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Transições da fecundidade_diferenciais por escolaridade

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Transições da fecundidade no Brasil: uma análise à luz dos diferenciais por 
escolaridade
12
 
Adriana de Miranda-Ribeiro

 
Ricardo Alexandrino Garcia

 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Transição da fecundidade; Censo Demográfico 2010; Brasil. 
 
 
1
 Trabalho apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Águas de 
Lindóia/SP – Brasil, de 19 a 23 de novembro de 2012 
2
 Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais. 

 Analista de Pesquisa e Ensino II da Fundação João Pinheiro/MG 

 Professor Adjunto II do Departamento de Geografia do Instituto de Geociências/UFMG 
Transições da fecundidade no Brasil: uma análise à luz dos diferenciais por 
escolaridade
3
 
 
 
1- Introdução 
A primeira década do século XXI representou a entrada do Brasil no grupo dos países com 
fecundidade abaixo do nível de reposição, cerca de 40 anos após o início da transição da 
fecundidade no país. O processo de transição teve início no final dos anos 1960, quando a 
taxa de fecundidade total (TFT) das mulheres brasileiras era de 5,8 filhos em média por 
mulher, acelerou-se durante a década de 1980, chegando ao final do século com uma média 
de 2,4 filhos por mulher. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 
2006 apontaram que a taxa de fecundidade total (TFT) no país atingira a marca de 2,0 filhos 
em média por mulher. As PNAD seguintes confirmaram essa tendência e, de acordo com o 
Censo Demográfico de 2010, a TFT no Brasil era de 1,9 filhos em média por mulher. A 
queda da fecundidade no Brasil foi acompanhada pela queda da idade média da fecundidade, 
ou seja, um rejuvenescimento da função de fecundidade. As PNAD da segunda metade da 
década de 2000 e o Censo Demográfico 2010 indicaram que houve uma reversão e que a 
tendência recente no país é de aumento da idade média da fecundidade. 
A média do país não reflete os diferenciais de comportamento reprodutivo das mulheres 
brasileiras. Considerando como exemplo os extremos do recorte por nível educacional 
(mulheres com menos de 4 anos de estudo versus mulheres com 11 anos ou mais de estudo), 
observa-se que, embora os diferenciais venham diminuindo ao longo do tempo, ainda são 
consideráveis. Em 1980, as mulheres com 11 anos ou mais de estudo tiveram, em média, 1,61 
filhos, enquanto aquelas com menos de 4 anos de estudo tiveram uma média de 5,87 filhos. 
Em 2010, a média das mais escolarizadas era de 1,24 filhos por mulher e das menos 
escolarizadas era de 3,14 filhos por mulher. Em termos de idade média da fecundidade, entre 
as mulheres de menor nível de escolaridade, houve queda entre 1980 e 2010, mas na última 
década a queda foi muito pequena (a idade média da fecundidade passou de 25,7 em 2000 
para 25,6 em 2010). Entre as mulheres mais escolarizadas, houve queda da idade média da 
 
3
 Trabalho apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Águas de 
Lindóia/SP – Brasil, de 19 a 23 de novembro de 2012. 
fecundidade entre 1980 e 2000 e aumento na década seguinte. Entre 1991 e 2000 a queda foi 
pequena, de 27,8 para 27,6 anos, chegando a 28,2 em 2010. 
Esses resultados evidenciam que o comportamento reprodutivo das mulheres brasileiras é 
diferenciado segundo o nível de escolaridade. A tendência de queda da fecundidade é comum 
aos diversos grupos, mas há diferenças no nível, no ritmo de queda e no comportamento da 
idade média da fecundidade. Mulheres com menor nível de escolaridade têm fecundidade 
acima do nível de reposição e queda da idade média da fecundidade. Mulheres com maior 
nível de escolaridade apresentam níveis muito baixos de fecundidade e aumento da idade 
média da fecundidade. O presente trabalho parte dessa constatação para investigar em que 
estágio – ou estágios – da transição da fecundidade se encontra o Brasil. 
Grosso modo, a primeira transição demográfica é caracterizada pela passagem de altas para 
baixas taxas de mortalidade e fecundidade que, ao final, permanece próxima ao nível de 
reposição. A segunda transição demográfica é caracterizada por taxas de fecundidade abaixo 
do nível de reposição, aliada à postergação do nascimento do primeiro filho. Na terceira 
transição demográfica, existem dois movimentos: permanência das taxas de fecundidade em 
níveis baixíssimos (via aumento da proporção de mulheres sem filhos, postergação da 
fecundidade etc) e aumento da imigração para países de fecundidade baixíssima. 
Diante dos resultados observados, é possível dizer que, em termos de fecundidade, o Brasil é 
um país de transições? O presente trabalho utilizou o recorte educacional para investigar se é 
possível identificar mais de um movimento entre as mulheres brasileiras. 
O objetivo principal deste trabalho é analisar os diferenciais de fecundidade de grupos de 
mulheres segundo seu nível de escolaridade, buscando características que permitam dizer em 
que estágio da transição demográfica se encontram. Para tanto, serão utilizados os dados dos 
Censos Demográficos de 1980, 1991, 2000 e 2010. 
 
