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DO DESPERTAR DA MICOLOGIA MÉDICA ATÉ O SÉCULO XXI

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DO DESPERTAR DA MICOLOGIA MÉDICA ATÉ O SÉCULO XXI
O DESPERTAR DA MICOLOGIA MÉDICA
	Início do século XVIII: Lazzaro Spallanzani (abade italiano) e John Turbeville Needhan (padre inglês) – pesquisadores que tiveram grande importância na batalha da geração espontânea. Lazzaro defendia a teoria de que um ser vivo só podia ser gerado de outro ser vivo, enquanto John era um defensor fervoroso da teoria da geração espontânea. Juntos, vivenciaram o período da “guerra das infusões”, que foi caracterizado por sucessivas experiências com caldos infusos que propiciavam o crescimento de microrganismos.
	Utilizando as infusões, cada pesquisador tentou provar a seu modo a teoria por eles defendida. Lamentavelmente, Lazzaro não foi privilegiado pela história. Se John Needhan, tão influente aquela época, não fosse um contemporâneo seu, certamente o tributo prestado hoje a Louis Pasteur, como a pessoa que definitivamente desmontou a teoria da geração espontânea, seria pelo menos dividido com o abade italiano.
	Ainda no séc. XVIII, o estudo dos parasitas tornou-se mais científico, contribuindo para a sistemática de Karl Von Linneu para organizar, de forma racional, os parasitas. A constatação aparente da inexistência da geração espontânea passou a ser considerada, e alguns estudiosos começaram a se questionar sobre como ocorriam as infecções em homens e animais, visto que nem sempre eram encontrados ovos de parasitas para explicar grande parte dessas doenças. Nessa época, os primeiros laboratórios de microbiologia começaram a observar a presença de bactérias dentro dos seres vivos.
	Ainda nesse período, Lazzaro Spallanzani contribui, de forma fundamental, para a compreensão desse novo mundo, através de estudos que forneceram bases científicas para experimentação, criando assim a microbiologia experimental moderna.
	Início de século XIX – as buscas para “causa e efeito” das doenças microbianas se intensificaram e começou a se concretizar. Nessa época, Agostino Bassi (conhecido como “pai da micologia médica”), um pesquisador de origem italiana, fez história e contribui de forma fundamental, para o esclarecimento das doenças microbianas.
	Bassi, nascido em Pávia (norte da Itália), cursou a Faculdade de Direito, mas sua grande vocação era para as ciências naturais. Por isso, ele sempre escapava da Faculdade de Direito para acompanhar cursos da área de ciências ministrados em sua universidade. O curso de ciências naturais era minitrado por Lazzaro Spallanzani, e dele, Bassi tirava o mais alto proveito.
	Aos 24 anos de idade, Agostino Bassi diplomou-se em Direito e abandonou a carreira, dedicando-se por inteiro ao estudo das ciências naturais. Ele se dedicou a estudar uma doença que acometia o bicho-da-seda, que causava grandes perdas nas criações industriais do sul da França e do norte da Itália. Após anos de tentativa de reprodução da doença através de alterações das condições físicas nos plantéis, ele não chegou a nenhum resultado conclusivo. Já prestes a desistir de sua empreitada, acidentalmente entrou em contato com o trabalho de outro pesquisador, de nome Enrico Acerbi. Em seu trabalho, Acerbi relatava a presença, esporádica e sem correlação patológica, de um fungo do gênero Clavaria em ninfas de cigarra.
	Imbuído do sentimento da possível correlação da doença do bicho-da-seda com a presença daquele fungo, aprofundou essa linha de raciocínio, tendo então evidenciado, em seus ensaios, a presença do fungo em todos os insetos examinados. Além disso, observou que a presença desse fungo, no ambiente onde era criado o bicho-da-seda, era capaz de infectar animais saudáveis, provenientes de criações onde não era observada essa patologia, reproduzindo assim a doença.
	Contemporâneo dos trabalhos de Bassi, outro pesquisador, chamado Giuseppe Balsamor Crevelli, fez observações semelhantes às de Bassi, tendo denominado então o fungo, numa primeira publicação de suas observações, de Bortrytis paradoxa. Numa segunda publicação, ele o denominou fungo de Bortrytis bassiana, fazendo uma alusão a Bassi; hoje, esse fungo é conhecido com o nome de Beauveria bassiana.
	Alguns anos após o início do século XIX, a micologia médica humana, propriamente dita, foi iniciada com o médico Robert Remak. 
	Remak, nascido em 1815, era um polonês de ascebdência judia, que foi trabalhar em Berlim, junto a Schöenlein. Sob sua tutela, Remak empreendeu notável trabalho no esclarecimento da origem do favus, tendo evidenciado a presença de estruturas fúngicas nessas lesões. Algum tempo depois, conseguiu isolar o fungo em cultura e denominou de Achorion scoenleinii, em homenagem a seu mestre.
	Apesar dessa brilhante observação, seu trabalho não teve a mesma repercussão que o trabalho de outro pesquisador, de nome David Gruby. Gruby, húngaro de nascimento, foi trabalhar em Paris como médico e esclareceu, em 1841, também, a etiologia fúngica do favus. Publicou ainda vários trabalhos entre 1841 e 1844 que lhe deram fama e prestígio como micologista.
	Nomes como Louis Pasteur. Robert Koch e Émile Roux deram força para firma o momento histórico do ostracismo nas ciências médicas. A micologia médica mergulhou no ostracismo por quase 50 anos, provavelmente em razão do aparecimento e explosão de novos conceitos que a bacteriologia médica empreendeu em meados da década de 70 e 80 de séculoXXI.
	Em 1892, Raymond Jacques Adrien Sabouraud, tutelado por ÉmileRoux, terminou seus estudos no Instituto Pasteur e foi ser médico residente no hospital de Bernier, onde começou a desenvolver trabalhos com fungos que ocasionavam lesões de pele; tais estudos culminaram, em 1910, com a publicação que foi certamente o marco mais importante da micologia médica, o livro Les teignes.
	Esse livro tentativa normalizar a micologia no que se refere aos dermatófitos, classificando esses fungos, de acordo com o tipo de parasitismo, em quatro grandes grupos: os gêneros Achorion, Tricophyton, Epidermophyton e Microsporum. Além disso, outra contribuição fundamental foi a confecção de um meio de cultura, o Agar Sabouraud, que, com pequenas modificações, é utilizado, até os dias atuais, em rotina de micologia médica.
	A partir de Sabouraud, foram formados vários discípulos que, muitas vezes, reclassificaram as espécies dos dermatófitos, levando em consideração apenas algumas diferenças estruturais.
	Em 1934, Chester W. Emmons tentou novamente normalizar a micologia médica, levando em conta, nessa classificação, características micromorfológicas que os dermatófitos apresentavam em meios contendo grãos de cereais.
	Os gêneros Achorion e Trichophyton foram englobados em um único, o gênero Trichophyton. Ficavam assim os dermatófitos reclassificados em apenas três gêneros: Trichophyton, Epidermophyton e Microsporum, os quais são utilizados até os dias atuais na classificação dos dermatófitos.
	Os fungos causadores de micoses profundas e subcutâneas começaram a ser observados ainda no início da micologia médica. O médico Rudolf Virchow (1821-1902), no ano de 1856, observou a primeira relação traçada entre a clínica médica humana e um fungo causador de micose profunda em um paciente com aspergilose pulmonar.
	Por volta de 1894, Alejandro Posadas, um estudante de medicina argentino, observou em biópsias estruturas que ele pensou tratar-se de um Coccidium (um protozoário que estava em evidência na época), o qual ele denominou de Coccidioides immitis.
	A correlação desse microrganismo com o reino Fungi só foi possível após o trabalho de Ophuls e Moffit, em 1905, que o isolaram em cultura e o identificaram como sendo um fungo dimórfico.
	No ano de 1905, Samuel Taylor Darling, observou em tecidos do pulmão, baço e fígado, provenientes de uma necropsia, estruturas capsuladas que ele julgava também ser um protozoário, denominando assim esses microrganismos de Histoplasma capsulatum. Em 1934, De Monbreum isolou o microrganismo em questão, estabelecendo a origem fúngica da infecção.
	Imbuído do sentimento de cumplicidade com os achados de Posadas,Adolfo Lutz, um pesquisador brasileiro, observou, em 1908, em material proveniente de lesões encontradas na cavidade oral de pacientes, estruturas com parede birrefringente que ele julgou ser um Coccidioides immitis que ainda não estivesse em fase de maturação.
	Mais tarde, Alfonso Splendore e Floriano Paulo de Almeida fizeram um estudo sistemático dessa micose, separando-a em Coccidioidomicose e denominando o agente causal dessa infecção de Paracoccidioides brasiliensis.
	Nas últimas décadas, a micologia sofreu modificação no seu vocabulário e taxonomia, com a finalidade de torná-la mais acessível. Com isso, vários pesquisadores contribuíram na evolução da micologia; dentre eles, Ricardo Negroni, Josep Guarro-Artigas, G.S. Hoog, Mchael R. McGinnic, Guy Badillet, Emmons, John Willard Ripon, Libero Ajello, Angela Restrepo-Moreno, Patrick Boiron e muitos outros.
	No Brasil, a micologia possui grandes nomes, dentre tantos: Alberto Thomaz Londero, professor da Universidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e Olga Fischman Gompertz, professora da Universidade Federal de São Paulo. Não podemos esquecer do Prof. Carlos da Silva Lacaz, da Universidade de São Paulo - Maior expoente da micologia médica brasileira, faleceu em 2002, deixando o livro ´´ Tratado de Micologia Médica``, prefaciado pelo Dr. B. Dupont – ´´É uma bíblia que cobre todos os aspectos da micologia médica``.
