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1 Litro de Lágrimas (Ichi rittoru no namida) - Aya Kitō_novel

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Um litro de lágrimas. 
 
Capítulo 1 - 14 anos (1976-77) - Minha família. 
 
Mary morreu. 
 
Hoje é meu aniversário.Como eu cresci!!Acho que eu deveria agradecer a mamãe e o papai. 
Estou determinada a conseguir melhores notas e ser muito mais saudável, para não decepcioná-los.Essa 
é parte da razão por eu querer aproveitar o melhor da minha vida, eu não quero ter nada do que me 
arrepender no futuro.Eu vou para um acampamento da escola depois de amanhã.Devo estudar muito 
para terminar meu dever de casa, caso contrário não me sentirei livre para ir. 
Força, Aya. 
 
Tigre, o cachorro feroz do meu vizinho, mordeu Mary no pescoço, e ela morreu.Tigre é grande, mas Mary 
era muito pequena.Ela foi até ele abanando o rabo curto para mostrar que era amigável. 
 
"Mary, NÃO!!Volte aqui!!" Eu gritei desesperadamente, mas...ela morreu sem poder chorar. Isso deve ter 
sido muito frustrante para ela.Se ela não tivesse nascido um cão, não teria que morrer tão cedo. 
Mary, espero que você seja feliz onde estiver! 
 
A nossa nova casa está terminada.O quarto no lado leste do segundo andar é como um castelo para mim 
e minha irmã mais nova, Ako.Tem teto branco e as paredes são marrons verniz.A paisagem através da 
janela é diferente da que estou acostumada.Estou feliz por termos nosso próprio quarto, mas um quarto 
grande faz com que me sinta um pouco solitária. 
Gostaria de saber se vou conseguir dormir essa noite! 
 
Começando com um novo humor. 
1. Eu devo usar camiseta e calça (mais confortável para se mover ) 
2. Tarefas diárias: 
*Checar se existem insetos nas folhas da planta de tomate que plantei. 
*Verificação de piolhos nas folhas de crisântemos e me livrar de todos que encontar. 
3. Não devo abandonar meus estudos! 
4. Além desses, devo registrar o que acontece todos os dias em meu diário...sem falta. 
Eu me proponho a fazer todas essas coisas. 
 
Papai: 41 anos. Um pouco impetuoso, mas um doce de pessoa. 
Mamãe: 40 anos. Eu a respeito, mas ela é dura quando vai direto ao ponto. 
Eu: 14 anos. No começo da adolescência.A idade delicada.Chorona.Emotiva.Garota simples.Perde a 
paciência com facilidade, mas também ri facilmente. 
Ako: 13 anos. Eu tenho um sentimento de rivalidade com ela em termos de estudo e personalidade. 
Hiroki: 12 anos. Um cliente difícil.Formidável.Ele é mais novo que eu, mas às vezes parece mais como um 
irmão mais velho. 
Kentaro: 11 anos. Ele tem uma imaginação rica, mas pode ser desatento. 
Rika: 2 meses. Ela tem o cabelo emrolado da mamãe e o rosto do papai (os olhos, em particular, e as 
mãos de relógio apontando para oito e vinte). Muito bonitinha!!!! 
 
Capítulo 2 - 15 anos (1977-78) - A doença está se espalhando. 
 
Sinais. 
 
Recentemente, parece que tenho emagrecido.Me pergunto se é porque tenho pulado algumas refeições 
para fazer todo o meu dever de casa e pesquisas.Mesmo quando eu penso em fazer alguma coisa, não 
consigo realizar, e isso me deixa triste.Eu me culpo, mas eu não vejo qualquer progresso, estou apenas 
desperdiçando energia.Eu quero ganhar um pouco de peso.Vou tentar fazer algo a partir de amanhã, para 
que meus planos não sejam arruinados. 
 
Estava chuviscando."Eu odeio ir para a escola segurando um guarda-chuva, assim como levar minha 
mochila pesada e outra bolsa." Justamente quando eu estava pensando isso, meus joelhos pareciam 
enfraquecer, e eu caí em uma estreita estrada de cascalho.Eu estava apenas a uns 100 metros de 
casa.Bati fortemente meu queixo, toquei suavemente e vi meus dedos cobertos de sangue.Peguei minhas 
coisas e meu guarda-chuva que estavam espalhados pela rua, e refiz meus passos de volta para casa. 
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"Você esqueceu alguma coisa?" Minha mãe me perguntou enquanto ia para o corredor de entrada. "É 
melhor você se apressar ou vai chegar atrasada!...Ah querida, o que aconteceu???" 
E tudo que eu fiz foi chorar, não consegui dizer nada.Minha mãe rapidamente pegou uma toalha e limpou 
meu rosto.Senti a terra arranhando o machucado. 
"Eu acho que devemos ir ao médico" , disse ela.Rapidamente me ajudou a trocar de roupa e colocou uma 
proteção firme no corte e entramos no carro. 
 
Levei 2 pontos, sem qualquer anestesia. Era tudo resultado por eu ser tão desajeitada, então tentei 
suportar a dor com os dentes cerrados.Mas, o mais importante, eu sinto muito mãe, por fazer você faltar 
ao trabalho hoje. 
 
Olhando para o meu queixo dolorido no espelho, me pergunto por quê não ajudei com minhas mãos 
enquanto eu caía?Seria porque minhas habilidades atléticas não são muito boas?Mas estava aliviada, 
porém, que o corte tenha sido na parte de trás do queixo.(Se eu tivesse uma cicatriz em um lugar mais 
visível, o futuro seria um livro fechado para mim em termos de casamento). 
 
Minhas notas de educação física até agora: 
Primeiro ano do ginásio: B 
Segundo ano: C 
Terceiro ano: D 
 
Que decepção!Falta de esforço?Eu esperava que o treinamento que fiz nas férias de verão ajudasse um 
pouco, mas não ajudou.Eu não fiz por muito tempo, então suponho que não é tão surpreendente. ( Claro 
que não é! = A voz misteriosa do meu 'outro lado' ). 
 
Esta manhã, a luz do sol e uma brisa agradável foram chegando através das cortinas de laço amarelo na 
janela da cozinha.Eu estava chorando. 
"Me pergunto por que é que sou a única sem habilidades atléticas?" 
Na verdade, nós tivemos um teste de na trave hoje. 
"Mas você é boa nas outras disciplinas, então tudo bem, não é?" Minha mãe disse, de cabeça baixa. "No 
futuro, você poderá aproveitar ao máximo a sua capacidade em sua matéria favorita.Você é muito boa em 
inglês, por que não tenta se aperfeiçoar nisso? É a língua internacional, então eu tenho certeza que será 
útil em seu futuro.Não importa se sua note em educação física é D..." 
Eu parei de chorar.Minha mãe me fez perceber que eu ainda tenho alguma esperança. 
 
Estou ficando cada vez mais chorona.Meu corpo não se move da maneira que eu quero.Sinto preguiça de 
fazer minha lição de casa, que eu só poderia terminar se me empenhasse 5 horas por dia nisso?Não, não 
é isso, algo dentro do meu corpo parece estar dando errado. 
Estou com medo! 
Eu tenho um sentimento que aperta meu coração. 
Eu quero fazer mais exercícios. 
Eu quero correr com todas as minhas forças. 
Eu quero estudar. 
Eu quero escrever nitidamente. 
 
"Namida no Toka-ta", essa música é muito boa.Eu cresci muito afeiçoada a ela.Quando eu a ouço durante 
as refeições, parece que a comida fica mais saborosa, é como um sonho. 
 
Agora, sobre a Ako, uma das minhas irmãs.Todo esse tempo, só tenho notado o lado mal-humorado dela, 
mas agora eu percebo que ela é realmente muito gentil.Por que eu acho isso?Bem, eu sou muito lerda 
quando caminhamos para a escola de manhã, mas ela sempre fica comigo.Meu irmão segue em frente e 
me deixa para trás.E quando estávamos atravessando a ponte, Ako pegou minha mochila e disse, "Aya é 
melhor você segurar firme no corrimão enquanto subimos". 
 
Não estou muito animada com as férias de verão. 
Enquanto eu subia as escadas, depois de arrumar as coisas do jantar, minha mãe disse "Aya, você pode 
vir aqui e se sentar por um momento?". Ela parecia muito séria.Fiquei tensa, me perguntando sobre o que 
ela queria conversar. 
"Aya", disse ela, "você parece estar andando com o tronco inclinada para a frente e oscilando de um lado 
para o outro.Você percebeu isso??Estive observando por um tempo, e isso está começando a me 
preocupar. Vamos ao hospital para um check-up?" 
"...Que hospital?" Perguntei depois de uma pausa. 
"Vou encontrar um que possa lhe dar um exame aprofundado.Deixa comigo, tá?" 
Minhas lágrimas começaram a cair incessantemente.Eu realmente queria dizer : "Obrigada,mãe.Me 
desculpe por deixa-la preocupada."Mas não consegui dizer nada. 
 
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Desde que minha mãe sugeriu que eu fosse ao hospital, eu tenho pensado se há realmente algo errado 
comigo. 
É por que minha habilidade atlética é pouca? 
É por que fico acordada até tarde? 
É por que como de forma irregular? 
Não pude evitar de chorar enquanto me perguntava essas coisas.Eu chorei muito, meus olhos doem. 
 
No médico. 
 
Eu vou ao hospital de Nagoya com minha mãe. (Escrito por Aya em inglês). 
 
Saímos às 9 horas. 
Rika, minha irmã mais nova, não estava se sentindo bem, mas ela teve que ir para a creche de qualquer 
forma, porque eu estava indo ao hospital, coitadinha! 
 
Chegamos ao Hospital Universitário de Nagoya às 11 horas.Tivemos que esperar cerca de três horas, 
tentei ler um livro, mas estava muito nervosa.Não conseguia me concentrar tanto como de costume, 
porque estava preocupada. 
"Escolhi o professor Itsuro Sofue ( agora diretor do Hospital Nacional de Chubu ) " , minha mãe disse, "Eu 
tenho certeza que você vai ficar bem." 
Mas... 
Meu nome foi chamado.Meu coração estava batendo rapidamente.Minha mãe explicou meus problemas 
ao médico: 
1. Eu caí e cortei o queixo. (Uma pessoa normal colocaria suas mãos para amortecer a queda, mas meu 
rosto bateu diretamente no chão.) 
2. A maneira que ando é instável. ( Não posso dobrar muito os joelhos.) 
3. Tenho perdido peso. 
4. Meus movimentos estão lentos. ( Perdi a capacidade de me mover rapidamente.) 
 