2- Transição demográfica e transição da fecundidade: algumas considerações 
No modelo clássico de transição demográfica (PDT, de Primeira Transição Demográfica), 
tem-se, inicialmente, um equilíbrio no crescimento populacional ocasionado por altas taxas 
de mortalidade e fecundidade. Após a queda da mortalidade, a queda da fecundidade leva o 
crescimento populacional a um novo patamar de equilíbrio. Embora o grande desencadeador 
da PTD tenha sido a queda da mortalidade, as teorias desenvolvidas sobre o fenômeno 
buscavam entender as motivações e os diferenciais no processo de queda da fecundidade. 
Esses aspectos foram exaustivamente discutidos pelas chamadas ‘teorias clássicas’, 
abordando aspectos macro e microeconômicos, sociais, ideológicos e comportamentais. 
Com os níveis de mortalidade baixos, esperava-se que a fecundidade fosse se estabilizar em 
níveis próximos ao da reposição, mantendo, na pior das hipóteses, o crescimento da 
população próximo de zero. Caso isso tivesse ocorrido, nenhuma nova teoria teria, 
provavelmente, existido, e as discussões acerca dos níveis de fecundidade trariam pouco 
interesse. No entanto, nos países industrializados a queda da fecundidade não cessou e, ao 
invés de equilíbrio, o que se viu – e se vê – é um novo desequilíbrio, causado por níveis 
extremamente baixos de fecundidade, atuantes por mais de quatro décadas. Qualquer que 
tivesse sido o nome dado ao conjunto de características que se desenhava, a verdade é que as 
discussões trouxeram à tona um novo conjunto de ideias e revelações. 
Um artigo de Lesthaeghe e Van de Kaa, publicado em 1986, citado por van de Kaa (2002) 
marca o início dos estudos sobre a Segunda Transição Demográfica (STD). De acordo com 
van de Kaa (2002), a ideia básica por trás do conceito de STD, é que países industrializados 
chegaram a um novo estágio de desenvolvimento demográfico, caracterizado pelo controle 
total da fecundidade. A ausência de estímulos para que os casais tivessem mais que um ou 
dois filhos, aliada ao domínio sobre a parturição, fez com que a fecundidade atingisse níveis 
abaixo da reposição. Obviamente, a consequência de um longo período nesse regime foi a 
acentuação do processo de envelhecimento da população e o decrescimento populacional. 
Nesse novo desequilíbrio, entra em cena a migração (internacional), como fator 
compensatório do decrescimento da população e para suprir carências que o regime implica. 
Philip Ariès (1980) analisou o declínio da fecundidade a partir dosanos 1960 como sendo 
resultado de uma mudança no comportamento em relação às crianças. No período 
compreendido entre o início da queda (séc. XVIII) e os anos 1930, houve um grande 
investimento em crianças, tanto sentimental quanto financeiro. A partir dos anos 1960, a 
queda da fecundidade foi marcada pela atitude oposta, ou seja, por um maior investimento 
nos adultos. Era o fim do período da ‘king-child’, e a criança passou a ocupar um espaço 
menor na vida dos adultos. Ariès ressalta, ainda, que na vida das pessoas e dos casais, as 
crianças deixaram de ser a alternativa para ser apenas uma das alternativas para a realização 
pessoal, passando de um comportamento altruísta para um individualista. Nesse sentido, o 
significado das relações pessoais se tornou a coisa mais importante na vida das pessoas. Esse 
comportamento aliado ao desejo por bens e status deu um significado especial para o rápido 
declínio da fecundidade. 
Leridon citado por van de Kaa (2002) chamou a atenção para a ‘segunda revolução dos 
contraceptivos’, criada pela disponibilidade de métodos contraceptivos novos e mais 
eficientes, que, aliada à permissão do aborto em algumas sociedades, teria efeito catalítico na 
queda da fecundidade (e no número de gravidezes indesejadas). O efeito catalítico é 
contestado por Ariès; para ele, apesar da existência de os outros fatores (que serão elencados 
a seguir), a mudança mais importante ocorreu internamente, quando cada indivíduo passou a 
atuar segundo o novo paradigma. Os estudos de Ariès foram importantes para chamar a 
atenção de que, por trás da queda da fecundidade, existia um fator propulsor fundamental: as 
mudanças no padrão de formação da família. Suas ideias foram fundamentais para fortalecer 
o desenvolvimento da teoria da STD. 
As mudanças no padrão das famílias e no comportamento reprodutivo carregam, na sua 
essência, as mudanças ocorridas na sociedade. Durante a PTD, havia a preocupação com o 
aumento da renda real das famílias, melhorias nas condições de trabalho e moradia – e 
consequentemente de saúde –, aumento do capital humano via investimentos em educação, 
focando os desejos das famílias. Às mulheres cabia o papel de cuidar da casa, dos filhos, do 
marido; aos homens, cabia o papel de prover a casa. 
Com as questões básicas (moradia, trabalho, renda, educação) resolvidas, na STD o foco 
passa a ser a busca por autonomia individual, realização pessoal, reconhecimento profissional 
e valores sociais. Essa busca é compartilhada por homens e mulheres, mostrando maior 
simetria nas relações de gênero. De certa forma, esse novo conjunto de valores – ou o novo 
paradigma – é incompatível com o modelo de família anterior. As crianças deixam de ser 
atrativas dentro do modelo de vida que as pessoas passam a adotar. Ao contrário do que 
ocorre na PTD, o papel da mulher na STD é fundamental e bastante claro. Ela estudou, 
trabalha, tem autonomia, se empoderou. Os filhos deixaram de ser uma “imposição” para ser 
uma opção de realização pessoal. A mulher passou a ter controle total sobre sua parturição e 
o poder de escolha sobre ter ou não filhos e sobre quando tê-los. 
Algumas críticas surgiram em relação ao termo STD. Cliquet (1991) argumenta que não há 
aparente descontinuidade entre a PDT e a STD e que as mudanças demográficas podem ser 
vistas como uma aceleração dos padrões reprodutivos e de formação de família associados à 
modernização. David Coleman (2003) fez críticas mais contundentes. De acordo com 
Coleman, não se pode dizer se tratar exatamente de uma transição em todos os seus aspectos, 
pois uma transição pressupõe um movimento permanente, compartilhado pela maioria dos 
indivíduos de uma população. Em segundo lugar, não se pode chamá-la de segunda, mas de 
secundária. Segundo ele, alguns aspectos elencados como sendo propulsores da STD, como 
mudança ideacional e individualização, por exemplo, nada mais são do que uma continuação 
de valores estabelecidos na PTD; além disso, a coabitação era comum em algumas sociedades 
em tempos remotos. Em terceiro lugar, Coleman acha que a denominação ‘demográfica’ é 
incorreta, pois se trata mais de uma mudança comportamental do que propriamente 
demográfica. Outra crítica diz respeito ao fato de que a STD é um fenômeno restrito à Europa 
ocidental, Canadá e Austrália e não irá se espalhar pelo resto do mundo, motivo pelo qual não 
se configura em uma transição. 
Para responder às críticas, Lesthaeghe recorre à sua reação e de Van de Kaa à teoria da 
fecundidade cíclica de Easterlin (1978) e às ideias de Ariès. De acordo com Easterlin, coortes 
pequenas têm melhores chances de emprego, se casam mais cedo e têm fecundidade mais 
alta, ao passo que grandes coortes têm menores chances de desenvolvimento econômico, 
portanto se casam mais tarde e têm menos filhos. O efeito cíclico, segundo o autor, decorre 
do fato de que coortes grandes de pais dão origem a coortes pequenas de filhos e assim, 
sucessivamente. Com base nessas ideias, Van de Kaa e Lesthaeghe perceberam, em meados 
dos anos 1980, que (ao contrário do que ocorreu em meados dos anos 1960) a fecundidade 
não apenas iria permanecer baixa por um longo período, mas que isso se tornaria uma 
característica intrínseca das sociedades, reforçando a ideia de transição. Para reforçar a ideia 
de distinção (ou início de uma nova transição), utilizaram as ideias de Ariès sobre o novo 
papel da criança na vida dos adultos, como citado anteriormente. 
Críticas mais recentes descritas por Sobotka (2008) colocam que a teoria foi desenvolvida 
sob o ponto de vista das sociedades europeias, o que deixa longe de se imaginar que irá se 
espalhar por outros países e regiões do mundo. Alguns estudos indicam que sociedades 
avançadas de fora da Europa experimentaram queda continuada da fecundidade e mudanças 
no padrão de formação da família, porém com comportamentos bastante distintos dos 
observados na Europa. Neste aspecto, críticos argumentam que o padrão de família, ao 
contrário do que é contemplado pela teoria, não é único. Pelo contrário, há um pluralismo de 
padrões. Sendo assim, um modelo único de transição é incapaz de descrever diferentes tipos 
de mudança. O próprio Sobotka argumenta que a fluidez e amplitude da narrativa da 
transição impediram estudos que pudessem colocar em dúvida a validade da teoria. Antes 
disso, já era um conceito estabelecido. 
Embora a migração (internacional) apareça na formulação da teoria da STD e no modelo 
integrado proposto por Van de Kaa, ela não é explicitamente considerada em termos efetivos. 
Na verdade, a STD dá ênfase às mudanças de valores e atitudes e sua influência na queda 
continuada da fecundidade e sua manutenção em níveis abaixo da reposição. A migração, 
embora citada, não é colocada da forma que se propunha originalmente, ou seja, na tentativa 
de restabelecimento do equilíbrio do crescimento populacional. David Coleman (2006) 
retoma essa discussão, propondo que os fluxos migratórios internacionais (efeitos direto e 
indireto) observados nos países de baixa e baixíssima fecundidade e suas consequências, em 
termos de tamanho e composição étnica da população sejam vistos como uma nova transição, 
a Terceira Transição Demográfica (TTD). Segundo Coleman (2006) os pré-requisitos 
necessários para uma TTD são os baixos níveis de fecundidade (preferencialmente abaixo do 
nível de reposição) persistentes, associados a altas e recorrentes taxas de imigração 
internacional. 
O resultado dessa combinação é um progressivo aumento relativo da população migrante e 
seus descendentes, vis à vis a queda relativa da população nativa. A velocidade dessa 
mudança na composição depende das taxas de crescimento (ou seja, da fecundidade) de cadagrupo (nativos e migrantes) e do saldo migratório do país ou região. Alguns estudos mostram 
que, no caso dos países europeus, a fecundidade das imigrantes tende a convergir ao nível da 
fecundidade das nativas no longo prazo, mas há uma tendência a ser maior em períodos mais 
próximos ao da chegada. A interação entre o volume de imigrantes, sua faixa etária 
(migrantes normalmente são jovens) e sua maior fecundidade implicam que a migração pode 
ter um impacto potencial forte e durador no crescimento e na estrutura da população de 
destino, mas muito mais pelos efeitos diretos do que pelos efeitos indiretos. 
Alguns estudos citados por Sobotka (2008) indicam fatores positivos e negativos da migração 
internacional no que se refere à fecundidade. Como impactos positivos, a migração pode ser, 
dependendo do perfil dos migrantes, responsável pelo aquecimento do mercado de 
casamentos no país de destino, aumentando as chances de se formarem novos casais que, 
potencialmente, terão filhos. Outro impacto positivo diz respeito às colocações que os 
migrantes assumem no mercado de trabalho do país de destino. Muitas vezes, eles se 
empregam em serviços domésticos, como cuidar de idosos e crianças, dando conta da 
demanda por esse tipo de serviço e incentivando as mulheres a terem filhos. Por outro lado, a 
emigração pode se tornar um problema nos países de origem, adiando casamentos e, 
consequentemente, adiando a fecundidade. Outro possível impacto negativo na fecundidade 
do país de origem é em relação ao retorno dos migrantes, em função da assimilação de novos 
comportamentos. 
 