MICOLOGIA MÉDICA
	A micologia médica é a ciência especializada e estudar os fungos e as enfermidades causadas por estes, tanto no homem como em animais. Por isso, a micologia médica veterinária e a humana estão muito relacionadas.
	O número de pacientes susceptíveis aos mais variados tipos de infecções cresce paulatinamente com o passar do tempo, e assim as infecções fúngicas vêm se tornando a cada dia mais frequentes. 
	Antes do advento da antibioticoterapia, nas décadas de 40/50, muitos pacientes iam a óbito por infecções bacterianas as mais variadas. Com o aparecimento dos antibióticos e outras medidas para aumentar a sobrebida dos pacientes, estes se tornaram mais vulneráveis às infecções oportunistas, e, com elas, as infecções fúngicas começaram a ser mais prevalentes.
	Também favorecem a maior frequência das infecções fúngicas a utilização de terapêuticas imunossupressoras em diferentes patologias, o aparecimento da AIDS/SIDA e a melhora nos métodos diagnósticos, aumentando ainda mais o número de pacientes nas quais são detectadas infecções fúngicas. Diante disso, os fungos vêm se apresentando como patógenos potenciais. Entretanto, em paciente imunocompetentes, as infecções fúngicas aparece ocasionalmente.
	Para que um processo infeccioso se instale, depende, em parte, da virulência do agente causal (no caso de fungos, a virulência é relativa) e, de outra parte, da capacidade que o hospedeiro tem de lutar contra a implantação do agente agressor. Havendo quebra desse equilíbrio a favor do parasita, o hospedeiro tenderá a desenvolver a doença. 
	O diagnóstico de uma infecção fúngica tem por base a combinação de dados clínicos e laboratoriais. Os processos laboratoriais incluem:
- Demonstrar o fungo – microscopia e cultura
- Detecção de resposta imune em presença do agressor
- Detecção dos antígenos e metabólitos de fungos em tecidos e fluidos corporais.
Os critérios clínicos são muito variados e, normalmente, apenas presuntivos, ficando muitas vezes o diagnóstico final para ser firmado em laboratório :D #biomedLindos
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RESUMO MICOLOGIA: BIOLOGIA DOS FUNGOS
CONCEITOS MORFOLÓGICOS BÁSICOS:
- Os fungos são úteis decompondo resíduos orgânicos, causando a decomposição ou a degradação de alimentos, ou mesmo atacando seres vivos, parasitando-os e, eventualmente, causando a sua morte.
-Os fungos tiveram seu grupo reconhecido como um reino a partir da descrição de cinco reinos por Whittaker em 1969. Esses organismos foram alocados em reinos com base na morfologia e no modo de nutrição dos seres vivos, sendo criado, então, o reino Fungi.
- Os fungos são organismos eucariontes, unicelulares (leveduriformes) ou multicelulares (filamentosos), haploides ou diplóides, com parede celular contendo quitina e glucano. Não apresentam plastos ou pigmentos fotossintéticos.
- Os fungos são seres eucarióticos e heterotróficos (não possuem pigmentos fotossintéticos capazes de absorver energia luminosa e utilizá-la para a síntese de compostos orgânicos, mas aproveitam a energia contida nas ligações químicas de vários nutrientes).
- Os fundamentos de classificação taxonômica dos fungos está relacionado, principalmente, a reprodução assexuada. Contudo, quando a forma de reprodução sexuada não é detectada, a classificação é baseadas nos órgãos de reprodução assexuada. Todos os fungos conhecidos, com poucas exceções, têm origem nos esporos (reprodução sexuada) ou conídios (reprodução assexuada).
- Na leveduras as características morfológicas são muito semelhantes, isto é tanto em parasitismo como nos isolamentos primários, esses fungos apresentam uma morfologia ovalada ou arredondada, não existindo, assim, estruturas diferenciais ligadas à reprodução sexuada ou assexuada.
- Na arquitetura da célula fúngica, observa-se a presença (de modo constante) de algumas estruturas, tais como: parede celular, citoplasma e núcleo:
Parede celular: Constitui a superfície de contato da célula fúngica com o meio externo. Nela pode-se observar alguns fatores relacionados com a aglutinação, crescimento e interações enzimáticas implicadas na digestão de substratos nutritivos complexos. Polissacarídeos em grande quantidade apresentam-se associados a polipeptídeos, constituindo a as glicoproteínas da parede, as quais desempenham um papel enzimático e estrutural. A parede celular é uma estrutura dinâmica, sujeita a modificações químicas e estruturais durante o ciclo de vida do fungo. Geralmente é composta por elementos microfibrilares insolúvel em água (quitina e glucanos), mergulhados em uma matriz amorfa, constituídos de polissacarídeos solúveis em água. O conteúdo lipídico é constituído de fosfolipídio e esteróis, encontrados na membrana plasmática, e triglicerídeos presentes no citoplasma, os quais possuem função estrutural e energética, respectivamente. Algumas espécies de fungos apresentam melanina em sua parede celular, o que lhes confere uma resistência aos raios ultravioleta e a enzimas líticas produzidas por outros microorganismos (tais fungos são chamados de dermáceos). 
Membrana celular: Apresenta uma estrutura clássica, com uma dupla camada de fosfolipídios, no qual estão dispersas proteínas e glicoproteínas (estrutura do mosaico fluido).
Citoplasma: Apresenta algumas organelas, tais como: RE; aparelho de Golgi; mitocôndrias e vacúolos, delimitadas por membranas de constituição semelhante as membranas celulares. Outros elementos citoplasmáticos são: ribossomos e microfilamentos associados a microtúbulos (constituem o esqueleto fúngico)
Núcleo: de menor tamanho, contendo uma quantidade relativamente menor de DNA, com presença de algumas histonas e alguns detalhes pertinentes a divisão mitótica.
CONSTITUINTES BIOQUIMICOS DA CÉLULA FÚNGICA
- Existe uma variação na composição química das células dos fungos, no entanto estas variações dependem da fase de crescimento fúngico. Apesar dessas diferenças marcantes, a concentração de DNA permanece constante.
- O DNA fúngico é encontrado principalmente na região nuclear, mas ele pode existir em outros locais como mitocôndrias e plasmídeos.
- As proteínas podem se encontrar ligadas de forma covalente a carboidratos, para constituir as glicoproteínas constitucionais da parede e da membrana, ou, ainda, ser excretadas como enzimas, as quais podem estar implicadas em processos de nutrição e patogenicidade de cada espécie fúngica.
- Os carboidratos fúngico (polissacarídeos), podem apresentar-se sob a forma de homo ou heteropolímeros, sendo as vezes secretados para o espaço extracelular ou então incorporados como constituintes da paredee da membrana celulares.
- O principal polissacarídeo destinado a reserva energética é o glicogênio.
- Os fungos também podem acumular lipídios como fonte de reserva de carbono. Os lipídios podem se apresentar como cadeias alifáticas, as quais podem ser ou não saturadas e/ou ligadas a carboidratos e Aa. Os lipídios alifáticos têm importância na prevenção da desidratação dos esporos e na proteção contra temperaturas extremas. Já os derivados isoprenóis são substâncias que intervêm no metabolismo secundário, na constituição da membrana, no crescimento e na reprodução assexuada.
ACHADOS À MICROSCOPIA ÓPTICA QUE CARACTERIZAM PRIMARIAMENTE OS FUNGOS:
 primária de observação dos fungos em viabilidade biológica é a forma vegetativa, na qual os fungos são capazes de assimilar nutrientes e de se reproduzir. Essa forma caracteriza-se por uma grande variedade de apresentações estruturais, que vão desde uma forma unicelular (leveduras), a formas filamentosas e complexas. A forma filamentosa é constituída por hifas, e o conjunto de hifas formam os micélios. Um terceiro grupo são os dimórficos, na qual pode-se apresentar na forma filamentosa (temperatura ambiente), ou leveduriforme (37-39º)
- As leveduras também se distinguem dos fungos filamentosos por apresentarem uma divisão celular diferenciada, isto é, elas se dividem por brotamento simples; por brotamento-fissão ou ainda por divisão binária.
Brotamento simples: em determinados locais da parede celular, observa-se região de adelgaçamento (zonas de Buds), que favorecem a evaginação da parede, com o aparecimento de um brotamento correspondente a uma nova célula fúngica, que fica ligada a célula-mãe
Brotamento-Fissão: mecanismo idêntico ao brotamento simples, só que na etapa final, a levedura recém formada destaca-se da célula-mãe, evoluindo na maturação biológica até ficar do tamanho da célula que a originou.
Divisão binária: Uma célula dá origem a duas outras com a mesma característica. Observa-se uma invaginação das paredes, resultando em uma zona de constrição
- Algumas das leveduras apresentam capsula de mucopolissacarídeo, responsável por proteger o fungo do processo de fagocitose.
- Pleomorfismo fúngico: Durante a vida vegetativa, quando os ciclos de nutrição e reprodução se encontram ativos, algumas leveduras como a Candida albicans, podem se apresentar na forma filamentosa verdadeira. 
- Pseudo-hifas: achados importantes das leveduras. Formadas por brotamento simples, por motivos ainda não muito bem elucidados. Algumas leveduras modificam os polissacarídeos da sua parede celular, conferindo características estruturais de alongamento nas células, dando-lhes o aspecto de “charuto”. O conjunto de pseudo-hifas é denomidado de pseudomicélio.
