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Resumão de Psicofisiologia Aulas 1 e 2. "O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma". (Charles Chaplin) Inspiração vem dos outros, motivação vem de dentro de nós. Homeostase - Definida como a permanente tendência dos organismos de manter a constância do meio interno por Walter Canon (1871-1945), é atualmente reportada como a manutenção do ambiente interno do organismo dentro de estreitos limites fisiológicos (Bear, 2008). O fundamental é entendermos que a manutenção do organismo em homeostase assegura as condições necessárias para uma vida livre e independente. Sempre que tudo está funcionando bem, temos a certeza de que nosso organismo está conseguindo manter-se em equilíbrio. Ou seja, nossa homeostase está ocorrendo adequadamente. A homeostase comportamental está diretamente relacionada ao conceito de preservação do meio interno, referindo-se a uma série de respostas comportamentais que garantem a preservação do indivíduo ou espécie. Comportamento Alimentar “O prazer da comida é o único que, desfrutado com moderação, não acaba por cansar.” (Jean-Anthelme Brillat-Savarin) Fase cefálica, fase gástrica, fase de substrato. Alguns neurotransmissores possuem papel importante para nosso comportamento alimentar. A dopamina, por exemplo, está relacionada com a estimulação do sistema dopaminérgico mesolímbico. Por exemplo, um animal consome um determinado alimento que considera muito saboroso, isto promove a liberação de dopamina no encéfalo, o que causa a sensação de prazer. Essa experiência levará o animal a buscar novamente este alimento de modo a repetir aquela mesma sensação prazerosa. Já os níveis de serotonina, no hipotálamo, estão baixos durante o período pós-absortivo, aumentam em antecipação à chegada de alimento e alcançam um pico durante uma refeição, especialmente em resposta aos carboidratos. Na depressão, por exemplo, esses níveis apresentam-se reduzidos no sistema nervoso central, o que pode explicar a sensível melhora do humor quando deprimidos consomem alimentos que levam ao aumento dos níveis encefálicos de serotonina, como tortas, bolos e chocolates. Aulas 3 e 4. Comportamento reprodutivo Segundo a maior parte dos dicionários, podemos resumir sexo como a conformação particular que distingue o macho da fêmea ou masculino do feminino, nos animais e nos vegetais, atribuindo-lhes um papel determinado na geração, e conferindo-lhes certas características distintivas. O gênero é definido através das diversas características biológicas e atributos que distinguem um macho de uma fêmea, incluindo a natureza dos cromossomos sexuais, a anatomia das gônadas e os órgãos genitais, ou seja, os conceitos são um tanto semelhantes. Bases neurais dos comportamentos sexuais A medula espinhal tem papel determinante, pois por ela seguem as aferências para o cérebro (estímulos táteis, por exemplo) e os comandos que determinarão as eferências (ereção do pênis e clitóris, por exemplo). Aprendizagem e memória Aquisição - Está relacionada com a entrada de um evento qualquer nos sistemas neurais relacionados com a memória. Seleção - Processo que explica que somente os aspectos mais importantes dos eventos são escolhidos durante a aquisição para ser armazenados em nossa memória. Retenção - Relacionado com a capacidade de armazenar, por tempo variável (de segundos a anos), aqueles aspectos importantes que foram selecionados. Consolidação - Permanência prolongada na memória de aspectos de um evento. Evocação - Lembrança (ou o acesso à informação) de um dado aspecto armazenado para ser utilizado mentalmente na cognição, emoção ou mesmo para expressar um comportamento. Como podemos descrever o processo de aprendizagem? A aprendizagem é considerada um processo de aquisição de informações, ou seja, a entrada de um evento de origem sonora, visual, emocional, etc em nosso sistema neural. O evento pode ter origem externa ou interna ao nosso organismo. Os processos de aprendizagem e memória estão sujeitos a modificações por ação de drogas ou outros eventos durante