3- Dados e Métodos 
Para este trabalho, serão investigados aspectos estritamente relativos à fecundidade, sem 
entrar em detalhes do padrão de formação da família ou análise da migração. O estudo se 
deterá à análise das tendências de nível, da composição por parturição e do comportamento 
da idade média da fecundidade. 
Para a análise da transição da fecundidade no Brasil segundo a escolaridade da mulher foram 
utilizados os microdados dos Censos Demográficos de 1980, 1991, 2000 e 2010. As variáveis 
selecionadas foram: idade, total de filhos nascidos vivos (parturição), nascidos vivos no ano 
anterior ao censo, total de mulheres, anos de estudo. Por meio dessas variáveis foram 
calculadas: taxas de fecundidade total (TFT), taxas específicas de fecundidade (TEF) e idade 
média da fecundidade (MAC), segundo a escolaridade da mulher. A escolaridade da mulher 
foi definida segundo quatro grupos: 0-3 anos de estudo, 4-7 anos de estudo, 8-10 anos de 
estudo e 11 anos de estudo ou mais. Para uma análise mais detalhada, essas medidas foram 
também calculadas segundo a ordem de nascimento (do filho nascido vivo no ano anterior). 
Para a análise do comportamento da idade média da fecundidade, foi aplicado o modelo de 
Bongaarts e Feeney (BF). A despeito das críticas, o modelo gera uma medida capaz de 
fornecer indicações sobre o comportamento reprodutivo das mulheres, em termos de 
adiantamento ou postergação dos nascimentos. O objetivo neste trabalho não é o nível da 
medida calculada, mas sim a sua comparação com a medida observada. O modelo 
desenvolvido por Bongaarts e Feeney (1998) tem, como objetivo, mensurar o componente 
quantum da fecundidade, eliminando a distorção provocada pelo “efeito tempo”, na TFT que 
é convencionalmente calculada. Essa medida do quantum resultante é chamada de TFT 
ajustada (TFTajust) e representa o valor que a TFT alcançaria, não fossem as mudanças na 
idade média da fecundidade. A TFTajust é uma medida livre das distorções causadas pelas 
mudanças na idade média da fecundidade e a sua comparação com a medida observada 
permite saber se as mulheres estão adiando ou adiantando o nascimento de seus filhos. 
 