- A maioria dos fungos apresenta-se de uma forma filamentosa, que se caracteriza pela presença de estruturas tubulares independente das condições de temperatura. Essas estruturas são ramificadas e pluricelulares, mas os limites físicos interpostos entre uma célula e outra são pouco precisos ou inexistentes. A maioria dos fungos apresentam septos, responsáveis pela comunicação entre as estruturas contíguas, permitindo a passagem livre de citoplasma, organelas e núcleos. Nos grupos dos septados, os septos estão em maior número e mais próximos uns dos outros, e assim podem ser facilmente detectados em um campo visual da microscopia óptica. Já aqueles fungos ditos não-septados, apresentam septo sim, porém, de uma forma mais espaçada e de difícil visiualização.
- Quando as estruturas filamentosas sofrem um trauma, com perda de material celular, entram em ação os Corpúsculos de Woronin, que tem a função de isolar a estrutura lesada do resto do filamento fúngico, preservando a integridade estrutural do micélio.
- O crescimento da hifa é geralmente apical, não existindo alongamento das células intercalares. 
- As colônias são uma forma de crescimento que podem ser observadas a olho nu. É constituída de quatro zonas concêntricas: Zona periférica (mais externa, caracterizada pela presença de ramificações monopodiais, simpodiais e dicotômicas); Zona de crescimento; Zona de frutificação (crescimento da biomassa cessa, porem as estruturas de reprodução se fazem presentes) e a região central (mais interna e mais antiga, onde o crescimento fúngico já cessou e está em franca fase de declínio).
ACHADOS À MICROSCOPIA QUE CARACTERIZAM SECUNDARIAMENTE OS FUNGOS:
- Para diferenciar as espécies fúngica, deve-se avaliar características como padrão enzimático, micromorfologia e necessidades nutricionais.
- A micromorfologia e o padrão enzimático são atributos fundamentais na diferenciação das leveduras.
- No grupo dos dermatófitos, algumas vezes, faz-se necessário o uso das características nutricionais para a correta diferenciação das espécies.
- As estruturas responsáveis pela diferenciação da maioria das espécies dos fungos filamentosos são conhecidas por: estruturas de frutificação e estruturas de ornamentação:
Estruturas de frutificação: células componentes das hifas que, em determinadas situações biológicas, sofrem modificação para dar origem a dois tipos celulares primários: as células esporogênicas e as células conidiogênicas. Essas células têm a mesma função (em sua essência), isto é, são capazes de originar estruturas responsáveis pela reprodução assexuada dos fungos filamentosos e dos dimórficos.
- As células esporogênicas vão originar estruturas denominadas de esporo, os quais ficam dentro de uma bolsa conhecida como esporângio, enquanto os conídios, são originados a partir de uma célula conidiogênica, e não se observa nenhuma estrutura de envolvimento externo: 
Conídios esporos
- A célula conidiogênica é uma estrutura normalmente localizada na parte terminal de uma hifa, com características morfológicas comuns apenas a uma espécie fúngica (ponto-chave na diferenciação de fungos filamentosos).
- Na conidiogênese a hifa pode dar origem a dois tipos básicos de conídios: (1) tálico – utilização da totalidade da célula conidiogênica para formação do conídio e (2) blástico – apenas um brotamento da célula conidiogênica se diferencia para dar origem ao conídio propriamente dito.
- Os esporos são estruturas originadas das células esporogênicas que apresentam apenas um tipo de processo de diferenciação, e tem como resultado a formação de uma estrutura saculiforme, subdividida em: columela; esporângio; esporangiósporo; esporos propriamente ditos.
Estruturas de ornamentação: Apresentam-se em grande variedade e não são específicas de uma ou outra espécie fúngica.
CONIDIOGÊNESE: Os fungos que são origem a conídios tálicos formam em sua etapa final 03 tipos diferentes de conídios: ártrico; macroconídio e microconídio. Já os fungos que tem conidiogênese do tipo blástica, formam 05 tipos diferentes: blastoconídio; simpodialoconídio; poroconídio; fialoconídio e aneloconídio.
FATORES QUE INFLUENCIAM O CRESCIMENTO:
- Os fungos apresentam uma grande capacidade de colonização e exploração de substratos orgânicos vivos e em decomposição. Os fungos necessitam de condições mínimas para o seu crescimento (nutricionais e fatores físicos).
Fatores nutricionais: Compreendem duas categorias: macro e microelementos. Os macroelementos são aqueles que devem ser ofertados em concentrações elevadas para os fungos, e são constituídos de elementos químicos como C, P, N, Mg, K e outros. Já os micronutrientes são aqueles que devem ser ofertados em quantidades mínimas para os fungos, e incluem: Zn, Fe, Cu e molibdênio.
Fatores físicos: pH (entre 4 e 7); atmosfera; Temperatura; umidade de luminosidade
- Diante de condições desfavoráveis quanto ao pH, os fungos apresentam mecanismos compensatórios bastante eficientes, fazendo uso de cátions e ânions do meio, produzindo, assim, ácidos orgânicos ou amoníaco para o tamponamento do meio, conseguindo absorver mais eficientemente os nutrientes do substrato em que se encontram.
- Quanto a atmosfera, os fungos necessitamde uma grande quantidade de oxigênio e dióxido de carbono. Além das espécies de fungos aeróbicos, existem o anaeróbicos obrigatórios, ou seja, apresentam uma atividade fraca ou nula da enzima superóxido desmutase; essas enzima é a responsável pela detoxificação celular dos subprodutos tóxicos do oxigênio (leveduras podem ser anaeróbicas facultativas).
- Quanto a temperatura, os fungos se classificam em: (1) psicrófilos – crescem a temperatura 0-20ºC; (2) mesófilos – crescem entre 20-40ºC -ATENTAI PARA A IMPORTÂNCIA MÉDICA- ; (3) termófilas – crescem entre 40-50ºC
- A luminosidade influencia o crescimento fúngico agindo na decomposição de substâncias nutritivas ou diretamente sobre o metabolismo. A luz pode ser necessária para a indução de estruturas reprodutivas, ou ainda, na orientação dos esporangiósporos, os quais conduzem os esporângios e os esporos em direção à luz.
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IDENTIFICAÇÃO LABORATORIAL DE LEVEDURAS (Cap. 9, Sidrim)
INTRODUÇÃO
- A identificação de leveduras ao nível de espécie tem significância prognóstica e terapêutica, e permitem o início precoce de terapia antifúngica nos casos de doença sistêmica causada por Candida albicans ou por leveduras não-albicans.
- Espécies de levedura fazem parte da microbiota normal da superfície da pele e também de algumas mucosas como a cavidade oral, a vagina e o jejuno, o que torna ainda mais necessária a identificação da espécie isolada.
- Isolamento de leveduras a partir de sítios anatômicos estéreis é sinônimo de infecção fúngica.
- Indivíduo normal geralmente não desenvolve infecções fúngicas; os mecanismos de defesa podem ser, no entanto, desequilibrados por fatores intrínsecos ou extrínsecos (como doença de base, cateteres intravasculares e antibioticoterapia), tornando o indivíduo suscetível ao supercrescimento da população residente de leveduras, seguido por invasão e lesão dos tecidos vivos (infecção por fungos da microbiota normal, mesmo que estes sejam de baixa patogenicidade).
- As leveduras geralmente crescem bem dentro de 48 horas, sob temperaturas entre 25 e 37°C, em meios micológicos e bacteriológicos comuns, incluindo ágar-sangue e ágar Sabouraud dextrose (ASD). São fungos unicelulares, de reprodução assexuada (por meio de blastoconídios) e cosmopolitas.
- A maioria das leveduras produz colônias de coloração branca ou bege, textura cremosa e superfície lisa; alguns isolados apresentam borda fina estrelada ou franjada nas margens da colônia.
- Rhodotorula spp. podem produzir colônias de coloração alaranjada (imagem), Cryptococcus spp. em geral geram colônias mucoides, devido à presença de cápsula, enquanto as de Trichosporon spp. apresentam-se com aspecto seco e superfície rugosa, e as leveduras demáceas produzem colônias negras; isso pode orientar quanto ao gênero em uma visão macroscópica.
- Quando se observa crescimento de uma colônia leveduriforme, deve-se proceder ao exame microscópico da mesma, através de preparações com solução salina, lactofenol azul de algodão ou corante de Gram (mais utilizado: suspensão da levedura em lâmina com KOH 10%-20% e exame a fresco com adição de lactofenol). Observa-se a presença de estruturas arredondadas ou ovais em brotamento (blastoconídios), associadas ou não à presença de hifas e pseudo-hifas, o que dá a certeza de que o isolado se trata de uma levedura.
- As leveduras predominantes numa cultura, as provenientes de sítios normalmente estéreis e aquelas recuperadas repetidamente de pacientes imunossuprimidos devem ser identificadas.
- A pureza do cultivo deve ser revalidada sempre que for necessário, pois a identificação de espécie indefinida pode ser decorrente da presença de um contaminante.
- Em relação às características morfológicas, consideram-se aspectos (ou “aspéctos”, segundo a tia) macroscópicos da colônia e microscópicos da levedura (aspecto micromorfológico), fazendo-se uso também de metodologias específicas para detectar a presença de estruturas fúngicas como tubo germinativo e cápsula.
- Bioquimicamente, são investigadas a capacidade que as leveduras têm de utilizar determinados carboidratos e compostos nitrogenados como fontes de carbono e nitrogênio (auxanograma utilizando meio C e meio N) e a capacidade de fermentar alguns carboidratos (zimograma). Podem ser pesquisadas também a produção de urease ou fenoloxidase.