a formação da memória. Essa memória em formação sob condições particulares será considerada como uma memória dependente de estado, ou seja, o que aprendemos em determinado estado mental ou circunstâncias será mais bem lembrado no mesmo estado ou circunstância. Por exemplo: se você costuma comer chocolates ou beber isotônicos enquanto estuda para as provas, esteja preparado para ingeri-los durante as provas e cuidado para não exagerar (Atenção, não basta comer chocolates ou beber algo, tem de estudar de fato!). Da mesma forma, já reparou que eventos tristes são mais recordados quando você está triste e os alegres quando você está alegre? Sensibilização - Também chamada de pseudocondicionamento, é caracterizada por uma única experiência ruim que deixa o organismo em alerta por dias, ou seja, um único evento determina a previsão de um evento futuro e mesmo estímulos inócuos induzem a uma resposta vigorosa. Habituação - Neste tipo de aprendizagem uma experiência inócua passa a ser ignorada por nosso organismo, ou seja, nosso sistema perceptor passa a aceitar eventos que à primeira vista pudessem parecer ofensivos com as sucesivas exposições. Outros conceitos como o condicionamento clássico e o operante também representam outros mecanismos de aprendizagem, neste caso, associativas. Onde as informações ficam armazenadas? Os mecanismos são pouco esclarecidos. Mas, já sabemos, por exemplo, que o hipocampo tem participação fundamental na consolidação das informações adquiridas de forma explícita e que elas ficam temporariamente armazenadas no lobo temporal e pré-frontal. Como já vimos, pesquisadores na década de 1920 propuseram que todo o sistema seria necessário para gerenciarmos quaisquer dados no SNC, hoje já foi comprovado que as informações ficam distribuídas de acordo com as áreas funcionais do cérebro. Como se dá a consolidação? É influenciada por sistemas moduladores, especialmente os envolvidos com o processamento emocional (amígdala e lobo temporal). Depende dos estados emocionais e são diretamente determinadas por fatores como a atenção, motivação, dedicação etc. Como podemos definir Amnésia? A amnésia é definida de modo geral como uma perda patológica completa ou parcial da habilidade de recordar experiências passadas (amnésia retrógrada) ou de formar novas memórias (amnésia anterógrada). Esta condição pode ser de origem orgânica ou psicológica. As formas orgânicas de amnésia estão normalmente associadas com disfunção do diencéfalo ou hipocampo. Amnésia psicogênica hoje é conhecida como dissociativa, sendo definida pelo DSM IV como uma incapacidade de recordar informações pessoais importantes, em geral de natureza traumática ou estressante, demasiadamente extensa para ser explicada pelo esquecimento normal, envolve um prejuízo reversível da memória, no qual recordações da experiência pessoal não podem ser recuperadas em uma forma verbal (ou, se são temporariamente recuperadas, não podem ser completamente retidas na consciência). Causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Apresenta-se, com maior frequência, como uma lacuna ou série de lacunas relatada retrospectivamente, na recordação de aspectos da história de vida do indivíduo. Essas lacunas habitualmente estão relacionadas a eventos traumáticos ou muito estressantes. Alguns indivíduos podem ter amnésia para episódios de automutilação, ataques violentos ou tentativas de suicídio. Com menor frequência,apresenta-se como um episódio exuberante com aparecimento súbito. Esta forma aguda é mais provável em tempos de guerra ou em resposta a um desastre natural. Amnésia localizada - O indivíduo não consegue recordar eventos que ocorreram durante um período limitado de tempo, em geral as primeiras horas após um evento profundamente perturbador (por ex., o sobrevivente que saiu ileso de um acidente automobilístico no qual um membro da família morreu, pode não ser capaz de recordar coisa alguma do que aconteceu desde o momento do acidente até 2 dias mais tarde). Amnésia seletiva - A pessoa consegue recordar alguns, mas não todos os eventos