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Psicopatologia, consciêcia e suas alterações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Acadêmica: Maíssa Ferreira Diniz	 
Psicopatologia I – Antônio Teixeira
RESUMO DO TEXTO: “Consciência e suas alterações”.
O termo consciência origina-se da junção de dois vocábulos latinos: cum (com) e seio (conhecer), indicando o conhecimento compartilhado com outro e, por extensão, o conhecimento “compartilhado consigo mesmo”, apropriado pelo individuo. Na língua portuguesa, a palavra consciência tem, pelo menos, três acepções diferentes, uma a nível neuropsicológico, na qual se emprega o termo consciência no sentido de estado vigil. Uma a nível psicológico que conceitua como a soma total das experiências conscientes de um individuo em determinado momento. Trata-se da dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito que se volta para realidade. E por fim, uma definição a nível ético-filosófico, na qual trata-se de uma consciência moral ou ética.
Um importante conceito na neuropsicologia da consciência é o conceito de sistema reticular ativador ascendente (SRAA), na qual se afirma que a capacidade de estar desperto e agir conscientemente depende da atividade do tronco cerebral e do diencéfalo, os quais exercem poderosa influencia sobre os hemisférios cerebrais, ativando-os e mantendo o tônus necessário para seu funcionamento normal. Sabe-se agora que varias estruturas mais altas, do telencefalo, tem participação crítica na gênese da consciência. Verificou-se, por exemplo, que a ação sincrônica de numerosas áreas corticais visuais, que contem amplas reder neurais bidirecionais, é uma precondição para a visão consciente.
No campo da consciência, ao voltar-se para a realidade, a consciência demarca um campo, no qual se pode delimitar um foco, ou parte central mais iluminada da consciência, e uma margem, que seria a periferia menos iluminada, mais nebulosa, da consciência. Segundo a psicopatologia clássica, e na margem da consciência que surgem os chamados automatismos mentais e os estados ditos subliminares. Todavia, não se pode enredar sobre a consciência sem dizer sobre um inconsciente. O conceito de inconsciente eficaz, dinâmico e determinante da vida psíquica e um dos pilares mais importantes da psicanálise e da psiquiatria dita dinâmica. Que para Freud consistia em bem mais do que um simples estado mental fora da consciência. Segundo ele, embora obscuro, o inconsciente seria a estrutura mental mais importante do psiquismo humano.
A noção de inconsciente estruturado por Freud é concebida como atemporal; os processos inconscientes não são ordenados temporalmente, não se alteram com a passagem do tempo, não tem qualquer referencia ao tempo. Não há contradição; no sistema inconsciente, não ha lugar para negação ou duvida, nem graus diversos de certeza ou incerteza. Tudo e absolutamente certo, afirmativo. Esse sistema é regido pelo princípio do prazer; toda a atividade inconsciente visa evitar o desprazer e proporcionar o prazer, independente das exigências éticas e realistas. A dinâmica deste sistema está calcada no processo primário, que consiste na idéia de que as cargas energéticas (catexias) acopladas às representações psíquicas, as idéias, são totalmente moveis.
Uma idéia pode ceder à outra toda a sua cota de energia ou apropriar-se de toda energia de várias outras ideias.
Existem alterações normais da consciência, como o sono normal, sendo um estado especial da consciência, que ocorre de forma recorrente e cíclica, nos organismos superiores.Um fenômeno associado ao sono é o sonho. O sonho pode ser considerado uma alteração normal da consciência. E, sem duvida, uma experiência humana fascinante e enigmática. Nas mais diversas sociedades, ao longo da historia, ele tem exercido grande curiosidade, sendo interpretado das mais diversas formas. Todavia, há alterações patológicas da consciência pode se alterar tanto por processos fisiológicos, normais, como por processos patológicos. Em diversos quadros neurológicos e psicológicos, o nível da consciência diminui de forma progressiva, desde o estado normal, vigil, desperto, até o estado de coma profundo, no qual não há qualquer resquício de atividade consciente. Em seu aspecto quantitativo a consciência pode estar diminuída ou aumentada. Entre as diminuições da consciência a forma mais suave é denominada de Obnubilação, quando então os estímulos devem ser intensificados para conseguir-se um acesso eficiente à consciência. A Obnubilação da Consciência se caracteriza pela diminuição da sensopercepção, lentidão da compreensão e da elaboração das impressões sensoriais. Há ainda lentificação no ritmo e alteração no curso do pensamento, prejuízo da fixação e da evocação da memória, algum grau de desorientação e sonolência mais ou menos acentuada.
Devido ao prejuízo na fixação da memória, possivelmente devido também à alteração da atenção, a qual, embora possa ser despertada por estímulos sensoriais não representa um ponto inicial de alguma progressão psíquica, o paciente obnubilado não se lembra de quase nada do que se passa ou se passou consigo. Na consciência obnubilada nada de novo pode ser acrescentado. Na Obnubilação da Consciência há também deterioração do pensamento conceptual, que se torna incoerente e fragmentário. Com freqüência surgem formas alucinatórias, pseudo-alucinatórias ou delirantes. Embora o paciente não tenha condições de apresentar qualquer queixa somática, é possível verificar, pela expressão fisionômica, algum sentimento de sofrimento, inquietação, ansiedade, depressão, habilidade emocional ou irritabilidade. A Obnubilação da Consciência pode se apresentar em graus variados, desde leve torpor até à vizinhança do coma. Em muitos casos, a obnubilação da consciência pode representar o primeiro grau da confusão mental ou pode constituir a fase inicial da instalação do coma. O pensamento na Obnubilação da Consciência flui mais lentificado e se prende a representações mais isoladas, de tal forma que não é totalmente possível ter uma percepção globalizada da situação. Se, nesta diminuição da consciência os estímulos para determinar manifestações primitivas, como gemer ou balbuciar tiverem que ser muito intensos, falamos em Torpor. Um grau mais aprofundado que a Obnubilação e anterior à falta total de consciência, chamado de Estado de Coma, ou seja, a abolição total do contacto entre o indivíduo e o meio.
Em relação á qualidade da consciência, vamos ter alterações que dizem respeito à integridade do processo de conhecimento em seu aspecto mais global; vai desde a sensação até ao raciocínio abstrato. É a aptidão em apreender todos os fenômenos existenciais, interiores ou exteriores e integrá-los à uma unidade vital perfeitamente sabedora das circunstâncias presentes, passadas e futuras. Na semiologia psíquica podemos averiguar o estado de consciência perscrutando-se a orientação global do indivíduo. A desorientação temporal mostra a incapacidade do indivíduo em situar-se cronologicamente quanto a época em que vive; dia, mês, ano, horário do dia, etc. Em relação ao espaço, a desorientação pode ser manifestada quando a pessoa não tem capacidade de reconhecer a disposição espacial do ambiente que ocupa, onde encontra-se a porta, a janela, o banheiro. Assim sendo, o estado de consciência é de fundamental importância para que o indivíduo oriente-se quanto a sua situação no mundo, seu relacionamento com a realidade e consigo próprio. Fala-se em orientação quanto à situação a capacidade qualitativa em ter noção de toda circunstância existencial. Desta forma, nos Distúrbios de Consciência podemos encontrar a desorientação espacial, temporal e quanto a situação geral. Faz parte também da semiologia da consciência a manutenção da crítica quanto à morbidez, ou seja, a argüição sobre a capacidade do paciente saber-se doente, saber-se confuso e atrapalhado mentalmente. Na ausência desta crítica sobre seu próprio estado dizemos não haver noção de morbidez.

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