Ouvindo-a, eu estava surpresa.Ela está sempre andando de um lado para o outro ocupada, mas agora eu 
sei que ela esteve me observando cuidadosamente!Ela sabia tudo sobre mim...Me senti mais 
segura.Assim, as coisas que eu estava secretamente preocupada foram encaminhas para um 
médico.Minhas preocupações serão resolvidas. 
 
Me sentei em uma cadeira e olhei para o doutor.Ele estava usando um óculos,tinha um olhar delicado e 
um sorriso caloroso, então me senti aliviada.Ele me pediu para fechar os olhos, estender minhas mãos e 
tentar fazer meus dedos indicadores se encontrarem.Depois eu tive que ficar em uma perna.Depois deitei 
em uma cama e ele esticava e dobrava minhas pernas.Ele deu leves batidas em meu joelho com um 
martelo.Então o exame terminou. 
"Agora vamos fazer um CT " ele disse. 
 
"Aya", disse minha mãe, "Isso não vai te machucar nem nada, é apenas uma máquina que checa o 
cérebro, cortando-o em rodelas." 
" O quê???Cortando meu cérebro em rodelas?" 
Essa é uma questão muito séria para a pessoa que fará o exame!Uma grande máquina veio lentamente 
de cima.Minha cabeça estava completamente coberta.Era como se eu estivesse andando no espaço.Um 
homem de branco disse : "Deite-se e não se mova".Eu deitei como foi pedido, então comecei a me sentir 
sonolenta. 
 
Após o exame nós esperamos por um longo tempo,então pegamos alguns remédios e fomos para casa. 
Eu adicionei mais uma coisa para minha lista : 
Não vou reclamar de tomar o remédio, mesmo que ele fosse o suficiente para encher minha barriga, 
enquanto isso me fizer melhorar.Dr. Sofue no prestigiado Hospital Universitário de Nagoya, eu te imploro, 
por favor me ajude a salvar a vida de Aya.Você me disse que eu deveria voltar a vê-lo apenas uma vez 
por mês, porque o hospital é muito longe e eu tenho que ir para a escola.Bem, eu definitivamente vou 
voltar e vê-lo, e vou fazer tudo o que me mandar fazer.Então, por favor me faça melhorar, eu imploro! 
 
*CT = Computed Tomography (Tomografria Computadorizada) 
 
 
 
 
 
 
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Capítulo 3 - 16 anos (1978-79) - O início da aflição 
 
 
A cadeira de rodas. 
 
"Aya", minha mãe disse, "nós vamos te comprar um veículo!" 
"O quê?" 
Ela começou a explicar lentamente, "O corredor tem um corrimão, mas pode ser perigoso quando você for 
atravessá-lo,em pé, você terá que se sentar, rastejar, e depois levantar-se novamente.Isso pode causar 
alguma ansiedade quando você estiver com pressa, e muitas vezes quando estiver mudando de 
posição.Você não conseguirá sair, mesmo que você queira.Mas isso pode ser diferente se você tiver uma 
cadeira de rodas elétrica. Você poderia facilmente conduzi-la, apesar da fraqueza dos seus braços, e não 
terá nenhum problema em subidas.Ela pode se mover numa velocidade de 5 km/h, o mesmo que 
andar.Portanto, não há perigo, e é muito fácil de usar.Eu acho que seria perfeito para você, mas não 
significa que deve ficar preguiçosa, você sabe.Não é bom começar a confiar muito em uma cadeira de 
rodas, você precisa tentar se mover usando suas próprias forças também. Você tem treinado 
adequadamente?" 
 
Eu estava feliz com o pensamento de poder sair livremente.Meu mundo pareceu crescer subitamente, eu 
sempre quis atuar em minha própria direção.Até agora, em livrarias, eu tinha que mostrar a alguém o 
nome do livro, e pedir para encontrá-lo para mim.Me imagino sendo capaz de pegar qualquer livro com 
minhas próprias mãos!É como um sonho. 
 
Ótimo! Vou dominar o funcionamento da cadeira de rodas e sair com ela, antes mesmo de entrar em uma 
escola para deficientes. 
 
Dois homens entregaram minha cadeira de rodas.Eu os assisti montando-a.As rodas são movidas por um 
motor, tem duas baterias instaladas uma do lado da outra embaixo do banco. 
"Aya, tudo o que você tem que fazer é segurar essa barra e apontar na direção que quer ir." 
Eu tentei sentar, empurrei a barra um pouco para frente e as rodas se moveram lentamente.Eu pratiquei 
muito, mas depois de algum tempo as lágrimas começaram a fluir, essa é minha natureza e eu odeio isso! 
"Qual o problema?" Minha mãe perguntou. 
"Eu só estou feliz porque posso me mover mais livremente, depois de tanto tempo!" Eu respondi.Mas não 
consegui expressar muito bem meu complicado sentimento. 
Estou determinada a praticar até poder ir a uma livraria.Quando olhei pela janela,estava chovendo. 
 
 
Trabalhei muito duro, inclusive limpando o chão da cozinha e limpando o banheiro.Eu queria extravasar 
minha energia em algo.Tive pequenos progressos nos estudos (sorri de alegria por saber que ainda tenho 
o espírito de estudar).Rika chama minha cadeira de rodas de "a cadeira", e meu pai chama de "o carro".E 
é assim em japonês, kurumaisu, ' a cadeira-carro' ! 
 
Ainda me lembro de algumas coisas que aconteceram quando eu estava na primeira série do ensino 
médio.Rika brincava com algumas cadeiras de rodas alinhadas no corredor do hospital.Minha mãe dizia 
para ela, "você não deveria brincar com cadeiras de rodas, é um insulto para aqueles que só podem se 
locomover utilizando uma". 
 
Eu li sobre os prisioneiros no campo de concentração alemão de Auschwitz no livro "Man's Search for 
Meaning". O livro é um registro de suas experiências, de alguma forma, eu simpatizei com eles.Minha 
experiência parece semelhante a deles, em termos de se tornar gradualmente incapaz. 
 
 
Amigos da deficiência. 
 
'Tanpopo no Kai' (A Associação Dandelion) é um grupo de deficientes, que se reuniu de alguma 
forma.Eles me levaram para um café chamado Baroque, que tem um piano. Quando eu disse, "Gostaria 
de voltar aqui quando ele estiver sendo tocado", Yamaguchi-san sorriu. 
 
Fomos a casa de Jun.Ela é surda, mas se comunica ativamente através de gestos, suas expressões 
faciais são muito bonitas.Eu aprendi um pouco a linguagem de sinais, eu quero me tornar melhor nisso 
para nos tornarmos amigas mais próximas.A mãe de Jun dá a impressão de ser muito parecida com 
minha mãe. 
 
 O que eu aprendi com meus amigos: 
1. Se eu ficar tímida, pensando que sou deficiente, nunca vou ser capaz mudar a mim mesmo. 
2. Ao invés de ver apenas o que você perdeu, procure melhorar com o que te restou. 
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3. Não pense que vocêé inteligente ou você só se sentirá miserável. 
 
 
Mudando de escola, vivendo em um dormitório. 
 
Cheguei no dormitório com o carro cheio de artigos domésticos.Os outros estudantes também estavam 
retornando, prontos para o novo mandato.A escola tem quartos grandes estabelecidos como salas de 
aula.Dentro de cada um, há um corredor no meio, ele divide o quarto em direita e esquerda, e tem 
tatames. Cada aluno dispõe de um armário e uma mesa fixa com uma lâmpada.Meu novo castelo é o 
lugar mais próximo do armário.Minha mãe arrumou as coisas que levamos para tornar meu lugar 
confortável. 
"Você ainda não precisa disso", ela disse, "então vou colocar no armário superior.Mas isso vou deixar 
perto, porque você usa frequentemente..." 
As mães dos outros estudantes também estavam ocupadas arrumando as coisas.Ninguém parecia 
interessado em mim.Se isso é bom ou ruim... 
 
"Você deveria tentar esquecer Higashi High School o mais rápido possível", me disse o professor Suzuki, 
"e se tornar uma estudante de Okayo ( Colégio Okazaki para alunos com deficiência física, na província 
de Aichi)". 
Então para "esquecer o mais rápido possível", tirei meu crachá da escola Higashi e coloquei no fundo da 
gaveta. 
 
Está se tornando muito difícil agora mover minhas pernas para frente.Segurando desesperadamente o 
corrimão ao longo do corredor, eu disse a mim mesmo "não tenha medo, não tenha medo!!" Lágrimas 
vieram aos meus olhos, como eu imaginava, infelizmente talvez..." 
 
As palavras do professor voaram até mim : "As pessoas são destinadas a serem capazes de andar". 
Eu concordo! 
É uma declaração de guerra sem precedentes! 
"Climb Mt. Niitaka!" (O sinal para começar o ataque a Pearl Harbor). 
 
Eu caí no caminho para a sala de aula e comecei a chorar.Um professor estava de passagem e me 
perguntou, "você está triste?" 
"Não estou triste", respondi, "Apenas desapontada". 
Por que as pessoas ficam em pé e andam sobre duas pernas? Isso geralmente é considerado como uma 
coisa natural.A pergunta veio a mim enquanto eu observava meus amigos caminhavam 
rapidamente.Andar é realmente algo... 
 
Estou feliz de ter vindo aqui. 
- Assistindo estudantes jogando baseball embaixo da janela... 
- Assistindo os alunos praticando sumô com os professores... 
Mas, se acostumar com isso é outra coisa, as vezes me sinto no limbo. Eu tento aceitar que não sou mais 
uma estudante do Higashi High School, mas eu realmente ainda não me sinto uma aluna de Okayo.Se 
algum estranho me perguntasse, "Qual escola você estuda?", eu me pergunto o que devo responder?! 
 
Turbilhão emocional. 
 
Na sala de aula, eu disse para o professor, "No meu sonho, quando eu ficava em pé, podia andar 
rapidamente. Você estava feliz por me ver fazendo isso". 
"Até agora", ele disse, "você só teve que se preocupar com os estudos, mas agora você está passando 
por momentos difíceis". 
Então ele me disse : 
"Uma criança que sofre de distrofia muscular progressiva escreveu esse poema" : 
 
'Deus me presenteou com uma desvantagem 
Porque ele acreditava que eu tinha poder para suportá-la.' 
 
"De alguma forma, soa como palavras de Hitler". 
"Bem", eu respondi, "Na verdade eu tive semelhantes pensamentos absurdos, como 'eu sou um tipo de 
mutação' ou 'só estou vivendo aqui às custa de muitas pessoas'. E eu tenho vários pontos de vista, e 
penso em diferentes coisas para me confortar". Depois da chuva, eu podia ver o arco-íris pela 
janela.Formou um bonito semicírculo, rapidamente subi na cadeira de rodas para ir lá fora. 
"Tenho inveja de quem possa andar em uma cadeira de rodas", disse T-kun. 
Ei, T-kun, vou enfiar alfinetes na sua imagem!! 
Eu realmente queria dizer a ele: " Você está certo, porque pode andar". Mas eu não poderia dizer isso, as 
palavras estragariam o belo arco-íris. 
 