durante um período limitado de tempo (por ex., um veterano de guerra consegue recordar apenas algumas cenas de uma série de experiências de combate violento). Três outros tipos de amnésia — generalizada, contínua e sistematizada — são menos comuns: Amnésia Generalizada - O fracasso em recordar abrange toda a vida da pessoa. Os indivíduos com este raro transtorno em geral se apresentam à polícia, a salas de emergência ou a serviços de consultoria-ligação de hospitais gerais. Amnésia Contínua - É definida como uma incapacidade de recordar eventos subsequentes a um momento específico (inclusive) até o presente. Amnésia Sistematizada - Representa a perda de memória para certas categorias de informações, tais como todas as recordações envolvendo a própria família ou uma determinada pessoa. Hipocampo A remoção bilateral do hipocampo leva à incapacidade de formação de novas memórias, no entanto, não interfere em aquisição, mas sim na consolidação dos dados. Provavelmente esta estrutura está relacionada à transferência de informações da memória de curto prazo para a memória de longo prazo. Essas lesões de hipocampo não tornam o indivíduo debilitado intelectualmente ele somente não consegue armazenar novas experiências. Curiosamente parece não interferir no armazenamento de informações auditivas, que ficam descontextualizadas. Córtex Lobo Frontal Está associando as áreas sensitivas primárias (tato, visão e audição) as demais áreas corticais e ao hipocampo. Memória explícita ou declarativa: hipocampo, amígdala, três regiões corticais temporais mediais (córtex entorrinal, córtex para-hipocampal e córtex perirrinal), prosencéfalo basal, tálamo, córtex pré-frontal, neocórtex. Memória implícita ou não declarativa: gânglios basais, córtex pré-motor, tálamo, substância negra. Depressão Homossináptica - Uma estimulação repetida leva a uma habituação da resposta. Fisiologicamente ocorre declínio progressivo no potencial de ação registrado nos neurônios resultante de uma redução na quantidade de neurotransmissores liberada nos terminais dos neurônios sensoriais. É dita homossináptica uma vez os fenômenos ocorrem nas mesmas sinapses que são ativadas pela estimulação. Facilitação Heterossináptica - Um estímulo sensibilizante leva à ativação dos neurônios sensoriais, com liberação do neurotransmissor. Ocorre indiretamente, através do recrutamento de neurônios facilitadores. Inclui a ativação de sinapses adicionais ao circuito neural primário da reação de defesa. Por isso é chamada de facilitação heterossináptica. Plasticidade Neuronal - A experiência produz alterações plásticas no cérebro, incluindo o crescimento de dendritos e a formação de sinapses. É uma propriedade que permite um desenvolvimento de alterações estruturais dos circuitos neurais em resposta à experiência e como adaptação a condições diversas e a estímulos repetidos. Aulas 5 e 6. Mecanismos da emoção – Sistema límbico Principais nomes quando se fala da Teoria da Emoção: James (1842-1910) e Lange (1834-1900) Cannon (1871-1941) e Bard (1898-1977) Charles Darwin (1809-1882) Como já vimos atualmente áreas neurais da emoção estão agrupadas sob a denominação de sistema límbico (Broca). Hoje, sabemos que as amígdalas cerebrais são estruturas importantes no entendimento do comportamento emocional, ela dispara emoções a partir da interpretação de informações sensoriais ou internas desencadeando ajustes que serão realizados no tronco encefálico e hipotálamo. Lesões nas amígdalas estão diretamente relacionadas com redução da reação emocional, incluindo o medo. Pensamento “Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se me revela.” Albert Einsten Córtex Pré-Frontal - Esta região do cérebro está principalmente relacionada com as ações motoras, no entanto, o córtex frontal, onde ela se encontra, participa de uma série de questões interessantes, como a capacidade de avaliar as consequências de planejamentos e ações futuras. Nosso córtex pré-frontal integra as informações que o ambiente está oferecendo com as nossas experiências anteriores para poder programar as