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Pequeno Hans

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“Pequeno Hans”
 Freud
 
 
 Profᵃ Cristina Simões 
 
Publicado em 1909;
“Pequeno Hans”  Herbert Graff ;
Nasceu em 1903 e morreu em 1973;
Seu pai  Max Graff
Pequeno Hans é o principal escrito freudiano sobre o Pai. 
É o pai que estabelece a relação transferencial com Freud, embora não analisada. 
O pai é o encarregado da análise do filho sob a direção de Freud que tece elaborações sobre a angústia de castração e a fobia de Hans. 
MaxGraff está submetido à Freud, o “Herr Professor , capaz de acabar com a sua bobagem”, como dizia ele. 
O pai submetido à mãe, pois não consegue barrar os excessos de mimo desta sobre Hans que desenvolve anseios libidinais em relação a ela, não interditados pelo pai. 
O início da fobia de Hans é percebido com um sonho de ansiedade onde “perde” a mãe e não é mais “mimado” por ela. A afeição à mãe se transforma em ansiedade e não medo. 
“Mimar” (era o nome que Hans dava às carícias, ao ir dormir em sua cama quando estava com medo do cavalo).
 Mãe alternava “mimos” com ameaças de castração, inquisições sobre masturbação e com afirmações de que ela tinha um “pipi”.
- “Você também tem um faz-pipi?”
 Repete a pergunta ao pai; se diverte por ter visto o faz-pipi do leão; e diz que se sua mãe tem um faz-pipi com certeza este ficaria à mostra.
Certa noite vai vigiá-la trocar de roupa, observando que se ela tivesse um, deveria ser tão grande quanto o de um cavalo. Nas brincadeiras de faz-de-conta, Hans brinca do jogo de prendas onde quem perde tem que fazer pipi na frente do outro. 
Hans diante dos desejos libidinais não satisfeitos e excessivos desenvolve uma fobia, escolhendo o cavalo como objeto fóbico. 
O objeto fóbico vem preencher sua função sobre o fundo da angústia. 
O cavalo que era objeto de prazer torna-se objeto de medo. 
Houve um deslocamento dos sintomas de Hans e o medo dos cavalos passa a uma compulsão para olhá-los.
O Édipo, no menino, insere um jogo na relação especular onde o eu ou o outro é sempre a mola fundamental. A fixação na mãe pode perdurar por um tempo, mas a resolução do Édipo se instala e favorece a formação, no inconsciente, do supereu.
Toda a seqüência do jogo prossegue no engodo, no final angustiante e insuportável entre ele e sua mãe, de onde não se sai. Ele ou ela, sem que se saiba qual é a grande ou pequena girafa. 
Medo de Hans ambivalência entre o amor e a hostilidade que sente pelo pai por sua imensa ligação com a mãe. 
O sintoma fóbico medo de que o cavalo morda ou medo de que o cavalo pesado caia com as pernas abertas e agitadas.
Freud ao ser visitado por Hans e seu pai observa mais detalhes do caso: 
Hans se incomodava com o que os cavalos usavam à frente dos olhos e com o preto em torno da boca. 
Freud pergunta à Hans se ele tem medo do pai por ele gostar muito da mãe e que achava que seu pai estava aborrecido com ele. 
Na saída Hans comenta com seu pai: “O professor conversa com Deus, parece que já sabe de tudo, de antemão?” 
Lacan aponta que o que está em jogo não é a castração de Hans, mas o que vemos, é a castração do pai, a falha do pai, em que a função paterna falha, para além da falta do pipi da mãe. 
Mas a mãe fica no lugar da onipotente, fálica, e o pai de Hans se apresenta frágil podendo facilmente “cair”.
O eu da criança, na fase pré-edipiana, repousa sobre a onipotência da mãe. 
Lacan considera que a criança quando procura a mãe para ser narcisada pode encontrar uma mãe insaciável, devoradora; e isso ocorre na fobia, na fantasia infantil do medo de ser devorado. 
Ao olhar para os cavalos algo dele se manifesta nos cavalos. Hans subjetiva seu sintoma a partir da estranheza com a presença de um cavalo. A seguir se incomoda com o que os cavalos usam à frente dos olhos e com o preto em torno da boca. 
Hans faz alusão àquilo que olha pra ele e isso que o olha é o gozo do pai que fazem sintoma no olho e na boca do cavalo. 
Hans sintomatiza esse gozo no cavalo por não saber criar um saber para a falta do pai. A vertente do amor ao pai se manifesta deixando a vertente de ódio recalcada. 
Lacan aborda o pecado do pai. Hans denuncia o gozo de seu pai, a per-version.
A angústia que dominou Hans o deixou paralisado, angústia é causa de recalque. 
“Toda angústia é angústia de castração”. 
Em Hans, a força motriz do recalque era o medo da castração. 
A fantasia do “bombeiro” que vem desaparafusar o traseiro e o pênis, para restituir-lhe outros maiores, reaparafusados, como teria feito com as torneiras da banheira. Esta fantasia triunfante fez Hans superar a fobia. Aliado a essa fantasia surge outra que confessava o desejo de casar com a mãe e ter muitos filhos; resolve o problema do pai, tornando-o inofensivo e casando-o com a avó.
O que é ser um pai? Interrogação freudiana. 
Lacan enraiza o Nome-do-Pai no Simbólico, como um organizador necessário. 
A castração, para ser eficaz precisa ser articulada no simbólico, embora ameace cada sujeito no imaginário, tomando-o de angústia. O pai não deve ser fraco nem onipotente, deve ser capaz de experimentar a possibilidade de elaborar a castração como um elemento real que atravessa a sua existência de sujeito. 
O sintoma fóbico, a saber, que um cavalo o morde ou o faz cair, era uma formação de compromisso que se desenvolvera a fim de resolver o conflito edipiano, contra o qual Hans tentava debater-se.
O apego de Hans a sua mãe e os sentimentos ambivalentes em relação ao pai, que ele amava profundamente, mas atravessava seu caminho, na medida em que era um rival em face da mãe, tinham desencadeado a angústia de castração e o medo de ser castigado, simultaneamente com sentimentos de culpa. 
O conteúdo recalcado (o ódio ao pai) foi subjetivado pelo medo do cavalo, que como objeto de medo, teria um suporte agressivo como conteúdo latente. 
Por não suportar o ódio à figura do pai, desloca o afeto para o cavalo. Daí a ambivalência. 
O nascimento de sua irmã tinha aumentado o conflito, pois também ela se tornava uma rival em face do amor e da atenção materna.
 Hans foi capaz de exprimir abertamente seus desejos de morte em relação à irmã, mas o recalque de suas pulsões agressivas em face do pai aumentou sua angústia de castração e forçou-o a criar um objeto fóbico evitável. 
O medo do cavalo é um substituto da idéia inicial de ser castrado pelo pai. 
Hans substituiu a angústia pelo medo e Freud constrói a idéia de que “toda angústia é angústia de castração”. 
O desenvolvimento do sintoma fóbico tinha por função restaurar o equilíbrio psíquico de Hans. 
Contribuições do caso Hans:
- foi o primeiro caso de análise de crianças com seus conflitos e contradições; 
- forneceu elementos relativos à fase edipiana-fálica do desenvolvimento sexual; 
- mostrou que a castração é a crise essencial por onde todo sujeito se introduz e vive o Édipo. 
- problematizou o Édipo acerca do seu percurso à heterossexualidade, que só será atingida se o sujeito, rapaz ou moça, se situe corretamente com referência à função do pai.

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