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Aula 2 – Pós greve – dia 09/10/15 Emergência em Endodontia Emergência – Situação mórbida inesperada que requer tratamento imediato. Quando ocorre a emergência o paciente fica nervoso e nessa situação devemos saber como proceder e o mais importante é fazer um diagnóstico correto. Deve-se identificar que patologia está ocorrendo e em qual local, se é no dente inteiro, apenas na dentina, na polpa ou no periápice... Diagnóstico da patologia Nesse caso, a patologia se inicia em muitos casos com dentes hígidos e o processo carioso começa a se desenvolver, no qual a cárie pode não ter atingido a polpa, mas seus metabólitos, as bactérias já estão gerando uma resposta à agressão pulpar. Se a cárie consegue chegar a polpa, por mais que a última lute para se proteger, acaba perdendo e aí começa a necrosar. Esse processo não é instantâneo, ele é gradativo. As vezes durante um tratamento o paciente pode reclamar de uma dor espontânea, mas o que acontece é que nesse processo em que a polpa necrosa, a última estrutura que sofre esse processo são os nervos. A forma como eu vou intervir no paciente vai depender de como está a inflamação, se já está necrosado (completamente o parcialemente). Por isso no momento de uma emergência precisamos saber do histórico do paciente, de forma a ajuda-lo da melhor maneira. Diagnóstico História clínica -> Anamnese -> Sinais e sintomas - Perguntar ao paciente seu histórico clínico, problemas de saúde na família, doenças sistêmicas... - Fazer uma anamnese perguntando ao paciente se a dor é espontânea ou provocada, quando começou a doer, dor leve ou aguda, passageira ou constante... - No exame clínico observar se tem tumefação, alteração de cor, cárie, fístula, restaurações infiltradas... Teste de vitalidade - Utilizamos o Endo Ice que pode ser um teste térmico (frio e calor), nesse caso é frio. Pegamos uma bolinha de algodão, encostamos no Endo Ice e levamos ao dente. No caso de dúvida levamos a bolinha com o produto no dente vizinho, pra que o diagnóstico seja mais correto. - Teste elétrico não é muito utilizado, pois dá resultado falso-positivo - Teste de cavidade no qual se remove a cárie ou faz um acesso sem anestesia, e pode se observar se a polpa está viva ou morta. Se ao alcançar a polpa o paciente não sentir nada é porque o dente está necrosado, do contrário possui vitalidade. Palpação Vamos palpar, averiguar se existe tumefação, áreas dolorosas... Percussão Existe a percussão horizontal e a vertical. Sondagem Periodontal Avalio a presença de bolsas periodontais, mobilidade do dente... Exame Radiográfico Vamos verificar se há ou não a presença de lesão. OBS: Por mais que as vezes apenas um dos canais esteja necrosado, devemos realizar sim o tratamento endodôntico do dente por completo, pois é um sistema de canais e possivelmente o outro canal por estar já começando a necrosar. Diagnóstico da Patologia Pulpar - Hipersensibilidade dentinária X - Pulpite reversível POLPA VIVA - Pulpite irreversível OBS: o X significa que o item em questão não está relacionado à um tratamento de emergência. Periapical - Periodontite apical aguda - Periodontite apical crônica X POLPA NECROSADA - Abcesso periapical agudo - Abcesso periapical crônico X OBS: os itens com X não são emergências porque são crônicos, logo os pacientes não sentem dor. Devemos identificar o elemento dentário, por isso não podemos ter pressa, de forma que o tratamento seja efetivo. Pulpite Reversível É reversível porque ainda pode voltar ao normal. A agressão da polpa ainda é muito pequena, ela se encontra inflamada, mas ainda possui a capacidade de voltar com suas características normais. Na história clínica, anamnese, sinais e sintomas, o paciente vai relatar as seguintes informações: - a dor é localizada (o paciente