respostas motoras apropriadas para cada estímulo. O objetivo desta área é simples: reunir informações sensoriais e experiências emocionais, de modo a produzir percepções conscientes que resultem em comportamentos específicos, que atendam a nossas necessidades em cada momento. Lesões desta área parecem desligar planejamento e ação, de modo que a pessoa, apesar de aparentemente compreender bem o que lhe é informado pelo ambiente, não realiza os ajustes motores necessários a realização de tarefas. Córtex parietotemporoccipital - É a região responsável por promover uma análise detalhada das diferentes modalidades sensoriais, integrando-as e traduzindo como uma função mental superior. Integra os estímulos recebidos e processados pelas áreas pré-frontais e límbicas, levando à expressão complexa de nossas ações. Córtex límbico - O córtex límbico está relacionado com a memória, emoção e aspectos motivacionais relacionados a um dado comportamento. O estado de nosso meio interno (homeostase alimentar, sexual, emocional e etc.) está diretamente relacionado com a nossa habilidade de perceber estímulos sensoriais do meio ambiente. Conexões entre nosso córtex pré-frontal e límbico permitem que tenhamos uma percepção do colorido emocional relacionado a cada experiência. Regiões do córtex de associação límbico: • Córtex orbitofrontal. • Porções do lobo temporal. • Giro de cíngulo. As lesões do córtex orbitofrontal promovem redução da raiva e do comportamento agressivo e redução da dor crônica. Esse fenômeno foi observado experimentalmente em animais de laboratório e posteriormente em homens com lesões devidas a acidentes traumáticos. Aulas 7 e 8. Linguagem Áreas encefálicas relacionadas à linguagem Os estudos que tentam explicar a linguagem humana são antigos, alguns trabalhos datam do século XVI. Porém, um real e recente entendimento, demonstra que praticamente todas as pesquisas que esclareceram a importância do encéfalo para a linguagem ocorreram a partir do século XX. Área de Broca - Pesquisando em diversos pacientes com dificuldade para utilizar a linguagem falada, Paul Broca propõe em 1861 que lesões nos lobos frontais do cérebro eram importantes para a explicação destas limitações na comunicação. Na época o assunto foi polêmico, pois, de certa forma, propunha a existência de uma área da linguagem específica no cérebro. Em 1863 ele complementa suas colocações indicando o hemisfério esquerdo do lobo frontal com a área mais crítica nestes casos. Área de Wernickie - Karl Wernickie, em 1874, descreve outras áreas no hemisfério esquerdo que também estavam envolvidas com a linguagem falada. Estas áreas ficam no lobo temporal (entre o córtex auditivo e o giro angular). Estudando as afasias, ou seja, a perdaparcial ou completa das habilidades da linguagem a partir de lesões no encéfalo, fica mais fácil de compreender a importância das áreas de Broca e Wernickie para a linguagem. Cabe ressaltar que em muitas afasias não há perda de qualquer faculdade cognitiva ou habilidade para mover os músculos faciais envolvidos com a fala. Afasia de Broca - O portador apresenta grande dificuldade em falar, mesmo que tenha capacidade de entender o que escuta ou lê. Ou seja, a inteligência geralmente está preservada, mas a habilidade de se expressar pela linguagem falada não. Curiosamente há uma preferência por substantivos, verbos (não conjugados) e adjetivos e uma indiferença aos artigos e pronomes. Podemos resumir que nessa afasia a linguagem geralmente é entendida, mas não é produzida pelo portador. Lesões na área de Broca interferem diretamente na produção da fala, pois os sinais corretos não podem ser enviados para o córtex motor. A compreensão permanece normal, pois a área de Wernickie está intacta. Afasia de Wernickie - Diferindo significativamente da afasia de Broca, na afasia de Wernickie a fala é fluente, no entanto a compreensão é precária. Neste caso, como a região é responsável por transformar sons em palavras, o entendimento do que é dito fica significativamente prejudicado. Como a área de Broca está intacta o indivíduo fala, no