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Meus pais vem me buscar todos os sábados.Durmo em casa e então, volto no domingo a noite.Sempre 
tenho algum novo hematoma quando vou para casa. 
"Você cai com muita frequência?" Minha mãe perguntou ao vê-los. 
"Bem, é porque eu sou muito lerda, estou sempre atrasada", respondi. "Peço para a encarregada do 
quarto para me acordar às 4 da manhã e aí começo a estudar.Caso contrário, não terminaria meus 
deveres diários...Mas quando mais presa tenho, mais duro meu corpo fica, e eu caio". 
 
Com o lema "Preciso andar o quanto posso!", eu tento não usar a cadeira de rodas se não for para ir lá 
fora.Mas quando estou atrasada ou quando quero ir na biblioteca, que é longe, eu a uso para poupar 
tempo. 
 
Vou aceitar a locomoção pela escola na cadeira de rodas! (Para ser honesta, quando estou nela, costumo 
pensar 'Estou pronta para isso.Não posso mais andar'. E isso faz com que me sinta mais infeliz). 
 
Eu encontrei a enfermeira-chefe no corredor. 
"Bom dia", eu disse. 
"Ah, Aya", ela respondeu, "Você está indo em sua cadeira de rodas? É confortável, não é?" 
 
Foi tão frustrante ouvi-la dizer isso.Fiquei chocada e mal conseguia respirar. 
 
O que você quer dizer com 'confortável'? Você acha que eu gosto de estar em uma cadeira de rodas? 
Não!! O que eu quero fazer é andar.Estou muito aflita por não poder fazer isso, sofro muito com esse 
fato!Você acha que uso cadeira de rodas porque quero ter uma vida fácil? 
 
Senti como se puxassem meu cabelo. 
 
Os cabelos brancos da minha mãe estão ficando cada vez mais evidentes.Talvez seja pelas minhas 
condições. 
 
 
Entendendo a deficiência. 
 
Hoje nós tivemos um pequeno dia de esportes na escola.Sentir os raios do sol é tão bom. 
Foi também o Dia das mães e o aniversário da minha irmã mais nova, então era um dia para celebrar. 
 
Liguei para Emi, minha prima que mora em Okazaki, para pedir que ela viesse me visitar.Eu queria que 
ela soubesse o quão desesperadamente estou lutando para viver... Nós estivemos próximas desde a 
nossa infância.Costumávamos ficar na casa uma da outra durante as férias de verão ou de inverno e 
dividíamos o mesmo cobertor.Ela estava tão bonita que ninguém teria adivinhado que ela ainda era uma 
aluna do colegial.Ela tem olhos grandes com longos cílios, e tinha o cabelo trançado e decorado com um 
grampo dourado.Ela estava usando uma blusa, saia vermelha deslizava sobre as sandálias de salto 
alto.Ela veio com Kaori, sua irmã mais nova, que é bastante masculina e, de fato, muitas vezes é 
confundida com um menino. 
 
Há um segredo sobre o trevo no canto do pátio.Nós três fomos para baixo e começamos a procurar por 
um trevo de quatro folhas, eu queria dar um de presente para minha mãe. 
"Me pergunto se nós realmente podemos encontrar algum".Disse Emi. 
Eu respondi o que já estava em minha cabeça há um tempo."Um trevo de quatro folhas é apenas uma 
versão deformada de um trevo de três folhas, certo? Porque algo deformado deveria trazer sorte?". 
Emi pensou um pouco, e então disse, "Porque ele é único". 
Talvez ela tenha razão, não é tão fácil encontrar a felicidade.Suponho que é por isso que ficamos felizes e 
dizemos "Ainda bem que procuramos!", quando alguém eventualmente o encontra. 
 
Caí essa manhã e me machuquei, isso me fez chorar.Eu preciso ser mais forte, não sei se foi porque 
estava com pressa ou apenas correndo.Quando tentei mover minhas pernas para a frente, elas não se 
moveram, e então meu corpo tombou para a frente.Segurei no corrimão, mas não foi o suficiente. 
 
Enquanto estava sendo transportada em uma maca no corredor junto à enfermaria, eu vi o céu azul. 
"Ah", pensei, "fazia muito tempo que não via o sol deitada!" 
E quando eu estava deitada na cama da enfermaria, eu pude ver o sol através da janela novamente.As 
nuvens brancas pareciam muito bonitas se movendo por todo o céu azul.Certo, no futuro, sempre que eu 
estiver emperrada, vou olhar para o céu.Na canção de Sukiyaki, Kyu Sakamoto cantou, "Eu olho para 
cima enquanto caminho sozinho, por isso minhaslágrimas não vão cair..." 
Isso é bom, esse é o espírito. 
 
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Dormi bem durante cerca de uma hora. Me senti muito melhor, então levantei e fui ao banheiro(o de estilo 
ocidental).No banheiro, me ocorreu que, talvez, Auguste Rodin surgiu com a idéia de criar The Thinker, 
quando ele estava sentado em um banheiro. 
 
Eu estou sempre chateada por me mover tão lentamente. 
 
Ontem, foi minha vez de fazer os deveres da biblioteca. 
Eu finalmente cheguei lá, depois de andar cerca de 20 minutos, utilizando o corredor do segundo 
andar.Mas não tinha ninguém lá, eu estava muito atrasada.Metade chorando, eu queria o livro 'Wild 
Animal I Have Know' de Ernert Thompson Seton.Eu chorei, embora soubesse que poderia contactar o 
dormitório se eu estivesse trancada na biblioteca. 
 
Hoje cheguei lá por volta das 4 horas.O estudante de plantão me mandou embora, dizendo : 
 "Por favor, saia rapidamente!Se você queria procurar um livro, deveria ter vindo mais cedo". 
 
Ressentimento!Me senti digna de pena.Eu sou duas vezes mais lenta que os outros, então não tenho 
tempo de sobra.Demoro muito tempo para fazer coisas comuns, não é falta de boas idéias e intenções. 
 
Hoje fomos em uma excursão para o zoológico.Eu não gosto mais de zoológicos. 
- O rosto triste de um orangotango.( Ouvi dizer que orangotangos são animais nervosos, que facilmente 
ficam neuróticos). 
- Um chimpanzé jogando pedras. 
- Um pelicano que nem ao menos pode pescar um peixe. 
- A avestruz agredida. 
Olhando para todas aquelas criaturas, me senti cansada e deprimida. 
 
Eu odeio o sistema de escala do serviço no dormitório.Mas suponho que não exista outra saída, porque 
assim a vida em grupo não funcionaria...Porque sou lenta, sempre estou um ou dois passos atrás de todo 
mundo em todas as atividades que fazemos juntos. 
 
A fim de cobrir minha lentidão, terminei de limpar metade do quarto antes de ir para os exercícios 
matinais.Mas quando voltei, a líder do quarto, de repente disse, "Aya você não pode limpar o quarto, 
pode?Então se encarregue das toalhas no banheiro!" Eu estava frustrada por não ter argumentado de 
volta, quando ela falou que eu não poderia fazer. 'Perdoar tudo, suportar o insuportável, tolerar o 
intolerável...' De certa forma, os ensinamentos de Deus, me incomodaram.É essa maneira de pensar que 
me faz ser fraca. 
Se eu pudesse mover meu corpo mais rapidamente, ficaria feliz em limpar o banheiro, mas eu não podia 
expressar minha opinião.Saí do quarto sem dizer nada (embora eu estivesse pensando, 'você é um rato' ). 
 
Assim que saí, me senti penosa, e comecei a chorar. A inspetora estava de passagem e disse : "Aya, 
você sabe que não deve chorar enquanto vive numa comunidade como essa". 
O que eu posso fazer? 
 
Fui pra casa, e limpei a gaiola dos periquitos.Quando eu estava andando, senti uma leve dor na face 
interna do meu lado esquerdo do quadril.Suspirei, pensando que agora minha importante perna esquerda 
estava quebrando... Fiquei horrorizada ao ver o movimento anormal da minha mão esquerda (os cinco 
dedos se moviam individualmente quando eu abria a mão, ou quando os dobrava).Eu também sinto dores 
no lado esquerdo do meu peito, nas articulações do braço, e em minha nádega direita.Talvez eu tenha 
batido em algum lugar quando caí, acho que deveria colocar um emplastro de novo. 
 
Minha perna direita e meu joelho ardem. 
Finalmente... no banho, eu passei a mão, murmurando: "Bati costas e ombros quando caí, pobre corpo, 
todo danificado!" 
 
A partir de hoje, vou tentar andar 10 minutos todos os dias.Estou desafiando a mim mesma, para ver o 
quão longe posso ir!Nesse ritmo, não seria capaz de manter uma elevação humana de 1.2 metros (a 
altura dos meus olhos quando estou em pé) enquanto estou no terceiro ano do ensino médio. 
 
Pedi a um dos alunos para me mostrar as fotos da excursão do terceiro grau.Me pergunto se serei capaz 
de ir a excursão do ano que vem?! 
 
A fim de entender que sou uma pessoa com deficiência: 
1. Desistindo.Eu devo saber de minhas limitações, e admitir que tenho uma deficiência física.Vou me 
esforçar a partir desse momento. 
2. Esquecendo minha vida saudável do passado.Eu posso correr em meus sonhos.De acordo com, A 
Interpretação dos Sonhos, de Freud, eu tenho um desejo incrivelmente forte (é apenas uma questão, é 
claro). 
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O dia de amanhã é para nossa apresentação de dança.Ainda não estou consciente de ser incapaz, então 
tenho tentado dançar lindamente.Na verdade, eu acho que essa animação é errada.Eu tenho praticado 
muito, mas não tenho ido muito bem. 
 
 
Hoje quando eu estava voltando, me sentindo destruída, o motor da cadeira de rodas a uma velocidade 
baixa começou a fazer barulhos, como se estivesse sofrendo também. 
"Estou tão pesada assim?Me desculpe, aguente firme!" 
Me senti responsável por meus 35 kg. 
 
Estou de bom humor hoje? De jeito nenhum. 
Estou apenas fazendo meus deveres porque não tenho outra escolha.Fiz os exercícios de ginástica, comi, 
lavei algumas roupas, tirei o lixo... 
A inspetora disse " Você é ocupada pela manhã, não é?" 
Eu desejei poder ter respondido calmamente, "Eu vou estar ocupada a vida inteira".Mas meu rosto 
apenas congelou. 
 
