e positivismo reclamando as aspeirações do Ideal e as delícias da imaginaçao.
Eça não profeta as guerras mundiais, mas ele, o criador de Fradique e amigo da Europa, tenta avisar contra falsos profetas em nome da tolerância e da cultura universalizante.
Lembrando a teoria do progresso de Garrett nas Viagens, Eça acredita na dialética dos avanços e recuos, mas nu irresistivel avança que lhe é sugerido pelo seu saber clássico e pela teoria do eterno retorno. No entanto, o homem que lembra a sombra protetora da Italia mater, que escolhe heróis como Ulisses, que deixa a Odisseia nas mãos de Jacinto em Tormes, nao se esqueceria de fazer acreditar na sempre renovada Primavera da Europa, em nome da seiva história de um passado tão rico.
O segredo de Eça
Ideologia e ambiguidade em A cidade e as Serras
Frank F. Sousa
Jacinto entre a cidade e o campo: tese ou não?
A cidade e as Serras é uma obra da autoria de Eça de Quei´rós que, ao longo dos tempo, tem sido a menos importante, do ponto de vista estético, em toda a novelística queirosiana.
No entanto, há várias perspetivas sobre esta obra:
É uma rutura na perspetiva- crítico-satírica (algo caraterístico em Eça)
É uma reconciliação com um Portugal tradicionalista e reaccionário
António José Saraiva e óscar Lopes «os males humanos curar-seiam pelo regresso à vida de proprietário rural».
João Gaspar Simões «Eça nunca teria trocado Paris por Tormes».
Jacinto Prado Coelho afirma ser um livro ”ultrapassado” sobre uma perspetiva reácionista dando primazia ao campo sobre a cidade. Esta obra é «desonesta» por exibir uma infidelidade sobre a propria personalidade literária de Eça.
Álvra Lins afirma ser uma obra de cariz ensaístico e de valor literário inferior.
João Medina, em Eça Politico, critica o aspeto saudosista e reaccionário da obra. No mesmo seguimento, concluiu que através do protagonista de Eça, Jacinto, representa por um lado a «reconciliação de Eça com a Pátria que perdera em muitas viagens desde 1872». Por outro lado, a «desilusão» perante França era cada vez mais intolerante.
Marie-Hélène Piwnick afirma que a obra reduz.se a um libelo contra o símbolo-decadentismo do fim de século.
Mário Sacramento numa abordagem perspicaz, é da opinião que existe uma visão essencialmente «ironista». Também afirma que o objetivo do autor nao seria criar personagens reais com personalidade.
Maria Lúcia Lepecki firma ser um romance satírico de extrema complexidade. Também afirma que na obra racica «na critica amarga, ferina e extremamente lúcida da alta burguesia e da aristocracia portugusa do século XIX». No entanto,esta acaba por descontruir o seu argumento ao dizer ser uma obra extremamente ambigua, aberta a leituras multiplas e contraditórias.
Prado Coelho, vem a contrapor, devido a ela dar demasiada importância à visão critica de Zé Fernanades, perante o protagonista, Jacinto. Assim, este anula o valor da ambiguidade, reduzindo a reticência irónica à sátira iplacável, substituindo a visão complexa pela visão linear. E, também acrescenta, que o que determina a obra é o sentido examplar da trajetória percorrida por Jacinto, do imenso tédio de Paris à beatitude da vida simples, patriarcal, na aldeia.
Beatriz Berrini afirma o mesmo no ensaio «Jacinto: aristocrata rural».
Jaime Cortesão, explica a viragem da estética queirosiana como tendo um lado social e outro religioso ou místico (este ultimo, evidenciado em As lendas dos Santos). Esta crença de Eça, nao foi provocada por uma teoria sociopolitica, mas por uma revolução na consciência do indivíduo. Eça conseguiu ultrapassar o romance sociológico e histórico, exemplificado em Os maias e A ilustre cada de Ramires.
