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simulação do julgamento de-Nuremberg

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O JULGAMENTO DE NUREMBERG. 
Tribunal Militar Internacional vs. Hermann Göring et all. 
 
20 de novembro de 1945 – 01 de outubro de 1946. 
 
 
Sala do Tribunal de Nuremberg em 1946. (AP Photo / STF) 
 
Tema do comitê: 
Julgamento de lideranças administrativas, militares e empresariais do nazismo pelo Tribunal 
Militar Internacional, liderado pelas cortes dos governos dos Estados Unidos, URSS, França e 
Inglaterra, vitoriosos na guerra. 
 
2 
 Caros (as) participantes, 
 Sejam bem-vindos a simulação dos Julgamentos de Nuremberg. 
 Será a terceira vez na SIMUNA que iremos reviver um evento histórico, mas nenhuma com tamanha 
responsabilidade como esta. Afinal, trata-se da recuperação dos processos contra 24 réus (dos quais apenas 
21 compareceram à corte de justiça) acusados de crimes de guerra, contra a paz e a humanidade. “Líderes, 
organizadores, incentivadores e cúmplices que participaram da elaboração de um plano comum ou de uma 
conspiração”1 – o Estado Nazista e suas instituições, cujos crimes marcaram a história do século XX. 
 E não se trata de representar um país em um encontro das Nações Unidas no qual as decisões nem 
sempre são asseguradas ou o consenso é garantido entre os diplomatas presentes. Também não se trata de 
uma imitação literal de um evento histórico que ocorreu há quase setenta anos atrás. Neste comitê, o 
desafio será um pouco diferente: representar personagens históricos cujas ações tornaram-se conhecidas, 
assim como seus efeitos, sem necessariamente imitá-los, pois estamos diante de um comitê que retorna ao 
calor dos acontecimentos. Como participantes, vocês não sabem ainda qual será o resultado de suas 
escolhas e decisões. Sendo assim, será possível alterar ou não o curso dos acontecimentos. 
 Por outro lado, em se tratando de um tema tão delicado, o julgamento de políticos, empresários, 
militares e outros colaboradores civis de um sistema totalitário que assassinou milhões de seres humanos, 
será fundamental que todos vocês – estudantes participantes – respeitem o momento histórico no qual 
estarão inseridos. Antes de mais nada, neste comitê, será muito importante o respeito a memória daqueles 
que sofreram os crimes nazistas, bem como daqueles que se comprometeram em julgá-los ou que 
receberam a alcunha de defendê-los. 
 O mesmo cuidado será necessário para os estudantes que escolheram representar as 21 lideranças 
nazistas. Neste caso, recomenda-se aos participantes que se mantenham fiéis ao perfil de seus personagens 
sem ridicularizá-los, ou ainda, sem transformar o comitê e um espetáculo jocoso de episódios tragicamente 
reais como a “solução final” nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Por outro lado, aqueles que 
representarem os réus não podem perder a liberdade de interpretação necessária a qualquer simulação, 
pois esta liberdade será fundamental para a originalidade deste comitê, bem como para a melhor fluição 
dos debates. 
 Que todos possam desfrutar da melhor forma possível das sessões deste comitê, desenvolvendo 
habilidades necessárias a sua vida estudantil, aprendendo um pouco mais sobre um dos momentos 
históricos mais relevantes do século XX e, por fim, escolhendo ou não mudar estes acontecimentos. 
 Bom trabalho a todos. 
 
 Atenciosamente, 
 Délcio Garcia Gomes. Professor Conselheiro da VII SIMUNA. 
 
 
 
 
1
 Conforme definiu a própria Carta dos Tribunal Militar Internacional 
 
3 
SUMÁRIO 
1. O CONTEXTO HISTÓRICO ................................................................................. 04 
1.1 Os Crimes 
1.2 A Segunda Guerra Mundial 
2. OS JULGAMENTOS ........................................................................................... 10 
2.1 As acusações 
3. PRINCIPAIS PERSONAGENS ........................................................................... 12 
3.1 Os Juízes 
3.2 Os réus e os respectivos advogados 
3.3 Promotores 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 24 
 
5. REGRAS ESPECÍFICAS DO JULGAMENTO DE NUREMBERG .................... 25 
 
6. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 27 
 
7. ANEXOS ............................................................................................................ 28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
1. O contexto histórico. 
Uma máxima repetida entre os historiadores diz que a História que 
conhecemos é, invariavelmente, a versão dos vencedores. Praticamente não 
se dá atenção ao que o perdedor tem a dizer e pouca gente fica sabendo o 
que aconteceu com ele. Contudo, apesar de nossa vontade desesperadora 
de achar um culpado, a verdade nem sempre é tão simples. (...) Antes de 
julgar, é preciso ouvir o outro lado. Ao contrário do que muitos pensam, o 
sofrimento não foi exclusivo das vítimas do nazismo: a Alemanha também 
perdeu – e muito – com a aposta que fez. Fonte: Revista História em Foco.2 
 
O Tribunal de Nuremberg só pode ser compreendido dentro de uma conjuntura maior que 
envolve necessariamente os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), do 
totalitarismo nazista (1933-1945) e, consequentemente, os excessos cometidos em nome 
desta ideologia. Entre tais excessos, destaca-se a perseguição sistemática e progressiva aos 
judeus, ciganos, eslavos e membros de outras etnias, além daqueles que politicamente destoa-
vam do NSDAP (o partido nazista) e do Estado construído a partir da liderança de Adolf Hitler. 
 Os acontecimentos da Segunda Guerra são particularmente importantes porque produziram 
um grupo de nações vendedoras, lideradas pelos Estados Unidos, Inglaterra e União Soviética, 
que se predispuseram a julgar, em um corte de exceção, uma lista de autoridades nazistas 
derrotadas em guerra, e que agora precisariam ser punidas em vista dos crimes cometidos não 
apenas por si, mas por todo um sistema da qual faziam parte. Quebrava-se, assim, o princípio 
“nullum crimen nulla poena sine lege previa”, a partir do qual se considera que uma pessoa só 
poderia ser julgada criminosa ou culpada se houvessem leis anteriores que delimitassem tais 
crimes, ou ainda, um precedente jurídico que justificasse a retroatividade. Isto não aconteceu 
em Nuremberg. 
 Neste sentido, muitos daqueles que criticaram posteriormente o Tribunal de Nuremberg 
consideraram-no uma corte de “vendedores contra vencidos”, onde as intenções em condenar 
os réus já estavam postas na mesa. Além do mais, o Estado dentro do qual as lideranças 
condenadas atuaram estava destruído, derrotado e ocupado pelas tropas anglo-americanas e 
russas, no ano de 1945. E as potências vencedoras, em encontros como as Conferências de 
Yalta e Potsdam traçaram o destino da Europa e dos países derrotados do Eixo, especialmente 
a Alemanha. Para muitos críticos, faltava então ao Tribunal a legitimidade necessária e seus 
organizadores teriam transgredido o princípio da legalidade, aplicando normas jurídicas 
elaboradas post facto. 
 Por outro lado, tendo em vista a proporção dos combates, os dois lados na Segunda Guerra 
Mundial cometeram crimes de guerra, ou foram além de um mínimo respeitável em situações 
de conflito. É bastante conhecida, por exemplo, o lançamento das bombas nucleares pelas 
forças armadas estadunidenses sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, com 
 
2
 Disponível em: 2° Guerra Mundial. Revista História em Foco. Ano 01, n°1, 2012, p.80. 
 
5 
saldo superior a duzentos mil mortos e um número incontável de pessoas afetadas pela 
radiação. Ou ainda, obombardeio anglo-americano sobre a cidade alemã de Dresden, entre os 
dias 13 e 14 de fevereiro de 1945, pelo qual aproximadamente quatro mil toneladas de bombas 
foram despejadas sobre a cidade, exterminando a população civil. E assim ocorreu também em 
tantas outras cidades alemãs, polonesas, italianas, russas, além dos árduos combates nas 
ilhas do Pacífico, os saques perpetrados por ambos os lados, os excessos cometidos pelos 
soviéticos quando avançaram pelo leste da Europa, entre outros episódios condenáveis. 
 Alguns líderes nazistas chegaram a argumentar no julgamento: qual a legitimidade de uma 
corte de juízes, que representa Estados que também praticaram crimes de guerra, para julgar 
os alemães? Além disto, poderiam as 21 lideranças nazistas presentes no Tribunal serem 
julgadas por crimes de Estado, cometidos por todo um sistema? Eles não estariam cumprindo 
ordens? Questões como estas foram levantadas tanto pelos réus e seus advogados como 
também entre os demais participantes durante as sessões do julgamento. 
1.1 Os crimes. Das primeiras restrições à “solução final”. 
 
A verdade é que os excessos cometidos pelos nazistas ultrapassavam em muito qualquer 
necessidade de uma legislação internacional anterior contra crimes de guerra. Foram ações 
condenáveis em qualquer sociedade ou momento histórico, independentes da existência ou 
não de um direito internacional aprimorado. Os crimes falavam por si. 
Esta percepção foi exposta em vários momentos do Julgamento de Nuremberg, como, por 
exemplo, nas declarações finais do promotor-chefe dos Estados Unidos Robert H. Jackson na 
sessão de 26 de julho de 1946 3: 
“É neste cenário que estes réus pedem, agora, ao Tribunal, que digam que eles não são 
culpados de planejarem, executarem ou conspirarem para cometer esta longa lista de crimes 
e injustiças. Eles se põem diante deste julgamento como o ensanguentado Gloucester se pôs 
diante de seu rei trucidado. Ele implorou à viúva, como eles imploram aos senhores: 'Diga 
que eu não os trucidei'. E a Rainha respondeu: 'Então diga que trucidados eles não foram. 
Mas mortos eles estão.' Se os senhores disserem desses homens que eles não são 
culpados, será o mesmo que dizer que não houve guerra, que não houve massacre, que não 
houve crime'” 
Os crimes foram vários e não se limitaram aos excessos militares perpetrados em um contexto 
de exceção, durante os conflitos armados da Segunda Guerra. Desde os primeiros anos após 
sua ascensão ao poder, o movimento nacional-socialista4 de Hitler praticou inúmeros crimes 
contra a humanidade, os quais tiveram início dentro do território alemão. 
 