3.1 - O modelo BF 
No modelo B-F o efeito tempo está relacionado a mudanças na idade média da fecundidade e 
diz respeito às distorções causadas na TFT decorrentes das variações na idade média da 
fecundidade ocorridas durante o período em que a TFT é mensurada. O objetivo principal do 
modelo B-F é o de estabelecer uma medida de TFT ajustada, livre das distorções causadas 
pelo efeito tempo, ou seja, livre de distorções causadas pelas mudanças na idade média da 
fecundidade. O modelo B-F propõe o cálculo de uma nova TFT, ajustada às mudanças na 
idade média da fecundidade (TFTajustada), que representa o valor que seria alcançado pela 
TFT, não fossem as mudanças na idade média da fecundidade. Esse suposto valor de TFT é o 
que os autores definem como quantum. 
No desenvolvimento do modelo, os autores partiram da constatação de que mudanças que 
acontecem na fecundidade em um determinado período podem ocorrer em qualquer idade ou 
ordem de nascimento e como conseqüência de alterações do tempo ou do quantum. Assim, 
modelo trabalha os dados desagregados segundo a ordem de nascimento, i, e utiliza uma 
adaptação da Equação 1, desenvolvida por Ryder, para chegar à equação que calcula a TFT 
ajustada. 
)1(
,
,
i
observadai
ajustadai
r
TFT
TFT