Será possível ler A cidade e as Serras como romance ideologico em que certa ou certas teses sao expostas? Ou devemos interpeta-la como obra tributária de veia irónica tão cara a essa escritos anteriores? Por outras palavras: embora em A cidade e as Serras o autor pareça propor-nos com clareza uma tesa, nao realidade essa tese nao será alvo de frequentes e ambíguos desvios?
O facto de Eça ter utilizado um narrador na 1ª pessoa que não é, inteiramente digno de confiança, deixa entrever a propria maneira de elaborar a narrativa, uma ironia e ua ambiguidade que se articulam mal com a defesa de uma tese. Nno entanto, nenhum dos críticos que fizeram uma leitura ideologica tentou estabelecer os elemtnos constituintes dessa ideologia.
O trabalho de Suleiman sobre o romance ideológico pode parecer mais apropriado a uma analise da narrativa neo-realista do que ao estudo de uma obra de ficção finissecular oitocentista. Assim, o romance ideológico é a novela escrita de um modo realistico na qual os seus sinais para o leitor surgem como uma didática primária procurando demonstrar a validade politica, philosofa ou a doutrina religiosa. Mas o romance ideologico diferencia-se do romance realista por ser uma narrativa onde o aspto didático é posto em relevo. Assim, este representa uma tese numa forma insistente,consistente e inequívoco para assim definir e comunicar a sua intensão. Daí entender-se como “autoritário”, isto é, intenta limitar-se a uma leitura preconcebida pelo autor porque este baseia a mensagem da obra numa teoria redutora do homem.
Segundo Suleiman dintingue o romance tese com o romance realista em 3 caraterísticas:
Presença naquela de uma estrutura de valores dualsta e nao ambígua
Presença de um intertexto ideológico
Existência de uma apelo à ação dirigido ao leitor
Dictonomia cidade/campo
Também, em A cidade e as serras nao se pode negar que existe uma estrutura binária, opondo a cidade/campo, Portugal rural/França, presenta/passado. O problema é que esse romance pode tambem ser visto como ambíguo e irónico parecendo ao leitor uma tese, enquanto que por outro lado vai minando a possibilidade de o leitor acreditar no que parece ser-lhe proposto. Esta dualidade a que torna a obra tão complexa de analisar e de a classificar.
Nos primeiros 7 capitulos o tema dominante é a cidade. Desde o 8º capitulo inclui a viagem de Jacinto e de Ze Fernandes de Paris a Tormes, o tema dominado é o campo. Há todavia uma sistematica invasao de cada espaço pelo outro. Zé Fernandes, o narrador, enquanto está na cidade referese ao campo fazendo o inverso quando se desloca às serras.
Delineaçao da diferença entre os dois centros em que tem o lufar a ação do romance:
Para Zé Fernandes a cidade é Paris, metrópole oitocentista por excelência, devido à populaçao, À riqueza, ao modelo de vida, à tradição e cultura. Isto remete a cidade de Paris, em modo histórico, a cidade eurocentrica do século XIX, isto é, a cidade da cultura universal.
Há que distinguir que Jacinto é um puro nativo de França, que abarca todos os conhecimentos e modelos de sofisticação e civilizaçao francesa, enquanto Zé Fernandes é um homem das serras portuguesas que se desloca a Paris para concluir os seus estudos de Direito, após ter sido expulsado da Universidade de Coimbra.
Análise da cidade
Assim, Zé Fernando surge como porta-voz da desmititificaçao da cidade moderna e capitalista, na qual priva o homem do contacto com a natureza. A cidade surge como decadente, degenerada , antivital e desumana, pois cresce devido à exploraçao humana e da redução dos desejos fundamentais do homem (carne e dinheiro).