3 The International Military Tribunal for Germany. Document Collection. Disponível em http://avalon.law.yale.edu/imt/07-
26-46.asp 
 
4
 Não se esqueçam: trata-se do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), nome do que 
vulgarmente tornou-se conhecido simplesmente como nazismo. 
 
6 
 “Depois que Adolf Hitler tornou-se chanceler da Alemanha, em janeiro de 1933, ele agiu 
rapidamente para transformar o país em uma ditadura com um único partido, e organizou uma 
força policial especialmente para garantir que as políticas nazistas fossem aplicadas. Ele 
persuadiu seu gabinete a declarar estado de emergência e a abolir direitos individuais, 
incluindo a liberdade de imprensa, de expressão e de reunião. Os indivíduos perderam o direito 
à privacidade, o que significava que os nazistas podiam ler suas correspondências, escutar 
suas conversas telefônicas e revistar suas casas sem necessidade de mandado de busca ou 
apreensão”5. 
 Na mesma medida em que a democracia alemã era destruída pelo Partido Nazista, os 
opositores políticos do regime em construção e as minorias étnicas não desejáveis começaram 
a sofrer perseguições. Neste interim, depósitos abandonados, fábricas, prisões e outras 
localidades ofereceram espaço para a formação dos primeiros campos de concentração, 
destinado aos prisioneiros políticos socialistas, anarquistas, democratas e lideranças sindicais. 
 Os meios de comunicação passaram completamente para as mãos do Estado, integrados 
dentro de um complexo mecanismo de censura e propaganda. Milhares de livros saíram de 
circulação e constantemente eram queimados em festividades públicas, o ensino e a pesquisa 
acadêmica foram reestruturados, enquanto as autoridades do país difundiam teorias racistas 
como verdades inquestionáveis. Na legislação alemã da República de Weimar, superada com 
a ascensão de Hitler ao poder, novas leis seriam aprovadas e outras revogadas com a 
finalidade de segregar espaços e grupos sociais. 
 Foi uma segregação progressiva, de modo que muitos judeus, por exemplo, ainda 
acreditaram por certo tempo em uma espécie de “modus vivendi” dentro do Estado nazista, 
ainda que com direitos limitados. Não havia como saber, no decorrer dos Anos 30, que a 
crescente restrição da cidadania fosse terminar em campos de extermínio como de fato 
ocorreu no final da Segunda Guerra. Além do mais, os judeus estavam, havia muito tempo, 
incorporados na sociedade alemã, eram alemães e não podiam simplesmente deixar tudo o 
que conquistaram para trás em busca de uma nova sorte em outro lugar6. 
 
“Em 1933, cerca de 500.000 judeus viviam na Alemanha, menos de 1% da população total. A 
maioria deles tinha orgulho de ser alemão, cidadãos de um país que produziu grandes poetas, 
escritores, músicos e artistas. Mais de 100.000 judeus alemães serviram o exército durante a 
Primeira Guerra Mundial, e muitos deles foram condecorados por sua bravura. 
Os judeus ocupavam cargos importantes no governo e ensinavam nas melhores universidades da 
Alemanha. Entre os trinta e oito escritores e cientistas alemães ganhadores do Prêmio Nobel entre 
1905 e 1936, quatorze eram judeus. O casamento entre judeus e não-judeus estava se tornando 
cada vez mais comum. Embora os judeus alemães continuassem encontrando alguma 
discriminação em sua vida social e carreira profissional, a maioria era otimista em relação a seu 
 
5
 Texto do material do Museu do Holocausto sobre o terror nazista. Disponível em http://www.ushmm. 
org/outreach/ptbr/article.php?ModuleId=10007673 Consulta: 12/03/2014. 
6
 Outros grupos judeus, como é o caso dos sionistas, tentaram intensificar o movimento de retorno a Terra Santa, na 
medida em que na Alemanha as perseguições aumentavam. 
 
7 
futuro como cidadão alemão. Eles falavam o idioma alemão e consideravam a Alemanha sua 
pátria”. 
Fonte: Memorial do Holocausto. Estados Unidos. 7 
 
 No entanto, o nacional-
socialismo não perdeu 
tempo em restringir o 
acesso dos judeus às 
universidades, ao 
funcionalismo público, a 
determinados espaços 
sociais (clubes, lojas), 
além de boicotarem os 
estabelecimentos 
judaicos, pichando-os 
com símbolo como a 
Estrela de Davi ou 
simplesmente pregando 
placas como a que vemos 
na foto, o que fazia com que os alemães fossem gradativamente deixando de frequentar estes 
lugares. Em seguida, os judeus e outras minorias começaram a ter seus bens confiscados e 
transferidos para proprietários alemães, assim como os profissionais liberais judeus (médicos, 
advogados, professores, jornalistas) tiveram sua atuação restringida, impedidos de atender 
qualquer cidadão alemão. Não demoraria muito para os judeus começassem a ser transferidos 
para o guetos (ver anexo I) e os campos de trabalho forçados. 
 Em 1935 e depois em novembro de 1938 ocorreram dois dos episódios mais importantes da 
segregação nazista. O primeiro foi a apresentação aos alemães das Leis de Nuremberg, as 
quais proibiram as relações matrimoniais e as relações sexuais extraconjugais entre judeus e 
“cidadãos de sangue” alemão, regulando também os contratos de trabalhoe outras questões. 
Em 1938, organizações nazistas durante a Kristallnacht, a Noite dos Cristais, destruíram e 
queimaram milhares de estabelecimentos comerciais judaicos por todo o país, além de mais de 
duzentas sinagogas e tantos outros espaços, como escolas, cemitérios, hospitais, casas e até 
mesmo a população em si. O trágico episódio marcou o acirramento do ódio racial nazista, 
potencializado na medida em que a Alemanha empurrava as nações europeias para a guerra. 
 
 
 
 
7 Boicote a Estabelecimentos de Propriedade de Judeus. Fonte: http://www.ushmm.org/outreach/ptbr/article.php? 
ModuleId=10007693 
 
Soldados nazistas em frente a uma loja judaica. em Berlim. Na placa está 
escrito: "Alemães! Defendam-se! Não comprem de judeus". Foto: Georg 
Pahl. 1933. 
 
8 
1.2 A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 
 A eclosão da Segunda Guerra Mundial e a blitzkrieg, a guerra-relâmpago, permitiram a 
integração dentro do III Reich (o Império de Hitler) de milhões de povos antes submetidos a 
Estados democráticos ou ditaduras fascistas mais moderadas. Este ponto torna-se 
particularmente importante para o Julgamento de Nuremberg porque as responsabilidades da 
burocracia civil e militar nazista por seus crimes aumentaram consideravelmente a partir deste 
momento. Milhões de minorias oprimidas (judeus, ciganos, eslavos, negros) foram submetidos 
às ordens de burocratas que colocaram em prática um plano de ampliação dos guetos, bairros 
fortificados localizados em áreas periféricas das cidades para onde os judeus e outros eram 
confinados e explorados. O maior e mais conhecido foi o Gueto de Varsóvia. 
 Paralelamente, o Estado nazista e seus aliados criaram um complexo sistema de campos de 
trabalho forçado e de outras finalidades espalhados por toda a Europa: 
 
(...), em toda a Europa, muita gente esteve confinada pelo regime nazista, com frequência 
em condições sub-humanas. Tortura e fome eram quotidianas para os 20 milhões de 
prisioneiros de muitos campos. Esses campos na Europa desempenhavam funções 
distintas: 30 mil deles eram destinados a trabalhos forçados. Existiam ainda 1.150 guetos 
de judeus, 980 campos de concentração, mil campos de prisioneiros de guerra e 500 
bordéis de prostituição forçada. 
Além desses, havia diversos campos voltados para a “germanização” dos prisioneiros, ou 
seja, sua “educação ariana”. Neles, as mulheres eram forçadas a abortar, doentes 
psíquicos eram mortos como forma de “eutanásia”, e prisioneiros reunidos para serem 
transportados para os campos de extermínio. Fonte: Carta Capital. 8 
 A discussão acerca da responsabilidade sobre estes campos foi de extrema importância para 
o encaminhamento dos debates e durante a apresentação das provas contra os nazistas no 
Julgamento de Nuremberg, haja vista que eles representaram um fator primordial no sistema 
de morte e na execução da “judenrein” de Hitler, que queria uma Alemanha “livre dos judeus”. 
Por outro lado, foi também comum entre os depoimentos nazistas no Tribunal a argumentação 
de que eles ou “não sabiam da complexidade do sistema”, ou ainda, nada podiam fazer de 
concreto para evita-lo. 
 O que ocorreu a seguir, especialmente a partir de 1942, foi um dos maiores crimes contra a 
humanidade já praticados. Adolf Hitler, H. Himmler, Reinhard Heydrich, H. Göering, Adolf 
Eichmann e outros nomes ligados ao alto escalão nazista decidiram9 pela “solução final” de 
populações inteiras no continente europeu. O desdobramento foi a construção de uma 
verdadeira indústria da morte, em um momento crucial da Segunda Guerra: os nazistas 
 
8 Fonte: Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas. Carta Capital. Clara Walther Disponível 
em http://www.cartacapital.com.br/internacional/estudos-provam-existencia-de-sete-vezes-mais-campos-nazistas/. 
Consulta: 24/03/2013 
 
9
 Na verdade, não se sabe exatamente quando a decisão foi tomada ou mesmo quem propôs. Existem muitas 
especulações, reforçadas no decorrer do século XX por historiadores, jornalistas, cientistas políticos, entre outros. 
Sabe-se, porém, que as operações de assassinatos foram iniciadas por oficiais das SS nos campos de concentração 
do leste europeu, especialmente na frente russa, depois da invasão de 1941. 
 