PROVA DO TUBO GERMINATIVO
- Método simples de triagem que permite a distinção presuntiva entre Candida albicans ou C. dubliniensis (tubo germinativo positivo) de outras espécies de levedura (tubo geminativo negativo).
- O tubo germinativo é uma projeção alongada, que emerge da levedura quando esta entra em contato com soro à temperatura de 37°C durante 2 a 3 horas. 
- Retira-se uma alíquota da colônia de levedura ( inocula em um tubo contendo soro de coelho, fetal bovino ou de cavalo ( suspensão é incubada a 37°C durante 2 a 3 horas ( remoção de uma gora da suspensão, que é examinada ao microscópio óptico.
- Não se pode confundir tubos germinativos com pseudo-hifas; o tubo germinativo é asseptado, sem constrição no ponto de inserção entre a projeção crescente e o blastoconídio, enquanto a pseudo-hifa pode ser septada ou não, e apresenta ponto de constrição em sua base.
- Resultados falso-negativos podem ocorrer em portadores de neoplasia submetidos a quimioterapia, ou no exame de pacientes tratados com antifúngicos, ou quando o inóculo é pesado (alíquota muito grande de levedura) ou, ainda, quando há refrigeração prolongada do soro.
- O falso-positivo é observado raramente, quando a incubação se prolonga por mais de 3 horas.
PROVA DO MICROCULTIVO (DALMAU, 1929)
- Possibilita o estudo micromorfológico das leveduras em meio ágar-fubá-Tween 80 ou ágar-arroz-Tween 80 ( incubação das leveduras em meio com Tween 80 e sob baixa tensão de oxigênio estimula a produção de conídios e filamentação, sendo possível sugerir o gênero, ou até mesmo a espécie, através do estudo da presença e disposição dos blastoconídios, artroconídios, hifas verdadeiras e pseudo-hifas.
- A presença de clamidoconídios é característica de C. albicans ou de C. dubliniensis, sendo seu melhor desenvolvimento no extrato de arroz, enquanto o de blastoconídios é intensificado no fubá.
- Presença de blastoconídios sem hifas ou pseudo-hifas ( Cryptococcus spp., Candida glabrata, Rhodotorula spp. ou Saccharomyces spp.
​- Presença de artroconídios, blastoconídios e hifas ( Trichosporon spp.
- Presença apenas de hifas e artroconídios ( Geotrichum candidum.
- Em geral é preciso realizar provas bioquímicas adicionais para confirmar a identificação.
USO DE MEIO CROMOGÊNICO
- Meios de cultivo capazes de gerar o crescimento de colônias de cores distintas, segundo a espécie de levedura.
- Década de 90 ( CHROMagar Candida ( meio capaz de fazer a identificação presuntiva das espécies de levedura mais comumente isoladas de material clínico e de facilitar o reconhecimento de culturas mistas de leveduras.
- Princípio: produção de cor das colônias por reações enzimáticas espécie-específicas, com um substrato cromogênico do meio.
- Sensibilidade e especificidade do meio excede 99% para C. albicans, C. tropicalis e C. krusei (colônias verde, azul e rosa-pálido, respectivamente).
IDENTIFICAÇÃO DE Cryptococcus spp.
- Gênero caracterizado pela presença de cápsula de mucopolissacarídeos.
- C. neoformans é o principal agente de meningite fúngica (isolamento de células fúngicas no líquor ( neurocriptococose).
- Exame pode evidenciar a presença da capsula ( montagem da preparação entre lâmina e lamínula, utilizando tinta nanquim como líquido de montagem na proporção de 1:1 em água destilada ( nanquim não penetra na cápsula, que se apresenta como halo claro em torno da levedura, ressaltada contra o fundo preto do corante.
- OBS: espécies de Rhodotorula ou de Sporobolomyces também apresentam cápsula!
- Para discriminação do gênero pode-se utilizar também o teste de hidrólise da ureia, utilizando omeio de Christensen. Levedura produz urease que hidrolisa ureia, resultando em alcalinização do meio de cultura, o que é observado através de mudança da coloração do ágar do amarelo para o rosa intenso.
- Trichosporon spp., Rhodotorula spp. e Candida lipolytica também podem ser urease positivas, mas apresentam características morfológicas e bioquímicas distintas de Cryptococcus.
- C. neoformans é fenoloxidase positiva ( síntese de pigmentos de melanina a partir do fenol ( produção de colônias de tonalidade castanho-escuras ou negras sobre meio de niger, de sementes de girassol ou de ácido caféico.
- Finalmente, o meio CGB é empregado para a quimiotipagem das cepas de C. neoformans var. neoformans e C. neoformans var. gatti (??) ( var. gatti vira indicador de pH para azul-cobalto.
PRODUÇÃO DE ASCOS (LEVEDURAS ASCOSPORADAS)
- Alguns gêneros de leveduras produzem estruturas de reprodução sexuada (ascos) quando crescem em meio adequado ( Saccharomyces e Pichia em meios ágar extrato de malte, ágar acetato de sódio, meio V8 e outros.
- Incubação por 7 dias ( submete à coloração de Kinyoun ( ascósporos coram-se de vermelho enquanto as outras células leveduriformes coram-se de azul.
IDENTIFICAÇÃO DE Candida dubliniensis
- Primariamente associada com a colonização e infecção da cavidade oral de pacientes HIV-soropositivos, sendo relatada também em casos de infecção sistêmica associada à imunodeficiência.
- Compartilha muitas características com C. albicans, o que torna difícil a distinção.
- Isolados de ambas as espécies crescem a 30 e 37°C, produzem colônias de cor creme em ASD, produzem tubo germinativo e clamidoconídios e apresentam perfil bioquímico semelhante; a discriminação baseia-se em métodos moleculares como PCR, RAPD e PFGE.
ASSIMILAÇÃO DE CARBOIDRATOS
- Testa a capacidade de crescimento da levedura em aerobiose frente a uma fonte de carbonos: glicose, lactose, maltose, trealose, xilose, dextrose (controle positivo) entre outros açúcares, fornecidos como única fonte de energia (meio YNB ou meio “C”).
- Assimilação em meio sólido ( auxanograma ou técnica auxanográfica.
- Ágar destituído de qualquer fonte de carbono ( adiciona-se a suspensão da levedura, que é distribuída na placa ( utilização de discos de papel de filtro impregnados com os diferentes carboidratos ( positividade é avaliada através da observação de halo de crescimento da levedura em presença do carboidrato fornecido.
ASSIMILAÇÃO DE NITROGÊNIO (TÁ ACABANDO!)
- Testa a habilidade que uma levedura tem de crescer aerobiamente na presença de um composto nitrogenado fornecido como única fonte de energia.
- Essa técnica auxanográfica emprega meio de ágar YCB ou YNB destituído de qualquer fonte de nitrogênio, adicionado da suspensão da levedura e distribuído em placa ( depois são aliquotados compostos nitrogenados sobre o ágar ( a positividade é avaliada por meio do crescimento da levedura em presença do composto fornecido (geralmente peptona como controle positivo e nitrato de potássio).
ZIMOGRAMA OU FERMENTAÇÃO DE CARBOIDRATOS
- Habilidade que uma levedura tem de crescer anaerobiamente na presença de determinado açúcar fornecido como única fonte de energia, observada através da produção de gás carbônico e alteração de pH.
- Classicamente é realizada em meio líquido ( suspensão da levedura é inoculada em tubo de ensaio contendo meio de cultura, solução do açúcar desejado a 2% e um tubo de Durham invertido ( positividade é observada através da produção de gás no interior do tubo de Durham e da mudança da coloração do meio, quando se utiliza um indicador de pH.
SISTEMAS MANUAIS E AUTOMATIZADOS PARA PROVAS DE ASSIMILAÇÃO DE CARBOIDRATOS
- Os sistemas manuais mais utilizados são o API 20C, o ID 32C e o Auxacolor ( galerias plásticas contendo carboidratos desidratados, nas quais a suspensão da levedura é inoculada ( provas positivas podem ser traduzidas pela turvação ou mudança de coloração.
- Ainda assim são recomendadas provas adicionais como a macromorfologia colonial, a micromorfologia, pesquisa de cápsula, etc.
- Métodos automatizados mais difundidos são o Microscan Rapid Yeast Ident e o AutoMicrobic ( mesmo princípio, só que os sistemas são controlados e interpretados automaticamente por computadores.
- ATB fungus 2 faz o antifungiograma (estudo de antifúngicos).
- Recomendações: utilizar sempre microcultivo como teste adicional, cuidado para obter inóculos puros e viáveis, certificar-se sobre quais espécies são identificadas por cada método, e observar protocolo.
- OBS: laboratórios de pesquisa já investem no uso de anticorpos monoclonais ou de métodos moleculares com a finalidade de resolver problemas de diagnóstico ou de marcagem epidemiológica.
Resumo: Piedras
Introdução
A piedra branca e a piedra preta enquadram-se dentro do grupo de micoses superficiais estritas, na qual os fungos apresentam em comum a propriedade de induzir alterações apenas na camada mais superficial do extrato córneo, sem causar, na maioria dos casos, nenhuma resposta inflamatória. O paciente acometido de piedras não apresenta nenhum tipo de desconforto físico, a queixa principal está associada a questão estética.
As características clínico-laboratoriais das piedras são bem delimitadas, o que permite a ocorrência de pouquíssimos erros no diagnóstico.
Aspectos históricos
A piedra branca foi descrita pela primeira vez por Beigel em 1865, em Londres. A piedra preta só foi descoberta em meados do século XX (1901) por Malgoi-Hoes.