Aparentemente a obra propõe-nos uma tese. Segundo Alexandre Pinheiro Torres, a cidade é um lugar da distopia, um lugar desagradável onde é impossivel viver uma vida de plenitude humana. Em contraposição, o campo é apresentado como sendo o lufar da eutopia, isto é, um lugar propício à renovação e à conquista da felicidade. Esta tese é proposta por Zé Fernandes, narrador-testemunha, na qual põe em causa a tese de Jacinto (a cidade sobre o campo) aquando este se ausenta 7 anos das serras e volta à cidade. Jacinto concorda com a perspetica de Zé Fernandes mas mostra-se também cético frente À sua porpria perspetiva. O segundo grande momento de persuaçao de Zé Fernandes perante o amigo é aquando este insiste fazer uma visita ao cimo de Montemartre. Aí, surge como uma passagem bíblica em que Cristo é atentado pelo Diabo, isto é, Zé pretende persuadir o seu «Príncipe» os malefícios da fastidiosa cidade, apontando o céu que cobre a planície, simboliza as serras, o que lhe seria benéfico.
Além disso é de referir que o cidadão citadino é aprisionado com os deveres sociais das tradições,preceitos, etiquetas, cerimónias, praxes, rits etc. O resultado de viver nesta criação “antinatural” é que o homem perde a sua liberdade, sentido de belza e capacidade de rir, uma expressão de espontânea da levez de espirito essencial à liberdade humana. Na cidade o homem perde a noção de equilibrio, caindo em desmesuras e extravagâncias. Perde a sua liberdade moral e conhece a sua frustraçao de nunca alcançar objetivos, havendo incessadamente desilusão, desesperança ou derrota. Por um lado a cidade é caraterizada pela decadência das suas ideias novas e valor chocante e por outro pela sua uniformidade opressiva. Esta cena surge o resumo da sociedade parisiense. Nos eventos encontramos o exemplo de mulher citadina: falsa e sedutora (condessa Trèves).
O que Zé Fernandes vê afinal é a cidade como lugar de depravação, de decadência: a cidade produz mal-estar, pobreza e infelicidade, e não é o paraíso terrestre. Neste romance é bem caraterístico as pretenções ideológicos que,ao repetirem ideias de diferentes matizes, é melhor para conseguir o objetivo didático. Também, segundo Suleiman, a dedundância, o elemento essencial, tenta dar coerência e validade à mensagem central da obra. Por exemplo, para o fim, Zé Fernandes volta a Paris ao fim de 5 anos, e repete novamente as ideias de decadência, vicío e inanidade urbana da cidade contrapondo com as serras. Neste mesmo episódio, este revela-se num ambiente de opressão ao sentir-se rodeado por multidões que parecem «uma escura humanidade formigando entre patas e rodas, numa pressa inquieta», isto é, o amor do dinheiro e o desejo de «saciar a carne». Assim, este deseja voltar às serras para poder “resurgir” o humano.
Zé Fernandes, após 7 anos longe de Portugal, volta a Guiães, aldeia serrã no norte de Portugal, e se depara com a progressiva comlicação da vida citadina e exemplifica com a maneira de como as laranjas são preparadas para comer. Enquanto que em Paris é necessário gela-las em éter para se disfrutar o sabor, em Guiães o ato de comer esta frua é simples e natural. Esta desacreditação pela civilização também surge com o facto das máquinas avariarem: o tubo de água rebenta causando inundação; teatrofone nao transmite a canção de Gilberte, o peixeda Dalmácia encalha no elevador e, o engraçado é que sempre que acontece algo assim, Ze contrapõe com uma situação parelela nas serras. Segundo o narrador, sta inundação poder-se-á acontecida devido à grande força da natureza sobre a água, recusanso ser subjugada pelas máquinas. Isto vem a par da aprovação da tese do narrador.
Análise das serras e comprovação da tese do narrador
Assim parte Zé Fernandes defendendo a sua tese de que nas serras existe a predominância de abundância, felicidade e harmonia perfeita entre as classes e a beleza natural. Com efeito a sua primeira descrição cabe na clássica conceção «locus amoenus», em que a fauna e flora convidam o homem a integrar-se na natureza e na totalidade que abrange o Universo e o próprio Deus. Tudo está ali ao seu alcançe, contraponde a industrialização, mecanização e supercivilização. 
No meio rústico o homem está longe do ruído das máquinas, na poluição, da falsidade humana como tecnológica e estabelece a mais próxima relação com o próximo. Enquanto que na cidade vive-se nas limitações de um recinto de presão, nas serras o ser humaano reconhece-se como ser livre num espaço aberto para o infinito.