 (Equação 1), 
na qual TFTi,observada é a taxa de fecundidade total observada para a ordem de nascimento i, e 
ri é a taxa de variação anual da idade média da fecundidade para a ordem de nascimento i 
(medida em anos). 
Os dados para a aplicação do modelo B-F podem ser retirados de pesquisas domiciliares 
transversais que permitam o cálculo da taxa de fecundidade total segundo a ordem de 
nascimento. O cálculo da variação anual da idade média da fecundidade, ri, pode ser feito a 
partir da utilização de duas edições das pesquisas, dividindo-se a variação total pelo tempo 
decorrido entre as edições. A facilidade de aplicação do modelo levou a uma série de estudos, 
em diversos países e regiões. No entanto, a validade da TFTajustada, enquanto uma medida de 
quantum pura, livre dos efeito tempo, foi bastante questionada. 
As duas principais críticas ao modelo B-F referem-se ao fato de os autores desconsiderarem 
os diferenciais de coorte na mudança da idade média da fecundidade e ao fato de usarem 
medidas inadequadas na aplicação do modelo (Van Imhoff e Keilman, 2000). A primeira 
crítica diz respeito ao valor de ri utilizado, que pressupõe que a mudança anual na idade 
média da fecundidade para uma determinada ordem de nascimento é igual para todos os 
grupos etários. Isso implica que todas as mulheres, de diferentes idades e coortes, que tiveram 
um filho de determinada ordem durante um ano, adiantaram ou adiaram este filho na mesma 
quantidade de tempo, ou seja, que a função de fecundidade foi constante durante o período. 
Van Imhoff e Keilman (2000) e Kohler e Philipov (2001) mostram empiricamente que essa 
suposição de constância é violada. 
A segunda crítica diz respeito ao fato de o modelo utilizar taxas de fecundidade específicas 
por idade (TEF), cujo denominador contém todas as mulheres de determinado idade ou grupo 
etário, independente do número de filhos tidos. Assim, as taxas de fecundidade empregadas 
por B-F não são medidas de exposição ou risco, mas simplesmente frequências e, quando 
frequências de período são somadas para todas as idades, o resultado não pode ser 
interpretado como um indicador de quantum apropriado (Van Imhoff e Keilman, 2000). 
 