Eu acho que é somente quando as pessoas estão andando que elas podem realmente pensar em si 
como ser humano.Por exemplo, o presidente de uma empresa pensa sobre maneiras de fazer mais 
dinheiro enquanto anda, de um lado para o outro em seu escritório.E talvez seja por isso que casais 
sempre falam sobre o futuro enquanto caminham juntos? 
 
Os olhos do professor Suzuki 
Me lembram dos olhos de um elefante; 
Uma divinidade guardiã da Índia, 
Um elefante sabe de tudo. 
Eu amo aqueles olhos gentis. 
 
Eu estava sonhando acordada na sala de aula. Me lembro que meu professor me pediu para correr pelo 
corredor até minha mesa quando eu estava na escola primária! Me lembro de um garoto apanhar na 
bunda por ter pulado para o corredor pelas janelas da sala de aula.Eu não poderia fazer uma brincadeira 
como essa, eu apenas assisti com um sorriso no rosto.Eu deveria ter feito coisas desse tipo enquanto eu 
ainda podia. 
 
Pular pela janela... 
Não tinha ninguém lá, foi tranquilo... Havia uma janela, e lá estava eu. 
THUMP! 
"Que diabos está fazendo?Isso é perigoso". 
A enfermeira do quarto teve que me ajudar novamente.Ela se referiu a mim como "uma garota com 
comportamento auto-prejudicial". Foi doloroso, mas eu tive a satisfação de sair pela janela, mesmo que 
eu tivesse que rastejar. 
Não vou fazer novamente. 
 
Eu tinha esperança de que os movimentos do meu corpo iriam melhorar um pouco, do mesmo jeito que 
esquentou.Mas, na verdade, eles estão piorando. 
Eu estava esperando para entrar no hospital durante as férias de verão para me beneficiar novamente de 
algum novo medicamento, então fui ver. 
 
Palavras frias... Eu não pude entrar no hospital durante as férias de verão, porque eles não terão nenhum 
medicamento novo...Senti que até a ciência médica tinha desistido de mim!Foi como ser empurrada em 
um penhasco. 
Agora estou desesperada, foi como se tivesse sido atingida na parte de trás da cabeça com um martelo... 
 
Capítulo 4 - 17 anos (1979-80) - "Não posso nem mais cantar..." 
 
Para o meu aniversário, meus pais me deram cinco adoráveis cadernos e cartas. Ako me deu uma 
ampulheta. Hiroki me deu uma caneta esferográfica, com quatro cores. Ele disse que eu não deveria 
chorar mais, que eu já completei 17 anos. Kentaro me deu um livro, Shiroi hito, Kiiroi hito (Pessoas 
brancas, pessoas amarelas) escrito por Shusaku Endo. 
 
Meus desejos ao completar 17 anos. 
 
Eu quero ir a uma livraria e a uma loja de discos. É difícil até mesmo com a cadeira de rodas, não posso 
moverminhas mãos do jeito que eu gostaria, e eu sempre acabo errando. 
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Se eu pudesse ia a uma livraria, eu compraria Gone With the Wind e Anya Koro, de Naoya Shiga. 
Se eu pudesse ir a loja de discos, eu compraria um LP de músicas do Paul Mauriat. 
 
Eu caí no banheiro, não consegui me equilibrar na ponta dos pés (eu não sou mais capaz de fazer isso) e 
caí com um baque.Eu não estava machucada, e sim com medo. 
Sim, estou com medo. 
 
Me pergunto se minha doença pode se curar naturalmente?Estou com 17 anos agora.Me pergunto por 
mais quantos anos terei que lutar contra ela, até que Deus me perdoe...Não consigo me imaginar com a 
mesma idade que minha mãe tem agora (42). Não conseguia me imaginar uma aluna da Higashi High, e 
agora estou com medo de não ser capaz de chegar aos 42 anos. Mas eu quero estar viva nessa idade! 
 
 
Indo para casa. 
 
Me senti tão feliz pensando em ir para casa para minhas primeiras férias de verão, longe dessa escola 
onde eu mal conseguia dormir.Eu sinto muito por não poder entrar no hospital novamente porque eles 
ainda não tem nenhum novo remédio,mas eu acho que meu novo medicamento, no futuro será em forma 
de comprimido ao invés de injeções.Me disseram que eles estão fazendo de tudo para conseguir produzi-
lo, então tudo o que posso fazer é não desistir e esperar. 
 
Pouco antes do almoço, um senhor veio à nossa casa. 
"Sou do salão de casamento Heiankaku", ele disse."Posso falar com sua mãe?" 
"Meus pais saíram", meu irmão respondeu. 
Cinco minutos depois, tivemos uma segunda visita, uma mulher pequena, de meia-idade. 
"Sou de Heiankaku..." 
"Ah, seu colega veio a uns minutos atrás", gritei lá de cima. 
"É sua avó?", a mulher perguntou. 
Meu irmão que estava na porta, começou a rir. 
"Ela falou tão lentamente", ela disse, "então pensei que ela fosse..." 
Dá um tempo!!Eu sou uma avó de 17 anos??? 
No jantar, minha irmã contou para minha mãe sobre o ocorrido.Eu estava tão chateada.Me irrita muito 
quando me falam que tenho uma deficiência, mas é claro que ainda não admiti realmente que sou 
deficiente. 
 
Ajudei minha mãe a preparar o jantar. 
Ela disse para mim, "Você pode misturar a cebolinha chinesa e a carne para fazer alguns bolinhos de 
gyoza?" 
Ugh! Fazendo gyoza?Involuntariamente, fiz uma careta.(Eu odeio gyoza). Ainda assim, estava tudo bem, 
porque o prato principal era Chirashi sushi ( um tipo de sushi com os ingredientes picados e espalhados 
sobre arroz temperado com vinagre)... 
 
Enquanto eu quebrava quatros ovos e os colocava na panela para fazer ovos mexidos, de repente eu 
pensei sobre a professora.Quando ela queria cozinhar arroz pela manhã, ela acordava e apertava o 
botão, ao invés de usar o temporizador.Me perguntava porque ela não confiava nas máquinas.Quando 
estávamos fazendo o café da manhã no acampamento da escola, ela percebeu que eu estava tossindo ( 
eu tinha engasgado com chá ).Ela se aproximou e acariciou minhas costas, ela era uma professora muito 
gentil... 
 
Quando eu estava esfriando o arroz para o sushi usando um ventilador, coloquei o pote entre minhas 
pernas e me queimei, tenho marcas de queimadura de aproximadamente dois centímetros na parte de 
dentro de ambas as coxas.Achei que elas pareciam muito bonitas, uma cor levemente avermelhada. 
 
Os membros do Tanpopo no Kai ( o grupo de deficientes ) trabalham durante o dia e se reúnem à noite 
para produzir uma cópia da sua revista, chamada Chikasui ( Água subterrânea).Quando disse que estava 
passando minhas férias de verão em casa, eles me convidaram para participar do grupo. 
"Mãe só as meninas más saem à noite?" 
"Bem, eu suponho que não tem problema quando você está com boas pessoas", ela respondeu. "Mas 
não é um pouco perigoso sair no escuro?" 
20:00 horas Yamaguchi-san veio de carro me buscar. 
 
Antes de sair, eu disse para meu pai "Vou voltar logo". 
Ele estava deitado no sofá assistindo televisão. Ele tinha bebido no jantar, e seu rosto estava um pouco 
vermelho."Aya" , ele respondeu, "Estou um pouco preocupado sobre você sair de noite, acho que mais 
pra frente você deveria sair somente de dia". 
 
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Eu estava feliz por ouvi-lo dizer aquilo.Na verdade, estava um pouco surpresa por ouvir um conselho 
vindo dele. 
Ele não tinha o costume de interferir nos assuntos dos filhos.Ele falou, mas ele é uma pessoa realmente 
tímida, eu prefiro quando ele está um pouco bêbado do que quando está sóbrio. 
 
Caindo. 
 
No passado, quando eu queria me apressar, eu podia.Agora, mesmo que eu queira, não posso.Tenho 
medo que no futuro eu possa até mesmo perder todo o senso de pressa.Ah Deus, por que você me deu 
esse fardo?Não, eu suponho que todo mundo tenha algum tipo de fardo!!Mas por que só eu tive que ser 
tão infeliz? 
 
O jeito que caí hoje foi patético.Quando eu tomo banho, ou minha mãe ou a Ako me ajudam a tirar a 
roupa no vestiário fora do banheiro.Ela jogam um pouco de água quente na banheira para aquecê-la para 
mim,e eu rastejo até a banheira para poder entrar. 
Hoje, quando eu estava tentando segurar a borda da banheira para que eu pudesse entrar e ficar em uma 
postura meio sentada, caí de bunda.Tive azar, porque tinha um porta-sabonetes de plástico bem debaixo, 
se quebrou em pedaços e alguns ficaram presos em minhas nádegas.Gritei muito alto. 
"O que aconteceu???" Minha mãe gritava enquanto corria para o banheiro. 
 
Ela ficou muito surpresa ao ver um rio vermelho de sangue misturado com a água quente.Ela colocou 
uma toalha firmemente em meus machucados, e jogou um monte de água quente mas partes que ainda 
estavam secas.Então minha mãe e Ako me seguraram, elas secaram meu corpo rapidamente e me 
vestiram com um pijama.Então mamãe cobriu meus cortes com gazes. 
"Com cortes como esses", ela disse, " acho melhor irmos para o hospital". 
Percebi que era uma coisa séria.No hospital levei dois pontos, e não voltei para casa até mais ou menos 
9 horas.Eu estava tão cansada! 
 
Foi um acidente, mas eu percebi o que estava acontecendo no momento.Não havia nenhuma razão real 
para eu tropeçar e cair, ou para minhas mãos escorregarem.Me pergunto por que um nervo pode parar de 
funcionar momentaneamente?! Senti pena da minha mãe pelo o que eu tinha feito. 
 
Enquanto minha mãe estava ocupada arrumando meus vários tipos de remédios para dividi-los em doses, 
eu apenas me deitei na cama.Meu estômago doía um pouco. 
Mas qualquer que seja sua desculpa, Aya, sua atitude foi errada. 
 
Em parte, porque eu fui torturada pela minha consciência, me senti como se estivesse lendo 'Okasan 2' 
(Mãe 2), uma coletânea de poemas de Hachiro Sato.Minha mão se estendeu em direção a estante de 
livros. 
 
Algumas perguntas para mim mesmo. 
 