9 
começavam a perder o conflito. Neste processo de extermínio em massa, vale a pena destacar 
um encontro que ocorrei em 1942, a Conferência de Wannsee: 
 
“Em 20 de janeiro de 1942, 15 oficiais do alto escalão do Partido Nazista e líderes do governo 
alemão reuniram-se para um encontro importante em uma casa de campo à beira de um lago, na 
área nobre de Berlim chamada Wannsee. Reinhard Heydrich, principal representante do chefe das 
SS, Heinrich Himmler, organizou o encontro para discutir a "solução final para a questão dos 
judeus na Europa" com líderes do governo não pertencentes às SS, incluindo os secretários-gerais 
dos Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores, cuja cooperação seria necessária para 
atingir o objetivo em pauta. 
A "Solução Final" era o código dos nazistas para o extermínio deliberado e cuidadosamente 
planejado” (de populações inteiras de judeus e outras minorias). 
Fonte: Memorial do Holocausto. Estados Unidos. 10 
 
 Até hoje não se sabe 
exatamente quantos mor-
reram na solução final nazista. 
Provavelmente, foram assas-
sinados entre seis a seis 
milhões e meio de seres 
humanos. O extermínio teria 
iniciado por oficiais das SS 
nos campos de concentração 
do Leste Europeu, entre eles, 
a Polônia e o território 
soviético. Depois, desdobrou-
se para outras regiões. 
 A grande quantidade de 
mortos deveu-se, entre outros fatores, pelo uso sistemático das câmaras de gás, fuzilamento, 
ou mesmo pelas atrocidades cometidas pelos oficiais nazistas: experiências médicas, torturas, 
maus-tratos, má alimentação, doenças, pelo frio, entre outros fatores. 
 Os principais campos de extermínio foram construídos na Polônia, como é o caso, por 
exemplo, de Belzec, Sobibor, Treblinka e, é claro, Auschwitz-Birkenau, o mais famoso 
deles. Esta fama de deve pela provável quantidade de mortos: mais de 1,3 milhão de pessoas. 
Veja o mapa nos anexos. 
 A apresentação no Tribunal de Nuremberg das provas documentais acerca destes campos, 
bem como das técnicas utilizadas, marcou um ponto alto da promotoria durante os processos 
contra os 21 lideres nazistas presentes no banco dos réus. 
 
 
10 Fonte: http://www.ushmm.org/outreach/ptbr/article.php? ModuleId=10007693 
 
Foto: Judeus do gueto de Lodz (Polônia) entrando nos trens de carga 
para deportação para o primeiro campo de extermínio: Chelmno, em 
território polonês.. Foto de Lodz, entre 1942 e 1944. Arquivo do National 
Museum of American Jewish History, Philadelphia. 
 
10 
2. Os Julgamentos. 
“Com o final da Segunda Guerra Mundial na Europa em maio de 1945, os Aliados vitoriosos 
depararam-se com um dilema. O ditador Adolf Hitler suicidara-se em seu bunker em 30 de abril, e 
dois de seus colaboradores fiéis mais famosos, o ministro da propaganda Joseph Goebbels e o 
Reichführer da SS Heinrich Himmler, seguiram seu exemplo. Outros oficiais nazistas de alta 
patente como Adolf Eichmann e o chefe da Gestapo Heinrich Mueller, junto com mais um dos 
instrumentos desprezíveis do governo, o dr. Josef Mengele, haviam fugido para a América do Sul, 
e outros desapareceram no anonimato ou nos escombros do Terceiro Reich. Por este motivo, 
dificilmente a reunião dos principais líderes nazistas encheria um tribunal”. 
Paul Roland. Os Julgamentos de Nuremberg: os nazistas e seus crimes contra a humanidade11. 
 Terminada a guerra, os problemas para a organização de um julgamento das liderançasnazistas tornou-se muito mais complexo do que o fato de algumas “peças-chave” do nacional-
socialismo terem se suicidado. Tratava-se de estabelecer um consenso entre as potências 
vitoriosas a respeito da necessidade ou não de um julgamento. Os ingleses, por exemplo, 
liderados por Winston Churchill, defendiam que os líderes nazistas fossem simplesmente 
executados, à revelia e sem o enfrentamento de um processo oneroso e perigoso. Outros 
tantos líderes compartilhavam da mesma ideia, mesmo entre as forças estadunidenses12. 
 Além dos mais, ainda não havia entre as potências aliadas o consenso quanto o modelo de 
julgamento a ser realizado, e muito menos uma lista, ainda que mínima, de possíveis réus. 
Afinal, o número de pretendentes era incrivelmente enorme. Neste caso os aliados acabaram 
optando por uma lista que reunisse os criminosos de guerra alemães: os japoneses, por 
exemplo, seriam julgados depois, enquanto a outra potência do Eixo, a Itália, havia mudado de 
lado no final da guerra, pelo menos em parte, ajudando a derrubar Mussolini. 
 Por fim, decidiu-se por um conjunto de 24 nomes, incluindo o empresário da indústria do aço 
e bélica alemã Gustav Kupp, que terminou por não comparecer ao julgamento em vista de seu 
estado de saúde. Estas lideranças estavam reunidas em diferentes categorias, representando 
os principais setores administrativos, militares e empresariais do sistema nazista. 
 
 Outro desafio foi encontrar um local apropriado para sediar um Tribunal desta proporção. As 
principais cidades alemãs estavam parcialmente destruídas pelos conflitos armados. Em 
Berlim, por exemplo, mais de 60% do perímetro urbano da cidade havia sido destruído pela 
guerra, isso sem mencionar o fato de que a capital do Reich havia ficado dividida em quatro 
zonas de ocupação. 
 
11 Paul Roland. Por que Realizar um Julgamento?. In. Os Julgamentos de Nuremberg: os nazistas e seus 
crimes contra a humanidade. SP: M.Books do Brasil Editora, 2013, p.20. 
12Idem, p.22. 
 
11 
 Por fim, os aliados 
definiram pela pitoresca e 
simbólica cidade de 
Nuremberg, onde 
aconteceram importantes 
comícios de Hitler e 
festividades do NSDAP. 
Para muitos historiadores, 
enquanto Berlim foram a 
capital política do Estado 
nazista, Nuremberg fora sua 
capital cultural. Neste caso, 
nada mais apropriado para 
um processo que visava 
julgar os líderes deste 
Estado criminoso. Não obstante, havia também em Nuremberg uma construção que 
surpreendentemente sobrevivera aos bombardeios e oferecia a infraestrutura necessária a um 
Tribunal e uma prisão, com espaço suficiente, apesar da necessidade de algumas reformas: o 
Grand Hotel (foto acima), preparado pelos aliados para se transformar em um palco de um dos 
principais acontecimentos do século XX. 
 
2.1 As acusações. 
 O Tribunal de Nuremberg foi por fim definido pelos Acordos de Londres (ver anexo III), 
assinados em 08 de agosto de 1945 pelos Estados Unidos, União Soviética, França e 
Inglaterra13. 
 Foi um tribunal ad hoc, isto é, de exceção, com caráter temporário ou excepcional, cujo 
objetivo era julgar crimes ocorridos anteriormente à sua formação. Deste modo, desviou-se da 
concepção clássica de “juiz natural”, de um processo com juizado imparcial, que não se 
relacionasse com nenhuma das partes envolvidas, sobre o qual reina a Constituição e as leis. 
Neste caso, a corte possuía a parcialidade dos vencedores. 
 Deste modo, os governos vitoriosos na Segunda Guerra, na elaboração da Carta do Tribunal 
Militar Internacional, decidiram definir, no texto do Artigo 6º, que julgariam os colaboradores 
do nazismo de forma individual e conforme responsabilidades coletivas, por terem participado 
de determinadas organizações, pelos seguintes crimes: 
 
 
 
13
 Vale destacar que a primeira iniciativa de julgar lideranças nazistas e colaboradores de outras nações por crimes de 
guerra surgiu em 1943. Neste ano, em outubro, durante a Conferência de Moscou, a Inglaterra, os Estados Unidos e 
a União Soviética assinaram a Declaração de Moscou. Esta declaração seria posteriormente mencionada e 
considerada nos Acordos de Londres. Ver anexo III. 
 
Grand Hotel em Nuremberg, uma construção que remonta ao final do 
século XIX e foi utilizada nos Julgamentos de Nuremberg. Foto: Julho/45. 
 
12 
CRIMES CONTRA A PAZ: 
Em síntese, seria o planejamento, preparação, início ou estímulo de uma guerra de agressão, 
ou de uma guerra de violação dos tratados internacionais, de conivência, apoio ou participação, 
no Plano Comum de Conspiração para cometer qualquer um dos crimes de guerra e contra a 
humanidade. 
 
CRIMES DE GUERRA: 
 Consistiram na violação das leis ou das normas gerais da guerra. Estas violações incluem, 
mas não se restringem a: assassinato, maus-tratos, deportação de trabalho escravo ou para 
qualquer outro propósito da população civil de territórios ocupados, assassinato ou maus-tratos 
de prisioneiros de guerra ou de pessoas nos mares, assassinato de reféns, pilhagem de 
propriedade pública ou privada14, destruição intencional de metrópoles, cidades e vilarejos, 
devastação sem necessidade militar justificada15. 
 
CRIMES CONTRA A HUMANIDADE: 
Assassinato extermínio, escravização, deportação e outras ações desumanas cometidas contra 
qualquer população civil, antes e durante a guerra, perseguição política, racial ou religiosa na 
execução ou associada a qualquer crime dentro da jurisdição do Tribunal, de violação ou não 
de leis internas de um país. 
 
 Vale destacar também que os processos jurídicos reproduzidos neste comitê da VII SIMUNA 
representaram, na verdade, o primeiro momento de uma série de treze julgamentos, entre 
1945-46, que ocorreram na cidade de Nuremberg. Naturalmente, os demais “tribunais” não 
interessam a este comitê histórico, pois ocorreram posteriormente. 
 