4- Evidências empíricas sobre a transição da fecundidade no Brasil 
O Brasil passou por um rápido e generalizado processo de transição da fecundidade durante a 
segunda metade do século XX, sem o prenúncio de mudanças sócio-econômicas estruturais e 
de políticas de planejamento familiar explícitas. Os dados da Tabela 1 mostram que houve 
um processo acelerado de queda da fecundidade durante a década de 1980, que persistem os 
diferenciais inter-regionais, queem 2000 a fecundidade na região Sudeste encontrava-se no 
nível de reposição e que, em 2010, apenas na região Norte a fecundidade estava acima do 
nível de reposição. 
 
 
Tabela 1: Taxa de Fecundidade Total, Brasil e Grandes Regiões, 1980 a 2010 
 
 
A queda da idade média da fecundidade foi acentuada na década de 1980, principalmente nas 
regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste (Tabela 2). Na década de 1990 a queda continuou e foi 
mais acentuada nas regiões Norte e Nordeste. Entre 2000 e 2010, nas regiões Sudeste, Sul e 
Centro-Oeste observou-se aumento da idade média da fecundidade, tendência também 
observada para o Brasil como um todo. 
 
Tabela 2: Idade média da fecundidade, Brasil e Grandes Regiões, 1980 a 2010 
 
Os níveis de fecundidade observados no Brasil não refletem os diferenciais entre grupos. A 
Tabela 3 mostra os diferenciais de fecundidade segundo a escolaridade, no período 1980 a 
2010. De um modo geral, observa-se queda dos diferenciais ao longo do tempo. Enquanto em 
1980 a diferença entre os grupos menos e mais escolarizados era de cerca de 4,2 filhos, em 
2010 essa diferença caiu para menos de 2 filhos, mostrando que a queda foi mais acentuada 
entre as mulheres com menor escolaridade. Para as mulheres que têm entre 4 e 7 anos de 
estudo, a queda foi pequena e, para as mulheres que têm entre 8 e 10 anos de estudo, houve 
aumento da TFT. Durante todo o período analisado apenas as mulheres com 11 anos de 
Região/Ano 1980 1991 2000 2010
Norte 6,23 4,00 3,18 2,48
Nordeste 5,98 3,58 2,69 2,07
Sudeste 3,39 2,25 2,10 1,70
Sul 3,57 2,48 2,24 1,78
Centro-Oeste 4,43 2,65 2,27 1,93
Brasil 4,26 2,76 2,37 1,91
Fonte: IBGE: Censos Demográficos 1980, 1991, 2000 e 2010
Nota: Tabulações próprias uti l i zando método P/F de Brass
Região/Ano 1980 1991 2000 2010
Norte 29,2 27,7 25,8 25,8
Nordeste 29,7 28,1 26,4 26,4
Sudeste 28,3 26,9 26,5 27,3
Sul 28,4 27,0 26,6 27,4
Centro-Oeste 28,1 25,9 25,2 26,4
Brasil 28,8 27,2 26,3 26,8
Fonte: IBGE: Censos Demográficos 1980, 1991, 2000 e 2010
estudo ou mais têm fecundidade abaixo do nível de reposição e, em 2000 e 2010, abaixo de 
1,3 filhos. 
 
Tabela 3: Brasil, 1980 a 2010: taxa de fecundidade total segundo a escolaridade 
 
 
Tabela 4: Brasil, 1980 a 2010: composição da fecundidade por parturição, segundo a 
escolaridade 
 