As férias de verão acabarão em breve.A única coisa que concluí com sucesso durante as férias foi cuidar 
dos periquitos.Eles saem e esperam em meus braços ou ombros enquanto limpo a gaiola deles.Dou-lhes 
um pouco de água e comida, então os coloco de volta através da pequena porta da gaiola, um por 
um.Eles são tão bonitinhos, as vezes eles me bicam, mas não é doloroso.Eu tenho certeza que eles estão 
dizendo "Obrigada" e eu digo, "De nada.Estou feliz enquanto vocês estão felizes". A coisa toda leva cerca 
de uma hora enquanto converso com eles.Fico suada quando faço isso, porque tenho que fechar a janela 
para que eles não voem para fora... 
 
Auto-reflexão. (P&R) 
"Aya, por quê você não estuda muito?" 
- "Eu não sei". 
"Você não sente pena por seus pais trabalharem tanto?" 
- "Sim, eu sinto.Mas eu não consigo estudar". 
"Você está mimada, você sabe!Olhe para o mundo afora.Existem muitas pessoas lá que estão dando 
duro por conta própria.Na verdade, à um ano atrás, você estava..." 
- "Não diga mais nada! Depois que o professorMotoko me disse que a vida não é somente sobre estudar, 
eu comecei a ficar perdida". 
 
Então, depois de tudo, eu tenho que enfrentar o fim das férias de verão sem ter feito nada demais.Estou 
com medo sobre começar o novo período! 
 
Eu sou aquela que está mais consciente sobre as mudanças (pra pior) em minha condição.No entanto, eu 
não sei se elas são apenas temporárias ou se significa que vou piorar gradualmente. 
 
Eu expliquei as mudanças para Dr. Yamamoto: 
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1. O movimento das articulações do meu quadril estão ruins.Ainda se movem para frente e para trás até 
certo ponto, mas dificilmente irão se abrir para a esquerda ou para a direita. (Não posso mover minhas 
pernas como um caranguejo).E porque meu tendão de Aquiles está duro, isso interfere com meus 
esforços para mover as pernas para frente. 
2. Está ficando difícil para mim pronunciar o ba e o ma. 
 
Dr. Yamamoto me encorajou dizendo que essas coisas vão melhorar, dependendo de quanto eu pratico. 
e acrescentou que me daria alguns comprimidos para ajudar a amolecer meus tendões. 
 
Eu quis perguntar a verdade sobre minha doença, mas claro que eu estava com medo de saber.Eu não 
tenho que saber isso, vai dar tudo certo, desde que eu possa viver agora o melhor que eu puder. 
 
"Aya", minha mãe disse de uma forma animada enquanto íamos para casa no carro, "Você mudou para 
Okayo porque não podia continuar sua vida no Higashi High School.Você é um caso muito sério, mesmo 
lá.Você pode estar sentindo que não é bem aceita em Okayo, e consequentemente, começou a agir com 
medo.Mas não se preocupe. Você recebeu o presente que é a vida.E você sempre terá um lugar para 
morar.Se você tem que passar sua vida em casa, então nós vamos reformar um quarto para você, é bom 
e quente, com muito sol". 
Acho que ela queria que animar, porque eu parecia tão infeliz. 
"Não é assim, mãe, eu estou apenas pensando sobre como eu deveria viver hoje.Não estou procurando 
por um lugar fácil de viver". 
É o que eu estava gritando em meu coração. 
 
Fui ao banheiro para lavar meu rosto, chorando, e me olhei no espelho. 
"Que rosto sem vida eu tenho!" 
Eu me lembro de dizer para minha irmã de um jeito legal da maneira que eu poderia encontrar algum 
charme em meu rosto, mesmo que eu fosse feia.Mas eu não poderia dizer isso com o rosto que tenho 
agora.As novas expressões faciais que tenho agora, incluem choro, sorriso, um olhar sério, e um rosto 
carrancudo.Eu não posso manter uma expressão viva e brilhante, nem ao menos por uma hora. 
 
Não posso nem cantar mais.Os músculos em volta da minha boca tem um tipo de tique.E por causa da 
diminuição na força dos meus músculos abdominais, só posso sussurrar como um mosquito. 
 
Tenho tomado os comprimidos brancos todos os dias, por uma semana agora.Meu tempo para falar 
acelerou um pouco, e se ficou mais fácil para engolir alimentos. A tensão na minha perna direita tem 
melhorado lentamente.No entanto, ainda tenho dificuldade para mover minhas pernas para frente, e elas 
ainda doem. 
 
 
Eventos de outono. 
 
 O festival da escola. 
 
Minha mãe e minhas irmãs vieram.Minha mãe disse que estava em lágrimas assistindo a professora 
dançar no palco. 
"Como pode?" perguntei. 
 
"Talvez porque parecia que ela estava tentando tanto.Em uma escola normal, apenas os alunos dançam, 
não é?Fiquei comovida por ver uma professora dançando sinceramente junto com os alunos, acho que 
por isso chorei.E também havia aquele garoto que estava vestido de macaco e andava como alguém que 
sofre de paralisia cerebral.Mas na verdade ele não tem escolha, ele anda assim.Talvez, por ser o papel 
perfeito para ele, todo mundo riu, e aquilo me fez chorar ainda mais". 
Então percebi que puxei o lado chorão dela. 
"Mas mãe", respondi, "por volta de abril, quando vi S-chan cair e dar risada, pensei que ela era uma 
super-mulher.Me perguntava se um dia eu seria forte como ela.Mas esses dias, até eu posso rir quando 
caio, acho que todo mundo riu quando viram o traje de macaco do menino, e não pelo jeito que ele 
andou". 
 
 
 O Undokai, encontro atlético. 
 
Eu nunca imaginei que uma escola para deficientes teria um encontro atlético.Queria saber como os 
estudantes poderiam todos desfilar, se não conseguiam andar... (Eu esqueci completamente que algumas 
pessoas podem andar, e também existem as cadeiras de rodas).Houve um verdadeiro sentimento de 
satisfação em concluir alguma coisa por ajudar e cooperar uns com os outros, e contribuindo com coisas 
que faltavam. 
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Os estudantes em condições graves produziram um criativo espetáculo de dança por eles mesmos. 
Quando chegou a hora das folhas de outono caírem, eu fui estúpida e me juntei ao grupo errado e os 
derrubei! No entanto, eu estava dançando o mais duro que conseguia, como uma borboleta ( pelo menos 
em meu coração...) 
 
Por sermos todos casos graves, achei que seria impossível apresentar um belo desempenho.Mas me 
surpreendi quando assisti o vídeo na biblioteca, que belo show demos!Podemos fazer se tentarmos. 
 
Uma forte impressão que estava olhando para cima e vendo o fresco azul do céu enquanto eu estava 
dançando. 
 
Acho que a maior diferença entre esse e o encontro atlético que tive em Higashi High é que eu mudei de 
ser só um estranho, para alguém que está envolvido.E eu mudei meu modo de pensar : agora eu percebo 
que se tentar o suficiente, posso fazer coisas que pensei que nunca poderia fazer por causa de minhas 
sérias condições. 
 
Os professores me encorajaram.Me disseram coisas como, "Aya, você pode fazer se tentar!A 
apresentação será ótima", e, " a dança foi melhor graças a você que derrubou as folhas!" 
 
Dr. Yamamoto me disse uma coisa semelhante : "Pequena Aya, acho que alguma coisa em sua mente 
começou a mudar, porque agora você está ciente que você está envolvida". 
 
O professor Suzuki voltou de seu estudo a longo prazo e curso de treinamento.Ele me disse que havia 
estudado enquanto esteve com crianças que sofrem de graves deficiências físicas. 
"Alguns tem 10 anos de idade, mas a idade mental é de um bebê de um ano, então eles não respondem a 
nada.Eles vão colocando qualquer coisa na boca, até mesmo uma pedra ou um pedaço de barro.. 
Olhando para aquelas crianças, eu percebi que deve haver algum tipo de orientação adequada para 
bebês. A questão é, temos que fazer um esforço eterno, e sempre ter boas técnicas para dar a orientação 
adequada para cada indivíduo. Todos estão tentando duramente, aqueles com uma grave deficiência 
física, os professores que os orientam, você e eu, Aya. Então, vamos mantê-la, vamos?" 
 
Ouvindo suas palavras, me senti um pouco envergonhada e ingrata.Até agora, pensei que não seria tanto 
sofrimento se minha inteligência fosse proporcional a inconveniência do meu corpo... 
 
Quando eu era uma estudante da escola primária, eu queria ser médica. Então quando eu estudava no 
Higashi High, comecei a pensar que seria legal fazer faculdade de literatura. Mas apesar de eu ter 
mudado muito meu modo de pensar, sempre tive a sensação que eu quero fazer algum tipo de trabalho 
que seja útil para os outros. 
 
Eu não tenho nenhuma meta específica agora, mas gostaria de saber se eu poderia dar as refeições ou 
alguma coisa assim, para as crianças que não podem se mover.Gostaria de ajudá-los a entender o calor 
humano, segurando suas cadeiras de rodas.Me pergunto se posso, pelo menos, ser útil para alguém?! 
 
Há muito tempo atrás, Atcham me disse, "Seria melhor se eu não tivesse nascido". Eu fiquei tão surpresa 
de ouvir aquilo.Era uma surpresa confortável, porque afastou todosos ressentimentos que foram 
depositados no fundo do meu coração, juntamente com muitos suspiros.Eu tinha pensado da mesma 
forma muitas vezes, mas sabendo que uma criança que não consegue se mover e ainda não tem a 
chance de pensar nisso.Não pude deixar de me sentir muito triste. 
 
Não posso mais voltar ao meu passado.Minha mente e meu corpo estão exaustos como uma pedaço de 
pano velho.Por favor, me ajude, professores! 
 
Estava cansada de tanto chorar, mas eu consegui responder uma tabela de cálculos.Minha resposta 
estava perfeitamente correta! Fiquei tão feliz.Mas demorei bem uns 55 minutos, o que não é tão bom. 
 
O ano acaba. 
 
Eu escrevi meus cartões de ano novo.Eu só sei alguns códigos postais, incluindo 440 ( para a cidade de 
Toyohashi) e mais dois ou três outros. 
Me deparei com vários códigos esse ano, em parte porque passei a conhecer melhor meus professores e 
amigos em Tokayo. O Japão é um país enorme. 
 
Todos estão ocupados fazendo a limpeza de final de ano, fazendo bolo de arroz e compras.O que eu 
devo fazer? 
"Aya, você está em boas condições, não está?", minha mãe perguntou. 
"Você pode limpar o chão?" 
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"Claro". 
Ela torceu os panos molhados para mim, e os colocou no chão, a uma certa distância. 
 
Estou perdendo meu entusiasmo pelo Ano Novo.Por que não posso me sentir renovada e pensar em 
planos para o Ano Novo? Gritei alto, senti que de alguma forma eu estava emperrada. 
 