3. Principais personagens presentes no Julgamento 
(Neste caso, iremos considerar aqui as especificadas deste comitê na VII SIMUNA) 
 
3.1 Juízes. 
“Embora o Tribunal fosse presidido por dois juízes um promotor-chefe de cada uma das quatro 
potências, e, portanto, constituiu um corpo jurídico internacional, a participação dos americanos foi 
muito mais expressiva do que a de seus aliados. A delegação dos ingleses tinha apenas 34 
representantes, enquanto havia mais de duzentos americanos, inclusive 25 estenógrafos16, 30 
especialistas em direito público e 06 especialistas em provas forenses. Quando os ingleses 
pediram mais tradutores, o governo recusou. Os franceses tiveram uma participação quase 
 
14
 Esta acusação em particular: “pilhagem de propriedade pública ou privada”, deixou um dos principais líderes nazistas 
julgados indignado. Göering afirmou que não se tratava de pura e simples pilhagem. 
15
 Outra questão relevante: os aliados também praticaram estes crimes em particular, destruindo cidades alemãs 
inteiras, como foi o caso de Dresden. 
16
 Um taquígrafo, versado em estenografia. A estenografia é um método de abreviação simbólica, visando à agilidade 
na escrita para acompanhar as falas rápidas do discurso. Comum em tribunais, por exemplo. 
 
 
13 
simbólica. A simples presença deles no julgamento era suficiente, porque não queriam expor as 
cicatrizes infligidas pelos quatro anos de ocupação”. 
 Paul Roland. Os Julgamentos de Nuremberg: os nazistas e seus crimes contra a humanidade17. 
 Não obstante a supremacia americana, conforme destacado no trecho acima, podemos 
considerar que oito juízes presidiram o Tribunal de Nuremberg, sendo quatro titulares e 
quatro suplentes. As obrigaçõeseram naturalmente divididas entre eles, de modo que 
nenhum ficasse sobrecarregado ou mesmo tivesse de encarar sozinho o imenso volume de 
documentos, provas, testemunhas e discursos. 
De uma forma geral podemos dividi-los assim: 
 Sir Geoffrey Lawrence (Reino Unido) Presidente da Mesa * 
 Francis Biddle (Estados Unidos) * 
 Henri Donnedieu de Vabres (França) * 
 Major-General Iona Nikitchenko (União Soviética) * 
 
* Suplentes: Norman Birkett (ING); John J.Parker (EUA); Robert Falco (FRA; Tenente-Coronel Volchkov (URSS). 
 
 Merece destaque entre os juízes o lorde britânico Lawrence, o qual, segundo o escritor Paul 
Roland, “era um modelo de paciência, (...) sendo justo com todas as partes porque tinha a 
consciência que os vitoriosos não estavam isento de culpa, e por ser muito fácil demonizar os 
acusados. (...) Qualquer advogado que tentasse usar o tribunal como vantagem pessoal, ou 
quisesse atrasar os processos, era severamente punido”. Fonte: 18 
 No caso do Julgamento de Nuremberg 
reproduzido nesta edição da VII SIMUNA os 
juízes serão compostos por um corpo de 
convidados externos ao evento, estudantes 
universitários, os quais terão a 
responsabilidade de mediar os debates como 
a mesa diretora do comitê. Contudo, além 
de exercerem os papeis a eles designados, 
os nossos juízes-diretores deverão também 
se manter atentos as discussões durantes as 
sessões, anotando sempre que possível os 
pontos principais, ainda que em um sistema 
de revezamento entre eles. Isto será 
particularmente importante na medida em que no final do Julgamento eles terão a prerrogativa 
de formular as sentenças. 
 
17 Paul Roland. Por que Realizar um Julgamento?. In. Os Julgamentos de Nuremberg: os nazistas e seus 
crimes contra a humanidade. SP: M.Books do Brasil Editora, 2013, p.26. 
18
 Idem, p.88-89. 
Os juízes Geoffrey Lawrence (à esquerda) e Francis 
Biddle (à direita) conversam na abertura da sessão 
do Tribunal Militar Internacional. 20 de nov. de 1945. 
 
14 
3.2 Réus e os respectivos Advogados 
 
 As 24 lideranças nazistas inicialmente processadas se dividiam entre a administração, o 
empresariado e as Forças Armadas alemãs. Em alguns casos, uma determinada liderança 
circulou entre dois ou mais setores no Estado nazista. 
 Era um grupo bem diversificado, composto por nazistas capturados pelo exército americano, 
britânico, francês e soviético. Dos 24 réus, apenas 21 compareceriam de fato ao Tribunal. 
 O político Robert Ley, líder da Frente de Trabalho Alemã durante o nazismo, foi preso no 
final da guerra, mas suicidou-se na prisão, em 25/10/1945. Assim, não chegou a ser julgado no 
Tribunal. Já Martin Bormann, secretário pessoal de Hitler, que havia desaparecido durante a 
invasão de Berlim pelas tropas soviéticas, acabou sendo condenado a morte à revelia em 
Nuremberg19. 
 Outro nome que foi especulado para ser processado em Nuremberg foi Gustav Kupp (1870-
1950), patriarca de um das famílias mais poderosas da Alemanha: fabricante de aço e armas. 
Como a saúde de Krupp estava muito debilitada, seu nome acabou ficando de fora. 
 Por fim, os réus foram os seguintes: 
 
1. Hermann GOERING *Göring. 
Goering foi, entre outras funções, o Ministro da Aeronáutica nazista e comandante-chefe da 
Luftwaffe, Ministro do Interior e Reichsmarschall do Führer, o Marechal do Reich, mais alta 
patente das Forças Armadas. Tais funções tornavam Goering no líder capturado mais 
importante, assumindo uma postura de liderança no Julgamento de Nuremberg. 
 
 
19
 De acordo com algumas descobertas recentes, Bormann provavelmente morreu em Berlim em maio de 1945. 
 
 
15 
 “Desde o início do julgamento, Goering adotou a estratégia de interferir no julgamento dos outros 
acusados, com o envio de observações para os diversos advogados de defesa, sugestões de assuntos a 
serem discutidos, perguntas e a convocação de testemunhas. Esse comportamento manipulador irritou o 
Tribunal, e os juízes mandaram que ele limitasse as comunicações a o seu advogado, e sempre no 
contexto de assuntos referentes à sua defesa (...) Goering queria que os líderes alemães sentados no 
banco dos réus demonstrassem uma coesão, mas não foi bem sucedido”. 
Depoimento de Siegfried Ramler, um dos intérpretes em Nurembeg... 
 
 Segundo o depoimento de muitas testemunhas que conviveram com ele, era uma pessoa 
vaidosa e intimidador na época de domínio nazista. Já em Nuremberg, sem seu vistoso 
uniforme e suas medalhas, restou a Göering tentar transformar os processos em um 
espetáculo nos quais ele seria o protagonista, travando duelos com os promotores e a corte de 
justiça. 
 
2. Rudolf HESS. 
O antigo vice-líder do Führer no NSDAP, o Partido Nazista, Rudolf Hess era uma figura 
excêntrica e hipocondríaca. Havia tentado de matar pelo menos duas vezes, em 1942 e 1945, 
além de ter sido capturado pelos britânicos depois de ter voado até a Escócia sozinho em uma 
tentativa desesperada de negociar a paz com a Inglaterra. Foi Hess quem assinou as Leis de 
Nuremberg, além de defender o rearmamento alemão, atraindo para a causa nazista 
empresários como Gustav Kupp. Em Nuremberg, Rudolf Hess tentou várias vezes se passar 
por louco ou, no mínimo, incapaz de enfrentar os julgamentos. 
 
Rudolf Hess, no centro da fotografia, entre Göering e Ribbentrop. Ao lado, de pé, o Dr. Gilbert, psiquiatra dos EUA20. 
 
 
20
 Idem, p. 105. Rudolf Hess não pode ser confundido com Rudolf Hoess, comandante do campo de extermínio de 
Auschwitz entre 1940-43, que acabaria depondo de forma decisiva durante o Julgamento de Nuremberg, como 
testemunha de Ernst Kaltenbrunner. 
 
16 
3. Joachim Von RIBBENTROP; 
 
Apelidado por Hitler de “o segundo Bismarck”, Ribbentrop foi o Ministro das Relações 
Exteriores de Hitler entre 1938 e 1945, responsável, entre outros, pelo Pacto de Não-Agressão 
(Ribbentrop-Molotov) com a União Soviética, assinado uma semana antes de se iniciar os 
combates da Segunda Guerra Mundial. Foi responsável também pelo projeto expansionista 
alemão que levou a invasão da Áustria e da Tchecoslováquia. 
 
4. Julius STREICHER. 
Streicher foi um professor, editor e gauleiter (líder provincial nazista) de Hitler entre 1933 e 
1940. Tido por muitos como um sádico e antissemista fanático, ele publicou também a o jornal 
Der Stürmer, cujas publicações endossadas por Hitler tornaram-se conhecidas pelo seu 
conteúdo pornográfico e racista, especialmente antissemita. Segundo Paul Roland, no livro Os 
Julgamentos de Nuremberg: ”Streicher decidiu uma série de livros antissemitas sórdidos para 
crianças, dois dos quais se intitularam The Jewish Question in the Classroom e The Poisonous 
Fungus, ambos ilustrados por seus jovens leitores. Com suas publicações, Streicher infectou 
uma geração inteira com o veneno do antissemitismo”
21
. 
5. Baldur von SCHIRACH. 
Schirach foi um intelectual e aristocrata alemão, um dos líderes da Juventude Hitlerista e 
gauleiter (líder provincial nazista) de Viena, na Áustria. Era vaidoso e pedante, mantendo-se 
sempre com uma vestimenta impecável durante os processos em Nuremberg. Passava a 
maior parte do tempo lendo em sua cela. No entanto, sua aparência procurava esconder uma 
série de crimes de colaboração, entre os quais se destacam o transporte de milhares de 
judeus e outras minorias étnicas austríacas para campões de extermínio na Polônia. 
6. Alfred ROSENBERG. 
O autointitulado “filósofo do nazismo”, autor do livro Der Mythus des zwanzigsten Jahrhunderts 
(“O Mito do Século XX”, de 1930) Rosenberg foi um intelectual tolo e arrogante, nomeado por 
Hitler Ministro dos Territórios Orientais Ocupadosdo Reich. Neste cargo, além de ter 
gerenciado a deportação e extermínio de milhares de pessoas, Rosenberg também, segundo 
o pesquisador Paul Roland, “supervisionou o roubo de obras-primas na Europa inteira. Só em 
Paris, 38 mil obras foram roubadas como parte da maior operação de arte da história, como se 
vangloriava Rosenberg”
22
. 
7. Hans FRANK. 
Foi um advogado, político e militar nazista que atuou principalmente no território polonês, como 
governador-geral. É pertinente citar aqui a frase de Hans Frank em Nuremberg: “Não permita 
 
21
 Paul Roland. In. Os Julgamentos de Nuremberg: os nazistas e seus crimes contra a humanidade. SP: M.Books 
do Brasil Editora, 2013, p.51. 
22
 Idem, p.53. 
 