 
A Tabela 4 mostra a composição da fecundidade por parturição, segundo a escolaridade. 
Entre as mulheres com menos de 4 anos de estudo, 18,3% dos nascimentos em 1980 foram de 
1ª ordem e mais da metade (50,4%) dos nascimentos foi de ordem 4 ou superior, mostrando 
que nascimentos de ordem alta são bastante frequentes nesse grupo. No mesmo ano, observa-
se que mais de 45% dos nascimentos das mulheres com 8 ou mais anos de estudo (incluindo 
Ano/Escolaridade 0-3 4-7 8-10 11+
1980 5,87 3,43 2,25 1,61
1991 4,63 3,03 2,28 1,36
2000 4,02 3,27 2,32 1,15
2010 3,14 3,08 2,53 1,24
Fonte: IBGE: Censos Demográficos 1980, 1991, 2000 e 2010
Ano Ordem 0-3 4-7 8-10 11+
1ª ordem 18,3 33,2 45,9 45,0
2ª ordem 16,8 26,8 30,9 33,0
3ª ordem 14,5 17,0 14,0 15,6
4ª ordem + 50,4 22,9 9,2 6,4
1ª ordem 20,5 37,2 46,2 48,1
2ª ordem 19,2 28,3 31,3 34,2
3ª ordem 15,6 16,2 13,5 12,1
4ª ordem + 44,8 18,3 9,0 5,5
1ª ordem 21,8 35,1 50,0 54,3
2ª ordem 22,3 29,9 29,7 31,3
3ª ordem 17,8 18,0 12,7 10,5
4ª ordem + 38,1 17,0 7,7 3,9
1ª ordem 21,4 35,8 48,0 55,7
2ª ordem 23,4 29,6 30,4 32,0
3ª ordem 19,3 18,1 13,9 9,5
4ª ordem + 35,8 16,5 7,7 2,8
Fonte: IBGE: Censos Demográficos 1980, 1991, 2000 e 2010
20
00
20
10
19
80
19
91
os dois grupos de maior escolaridade) foi de 1ª ordem. Para as mulheres com menor 
escolaridade, observa-se ao longo do período analisado uma queda da proporção de 
nascimentos de maior ordem, ao passo que nascimentos de ordem 3, 2 e 1 têm sua proporção 
aumentada. Esse movimento também ocorre para mulheres entre 4 e 7 anos de estudo, 
embora para essas mais de 60% dos nascimentos sejam de 1ª ou 2ª ordens. Para mulheres 
com 8 ou mais anos de estudo, observa-se nitidamente o favorecimento das ordens de 
nascimento 1 e 2. O percentual de nascimentos dessas ordens é superior a 80% em todo o 
período. Em 2010, para as mulheres com 11 anos ou mais de estudo, apenas 2,8% dos 
nascimentos foi de ordem 4 ou superior, contrastando com os 35,8% de nascimentos dessa 
ordem entre as mulheres de menor escolaridade. 
Figura 1: Brasil, 1980 a 2010: idade média da fecundidade do 1º e do 2º filhos segundo a 
escolaridade 
 
 Fonte: IBGE: Censos Demográficos 1980, 1991, 2000 e 2010 
 
O modelo BF estima a TFT ajustada, que representa o valor que a TFT alcançaria na ausência 
das mudanças na idade média da fecundidade. Valores ajustados maiores que os valores 
observados indicam que as mudanças na idade média da fecundidade estão agindo no sentido 
de diminuir a TFT observada (efeito tempo positivo). Isso ocorre quando as mulheres estão 
postergando o nascimento de seus filhos. Valores ajustados de TFT menores que os valores 
observados indicam que a TFT observada está inflada por um número maior de nascimentos, 
o que ocorre quando há queda da idade média da fecundidade, ou seja, as mulheres estão 
adiantando o nascimento de seus filhos (efeito tempo negativo). Novamente, é importante 
20,0
22,0
24,0
26,0
28,0
30,0
32,0
1980 1991 2000 2010
Ida
de
 M
éd
ia 
da
 Fe
cu
nd
ida
de
0-3 (1º)
4-7 (1º)
8-10 (1º)
11+ (1º)
0-3 (2º)
4-7 (2º)
8-10 (2º)
11+ (2º)
ressaltar que neste trabalho não se está preocupado com o valor em si, mas com a indicação 
do sinal do efeito tempo. 
A Tabela 5 apresenta os resultados da aplicação do modelo BF aos Censos Demográficos de 
1980 a 2010, o que permite a estimativa da TFT ajustada para o período 1991 a 2010. Para o 
grupo de mulheres com escolaridade de até 3 anos de estudo, os resultados indicam que no 
período 1980/1991 e 1991/2000 a TFT observada estava inflada por nascimentos adiantados 
(ou seja, queda da idade média da fecundidade). No período seguinte, a TFT observada foi 
menor que a ajustada, indicando postergação dos nascimentos. O comportamento é 
semelhante para as mulheres com 11 anos ou mais de estudo. Para mulheres com 
escolaridade de 4 a 7 anos de estudo e 8 a 10 anos de estudo, os resultados indicaram 
oscilação entre sinais para o efeito tempo e resultados muito próximos em 2010, sugerindo 
que não entraram ainda em um processo sustentado de adiamento dos nascimentos. 
 