Um professor no Higashi High me disse uma vez, "O importante para resolver um problema sobre o 
modernismo japonês é entender o que a questão está pedindo e segui-la com uma mente aberta.Para se 
tornar mente aberta, você não deve ter qualquer tipo de preconceito.Para esse propósito, você deve ler 
muitos livros, quanto mais você ler, menos preconceitos você terá". 
 
Sim, eu irei ler muitos livros.Eu percebi que a consideração pelos outros e seus sentimentos, é também 
alimentada através da leitura.De vez em quando, eu paro de falar quando decido que não posso ser 
entendida, por mais que eu tente.Várias vezes eu me arrependi depois, pensando que eu deveria ter feito 
algo diferente, e é por isso que fico cada vez mais depressiva. 
 
Eu decidi escrever minha primeira caligrafia do ano. Peguei um novo pincel de escrita fina e molhei na 
tinta.É difícil escrever sem um modelo.A vida sem um método é ainda mais difícil. 
 
Depois de praticar por um tempo, escrevi uma boa cópia : dócil. 
 
Uma desordem da fala. 
 
Estou tendo dificuldades para pronunciar o MA, WA e BA , e também o N . Durante de a aula de química, 
fui chamada para responder.Eu sabia que a resposta era MAINASU (menos), mas não consegui 
pronunciar.Minha boca pode formar o movimento correto, mas não pode soltar qualquer som, só sai ar.É 
por isso que não podem me entender. 
 
Esses dias, eu tenho conversado muito comigo mesmo.Até agora, eu não gostava de fazer isso porque 
eu achava que me fazia parecer estúpida, mas acho que vou tentar fazer mais vezes agora.É uma boa 
prática para minha boca.Não importa se tem mais alguém ou não, estou falando... 
 
Eu pensei em concorrer para o cargo de secretária do Conselho Estudantil.Concorri quando estava na 
quinta série na escola elementar.Haverá um debate público entre os candidatos, então eu devo treinar 
minha fala.Ah, são tantas coisas pra fazer, incluindo treinamento e estudo.Estou atolada até o pescoço. 
 
Me lembro de ter uma grande briga com uma colega de classe durante aqueles dias na escola 
primária.Um dia, eu saí para levar meu cachorro Kuma, passear na praça, minha colega estava lá com 
seu irmão mais velho e seu cachorro.A briga começou quando ela mandou seu cão para cima de Kuma. 
"Por que você fez isso?", perguntei. 
"Porque meu irmão me disse para fazer", ela respondeu. 
Eu fiquei muito brava e disse, "então você cometeria um assassinato sem pensar duas vezes se seu 
irmão te dissesse para fazer isso?Ele não está sempre certo, está?" ( É o tipo de lógica que aprendi com 
minha mãe). 
 
Mas ela não parava seu cachorro, então uma grande briga entre nós, seres humanos, começou.Foi tão 
feroz, tão intenso! Eu não parei mesmo quando minha cabeça foi empurrada em uma vala.Meu irmão 
mais novo e minha irmã me apoiaram. 
 
Sim, com esse poder e sentido de justiça, Aya definitivamente deveria concorrer pelo cargo no Conselho 
Estudantil. 
 
Meu distúrbio na fala está se tornando mais evidente.Quando estou conversando, ambas as partes agora 
precisam de muito tempo e paciência.Não posso dizer, "Er, com licença..." enquanto tento passar por 
alguém.Não posso ter uma boa conversa a menos que as duas pessoas, a que estou tentando conversar 
e eu, estejam preparadas para ouvir e falar.Eu não posso nem ao menos expressar momentos de 
felicidade com palavras como "O céu está lindo.As nuvens se parecem com sorvete". 
Fico muito frustrada. 
Fico muito incomodada. 
Me sinto miserável. 
Me sinto triste. 
E, no fim, lágrimas caem dos meus olhos. 
 
 
Frustração. 
 
Um dos professores me parou hoje e disse, "Aya, você está se sentindo frustrada?" 
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Eu fiquei sem palavras.Eu suponho que eles devem ter concluído isso a partir das minhas perguntas, 
meus ensaios, meus desenhos, etc.Mas caramba!Como eles podem achar que o que está dentro do meu 
coração é simplesmente uma frustração? 
 
De uma pessoa com um corpo saudável, me tornei a uma pessoa com deficiência e minha vida mudou 
muito por causa disso.Além do mais, minha doença ainda está avançando, agora estou lutando contra 
mim mesmo.Não posso ter nenhum sentimento de satisfação enquanto estou lutando.Enquanto passo por 
todas essas preocupações, eu sei que as coisas não se resolveriam se eu pedisse para alguém ouvir o 
que tenho a dizer, mas eu só queria que eles tentassem entender como me sinto, e que me apoiassem, 
mesmo que só um pouco.É por isso que consulto o professor Suzuki, mostrando para ele meu caderno de 
anotações, que inclui todos os meus pensamentos e preocupações.Os outros professores me dizem que 
devo tentar digerir tudo para dentro de mim.Mas eu não posso me levantar, ou mesmo me mover, porque 
o peso que carrego nos ombros é muito pesado. 
 
"Eu pareço uma garota que representa frustração?" perguntei para minha mãe. 
"Todo mundo sofre de frustração", ela respondeu."É melhor ser corajosa e dizer o que você pensa, se 
você se importar muito com o que dizem a você, ou as coisas que você fez, eles vão pensar que você 
está sempre preocupada com alguma coisa!" 
Eu sei que não respondo rapidamente.Algumas vezes nem sequer admito a mim mesma que sou 
deficiente.Estou em profundo desespero.Mas, estranhamente, eu não sinto como se estivesse morrendo, 
porque sinto que um momento de diversão virá algum dia no futuro... 
 
Jesus Cristo disse que viver neste mundo é um teste divino.Ele quis dizer que enquanto você está 
partindo, você deveria olhar para si mesmo após a morte...? Eu preciso ler a Bíblia. 
 
Refeições. 
 
Eu não posso mais usar o hashi muito bem.Meu polegar direito não estica o suficiente e os outros dedos 
ficam rígidos e não se movem, então não posso segurar a comida entre os pauzinhos.A maneira que 
como agora evoluiu naturalmente, já domino minha própria maneira de comer. 
 
O cardápio dessa noite incluía arroz, camarão frito, salada de macarrão e sopa.Primeiro de tudo, coloquei 
a salada de macarrão no arroz.Faço tudo isso com materiais pequenos.Eu consigo segurar um camarão 
frito, porque é grande, mas não sou muito boa com macarrão ( embora eu ame udon). 
 
Tenho que ser cuidadosa para engolir, eu engasgo com frequência, então tenho que transportar a comida 
com um bom tempo, mover minha boca e um certo ritmo, segurar a respiração, e então engolir. 
 
Chika, minha colega de classe,não consegue usar muito bem a mão esquerda, então ela traz a boca 
para perto do recipiente para comer.Teru-chan coloca tudo, como o arroz, os acompanhamentos e os 
ingredientes da sopa de misô em seu prato.Estou em algum lugar entre elas.Eu posso usar minha mão 
esquerda, então posso segurar o recipiente.Isso significa que posso fingir olhar como se eu fosse uma 
pessoa comum. 
 
Um tempo atrás, li um livro escrito por Kenji Suzuki, o apresentador de TV.Nesse livro ele disse que, 
quando duas pessoas com deficiência se encontram em um "casamento arranjado", a primeira coisa que 
eles deveriam fazer era revelar suas fraquezas. O meu jeito de comer é uma fraqueza? 
"Estou mais notável por ser tão lenta?" perguntei para a inspetora. 
"Ainda mais dizendo isso", ela respondeu, "Eu sinto pena de você". 
Foi uma observação um pouco chocante. 
Eu sinto pena que, novamente em Okayo eu tenha que ter pessoas fazendo tudo por mim. 
Pessoas com deficiência são classificadas em duas categorias: casos graves e casos leves. 
Eu era classificada como caso grave. 
 
Março. 
 
Parabéns a Ako e Hiroki pela graduação da escola secundária.Agora vocês tem que enfrentar os exames 
de admissão para o ensino médio.Boa sorte!! 
 
Sinto como se estivesse saindo para os campos 
 
A chuva de primavera cai silenciosamente. 
 
Essa primavera traz apenas solidão. 
 
Estou realmente preocupada com meu futuro.Já virei as costas para minha vida sem estar ciente disso.O 
que aconteceu com minhas esperanças para o futuro?Eu já não posso pensar seriamente sobre o que 
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quero ser.Deixa pra lá.As ondas do meu destino me levaram embora.Eu nem ao menos sei qual o tipo de 
ocupações me sobraram. 
"Haverá mais um ano", minha mãe disse. 
"Só tenho mais um ano", eu acho. 
Eu não sei mais o que fazer com nosso modo de pensar. 
 
Os estudantes que vêm para a escola todos os dias de Aoi Tori Gakuen Centro de Assistência Social - e 
aqueles que moram nos dormitórios desde que eram jovens , são diferentes para mim. 
Eles não tem hesitações e eles parecem viver suas vidas calmamente. 
"Nós não nos importamos por uma trapaça, mas pelo menos seja pontual!" 
Porque eu estou sempre lenta e atrasada, o professor e a inspetora me disseram a mesma coisa.Mas 
assumir a limpeza, por exemplo : Eu sou lenta, mas ainda assim quero limpar corretamente.Não posso 
trapacear assim... 
 
Uma das inspetoras é muito gentil.Ela me envolve com um amor como de uma mãe, eu gosto muito dela 
porque ela faz com que eu me sinta relaxada.Ela me disse que não consegue dormir bem durante a noite, 
então acho que vou dar um bichinho de pelúcia a ela.A outra inspetora é a que sempre me apressa, 
repetindo que sou lenta.Mas ela me observava calmamente outro dia por cerca de 10 minutos quando eu 
estava atravessando o corredor de 3 metros de largura do dormitório.A bondade delas difere na 
qualidade. 
 
Eu ouvi minha mãe conversando com uma das inspetoras: 
"Eu lembrar de Aya até quando eu morrer". 
Não sabia que ela estava pensando tão profundamente.Percebi que era como o amor de uma mãe. 
 
Esqueci de apertar o botão para começar a carregar a máquina (minha cadeira de rodas elétrica), então 
ela deixou de ser uma máquina.Eu estava em apuros.Eu a empurrei para subir a ladeira com toda a 
minha energia.Senti dor na parte inferior das minhas costas, pausei por um breve momento no corredor 
de ligação no segundo andar.Eu podia ver alguma coisa pequena se movendo, quando olhei para o chão, 
era um cachorrinho.Parecia solitário. 
 