17 
que pessoas digam que não tinham ideia do que acontecia. Todos sabiam que havia algo 
profundamente errado com o sistema”. 
Deste modo, não seria incorreto afirmar que Frank não escondera dos líderes aliados sua culpa 
no processo, limitando-se a externar o seu suposto remorso por tudo que havia acontecido. 
 
8. Walther FUNK. 
Funk foi um jornalista nacionalista e antimarxista durante a década de 1920, assumindo com a 
ascensão do nazismo o cargo de Ministro da Economia e presidente do banco do Reich 
(Reichsbank). Em vários momentos do Tribunal mostrou-se abatido e emocionado, 
demonstrando uma capacidade limitada para suportar as acusações. 
9. Wilhelm FRICK. 
Wilhelm Frick foi um político nazista e Ministro do Interior de Adolf Hitler entre 1933-1943, 
quando foi deposto em uma disputa interna com Himmler, contra o qual todos perdiam. Depois 
desta data, Hitler o nomeou o reichsprotektor da Boêmia e Morávia. 
Com uma aparência de um militar prussiano já idoso e sem remorsos, manteve inalterado 
durante todas as sessões do julgamento, assim como havia se mantido impassível perante as 
leis que promulgou e tantas perseguições políticas e étnicas das quais participou. 
 
10. Ernst KALTENBRUNNER. 
Foi o ex-chefe do RSHA, Escritório Central de Segurança do Reich23 e possuía a maior 
patente das SS capturada pelos aliados, acusado de torturar e matar os inimigos políticos do 
regime nazista. Durante o Tribunal, recusou-se a admitir os crimes sobre os quais era 
condenado. Negou até mesmo as assinaturas que tinha feito, bem como as pessoas que 
conhecia, como, por exemplo, Adolf Eichmann, um dos idealizadores do Holocausto e 
responsável pelo transporte de milhares de pessoas para os campos de extermínio. Eichmann 
tinha fugido para a Argentina na época dos julgamentos, a desconhecimento de todos. 
11. Fritz SAUCKEL. 
“Fritz Sauckel, gauleiter da Turíngia – na área central da Alemanha – era o subordinado imediato de 
Albert Speer. Ele fornecera trabalhadores escravos a Speer – uma estimativa de 10 milhões de 1942 até 
o final da guerra -, que eram espancados, morriam de fome, brutalizados e mantidos em condições 
intoleráveis. Muitos amputavam as mãos ao coloca-las nos trilhos de um trem ou em uma máquina para 
terminar seu sofrimento. Esses acontecimentos imprevisíveis eram descritos pelos chefes nazistas 
furiosos como sabotagem.” Paul Roland. Os Julgamentos de Nuremberg24. 
Homens como Sauckel não eram capazes de admitir seus crimes. Tentaram ludibriar as 
autoridades presentes no Tribunal, colocarem-se como funcionários do Estado, pessoas bem-
intencionadas, a serviço da Alemanha. Em contrapartida, enviaram para trabalhos forçados, 
 
23
 O RSHA existiu entre 1939 e 1945 e tinha a prerrogativa de controlar a Gestapo, as polícias, a SD e as agências de 
investigação criminal do Reich: a Kripo. Kaltenrunner substituiu Reinhard Heydrich, assassinado em 1942. 
24
 Idem a referências anteriores, p.61.. Veja o tópico Referências no final do guia. 
 
18 
torturaram e exploraram trabalhadores estrangeiros, alemães, prisioneiros políticos, militares 
ou por razões étnicas. 
12. Albert SPEER. 
Speer era o Ministro de Armamentos do Reich e seu arquiteto mais ilustre. Assim como outras 
lideranças políticas e intelectuais que circulavam no alto escalão, sabia de praticamente tudo o 
que acontecia, por mais que tenha negado em Nuremberg. Agiu com indiferença durante o 
regime nazista, escolhendo não interferir no modo como as decisões eram tomadas. Limitava-
se a colocar em prática os projetos de Hitler, como a Chancelaria do Reich e a ampla 
produção de armamentos. Em Nuremberg, mostrava-se arrependido e procurava colaborar 
com os interrogatórios, talvez esperando uma sentença mais branda. 
13. Konstantin von NEURATH. 
Representando muito bem um seleto grupo das elites alemãs que apoio a ideologia nacional-
socialista, seduzidos por Adolf Hitler, o barão Von Neurath tornou-se Ministro das Relações 
Exteriores entre 1932-1938 e depois reichsprotektor da Boêmia e Morávia (Tchecoslováquia), 
cargo também ocupados depois por Frick. 
14. Franz von PAPEN. 
Incompetente politicamente e de personalidade fraca, Papen ocupou o cargo de 
Reichskanzler, entre alguns meses de 1932, tornando-se depois o Vice-Chanceler de Hitler 
em 1933 e ocupou outros tantos cargos políticos e diplomáticos no Estado nazista. Em 
Nuremberg, por exemplo, chegou a dizer que tentara influenciar o Führer a declinar da 
perseguição antissemita aos judeus e que era um homem que trabalhara pela paz. Contudo, 
pouco de fato fez a respeito. 
15. Arthur Seyss-INQUART. 
Arhur Seyss-Inquart foi um advogado e político austríaco que ocupou o cargo de 
Reichskomissar nos Países Baixos, além de vice-governador da Polônia ocupada. Participou 
das negociações que entregaram a Áustria ao regime nazista, em 1938, além de ter enviado 
milhares de judeus holandeses para os campos de extermínio. 
16. Hjalmar SCHACHT. 
Foi um empresário, político e banqueiro durante o regime nazista. Ocupou o cargo de diretor 
do Banco Central de Ministro da Economia (1934-1937). Sua contribuição para os crimes de 
guerra e contra a humanidade foi apenas indireta, na medida em que facilitou a ascensão do 
Führer e ajudou a recuperar e desenvolver a indústria alemã. Com um tom arrogante e 
convicto de suas responsabilidades, Schacht afirmou logo que recebeu a sentença que 
acreditava em sua absolvição. Afinal, não tinha cometido os mesmos crimes que homens 
terríveis como Kaltenbrunner e Himmler. 
 
19 
17. Alfred JODL. 
“Jodl disse que não queria ser julgado com Streicher e outros como ele, porque era um soldado que 
deveria ter privilégios e o respeito merecido por sua patente. 
Em resposta, o coronel Andrus – militar responsável por entregar aos réus a respectiva condenação – 
arrancou as dragonas de seus ombros e lembrou-lhe que não era mais um oficial, e sim um criminoso de 
guerra. Jodl ficou visivelmente abalado com o insulto, mas manteve sua dignidade e permaneceu cortês 
ao receber uma cópia do documento de acusação.” Paul Roland. Os Julgamentos de Nuremberg25. 
 
 Coronel-general e chefe de Operações do Alto Comando (OKW), Jodl aconselhou o Führer, 
planejou e executou a ocupação militar do continente europeu, além de assinar a execução de 
prisioneiros de guerra. Em 1942, por exemplo, Jodl assinou a ordem de execução dos 
comandantes aliados e autoridades políticas soviéticas capturadas, as quais não seriam mais 
tratadas como prisioneiras de guerra. Assim, cometeu crimes de guerra e contra a 
humanidade. 
 
18. Wilhelm KEITEL. 
Foi um Marechal-de-Campo do Exército nazista e um dos líderes do OKW, o Alto Comando 
das Forças Armadas. Desde o princípio foi um militar obediente, cumpridor das ordens de 
Hitler, argumento que repetiu várias vezes durante o Julgamento de Nuremberg. 
19. Karl DOENITZ. 
Doenitz foi um brilhante almirante da Kriegsmarine, a Marinha de Guerra, além de ter 
comandadoo Estado nazista por 23 dias após o suicídio de Hitler. Assim como Jodl, foi um 
dos que assinaram a rendição da Alemanha na Segunda Guerra. Membro radical do NSDAP, 
foi acusado de vários crimes de guerra, especialmente aqueles relacionados a Ordem 
Laconia, que permitia o assassinato de militares indefesos nos botes salva-vidas após o 
bombardeamento de navios inimigos. Também foi o idealizador da Rudeltaktik, a tática de 
operações navais alemãs contra navios aliados no Atlântico. 
20. Erich RAEDER 
Foi um almirante que comandou a Kriegsmarine até 1943, quando foi substituído por Doenitz. 
Capturado pelos soviéticos no final da Segunda Guerra, recebeu acusações de guerra de 
agressão, por ter planejado a invasão dos territórios da Noruega e Dinamarca em 1939. 
21. Hans FRITZSCHE 
Assim como Raeder, Hans Fritzsche também foi capturado pelo exército soviético durante a 
tomada da cidade de Berlim. Fritzsche foi o vice-diretor do Propagandaministerium, o 
Ministério da Propaganda do Reich, subordinado apenas de Joseph Goebbels. Foi acusado de 
crimes contra a humanidade e crimes de guerra. 
 