identifica de forma fácil a rápida) - Provocada pelo frio - dor aguda - Desaparece com a remoção do estímulo - Não apresenta alterações em tecido mole - Teste elétrico e de cavidade são positivos - Palpação é negativo - Percussão é negativo, pois não temos problema de ligamento periodontal (não está com o ligamento inflamado) - Sondagem periodontal e mobilidade são negativos - Imagem radiográfica normal OBS: Não dói com calor porque está em estágio inicial, quando está estágio avançado e com presença de pús, aí sim o paciente sentirá dor ao calor. Conduta: Remoção da causa (se for ocasionado por um trauma, não poderá ser feito nada, no caso de uma cárie que já alcançou a dentina, devemos proteger, fazer o capeamento e restaurar. Nas situações em que pudermos remover a causa, temos que fazê-la, para que essa polpa possa voltar a seu estado normal). 2. Pulpite Irreversível A polpa já não consegue mais voltar ao normal e caso não haja intervenção, sofrerá necrose. Na história clínica, anamnese, sinais e sintomas, o paciente vai relatar as seguintes informações: - O paciente se queixa de dor generalizada e aguda - Dor espontânea, constante e lateja - Não cessa com a utilização de analgésicos - Tecidos moles normais - Frio alivia e calor aumenta, nesse caso (pois já se trata de uma inflamação avançada) - Teste elétrico e de cavidade são positivos - Palpação negativa - Percussão negativa - Sondagem periodontal e mobilidades negativas - Imagens radiográfica normal OBS: Em alguns lugares prescrevem a utilização de antibióticos, porém o mesmo na atua nos casos de pulpite, pois a irrigação do dente é pequena, logo não irá solucionar o problema. Conduta: Anestesia > Acesso > PULPECTOMIA PARCIAL > Hemostasia > Curativo de demora anti-inflamatório > Selamento > Prescrição Analgésico OBS 2: Realiza-se a pulpectomia parcial pois a polpa está inflamada, e uma das características da inflamação é a tumefação. Por estar pressionada pelas paredes rígidas do dente, a polpa não consegue se expandir e provoca dor. Por isso se faz a pulpectomia parcial, que é a remoção de parte da polpa, geralmente a polpa coronária (pois se removermos apenas um pedaço, há dificuldade de controlar a hemostasia), e aí se forma um espaço livre dentro do dente, deixando que a polpa remanescente possa se expandir. Após o procedimento a dor cessa. Periodontite Apical Aguda Na periodontite a polpa já está necrosada, pois agressão que começou como uma cárie atingindo a dentina, já afetou a polpa, a mesma necrosou e isso evoluiu para o ápice do dente atingindo o ligamento e os tecidos periodontais. Na história clínica, anamnese, sinais e sintomas, o paciente vai relatar as seguintes informações: - Apresenta dor aguda e localizada - Sensação de “dente crescido” (Isso acontece porque o ligamento periodontal inflamou, gerando um aumento de volume, empurrando o dente pra fora “extrusão”) - Dor ao toque e mastigação - Tecidos moles normais - Teste térmico, elétrico e cavidade são negativos - Palpação negativa - Percussão positiva (por causa do ligamento periodontal) - Discreta mobilidade (também por causa dessa inflamação do ligamento periodontal, espessamento) - Imagem radiográfica apresenta espessamento do ligamento periodontal Conduta: Origem Física: Remoção da causa > fazer ajuste oclusal > prescrição de analgésico Origem Química: Acesso > Irrigação > Curativo de demora anti-inflamatório > Selamento > Prescrição analgésico e anti-inflamatório > Dente retirado de oclusão OBS: A origem química poderia ser originada através de uma bolinha de algodão que ficou encharcada com Tricresol Formalina e deixamos por muito tempo com o curativo de demora. Isso pode ocasionar uma inflamação no ligamento periodontal.Origem Microbiana: Acesso > Irrigação > INSTRUMENTAÇÃO > Curativo de demora antimicrobiano > Selamento > Prescrição analgésico e anti-inflamatório > Dente retirado de oclusão OBS: A de origem microbiana acontece na maioria dos casos e é ocasionada pelo processo carioso (polpa inflamou, necrosou e atingiu o ligamento periodontal) Abcesso Periapical Agudo É o avançar da doença. Na história clínica, anamnese, sinais e sintomas, o paciente vai relatar as seguintes informações: - Dor espontânea, aguda e localizada - Dor Contínua e pulsátil - Tecidos moles normais ou pode apresentar um discreto aumento de volume na região - Teste térmico (frio alivia e calor aumenta, não por causa da inflamação pois a polpa está necrosada, mas pelo fato de como a reação purulenta irá reagir a esses fatores) - Teste elétrico e de cavidade negativos - Palpação negativa/positiva (Pois se a coleção purulenta estiver dentro do osso, não haverá alteração, mas se ela atingir o periósteo, a palpação pode gerar dor, sendo assim positiva. - Percussão positiva (pode ser sentida também pelos dentes vizinhos) - Sondagem periodontal e mobilidade (apresenta mobilidade dental) - Imagem radiográfica apresenta espessamento do ligamento periodontal, área radiolúcida (a radiolucidez se for um abcesso fênix) O abcesso fênix é quando o paciente já possuía uma lesão periapical e do nada se criou um abcesso. Conduta: Drenagem da coleção purulenta de acordo com a fase em que se encontra. Se estiver nos estágios iniciais, a drenagem do pus deverá ser via canal. Anestesia somente TRONCULAR (pois se eu der uma infiltrativa, o anestésico irá se difundir e espelhar as bactérias, podendo gerar riscos de bacteremia ao paciente) Drenagem Imediata - Aspirar - Irrigação com NaClO Quando parar de drenar: - Curativo com Tricresol Formalina - Selamento - Tirar da oclusão Não há drenagem mediata - Irrigação com NaClO - Cateterismo (Lima K #15) -> Amarrar a lima com fio dental para evitar aspiração da mesma pelo paciente - Condutometria prévia - Esvaziamento do canal (Crow-Down) - Patência - Drenar - Aspirar - Irrigar com NaClO Quando parar de drenar: - Curativo com Tricresol Formalina - Selamento - Tirar da oclusão OBS: Não havendo drenagem prescrever antibiótico caso haja um aumento de volume. E só deixo o acesso ao dente aberto se o dente não parar de drenar. Caso esteja em estágio evoluído: - Drenagem do pús (submucoso ou subcutâneo) Via drenagem cirúrgica: Aumento de volume, coloração amarelada e dolorosa à palpação -> ponto de drenagam Aceleração do processo de drenagem - Fistulização através do bochecho morno Drenagem via canal OBS: Não prescrevo o anti-inflamatório porque ele faz com que a imunidade caia e seja pior a recuperação do paciente ao tentar conter a infecção. OBS 2: Pra sabermos a origem da fístula, colocamos um cone de guta na própria fístula, pois ela faz um caminho e assim vai mostrar a origem do problema, o que está gerando-a. Pacientes que apresentam fístulas, possuem PERIODONTITE CRÔNICA. OBS 3: Pacientes que possuem abcesso visto na parte externa da face, deve-se recomendar o bochecho morno e na parte externa colocar gelo, pra que esse abscesso retorne para a parte interna da boca e não seja necessário fazer uma incisão na face do paciente. Antibiótico Quando prescrevo? - Paciente debilitado - Não houve parada de drenagem Prescrição: Amoxicilina 500mg Fenoximetilpenicilina (Pen-Ve-Oral) 500.00 UI Clindamicina 300 mg Em um período de 7 à 10 dias Cuidado sub-dose de antibiótico! (Isso seria recomendar ao paciente utilizar por um números de dias menor, como por exemplo de 4 à 5 dias. Isso NÃO é recomendado) Para finalizar Quando eu termino o tratamento de canal? - Não há mais sinais e sintomas No caso de um retratamento, deve-se prescrever antibiótico, analgésico, aliviar oclusão e remover a guta-percha aos poucos.
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