Isto comprova-se em vários momentos: Aquando Zé e Jacinto avistam a beleza idílica da ascensão que os leva da estação de comboio até à residência. Também durante o passeio de ambos no vale de Sandofim, caraterizado pela sua beleza de jardins onde Jacinto conhece a sua futura esposa e, no final do regresso de Zé Fernandes às serras, depois da sua viagem a Paris. Há que salientar que Jacinto passa por uma morte simbólica (de tanta civilização material), seguida de uma ressureição simbólica nas serras inserida quando este passa a ter uma vida simples e feliz como proprietário rural das serras portuguesas.
Assim, debruçemos sobre o Jacinto citadino:
Ele, defende na sua tese que, a felicidade dos individuos, como a das nações, se realiza pelo ilimitado desenvolvimento da Mecânica e da Erudição, pondo em prática a fórmula « o homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado». Assim, este menozpreza a natureza, que lhe parece uma força ameaçadora dos projetos do homem. Tendo por base esta afirmação, ele separa-se do mundo animal e natural da capacidade de ser consciente e pensante, capaz de idear teorias e fabricar máquinas para controlar a natureza. Esta recusa vai contra o processo orgânicoda vida em si, seja a vida e a morte.
Deduze-se que a teoria de Jacinto baseia-se na separaçao entre a natureza e o homem. Este depois sobrecai, deixa de ser um homem novo, robusto e desempenado mas passa a ser um curvado, magro e frágil, devido ao pessimismo e tédio. Ista fisionomia da personagem não é so carateristica da sua idade, mas também da crise em todo o caso, e cansaço que só nas serras se resolvera. Apesar de ela possuir as melhores máquinas a vida continuava a subjugar-lhe, fazendo com que ele sentisse a necessidade de ipor ordem na sua vida.
Partindo da teoria de Jacinto, o palácio, localizado nos Campos Elísios, deveria se ro sitio ideal onde poderia-se contrar a felicidade. Para o narrador, este espaço fechado e controlado permite a Jacinto pôr à prova as suas premissas e teorias.
É de salientar que Jacinto estava rodeado de maquinaria para tornar fácil e confortável a existência humana e pela sua curiosidade da sabedoria cientifica, histórica, literária e filosófica. Mas, a mensagem é reiterada e clara: em vez de o homem cientifico se tornar mestre da matéria, é esta que exerce o seu poder sobre ele, que nao consegue entrar numa relaçao harmoniosa e de respeito com ela. A Natureza possui como que uma potência incosciente e imponente que resiste à ciencia e à razao.
Este quanto mais se esforçava por presumir dominio sobre as coisas, mais se ia sentindo progressivamente alienado do real. A certa altura, desencadeia-se mesmo desmoronar da crença no positivismo, na tecnologia e na cidade, dando lugar a outra teoria, o pessimismo, como forma de estar na vida.
Este possuiu uma enorme quantidade de livros, mas em vez de o abrir novos caminhos, surgem como janelas fechadas que se limitam ao conhecimento cientifco o que lhe dificulta cada vez mais.
Jacinto nas serras
No solar de Tormes, Jacinto embora possua menos livros, lê-os com maior gosto e entusiamo. Com efeito, deixa-se de pretensões cientificas e entraga-se ao banalíssimo prazer, de ler ficcção e poesia. Desta forma, ele abandona a indecisão e sai do seu egoismo e pessimismo, da sua postura Narcisisma contemplando-se e atingindo uma união panteísta com o Universo.
Assim ele vem na teoria do narrador, iniciando de modo simples a sua primeira fase nas serras e afirma de forma dogmática a sua crença na Natureza. Isto debruça-se na grande vitalidade que este volta a mostrar, mas de forma «saudável», pela incessável sede das águas da serra e grande fome e, contrapondo com a sua antiga religião Positivista, este começa a intrometer na sua linguageml evocando uma vaga religiosidade dora da estrutura religiosa oficial
Assim, voltando a Suleiman, esta comprova-nos que o romance de tese parte da ignorância da verdade para provações ultrapassadas ao cohecimento da verdade que leva a uma nova vida de acordo com a verdade. Assim consegue-se ver na obra e assim já nos dando pistas para a crença no romance tese presente em A cidade e as Serras.