Só então um professor passou por lá. "Ah, cães gostam de um bom cenário, também!" 
 
Percebi então que os sentimentos que você tem por algo que não pode falar depende da pessoa, ou do 
seu humor no momento. 
 
O que devo fazer depois da graduação?Nos últimos dois anos, minha doença piorou muito.Minha mãe 
disse que eu devo me concentrar em obter tratamento consultando o Dr. Yamamoto.Não é uma questão 
de saber se posso me motivar ou não, não é tempo para esperar um incentivo, também.Eu apenas tenho 
que continuar. 
 
Coloquei meus pés debaixo da mesa e comi uns salgadinhos.Ako tinha deixado para mim. "Aguente firme 
Aya!" ela me disse. 
 
Recentemente tenho sentido alguma coisa estranha.Às vezes minha vista fica embaçada e meu cérebro 
começa a latejar.O formato do meu pé direito também mudou.A articulação do meu dedão do pé está 
saliente e os outros dedos estão meio achatados.Sinto nojo em pensar que esse é meu pé.Agora eu 
tenho 1,49 cm de altura e peso 36 kg. Espero que meu pé não perca a força para suportar meu corpo. 
Você está me ouvindo, pé feio? 
"Estou cada vez pior e não posso mais andar", eu disse para a inspetora quando ela estava me ajudando 
a carregar a cadeira de rodas.Houve um tempo em que minha doença estava em uma fase leve, e eu 
podia andar.Naquele estado, eu podia ajudar cuidando das outras pessoas no quarto.Mas eu vim só 
depois que me tornei indefesa, e agora as outras pessoas tem que me ajudar.Eu realmente sinto muito 
por isso..." 
 
Perto de acabar, foi difícil conseguir pronunciar as palavras corretamente, mas eu consegui me segurar 
para não chorar. 
 
Minha mãe estava chorando. 
"Foi seu destino ter essa doença, e foi também nosso destino como pais ter uma filha como você. Aya, 
tenho certeza que você está passando por momentos difíceis, mas nós estamos tendo um momento 
ainda mais difícil.Você deve viver fortemente!" 
 
Quando eu estava voltando para o dormitório para trocar de roupa e me preparar para a lição de 
educação física, algum catarro ficou preso em minha garganta, quase sufoquei até a morte.Não consigo 
fazer nenhum tipo de pressão abdominal e não tenho muita capacidade pulmonar, então eu não consegui 
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me livrar dele.Foi muito doloroso.Eu definitivamente sinto que vou morrer um dia por alguma coisa 
insignificante como essa. 
 
Terceiro Grau do colégio. 
 
 
Pensando que minha vida escolar em breve chegará ao fim, coloquei meu nariz no Comitê Executivo. 
E também trabalhei duro para a festa de natal, ansiosa para entreter todo mundo.Eu estava tão ocupada, 
mas estava satisfeita comigo mesma este ano, porque fiz várias atividades para o bem de outras 
pessoas. 
"Eu não quero deixar pequenas coisas me derrotar", minha mãe disse, "então, Aya, você também terá 
que aguentar uma guerra prolongada". 
Eu estava com vergonha de mim mesmo por pensar só no presente.A primavera logo acabará. Enquanto 
coloco minha mão para fora da janela do carro para pegar as pétalas de flores flutuando por aí, eu podia 
sentir o profundo amor de minha mãe.Isso me deu uma paz. 
 
Fico com mais medo quando me levanto pela manhã do que quando vou dormir por conta própria.Demoro 
cerca de uma hora para dobrar o futon e colocar meu uniforme, mais meia hora para ir ao banheiro, e 
então 40 minutos para o café da manhã.Quando meu corpo não está se movendo suavemente, demora 
mais ainda.Não tenho nem tempo para olhar para o rosto de alguém e dizer "Bom dia".Tenho tendência a 
olhar para o chão o tempo todo.Essa manhã, eu caí de novo e bati fortemente meu queixo.Eu chequei 
para ver se estava sangrando, não estava, então me senti aliviada.Mas eu sei que em alguns dias eu 
começaria a sentir alguma dor, com escoriações nos ombros e nos braços. 
 
Perdi meu centro de equilíbrio na banheira e afundei borbulhando na água.Estranhamente, não senti 
como se pudesse morrer, no entanto, vi um mundo transparente.Acho que o céu é assim... 
 
Coloquei a mão no meu peito. 
Posso sentir meu coração batendo. 
Meu coração está funcionando. 
Estou feliz.Eu ainda estou viva! 
 
As gengivas acima do meus dentes da frente estão inchadas.Os nervos morreram novamente. 
 
Fui com o grupo de deficientes físicos em uma viagem anoite.Muitos voluntários foram junto para cuidar 
de nós.Como crianças de três anos de idade, na fase da rebeldia, eu tive que continuar dizendo, "eu 
posso fazer isso por mim mesmo, então eu vou fazer!".Isso atormenta minha consciência.Etsuyo come 
sua comida deitada.Uma garota que estava passando por lá olhou para ela com uma expressão 
engraçada no rosto.Estou feliz por poder comer sentada.Começo a pensar que deficientes são todos 
iguais, embora nossas deficiências tenham formas diferentes. 
 
Rika, minha irmã de quatro anos, estava com a gente.Ela disse uma coisa cruel : 
"Você não é bonita, Aya, sabe, porque você balança". 
 
Eu cuspi meu chá involuntariamente quando ouvi aquilo.Crianças são cruéis porque elas falam as coisas 
de uma forma direta, sem perceber que podem machucar alguém pelo o que dizem. 
 
A excursão escolar. 
 
Eu estava pensando que seria muito difícil para mim ir para a excursão da escola.Mas parece que poderei 
ir, minha mãe vai comigo e meu pai vai cuidar da casa. 
 
 Uma recordação de minhas impressões. 
 Pombos e eu : Hiroshima Peace Memorial Park. 
 
"Po-po-po" e "Kuru-kuru" o barulho dos pombos.No início, eles não vieram para perto de mim (acho que 
estavam com medo da cadeira de rodas ).Mas quando eu peguei comida de pássaros, eles vieram e 
pousaram sobre meus ombros, meus braços, e minha cabeça.Reparei que os pombos e a pessoa que 
joga a bomba, ambos são tipos muito pensativos. 
 
Andei ao redor do museu Peace Memorial a uns minutos atrás, estava escuro lá dentro.Somente as 
exibições são iluminadas, então é preenchido com um estranho tipo de atmosfera pesada.Tem um 
modelo em exposição mostrando o tempo de bombardeio, uma mãe e uma criança com roupas 
esfarrapadas estavam escapando de alguma coisa de mãos dadas.Tudo em volta deles estava vermelho 
com o fogo, era a mesma cor do meu sangue quando caí e me cortei. 
 
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"É revoltante!" minha mãe murmurou atrás de mim.Ela virou seu rosto para mim e disse, "Eu não deveria 
dizer isso, deveria??Eu deveria dizer 'sinto muito por eles', porque eles não queriam que fosse assim". 
 
Eu não achei que era revoltante.Aquilo não era quase nada sobre o bombardeio, aquilo não era tudo 
sobre a guerra.Uma simples criança como eu, que não sabe nada sobre a guerra, estava fingindo saber. 
 
Haviam algumas aves feitas por Sadako, que morreu de uma doença de bombas, elas eram feitas com 
uma espécie de papel vermelho transparente. 
 
Eu não quero morrer! Eu quero viver! 
Senti como se eu pudesse ouvir os gritos de Sadako.Mas, que tipo de doença é uma doença de 
bomba??Ainda existem pessoas que sofrem com isso depois de 35 anos, então é uma doença 
hereditária?Perguntei para minha mãe, mas ela não sabia exatamente. 
 
Havia um cavalo cheio de quelóides, azulejos quebrados por raios de calor, garrafas de 1,8 litros 
derretidas, um pouco de arroz queimado em uma marmita de alumínio, roupas surradas de pessoas que 
estiveram na guerra, etc. 
 
A realidade de tudo isso coloca uma pressão implacável sobre você.Nós não temos experiência com a 
guerra, mas não podemos fugir e fingir que não sabemos nada sobre isso.Não importa se gostamos disso 
ou não, temos que admitir que muitas pessoas morreram no bombardeio em Hiroshima.Acho que a 
melhor homenagem para quem morreu, é a promessa de que nunca vamos deixar que tal tragédia 
aconteça novamente. 
 
Depois de um tempo, eu percebi que haviam algumas crianças da escola primária de Hiroshima no 
interior do Museu.Elas olhavam para as exposições e para mim em minha cadeira de rodas com a mesma 
expressão, como se eles estivessem olhando para algo horrível.Pensei que não deveria me preocupar 
com o olhar dos outros. 
"Talvez uma cadeira de rodas e uma cadeira e um piloto de cadeira de rodas sejam coisas incomuns para 
eles". 
Pensando assim, pude me concentrar nas exposições. 
 
O professor chamou então descemos, me senti aliviada por escapar daqueles olhos desconfortáveis e da 
atmosfera pesada. 
 
Tinha começado a chover lá fora, minha mãe tentou colocar uma capa de chuva em mim enquanto eu me 
ajeitava na cadeira de rodas.Eu tentei impedi-la, dizendo, "Isso não é legal". Mas ninguém estava dizendo 
nada, então eu relutantemente fiz o que ela disse, ela colocou uma toalha sobre minha cabeça também. 
 
As hortaliças frescas no parque estavam bonitas.As árvores estavam todas molhadas da chuva.Estavam 
brilhando sob o céu nublado.O fresco amarelo-verde das folhas das árvores de cânfora, estava linda 
contra seus troncos negros.Eu queria desenhá-los. 
 
Fomos ainda mais fundo no verde das árvores e fomos para o Sino da Paz.O teto arredondado 
sustentado por pilares representa o Universo.As folhas de lótus morrendo na lagoa em torno do sino 
também parecem ter uma história. 
"Qualquer um que quiser tocar o sino, venha aqui", disse um dos professores. 
Olhei. Terada e Kasuya foram tocar. 
 
DONG...DONG... 
 
O som desapareceu na distância. 
"Estou ouvindo o som desse sino desejando 'paz' então eu devo fazer tudo o que puder, mesmo que eu 
não toque a campainha". 
Pensando assim eu fechei os olhos e rezei. 
 
Por causa da chuva,a água do rio Ohta estava cor de terra, depois que a bomba foi lançada, estava cheio 
de pessoas feridas, elas choravam."Está muito quente, muito quente!". Imaginar a cena na minha cabeça 
era mais assustador do que olhar as fotos no museu. 
 