Epidemiologia
As piedras são mais prevalentes em zonas de clima tropical e subtropical dos continentes americano e africano, estando bastante relacionada as condições socioeconômicas pouco favoráveis.
A piedra branca é pouco frequente, caracterizada pelo aparecimento de uma massa de consistência mucilaginosa aderida aos pelos humanos. Os fungos causadores dessa micose são os fungos do gênero Trichosporon. 
A piedra preta é uma infecção fúngica que pode ser enquadrada na definição de feo-hifomicoses superficiais. Caracterizada pela presença de pequenas massas sólidas fúngicas aderidas aos pelos do homem e do animal.
Piedra branca
Tricopatia pura causada pelo Trichosporon spp. Tem caráter assintomático, benigno e de baixo contágio que acomete indiscriminadamente os cabelos e pelos da região axilar, pubiana, perianal, barba e bigode.
Aspectos clínicos:
Aparecimento de pequenos nódulos, de consistência mucilaginosa, coloração branco-amarelada ou amarela acastanhada e aspecto fusiforme aderidas ao pelo comprometido. As espécies de Trichosporon a infecções profundas, como pneumonia, endocardite, glomerulonefrite, acometendo principalmente pacientes imunodepimidos.
Diagnóstico laboratorial:
Exame físico: Os pelos infectados devem ser observados com o uso de uma lupa para que possam ser observadas outras coisas que possam ser confundidas com a piedra branca, como restos de secreções, escamas do couro cabeludo.
Coleta da amostra: após o exame físico coletam-se com uma pinça os pelos afetados que são enviados ao laboratório juntamente com a ficha do paciente.
No laboratório: ETAPA 1 – (exame direto) preparação da lâmina com KOH a 10 e 40%. Na microscopia dos nódulos fúngicos é possível observar hifas hialinas, artroconídeos e poucos blastoconídeos. ETAPA 2 – semeio da amostra em maio Agar Sabouraud (com antibiótico, sem antibiótico e com antibiótico acrescido de cicloexamida). A microscopia da colônia mostra a presença de micélio hialino septado e com artroconídeos.
Tratamento:
Corte do cabelo o mais curto possível; Aplicação tópica com pomadas de mercúrio amoniacal.
Piedra preta
A piedra preta se caracteriza pelo aparecimento de nódulos endurecidos e de coloração escura nos cabelos e, raramente, em outros pelos do corpo. Não acomete a pele das regiões próximas a infecção, sendo considerada uma doença benigna, crônica e de baixo contágio.
Aspectos clínicos:
Diferentemente da piedra branca, os nódulosda infecção por piedra preta são fortemente aderidos ao pelo, não sendo fácil sua remoção.
Diagnóstico laboratorial:
Exame direto utilizando o KOH a 10 e 40 % que mostra estruturas de coloração acastanhadas aderidas ao longo do pelo. O diagnóstico final só é dado após a cultura da amostra em meio ágar Sabouraud (com antibiótico, sem antibiótico e com antibiótico acrescido de cicloexamida). Na microscopia das colônias são observados hifas acastanhadas, grossas, algumas irregulares associadas ou não a um material amorfo, de coloração castanho-clara que envolve as estruturas fúngicas.
Tratamento:
Semelhante ao da piedra branca, ou seja, faz-se máxima remoção do pelo infectado, seguida de medidas profiláticas de higiene e utilização de compostos com potencial antifúngico, como solução de formalina a 2% e derivados imidazólicos. 
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Pitiríase versicolor e doenças por Malassezia spp.
Isso é o que você deve saber sobre a doença:
Também conhecida como tinea versicolor, é uma micose superficial benigna e crônica.
As lesões são constituídas por placas hipo ou hiperpigmentadas, escamosas e de bordas delimitadas, que podem confluir cobrindo extensas áreas do corpo.
A região cervical, ombros, tórax anterior e posterior são as áreas mais afetadas.
Agente etiológico: Malassezia sp., uma levedura lipo-dependente e bastante polimórfica que, em parasitismo, se apresenta como células leverrudiformes globosas (bolinhas) ou ovais agrupadas e filamentos curtos, separados e irregulares (aspecto de almôndegas e espaguete).
É considerada microbiota cutânea humana, com prevalência elevada na população adulta. O couro cabeludo é o principal reservatório de Malassezia spp., por seus caracteres seborreicos.
Essa é uma pequena história que você deve decorar:
A pitiríase versicolor foi descrita pela primeira vez por William, em 1801.
Em 1846, Eichstedt, reconheceu a etiologia fúngica da infecção, mas o agente não recebeu nenhuma designação.
Em 1853, Robin denominou o agente Microsporum furfur, chamando a micose de tinea versicolor.
Malassez, em 1874, estudou mais precisamente o fungo a partir do couro cabeludo e observando a presença de fungos ovoides na camada córnea da epiderme, sugeriu sua participação na patogenia da caspa.
Baillon, em 1889, reconheceu que o agente da pitiríase não estava relacionado com o gênero Microsporum, como acreditava Robin, e denominou-o Malassezia furfur.
Quinze anos depois, Saboraud (1904) estabeleceu que a caspa seria uma micose causada por uma levedura, que denominou Pityrosporum malassezii, não-cultivável em meios artificiais.
Depois disso, milhões de denominações foram atribuídas ao fungo devido principalmente ao seu polimorfismo e sua associação com distintas entidades clínicas.
Em 1927, Acton e Panja utilizaram o meio de Petroff glicerinado e isolaram pela primeira vez a Malassezia sp., que tinha sido considerada por muitos anos como organismo não cultivável in vitro.
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Epidemiologia <3
Apresenta distribuição mundial, sendo mais frequente em regiões de clima tropical e subtropical.
Acomete indivíduos de todas as raças e ambos os sexos; os adultos entre 20 e 40 anos são os mais afetados.
Você sabia que outras doenças podem ter associação a Malassezia spp.?
Dermatite seborreica: por afetar uma das áreas mais seborreicas do corpo (mais frequente no couro cabeludo, face e tórax), pode ocorrer uma participação de Malassezia spp. na patogenia da doença. Tem sua incidência aumentada no final da adolescência e é rara na velhice; estima-se que esteja presente em 50% dos pacientes com AIDS.
Foliculite: a presença do fungo no orifício folicular causaria a doença, simplesmente. Na síndrome de Gougerot-Carteaud ou papilomatose confluente reticular (doença rara que acomete mulheres), o fungo tem sido implicado como possível associado às patogenias.
Onicomicoses: no início dos anos 80, foram relatados dois casos de onicomicoses por Malassezia spp. (M. furfur), considerando a doença como oportunista.
Também pode colonizar a pele e cateter venoso central em recém nascidos que recebem alimentação lipídica parenteral. Apesar de sua baixa virulência, tem sido descrita como agente de infecções sistêmicas graves em hospedeiros susceptíveis, como prematuros de baixo peso, podendo levar à sua morte.
M. pachydermatis coloniza a superfície cutânea de animais, associada a quadros de dermatite seborreica e otites em animais domésticos.
Taxonomia (??????????)
O gênero Malassezia pertence:
Divisão: Basidiomycota
Classe: Hymenomycetes
Ordem: Tremellales
Família: Filobasidiaceae
Segundo as características dos ácidos nucleicos, apresenta três espécies:
M. furfur: não cresce em ágar Sabouraud simples, necessita de suplemento de ácidos graxos de longas cadeias. Cresce bem em Sabouraud enriquecido com Tween 20, 40 e 80. Catalase (+) e fraca reação de beta-glicosidase (esculina).
M. pachydermatis: única espécie capaz de crescer em Sabouraud sem suplemente lipídico. Reações de beta-glicosidase e catalase (+) ou (-).
M. sympodialis: Assimila o Tween 80 e o 40, mas não o 20. Reações de beta-glicosidase e catalase (+).
Entretanto, trabalhos realizados pela Dra. Guého com base em estudos fisiológicos, energéticos e bioquímicos (assimilação de Tween, tipificação molecular do DNA das leveduras, etc) incorporaram quatro novas espécies ao gênero:
M. globosa: Não assimila nenhum Tween kakaka relacionada com a microbiota humana, quadros de pitiríase versicolor. Catalase (+) e esculina (-).
M. obtusa: raramente associada a isolamentos em humanos. Esculina (+).
M. restricta: Não assimila nenhum Tween. Tem sido isolada de pele humana normal. Catalase e esculina (-).
M. slooffiae: Assimila o Tween 40 e o 20, mas não o 80. Catalase (+) e esculina (-).
Essa revisão taxonômica permitiu uma nova abordagem da patogênese de doenças associadas a Malassezia spp., tais como pitríase versicolor, foliculite, dermatite seborreica e infecções sistêmicas.
Diagnóstico clínico
Baseia-se nos aspectos das lesões: máculas descamativas, de bordas bem definidas mas de tamanho, forma e cor variáveis.
Sinais de Besnier (raspar a lesão com a unha) e de Zileri (estiramento da região sugestiva de pitiríase versicolor) associado a uma fluorescência verde-amarelada que pode ser observadas quando as lesões são expostas à iluminação pela lâmpada de Wood.
Diagnóstico laboratorial
Exame microscópico direto: a amostra são as escamas da pele com hidróxido de potássio (KOH) a 10%, acrescido de tinta Parker Quink permanente, de cor negra. Também pode utilizar o azul de metileno, o Giemsa e o PAS (ácido periódico de Schiff). Resultado: observa-se filamentos curtos de parede grossa, com um ou dois septos, podendo ser curvos e irregulares; presença de leveduras isoladas ou agrupadas em cachos.
