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Pitiríase Versicolor e Malassezia spp.

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Pitiríase versicolor e doenças por Malassezia spp.
Isso é o que você deve saber sobre a doença:
Também conhecida como tinea versicolor, é uma micose superficial benigna e crônica.
As lesões são constituídas por placas hipo ou hiperpigmentadas, escamosas e de bordas delimitadas, que podem confluir cobrindo extensas áreas do corpo.
A região cervical, ombros, tórax anterior e posterior são as áreas mais afetadas.
Agente etiológico: Malassezia sp., uma levedura lipo-dependente e bastante polimórfica que, em parasitismo, se apresenta como células leverrudiformes globosas (bolinhas) ou ovais agrupadas e filamentos curtos, separados e irregulares (aspecto de almôndegas e espaguete).
É considerada microbiota cutânea humana, com prevalência elevada na população adulta. O couro cabeludo é o principal reservatório de Malassezia spp., por seus caracteres seborreicos.
Essa é uma pequena história que você deve decorar:
A pitiríase versicolor foi descrita pela primeira vez por William, em 1801.
Em 1846, Eichstedt, reconheceu a etiologia fúngica da infecção, mas o agente não recebeu nenhuma designação.
Em 1853, Robin denominou o agente Microsporum furfur, chamando a micose de tinea versicolor.
Malassez, em 1874, estudou mais precisamente o fungo a partir do couro cabeludo e observando a presença de fungos ovoides na camada córnea da epiderme, sugeriu sua participação na patogenia da caspa.
Baillon, em 1889, reconheceu que o agente da pitiríase não estava relacionado com o gênero Microsporum, como acreditava Robin, e denominou-o Malassezia furfur.
Quinze anos depois, Saboraud (1904) estabeleceu que a caspa seria uma micose causada por uma levedura, que denominou Pityrosporum malassezii, não-cultivável em meios artificiais.
Depois disso, milhões de denominações foram atribuídas ao fungo devido principalmente ao seu polimorfismo e sua associação com distintas entidades clínicas.
Em 1927, Acton e Panja utilizaram o meio de Petroff glicerinado e isolaram pela primeira vez a Malassezia sp., que tinha sido considerada por muitos anos como organismo não cultivável in vitro.
Epidemiologia <3
Apresenta distribuição mundial, sendo mais frequente em regiões de clima tropical e subtropical.
Acomete indivíduos de todas as raças e ambos os sexos; os adultos entre 20 e 40 anos são os mais afetados.
Você sabia que outras doenças podem ter associação a Malassezia spp.?
Dermatite seborreica: por afetar uma das áreas mais seborreicas do corpo (mais frequente no couro cabeludo, face e tórax), pode ocorrer uma participação de Malassezia spp. na patogenia da doença. Tem sua incidência aumentada no final da adolescência e é rara na velhice; estima-se que esteja presente em 50% dos pacientes com AIDS.
Foliculite: a presença do fungo no orifício folicular causaria a doença, simplesmente. Na síndrome de Gougerot-Carteaud ou papilomatose confluente reticular (doença rara que acomete mulheres), o fungo tem sido implicado como possível associado às patogenias.
Onicomicoses: no início dos anos 80, foram relatados dois casos de onicomicoses por Malassezia spp. (M. furfur), considerando a doença como oportunista.
Também pode colonizar a pele e cateter venoso central em recém nascidos que recebem alimentação lipídica parenteral. Apesar de sua baixa virulência, tem sido descrita como agente de infecções sistêmicas graves em hospedeiros susceptíveis, como prematuros de baixo peso, podendo levar à sua morte.
M. pachydermatis coloniza a superfície cutânea de animais, associada a quadros de dermatite seborreica e otites em animais domésticos.
Taxonomia (??????????)
O gênero Malassezia pertence:
Divisão: Basidiomycota
Classe: Hymenomycetes
Ordem: Tremellales
Família: Filobasidiaceae
Segundo as características dos ácidos nucleicos, apresenta três espécies:
M. furfur: não cresce em ágar Sabouraud simples, necessita de suplemento de ácidos graxos de longas cadeias. Cresce bem em Sabouraud enriquecido com Tween 20, 40 e 80. Catalase (+) e fraca reação de beta-glicosidase (esculina).
M. pachydermatis: única espécie capaz de crescer em Sabouraud sem suplemente lipídico. Reações de beta-glicosidase e catalase (+) ou (-).