entanto, a produção verbal não passa de uma locução de frases sem sentido. Afasia de condução - Ocorre por lesão nas fibras do fascículo arqueado, que comunica a área de Broca com a área de Wernickie. Atente que nesta afasia de condução as áreas estão preservadas, apenas as fibras que as comunicam estão lesionadas. O portador desta afasia compreende bem e fala bem, no entanto, apresenta dificuldades de repetição de palavras. Afasia em bilíngues - Pessoas que dominam dois idiomas ao serem acometidas, por exemplo, por um AVC (acidente vascular cerebral) podem desenvolver uma afasia curiosa, geralmente elas tendem a apresentar dificuldades com o idioma aprendido secundariamente, enquanto a língua-mãe pode ficar apenas parcialmente prejudicada, de acordo com a gravidade da lesão. Uma pessoa que aprendeu dois idiomas ao mesmo tempo (por exemplo, o paterno e o materno, que eram diferentes) tende a apresentar dificuldades em ambos em casos de AVC. Essa particularidade é interessante e se dá pela utilização de células nervosas diferentes, quando aprendemos línguas em tempos distintos. Atenção A atenção está diretamente relacionada com a seletividade do processamento de informações, podendo estar correlacionada, por exemplo, com uma dada posição no espaço ou a uma característica física do ambiente: uma cor, som, odor, textura ou objeto interessante. Isso ocorre porque nós conseguimos sensibilizar áreas específicas de nosso cérebro que executam essa tarefa e acabam inibindo ou reduzindo a tarefa das demais. Esse processo é conhecido por atenção sensorial ou percepção seletiva. Observe os cinco critérios principais que são considerados para a caracterização do TDAH: 1) É um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade, mais frequente e severo do que aquele tipicamente observado em indivíduos em nível equivalente de desenvolvimento. 2) Alguns sintomas hiperativo-impulsivos que causam prejuízo devem ter estado presentes antes dos 7 anos, mas muitos indivíduos são diagnosticados depois, após a presença dos sintomas por alguns anos. 3) Algum prejuízo devido aos sintomas deve estar presente em pelo menos dois contextos (por ex., em casa e na escola ou trabalho). 4) Deve haver claras evidências de interferência no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional apropriado em termos evolutivos. 5) A perturbação não deve ocorrer exclusivamente durante o curso de um transtorno invasivo do desenvolvimento, esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não é melhor explicada por um outro transtorno mental. A maior parte dos TDAH possui sinais de desatenção e de hiperatividade combinados, já em alguns portadores, ocorre apenas um ou outro. Para o diagnóstico da condição atual de um indivíduo devem ser considerados os sintomas nos últimos seis meses. Ou seja, quando se está diagnosticando um pré-adolescente por exemplo, vale apenas seu comportamento nos últimos seis meses, ainda que as informações de suas atitudes desde bebê sejam relevantes para o fechamento do diagnóstico. Caracterização : 1)TDAH, Tipo Combinado. Este subtipo deve ser usado se : • Seis (ou mais) sintomas de desatenção e seis (ou mais) sintomas de hiperatividade- impulsividade persistirem há pelo menos seis meses. A maioria das crianças e adolescentes com o transtorno tem o Tipo Combinado. Não se sabe se o mesmo vale para adultos. 2) TDAH, Tipo Predominantemente Desatento Este subtipo deve ser usado se: • Seis (ou mais) sintomas de desatenção e menos de seis sintomas de hiperatividade- impulsividade persistirem há pelo menos seis meses. 