Tabela 5: Brasil, 1980 a 2010: TFTobservada e TFTajustada pelo modelo BF segundo a 
escolaridade (em anos de estudo) 
 
 
 
5- Considerações Finais 
O presente artigo teve como objetivo investigar se o Brasil é, em termos de fecundidade, um 
país de transições, ou seja, se podemos identificar no conjunto de mulheres do país grupos 
que estejam em estágios diferentes da transição da fecundidade. A proposta foi elaborar uma 
análise de diversos aspectos da fecundidade, sem entrar no mérito de outros aspectos como as 
mudanças no padrão de formação de família, migração etc. As análises foram feitas 
considerando quatro grupos de mulheres, definidos segundo o seu nível de escolaridade. 
Escolaridade Especificação 1991 2000 2010
TFTobservada 4,63 4,02 3,14
TFTajustada 4,17 3,73 3,43
TFTobservada 3,03 3,27 3,08
TFTajustada 2,97 3,02 3,08
TFTobservada 2,28 2,32 2,53
TFTajustada 2,38 2,22 2,52
TFTobservada 1,36 1,15 1,24
TFTajustada 1,36 1,16 1,34
Fonte: IBGE: Censos Demográficos 1980, 1991, 2000 e 2010
0-3
4-7
8-10
11+
Foram analisadas tendências de nível, de idade média da fecundidade e de composição por 
parturição.A determinação da fase da transição em que um grupo de mulheres se encontra não é 
estabelecida por um conjunto único de características. Essa é uma das principais críticas à 
teoria da STD que, ao fixar um padrão, não leva em conta diferenciais que podem ser, por 
exemplo, puramente culturais. Neste trabalho, buscou-se identificar, de maneira simples, se 
algum grupo de mulheres está passando pela segunda transição demográfica. Para estar nessa 
condição é necessário que, em termos de nível, a fecundidade esteja abaixo do nível de 
reposição, resultante da queda consistente da fecundidade. Em termos de efeito tempo, 
entende-se que é necessário que ele seja positivo, que as mulheres estejam adiando a 
fecundidade. Em termos de composição, entende-se que grande parte dos nascimentos deva 
ser de ordens inferiores e que esteja havendo elevação da idade média da fecundidade das 
ordens inferiores de nascimento. 
O grupo de mulheres que se identifica com essas características é o daquelas com maior 
escolaridade, neste trabalho agrupadas por terem 11 ou mais anos de estudo. Esse conjunto de 
mulheres agrupa aquelas que têm, pelo menos, o ensino médio completo e é, portanto 
heterogêneo, pois engloba mulheres com ensino superior ou pós-graduação completos. O 
ideal seria estratifica-lo mais, mas no caso do Brasil ainda geraria grupos com um número de 
mulheres pequeno o que, muitas vezes, inviabiliza o cálculo de determinadas medidas. As 
mulheres com 11 anos ou mais de estudo possuem fecundidade abaixo da reposição há 
diversas décadas, têm filhos preferencialmente de ordens inferiores, estão postergando o 
nascimento de seus filhos. Pode-se, assim, dizer que estão na segunda transição demográfica. 
Mulheres que têm entre 8 e 10 anos de estudo também têm preferencialmente filhos de 
ordens de nascimento inferiores. No entanto, a TFT é relativamente alta e, em nenhum 
momento do período analisado, pareceu tender ao nível de reposição. Além disso, essas 
mulheres a idade média da fecundidade para os nascimentos de 1ª e 2ª ordens aumentaram 
em período recente. Assim, pode-se dizer que essas mulheres não completaram ainda a 
(primeira) transição demográfica. O mesmo pode ser dito sobre as mulheres que têm menos 
de 8 anos de estudo. Uma possível explicação para o fato de as mulheres que têm entre 8 e 10 
anos de estudo terem uma fecundidade relativamente alta pode ser a crescente escolarização 
da população brasileira, em especial das mulheres. É possível que as mulheres estejam 
aumentando a sua escolaridade sem, no entanto, incorporar um novo comportamento 
reprodutivo. 
Diante das evidências, pode-se dizer que o Brasil é um país de transições, pois possui grupos 
de mulheres em diferentes estágios da transição da fecundidade. O recorte escolhido foi o 
educacional, mas é bastante provável que outros recortes – o regional, por exemplo – 
forneçam resultados semelhantes. Assim, o presente trabalho se constitui uma primeira 
aproximação no sentido de entender um pouco mais sobre a transição da fecundidade no país. 
 
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