25
 Idem a referências anteriores, p.71.. Veja o tópico Referências no final do guia. 
 
20 
Os advogados 
 “(...) a defesa dos acusados demorou mais do que os processos da promotoria, porque havia muitas 
acusações a negar. Quando chegou o momento de preparar a defesa dos réus, os advogados receberam 
o apoio total do Tribunal. No entanto, por dependerem da promotoria quando precisavam de cópias dos 
documentos, estavam sempre um passo atrás. Eles também, em muitos casos, sentiam-se intimidados 
pela imprensa alemã, que os haviam descritos como ex-nazistas ou pelo menos simpatizantes do regime 
nazista. Porém, muitos estavam apenas cumprindo sua obrigação profissional de representar, com toda a 
liberdade, seus clientes da melhor maneira possível (...)” 
Fonte: ROLAND, Paul. Julgamentos de Nuremberg, p. 124. 
 Em Nuremberg, cada réu recebeu uma lista com possíveis nomes de advogados alemães que 
poderiam representa-los. Não foi fácil encontrar estes nomes, haja vista que muitos resistiram 
aos pedidos de representação porque não queriam sofrer represarias da imprensa e da opinião 
pública alemã de uma forma geral. Além deste problema inicial, ocorreu também de alguns 
advogados não se identificarem com os réus que precisavam defender, ocorrendo o mesmo 
com os réus. Sendo assim, a defesa em Nuremberg acabou enfrentando desafios muitos 
maiores do que aqueles que se dispuseram a acusar. 
 Nesta simulação, escolhemos apenas alguns advogados entre aqueles que estiveram 
presentes em Nuremberg, pois não teríamos como reproduzir todos os personagens. Além do 
mais, precisamos também realizar uma adequação: atribuir para cada um dos 07 advogados 
presentes três réus específicos, como forma de melhor organizar as atividades deste comitê. 
A relação ficou estabelecida da seguinte forma: 
1. OTTO STAHMER, que representará os réus: Hermann Göering, Franz von Papen e Julius Streicher; 
2. FRITZ SAUTER, que representará os réus: Joachim von Ribbentrop, Walther Funk e Baldur von Schirach; 
3. RUDOLF DIX, que representará os réus: Hjalmar Schacht, Albert Speer e Wilhelm Frick; 
4. OTTO KRANZBUHLER, representando: Karl Dönitz, Ernst Kaltenbrunner e Alfred Rosemberg; 
5. FRANZ EXNER, representando: Alfred Jodl, Hans Frank e Konstantin von Neurath; 
6. ROBERT SERVATIUS, que representará os réus: Fritz Sauckel, Arthur Seyss-Inquart, Wilhelm Keitel; 
7. GUNTHER VON ROHRSCHEIDT, representando: Rudolf Hess, Erich Raeder e Hans Fritzsche. 
 
Recomendações aos réus e advogados: 
Principais argumentações das lideranças nazistas no Tribunal: 
 CUMPRIMENTO DE ORDENS. Eles cumpriam ordens do Führer, dentro de uma hierarquia da qual não 
poderiam se ausentar, correndo um risco de certo de serem executados como traidores. 
 TRANSFERIR a culpabilidade para os mortos foi uma estratégia razoável. Afinal, homens como Hitler, 
Himmler, Goebbels, Heinrich Miller (desaparecido), Reinhard Heydrich, entre outros, não poderiam se 
defender. 
 CONHECIMENTO. Algumas lideranças nazistas no Tribunal se defenderam dizendo que não sabiam o 
que se passava de fato, a complexidade do sistema de morte, dos campões de extermínio. 
 
 
21 
 POUCO PODER. Alguns argumentaram também que ocupavam cargos intermediários e, portanto, não 
tinham o poder necessário para decidir sobre a morte e a vida de milhões de seres humanos. 
 
 Alguns nazistas compararam no Tribunal o sistema hierarquizado do III Reich com outros. Para 
eles, a hierarquização da sociedade não foi prerrogativa exclusiva de Hitler. Outros sistemas 
também possuíram algo semelhante: a Igreja, o Estado soviético e até os Estados democráticos do 
ocidente e suas burocracias. 
 
 PROTEGIDOS PELOS NÚMEROS: lideranças como Göering acreditavam que poderiam usar o número 
total dos mortos nos campos de extermínio a seu favor, afirmando que os mesmos eram alto demais 
para que o Tribunal acreditasse. 
 
OBSERVAÇÃO: Conforme descrito no Guia Específico de Regras deste comitê, os 21 réus, no 
Documento de Posição Oficial, deverão escrever sua biografia, contendo aspectos de relevância sobre 
sua vida, cargo ocupado no regime nazista, período de atuação no regime, importância política e 
histórica. Uma cópia escrita deste documento será entregue para a mesa-diretora na primeira sessão. 
AOS ADVOGADOS: 
 
 A advocacia poderá apresentar testemunhas-históricas. Contudo, devem seguir algumas 
regras: primeiramente, os nomes e uma pequena síntese das duas primeiras 
testemunhas interrogadas no sábado (05/03) serão inevitavelmente apresentados na 
sexta, durante nossa primeira sessão. Depois as demais testemunhas ficaram livres de 
apresentação prévia na sessão anterior. 
Por fim, os estudantes-advogados não podem esquecer que se trata de um comitê histórico. Deste modo, as 
testemunhas precisam ser personagens reais. 
 
 Os estudantes-advogados deverão preparar o detalhamento inicial da defesa. No caso 
deste comitê, tais discursos serão considerados como DPO(s), isto é, os Documentos de 
Posição Oficial, os quais deverão conter sinteticamente a defesa dos três réus sob 
responsabilidade de cada advogado. A defesa poderá conter apenas explanações gerais, 
deixando os pontos específicos para o decorrer do processo. No final do documento, 
contudo, cada advogado precisa acrescentar um parágrafo com informações relevantes 
acerca de seu personagem. O DPO de cada advogado será entregue por escrito para os 
réus e a mesa-diretora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
3.3 Promotores 
Foto: Robert Jackson discursa na acusação americana de abertura no Tribunal Militar Internacional de criminosos de 
guerra em Nuremberg. Data: 20 de novembro, 1945. 
 
 
 
“Meritíssimos senhores, tenho a honra e o privilégio de abrir a sessão do primeiro julgamento na história 
de crimes contra a paz mundial, o que impõe uma grande responsabilidade. Os crimes que vamos julgar e 
condenar são tão premeditados, perversos e tão devastadores que a civilização não pode ignorá-los, nem 
serem repetidos. As quatro potências, incentivadas pela vitória e chocadas com as injustiças cometidas, 
estendem a mão da vingança e voluntariamente submetem seus inimigos capturados a julgamento neste 
tribunal em um dos mais significativos tributos que o poder fez a razão. Estes homens são os primeiros 
líderes e uma nação derrotada na guerra a serem julgados em nome da justiça, portanto, concordamos 
que eles têm o direito de alegar inocência e aceitamos o ônus de comprovar os atos criminosos e de 
responsabilizar os acusados por suas ações”. 
Robert H. Jacson em seu brilhante discurso de abertura em Nuremberg. Novembrode 1945. 
 Assim como Robert H. Jackson, os estudantes-promotores que assumirem a 
responsabilidade interpretar estes papéis nesta simulação do Julgamento de Nuremberg 
deverão preparar os seus discursos de abertura. No caso do nosso júri, tais discursos serão 
considerados como DPO(s), isto é, os Documentos de Posição Oficial, os quais deverão conter 
sinteticamente a acusação e os crimes cometidos pelos réus. No final do documento, espera-
se também um parágrafo com informações relevantes acerca da vida política e jurídica dos 
respectivos promotores. O DPO de cada promotor/procurador será entregue por escrito para os 
réus e a mesa-diretora. 
 Em Nuremberg, as atividades da acusação foram conduzidas por quatro promotores-chefes 
e quatro suplentes, além de um universo de assessores e especialistas que cuidavam da 
preparação dos documentos e provas. Como o volume de material a ser pesquisado e temas a 
serem debatidos era muito grande, os promotores dividiram as tarefas entre si. Por exemplo, os 
americanos ficaram mais focados nas acusações de conspiração, enquanto os britânicos nos 
 
23 
crimes contra a paz, os soviéticos nos crimes de guerra na Europa Oriental e os franceses nos 
crimes de guerra da Europa Ocidental. 
Em síntese, os quatro promotores-chefes representadores neste comitê foram os seguintes: 
 
 Robert H. Jackson (Estados Unidos) 
 
 Sir Hartley Shawcross (Reino Unido) 
 
 François de Menthon (França) 
 
 Roman Andreyevich Rudenko (URSS) 
 
Recomendações aos procuradores: 
 PROVAS IRREFUTÁVEIS. Um ponto chave dos processos ocorreu quando os procuradores 
apresentaram provas documentais mais explícitas e emotivas, como as fotos e as filmagens feitas 
por fotógrafos aliados. (Os senhores delegados podem considerar isto). 
 
 DOCUMENTOS ESCRITOS OFICIAIS. Um dos pontos-chave que levou a derrota de Göering nos processos 
foi a apresentação de documento oficiais assinados por ele relacionando-o diretamente com a 
solução final, a extensão do estado de guerra e outras atrocidades. (É interessante a apresentação de 
documentos escritos e assinados). 
 
 Os réus não possuíram as mesmas responsabilidades, e muito menos o sistema nazista como um 
todo. É preciso considerar que, na medida em que o III Reich de Hitler expandiu-se pela Europa e 
dominou uma gama maior de Estados e etnias, sua responsabilidade sobre os crimes cometidos 
ampliou-se substancialmente. 
 
 ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS. Além das provas contra os líderes nazistas, a promotoria apresentou 
também provas que responsabilizavam 06 organizações criminosas nazistas: as SA, as SS, a 
GESTAPO, a SD (Serviço de Segurança), a Organização dos Líderes Políticos do NSDAP, o 
Estado-Maior e o Alto Comando das Forças Armadas. Além destas, o governo de Hitler 
propriamente dito. 
 
 A promotoria poderá apresentar testemunhas-históricas. Contudo, devem seguir algumas 
regras: primeiramente, os nomes e uma pequena síntese das duas primeiras 
testemunhas interrogadas no sábado (05/03) serão inevitavelmente apresentados na 
sexta, durante nossa primeira sessão. Depois as demais testemunhas ficaram livres de 
apresentação prévia na sessão anterior. 
Por fim, os estudantes-promotores não podem esquecer que se trata de um comitê histórico. Deste modo, as 
testemunhas precisam ser personagens reais. 
 