3) TDAH, Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo. Este subtipo deve ser usado se: Seis (ou mais) sintomas de hiperatividade-impulsividade (mas menos de seis sintomas de desatenção) persistirem há pelo menos seis meses. A desatenção pode, com frequência, ser um aspecto clínico significativo nesses casos. O transtorno é muito mais frequente no sexo masculino, com as razões masculino-feminino sendo de 4:1 a 9:1, dependendo do contexto (isto é, população geral ou clínicas). A maioria dos pais observa pela primeira vez o excesso de atividade motora quando as crianças ainda estão engatinhando, frequentemente coincidindo com o desenvolvimento da locomoção independente. Entretanto, uma vez que muitos bebês hiperativos não desenvolvem o TDAH, deve-se ter cautela ao fazer este diagnóstico em uma idade muito precoce. Geralmente, o transtorno é diagnosticado pela primeira vez durante as primeiras séries, quando o ajustamento à escola está comprometido. Em crianças na idade escolar, os sintomas de desatenção afetam o trabalho em sala de aula e o desempenho acadêmico. Os sintomas de impulsividade também podem levar ao rompimento de regras familiares, interpessoais e educacionais, especialmente na adolescência. Na idade adulta, a inquietação pode ocasionar dificuldades ao participar de atividades sedentárias e a evitar passatempos ou ocupações que oferecem limitadas oportunidades para movimentos espontâneos (por ex., trabalhos burocráticos). Aulas 9 e 10. Dor Nociceptores e hiperalgesia: A dor, ou sensação dolorosa, pode ser percebida em qualquer parte do corpo, em maior ou menor intensidade. E é reportada nesta fase como algesia, que significa sensibilidade a dor. As fibras nervosas que estão envolvidas na percepção e transmissão de estímulos dolorosos, chamam-se nociceptores, elas são terminações nervosas livres, ramificadas e não mielinizadas, que sinalizam quando o corpo está sendo lesionado ou corre risco de lesão. A nocicepção permite que nós venhamos a sentir a dor, ou seja, é o processo sensorial que provê sinais que desencadeiam a experiência da dor. O que pode ativar um nociceptor, causando consequentemente uma sensação dolorosa? • Estimulação mecânica intensa. • Temperaturas extremas. • Falta de oxigênio no tecido. • Exposição a produtos químicos. • Outros. Dois tipos de fibras nervosas transmitem informações dolorosas: 1.Aδ: levemente mielinizadas. 2.C: não mielinizadas. Os nociceptores estão na maior parte dos tecidos corporais, mas são ausentes no tecido nervoso. A hiperalgesia é determinada por um aumento da sensibilidade, e gera a percepção de dor exagerada.Os nociceptores disparam diante de lesões ou potenciais lesões, já a hiperalgesia está relacionada com nossa capacidade de controlar a dor. Após a lesão, e consequente ativação dos nociceptores, os tecidos já estão lesionados, no entanto, ficam muito sensíveis a estímulos, um simples toque no ponto lesado pode desencadear dor extrema. Mas o que pode desencadear a hiperalgesia? Um limiar reduzido para a dor. Intensidade aumentada do estímulo doloroso. Dor espontânea. A hiperalgesia pode ser primária, quando ocorre dentro da área do tecido lesionado (na área do machucado, por exemplo) ou secundária, quando atinge o entorno da região lesionada. Diversas substâncias endógenas podem promover a hiperalgesia, entre elas destacam-se a bradicinina, as prostaglandinas e a substância P. Vias ascendentes - A dor e a temperatura do corpo entram em nosso sistema nervoso via medula espinhal, utilizando fibras que seguem diretamente para o tálamo (região do diencéfalo): são as vias espinotalâmicas. Já a informação oriunda da face (rosto) segue pelo nervo trigêmeo diretamente para o tálamo: São as vias trigeminotalâmicas. Regulação aferente e descendente - Antes de entendermos a regulação da dor, é fundamental que fique claro que a percepção dolorosa é variável de indivíduo para indivíduo. Além disso, dependendo do contexto comportamental a mesma intensidade de ativação nociceptora poderá produzir mais ou menos dor. Caso fibras mecanorreceptoras (táteis) de baixo limiar, como as fibras Aβ, sejam ativadas, inibiremos a dor em sua origem, inibindo as mensagens que seguiriam pelas vias espinotalâmicas, essa é dita a regulação aferente. No entanto, outras vias são possíveis. Como explicar a aparente ausência de dor em situações onde há forte envolvimento emocional? A dor diante destas situações é inibida, ou seja, de regulação descendente. O processo é o seguinte: Neurônios da substância cinzenta periaquedutal e periventricular (localizada no