Cultura: não é realizado como rotina do diagnóstico. É recomendável para verificar a viabilidade do fungo, isolar o agente e identificar a espécie.
Para organismos lipo-dependentes, é necessário incorporar ao meio ácidos graxos de cadeia longa. Entretanto, a espécie M. pachydermatis, por ser hidrofílica, é capaz de crescer nos meios de cultura habitualmente usados.
As colônias de Malassezia spp. em meios apropriados e a 35-37 °C são de textura cremosa, de cor creme a marrom clara, topografia convexa, superfície lisa ou levemente rugosa, aspecto seco e de diâmetro variável.
Meios de cultura:
Ágar Sabouraud-dextrose com cloranfenicol, cicloeximida e óleo de oliva = mais utilizado.
Meio Dixon: ágar extrato de malte, bile dessecada, Tween 40, cloranfenicol, cicloexamida e água.
Outros meios com bile de boi, glicerol ou leite são utilizados. É importante ressaltar que a incorporação de óleos na superfície do meio apresenta baixo rendimento.
Tratamento
Aplicação tópica de sulfeto de selênio, xampu a 2,5% aplicado diariamente, por 2 a 3 semanas, durante 15 minutos. Também pode ser deixado overnight. Esse tratamento tem baixo custo, é de fácil aplicação e temresultados satisfatórios.
Hipossulfito de sódio a 25% após o banho. Recomendável usar água de colônia para melhorar o odor.
Antifúngicos azólicos são utilizados no tratamento tópico. Porém existe a dificuldade de aplicar o creme em áreas extensas do corpo, além do custo alto.
OBS: Toda medicação tópica deve ser aplicada nas áreas infectadas e além das mesmas.
A terapia oral é recomendada quando o tratamento local não é efetivo ou quando as lesões atingem áreas muito extensas do corpo. Medicamentos: Cetoconazol (200mg/dia durante 10 dias), itraconazol (200mg/dia durante 5 dias) e fluconazol (150mg/semana durante 3 semanas).
Os pacientes devem ser alertados quanto ao fato de que a repigmentação pode levar até meses, porque a hipopigmentação persiste até a recuperação dos melanócitos lesados. O uso de psoralêmicos e a exposição à luz solar podem estimular a repigmentação.
Para evitar recidivas, é aconselhada a aplicação do medicamento uma a duas vezes por mês.
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ASPECTOS CLÍNICOS LABORATORIAIS DAS DERMATOFITOSES
Aspectos históricos
( 1839 – Robert Remak elucidou a etiologia do Favus, dando início à história da micologia médica.
( 1842 – David Gruby redescobre o agente etiológico do Favus, cria o gênero Microsporum e reafirma a etiologia fúngica de todas as tinhas. 
( 1910 – Raymond Jacques Andrien Sabouraud publica o tratado de micologia médica “Le teignes”, normalizando o conhecimento da época sobre os dermatófitos.
Dividiu os dermatófitos em quatro gêneros: Achorion, Trychophyton, Microsporum e Epidermophyton, de acordo com os aspectos clínicos, crescimento do fungo nos pelos e escamas e crescimento em meio peptonado (ágar Sabouraud).
( 1928 – Devèse e Margarot observaram que cabelos parasitados por algumas espécies de dermatófitos eram capazes de emitir bioluminescência quando expostos a luz ultravioleta (luz de Wood).
( 1934 – Emmons propôs uma nova classificação dos dermatófitos com base nos aspectos microscópicos e no seu crecimento em meios feitos a partir de grãos; o extinguiu o gênero Achorion e o realocou no gênero Trychosphyton, tendo este grupo apenas 3 gêneros. 
( Década de 1960 – David Griffin descobre a forma perfeita (forma sexuada ou teleomorfa) do Microsporum gypseum.
( Fungos do gênero Trychosporum que apresentam a forma sexuada foram chamados de Arthroderma e os fungos do gênero Microsporum com forma sexuada foram chamados de Nannizzia.
( É considerado dermatófito aquele fungo representante dos três gêneros, queratinofílico e capaz de causar patologias em homens e animais. 
Epidemiologia
( Os dermatófitos são fungos filamentosos, septados, hialinos, algumas vezes artroconiados, queratinofílicos, passíveis de colonizar e causar lesões em pelos ou no estrato córneo de homens e de animais.
( São classificados em três grupos de acordo com seu habitat: geofílicos, zoofílicos e antropofílicos.
( Geofílicos: mantém sua viabilidade em solos ricos em resíduos de queratina humana ou animal. 
( Zoofílicos: colonizam animais que estão em intenso contato com o solo em condições de parasitismo.
( Antropofílicos: fungos que foram evoluindo no parasitismo, saíram do solo, se adaptaram aos animais e chegaram a parasitar o homem.
( Quanto maior for a distância evolutiva do fungo pelo hospedeiro, maior a resposta inflamatória causada por ele. (fungos geofílicos causam maiores respostas que fungos zoofílicos quando parasitam o homem, os antropofílicos causam uma resposta menos acentuada, podendo até coexistir com o hospedeiro de forma pacífica).
É necessário considerar o binômio parasito/hospedeiro, pois na resposta inflamatória temos características do parasita e do hospedeiro compondo a resposta inflamatória; assim uma infecção por um fungo antropofílico pode desencadear uma resposta inflamatória intensa.
( As queratinas são um grupo de proteínas de alto peso molecular, que possuem estruturas diferentes de acordo com a presença de diferentes aminoácidos (no cabelo há grande quantidade de cisteína e na pele há grande quantidade de metionina). Isso pode explicar a predileção de certos fungos por certas superfícies.
Trichophyton equinum: em cavalos infecta a parte interna do pelo, em humanos infecta a parte externa.
( Houve um aumento do número de infecções por fungos, especialmente dermatófitos. Isso se deve a uma melhora no diagnóstico, aumento da sobrevida de pacientes imunocomprometidos e uso de medicações que selecionam os organismos saprófitos.
( Os fungos se distribuem de forma cosmopolita pelo mundo, mas há variações regionais marcantes com relação ao tipo e frequência da espécie isolada. 
T. rubrum: espécie mais isolado no mundo, seguida de T. violaceum e T. mentagrophytes
O período de realização da pesquisa também influencia na predominância de determinado fungo. Uma pesquisa feita na França de 1956 a 1980 mostrou que houve uma prevalência dos fungos M. canis e T. violaceum, já no período de 1981 a 1989, houve predominância do T. soudanense e M. langeronii. Essa mudança provavelmente foi resultado da migração da população francesa para as colônias africanas e vice-versa. 
Patogenia
( A infecção se inicia com a deposição de artroconídeos e hifas depositadas em uma região da pele glabra (pele que não pertence ao couro cabeludo, barba e bigode). O filamento fúngico penetra na camada córnea da pele e se expande de forma circular e centrífuga. Após alguns dias, as bordas apresentam vesículas e a parte central apresenta descamações e reação inflamatória, sendo esta chama da de herpes circinada. A lesão progride excentricamente com cicatrização da região central e liberação de novos filamentos. 
( A instalação da doença depende da secreção de enzimas e de forças mecânicas
Em 1989 – Tsuboi descobriu a enzima quimiotripsina, que degrada colágeno e funciona em pH ácido
A progressão da lesão depende do pH da pele
( Nas dermatofitoses, os pelos são sempre atacados secundariamente. O fungo encontra o pelo e direciona-se ao infundíbulo do mesmo. Esta invasão ocorre da superfície às camadas mais profundas do pelo, parando sua progressão até não mais encontrar queratina no bulbo pilar.
( O crescimento fúngico no pelo se caracteriza pela franja de Adamson, em que o fungo faz dois movimentos contrários: 
Crescimento em direção à profundidade do pelo, em que o fungo se alimenta da queratina recém-formada e crescimento em direção à superfície. Esses dois movimentos se equilibram e justifica a permanência da infecção capilar dermatofítica.
Ao atingir o pelo, cada espécie de dermatófito se comporta de maneira diferente: umas podem apresentar parasitismo fávico, onde não resultam na destruição do pelo; outras por sua vez, invadem os pelos e substituem sua estrutura central por artroconídeos (parasitismo endotrix), outras produzem artroconídeos pequenos que crescem ao redor do pelo (parasitismo microide ectotrix), outras produzem artroconídeos grandes ao redor do pelo (parasitismo megaspórico ectotrix)
Em último lugar, há comprometimento das unhas. As onicomicoses ocasionadas por dermatófitos comprometem primariamente a borda das unhas, enquanto que as onicomicoses ocasionadas por leveduras acometem primariamente a prega ungueal proximal.
Manifestações clínicas
( As lesões causadas por dermatófitos são originadas da degradação da queratina e da resposta inflamatória. A variação clínica da lesão é influenciada por:
Estado imunológico do hospedeiro
Espécie de dermatófito 
Sítio anatômico acometido
( As dermatofitoses são classificadas por duas correntes em relação a sua clínica
Corrente inglesa: considera que todas as dermatofitoses são tineas, e dependendo do sítio anatômico acometido, recebem o nome em latim. Tinea corporis (corpo), tinea capitis (cabelo), Tinea unguium (unhas)...
Corrente francesa: classifica as dermatofitoses em tineas (lesões no couro cabeludo, barba e bigode), epidermofitiases (lesões na pele glabra), onicomicoses dermatofíticas (lesões nas unhas)e dermatofitoses subcutâneas (lesões profundas, relacionadas com pacientes imunocomprometidos). Iremos seguir essa corrente.