 
 
 
 
 
24 
4. Considerações Finais. Os desafios de um Tribunal Histórico. 
 Reproduzir em pequena escala e tantos anos depois um acontecimento tão marcante como o 
Julgamento de Nuremberg não é uma tarefa fácil. Ainda mais para aqueles que se dispõe a 
interpretar seus personagens. 
 Sendo assim, enquanto organizadores desta VII edição da Simulação de Relações 
Internacionais do Colégio Nacional, achamos por bem encerrar este Guia de Estudos com 
algumas observações sobre estes desafios que os senhores delegados(as) deverão enfrentar 
com muita destreza. 
 O primeiro deles diz respeito aos personagens históricos. Homens como os nazistas Herman 
Göering, Rudolf Hess, Julius Streicher, acusamos de crimes gravíssimos, ou mesmo o 
procurador-geral americano Robert H. Jackson e o presidente da corte, o lorde britânico 
Geoffrey Lawrence, conhecido pela sua ponderação e seu senso de justiça. 
 Cada um destes personagens possuiu características próprias, as quais precisam ser 
respeitadas sem, contudo, quebrar qualquer possibilidade de improvisação. O interessante de 
reviver um episódio histórico está exatamente nas possibilidades abertas em se reescrever a 
história, ou ainda, assumir interpretações que não sejam simples cópias dos papéis reais antes 
exercidos. Por outro lado, esta “liberdade” não deve se transformar em completa ruptura com a 
pesquisa histórica e os acontecimentos. Será necessário, então, aos estudantes-participantes, 
encontrarem a melhor forma de equilibrar estas duas posturas. Não se esqueçam: os senhores 
estão em um julgamento histórico, e precisam, antes de tudo, respeitá-lo para só depois poder 
acrescentar seus olhares individuais. 
 Não podemos correr o risco de transformar este julgamento num mero espetáculo, 
distorcendo a história a ponto de ridicularizá-la. Afinal, durante nossas sessões simuladas 
estaremos recuperando momentos demasiadamente trágicos, os maiores crimes contra a 
humanidade já praticados, recentes o suficiente para ainda repousar na memória de milhares 
de pessoas pelo mundo afora. 
 Caros delagados(as), aproveitem o Julgamento! Revivamos por alguns dias a história para 
que seus acontecimentos não caiam no esquecimento. 
 Boa simulação a todos. 
 
 Délcio Garcia Gomes. 
 Professor de História do Colégio Nacional e Conselheiro da VII SIMUNA. 2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
5. Regras Específicas para o Julgamento de Nuremberg 
O Tribunal Internacional de Nuremberg tem por finalidade o julgamento dos integrantes do Partido 
Nacional Socialista Alemão que cometeram atrocidades durante o regime Nazista. Será um comitê 
completamente distinto dos demais, por isso aqui valerá: 
 Lista de Discursos, sendo que a mesa determinará uma ordem que deverá ser seguida na primeira 
sessão, para que os promotores, réus e advogados se apresentem. 
 Debate Moderado 
 Debate Não-Moderado 
 Aqui não haverá emenda, proposta de emenda, resolução, ou proposta de resolução, pois a sentença 
final caberá exclusivamente aos juízes. 
 O Quórum para questões procedimentais continuará o mesmo. 
 Documentos de trabalho serão válidos e aceitos desde que com o aval da mesa diretora. 
 
MESA DIRETORA 
1. A mesa diretora será composta pelos seguintes juízes: Sir Geoffrey Lawrence (Reino Unido), que 
presidirá a mesa; Francis Biddle (EUA); Henri Donnedieu de Vabres (França) e Major-General Iona 
Nikitchenko (URSS). 
2. A cada juiz caberá a apresentação de cada membro componente do tribunal; conceder a palavra aos 
promotores, advogados e réus; organizar o andamento do julgamento; declarar a presença ou ausência 
dos mesmos; organizar a apresentação das provas documentais; organizar a apresentação e depoimento 
das testemunhas; mediar a exposição dos debates; e pronunciar a sentença final, de caráter irrevogável e 
irrecorrível. 
3. Ao juiz Sir Geoffrey Lawrence, e exclusivamente a ele, caberá a leitura das principais acusações, e 
posteriormente indagando aos réus se estes se declaram culpados ou inocentes. 
4. A mesa diretora caberá também as demais funções elencadas no guia geral de regras. 
 
DOS RÉUS 
5. Os réus serão figuras históricas referentes ao empresariado, ao corpo das Forças Armadas e a 
administração nazista, e o banco dos réus será composto por 21 membros. 
6. Os réus não poderão produzir provas contra si mesmos. 
7. Cada réu terá a palavra quando lhe for concedida pela mesa, e poderá inserir seu nome na lista de 
discursos quando for cabívelà situação. 
8. Cada réu se declarará, impreterivelmente, como culpado ou inocente, arcando este com as 
consequências das palavras que proferir, podendo ser usado como prova contra o mesmo. 
9. Aos réus, no Documento de Posição Oficial, caberá escrever sua biografia, contendo aspectos de 
relevância sobre sua vida, cargo ocupado no regime nazista, período de atuação no regime, importância 
política e histórica. 
10. Aos réus não será permitido o uso do recurso audiovisual, contudo, poderão encaminhar recursos a 
seus respectivos advogados, para que então, estes possam apresentar ao restante dos presentes. 
11. Aos réus será permitido trazer testemunhas, desde que com autorização da mesa diretora, para que 
estas possam testemunhar a seu favor. A apresentação das testemunhas também será mediada 
pelos respectivos advogados. 
 
26 
12. Aos réus será resguardado o direito à ampla defesa, isto é, poderá ser feito tudo que estiver ao seu 
alcance, juntamente aos seus representantes, dentro dos limites da licitude, e de forma que seja 
amparado pelos princípios e leis que regem o Direito Internacional. 
13. Não será válida a apresentação de provas ilícitas, como aquelas obtidas, por exemplo, mediante 
lesão, interceptação, coação, etc. Serão admitidas provas ilícitas, desde que seja a única prova em sua 
disposição para comprovar sua inocência. 
14. Não serão admitidas provas sem que haja a defesa dos réus. 
15. Nenhum réu será privado dos seus bens, liberdade ou vida senão através de um julgamento, e sendo 
a sentença proferida desfavorável a ele, isto é, caso comprove a sua culpa. 
 
DA PROMOTORIA 
16. A promotoria será composta por 04 membros, são eles: Robert H. Jackson (Estados Unidos); Sir 
Hartley Shawcross (Reino Unido); François de Menthon (França) e Roman Andreyevich Rudenko 
(URSS). 
17. Aos promotores caberá a entregar, à mesa e ao conhecimento geral, o detalhamento inicial dos 
crimes cometidos pelos réus, constando então, estas informações no seu Documento de Posição 
Oficial, que deverá conter ainda informações relevantes sobre sua vida política e jurídica. 
18. Aos promotores caberá expor a acusação geral. Não haverá acusação válida sem que esta seja 
acompanhada de provas lícitas. 
19. Aos promotores caberá a apresentação de provas documentais, podendo ser utilizado recursos 
audiovisuais, como por exemplo, vídeos, imagens, documentos oficiais nazistas, mapas, etc. Entretanto 
não serão admitidas provas sem que haja a defesa geral dos réus. 
20. A promotoria poderá trazer testemunhas, desde que com autorização da mesa, para que esta possa 
testemunhar contra os réus. 
21. Aos promotores caberá o interrogatório dos réus, mediado pelos juízes, para que estes recolham 
depoimentos dos mesmos e tirem suas dúvidas. 
22. Não se punirá a conduta dos réus sem que haja culpabilidade, que deverá ser comprovada pelos 
promotores. Excluindo da culpabilidade, os inimputáveis, a ausência de possibilidade de conduta diversa, 
e a potencial inconsciência da ilicitude. 
 
DA DEFENSORIA 
23. A defensoria será composta por 07 advogados, sendo que cada um deles representará um grupo de 
03 réus cada. São eles: 
 Otto Stahmer, que representará os réus: Hermann Göering, Franz von Papen e Julius Streicher; 
 Fritz Sauter, que representará os réus: Joachim von Ribbentrop, Walther Funk e Baldur von 
Schirach; 
 Rudolf Dix, que representará os réus: Hjalmar Schacht, Albert Speer e Wilhelm Frick; 
 Otto Kranzbuhler, que representará os réus: Karl Dönitz, Ernst Kaltenbrunner e Alfred Rosemberg; 
 Franz Exner, que representará os réus: Alfred Jodl, Hans Frank e Konstantin von Neurath; 
 Robert Servatius, que representará os réus: Fritz Sauckel, Arthur Seyss-Inquart, Wilhelm Keitel; 
 Dr. Gunther von Rohrscheidt, que representará os réus: Rudolf Hess, Erich Raeder e Hans 
Fritzsche. 
 
27 
 
24. Aos advogados caberá entregar, à mesa e ao conhecimento geral, o detalhamento inicial da defesa 
geral que será apresentada, constando então, estas informações no seu Documento de Posição Oficial, 
ou seja, aqui cada advogado apresentará um documento contendo informações relevantes sobre sua vida 
política e jurídica, e sobre a defesa dos réus que representarão, podendo acrescer de informações que 
julgarem essenciais sobre os seus réus. 
25. Aos advogados caberá a defesa de seus respectivos réus, cabendo o recebimento de provas e 
recursos audiovisuais apresentadas por estes para utilização ou não em seus argumentos, ou ainda 
podendo cada advogado trazer seus próprios recursos. 
26. Os advogados poderão trazer testemunhas, desde que com autorização da mesa, para que possam 
testemunhar a favor do réu. 
27. Aos advogados será permitido o interrogatório dos réus, para que estes produzam provas a seu favor, 
com o depoimento dos mesmos. 
28. Aos advogados caberá indicar e não aceitar que sejam admitidas provas trazidas pelos promotores 
sem que antes tenha havido a defesa de seus réus, isto é, as provas serão apresentadas posteriormente 
à defesa geral. 
 