mesencéfalo), quando estimulados, promovem analgesia profunda. Enviando mensagens mediadas pela serotonina, essas áreas se comunicam com neurônios do bulbo (localizado abaixo da ponte no tronco encefálico) e estes se comunicam com a medula, promovendo a inibição da dor. Curioso, não? Ausência congênita de dor - Veja alguns exemplos de complicações possíveis: • Queimaduras diversas, mesmo em situações cotidianas como cozinhar. • Fraturas que não são percebidas e tratadas. • Escarras e úlceras de decúbito, pois o indivíduo não fica com dores no corpo e dificilmente muda de posição durante o sono. • Incapacidade de perceber alterações nas articulações, permitindo degenerações e deformações. A dor é adaptativa, é necessário que ela promova um incômodo significativo que demande nossa busca por cuidado. Arquitetura do sono O sono é estudado pelo registro polissonográfico, que representa o conjunto de dados obtidos pela análise de eletroencefalograma (EEG), eletrocardiograma (ECG), eletromiograma (atividade muscular) e eletrooculograma (atividade do globo ocular), que permite conhecer aspectos comportamentais, autônomos e da atividade cerebral. Durante o sono, a reatividade a estímulos externos é baixa, a atividade motora é baixa, a postura é estereotipada (deitado com olhos fechados), eletromiograma e eletrooculograma com baixa atividade média, redução da frequência cardiorrespiratória com redução da tensão arterial, redução da motilidade gastrintestinal, redução em até dois graus da temperatura corporal e redução da atividade metabólica. Os estágios do sono têm uma organização temporal característica ao longo da noite. Os estágios NREM 3 e 4 tendem a ocorrer da primeira terça parte à metade da noite e sua duração aumenta em resposta à privação do sono. O sono REM ocorre ciclicamente durante a noite, alternando-se com sono NREM a cada 80- 100 minutos, aproximadamente. A duração dos períodos de sono REM aumenta pela manhã. O sono humano também varia caracteristicamente ao longo da vida. Após uma relativa estabilidade, com grandes quantidades de sono de ondas lentas na infância e início da adolescência, a continuidade e a profundidade do sono deterioram-se ao longo da faixa de idade adulta. Essa deterioração é refletida por maior vigília e sono do estágio 1 com redução dos estágios 3 e 4. Ou seja, o indivíduo vai tendo períodos de sono mais leve. Em vista disso, a idade deve ser considerada no diagnóstico de um Transtorno do Sono. O sono REM só ocorre em aves e mamíferos, podendo representar até 20% do TTS (tempo total de sono). Vigília: Corresponde a todo período entre um episódio de sono e outro, o organismo responde a estímulos do ambiente, apresenta comportamento ativo com atividade locomotora e motora normais e demonstra postura dinâmica. Representa o período em que estamos acordados. Sonhos: Para a neurobiologia o ato de sonhar representa uma experiência subjetiva da qual só tomamos consciência quando acordamos. É extremamente difícil de ser estudada, pois depende de colaboração completa do indivíduo. Que estrutura regula os ciclos? O SNC. Através de relógios biológicos que recebem informações do ambiente, logo, suas oscilações dependem das variações no ambiente. O hipotálamo, por exemplo, controla os ritmos circadianos através do núcleo supraquiasmático, onde encontramos núcleos de corpos celulares que recebem axônios provenientes de ambas as retinas (aferências: a luz atua como temporizador) e geram eferências para diversos núcleos hipotalâmicos (controlam as funções autonômicas viscerais) e talâmicos (controlam os comportamentos motivados). Lesões ou remoção bilateral destes núcleos tornam os períodos de atividade aleatórios. Esses núcleos geram os ritmos, não são responsáveis pela construção da atividade. O epitálamo (região onde encontramos a glândula pineal) controla os ritmos circanuais, monitorando as estações do ano e sincronizando funções que variam anualmente (hibernações, ciclos reprodutivos etc). A luz também atua como sincronizadora, no entanto, o sistema é mais complexo do que o hipotalâmico. A