Tinea
( Mais uma vez, tinea é toda infecção causada por dermatófito que acomete o estrato córneo da pele do couro cabeludo, barba e bigode.
Tinea Tonsurante (tinea capitis)
( Acomete principalmente crianças em idade escolar, na faixa etária de 4-10 anos. Raramente acomete recém-nascidos e crianças na idade pré escolar. Pode acometer adolescentes imunocomprometidos, excepcionalmente.
( Caracteriza-se pelo aparecimento de lesões no couro cabeludo chamadas de alopecias, em que se observa a ausência de cabelos.
( Subdivisões:
Lesão microspórica: Poucas placas de alopecia, luminescente sob luz de Wood e de grande diâmetro, geralmente causada pelo gênero Microsporum.
Lesão tricofítica: lesões descamativas, muito pequenas, insensível à lâmpada de Wood. Ocasionada por dermatófitos do gênero Trichophyton
Tinea supurativa (tinea capitis)
( Acomete crianças e adultos sem distinção. Nas crianças e nas mulheres adultas, há predisposição pelo couro cabeludo e nos homens, pela barba e bigode.
( Caracteriza-se pelo aparecimento de uma placa escamosa que com o passar dos dias torna-se inflamada, com edema, rubor e secreção purulenta, seguindo-se de perda do cabelo. 
( Observa-se o “kerion de Celse”: lesão serpentiginosa onde se observaa gotas de pus que saem espontaneamente ou sob pressão. 
 ( Não dolorosa.
( Geralmente causada por Trichophyton mentagrophytes
Tinea fávica (tinea capitis)
( Foi a primeira doença fúngica diagnosticada, acomete o couro cabeludo
( Causada pelo Trichophyton schoenleinii 
( Caracteriza-se por mostrar na fase inicial da infecção, o aparecimento de gotas serosas ao redor do pelo, que se depositam e ao se juntar com o material de descamação proveniente do ato de coçar, forma uma massa, que toma aspecto de crosta amarelada, com odor de urina de rato. São chamadas de escútulas ou godet e contém um conglomerado de hifas. O junção de várias escútulas dá origem à crosta fávica. 
( A infecção tende a se espalhar por todo o couro cabeludo, exceto nas regiões da nuca e fronte posterior.
( Cabelos ficam rarefeitos, mas os que restam estão íntegros. 
( A evolução da doença tende a formar uma foliculite intensa, com cicatrização do folículo e alopecia definitiva.
( Parasitismo: aparecimento no interior do pelo de pequenas cadeias de artroconídeos, bem como artroconídeos em pequenos grupos associados a bolhas de ar. 
Tratamentos para a Tinea 
( A terapêutica das tineae se baseia na remoção dos resíduos de pelos contendo artroconídeos e pelos parasitados por meio de antifúngicos tópicos, remoção mecânica e uso de queratolíticos; além de se utilizar drogas antifúngicas sistêmicas que atuação na profundidade do folículo piloso. 
( A droga de uso sistêmico é a griseofulvina, utilizada por via oral (sendo melhor absorvida quando ingerida em refeições gordurosas), distribuindo-se por via sanguínea até o folículo piloso, incorporando-se às células produtoras de queratina. 
( É necessária a utilização de fármacos tópicos, como imidazóis, para a remoção dos artroconídeos presentes nos pelos, que não são afetados pela griseofulvina, pois esta só tem atividade fungistática. Os artroconídeos são os responsáveis pela disseminação das dermatofitoses. 
( No lugar do uso de imidazóis, pode-se realizar outros tratamentos tópicos, como a raspagem do couro cabeludo e drogas queratolíticas.
( O conhecimento do tipo de dermatófito é importante, pois fungos zoofílicos não são transmissíveis, ao contrário do que ocorre com fungos antropofílicos.
Epidermofitiases
( Lesões que acometem exclusivamente a camada córnea da pele glabra.
Herpes circinada (tinea corporis)
( Lesão superficial, inflamatória, mais ou menos intensa, de evolução centrífuga, única ou múltipla, com tendência a coalescer. Aparece principalmente nas pregas corpóreas – inguinal e interdigital.
( Causada pelos fungos do gêneros Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton, exceto T. concentricum.
( Distribuição cosmopolita, a herpes circinada é uma lesão descamativa de coloração rósea, crescimento excêntrico, tendendo a formar na periferia pequenas vesículas. Estão localizadas nas áreas descobertas do corpo.
( Há maior predominância de herpes circinadas causadas por agentes zoofílicos no meio rural (M. canis e T. verrucosum), e maior predominânicia de dermatófitos antropofílicos em ambientes urbanos (E. floccosum, T. rubrum).
( Exame laboratorial: importante para afastar outras patologias (eczema numular e pitríase rósea de Gilbert)
Fase pré-analítica: coleta das amostras
Segunda fase: observação do material ao microscópio, onde muitas vezes pode-se fechar o diagnóstico
Terceira fase: cultivo das escamas em meios específicos; esta fase é realizada quando a segunda fase é inconclusiva.
 
Lesões de grandes pregas (tinea cruris)
( Trata-se de uma lesão que acomete a região inguinal e se inicia na face interna das coxas, com regiões avermelhadas que irão confluir e formar placas.
( Não são exclusivas da região inguinal, podendo aparecer nas axilas na região inframamária e nos glúteos.
( As lesões iguinais, também conhecidas por eczema marginade de Hebra, observa-se a borda da placa confluente bastante ativa, avermelhada que está ao redor de uma região descamativa de aspecto úmido. Essa borda é evidente em T. rubrum e menos evidente em E. floccossum e nas associações bacterianas ou com leveduraas
( Pode causar prurido
( Acomete principalmente homens na faixa etária de 18 a 30 anos que praticam esportes aquáticos.
( Transmitida pelo contato com roupas íntimas, calções de banho cuecas ou toalhas.
( É bastante contagiosa
( O diagnóstico laboratorial é o mesmo da tinea corporis. 
Lesões interdigitopalmeres e palmares (tinea pedis e tinea manum)
( Aparecem nos espaços interdigitais e nas plantas dos pés, tem preferência por alguns quadros ocupacionais e é predominante em países industrializados.
( Apresenta em três formas: 
Desidrótica: acometem a região plantar, forma vesículas duras, tendendo-se a romper e liberar um material citrino.
Hiperqueratótica: localizadas na região plantar ou borda do pé, forma placas eritematoescamosas
Intertriginosas (pé-de-atleta): intensa maceração que atinge os espaços interdigitais, evoluindo para fissuras, apresentando prurido.
( O diagnóstico laboratorial é feito com exame microscópico de escamas e cultivo em ágar sabouraud.
Tinea imbricata ou Tokelau (tinea corporis)
( A denominação Tokelau é originária de uma ilha polinésica, onde a infecção foi prevalente. 
( Também é predominante em outras ilhas do pacífico, como as ilhas Fidji, no sul da China, na Índia, na América (Guatemala, México, Colômbia, Brasil).
( É comum em regiões isoladas. 
( Transmissão é feita de forma direta, homem a homem ou por objetos contaminados. Essa infecção é favorecida pelas condições de higiene, promiscuidade e clima tropical.
( Aparecimento de várias lesões com discreto relevo e crescimento excêntrico, que evoluem formando círculos concêntricos, escamosos e de diâmetro variável. 
( Possui aspecto liquenizante.
( O prurido ajuda na auto-inoculação
( Se não houver tratamento, tende evoluir indefinidamente. Mas parece não haver resposta inflamatória do hospedeiro.
Tratamento das epidermatofitíases
( Para lesões pequenas, apenas fármacos tópicos resolvem a infecção. São eles: iodo (em solução com 1 a 2% de iodeto de postassio) imidazóis (cetoconazol, econazol, miconazol), terbinafina, tolnaftato e ciclopirox.
( Para lesões maiores: terapêutica oral com griseofulvina.
( Utilização de drogas como nistatina, anfotericina B e fluorocitosina não são eficazes contra dermatófitos; o uso de corticosteroides para melhorar o prurido pode causar uma dermatofitose profunda. 
Onicomicoses dermatofíticas
( São todas as infecçõesque acometem as unhas, causadas por fungos filamentosos dermatofíticos, não dermatofíticos e leveduras.
( As infecções dermatofíticas atingem a parte distal da unha (onixis); as infecções causadas por leveduras causam perionix.
Onicomicose subungueal distal
( Agente predominante: T. rubrum
( Responsável em algumas regiões por mais de 90% dos casos de onicomicoses
( Começa na borda livre da unha, com descolamento da lâmina superficial, que evolui e torna-se opaca. Pode haver acúmulo de material proveniente da degradação da queratina no espaço subungueal. Quando a lâmina superficial é acometida e ocorre a evolução da infecção, a unha pode cair.
( Predileção pelas unhas dos pés.
Onicomicose subungueal proximal
( Se inicia pela extremidade proximal, onde se observam manchas brancas ao nível da lúnula, comprometendo toda a unha a medida que cresce.
( Causada por T. rubrum
( É rara, mas acomete pacientes com AIDS.
( Pode levar à onicodistrofia total.
Onicomicose branca superficial ou leucomicose superficial
( Caracteriza-se pelo aparecimento de manchas na parte medial da lâmina superior da unha, com a evolução da lesão observa-se manchas amareladas.
( Um trauma interior na unha facilita a entrada do fungo.
( Evolui para onicodistrofia total
( Mais comumente observada nas unhas dos pés. 