6. Referências: 
6.1 SITES E ENDEREÇOS ELETRÔNICOS: 
http://jus.com.br/artigos/25599/o-tribunal-militar-internacional-para-a-alemanha-tribunal-de-nuremberg/5 
(Estatuto do Tribunal Militar Internacional para a Alemanha. Anexo B) 
 
http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10007983 
(Página da Enciclopédia do Holocausto. Artigo sobre Nuremberg). 
 
http://jus.com.br/artigos/25599/o-tribunal-militar-internacional-para-a-alemanha-tribunal-de-nuremberg 
(Artigo de Marcos Rafael Zocoler. O Tribunal Militar Internacional para a Alemanha: Tribunal de Nuremberg) 
 
http://www.vho.org/aaargh/fran/livres6/DASREGRAS.pdf 
(Artigo de João das Regras. Um novo direito Internacional: Nuremberg. Publicado em 1947 no semanário português 
A Nação). 
 
http://nuremberg.law.harvard.edu/php/docs_swi.php?DI=1&text=overview Projeto Nuremberg (Harvard) 
http://www.oabsp.org.br/institucional/grandes-causas/o-tribunal-de-nuremberg 
(Artigo de Pedro Paulo Filho. Os Advogados de Defesa Alemães.) 
 . 
http://www.cartacapital.com.br/internacional/estudos-provam-existencia-de-sete-vezes-mais-campos-nazistas/ 
(Artigo da Carta Capital. Estudos provam existência de sete vezes mais campos nazistas. Deutsche Welle. 2013). 
 
 
6.2 LIVROS E PUBLICAÇÕES IMPRESSAS. 
___ROLAND, Paul. Os Julgamentos de Nuremberg: os nazistas e seus crimes contra a humanidade. 
SP: M.Books do Brasil Editora. 2013. 
___Segunda Guerra Mundial: um balanço histórico. (org.). Osvaldo Coggiola. SP: Xamã, 1995. 
 
6.3 FILMES: 
Julgamento de Nuremberg . (Drama. Warner, 2000). 
Julgamento em Nuremberg. (Drama Histórico, dirigido por Stanley Kramer, 1961). 
 
 
28 
7. Anexos: 
01. A VIDA NOS GUETOS (Texto do Memorial do Holocausto) 
A vida nos guetos era insuportável. Havia superpopulação, e várias famílias eram obrigadas a 
dividir uma mesma residência. Os sistemas de esgoto eram destruídos pelos nazistas, e os 
dejetos humanos tinham que ser jogados nas ruas juntamente com o lixo. Não havia comida, 
as pessoas viviam famintas. Para manter estas condições subumanas, estender o sofrimento 
dos judeus ao máximo, os alemães permitiam que os residentes comprassem uma pequena 
quantidade de pão, batatas e gordura, praticamente insuficiente para sobrevivência, e nada 
mais. Alguns moradores que possuíam dinheiro guardado ou pertences valiosos conseguiam 
trocá-los por qualquer comida que entrasse clandestinamente nos guetos. Outros tinham que 
mendigar ou roubar para sobreviver. Durante os longos e severos invernos europeus, não se 
conseguia combustíveis para aquecimento das casas, e a maioria das pessoas não possuía 
roupas adequadas ao frio. Elas ficavam cada vez mais fracas por causa da fome, mau tratos a 
que eram submetidas, e a exposição ao frio fazia com que ficassem extremamente suscetíveisa diversas doenças. Dezenas de milhares de seres humanos judeus morreram de fome, frio, e 
doenças nos guetos. Muitos indivíduos desesperados se suicidavam. 
Todos os dias havia um número crescente de crianças órfãs, e elas tinham que cuidar de suas 
irmãs e irmãos mais novos. Os órfãos normalmente viviam nas ruas mendigando restos de pão 
de pessoas que tinham muito pouco ou nada para compartilhar. Muitas crianças morreram 
congeladas e com fome durante o inverno. 
Para sobreviverem, as crianças tinham que se tornar habilidosas e úteis. Às vezes, crianças 
pequenas do gueto de Varsóvia ajudavam a contrabandear comida para suas famílias e 
amigos arrastando-se por pequenos buracos nos muros dos guetos. Isto era muito arriscado, já 
que os contrabandistas capturados eram severamente punidos, mesmo que fossem crianças. 
Em muitos guetos, vários jovens tentavam continuar seus estudos, participando de aulas 
organizadas por adultos. Como as aulas eram ministradas em segredo, os alunos aprendiam a 
esconder os livros que conseguiam embaixo das roupas para não serem capturados. 
Embora sofrimento e morte fizessem parte do cotidiano das crianças, elas não deixaram de 
brincar. Algumas tinham bonecas ou caminhõezinhos que levaram consigo quando foram 
capturadas e enviadas como prisioneiras nos guetos. As crianças também construíam 
brinquedos usando pedaços de madeira e tecidos que encontravam. No gueto de Lodz, na 
Polônia, as crianças transformavam a parte de cima de caixas de cigarros em cartas de jogos 
infantis. 
 
Disponível em: http://www.ushmm.org/outreach/ptbr/article.php?ModuleId=10007708. 
02. MAPAS: 
 Mapa do Extermínio nazista durante a Segunda Guerra Mundial, mostrando todos os campos de extermínio, a maioria 
dos campos de concentração, trabalho, prisões, guetos, principais rotas de deportação e os principais massacres. 
 
29 
 
Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:WW2_Holocaust_Europe_map-fr.svg 
 
03. DOCUMENTOS OFICIAIS: 
Acordo de Londres de 08 de agosto de 1945 
ACORDO entre o governo dos ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, o governo provisório da REPÚBLICA 
FRANCESA, o governo do REINO UNIDO DA GRÃ-BRETANHA E DA IRLANDA DO NORTE e o 
governo da UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOVIÉTICAS para o Julgamento e Punição dos 
CRIMINOSOS DE GUERRA PRINCIPAIS do EIXO EUROPEU 
CONSIDERANDO QUE as Nações Unidas fizeram, de tempos em tempos, declarações de suas 
intenções de que Criminosos de Guerra sejam levados à justiça; 
CONSIDERANDO QUE a Declaração de Moscou de 30 de outubro de 1943 sobre as atrocidades alemãs 
na Europa Ocupada declarou que os oficiais alemães e os homens e membros do Partido Nazista 
responsáveis por, ou por terem consentido em, atrocidades e crimes serão enviados de volta aos países 
onde seus abomináveis feitos foram realizados a fim de que sejam julgados e punidos de acordo com as 
leis desses países libertados e de seus governos livres que serão criados neles; 
CONSIDERANDO QUE a Declaração foi emitida sem prejuízo ao caso dos criminosos principais cujas 
ofensas não possuem localização geográfica em particular e que serão punidos pela decisão conjunta dos 
governos dos Aliados; 
DECIDEM o governo dos Estados Unidos da América, o governo provisório da República Francesa, o 
governo do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte e o governo da União das Repúblicas 
Socialistas Soviéticas (adiante denominados “os Signatários”), agindo nos interesses de todas as Nações 
Unidas, e por seus representantes autorizados, concluir este Acordo. 
 
30 
Artigo 1º. Deverá ser estabelecido, após consulta ao Conselho de Controle para a Alemanha, um 
Tribunal Militar Internacional para o julgamento de criminosos de guerra cujas ofensas não possuem 
localidade geográfica em particular, sejam eles acusados individualmente ou por sua capacidade como 
membros de organizações ou grupos ou em ambos. 
Artigo 2º. A constituição, jurisdição e funções do Tribunal Militar Internacional serão aquelas 
estabelecidas no Estatuto anexado a este Acordo, e que deste Acordo fará parte constante. 
Artigo 3º. Cada um dos Signatários deverá tomar as medidas necessárias para tornarem disponíveis às 
investigações das acusações, e para julgamento, os criminosos de guerra principais sob sua custódia, os 
quais deverão ser julgados pelo Tribunal Militar Internacional. Os Signatários deverão, ainda, usar de 
seus melhores esforços para tornarem disponíveis às investigações das acusações a que respondem, e 
ao julgamento perante o Tribunal Militar Internacional, os criminosos de guerra principais que não se 
encontram nos territórios de qualquer um dos Signatários. 
Art. 4º. Nada neste Acordo prejudicará as provisões estabelecidas pela Declaração de Moscou em 
relação ao retorno de criminosos de guerra aos países onde estes cometerão seus crimes. 
Art. 5º. Qualquer governo das Nações Unidas poderá aderir a este Acordo por meio de notificação, 
através do canal diplomático, ao governo do Reino Unido, o qual deverá informar os demais Signatários e 
os governo aderentes de cada pedido de adesão. 
Art. 6º. Nada neste Acordo prejudicará a jurisdição ou os poderes de qualquer corte nacional ou de 
ocupação estabelecida ou a ser estabelecida em qualquer território aliado ou na Alemanha para o 
julgamento dos criminosos de guerra. 
Art. 7º. Este Acordo passará a vigorar no dia de sua assinatura, e permanecerá em vigor pelo período de 
um ano, a ser prorrogado indefinidamente, sujeitando-se ao direito de qualquer Signatário de notificar, 
através do canal diplomático e com um mês de antecedência, sua intenção de extingui-lo. Tal extinção 
não poderá prejudicar nenhum procedimento já realizado ou nenhuma descoberta já realizada em 
obediência a este Acordo. 
COMO TESTEMUNHAS os abaixo assinados assinaram o presente Acordo. 
REDIGIDO em quatro vias em Londres, em 08 de agosto de 1945, sendo as vias em inglês, francês e 
russo, e cada uma com o mesmo teor de autenticidade. 
Pelo governo dos Estados Unidos da América, 
Robert H. Jackson 
Pelo governo provisório da República Francesa 
Robert Falco 
Pelo governo do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte 
Jowitt C. 
Pelo governo da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas 
I. Nikitchenko 
A. Trainin 
 
Material disponível em: http://jus.com.br/artigos/25599/o-tribunal-militar-internacional-para-a-alemanha-tribunal-de-
nuremberg/5 Consulta: 13/03/2014.

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