Pineal secreta melatonina que possui ação na redução da atividade das gônadas em diversas espécies no inverno (poucas horas de luz). Quanto maior a noite, maior a quantidade de melatonina secretada, mostrando que a glândula atua como um sinalizador de fotoperíodo. Transtornos Primários do Sono Insônia Primária: é caracterizada pela dificuldade de iniciar o sono ou se manter dormindo. É considerada ainda quando a pessoa reporta sono não reparador. Para um diagnóstico preciso já deve durar pelo menos um mês e estar causando comprometimento nas atividades sociais e ocupacionais. Hipersonia Primária: é caracterizada pela sonolência excessiva, que dura pelo menos um mês e que é reportada por episódios de sono muito prolongados ou por sono diurno exagerado. Assim como a insônia, deve estar causando comprometimento nas atividades sociais e ocupacionais para um diagnóstico preciso. Comumente está associada com excessiva dificuldade de acordar de manhã. Em alguns casos os cochilos diurnos são prolongados (uma hora ou mais) e considerados não reparadores, deixando no indivíduo uma sensação de sonolência. Narcolepsia: é caracterizada por ataques repetidos e irresistíveis de sono reparador, cataplexia (episódios de perda súbita, reversível e bilateral do tono muscular, com duração de segundos a minutos, geralmente precipitados por intensa emoção) e intrusões recorrentes de elementos do sono REM no período de transição entre o sono e a completa vigília (paralisia dos músculos voluntários ou alucinações tipo oníricas). A sonolência do indivíduotipicamente diminui após um ataque de sono, retornando algumas horas depois. Para diagnóstico preciso, deve ocorrer por mais de três meses. Transtorno do sono relacionado à respiração: hipopneia e apneia do sono. Transtorno do ritmo circadiano do sono: é caracterizado por um desajuste entre o sistema circadiano de sono-vigília endógeno do indivíduo, com as necessidades relativas ao tempo e duração do sono. Ele não leva ao sono nem a vigília e, sim, a episódios variados (ora sono, ora atividade) ao longo do dia, o que causa comprometimento da vida social e ocupacional. Transtorno de pesadelo: é caracterizado por sonhos assustadores que levam o indivíduo a despertar plenamente alerta; os sonhos assustadores e interrupção do sono causam sofrimento significativo à vida social e ocupacional. Transtorno de sonambulismo: é caracterizado por episódios repetidos de atividade motora complexa, que ocorre durante a primeira parte da noite e inclui levantar-se da cama e deambular pelas dependências da casa, enquanto apresenta olhar vazio e relativa ausência de resposta à comunicação com os outros; sendo acordado, tem uma lembrança limitada do que ocorreu. Transtorno de terror noturno: é caracterizado pela ocorrência repetida de terror durante o sono, com despertar abrupto, acompanhado por grito de pânico. Pode durar de 1 a 10 minutos nos quais se observa grande excitação e manifestações claras de medo. O indivíduo é difícil de despertar ou confortar, no entanto, quando desperta não reporta nenhum sonho ou apenas imagens fragmentadas. No dia seguinte tem amnésia para o ocorrido. Parassonias: caracterizadas pela presença de eventos comportamentais ou fisiológicos considerados anormais e que ocorrem durante o sono, em estágios específicos do sono ou nas transições de sono e vigília. Transtornos Secundários do Sono Transtorno do sono relacionado a transtorno mental: é caracterizado por queixas de dificuldades com o sono. E é resultante de algum transtorno mental, como os transtornos de humor ou ansiedade, sendo suficientemente incômodo para necessitar de atenção clínica específica. Transtorno do sono devido a uma condição médica geral: é caracterizado pelas queixas de baixa qualidade do sono, consequente dos efeitos fisiológicos diretos de uma doença. Transtorno do sono induzido por substância: é caracterizado por reclamações de dificuldades do sono causadas pelo uso atual ou recente de uma substância química, inclusive medicamentos.
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