M. sympodialis: Assimila o Tween 80 e o 40, mas não o 20. Reações de beta-glicosidase e catalase (+).
Entretanto, trabalhos realizados pela Dra. Guého com base em estudos fisiológicos, energéticos e bioquímicos (assimilação de Tween, tipificação molecular do DNA das leveduras, etc) incorporaram quatro novas espécies ao gênero:
M. globosa: Não assimila nenhum Tween kakaka relacionada com a microbiota humana, quadros de pitiríase versicolor. Catalase (+) e esculina (-).
M. obtusa: raramente associada a isolamentos em humanos. Esculina (+).
M. restricta: Não assimila nenhum Tween. Tem sido isolada de pele humana normal. Catalase e esculina (-).
M. slooffiae: Assimila o Tween 40 e o 20, mas não o 80. Catalase (+) e esculina (-).
Essa revisão taxonômica permitiu uma nova abordagem da patogênese de doenças associadas a Malassezia spp., tais como pitríase versicolor, foliculite, dermatite seborreica e infecções sistêmicas.
Diagnóstico clínico
Baseia-se nos aspectos das lesões: máculas descamativas, de bordas bem definidas mas de tamanho, forma e cor variáveis.
Sinais de Besnier (raspar a lesão com a unha) e de Zileri (estiramento da região sugestiva de pitiríase versicolor) associado a uma fluorescência verde-amarelada que pode ser observadas quando as lesões são expostas à iluminação pela lâmpada de Wood.
Diagnóstico laboratorial
Exame microscópico direto: a amostra são as escamas da pele com hidróxido de potássio (KOH) a 10%, acrescido de tinta Parker Quink permanente, de cor negra. Também pode utilizar o azul de metileno, o Giemsa e o PAS (ácido periódico de Schiff). Resultado: observa-se filamentos curtos de parede grossa, com um ou dois septos, podendo ser curvos e irregulares; presença de leveduras isoladas ou agrupadas em cachos.
Cultura: não é realizado como rotina do diagnóstico. É recomendável para verificar a viabilidade do fungo, isolar o agente e identificar a espécie.
Para organismos lipo-dependentes, é necessário incorporar ao meio ácidos graxos de cadeia longa. Entretanto, a espécie M. pachydermatis, por ser hidrofílica, é capaz de crescer nos meios de cultura habitualmente usados.
As colônias de Malassezia spp. em meios apropriados e a 35-37 °C são de textura cremosa, de cor creme a marrom clara, topografia convexa, superfície lisa ou levemente rugosa, aspecto seco e de diâmetro variável.
Meios de cultura:
Ágar Sabouraud-dextrose com cloranfenicol, cicloeximida e óleo de oliva = mais utilizado.
Meio Dixon: ágar extrato de malte, bile dessecada, Tween 40, cloranfenicol, cicloexamida e água.
Outros meios com bile de boi, glicerol ou leite são utilizados. É importante ressaltar que a incorporação de óleos na superfície do meio apresenta baixo rendimento.
Tratamento
Aplicação tópica de sulfeto de selênio, xampu a 2,5% aplicado diariamente, por 2 a 3 semanas, durante 15 minutos. Também pode ser deixado overnight. Esse tratamento tem baixo custo, é de fácil aplicação e tem resultados satisfatórios.
Hipossulfito de sódio a 25% após o banho. Recomendável usar água de colônia para melhorar o odor.
Antifúngicos azólicos são utilizados no tratamento tópico. Porém existe a dificuldade de aplicar o creme em áreas extensas do corpo, além do custo alto.
OBS: Toda medicação tópica deve ser aplicada nas áreas infectadas e além das mesmas.
A terapia oral é recomendada quando o tratamento local não é efetivo ou quando as lesões atingem áreas muito extensas do corpo. Medicamentos: Cetoconazol (200mg/dia durante 10 dias), itraconazol (200mg/dia durante 5 dias) e fluconazol (150mg/semana durante 3 semanas).
Os pacientes devem ser alertados quanto ao fato de que a repigmentação pode levar até meses, porque a hipopigmentação persiste até a recuperação dos melanócitos lesados. O uso de psoralêmicos e a exposição à luz solar podem estimular a repigmentação.
Para evitar recidivas, é aconselhadaa aplicação do medicamento uma a duas vezes por mês.

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