Os pombos vieram e pousaram sobre meus ombros e meus braços um após o outro.As patas estavam 
quentes e macias, eles se reuniram em torno de mim bicando a comida que eu estava segurando.Havia 
um monte deles, são pombos selvagens, então não são particularmente bonitos.Achei um com as pernas 
ruins, estava andando apesar de ter uma perna incapaz.Eu tentei obstinadamente alimentar apenas o que 
tinha deficiência, mas não consegui fazer isso muito bem.Existem tantos pombos no parque, eu acho que 
é apenas uma deficiência e ele não podia andar, como eu, mas talvez ele não poderia viver. Percebi que 
deveria ser grata por ter nascido como pessoa e posso pelo menos, continuar viva. 
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Estou desejando por 'paz' por que sou uma pessoa que só pode viver em um 'mundo de paz' ??? 
Isso é um desejo um pouco vergonhoso. 
 
Depois de um tempo, eu também me senti como um pedaço de comida para os outros pombos, e não só 
para o com a deficiência.Enquanto eu olhava os pombos com seus passos vacilantes, eu pensei sobre o 
sentimento de "bem-estar" que temos em nosso mundo humano. 
 
Capítulo 5 - 18 anos (1980-81) - Sabendo da verdade. 
 
Tive um grande choque hoje.Aqui está a conversa que tive com Rika, que tem apenas 4 anos. 
"Aya, eu quero cambalear como você". 
"Mas aí você não poderia andar ou correr, e acabaria achando chato", respondi, "Nós já tivemos muito 
deste problema comigo". 
"Tudo bem, então eu não quero isso", ela disse imediatamente. 
Isso aconteceu no corredor de entrada.Minha mãe estava em algum lugar da casa, me pergunto o que ela 
pensa quando nos ouve?! 
 
Fim das férias de verão do colégio. 
 
Tomei banho pela manhã (para deixar meu corpo mais flexível).Minha mãe estava ocupada, circulando 
pela casa e dizendo que estava muito calor.Eu senti pena dela, porque eu não posso sentir calor, então 
trabalhei em cálculos matemáticos até suar. 
 
Depois do almoço, tive dor de dente.Aproveite que estava em casa para chorar. 
"Quantos anos você tem?", meu irmão disse.É a observação favorita dele. Ele colocou um pouco de gelo 
em uma sacola plástica para mim, aquilo gelou minha bochecha e eu dormi por duas horas me sentindo 
confortável. 
 
Quando minha mãe chegou em casa, ela pediu alguns analgésicos Sin Konjisuipara meu dente.Joguei 
gomoku com meu irmão.Ele me deu uma surra, 8 a 2.Ako chegou tarde em casa por causa do serviço de 
meio período. 
A meu pedido, tivemos tofu frio e sashimi para o jantar. 
 
À noite, enquanto estava em pé para apagar a luz do quarto eu caí de novo, violentamente...Fiz um 
barulho terrível e minha mãe entrou voando. 
"O que aconteceu? Aya, você precisa usar a cabeça e trabalhar nas coisas que aprendeu até agora.Se 
você continuar caindo assim, eu não poderei trabalhar com a cabeça tranquila". 
Enquanto dizia isso, ela colocou um longo fio para que eu pudesse acender a luz. 
Eu preciso ser mais cuidadosa com as coisas que faço durante a noite. 
 
Limpei meu quanto com entusiasmo, pensando "hoje é O dia!".Eu estava me movendo sobre os joelhos, 
então o aspirador não sugava direito a sujeira, mas eu trabalhei desesperadamente para conseguir.Me 
senti muito bem depois. 
 
Keiko veio me visitar. 
 
 Como plantas aquáticas 
 Flutuando sobre uma lagoa, 
 Conversando com minha amiga, 
 Basta olhar um para o outro, 
 Sobre nossos sentimentos mais profundos. 
 Minha amiga com os olhos brilhando 
 Me falava sobre seus sonhos. 
 
Keiko falou muito sobre seus sonhos para o futuro, senti como se nos tornássemos adultas. 
 
Amanhã é o dia para entrar no hospital de novo. 
 
Segunda estadia hospitalar. 
(Nagoya Health University Hospital) 
 
Dessa vez, as principais tarefas serão checar o progresso da minha doença, tomar injeções de um novo 
medicamente, e me submeter a reabilitação.A diferença sobre a estadia anterior é que me pediram para 
não sair sozinha (por causa do perigo de cair). 
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Quando fui ao banheiro, olhei para fora sobre o peitoril da janela.Me senti deprimida quando vi paredes 
cinzentas e prédios pretos. 
"Por que você parece tão cansada?", perguntou a enfermeira que me acompanhava. 
 
Meu nistagmo (movimento involuntário dos glóbulos oculares de um lado para o outro) está se tornando 
mais evidente esses dias.Checaram meus olhos na sala para testes de ondas cerebrais.O médico 
também tinha uma perna ruim, me dei conta que eu poderia trabalhar se ao menos uma parte do meu 
corpo funcionasse corretamente. 
"Por que você está colocando esse creme aí?" perguntei. 
"Porque você está tendo um checkup", o doutor respondeu. 
Aquela resposta me pareceu um pouco estranha.Gostaria de saber se ele responde assim para as 
pessoas normais.Talvez eu pareça estúpida por ter tanto uma deficiência física, como um distúrbio na 
fala. 
 
Dr. Yamamoto me levou para o Hospital Universitário de Nagoya em seu carro, para poder realizar alguns 
testes.Se eu olhar de repente para frente, a bola vermelha eu posso ver, fica embaçada, dividida em duas 
partes.Dessa vez tentei olhar de novo, mas não repentinamente, parecia menos embaçada na 
esquerda.Como pensei, a desordem dos meus nervos motores do lado direito estão progredindo mais.No 
carro, eu disse ao Dr. Yamamoto que depois da injeção eu não me sentia mal como de costume, e eu 
gostaria de saber se o novo medicamento não estava mais funcionando em mim.Eu também disse que 
apesar do meu tendão de Aquiles ter amolecido um pouco, minha dificuldade para falar estava piorando. 
 
"Quanto ao distúrbio da fala", ela disse, "a melhor coisa é falar o que você quer do começo ao fim, mesmo 
que tenha dificuldades para pronunciar todas as palavras.As pessoas irão se acostumar com seu jeito de 
falar". 
 
Treinando. 
 
1. Usando um par de muletas.(Eu quase caí porque não tenho muita força na mão direita). 
2. Praticando levantar da cadeira. 
3. Embora já tivessem me falado que eu não poderia andar a menos que eu pudesse me ajoelhar, sentia 
tontura e não conseguia fazer isso muito bem. 
4. Trabalhos manuais: tricô, fazer coisas, etc. 
 
20 dias no hospital.Tive a segunda rodada de testes das minhas funções. 
"Não houveram grandes mudanças", eles me disseram. 
Fiquei chocada! 
"Mas você também não piorou", acrescentaram. 
Isso não é bom! Eu tenho que melhorar, mesmo que só um pouco. 
 
Fui para a sala de reabilitação.Haviam muitos deficientes físicos adultos lá, mas não muitas 
crianças.Tinha um homem que estava paralisado de um lado, resultado de um acidente. Quando ele me 
viu ranger os dentes ao tentar me ajoelhar no tapete, ele estava enxugando as lágrimas.Com meus olhos, 
eu disse a ele: "Olha, eu realmente não posso me permitir chorar agora.Estou com muita dor, quero 
chorar, mas vou guardar para quando eu puder andar.Você também deveria guardar, ok?" 
 
Me senti inquieta e ansiosa sobre quanto esforço terei que fazer para ser capaz de andar. 
Quando voltei para o meu quarto, eu segurei algumas agulhas de tricô, embora ao invés de dizer 
"segurei", deveria dizer algo como " agarrei".Um vez que eu os agarro, não posso deixá-los ir novamente, 
meu corpo fica forte e eu não posso abrir as mãos ou firmar o punho.Levo uns 30 minutos para tricotar 
apenas uma linha. 
 
Acho que vou praticar a música infantil Musunde, hiraite ( firme seus punhos, e os abra...), mantendo 
segredo dos outros pacientes do meu quarto. 
 
Sempre que o diretor do hospital, ou o médico responsável está ao redor, muitos dos jovens internos os 
seguem.A conversa deles faz com que eu me sinta triste. 
 
Item 1 . A rota do computador dentro do meu cerebelo está quebrada, então os movimentos que as 
pessoas comuns podem fazer involuntariamente só são possíveis depois que as instruções forem 
alimentadas uma vez em meu cérebro. 
 
Item 2. Meu sorriso ocasional é patológico. 
 
Os estagiários ouviam seriamente o diretor do hospital, ou o médico responsável, mas eu me senti meio 
estranha.Não é bom que os outros falem de você daquela maneira.Eu gosto dos estagiários porque é 
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engraçado quando conversamos sobre livros ou amigos, mas eles mudaram durante as visitas, fiquei 
curiosa sobre isso.No entanto, eles não poderão se tornar bons médicos a não ser que estudem muito, 
então acho que não tem problema... 
 
Eu posso me mover ativamente pelo hospital, graças ao excelente serviço da minha cadeira de rodas, 
quando vou para a reabilitação, testes e tratamento dentário.Fiz amizade com muitos pacientes e 
enfermeiras.K-san fez alguns bolinhos de arroz para mim, o homem de meia idade que me deu um melão 
me convidou para assistir televisão com ele à noite, uma enfermeira me trouxe sorvete, uma mulher de 
meia idade do quarto 800 arrumou um vaso de flores para mim. 
Eu li um conto de berçário com Mami-chan, sinto como se eles fossem meus parentes. 
Quando o homem de meia idade estava deixando o hospital, ele me disse, com lágrima nos olhos, "Aya, 
faça seu melhor até o último minuto!". 
Eu realmente tive a chance de conhecer uma grande variedade de pessoas. 
Todo mundo diz, "Você é uma boa menina, Aya.Eu te admiro". (Mas eu fico constrangida porque eu não 
acho que sou uma 'boa menina' ). 
Estou aqui por um curto período de tempo, mas nunca vou esquecer todos vocês. 
 
Formatura. 
 
Conforme se aproxima o dia da formatura, o assunto em todas as salas estavam focados em atitudes 
para entrar na sociedade mesmo com uma deficiência e possíveis locais de trabalho.Quando entrei no 
Higashi High, estudei com o objetivo de ir para a universidade.Quando eu estava no segundo ano na 
Okayo, eu ainda podia andar e pensei que pudesse encontrar um emprego.Mas tudo isso se tornou 
impossível quando me tornei um aluno do terceiro ano. 
 
Tal pessoa = Companhia tal. 
Tal pessoa = Escola de formação profissional. 
Aya = Ficar em casa. 
Esse é um caminho

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