Exemplificando: Na cidade tudo parece provar que o heroí começa a assumir uma ideologia errada da existência mas que, simultaneamente, ele desconhece a exsitência de um espaço, as serras do norte de Portugal que permite-o aceder a uma nova ideologia assente na vida riral o que é fonte de felicidade. Zé Fernandes exerce o papel de tutor e ajuda-o a superar a tal ignorância. Jacinto também ignora o lado benéfico da Natureza e da Sua força que tem que ser respeitada e conciliada com os objetivos do homem (o que os livros nunca o ensinaram). Ma depois de uma série de provaçoes ele alcança uma nova visão do mundo, e recupera claramente o apetite voraz juvenil, na plenitude familiar atinfia atraves do seu casamento com Joaninha e da paternidade como pai de Jacintinho e Teresa.
Pouco depois, este realiza a contrução de casas novas para os seus rendeiros, uma creche, farmácia e até uma sala de projeção com luz mágica (cinema). Assim vêmos uma tranformação de Jacinto: de passivo a ativo.
Também é de salientar que, a grande rutura é feita a partir da perda das 23 malas aquando ele estava na cidade, isto de forma a abandonar toda a sua civilização para mergulhar num outro mundo de pura plenitude espiritualista e de bem-estar. Depois, podemos ver que este se encontra sem mobilias, janelas etc, uma situação semelhante a de um mendigo que nem direito a roupas com elegância tinha. Este tambem embrulha o corpo numa camisa. Nesta experiência de Jacinto podemos ver a insinuação de um mundo ao contrário, isto é, o heroi transita de homem rico a pobre.
Dictonomia planície/serras (inércia/subida)
No meio urbano nao existe a possibilidade de uma pessoa realizar-se pela via espiritual, assim temos o caso de Jacinto que perde a sua identidade.Isto é, na cidade o ser humano nao passa de um átomo solitário à deriva num meio hostil. Assim, para se recuperar, o homem deve afastar-se do meui urbano para permitir a si proprio a busca do seu ser na intefra da realidade total, no cosmo.
De uma forma mais promenorizada, a cidade não preenche a necessidade espiritual porque ela propria é uma criaçao artificial, isolada da natureza. A partir dela o ser humano pode manifestar as suas proezas artisticas, ou provas dos seus talentos económicos o que depois gera poluição, sobrepovoamente, exploraçao dos homens nos homens, antinaturalidade, materialismo, a interrogaçao sobre a condição humana e a procura da sua existência. Assim surge a tese em A cidade e as serras, pois a solução é visivel pelo percurso da personagem-herói, como dos espaços, não só nas serras mas nas montanhas. Na tradição judaico-cristã, a montanha é a vista como sendoo espaço priviligiado do contato entre Deus e o homem, Quanto à tradição graga convém lembrar do Monte Olímpo, espaço onde os deuses residem.
A subida (serras) reveste-se de grande valor no espaço citadino. Em primeiro lugar Zé Fernandes tem como que um sonho, neste ele sobe sobre a livraria (no 202) o que alcança o céu. Aí encontra Deus sorrindo enquanto lê o irreverente Voltaire. Numa segunda subida citadina, já se prefigura o percurso de Jacinto. Também quando Jacinto e Zé sombem à Basilia do Sacré-Coeur,em prol dos probres. Ao subir ao monte, faz-nos lembrar a tal passagem biblica já referida entre Cristo e o Diabo, e em que Jacinto vislumbra lá do cimo um realidade que nunca antes o tinha aparecido, devido à cegueira do materialismo. 