Onicodistrofia total
( Lesão proveniente de outras descritas, onde há fragilização e queda das lâminas ungueais. Acomete principalmente adultos e idosos que não tem o devido cuidado terapêutico com o tratamento das onicomicoses.
( T. rubrum
Tratamento das onicomicoses
( O tratamento das onicomicoses é difícil, devido à queratina ser muito densa e a pouca vascularização da região, impedindo a chegada dos fármacos para o tratamento apropriado. Observa-se uma grande quantidade de recidivas. As unhas dos pés são mais difíceis de tratar.
( A griseofulvina é pouco indicada no tratamento, já que possui baixa afinidade com a queratina ungueal, tendo também um longo tratamento.
( Cetoconazol foi inserido na prática clínica em 1980 e foi o primeiro azólico a ser usado no tratamento das onicomicoses. Tem maior afinidade pela queratina ungueal, porém acarreta efeitos colaterais.
( Outros fármacos mais modernos são o itraconazol, fluconazol, terbinafina
( O uso de medicamentos tópicos (ciclopirox) mostra-se pouco eficaz, exceto nas onicomicoses superficiais e/ou distais da placa ungueal. O tratamento tópico e oral proporciona melhores resultados. 
Dermatofitoses subcutâneas e profundas
( Quando o fungo rompe a barreira do extrato córneo da pele e avança para as camadas mais profundas da pele e pode ocasionar três quadros clínicos, difíceis de precisar.
Granuloma tricofítico 
( Descrito por Majocchi em 1883 em uma criança que apresentava nódulos subcutâneos causados por T. violaceum.
( aparecimento de lesões nodulares e subcutâneas que tendem a uma ulceração ou fibrose, demonstrando-se na histopatologia a formação de granuloma.
( Hoje este quadro está associado a pacientes que utilizam terapia com corticoides por um tempo prolongado
( Atualmente predomina infecção por T. rubrum. 
Micetoma dermatofítico
( Acomete indivíduos portadores de dermatofitoses crônicas
( Caracteriza-se pelo aparecimento de um ou mais nódulos subcutâneos não aderidos a planos profundos, tendendo a formar um tumor de coloração vermelho-violácea, com zona de amolecimento central, seguida de depressão superficial, com secreção purulenta e serossanguinolenta, contendo grãos amarelados ou brancos formados das estruturas dermatofíticas.
( M. canis, M. ferrugineum, T. rubrum
Doença dermatofítica
( Descrita em pacientes com distúrbio da imunidade celular 
( Aparecimento ainda na infância de lesões na pele e unhas, tendendo a uma generalização por volta dos 15 a 25 anos, quando vários órgão são acometidos. 
( T. rubrum, T. schoenleinii, T. violaceum.
Resumo: Dermatofitoses (parte II)
Espécies envolvidas no desenvolvimento de dermatofitoses
Propostas de classificação dos dermatófitos: 1. Sabouraud (1910); 2. Langeron Milochevich e Vanbreuseghem (1966) e 3. Emmons (1934). Nessa última classificação se reconhecem três gêneros de dermatófitos: Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton. 
Gênero Microsporum
Caracteriza-se pela presença (em cultura) de estruturas de frutificação conhecidas como macroconídios. Essas estruturas são conídios grandes, geralmente de forma navicular divididos por septos transversais. Associados aos macroconídios pode-se ainda observar a presença de microconídios, tanto o macro quanto o microconídios ficam distribuídos ao longo das hifas. As espécies de Microsporum são numerosas, entretanto as mais encontradas são o M. canis e o M. gypseum. 
M. canis:
Dermatófito zoofílico transmitido ao homem por diversos animais domésticos, tendo em nosso meio como principal reservatório os felinos jovens. Clinicamente é caracterizado por lesões do couro cabeludo, sendo observadas grandes placas de alopecia, principalmente em crianças. Entretanto pode causar epidermatofitíases e mais raramente onicomicoses.
Características da cultura:
Apresenta crescimento moderadamente rápido em meio Sabouraud (6 a 10 dias);
O aspecto superficial da colônia apresenta uma textura algodonosa;
Alto pleomorfismo das colônias;
A microscopia direta da colônia mostra grande quantidade de macroconídios fusiformes, de paredes grossas e com numerosas septações. Podem ainda ser observados clamiconídios, órgãos nodulares e hifas pectinadas.
M. gypseum
Espécie geofílica que infecta o homem através do contato com o solo contaminado ou por um animal que tenha sido contaminado também pelo solo. As lesões geralmente são encontradas em partes descobertas do corpo, podendo raramente parasitar o cabelo.
Características da cultura:
Crescimento rápido em ágar Sabouraud (3 a 5 dias);
Macroscopicamente a colônia apresenta-se com uma superfície plana com bordas irregulares, o que lhe confere aspectos de areia da praia;
Alta tendência ao pleomorfismo;
Microscopicamente a colônia apresenta grande quantidade de macroconídios simétricos.
Gênero Trichophyton
Caracterizado pela presença de microconídios de forma arredondada. Esse gênero é o mais frequentemente encontrado em material clínico, acometendo tanto a pele glabra como os cabelos e unhas.
T. rubrum
Espécie antropofílica e cosmopolita de transmissão exclusivamente inter-humana. Clinicamente está relacionada com quase todos os tipos de infecção dermatofítica humana.
Características da cultura:
Crescimento intermediário em ágar Sabouraud (12 a 16 dias);
Colônias com textura algodonosa ou veludosa;
A microscopia óptica revela a presença de microconídios delicados, regulares e piriforme.
No diagnóstico diferencial, podemos utilizar a capacidade que o T. rubrum tem de produzir pigmento em ágar fubá a 1% de dextrose.
T. tonsurans
Parasita antropofílico por excelência, apresentando alta prevalência na África do Norte e na América do Sul. Clinicamente é responsável por lesões tonsurantes do couro cabeludo, no entanto também podem causar lesões de pele glabra e onicomicoses.
Características da cultura:
Crescimento intermediário em ágar Sabouraud (12 a 16 dias);
Textura podendo variar de algodonosa a veludosa;
A microscopia óptica observam-se numerosos microconídios;
Baixa quantidade de uréase.
Paradoxalmente a capacidade de perfurar o pelo in vivo, o T. tonsurans não perfura o pelo in vitro. 
T. mentagrophytes
Apresenta 2 a 4 variedades. Clinicamente essa espécie é responsável, no homem, pela segunda ou terceira causa de dermatofitoses, causando onicomicoses, lesões do couro cabeludo e lesões interdigitoplantares.
Características da cultura:
Grande quantidade de microconídios arredondados e agrupados (aspecto de cacho);
Intensa atividade da uréase;
Perfuração do pelo in vitro. 
Gênero Epidermophyton
Patógeno exclusivoda pele glabra, mas raramente acomete as regiões interdigitoplantares e as unhas e nunca atinge o cabelo.
E. floccosum
Dermatófito antropofílico por excelência e está relacionado a lesões de grandes pregas.
Características da cultura:
Crescimento rápido (7 a 10 dias);
Textura algodonosa baixa;
Microscopicamente caracteriza-se pela presença de macroconídios de parede fina;
Apesar de não parasitar o pelo humano in vivo, o E. floccosum é capaz de perfurar in vitro o pelo de cavalos.
Diagnóstico laboratorial
3 fases distintas: 
Pré-analítica: quando é feita a indicação e coleta do material clínico;
Analítica: exame propriamente realizado no laboratório e emitido o resultado final;
Pós-analítica: estocagem do patógeno em questão para estudos futuros.
Após a coleta do material deve-se fazer uma ou duas lâminas com KOH a 10 ou 40%. Aguarda-se um tempo para que as substâncias clarificantes exerçam sua função no material e facilite a observação das estruturas fúngicas. Devem ser observadas características que auxiliem no diagnóstico clínico, como hifas, coloração das hifas, septação e presença de artroconídios.
Feitas as lâminas, o material deve ser semeado em três tubos de ágar Sabouraud (com e sem antibiótico e cicloexamida) para serem observados por um período de mais ou menos 15 dias (variável).
Após o crescimento das colônias deve-se confeccionar uma lâmina da colônia.
Repiques para meios de culturas especiais
O procedimento é o mesmo realizado na cultura primária, porém em vez de semear a mostra clínica, semeia-se um fragmento da colônia obtida no isolamento primário. Os tubos são incubados a temperatura ambiente por 5 a 10 dias. Após o desenvolvimento da colônia faz-se uma montagem com lactofenol azul-algodão e leva-se ao microscópio onde serão visualizadas estruturas fúngicas que possibilitem identificar o fungo em questão.
Ágar arroz: útil no diagnóstico dos fungos do gênero Microsporum, pois favorece o aparecimento de macroconídios típicos da espécie.
Ágar lactrimel: permite o aparecimento de numerosas estruturas fúngicas, facilitando o diagnóstico correto.
Microcultivo em lâmina
Essa técnica visa proporcionar o estudo detalhado das diferentes estruturas fúngicas, bem como a disposição destas ao longo das hifas.
Prova da uréase
Muito utilizada na identificação dos dermatófitos, principalmente T. mentagrophytes das demais espécies de Trichophyton. Baseia-se na capacidade de determinada espécie de dermatófitos produzirem a enzima uréase.
Teste da perfuração do pelo in vitro
Permite diferenciar o T. mentagrophytes (que possui órgão perfurador) de T. rubrum que não tem órgão perfurador.
Provas de requerimentos vitamínicos
Identificação definitiva das diferentes espécies de Trichophyton, uma vez que eles possuem características de macro e micromorfologia, as vezes, não muito evidentes. E há casos em que a diferenciação só é dada pelas características nutricionais.

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