No entanto, Mauricio comunica diretamente esta simbologia destes dois planos diferentes :«Mas tu santa Colina,homem progano da planície e das ruas de Israel!». Esta oposiçãoadquire um valor dicotomico entre o plano espiritual e profano. Zé Fernandes inteira-se de que o espaço rural e espiritual que era Montmartre dora já conquistado pela extensao da planície, isto é, da cidade.
Assim: Na planície, Jacinto defende uma “religião” material baseada no Positivismo lógico, desprezando qualquer ideologia espiritualista e teológica.
Jacinto das serras defende uma postura bem contrária, adotando um novo vocabulário vagamente cristão. A sua espiritualidade assemelha-se ao panteísmo e um vaga franciscanismo. É nas serras que o individuo, livre de opressão das massas, longe do ruído e das distrações fúteis que oferece a cidade e ao mesmo tempo, em comunhao com a sua familia, amigos e vizinhos, pode aceder a essa união panteísta com a Natureza e com o «Todo».
A solução para a crise existencial de Jacinto encontra-se não só nas serras mas na montanha como metáfora e simbola de uma realidade supramaterial que transcede o sítio em si. Este transita de um «centro» falso (cidade) para um centro «verdadeiro».
Há de salientar que, para além de a obra nos parecer exigir uma interpretação ideológica, está longe de nos comunicar apenas um ponto de vista, indiscutivel e claro, sobre a realidade.
Em primeiro lugar estamos perante uma estrutura narrativa que conjufa e faz coexistir pelo menos suas «vozes» e dois pontos de vista: os de Zé Fernandes e os de Jacinto. Podemos dizer que no fim do romance Jacinto consegue superar a busca da utopia positivista e de igal modo super aa tendência para idealizar as serras. A sua tragetória é um abrir de horizintes para outras possibilidades e uma compreensão de diferentes soluções para a problemática da vida moderna.
O protagonista sabe que nao pode negar a realidade cientifica do fim do século XIX, nem ignorar a revolução industrial que teve lufar, mas este tenta aprender tanto dos antifos, como provam as suas leituras dos clássicos, como dos modernos, como o indica a aceitação de máquinas em Tormes e Guiães.
Assim, podemos dizer que Jacinto não se afastou por completo da «civilização», mas foi à procura da busca do “meio termo”, o compromisso encontrado na coexistência pacífica, respeitando e aprendendo diferentes maneiras de ser e estar no mundo.
Posteriormente, uma questão é levantada: a correção da visão retrógada do feudalismo das serras, a qual Zé Fernandes relata perante a fome a doença dos rendeiros de Jacinto, uma crítica à estrutura económica do campo e da mesma forma da cidade. Há também uma visão irónica do narrador que mantem no interior e exterior dos limites do género bucólico. Assim o bucolismo torna-se alvo de crítica aquando o narrador se refere à tradição pastoral. Em segundo lugar, depara-se com a intensão de alertar o suposto bucolismo na propria obra. 
Quando Jacinto se reconcilia com a Natureza, este lê varios livros, sendo um de Virigilio que idealiza a natureza e surge o tom irónico devido ao grande trabalho, esforço e cansaço presente na vida campestre. Existe uma grande oposição na obra sobrea realidade campestre e a ideialização das serras. 
Outra caraterística visivel é quando Zé Fernandes e Jacinto chegam à serras, surge um temporal agressivo e, posteriormente, Jacinto se depara com a extrema pobreza, fome e doença na suas propriedades.
Outro elemente antibucólico é relevado: os habitantes queixam-se da inexistência de peixe fresco e do «péssimo estado dos caminhos». Assim como as doenças, a tia Vicência vomita com uma indigestão de morcelas, Silvério recusa-se a entrar na casa do Esgueira pois a familia poderia ter bexigas, o tio Adrião e o abadde nao comparecem à festa natalícia de Zé por terem ambos furúnculos e sofrerem de raumatismo, o abade e o Manuel Albergaria são dispépticos.
Também a mulher serrana é posta em causa, pois Jacinto corrige a visão do narrador «uma bela moça mas uma bruta», e depois afirma que lhes falta a graça e o requinta daquelas cantadas pelos poetas bucólicos.

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